brasil de fato rj - 055

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18 a 25 de junho de 2014 • distribuição gratuita Tradição nordestina ocupa o Rio de Janeiro com forró, comidas típicas e concursos de quadrilha cidades | pág. 6 Andre a Re go Barros Carlos Humberto /STF Viva São João! brasil | pág. 7 Intelectuais também assinam documento que repudia abusos do presidente do STF Artistas lançam manifesto contra Joaquim Barbosa Ano 2 | edição 55 Quem disse que seria fácil? Quem disse que seria fácil? BRASIL ESBARRA NA SUA PRÓPRIA FALTA DE INSPIRAÇÃO, na forte marcação mexicana e na excelente atuação do goleiro Ochoa. Apesar dos sustos, seleção não sai do 0 a 0 com o México e continua líder do grupo. Camarões é o desafio decisivo por uma vaga nas oitavas. Ministério Público (MP) denuncia que prefeitura está fazendo limpeza social em zonas turísticas do Rio esporte | pág. 16 cultura | pág. 11 entrevista | pág. 4 cidades | pág. 5 “Brasil é o lugar onde fermentam coisas novas” “Candomblé não fecha a porta para ninguém” Tropicalista Tom Zé fala dos artistas da nova geração Moradores de rua são levados à força para abrigos da prefeitura Ta nia Re go/ABr Rafael Ribeiro/CBF Pai de Santo Tata Mutá Imê critica preconceito contra religiões de origem africana Andre Conti Rafael Stedile

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Page 1: Brasil de Fato RJ - 055

18 a 25 de junho de 2014 • distribuição gratuita

Tradição nordestina ocupa o Rio de Janeiro com forró, comidas típicas e concursos de quadrilha

cidades | pág. 6

And

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to /S

TF

Viva São João!

1 | mundobrasil | pág. 7

Intelectuais também assinam documento querepudia abusos do presidente do STF

Artistas lançam manifestocontra Joaquim Barbosa

Ano 2 | edição 55

Quem disse que seria fácil?

Quem disse que seria fácil?

BRASIL ESBARRA NA SUA PRÓPRIA FALTA DE INSPIRAÇÃO, na forte marcação mexicana e na excelente atuação dogoleiro Ochoa. Apesar dos sustos, seleção não sai do 0 a 0 com o México e continua líder do grupo. Camarões é o desafiodecisivo por uma vaga nas oitavas.

Ministério Público (MP) denuncia que prefeitura está fazendo limpeza social em zonas turísticas do Rio

esporte | pág. 16

cultura | pág. 11

entrevista | pág. 4

cidades | pág. 5

“Brasil é o lugaronde fermentamcoisas novas”

“Candomblé não fecha a portapara ninguém”

Tropicalista Tom Zé fala dos artistas da nova geração

Moradores de rua sãolevados à força paraabrigos da prefeitura

Tani

a Re

go/A

BrRafael Ribeiro/CBF

Pai de Santo Tata Mutá Imê critica preconceito contra religiões de origem africana

Andre Conti

Rafael Stedile

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Na abertura da Copa, tra-balhadores em greve, mora-dores de favelas, sem terras,sem tetos, estudantes e par-tidos realizaram um ato deprotesto no centro do Rio deJaneiro contra os gastos pú-blicos e as injustiças da Copa.

Várias capitais repetiramesses atos: São Paulo, Aracaju,Porto Alegre, Fortaleza, Bra-sília e Belo Horizonte. Em to-dos havia policiais infiltradosfilmando e incitando os ma-nifestantes. Policiais militaresintimidavam com revistas eameaças. Na maioria das ca-pitais, os atos começaram pa-cificamente e tiveram finais

marcados pela violência daspolícias militares para impedircom spray de pimenta e bom-bas de efeito moral o direitode manifestação.

Em São Paulo duas jorna-listas da CNN foram feridas;e um da agência interna-cional Reuters sofreu trau-matismo craniano em BeloHorizonte. Não é por menosque o jornal britânico eGuardian afirmou que “en-quanto a Copa do Mundocomeça, a democracia du-ramente conquistada do Bra-sil está sob ameaça”.

Há muito tempo que a tru-culência policial existe, e casos

de tortura e assassinato se re-petem nas periferias, comonas mortes de Amarildo, deClaudia Silva e do dançarinoDG. Essa PM que na Copacontinua não respeitando osdireitos constitucionais atuada maneira militarizada assimcomo foi treinada na ditadura:para matar inimigos.

Antes da Copa os governosgastaram bilhões para armarainda mais a PM, visandoimpedir novas manifestaçõescomo as de julho de 2013.Esses bilhões poderiam serinvestidos na desmilitariza-ção, cumprindo as recomen-dações da ONU para refor-

mar a polícia brasileira.Essa violência, mostrada

como necessária pelos gran-des jornais, tenta calar a vozdas manifestações, mas o re-sultado será o aumento dogrito das ruas, inclusive, peladesmilitarização das PMs.

As ruas continuarão gri-tando durante a Copa, poismanifestar-se é um direitoconstitucional que conquis-tamos depois de anos deluta contra a ditadura e deleo povo brasileiro não iráabrir mão.

A imprensa brasileira es-queceu a vida real e nessassemanas está focada com-pletamente na Copa. Algunstorcendo para que dê tudoerrado, e outros apenas que-rendo aumentar a audiência.Enquanto o povão quer ape-nas ver bom futebol e ver oBrasil campeão.

Nesse contexto, três acon-tecimentos latinoamericanosforam solenemente ignora-dos pelo noticiário brasileirono mês de junho. O PRIMEIROdeles foi a posse do novo pre-sidente de El Salvador, SalvadorSánchez Cerén, antigo líderguerilheiro. Seu mandato podesignificar de fato um governode esquerda contra a ingerên-cia dos Estados Unidos.

O SEGUNDO foi a realiza-ção da reunião do G77 maisChina, na Bolívia. Esse gruporeúne 133 países em desen-volvimento mais a China. A

reunião serviu para que seusgovernantes fizessem umaavaliação da gravidade da si-tuação econômica dos países.O grande capital das trans-nacionais quer transformaressas nações em meras ex-portadoras de matérias pri-mas minerais, energéticas eagrícolas. Esse modelo deixapara nossos povos apenas apobreza e as consequênciasambientais, com graves al-terações climáticas.

O TERCEIRO foi a vitóriade Juan Manuel Santos nosegundo turno das eleiçõescolombianas. Sua reeleiçãorepresenta a derrota da ul-tradireita colombiana quepressionava pelo encerra-mento do processo de diálogo

pela paz. Para as esquerdasde toda América Latina essavitória foi importante, porquecoloca um freio na onda di-reitista que está tomandoconta dos meios de comuni-cação em todo continente.

Enquanto isso no Brasil...

Já no Brasil, dominadopelo clima de Copa, tivemosas convenções partidárias,sempre burocráticas e decartas marcadas. Talvez aúnica novidade foi a clarasituação revelada pela con-venção do PMDB, que mes-mo apoiando formalmentea chapa com o PT, demons-trou que a maioria dos seusdiretórios farão campanha

contra Dilma. Boa lição paraos que sempre defendemdormir com os adversários...

Outra fato foi a reação dadireita contra o decreto dapresidenta, que regulamentao que já está na Constituição,sobre a possibilidade de cria-ção de conselhos da socie-dade civil. Esses conselhosaumentariam a participaçãosocial na administração dosinteresses do povo mesmotendo papeis secundários. Adireita reagiu de forma his-térica, dando a entender quese tratavam de conselhos,chavistas, bolivarianos... San-ta Paciência! Ouvir o quepensam os setores organiza-dos da sociedade é o mínimoque um governo deve fazer.

editorial | Brasil

•Em tempos de Copa do Mundo...

Rio de Janeiro, 18 a 25 de junho de 2014 02 | opinião

• Ed

Para anunciar:

Redação Rio:[email protected]

• Ed

CONSELHO EDITORIAL RIO DE JANEIRO : Antonio Neiva, Aurélio Fernandes, JoaquínPiñero, Kleybson Andrade, Mario Augusto Jakobskind, Rodrigo Marcelino, Vito GiannottiEDITORA: Vivian Virissimo (MTb 13.344) REPÓRTER: André Vieira, Bruno Porpetta e Fania RodriguesREVISÃO: Núbia Pimentel COLUNA SINDICAL: Claudia Santiago FOTÓGRAFO: Pablo VergaraADMINISTRAÇÃO: Carla Guindani DISTRIBUIÇÃO: Kleybson Andrade DIAGRAMAÇÃO:Stefano Figalo

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente emtodo o país e agora com edições regionais em SãoPaulo, Minas Gerais e no Rio de Janeiro. Queremoscontribuir no debate de ideias e na análise dos fatosdo ponto de vista da necessidade de mudançassociais em nosso país e em nosso estado.

