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    Guia de aprendizagem da Convenosobre os Direitos das Pessoas com Decincia

    Todos podemos... disso que se trata

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    Apresentao da verso brasilera com enorme prazer que apresentamos esta verso em lngua portuguesa do guia Its about ability Lerning Guide onthe Convention on the Rights of Persons with Disabilities, publicado em 2009 pelo UNICEF e Fundao Victor Peneda,com o propsito de instrumentalizar educadores, jovens lderes, lderes comunitrios, entre outros, que se dediquema divulgar e conscientizar a sociedade, particularmente crianas e adolescentes, sobre os direitos humanos relativos spessoas com decincia.

    Em especial, este guia, aos nossos olhos, uma importante ferramenta para minimizarmos as barreiras atitudinaisem relao participao plena das pessoas com decincia em nossa sociedade, tendo como objetivo difundir asprincipais ideias da Conveno sobre os Direitos das Pessoas com Decincia e o seu Protocolo Facultativo.

    A Conveno sobre os Direitos das Pessoas com Decincia e o seu Protocolo Facultativo foram elaborados a partirda mobilizao de organizaes, ativistas de diretos humanos, representantes governamentais que atuam na reade defesa e garantia dos direitos humanos relativos pessoa com decincia. Suas ideias centrais so: a equidadede oportunidade, enfrentamento discriminao e o aumento do poder das pessoas com decincia. Esse tratadointernacional foi aprovado pela Assembleia Geral das Naes Unidas, em dezembro de 2006, e assinado por mais de 100pases, entre eles, o Brasil, em Nova Iorque em 30 de maro de 2007.

    A Conveno, de acordo com a Organizao das Naes Unidas (ONU), um instrumento de garantia de direitoshumanos, com explcita dimenso de desenvolvimento social. Ela rearma que todas as pessoas, com quaisquer tiposde decincia, devem gozar de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais e esclarece exatamente como

    as categorias de direitos devem ser aplicadas. Alm disso, identica especicamente reas onde adequaes precisamser feitas para permitir que as pessoas com decincia exeram efetivamente seus direitos. Arma ainda que a proteodesses direitos deve ser reforada onde eles forem violados.

    Assim, em 2009, a partir de parceria estabelecida entre o UNICEF e o RIOinclui Obra Social da Cidade do Rio deJaneiro (OSCRJ), esta publicao foi traduzida, e posteriormente submetida a um grupo de trabalho composto porrepresentantes de rgos governamentais e instituies no governamentais, com procincia na rea dos direitoshumanos relativos s pessoas com decincia para validao tcnica e adequaes necessrias.

    A Conveno sobre os Direitos das Pessoas com Decincia coloca no seu Artigo 1 - Pessoas com decincia so aquelasque tm impedimentos de longo prazo de natureza fsica, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interao comdiversas barreiras, podem obstruir sua participao plena e efetiva na sociedade em igualdades de condies com asdemais pessoas.

    Compreendemos que as barreiras, em sua maioria, no so fsicas, mas construdas com base nas diversas concepes

    sobre as decincias.O Guia de aprendizagem Todos podemos... disso que se trata ser um instrumento para o trabalho deconscientizao de crianas e adolescentes, alunos de escolas pblicas e particulares, visando mudar paradigmas nasconcepes, atitudes e abordagens em relao s pessoas com decincia.

    Todos podemos... disso que se trata!

    isso que todos precisamos saber!

    A mudana comea por ns!

    Boa leitura!

    Cristine de Souza Assed Paes Gary Stahl

    Diretora Presidente Representante do UNICEF no BrasilObra Social da Cidade do Rio de Janeiro Fundo das Naes Unidas para a Infncia

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    4/97iv Guia de aprendizagem da Conveno sobre os Direitos das Pessoas com Decincia

    Ficha tcnicaAutores: Victor Pineda Foundation e Fundo das Naes Unidas para a Infncia UNICEF.

    Coordenador e editor da verso brasileira: RIOinclui Obra Social da Cidade do Rio de Janeiro

    Traduo: Flash Idiomas

    Grupo de Validao Tcnica:

    Centro de Promoo da Sade (Cedaps)

    Centro de Vida Independente (CVI - Rio)

    Conselho Municipal da Pessoa com Decincia da Cidade do Rio de Janeiro (Comdef)

    Fundo das Naes Unidas para a Infncia UNICEF

    Instituto Interamericano sobre Decincia e Desenvolvimento Inclusivo (iiDi)

    Instituto Municipal Helena Antipoff/ Secretaria Municipal da Educao da Cidade do Rio de Janeiro

    RIOinclui - Obra Social da Cidade do Rio de Janeiro (OSCRJ)

    Secretaria de Educao Continuada, Alfabetizao, Diversidade e Incluso (Secadi)/ Ministrio daEducao (MEC)

    Secretaria Nacional de Promoo dos Direitos da Criana e do Adolescente (Snpdca)/ Secretaria deDireitos Humanos da Presidncia da Repblica do Brasil

    Secretaria Nacional de Promoo dos Direitos das Pessoas com Decincia (SNPD)/Secretaria deDireitos Humanos da Presidncia da Repblica do Brasil

    Diagramao: Karina Rohde

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    AgradecimentosEste guia foi escrito por Valerie Karr, PhD na Teachers College, Columbia University, especialista na rea deeducao infantil e decincia.

    O guia acompanha a publicao Todos podemos... disso que se trata: uma explicao da Convenosobre os Direitos das Pessoas com Decincia, uma verso para crianas dessa Conveno da ONU. Odesenvolvimento de ambos os materiais foi iniciado no UNICEF, sob a liderana do Setor de Proteo Criana, com o apoio da Unidade de Participao e Desenvolvimento do Adolescente. O guia e o e a versopara crianas foram editados e produzidos pela Diviso de Comunicao do UNICEF.

    O UNICEF gostaria de agradecer a Rosangela Berman Bieler e Sergio Meresman, do Instituto Interamericanosobre Decincia e Desenvolvimento Inclusivo, pela reviso do guia. Tambm expressamos nossoagradecimento a vrias outras pessoas que comentaram sobre os sucessivos rascunhos: Helen Schulte(UNICEF), Ravi Karkara (UNICEF), Shaila Parveen Luna (UNICEF), Lena Karlsson (UNICEF Innocenti ResearchCenter Centro de Pesquisas Innocenti do UNICEF), Cristina Gallegos (UNICEF), Jaclyn Tierney (UNICEF) eCarolina Hepp (UNICEF).

    Os trabalhos abaixo inspiraram a criao deste guia, de diversas maneiras: Victor Santiago Pineda, fundador

    da Victor Pineda Foundation e autor do Todos podemos ... disso que se trata; Katherine N. Guernsey eJoelle M. Balfe, coautoras de Human Rights. YES! (Direitos Humanos, SIM!, traduo livre) e Nancy Flowers,editora; Advocating Change Together (ACT) (Defendendo a Mudana Juntos, traduo livre) Minnesota,uma organizao de luta pelos direitos das pessoas com decincia, administrada por e para pessoascom decincia de desenvolvimento e outras decincias; Janet E. Lord, LLB, LLM, LLM, parceiro, BlueLawInternational LLP e coautora de Human Rights. YES!: Action and advocacy on the rights of persons withdisabilities (Direitos Humanos. SIM! Ao e defesa dos direitos de pessoas com decincia, traduo livre),que revisou cuidadosamente Todos podemos ... disso que se trata; Hugh Vesquez, M. Nell Myhand e AllanCreighton e Todos Institute (Instituto Todos), autores da obra Making Allies, Making Friends curriculum formaking the peace in middle school (Fazendo Aliados, Fazendo Amigos: um currculo para estabelecer a pazno ensino mdio, traduo livre) que inspirou as orientaes para algumas das sesses participativas deaprendizado para jovens.

    O UNICEF reconhece com gratido o apoio generoso do Comit Alemo para o UNICEF dado a este projeto.

    United Nations Childrens Fund (UNICEF)

    maio de 2009

    necessria permisso para reproduzir qualquer partedesta publicao. Entre em contato com o Departamento deProssionais de Desenvolvimento, Diviso de Comunicao doUNICEF.

    3 UN Plaza, Nova York, NY 10017, EUATel.: (+1-212) 326-7434Fax: (+1-212) 303-7985E-mail: [email protected]

    Ser livremente concedida a permisso para organizaeseducacionais ou sem ns lucrativos. Outras sero solicitadas apagar uma pequena taxa.

    Ilustrao de capa por Lea Nohem HernndezProjeto do livro por BlissDesign.com

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    Educao participativa dedireitos humanos:

    Como usar este guiaIntroduoO objetivo deste guia de atividades de direitos humanos tornar crianas e adolescentes, com esem decincia, capazes no s de se pronunciar a respeito da Conveno sobre os Direitos dasPessoas com Decincia (CDPD)1, mas tambm de defender seus direitos e de tornar a sociedademais inclusiva.

    O guia foi criado para servir como um recurso para a publicao Todos podemos... disso que setrata: uma explicao da Conveno sobre os Direitos das Pessoas com Decincia, um resumosobre a Conveno escrito especialmente para crianas. As atividades neste guia devem ser

    utilizadas por jovens lderes, companheiros educadores e professores para facilitar o aprendizadoentre adolescentes de 12 a 18 anos sobre a Conveno e sobre como ela se aplica. O principalpropsito deste guia divulgar a ideia de que todas as crianas e jovens tm os mesmos direitos:com atitudes, apoio e conana adequados, todas as pessoas podem levar uma vida plena e digna.

    Observe que este guia no a nica fonte sobre a Conveno. Mais informaes sobre os direitosque constam na Conveno podem ser encontradas em .

    Foco da aprendizagem participativaEste guia de atividades destinado para o trabalho com crianas e adolescentes com e semdecincia, para que esses se apropriem da temtica dos direitos humanos e se tornem capazes delutar por eles. As unidades e sesses podem ser usadas separadamente ou como um todo. Todosos participantes devero ser encorajados a participar ativamente das atividades, e so bem-vindasas adaptaes, propostas pelos mediadores, a m de que o contedo deste guia seja acessvel atodos. Grcos visuais, desenhos e atividades prticas que incluam todos so partes importantes doprocesso da aprendizagem participativa.