(21) 4062 7105

Gol contra da violência da PMmarca a abertura da Copa

editorial | Rio de Janeiro

“Para as esquerdas de toda América Latina a vitória deJuan Manuel Santosna Colômbia foi importante porquecoloca um freio naonda direitista________________

Page 3: Brasil de Fato RJ - 055

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Policial civil que atirou para o alto três vezes com arma letal em ato realizado no último domingo (15). O protesto aconteceuno entorno do estádio do Maracanã, na zonanorte do Rio. A Polícia Civil já instaurou sindicância para apurar o caso.

O Ministério do Trabalho que multou o Metrô em R$ 8 mil por demitir 42 trabalhadores que participaram da greve da categoria. Os metroviários paralisaram atividades entre 5 e 9 de junho. O objetivo da multa é reverter as demissões.

Rio de Janeiro, 18 a 25 de junho de 2014 geral | 3

mandou mal

mandou bem

QuEM LutA, EDuCA!Servidores da educação, em greve desde 12 de maio,protestaram na segunda-feira (16) em frente à sede daprefeitura. Eles cobravam esclarecimentos sobre a decisão de considerar inaptos 51 profissionais em estágio probatórioque se juntaram à paralisação. O sindicato avalia que adecisão é uma forma de retaliar o movimento que, entrediversas reivindicações, pede melhorias na educação.

A Associação de Moradores e Pescadores da Vila Autódromo (AMPAVA) encaminhou uma cartaaberta à presidenta Dilma Rousseff. Os moradores da comunidade, localizada em Jacarepaguá,estão fazendo forte resistência à tentativa do prefeito Eduardo Paes de remover as casas dasfamílias. Na carta, eles criticam a falta de diálogo por parte da prefeitura e pedem que recursosfederais sejam aplicados na urbanização da comunidade. “Queremos permanecer e pedimos quenossos direitos sejam respeitados”.

Não estou nem aí,disse Joaquim Barbosasobre o debate a respeitode cotas para juizes.

frase da semana

!!Apenas 1,4% dos juízesbrasileiros são pretos. Dos16.812 juízes que atuam no país, 84,5% se declarambrancos, 14% são pardos e 0,1% indígenas.

se liga!

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Tania Rego/ABr

Arq

uivo

Page 4: Brasil de Fato RJ - 055

RELIGIÃO Pai de santo tata Mutá Imê fala sobre preconceitocontra as religiões de origem africana

Rio de Janeiro, 18 a 25 de junho de 2014 4 | entrevista

A filosofia do candombléé o autoconhecimento, enela todos podem entrar,desde que por vontade pró-pria. É assim que o pai desanto Tata Mutá Imê definea sua religião.

Líder do terreiro de MutáLambô ye Kaiongo, em Sal-vador, Tata busca fortalecera cultura bantu, da qual fazparte. Em 2010, ajudou a lan-çar o livro “A casa dos olhosdo tempo que fala da naçãoAngolão Paquetan”. “A im-portância do livro é mostraro quanto é grande e diversoo candomblé”, afirma o paide santo. Leia a entrevista:

Brasil de Fato - Como vocêtomou contato com o Can-domblé?Tata Mutá Imê - Eu nasci noCandomblé, meu contato foiainda na barriga da minhamãe, em 1956. Ela ficou mui-to doente e os médicos nãosabiam o que ela tinha. Issodurou anos. Era uma épocaainda de muita perseguiçãoao candomblé, à capoeira,à maioria das manifestaçõesculturais e religiosas do ne-gro. Até que um dia minhamãe foi para uma casa queficava ali por perto e a mãede santo disse que ela nãosairia mais dali enquantonão fizesse o que precisavaser feito. Foi aí que se des-cobriu que ela estava grávi-da. Ela estava só pele e ossoe a barriguinha, estava àbeira da morte.

Brasil de Fato - E você nas-ceu lá?Nasci. Foi assim que eu entreino candomblé. Na verdadeeu não tive escolha, eu fuiescolhido. No candomblé,você não escolhe um inquice[divindade, o mesmo queorixá, só que em outra línguaafricana], é ele quem te es-colhe. Eu lembro que aos 4anos de idade eu saía baten-do nas portas da rua, as pes-soas perguntavam “quem é?”,e eu respondia: “Sou eu,Mutá Imê, pai de santo ar-retado da Bahia!”. Então, jávim com isso.

Brasil de Fato - Uma carac-terística das religiões dematriz africana é o sincre-tismo religioso. Isso aindaexiste? Como você vê isso?Hoje nós não precisamosmais do sincretismo. Na épo-ca dos escravos, o sincretismofoi uma grande arma que osnegros encontraram para semanterem vivos. No fundo

das grandes senzalas eles ar-mavam aqueles altares. Porbaixo, eles colocavam as di-vindades do candomblé aliguardadinhas e, por cima, àvista, tinha todos os santoscatólicos. Eles faziam essaligação, esse sincretismo,para defender exatamente oque ficava por baixo. Hoje,a gente não precisa mais ficarpor baixo. Nossos ancestraissofreram, lutaram, deram oseu sangue para que a genteascendesse. O sincretismo foia melhor arma que o negroencontrou naquela épocapara se livrar da destruiçãodo seu povo religioso, que éa sua ancestralidade. Temterreiros que ainda mantêmesse formato. Eu acho issoum grande erro, porque agoraa gente não precisa mais ficarfortalecendo os deuses dossenhores brancos daquelaépoca. Hoje a gente precisaorar em fortalecimento dosnossos deuses africanos.

Brasil de Fato - Ainda exis-te muito preconceito con-tra religiões de origemafricana?Isso ainda existe muito, por-

que ainda existe muita igno-rância. Há uma tentativa dosneopentecostais de tomar oque não pertence a eles. Oacarajé, por exemplo, elestentam desapropriar, dizendoque é bolinho de Cristo. Éuma forma de desapropriar,e como eles têm esse poderfinanceiro e de comunicaçãoeles podem fazer isso. Naverdade, é uma forma de ten-tar dizimar um povo. Vocêdesapropria, faz com queesse povo comece a orar paraum único deus. A gente nãotem um único deus.

Brasil de Fato - Acreditaque seja possível uma con-vivência harmoniosa entreas várias religiões no Brasil? Do jeito que está não é pos-sível. É preciso que se criemleis para freá-los, para queeles deixem de colocar ví-deos na internet tentandodesabonar toda a imagemde um povo que tem a suatrajetória, sua verdade, sua

fé, sua tradição. Tentar der-rubar a tradição de um povoé querer que esse povo sejaesquecido, mesmo na suaexistência. A justiça tem queagir e o povo de santo temque ir para a rua.

Brasil de Fato - Hoje, qualo perfil das pessoas que fre-quentam o candomblé noBrasil?De certa forma está existindouma inversão muito grande.Há uma grande massa denegros, principalmente debaixa renda, migrando paraessas igrejas neopentecos-tais. Por outro lado, existeuma grande massa de pes-soas brancas migrando parao candomblé. É um perfilmuito diverso. E não se podedizer que branco não recebeinquice. A ciência já provouque o continente africano éo primeiro continente douniverso e viemos todos delá. A gente não fecha a portapara ninguém.

Mariana Desidériode São Paulo (SP)

“O candomblé não fecha a porta para ninguém”

“Há uma grande massa de negros,principalmentede baixa renda, migrando para as igrejas neopentecostais_______________

Rafael Stedile

“Na época dos escravos, o sincre-tismo foi uma grandearma que os negrosencontraram para se manterem vivos.Hoje, a gente nãoprecisa mais ficar fortalecendo os deuses dos senhoresbrancos______________

Tata Mutá Imê: “A gente não tem um único deus”

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Manifestantes acusam a PM de estar maisagressiva nos últimos protestos

Moradores de rua do Rioestão sendo retirados de lo-cais de grande fluxo turísticoe levados de forma compul-sória (de maneira forçada)para abrigos superlotados esem condições mínimas dehigiene. “Isso acontece desdeo ano passado, mas se in-tensificou no último mês,com a aproximação da Copado Mundo. Ninguém podeser retirado da rua à força.Todos têm o direito de ir, vire permanecer. Além disso,as condições a que essas pes-soas são submetidas nessesabrigos são desumanas”, re-lata a assistente social GloriaMiranda, coordenadora doCentro Nacional de Defesados Direitos Humanos da Po-pulação de Rua.

A promotora do MinistérioPúblico do Estado do Rio deJaneiro (MPRJ), Patrícia Vil-lela, confirma que “as ope-rações de recolhimento com-pulsório de moradores derua vêm sendo intensificadaspela Prefeitura por causa da

Copa, apesar da Justiça terproibido essas ações”. Na se-mana passada, o MP realizouuma vistoria no Abrigo Mu-nicipal Rio Acolhedor, nobairro de Paciência, a zonaoeste, onde foi registrada apresença de 463 abrigados,bem acima dos 150 permiti-dos pela Justiça.