    Lembre-se de que o objetivo deste guia que indivduos e grupos se unam e explorem essestpicos e questes, de maneira cooperativa, sem julgamentos, e que saibam encorajar aesefetivas para a mudana. Todos tm o direito a ter sua prpria opinio, e diferenas individuaisdevem ser respeitadas.

    1 Disponvel em portugus .

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    Observaes do mediadorRespondendo a diferenas individuaisAs crianas e os adolescentes no so todos iguais e podem trazer uma diversidade deconhecimentos, experincias e necessidades na formao de um grupo. A igualdade deoportunidades participao fundamental para se atender diversidade, sabendo-se quealgumas crianas e adolescentes precisaro de mais apoio e mais tempo que outros paraparticipar.

    Questes fundamentais a ser consideradas: Montar grupos to diversos quanto possvel, incluindo crianas com e sem decincia e um

    equilbrio de gnero e de representantes de outros grupos que vivenciam historicamenteprocessos de excluso de direitos.

    Garantir que o local escolhido para o desenvolvimento das atividades seja confortvel eseguro para trabalhar em grupo, alm de estar bem organizado,de forma a propiciar a fora entre os membros.

    Permitir tempo suciente para a interao pessoal e de grupo, de forma a garantir que osmembros possam construir relaes e amizades, comeando a se sentir como uma equipe.

    Dar assistncia s crianas e aos adolescentes que estiverem isolados, para que possam se juntar ao grupo, caso queiram.

    Respeitar sua vontade, caso no queiram interagir com outros, mas tentar facilitar suaparticipao.

    Garantir que todas as necessidades lingusticas sejam atendidas. Fornecer intrpretes delngua de sinais, caso seja necessrio. Devem ser fornecidas descries, seja de imagens, demateriais ou de situaes, para crianas cegas ou com decincia visual (consulte o Folheto 2,

    na pgina 88, para diferentes modos de comunicao). Simplicar a linguagem, especialmente para crianas com decincia intelectual, para aqueles

    que so analfabetos ou tm um baixo grau de educao, bem como para crianas cujaprimeira lngua seja diferente da que est sendo falada.

    Garantir que todos os aspectos do programa sejam acessveis a todas as crianas desde jogos eatividades em grupo at discusses. Considerar as questes abaixo:

    O local acessvel?

    O prdio possui escadas ou entradas que possam no permitir o acesso depessoas com cadeiras de roda?

    Os banheiros so acessveis para usurios de cadeiras de roda e crianas comdiculdades de mobilidade?Haver cadeiras e mesas para todos? As cadeiras so removveis para permitir oacesso de pessoas com cadeiras de roda mesa?

    Voc pode fornecer folhetos com tamanhos de letra maiores para crianas eadolescentes com decincia visual?

    A linguagem, os materiais e a metodologia empregados se adaptam s distintas

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    caractersticas, condies e situaes dos meninos e meninas?

    A linguagem, os materiais e a metodologia esto culturalmente apropriados paratodas as crianas do grupo?

    Fonte: So you want to consult with children?: A tool kit of good practice (Ento voc quer consultar as crianas? Um kit de ferramentasde boas prticas, traduo livre), Save the Children, 2003.

    Atitudes positivasNunca subestime o poder que voc tem e sua capacidade de inuenciar os outros. Sempre encorajeuma atitude positiva e de aceitao em um grupo, servindo de exemplo, demonstrando educao.O preconceito pode surgir facilmente em um grupo; ento, uma atitude positiva essencial. Osparticipantes podem trazer preconceitos e esteretipos de casa ou de amigos para o grupo. importante lembrar que, se encontrar preconceito, voc deve contestar o comentrio... Atitudespreconceituosas devem ser tratadas de uma maneira rme e compreensiva que permita que todoo grupo aprenda a ser aceito. Tente reformular os comentrios para enfatizar tanto uma atitude deaceitao como o valor da diversidade humana.

    Aprendizagem participativaAs atividades neste guia so baseadas em uma abordagem de aprendizagem participativa. Omediador deve guiar as atividades e permitir que os grupos interajam ativamente na discusso ena aprendizagem. Lembre-se de que, quanto menores os grupos, mais participativo o processo.Como valorizamos a diversidade humana, devemos deixar que todos tenham voz e devemos noslembrar de ser exveis para possibilitar a participao dos jovens. O ideal que os grupos notenham mais de15 participantes.

    Decincia no ciclo da vida

    A sociedade composta por indivduos e grupos com costumes e comportamentos diversos. Adecincia parte do ciclo de vida de todos e ela pode aparecer em diferentes momentos da vida.

    Aqui esto alguns exemplos: um beb que precisa ser segurado ou carregado em um carrinho, para mobilidade; um menino pequeno que no consegue alcanar o boto do seu andar no elevador; algum com uma perna quebrada e engessada tentando subir as escadas; uma mulher em gravidez avanada tentando subir as escadas de um nibus; um cidado analfabeto procurando informaes na Internet; um grupo de turistas que no fala a lngua local; algum que no consegue ler as letras pequenas nas instrues de uma prescrio mdica; uma pessoa mais velha com artrite que no consegue segurar a maaneta para abrir a porta.