Os peritos verificaram ain-da a falta de higiene no localonde os alimentos são pre-

parados. Baratas e outros in-setos foram vistos e parte dacomida estava armazenadano chão e junto a materiaisde limpeza. Alguns frios es-tavam sem data de validadee fora da geladeira. Os abri-gados criticaram a comida erelataram um episódio emque a maioria teve vômito ediarreia. Líquidos e bebidasservidas foram recolhidasdurante a inspeção e enca-

minhados para análise.O morador de rua, João

Carlos Bezerra, conta que foilevado para esse abrigo diasantes de começar a Copa.“Sou obrigado a ir, mas nãosou obrigado a ficar. Não hácondições de a gente ficarlá, comendo aquela comidaruim e sem trabalho”, explicaJoão, de 62 anos, mais co-nhecido como Raul, devidosua semelhança com o cantor

Raul Seixas. Pernambucanoe morador de rua há 17 anos,Raul dorme na calçada daAv. Presidente Vargas e du-rante o dia vende objetos en-contrados no lixo. Para ele,essas ações da prefeitura nãopassam de “uma maquiagemsocial” para a Copa. “Retirama gente da rua e jogam nessesabrigos cheios de inseto, quejornais chamaram de ‘antroinfecto de seres humanos’. Eé isso mesmo”, diz Raul, queparece ter a língua tão afiadaquanto a do seu xará.

COPA Ministério Público denuncia retirada forçada de moradores de rua em zonas de fluxo turístico

TRUCULÊNCIA Atos pacíficos são reprimidos com brutalidade pela polícia

Fania Rodriguesdo Rio de Janeiro (RJ)

Rio de Janeiro, 18 a 25 de junho de 2014 cidades | 5

“Não dá para gritar gol en-quanto estamos sendo es-pancados”, afirma a estudantesecundarista ayssa Lopes,de 18 anos. Ela foi uma das

pessoas agredidas pela Po-lícia Militar do Rio de Janeiro,no protesto da última quin-ta-feira, dia da abertura daCopa do Mundo. “Fiquei como rosto desfigurado, queima-do pelo spray de pimenta.No hospital o médico legista

disse que pode haver algumproduto químico, além dapimenta, já que a queimadurafoi muito grave”, destaca.

Os relatos de ativistas queparticiparam do protesto sãode violência contra manifes-tantes pacíficos, brutalidade

e truculência da polícia. “Fi-quei com minhas costas ro-xas e toda marcada por ca-cete. Foram muitas lesões”,afirma o professor NelsonMoreira da Silva, de 52 anos.

O ativista político Eron Mo-rais de Melo, de 33 anos, co-

nhecido como o Batman, par-ticipou da maioria dos pro-testos, no Rio. “Notamos queesse ano a PM está aindamais agressiva. Eu mesmofui atacado, pela primeiravez, e levei 5 pontos na ca-beça.”, denuncia. (FR)

Prefeitura faz limpeza social em zonas turísticas do Rio

•do Rio de Janeiro (RJ)

Tania Rego/ABr

Moradores de rua estão sendo levados à força para abrigos superlotados

“No Abrigo Municipal RioAcolhedor foi registrada a presençade 463 abrigados,bem acima dos 150 permitidos pela Justiça_______________

Page 6: Brasil de Fato RJ - 055

Assim como Luiz Gon-zaga, o rei do Baião, muitosnordestinos deixaram suascidades para buscar umamelhor condição de vida noRio de Janeiro. Além da es-perança, esse bravo povotrouxe na bagagem uma ricaculinária e muito forró paraesquentar a vida carioca.Cultura que se faz aindamais presente em junho, afi-nal, é São João! Quadrilhasjuninas, comidas típicas emuito arrasta-pé começama tomar o estado em um ce-nário que lembra os festejosda região nordeste.

A Feira de São Cristovão,zona norte, é um dessesexemplos. Caminhar pelasruas e vielas do local é deapertar o peito do nordestinoque sente saudades de suaterra, mas é também o mo-mento de ficar por algumtempo próximo de suas raí-zes. Tudo faz lembrar a re-gião, mas durante junho ejulho a feira ganha a deco-ração das festas juninas. Sãomuitas as famílias que vãoali para saborear a comidada região e dançar um bomforró pé de serra.

Nadja Tavares chegou há16 anos da cidade paraiba-na Alagoa Grande. Atual-mente vive com sua famíliano bairro de Benfica, zonanorte, e aproveita o tempolivre para reencontrar suastradições. “L embra minhaterra. Sempre que dá a gen-te vem aqui pra feira. Es-pero que o São João sejamuito bom, vou vir comtoda a família. É muito le-gal, é animado”, contou aparaibana. Até o final de

julho, a festa junina da Fei-ra de São Cristovão começana sexta-feira e só acabaàs 21h do domingo.

Além das bandas de forró,outro ritmo bastante conhe-cida dos nordestinos é o re-pente, a arte de fazer músicasimprovisadas. Os irmãos Erie Silvania formam o grupo“Os Brega da Embolada”,atração confirmada para asfestas juninas da feira e quepode ser vista aos fins de se-mana, na praça central do

local. Nascidos na cidade deTaquarana, no interior ala-goano, e filhos do repentista

Canarinho das Alagoas, adupla roda o Brasil apresen-tando suas canções. Paraeles, o São João é o momentoperfeito para mostrar a cul-tura de seu povo. “Estar naFeira é a mesma coisa de es-tar no nordeste, aqui temtudo o que tem lá. Pra mimo São João é tudo. Eu sounordestina arretada e voufazer muito repente aqui”,revelou Silvania.

Marabá da Feira, diretorcultural do local, adiantouo que o público irá encontrarpor ali. “Já começou o maiorSão João do Rio de Janeiro.Aqui nos temos quadrilha,bumba meu boi, reizado,pau de sebo, muitas brinca-deiras tradicionais que rolamnas festas juninas. Isso aquié o nordeste fora do nordes-te. Durante todo o ano acon-tece, mas em junho e julhoé com mais intensidade”.

Rio de Janeiro, 18 a 25 de junho de 2014 6 | cidades

•André Vieira

do Rio de Janeiro (RJ)

Andrea Rego

Bravo povo nordestino touxe na bagagem muito forró para esquentar a vida carioca

Feira de São Cristovão festeja São JoãoRAÍZES Tradição nordestina ocupa o Rio de Janeiro com forró, comidas típicas e concursos de quadrilhas

Ramos - Bairro famosopor suas rodas de samba,abre espaço para as festasjuninas. Em sua primeiraedição, o Arraiá do Lazeranimará as noites da ruaRoquete Pinto, em Ramos,nos dias 20,21,22,27,28 e 29de junho. Segundo a orga-

nização do evento, pelomenos 10 quadrilhas juni-nas estão confirmadas.“Nós não temos apoio cul-tural. O Rio de Janeiro andamuito precário de festasjuninas, mas graças a deusvamos conseguir fazer anossa”, comemorou EliangeCarvalho, uma das organi-zadoras da festa. As apre-sentações são gratuitas e

começam sempre às 20h.Penha - O já tradicional

Arraiá Arquivos do Sambarealiza mais uma grandefesta na zona norte. Nosdias 28 e 29 de junho muitoforró e concursos de qua-drilhas juninas ocuparãoa rua Camarões, na Penha.O evento também é gra-tuito e terá início sempreàs 18h. (AV)

do Rio de Janeiro (RJ)

Outros arraiás na zona norteRamos e Penha recebem festas juninas gratuitas durante junho

O Brasil de Fato RJ abre espaço para que vocêtambém divulgue o arraiá de seu bairro. São duasformas de se comunicar com a gente: pelo número(21) 4062-7105 ou pelo e-mail [email protected]

Divulgue sua festa junina!•

Serviço: São João da FeiraLocal: Centro Luiz Gonzaga de TradiçõesNordestinas - Feira de São CristovãoFinais de semana de junho e julho: das 21h de sexta às 21h de domingoEntrada: R$ 5Informações: (21)2580-5335/7852-4644

Page 7: Brasil de Fato RJ - 055

Um manifesto assinadopor 300 personalidades pedeque o Supremo Tribunal Fe-deral (STF) reveja a decisãode manter presos os conde-nados no mensalão, que têmdireito ao regime semiaber-to. O documento recebeuapoio de intelectuais, artistase  lideranças  políticas. Notexto, eles manifestam preo-cupação com a conduta dopresidente do STF, JoaquimBarbosa, à frente da execu-ção penal de José Dirceu,José Genoíno, João Paulo Cu-

nha e Delúbio Soares.A carta será levada ao Su-

premo essa semana e deveráser protocolada no gabinetede todos os ministros. “OPresidente do Supremo Tri-bunal Federal, ao invés decumprir as decisões dessaSuprema Corte, nega direitosa alguns sentenciados, des-respeitando a decisão  dopróprio pleno do STF e a ju-risprudência do STJ quantoao cumprimento do regimesemiaberto”, afirma um tre-cho do manifesto.

Em maio, Joaquim Barbo-sa, que é o relator da açãopenal do mensalão, negou

pedido de autorização paratrabalhar formulado peladefesa do ex-ministro JoséDirceu e revogou as autori-zações que já haviam sidoconcedidas para sete réus,entre eles o ex-tesoureirodo PT, Delúbio Soares, o ex-deputado João Paulo Cunha,também do PT.

Barbosa alegou que oscondenados deveriam cum-prir um sexto da pena emregime fechado, como man-da a lei. Ocorre que, há maisde dez anos, o STJ tem auto-rizado trabalho desde o co-meço do cumprimento dapena. O manifesto diz que a

medida causa “angústia” e“desespero”, vai afetar nãoapenas os condenados domensalão, mas milhares deoutras famílias de sentencia-dos que cumprem penas emregime semiaberto e poderãoter que voltar à prisão. A as-sessoria do STF ainda nãose manifestou sobre o teordo documento.

AutoritárioO manifesto será entregue

uma semana depois do epi-sódio em que Joaquim Bar-bosa expulsou o advogadode José Genoíno do plenáriodo STF. Luiz Fernando Pa-

checo foi a tribuna pedirque o ministro colocasse empauta o recurso da defesarequerendo novamente aprisão domiciliar. Genoínosofre de problemas cardíacose teve de voltar à prisão nodia 1º de maio por determi-nação do ministro. A Pro-curadoria Geral da Repúbli-ca já deu parecer favorávelà prisão domiciliar. Apósuma discussão entre os doise sem responder ao apelo,Barbosa determinou que asegurança retirasse o advo-gado do prédio. A medidafoi duramente criticada nomeio jurídico. (PRV)

Rio de Janeiro, 18 a 25 de junho de 2014 brasil | 7

Um projeto de lei em tra-mitação na Câmara dos De-putados vai criar novas regraspara parcerias fechadas entreo poder público e as organi-zações da sociedade civil. Amedida atende reivindicaçãohistórica das mais de 290 milentidades privadas sem finslucrativos que atuam no Bra-sil. São grupos que desen-volvem ações de interessepúblico em saúde, educação,promoção de direitos, cul-tura, ciência e tecnologia,desenvolvimento agrário,moradia, entre outros.

A ideia do PL 7168/14 é criarum ambiente jurídico espe-cífico para as ONGs e demaisorganizações civis. A princi-pal mudança é o fim do con-vênio como principal meca-nismo de repasse de recursos

entre órgãos públicos e asentidades, também utilizadopara parcerias entre estadose municípios. A medida criao termo de colaboração e otermo de fomento. Dessa for-ma, cria-se a possibilidadedas entidades receberem re-cursos públicos sem neces-

sidade de contrapartida fi-nanceira, que poderá ser re-vertida em bens e serviços.Também permite as organi-zações captar recurso pormeio da apresentação de pro-jetos próprios.

“O projeto reconhece asorganizações como autôno-

mas e não terceirizadas dopoder público”, explica Eleu-téria Amora, coordenadora-geral da Casa da Mulher Tra-balhadora e diretora da Asso-ciação Brasileira de Organi-zações Não Governamentais(Abong) no Rio de Janeiro.

O projeto também instituio chamamento público paraseleção de organizações.Atualmente, não há regrasclaras sobre isso, o que abreespaço para favorecimentos

e corrupção. Outra mudançaé a possibilidade de atuaçãoem rede por diversas enti-dades, com agregação de pro-jetos e a criação de um sis-tema de prestação de contasmais adequado à realidadedas entidades, com regrasmais simples para valores in-feriores a R$ 600 mil.

O PL 7168/14, que tramitaapensado ao PL 3877/04, jáfoi aprovado na Comissãode Constituição e Justiça daCâmara dos Deputados eaguarda inclusão na pautado plenário. Na semana pas-sada, manobra do PSDB,DEM, PSD e PPS impediu avotação, em represália aodecreto do governo federalque institui a política nacio-nal de participação social.Como já foi aprovado no Se-nado Federal, se passar naCâmara, a nova lei das ONGsseguirá diretamente parasanção presidencial.

Pedro Rafael Vilelade Brasília (DF)

Sociedade civil cobra lei que defineregras para ONGs

de Brasília (DF)

Artistas e intelectuais lançam manifesto contra“violação” de Joaquim BarbosaDIREITOS Leonardo Boff, Osmar Prado e Ermínia Maricato assinaram o documento

REGRAS Entidades querem autonomia em relação ao poder público e segurança jurídica nos contratosDivulgação

Projeto de lei quer criar um ambiente jurídico específico para as ONGs

• “Atualmente,não há regras clarassobre isso, o que abre espaço parafavorecimentose corrupção_____________

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•Uma carta escrita por presospolíticos do Presídio BarroBranco, em São Paulo, em 1975,que trazia nomes e codino -mes de 233 torturadores doregime militar no país foi re-vista e virou um livro, lançadonesta segunda-feira (16), naAssembleia Legislativa pau-lista pela Comissão Estadualda Verdade de São Paulo.

O livro “Bagulhão: A Vozdos Presos Políticos Contraos Torturadores” traz a cartaque foi enviada ao presidentedo Conselho Federal da Or-dem dos Advogados do Brasilda época Caio Mário da SilvaPereira. Segundo a comissão,foi a primeira denúncia pú-

blica de presos políticos sobretorturas e torturadores, em-bora outros documentos te-nham sido elaborados e di-vulgados na época, mas deforma clandestina. (ABr)

Rio de Janeiro, 18 a 25 de junho de 2014 8 | brasil

Acervo AEL

Livro “Bagulhão” denuncia tortura

Comissão da Verdade lançalivro com nomes de tortura-dores da ditadura

Santa Catarina recebe R$ 417mil para ações de socorro àsvítimas das chuvas•A Secretaria Nacional deProteção e Defesa Civil, doMinistério da IntegraçãoNacional, liberou R$ 417.860 mil para assistência àsvítimas da forte chuva queatingiu Santa Catarina. Aportaria foi publicada nestasegunda-feira (16), no Diá-

rio Oficial da União.O dinheiro será disponi-

bilizado por meio do cartãode pagamento da Defesa Ci-vil, instrumento usado pelogoverno federal que trans-fere com agilidade recursospara regiões em situação deemergência. (ABr)

A Agência Nacional deVigilância Sanitária (Anvisa)iniciou segunda-feira (16)consulta pública para definirmudanças nos rótulos dealimentos que contêm in-gredientes capazes de pro-vocar alergia.

A proposta de nova normapara a rotulagem de alergê-nicos está disponível no por-tal da Anvisa e as sugestõesdeverão ser enviadas eletro-nicamente por meio do

preenchimento de formulá-rio específico. O prazo pararecebimento de comentáriose sugestões será de 60 dias.

Entre as chamadas subs-tâncias alergênicas a seremlistadas nas embalagens dosprodutos estão: cereais comglúten, crustáceos, ovo, pei-xe, amendoim, leite, soja,castanhas em geral, nozes eos sulfitos (presentes no vi-nho). Alimentos que conte-nham traços ou derivados

desses ingredientes tambémdeverão mostrar o aviso emseus rótulos. Após a decisãofinal da agência, as indústriasterão prazo de 12 meses paraadequação às novas regras.

Para a administradora deempresas Priscilla Tavares,uma das coordenadoras dacampanha “Põe no rótulo”,a consulta pública é umgrande avanço pois mostraque o Poder Público inseriuo tema na agenda política.

“É muito importante queo órgão regulador esteja sepreocupando com esse as-sunto e fiscalize o cumpri-mento da norma. A infor-mação clara no rótulo vaimelhorar muito a seguran-ça alimentar e a vida demuitas famílias. Essa novaregra também permitiráque as famílias tenhamonde reclamar caso [a nor-ma] não seja adequada-mente cumprida”, disse. NoBrasil, 8% das crianças têmalergia alimentar, segundoestimativa da AssociaçãoBrasileira de Alergia e Imu-nopatologia. (ABr)

Número de inscritos no Enemchega a 8,7 milhões e superaexpectativa do governo

O número de inscritos noExame Nacional do EnsinoMédio (Enem) de 2014 cres-ceu 21,6% em relação aoano passado e atingiu amarca de 8.721.946 inscri-tos. O balanço final das ins-crições no Enem foi divul-

gado nesta segunda-feira(16) pelo ministro da Edu-cação, Henrique Paim, epelo presidente do InstitutoNacional de Estudos e Pes-quisas Educacionais AnísioTeixeira (Inep), José Fran-cisco Soares. (ABr)

A presidenta DilmaRousseff e a chance-ler da Alemanha,Angela Merkel afirmaram estar trabalhando deforma conjunta paraaproximar Mercosule união Europeia, de forma a superaros entraves entre os dois blocos. O encontro aconteceuno domingo (15).