    Em geral, as pessoas enfrentam situaes de impedimentos em uma sociedade que no estpreparada ou que no aceita a diversidade. preciso lembrar que o aspecto mais importante parauma vida independente a capacitao dos indivduos para que tomem suas prprias decises eassumam suas responsabilidades. O uso de apoio para desempenhar tarefas dirias consideradouma adaptao razovel para viabilizar o acesso: isso no deve ser visto como dependncia. As

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    chaves para uma sociedade inclusiva so a aceitao e o apoio que garantem que os direitoshumanos sejam acessveis a todos.

    Compreendendo a decinciaNossa compreenso a respeito da decincia mudou ao longo do tempo. No passado, as pessoascom decincia eram vistas como objetos de caridade e receptoras passivas de assistncia social.

    Essa viso est lentamente abrindo caminho para a construo de uma abordagem baseadanos direitos humanos, referente pessoa com decincia. Essa abordagem rejeita a ideia hmuito estabelecida de que obstculos participao social das pessoas com decincia surgem

    inicialmente a partir de suadecincia. Em vez disso, ela focada em eliminar as barreirascriadas pela sociedade queimpedem as pessoas comdecincia de gozar de seus

    direitos humanos em situao deigualdade com os outros. Essasbarreiras incluem, por exemplo,atitudes negativas, prticase polticas discriminatrias eambientes inacessveis. De acordocom essa nova abordagem, adecincia vista como umaquesto social, que necessita deaes voltadas para a remoo das

    barreiras citadas.

    Essas barreiras constituem-se emimpedimentos para a participao totale igualitria na sociedade. Eliminando-sebarreiras comportamentais e ambientais em oposio a tratar pessoas comdecincia como problemas a serconsertados as pessoas com decinciapodem participar como membros ativosda sociedade e desfrutar da amplavariedade dos seus direitos.

    A Conveno se refere s pessoas comdecincia que tm impedimentossensoriais, intelectuais, mentais e fsicosde longo prazo. Tambm pode tratardas pessoas com decincia de curtoprazo, que so privadas de seus direitoshumanos.Fonte: United Nations Enable, para detalhes consulte.

    Incluso no signica inserir pessoas com decinciaem estruturas existentes, mas sim transformarsistemas para que incluam a todos. Sociedadesinclusivas implementam medidas para apoiartodas as crianas em casa, na escola, centrosvocacionais, esportes e eventos culturais, bem comoem suas comunidades. Quando existem barreiras,comunidades inclusivas transformam o modo comoesto organizadas para atender s necessidadesespeccas das crianas.Fonte: Children with Disabilities. Ending Discrimination and PromotingParticipation, Development and Inclusion, Programme Guidance Note,UNICEF, 2007. (Crianas com Decincia. Acabar com a Discriminao ePromover a Participao, Desenvolvimento e Incluso, Observao deOrientao do Programa, traduo livre)

    Pessoas com decincia so aquelas que tmimpedimentos de longo prazo de natureza fsica,mental, intelectual ou sensorial, os quais, em

    interao com diversas barreiras, podem obstruirsua participao plena e efetiva na sociedade emigualdades de condies com as demais pessoas.

    Conveno sobre os Direitos das Pessoas comDecincia, Artigo 1

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    Dicas gerais para incluso: Sempre trate crianas e adolescentes com respeito! Certique-se de falar diretamente com

    eles e no com o pai ou intrprete.

    Responda s necessidades individuais e escute a pessoa.

    Respeite a privacidade. Se voc tiver perguntas sobre as necessidades da pessoa ou o tipo de

    apoio que precisa, pergunte a ela em uma conversa particular. Nunca isole um indivduo oupartilhe suas informaes privadas.

    Esteja aberto e seja exvel a mudanas. Dependendo das necessidades do seu grupo,algumas dessas atividades precisaro ser alteradas ou mudadas. Isso bom. Lembre-se de queo objetivo geral da atividade a incluso e faa pequenas mudanas para incluir todos.

    Consulte os colegas e encoraje o trabalho em equipe. Em um grupo, quaisquer diculdadespodem ser superadas.

    Trate a todos com dignidade, respeito e cortesia. Certique-se de no tratar com indulgncia.

    Oferea assistncia, perguntando sempre pessoa: a) se ela precisa ser assistida; b) se eladeseja ser assistida; c)como ela espera ser assistida. No insista ou se sinta ofendido se a sua

    oferta no for aceita. Verique se a congurao de trabalho do grupo permite que todos participem igualmente

    (de forma acessvel).

    Dicas adicionais para a incluso de pessoas com diferentes tipos de decincia podem serencontradas no Anexo I (pgina 89).

    Implicaes prticas dos direitos humanosExercitar os direitos depende de circunstncias sociais, econmicas e culturais. Em muitos pases,os direitos humanos existem apenas no papel. importante que possamos compreender as

    aplicaes prticas dos nossos direitos humanos.

    Se o mediador sentir que o grupo est preparado, discuta as circunstncias sociais, econmicase culturais que causam impacto sobre os direitos de crianas e adolescentes ao redor do mundoe compare essas circunstncias com sua prpria comunidade (ex.: crianas que vivem emreas afetadas pela guerra, trabalho infantil, meninas no permitidas em escolas, crianas comdecincia, etc.).

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    Unidade I:Introduo aos direitoshumanos e decincia

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    Diversidade humana e direitos humanosPropsito e viso geralOs participantes devero revisar brevemente ou mesmo compreender a diversidade humana e osdireitos humanos bsicos, bem como, tomar conhecimento das convenes das Naes Unidas. O focodesta unidade est na compreenso e na conscientizao bsica. O objetivo das sesses estabelecer

    uma relao entre os direitos humanos eo valor da diversidade humana.

    Objetivos gerais

    Ao nal do mdulo, os participantes sero capazes de:

    compreender o valor da diversidade humana;

    compreender os princpios bsicos dos direitos humanos;

    compreender a funo das Naes Unidas na garantia dos direitos humanos;

    compreender a funo do governo local e das outras instituies, incluindo

    a comunidade.Tempo sugerido

    2 horas e 15 minutos

    SessesA. Valorizando diferenas

    B. O que so direitos humanos?

    A. Valorizando diferenas

    Breve descrio da sesso

    Nesta sesso, os participantes vo compreender as diferentes capacidades e a importncia de valoriz-las na formao de uma equipe.

    Objetivo:

    Ao nal da sesso, os participantes sero capazes de identicar as diferentes capacidadesindividuais de cada membro do grupo e como trabalhar em conjunto para a transposio debarreiras. Devero tambm ser capazes de compreenderque todos tm capacidades nicas e diferentes.

    Durao: 1 hora e 15 minutos.

    Mtodos da sesso:

    Discusses em grupos pequenos, discusses amplas e apresentaes em grupo grande.

    Materiais:

    Quadro-negro e giz ou bloco ip chart e canetas hidrocor.

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    ETAPA 3: Discusso em grupo pequeno (25 minutos)

    Divida os participantes em grupos de quatro ou cinco. Pea aos grupos que pensem na histriaque acaba de ser compartilhada, sobre Ftima e Alya, alm de pensar em outros dois exemplos desituaes em que se esforaram para concluir uma tarefa e algum os ajudou a cumpri-la, usandoo trabalho em equipe.

    Pea aos participantes para listar todas as capacidades das pessoas que os ajudaram a cumprir atarefa (a pessoa que precisava de assistncia e a pessoa que prestou assistncia) no bloco de ipchart. Por exemplo: ser bom com nmeros, ouvir, desenhar, ler, dizer o que pensa, entre outros. Emseguida, pea-lhes que preparem uma discusso para trabalhar com o grupo grande.

    ETAPA 4: Apresentaes (25 minutos)

    Pea a todos que retornem ao grupo grande. Faa com que cada grupo pendure seus papisna frente da sala, apresentando, cada qual no seu turno, suas capacidades coletivas. Aps cadaapresentao, pergunte-lhes o que foi essencial para cumprir a tarefa. D aos participantes tempopara discutir e reetir sobre as listas.

    ETAPA 5: Resumo (3 a 5 minutos)

    Reitere que todo membro do grupo tem capacidades nicas; atuando em equipe e com apoio,toda pessoa pode ser um membro que contribui com o grupo.

    Pontos principais

    Todos tm capacidades nicas e valiosas.

    Trabalhando juntas, as pessoas podem alcanar tudo o que querem.

    Garantindo-se os direitos e as oportunidades para todos, promove-se a capacidade.

    B. O que so direitos humanos?

    Breve descrio da sesso

    Nesta sesso, os participantes vo aprender sobre o conceito de direitos humanos e sobre asconvenes das Naes Unidas.

    Objetivo:

    Ao nal da sesso, os participantes sero capazes de compreender o que so os direitoshumanos bem como identicar alguns dos princpios de direitos humanos (ex. direitoshumanos so para todos; no podem ser negados ou desrespeitados). Todos, tambm,devero ter conhecimento sobre as Naes Unidas e o papel de suas convenes como leisinternacionais.

    Durao:

    1 hora.

    Mtodos da sesso:

    Discusses em grupos grandes e contribuio de ideias.

    Materiais:

    Quadro-negro e giz ou bloco de ip chart e canetas hidrocor.

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    Processo:

    ETAPA 1: Discusso em grupo grande (25 minutos)

    Escreva as citaes abaixo em um bloco de ip chart, ou no quadro-negro, ou faa uma leitura emvoz alta.

    a professora grita comigo e ela diz que sou um animal. Ela grita bem alto (...) eento ela imediatamente comea a me bater.

    Criana com uma decincia, 12, Sudo. Fonte: Ending Legalised Violence Against Children,Global Report 2006, Global Initiative to End All Corporal Punishment of Children (Acabarcom a Violncia Legalizada Contra Crianas, Relatrio Global 2006, Iniciativa Global paraAcabar com Todas as Punies Corporais contra Crianas, traduo livre), 2006.