Anvisa inicia consulta públicasobre rotulagem de alimentos

EBC

EBC

ASSEMBLEIA DE MINAS GERAIS APROVA LEI QuE PROíBE MáSCARAS EM MANIFEStAçõES De autoria do deputado SargentoRodrigues (PDT), o projeto tramitou em regime de urgência e agora segue para a sanção do governador, Alberto Pinto Coelho(PP). O assunto gerou polêmica no ano passado, quando projeto semelhante foi aprovado no Rio de Janeiro.

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No Brasil, 8% das crianças têm alergia alimentar

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Rio de Janeiro, 18 a 25 de junho de 2014 mundo | 9

O vice-presidente da As-sembleia Nacional Popularda China, Chen Zhu, pediuneste domingo (15) à Cúpulado G77, na Bolívia, que lem-bre às nações ricas o prin-cípio de responsabilidadesobre mudança climática eque devem cooperar comas nações em desenvolvi-mento para enfrentá-lo.

Chen Zhu participou daplenária da Cúpula do G77,formado por 133 países emdesenvolvimento, emergen-

tes e a China, que lembrouseus 50 anos de criação. Oencontro discutiu uma agen-da de ações para impulsio-nar o desenvolvimento in-ternacional depois de 2015.

A potência asiática sem-pre defendeu que os paísesindustrializados ocidentaistêm uma maior responsa-bilidade nos problemas damudança climática e da po-luição, comparadas com osgerados por seu própriocrescimento industrial.

FIDEL PEDE uNIDADE PARA DESENVOLVIMENtO MuNDIAL O presidente cubano Raúl Castro criticou, durante a Cúpulado G77 mais a China, o aumento da desigualdade entre países ricos e pobres. Ele pediu ao grupo que renove um com-promisso comum para construção “de um mundo mais justo”.

A campanha à reeleiçãodo presidente Juan ManuelSantos, centrada no temados diálogos de paz com asguerrilhas do país, ganhouo apoio da esquerda e abreagora o desafio do manda-tário de governar com asforças e interesses distintosque apoiaram sua vitória. Ocandidato opositor, comquem Santos travou uma in-tensa disputa, Óscar IvánZuluaga, reconheceu a der-rota nas eleições deste do-mingo (15), mas afirmouque não se podem ignoraros sete milhões de colom-bianos que votaram nele.

As pesquisas mostravamque a paz não era o tema

central para os colombianosno primeiro turno das elei-ções. Porém, diante da pos-sibilidade de os avanços con-quistados no diálogo com asFARC (Forças Armadas Re-volucionárias da Colômbia)e com o ELN (Exército Na-cional de Libertação) regre-direm e de a guerra ser reto-mada com maior força, di-versas personalidades polí-ticas de centro, conservado-res e sobretudo de esquerdae formadores de opinião, jun-taram-se a Santos e apoiaramsua reeleição. Pode-se dizerque a maior parte do país,como em uma espécie deplebiscito, votou pela paz.(Opera Mundi)

Zuluaga reconhece vitória de Santos naColômbia

Presidente Juan Manuel Santos foi reeleito com o apoio da esquerda

Divulgação

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Jihadistas assumem controle demais uma cidade

Os jihadistas tomaramnesta segunda-feira (16)o controle de Tal Afar, lo-calizada a 380 km da ca-pital Bagdá. O Secretáriode EUA, John Kerry, afir-mou que poderão serrealizados ataques aé-reos com drones paraconter o avanço dos in-surgentes.

Alerta paraameaça de falta de gás nocontinente

O comissário europeuda Energia, GuentherOettinger, alertou nestasegunda-feira (16) para apossibilidade de falta degás, na Europa, no pró-ximo inverno, depois dea Rússia ter anunciadoque vai cessar o forneci-mento à Ucrânia.

EM FOCO

www.e.eita.org.br/assinebrasildefatorj

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Madri, a Corunha e ca-pitais de província do PaísBasco são algumas das ci-dades espanholas que aco-lhem manifestações e pro-testos em defesa de um re-ferendo sobre a monarquia.Nesta semana será a pro-

clamação do novo rei espa-nhol, Felipe VI.

Uma das principais con-centrações, em Madri estámarcada para o meio-diada próxima quinta-feira (19),dia da proclamação do novorei, na Puerta del Sol. (ABr)

China pede que G77 culpepaíses ricos por mudançaclimática

Encontro discutiu ações para impulsionar desenvolvimento

Divulgação

Espanhóis protestam contraa proclamação do novo rei

IRAqUE

UNIÃO EUROPEIA

Jihadistas em ação

Reprodução

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• MúsicaRio! A Cultura dos Cariocas

O que? Evento apresentadiversas atrações como ofi-cinas de grafite, dança, mú-sica e futebol, além de apre-sentações de artistas comoMoacyr Luz, AfroLage, Circono Ato, banda Soul Q Sou,bloco Gigantes da Lira, den-tre outros.Quando? Até 13/7Onde? Memorial GetúlioVargas, Praça Luís de Camões, GlóriaHorário? Das 10h às 18hQuanto? Grátis

Negro Leo no Leão EtíopeO que? Com abertura de Ro-binson de Sá, Negro Leo fazsua primeira apresentaçãono mais novo espaço de cul-tura popular da zona norte.Quando? 21/7Onde? Praça Agripino Grieco, MéierHorário? 19hQuanto? Grátis

• ExposiçãoWorld Press Photo 2014

O que? Exposição itinerantereúne as 143 imagens maispremiadas publicadas na

imprensa em 2013.Quando? Até 12/7Onde? Caixa Cultural doRio de Janeiro, Av. AlmiranteBarroso, 25, CentroHorário? De terça a domingo, das 10h às 21hQuanto? Grátis

O Brasil é meu abismoO que? Exposição reúnecerca de 30 obras do artistabrasileiro que vão do textoao vídeo, passando pelo de-senho e a fotografia.Quando? Até 13/7Onde? Museu de Arte Con-temporânea de Niterói, Mi-rante da Boa Viagem, NiteróiHorário? De terça a domin-go, das 10h às 18hQuanto? R$ 10

Som da MaréO que? Museu da Maré apre-senta exposição que reúnefotos, instalações e depoi-mentos de moradores Quando? Até 10/6Onde? Av. Guilherme Maxwell, 26Horário? Das 10h às 17hQuanto? Grátis

• teatroNa Batalha

O que? Espetáculo inspiradonas “Batalhas de Funk” dasfavelas cariocas usa diferen-tes formas de interagir como público, como o mappinge a projeção.Quando? Até 12/7Onde? Teatro João Caetano,Praça Tiradentes, CentroHorário? Sábado e domingoàs 19h30 Quanto? R$10

O que Eu fiz para Merecer Isto?

O que? Peça sobre tramafamiliar estreia em MarechalHermes.Quando? 19, 20 e 21 de junhoOnde? Teatro ArmandoGonzaga, Av.General Osval-do Cordeiro de Faria, Ma-rechal HermesHorário? 20hQuanto? R$10

Banho e TosaO que? Espetáculo teatral in-fantil sobre higiene pessoalpropõe reflexões sobre o temaQuando? 21/6Onde? Teatro ArmandoGonzaga, Av.General Osval-do Cordeiro de Faria, Ma-rechal HermesHorário? 16hQuanto? R$10

• CopaGolearte: Brasil x Camarões

O que? Circo Voador trans-mite ao vivo o jogo do Bra-sil seguido da apresentaçãoda Abayomy Afrobeat Or-questra.Quando? 23/6Onde? Circo Voador, Ruados Arcos, LapaHorário? 14hQuanto? Grátis

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Rio de Janeiro, 18 a 25 de junho de 2014 10 | cultura

Pronto! Depois de anosde espera, a Copa doMundo no Brasil come-çou. Ruas enfeitadas, cli-ma de festa, bolões de re-sultados, adoração aos jo-gadores e às seleções. Ou-tra rotina. É bom ter a ro-tina quebrada, não é mes-mo? O futebol é traço tãoforte em nossa cultura quea insatisfação com o mun-dial tem convivido bemcomo espírito da Copa. E,sinceramente, não acho queuma coisa exclui a outra.

Eu sei que nosso as-sunto aqui é novela. Masem meio ao reboliço fu-tebolístico que nos acom-panhará durante os pró-

ximos 30 dias, inevitávelnão recordar como o es-porte já esteve nas nove-las. Pesquisei informaçõespor aí e encontrei algumasreferências.

Lá na década de 1970,na história dos “Irmãos Co-ragem”, regravada em 1995,o caçula dos três irmãos,Duda, era um atacante desucesso do Flamengo e de-pois do Corinthians. Algunsjogos e times “de verdade”

eram usados nas filmagensda novela.  