    Todas as noites, quando hora de descansar minha cabea, co com muitomedo de que eu possa ser perseguido por pessoas que foram mortas na guerra,especialmente amigos que estavam lutando na guerra ao meu lado.

    Jovem, 21, Libria. Fonte: Voices of Youth (Vozes da Juventude), UNICEF; para detalhes

    consulte .

    [Eu desejo] poder participar de eventos, ir a algum lugar onde as crianas que notm decincia podem ir.

    Menina, 11, Letnia. Fonte: Innocenti Insight on Children and Disability in Transition in CEE/CIS and Baltic States (Percepo da Instituio Innocenti sobre Crianas e Decincia emTransio no CEE/CIS e Estados Blticos, traduo livre), UNICEF, 2005.

    Eu recebi punio corporal desde o dia em que entrei na escola. Agora eu estouacostumado com isso.

    Estudante do stimo ano, Paquisto. Fonte: Ending Legalised Violence Against Children,Global Report 2006, Global Initiative to End All Corporal Punishment of Children, 2006.(Acabar com a Violncia Legalizada Contra Crianas, Relatrio Global 2006, Iniciativa Globalpara Acabar com Todas as Punies Corporais contra Crianas, 2006, traduo livre).

    Fonte: Ending Legalised Violence Against Children, Global Report 2006, Global Initiative to End All Corporal Punishment of Children,2006. (Acabar com a Violncia Legalizada Contra Crianas, Relatrio Global 2006, Iniciativa Global para Acabar com Todas as PuniesCorporais contra Crianas, 2006, traduo livre).

    Leia as citaes acima em voz alta para o grupo e pea aos participantes que faam suasobservaes:

    O que os depoimentos tm em comum?

    As citaes so testemunhos de crianas, adolescentes e jovens que tiveram experincias cominjustia, de diferentes formas. Algo lhes foi tirado e elas no se sentem seguras e a salvo. Elas nose sentem respeitadas e so discriminadas ou no tm a permisso de participar, seja na escola ouem outras atividades. Existe um nome para aquela coisa e se chama direitos.

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    Leia a denio ao lado ereveja os subitens de Vocsabia?

    Voc sabia? Os direitos de cada

    pessoa devem serreconhecidos erespeitados por todos.

    Os direitos humanosso parte de voc. Todosnascem livres e iguais.

    Os direitos humanospertencem a todos.Eles no precisam serconcedidos a voc e nolhe podem ser negados.Ningum pode lhe dizerque voc no tem essesdireitos.

    Os direitos humanos se relacionam uns com os outros. Eles no podem ser separados uns dosoutros.

    Os direitos humanos no podem ser exercitados, se voc no sabe que os tem!

    ETAPA 2: Tempestade de ideias(15 minutos)

    Pea aos participantes que nomeiemalguns direitos humanos e partilhemexperincias nas quais eles foramcapazes (ou no) de cumprir umdireito em suas comunidades. Listeou desenhe os extremos entre ter eno ter um direito em um bloco de ipchart, quadro-negro ou cartolina. Dexemplos de direitos humanos conformenecessrio.

    ETAPA 3: Discusso em grupo grande (20minutos)

    Explique ao grupo que todos voaprender muito mais sobre direitoshumanos e sobre como esses direitos

    Direitos Humanos:Todas as pessoas no mundo esto protegidas por leis que defendemseus direitos e sua dignidade inerente (a dignidade com a qual todasas pessoas nascem). Ningum pode ser excludo de ter acesso aosseus direitos. Por exemplo, todo ser humano tem direito vida e liberdade. Esses direitos esto armados na Declarao Universaldos Direitos Humanos, adotada por todos os Estados partes das

    Naes Unidas em 1948. Todas as crianas tm direito alimentaoe cuidados de sade, direito de ir escola e de ser protegidas contrao abuso e a violncia. Crianas tambm tm o direito de dizer oque acham que deve acontecer quando os adultos esto tomandodecises que as afetam, e a ter sua opinio levada em considerao.Os direitos das crianas esto declarados na Conveno sobre osDireitos da Criana.Fonte: Its about ability: an explanation of the Convention on the Rights of Persons withDisabilities, UNICEF, abril de 2008 (verso brasileira: Todos podemos... disso que se trata: umaexplicao da Conveno sobre os Direitos das Pessoas com Decincia, UNICEF, Agosto de2013).

    Exemplos de direitos humanosO direito vida.

    O direito de ir escola.O direito de viver de forma independente emuma comunidade.O direito de viver em liberdade e segurana.O direito de pertencer a um pas.O direito de ter opinies, express-las e partilh-las comoutras pessoas.O direito ao trabalho.O direito privacidade.

    O direito no discriminao.O direito de ser tratado de forma justa em umtribunal de direito.O direito de se casar e ter uma famlia.Liberdade contra crueldade ou punio.Liberdade contra violncia e abuso.

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    esto relacionados uns aos outros. Diga-lhes que as Naes Unidas oferecem uma plataformapara que os pases desenvolvam acordos internacionais (tambm chamados de convenes) paraproteger e estimular os direitos humanos das pessoas.