Nos anos 1980, em “Ve-reda Tropical”, o ator Má-rio Gomes deu vida aLuca, inicialmente jogadordo Vasco e depois do Co-rinthians. A comemoraçãodo gol fictício marcadopor Luca no jogo entreVasco e Corinthians foigravada no próprio Mo-rumbi, quando o ator, àespreita atrás do gol, agar-rou a bola na rede e si-mulou a alegria de terpontuado o marcador.    

Mais recentemente, omegassucesso “AvenidaBrasil” focalizou o universodo futebol através da figurade Tufão. O personagem,jogador do Flamengo, con-quistou sucesso nacionalna carreira como atleta.De família pobre, do su-búrbio do Rio, acumuloufortuna, abriu projeto sociale se dedicou a promovero Divino Futebol Clube,equipe fictícia da comu-nidade onde vivia com suafamília. Os desafios da vidade jogador de futebol fo-ram retratados na trama.No último capítulo, o pê-nalti que leva a equipe paraa 1ª divisão é inesquecível!Você se lembra?

Espero que durante aCopa, a gente possa re-cordar não só dos mo-mentos do futebol nas no-velas, mas de todos aque-les em que a bola na redenos provocou alegria.

Bom mundial para vocêa até semana que vem!

NOVELA | [email protected] CULTURAL 18/06 – 25/06

“De família pobre,Tufão acumuloufortuna, abriu pro-jeto social e se dedicou a promovero Divino FutebolClube, equipe fictí-cia da comunidadeonde vivia com sua família______________

Joaquim Velade Belo Horizonte (MG)

Bola na rede (e na tV!)

Tufão em “Avenida Brasil”

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Rio de Janeiro, 18 a 25 de junho de 2014 cultura | 11

Depois da Tropicália, amúsica brasileira passou afalar do presente. Quem dizisso é um dos principais ar-tistas brasileiros e integrantedo movimento que mudou osom do Brasil nos anos 1960.Estamos falando de Tom Zé.

O músico está com 77anos e continua produzindoincessantemente. Preparaagora um álbum gravadocom jovens artistas — será o25° disco de sua carreira.Nesta entrevista, fala sobreforró, funk, tropicalismo esobre os artistas da nova ge-ração, com quem faz ques-tão de trabalhar e aprender.Para ele, há sempre precon-ceito com um tipo novo demúsica. “As pessoas têm ocostume de dizer ‘até aquieu vou’. Depois daquele li-mite, a pessoa não quer maissaber, diz que já virou mú-sica ruim”, afirma.

O músico conta aindacomo começou o seu inte-resse pela música e diz terdescoberto logo cedo queera “um péssimo cantor, umpéssimo violonista e umpéssimo compositor”. “Sóme tornei artista porquedescobri isso cedo”, diz. Leiaa entrevista:

Brasil de Fato - Como vocêcomeçou a se interessarpela música?Tom Zé - Eu não tinha nadapara fazer música, não tinhaem casa ninguém que fosseamante disso. Mas tínhamosa banda da cidade em Irará,no interior da Bahia. E eu melembro que, quando eu es-tava com sete anos de idade,

na festa da padroeira, elesresolveram fazer uma mati-nata. A banda foi para a ruade manhã só com os instru-mentos de canto, sem muitapercussão, e tocou umacoisa bem delicada, cami-nhando pela rua. De formaque eu acordei e parecia queestava num sonho. Nas gran-des cidades ninguém podeimaginar o que seja isso, maslá em Irará não tem nenhummotor, nem dentro de casanem fora de casa, então o si-lêncio é outro. Uma coisa to-cada baixinha de manhã éum grande som, entende?No dia que eu acordei comisso fiquei muito impressio-nado, não com a músicapropriamente ainda, mascom a possibilidade de teressa emoção no mundo.

Brasil de Fato - De quaismúsicas você gostava na-quela época?A Rádio Nacional tinha umaprogramação que era umacoisa inacreditável. E, na-quele tempo, as coisas quechegavam lá do mundo civi-lizado e que tinham a vercom a gente eram Luiz Gon-zaga e Adoniran Barbosa, to-cando principalmente “Sau-dosa Maloca”. Foram asprimeiras coisas que eu melembro de terem me impres-sionado profundamente.

Brasil deFato - Vo -cê ficou co -nhecido namúsica bra -sileira por suaparticipação no movimen -to tropicalista dos anos1960 e 1970, com Caetanoe Gil. Como define o tropi-calismo?É o resultado de Caetano eGil, que são dois gênios e quepor acaso estavam presentesnos anos de 1960 quandoSão Paulo queria mudar a fi-sionomia da arte brasileira.Havia um tipo de música noBrasil, aquilo que eu faleide uma música falando deum pretérito, falando de lu-gares não conhecidos, deamores super românticos,que era uma coisa que omovimento romântico pas-sou para a melodia. Então,em 1962, quando nós nos co-nhecemos, o Caetano disseuma coisa assim: “Agora mi-nha música está deixando deser uma nostalgia de tempose lugares.” E eu já estava fa-zendo uma música em queeu não queria isso.

Brasil de Fato - Na época,as músicas de vocês forammuito criticadas. De ondevocê acha que vem essa re-sistência ao que é novo?É importante assustar quemvem atrás. Quem veio até aliprecisa tomar um sustopara poder não gostar. Issoé uma estratégia que pareceser parte da história. O tro-picalismo é muito maismarcado pelo que teve con-tra ele do que pelo que tevea favor. O que estava contradá muito mais a ideia daforça que ele tinha. Todomundo esqueceu, mas teve

a passeata contra a guitarra,teve abaixo-assinado con-tra programa tropicalista naTV, teve vaia contra o Cae-tano. Disseram que aquilonão era brasileiro, não eramúsica, foi uma cisão. Aspessoas têm o costume dedizer “até aqui eu vou”. De-pois daquele limite, a pes-soa não quer mais saber, dizque já virou música ruim. Agente tem que ouvir paraaprender, senão a gentepara no tempo. Esse forróuniversitário tem coisas queeu admiro profundamente,tenho inveja.

Brasil de Fato - Isso tam-bém acontece muito com ofunk hoje. O que acha dofunk que surgiu no Rio deJaneiro?Graças a Deus, o Brasil é olugar onde fermentam essascoisas. Aqui você descansae de repente descobre queno Pará tem um tipo de mú-sica completamente dife-rente. Para mim, uma novi-dade é uma maravilha. Nãotenho preconceito. Seja láonde for, ela nasce porqueuma população inteira vaiali colaborar com miligra-mas de seiva cerebral paraa coisa se constituir numa

ameba, ameba essa que sedesenvolve até se transfor-mar num estilo. O que podeorgulhar mais uma nação doque brotar coisa nova emtodo lugar, de todo jeito?

“Só virei artista quando descobrique era péssimo cantor”TROPICÁLIA tOM Zé fala sobre forró, funk e comentaprodução dos artistas da nova geração

Mariana Desidériode São Paulo (SP)

Andre Conti

“Saudosa Maloca’ foi uma das primei-ras músicas que meimpressionou pro-fundamente______________

“O tropicalismo émuito mais marcadopelo que teve contraele do que pelo queteve a favor ______________

Andre Conti

Tom Zé: “É importante assustar”

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Rio de Janeiro, 18 a 25 de junho de 2014 12 | opinião

O novo capítulo da “novelajurídica” envolvendo as açõesque questionam o leilão e ovalor do acervo da Vale doRio Doce (CVRD), desestati-zada em 1997, diz respeito auma decisão do Ministro doSTF, Gilmar Mendes, publicadaem 05 de maio último. Mendesimpediu a continuidade deum recurso extraordinário in-terposto no final de 2012 pelaVale. Apesar da decisão bene-ficiar todos os autores dasações populares, o andamentodo processo poderá continuarsuspenso até o julgamento donovo recurso.

A liminar suspendeu maisuma vez, desde o final de2010, a decisão da 5ª Turmado TRF da 1ª Região (Brasília),que determinou que as açõespopulares voltassem a Belémdo Pará para novo julgamento.As ações exigem a anulaçãodo Edital do Leilão e períciasobre a realidade do patri-

mônio leiloado, definindo overdadeiro valor do acervoda CVRD, fixado em somenteR$ 3,34 bilhões, em 1997.

Se for confirmado que hou-ve sonegação e subavaliaçãode bens, as decisões pela anu-lação da venda serão coisacerta. Os autores das açõesesperam que o Ministro re-vogue a liminar. Não há mais

motivos para manter parali-sadas as dezenas de açõespopulares que tramitam naJustiça desde 97.

Que as riquezas produzidaspela Vale possam, realmente,servir ao desenvolvimentoeconômico social do país, deuma forma sustentável, be-neficiando o conjunto da po-pulação brasileira e não a gru-pos particulares que se apro-priaram destes benefíciosatravés do Leilão.

Além da nulidade da licita-ção, os autores confiam que oEstado brasileiro possa ser re-compensado financeira e mo-ralmente dos prejuízos queteve com a venda espúria dessegrande patrimônio público.

Clair da Flora Martins e Eloá Cruz

são advogadas e autorasde ações populares

pela cancelamento da privatização da Vale.

Clair da Flora Martins e Eloá Cruz

Burocracia jurídica freia ações que questionam privatização da Vale

O Brasil enfrenta, naseleições presidenciais desteano, o risco de um brutalretrocesso político, com oeventual retorno das forçasde direita – representadas,principalmente, pelo can-didato tucano Aécio Neves– ao governo federal. Nessecaso, teremos uma guinadarumo a um país mais desi-gual, mais autoritário, maisconservador. Não será ape-nas uma reprise do que fo-ram os tempos de FernandoHenrique Cardoso (PSDB).

É aposta certa supor queuma das primeiras medidasde um governo Aécio seriaa expulsão dos profissionaiscubanos engajados no pro-grama Mais Médicos. Tam-bém imediata seria a ade-são do Brasil a um acordodo Mercosul com a UniãoEuropeia nos termos da fi-nada Alca (Área de LivreComércio das Américas) .O Mercosul, se sobreviver,voltará a ser apenas umcampo comercial, destituí-do do projeto político deuma integração mais pro-funda. A Unasul (União dasNações Sul-Americanas) e

a CELAC (Comunidade deEstados Latino-Americanose Caribenhos), esvaziadas,se tornarão, siglas irrele-vantes, enquanto a mori-bunda OEA (Organizaçãodos Estados Americanos)ganhará um novo sopro devida. Quanto ao Brics (gru-

po político formado porBrasil, Rússia, índia, Chinae África do Sul) articulaçãocentral no combate ao do-mínio unipolar do planetapelo império estaduniden-se, sofrerá um baque.

Ganharão espaço golpis-tas latino-americanos já as-sanhados com triunfos emações antidemocráticas -combatidas com firmezapor Lula e Dilma - em Hon-duras, contra Manuel Ze-

laya, e no Paraguai, contraFernando Lugo. Que o digaa deputada Maria CorinaMachado, líder da atualcampanha de desestabili-zação na Venezuela, quefoi recebida com fanfarrapelo governador GeraldoAlckmin (PSDB).

Governos e movimentossociais progressistas, naAmérica Latina e no mundo,perderão um ponto de apo -io. Isso é apenas uma partedo que está em jogo nas elei-ções. Espantoso é que, nocampo da esquerda, tantospareçam não se dar conta. 

Igor Fuser é jornalista eprofessor do curso de re-lações internacionais daUniversidade Federal doABC (UFABC).

Igor Fuseré jornalista e professor de

Relações Internacionais

Igor Fuser

Latuff E se a direita ganhar?

“É aposta certa suporque uma das pri-meiras medidas deum governo Aécio seria a expulsão dosprofissionais cuba-nos do programaMais Médicos________________

“Que as riquezas produzidas pela Vale possam servir ao desenvolvimento econômico social dopaís, beneficiando oconjunto da popula-ção brasileira______________

“Teremos uma guinada rumo a um país mais desigual, mais autoritário, maisconservador______________

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Essa receita é prática esaborosa. Para um café damanhã ou lanche da tarde, éótima pedida. Caso você pre-fira outro recheio, é só usar a

criatividade e o que tiver nageladeira. Vale palmito, mi-lho, ervilha, frango. Sem de-mora, vamos por a mão napassa e preparar essa receita.

Numa tigela dissolva o fer-mento no açúcar, junte oleite, o sal, os ovos e oóleo. Acrescente aos pou-cos a aveia e o trigo atéobter uma massa macia,homogênea e que aindagrude nas mãos. Cubracom um pano e deixe des-cansar por cerca de 20 mi-

nutos. Enquanto isso, mis-ture todos os ingredientesdo recheio. Abrir a massaem uma forma (32 cm por21 cm) untada e enfari-nhada, com as mãos (un-tadas). Deixa essa massacrescer por cerca de 20minutos novamente. Apósisso, espalhar o recheio

Quem vive em capitaissabe muito bem os prejuí-zos que um meio ambientepoluído pode causar à saú-de. Cidades com poluiçãoapresentam altos índicesde doenças respiratórias,tais como asma e rinitealérgica, que aparecemmais em pessoas expostasaos chamados “alérgenos”,que podem ser partículasde poeira ou fumaça.

Além de manifestaremnovos casos destas doenças,quem já as possui podeapresentar quadros maisgraves ao respirar o ar deambientes poluídos, comoé o caso da asma. Porém,nas cidades altamente in-

dustrializadas, não é apenaso ar que é poluído. Os len-çóis freáticos e a terra tam-bém sofrem com a ação deelementos químicos, quecontaminam os peixes e asplantas, e até a água quebebemos. A contaminaçãodas águas e da terra é umadas principais consequên-cias da industrialização eurbanização desenfreadase sem planejamento.

Complexos urbanos pró-ximos a rios, baías e costas,também aumentam as chan -ces de que as águas sejamimpróprias para banho.

Para completar, boa partedas cidades do país que cres-ceram nas últimas décadas,

o fizeram sem um planode saneamento básico, oque leva a milhões de pes-soas no Brasil a conviveremsem coleta de lixo e comesgoto a céu aberto, multi-plicando doen ças infeccio-sas como a diarreia, anci-lostomíase e amebíase.

Todos estes fatores jun-tos mostram a importân-cia de cuidarmos bem doambiente das cidades emque vivemos. E é impor-tante cobrar do poder pú-blico um rigor com a fis-calização dos condomí-nios, casas, empresas e in-dústrias para que não po-luam o ambiente que todoscompartilham.

Rio de Janeiro, 18 a 25 de junho de 2014 variedades | 13

Hoje em dia é muito comum empresas contrataremoutras para prestar determinados serviços. Isto é cha-mado de terceirização. Nestes casos, trabalham nomesmo local os funcionários da empresa principal eos terceirizados.

Mas você sabia que não são todos os serviços deuma empresa que podem ser terceirizados?

As leis trabalhistas e a Justiça do Trabalho apenasautorizam que uma empresa contrate outra para prestarserviços que não sejam relacionados à sua ocupaçãoprincipal, também chamada de atividade fim.

Para entender melhor, vamos utilizar um exemplo:uma fábrica de bebidas pode terceirizar os serviços delimpeza, mas não pode contratar outra empresa paraprestar serviços de operação de máquinas de enchergarrafas, pois esta função é ligada à produção debebidas, ou seja, sua atividade principal.

Como as empresas tem conhecimento desta regra,muitas vezes elas contratam terceirizadas para prestardeterminados serviços, mas acabam desviando os fun-cionários terceirizados para exercer funções ligadas àsua atividade principal. E fazem isto para aumentar olucro, pois o salário do terceirizado é menor.

Para ilustrar, vamos continuar utilizando o exemploanterior: a empresa de bebidas contrata uma terceirizadapara prestar serviços de limpeza, mas os funcionáriosterceirizados trabalham diretamente na linha de pro-dução de bebidas, como auxiliares dos operadores demáquinas, por exemplo.

Neste caso, a terceirização é ilegal, o que pode gerarpenalidades para as empresas. Além disso, o funcionárioterceirizado poderá ingressar com ação judicial pararequerer o pagamento do salário e outros benefíciosque os empregados da empresa principal recebiam.

Portanto, caso isto tenha ocorrido alguma vez comvocê, procure o sindicato de sua categoria profissionalou um advogado de confiança.

Por Luiz José Duarte Filho, advogado trabalhista

Pão Marguerita

Por Thiago Henrique Silva – médico e mestrando em Saúde Pública na USP

Modo de preparo

O Cuidado com o Ambiente e a Saúde

NOSSOS DIREITOSBOA E BARATA | Por Elizabeth de Oliveira

terceirização legal e ilegal

NOSSA SAÚDE

Dúvidas sobre direitos? Encaminhe e-mail para [email protected]

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2 tabletes de fermento (fresco) (30 gr)1 colher de sopa de açúcar1 xícara de chá de leite morno (200 ml)1 colher de sopa de sal2 ovos1/2 xícara de chá de óleo (100 ml)1 1/2 xícara de chá de aveia (90 gr)3 1/2 xícaras de farinha de trigo (420 gr)

Cobertura:4 colheres de salsinha 2 colheres de cebolinha 2 colheres de orégano 2 tomates sem pele1 xícara de queijo branco Queijo parmesão Margarina p/ untar a forma

Ingredientes

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Rio de Janeiro, 18 a 25 de junho de 2014 14 | variedades

Está bastante volúvel. Tenha cuidadopara não agir de modo explosivo de-mais e perder o controle de si. Umaboa dose de risadas o ajudaria a con-trolar melhor seus impulsos e deixá-loum pouco mais tranquilo.