    Explique que a Conveno sobre os Direitos da Criana (CDC), adotada em 1989, um resultadoimportante do trabalho das Naes Unidas para promover os direitos humanos. A Conveno foia primeira a tornar os direitos da criana uma prioridade na luta global pelos direitos humanos. Osdireitos na Conveno tm o objetivo de assegurar que as crianas tenham o que necessitam paracrescer, se desenvolver e aprender em segurana e com boa sade para que se tornem membrosplenos em suas comunidades. A CDC deixa claro que todas as crianas tm os mesmos direitos,incluindo aquelas com decincia!

    Para garantir que pessoas com decincia sejam tratadas da mesma maneira que outras pessoas,os Estados partes das Naes Unidas desenvolveram a Conveno sobre os Direitos das Pessoascom Decincia (CDPD). Para faz-lo,tiveram a ajuda das prprias pessoascom decincia e de suas organizaesrepresentativas.

    A Conveno entrou em vigor (ex.:tornou-se uma lei internacional) em 3

    de maio de 2008. Ela protege e promove os direitoshumanos de todas as pessoas com decincia,incluindo crianas e adolescentes.

    Globalmente, a CDC e a Conveno sobre osDireitos das Pessoas com Decincia proporcionamum slido enquadramento jurdico para assegurarque as crianas com decincia possam ir escola,brincar e participar de atividades inerentes atodas as crianas. A CDC lista todos os direitos das

    crianas. A Conveno sobre os Direitos das Pessoas com Decincia rearma esses direitos paraas crianas (e adultos) que vivem com decincia e dene quais as aes que os governos devemimplementar para que as crianas (e adultos) com decincia possam garantir seus direitos.

    Pontos principais

    Pessoas com decincia, incluindo crianas, so geralmente privadas deseus direitos.

    As Naes Unidas so uma organizaointernacional formada pelos governos de 193Estados partes trabalhando juntos para trazer apaz e a justia para o mundo. A ONU foi criada em1945, para prevenir futuras guerras, proteger osdireitos humanos e proporcionar um lugar para quetodos os pases possam se unir e discutir questes eproblemas importantes que afetam todos.Fonte: United Nations Guidelines on Justice in Matters InvolvingChild Victims and Witnesses of Crimes (Child-Friendly Version), UnitedNations Office on Drugs and Crime/ UNICEF, 2006. (Diretrizes dasNaes Unidas sobre Justia em Questes Envolvendo Crianas Vtimase Testemunhas de Crimes (Verso para Crianas), Escritrio das NaesUnidas contra a Droga e o Crime/ UNICEF, traduo livre)

    O que uma conveno?Uma conveno um acordo entre pases para queeles obedeam s mesmas leis sobre um assuntoespecco. Quando um pas assina e ratica (aprova)uma conveno, esta se torna uma regra e orientaas aes do governo. Geralmente, o governo ajustaou cria suas prprias leis para apoiar os objetivosda conveno. A raticao ocorre quando umaconveno ou acordo assinado ocialmenteaprovado por um pas e se torna a lei naquele pas.Fonte: Its about ability: an explanation of the Convention on the Rightsof Persons with Disabilities, UNICEF, abril de 2008 (verso brasileira:Todos podemos... disso que se trata: uma explicao da Convenosobre os Direitos das Pessoas com Decincia, UNICEF, Agosto de2013).

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    Os direitos humanos existem para todos, independentemente das diferenas entre as pessoas.

    Os direitos humanos esto interligados. Eles afetam um ao outro e no podemser separados.

    As convenes das Naes Unidas so leis internacionais que os pases podem assinar ouraticar. Os pases que raticaram (aprovaram) uma conveno prometeram segui-la e soobrigados a rever e revisar, conforme necessrio, suas prprias leis nacionais, para se certicar

    se elas esto em conformidade com os objetivos da Conveno.Fontes adicionais:

    www.un.org/rights/dpi1774e.htm

    www.un.org/millennium/law/treaties.htm

    www.unicef.org/crc/

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    Conveno da ONU sobre os Direitos dasPessoas com Decincia (CDPD)Propsito e viso geral

    Os participantes devero revisar ou se tornar familiarizados com os princpios daConveno e do modelo social de decincia. Objetivos gerais

    Ao nal do mdulo, os participantes sero capazes de:

    compreender os princpios da Conveno; compreender a inter-relao entre os direitos humanos; compreender os diferentes tipos de vises em relao decincia.

    Tempo sugerido

    3 horas e 5 minutos

    SessesA. Conveno da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Decincia

    B. Diagramas ilustrativos da interdependncia dos direitos

    C. Modelo social de decincia

    A. Conveno da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Decincia

    Breve descrio da sesso

    Esta sesso tem o objetivo de apresentar aos participantes os direitos das pessoas com decincia,incluindo crianas com decincia.Objetivo:

    At o nal da sesso, os participantes sero capazes de explicar tanto os objetivos daConveno como as razes que levaram elaborao de um acordo internacional separadopara pessoas com decincia, incluindo crianas, alm de serem capazes de exemplicar osmodos de promoo dos direitos humanos.