Quando lhe cabe escolher seus objeti-vos, você pode se mostrar volúvel.Tende para uma alimentação poucosaudável, por isso é possível que en-gorde. Deveria manter certa distânciaemocional das questões religiosas.

Está com a aparência agradável, o quelhe ajuda nos seus objetivos. Porém, cui-dado para não se enganar e cegar pelosprimeiros sucessos. É possível que difi-culdades emocionais e sexuais reprimi-das venham à tona.

É capaz de trabalhar em áreas dacomunicação, consegue imporidéias e realizar planos. É possívelque se preocupe tanto com seu egoque a sua imagem de si mesmo nãocorresponda à imagem que os ou-tros têm de você.

Está estimulado intelectualmente edisposto a conhecer coisas novas. Vocênão age com arrogância, mas estáconsciente do valor dos seus trabalhose não sente vergonha nenhuma emaceitar recompensas dos outros.

É possível que tenha dificuldades emser acessível, mostrar-se compreen-sivo e revelar os sentimentos às pes-soas. Seria bom se ficasse mais abertoe conseguisse assumir uma relaçãomais profunda com alguém.

Talvez não esteja conseguindo escolherbem as pessoas com as quais quer teruma relação íntima e até tenda para ilu-sões, que também podem envolverempreendimentos financeiros arrisca-dos. Cuidado nesta fase.

Não tem problemas em lidar com o sis-tema e a ocupar uma posição seguranele. Há grande chance de conhecersua própria personalidade com clareza,se não fechar os olhos por temer des-cobrir uma verdade desagradável.

É possível que considere seus interes-ses tão importantes que nem liguepara as vontades alheias. Não se trataapenas do conteúdo de suas opiniõese ações, mas também da maneiracomo você as transmite.

Você está temperamental e pode ficarirritado ou mostrar sua aversão a qual-quer tipo de rotina e disciplina, pois lhecusta muito agir com modos. Por causada ânsia de ficar independente, nãoestá fácil lidar com você.

Pode não ver as chances que a vida lheoferece ou não entender que lhe cabetomar iniciativas para que haja mudan-ças. Deveria observar as consequênciasde suas experiências e mudar a sua ati-tude para com a vida.

Sua simpatia e vontade de amar altruis-ticamente são tão fortes que em todosos campos da vida se tornam evidentes.Embora goste de obedecer a seus im-pulsos, você respeita as oportunidadesque a vida lhe oferece.

HORÓSCOPO

18 a 25 de junho de 2014Keka Campos, astróloga [email protected]

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No Campeonato Brasilei-ro, reclama-se constante-mente do nível da arbitra-gem. A Copa do Mundo estáprovando que o problemacom os árbitros não é exclu-

sividade nossa. Não forampoucos os erros de arbitra-gem neste mundial, em ape-nas uma semana.

Na abertura da Copa, o ja-ponês Yuichi Nishimura viu

pênalti inexistente em Fred.Daí em diante, foi um festivalde pênaltis de araque, maisfácil contar os que realmenteaconteceram. Para não falardos gols mexicanos mal anu-

lados pelo colom-biano Wilmar Roldan,que poderiam ter tor-nado a tarefa de venceros camaroneses maistranquila.

Rio de Janeiro, 18 a 25 de junho de 2014 esporte | 15

Bruno Porpetta | do Rio de Janeiro (RJ)

Div

ulga

ção/

CC

Esta é a primeira Copa naqual a FIFA admitiu o uso datecnologia, exclusivamente paralances na linha do gol, atravésde um chip instalado na bola.

E coube a um jogo apitadopelo brasileiro Sandro MeiraRicci o uso dessa novidade. Napartida entre França e Hondu-ras, vencida por 3 a 0 pelos eu-ropeus, o segundo gol da par-

tida foi determinado pelo chip.Ao bater nas costas do goleirohondurenho Valadares, abola ultrapassou a linha dogol antes que ele desse o tapapara fora.

Apesar da imagem por com-putador que mostrava a boladentro do gol, o treinador daseleção hondurenha, Luís Sua-rez, reclamou muito do lance.

Como dizia Nelson Rodrigues:“O videoteipe é burro!”

Arbitragem é um problema global

Após a Presidenta Dilmaafirmar não se incomodar comas vaias e xingamentos rece-bidos na abertura da Copa, emSão Paulo, a torcida brasileiranão aprendeu a lição.

Quando começou a vaiar e

xingar o craque Lionel Messi,ele passou por três marcadorese marcou um golaço contra aBósnia, em um Maracanã inva-dido pelos argentinos.

Torcer tem feito bem, vaiar exingar não.

As vaias que não incomodam As seleções da Alemanha eHolanda estão entre as maissimpáticas da Copa. Ambas fo-ram muito solícitas com fãsbrasileiros, posando para fotose distribuindo autógrafos.

Não só isto. Destaques ale-mães – o goleiro Neuer e omeia Schweinsteiger – foram

filmados vestindo camisas doBahia, cantando o hino doclube e confraternizando comos torcedores. Os holandesesnão se cansam de mergulharno mar de Ipanema, além decair na noite carioca na come-moração do aniversário deSneijder.

Assim, conseguiram trazera torcida para suas seleções e,não por acaso, tiveram os re-sultados mais expressivos daprimeira rodada da Copa. AHolanda goleou a Espanha,atual campeã do mundo, por5 a 1 e os alemães atropelaramPortugal por 4 a 0.

A simpatia que aumenta a torcida

COPA DO MUNDO Balanço dos momentos mais marcantesna primeira semana da Copa do Mundo

Torcedores da Alemanha estão dando show na Copa

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Nova tecnologia para evitar erros no futebol

Reprodução

Copa do Mundo:o que já rolou?

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Classificaçãoda Copa

16 | esporte Rio de Janeiro, 18 a 25 de junho de 2014

O Brasil entrou em camposem Hulk, poupado pelasdores na coxa e substituídopelo volante Ramires, alémda emoção de Neymar du-rante o hino nacional, can-tado pelo Castelão lotado, eda boa presença de torce-dores mexicanos.

Apesar de maior posse debola, a seleção brasileira nãoconseguia penetrar na defesamexicana. A partir da metadedo primeiro tempo, o Méxicopassou a manter mais a bolanos pés, mas deu espaçosatrás e assim o Brasil conse-guiu ter a primeira grandechance, em uma cabeçadade Neymar que parou emuma defesaça de Ochoa.

O goleiro Ochoa ainda sal-

vou uma bola incrível no fimdo primeiro tempo, após jo-gada de bola parada do Brasile um bate-rebate na áreacom chute de Paulinho nacara do gol.

No segundo tempo, Ber-nard entrou no lugar de Ra-mires, porém o Brasil errava

muitos passes no meio-campoe a seleção mexicana ameaçoua meta de Júlio César.

Com a entrada de Jô nolugar de Fred, o Brasil passoua se movimentar mais noataque. O Atlético-MG saiusozinho na frente de Ochoa,mas bateu para fora.

Aos 38, Oscar deu lugar aWillian proporcionando maisvelocidade ao meio-campo,mas só chegou na bola pa-rada. Após cruzamento deNeymar, o capitão iagoSilva testou para o gol, noentanto Ochoa fez outragrande defesa.

Ochoa e falta de criatividadeparam ataque brasileiro

Bruno Porpettado Rio de Janeiro (RJ)

Neymar não teve grande atuação, ficando preso à marcação mexicana

Rafael Ribeiro/CBF

SELEÇÃO Com má atuação ofensiva, Brasil não sai do 0 a 0 com México, em Fortaleza

Cabeça de chave e favo-rita ao primeiro lugar doseu grupo, a Bélgica tevemuita dificuldade para furaro bloqueio defensivo da Ar-gélia, que surpreendeu aotécnico dos “diabos verme-

lhos”, Marc Wilmots.A Argélia, em contra-ata-

que, sofreu pênalti, apósagarrão de Vertonghen emFeghouli. O próprio Feghoulicobrou e abriu o placar noprimeiro tempo.

A reação belga veio no se-gundo tempo, após as en-tradas de Fellaini e Mertens,

que começaram no banco emarcaram os gols da virada,com boa participação da es-trela Hazard.

A Bélgica lidera o grupocom três pontos. No outrojogo do grupo, Rússia e Co-reia do Sul empataram por1 a 1, na Arena Pantanal,em Cuiabá. (BP)

Bélgica passa sufoco, masconfirma favoritismo

do Rio de Janeiro (RJ)

GRUPO H Argélia sai na frente, mas não segura vantagem no Mineirão

FICHA téCNICA

0 X 0Brasil México

Terça-feira 17/06 |16h |Castelão – Fortaleza