    Durao:

    1 hora e 20 minutos.

    Mtodos da sesso:

    Apresentao em grupo grande, discusso e atividade em grupo pequeno.

    Materiais:

    Bloco de ip chart, canetas hidrocor coloridas ou tinta, e o Folheto 1: Verso para crianas daConveno da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Decincia (pginas 83-87).

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    Processo:

    ETAPA 1: Introduo (20 minutos)

    Apresente a Conveno sobre os Direitos das Pessoas com Decincia como uma convenodas Naes Unidas que protege e promove os direitos humanos e liberdades fundamentais daspessoas com decincia, incluindo crianas. Pergunte aos participantes por que eles acham que foi

    necessria uma conveno separada, quando outras convenes estavam em vigor para protegere promover os direitos humanos de todas as pessoas. Informe que a Conveno sobre os Direitosda Criana (CDC) se aplica a todas as crianas, incluindo as com decincia, e que a Convenosobre os Direitos das Pessoas com Decincia se expande sobre os direitos descritos na CDC.

    Discuta o poema e use a informao da caixa como um dado adicional paraa discusso.

    Eu no tenho pernas,tenho sentimentos,Eu no posso ver,E penso o tempo todo,Sou surda,E quero me comunicar,Por que as pessoas me veem como intil, sem pensamentos, sem voz,Quando sou to capaz quanto qualquer outro,De reetir sobre o nosso mundo

    Coralie, Severs, 14, Reino Unido

    Folheto 1: Verso para crianas da Conveno da ONUsobre os Direitos das Pessoas com Decincia naspginas 87-91.

    Enfatize que todos os artigos na Conveno soindivisveis, interdependentes e inter-relacionados,o que signica que eles esto estreitamenteconectados um ao outro e no podem ser separados.Explique que alguns artigos so gerais e se aplicamamplamente a toda a Conveno e alguns artigos soespeccos, como o direito educao e ao trabalho.Perceba que, embora os artigos da Conveno seapliquem tanto a crianas quanto a adultos, elatambm inclui um artigo especco dedicado apenasa crianas

    Artigo 7.

    Crianas com decincia e suas famlias continuaa ser confrontadas com desaos dirios quecomprometem o gozo de seus direitos. A discrimie a excluso relacionadas s decincias ocorremtodos os pases, em todos os setores da sociedade em todas as camadas econmicas, polticas, religie culturais. Crianas com decincia e suas famlpodem ser discriminadas de forma direta, indiretaou, de modo simultneo, direta e indiretamente. Adiscriminao direta ocorre quando uma criana cuma decincia deliberadamente tratada de formdiferente de como se trata uma criana sem decicom base na sua decincia. A discriminaoindireta ocorre quando prticas ou polticas que,

    aparentemente, demonstram no discriminar criancom decincia, tm, de fato, em sua prtica, impdiscriminatrios, resultando na negao de certosdireitos humanos.Fonte: Promoting the Rights of Children with Disabilities, InnocentiNo. 13, UNICEF (Promovendo os Direitos das Crianas com DeciSumrio Innocenti N 13, traduo livre)

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    Artigos gerais:

    Artigo 1: Propsito

    Artigo 2: Denies

    Artigo 3: Princpios gerais

    Artigo 4: Obrigaes gerais

    Artigos amplos:

    Artigo 5: Igualdade eno discriminao

    Artigo 6: Mulheres com decincia

    Artigo 7: Crianas com decincia

    Artigo 8: Conscientizao

    Artigo 9: Acessibilidade

    Artigos especcos:

    Artigo 10: Direito vida

    Artigo 11: Situaes de risco e emergncias humanitrias

    Artigo 12: Reconhecimento igual perante a lei

    Artigo 13: Acesso justia

    Artigo 14: Liberdade e segurana da pessoa

    Artigo 15: Preveno contra tortura ou tratamentos ou penas cruis, desumanosou degradantes

    Artigo 16: Preveno contra a explorao, a violncia e o abuso

    Artigo 17: Proteo da integridade da pessoa

    Artigo 18: Liberdade de movimentao e nacionalidade

    Artigo 19: Vida independente e incluso na comunidade

    Artigo 20: Mobilidade pessoal

    Artigo 21: Liberdade de expresso e de opinio e acesso informao

    Artigo 22: Respeito privacidade

    Artigo 23: Respeito pelo lar e pela famlia

    Artigo 24: Educao

    Artigos 25 e 26: Sade, habilitao e reabilitao

    Artigo 27: Trabalho e emprego

    Artigo 28: Padro de vida e proteo social adequados

    Artigo 29: Participao na vida poltica e pblica

    Artigo 30: Participao na vida cultural e em recreao, lazer e esporte

    Note que a Conveno tem 50 artigos ao todo. Os artigos 1 a 30 so sobre os direitos das pessoas

    Artigo 7 Crianas com decinciaOs governos concordam em adotar medidasnecessrias para que as crianas com decinciapossam desfrutar de todos os direitos humanos eliberdades em igualdade de condies com as demaiscrianas. Eles tambm concordam em assegurarque as crianas com decincia possam expressarlivremente seus pontos de vistas sobre todas asdecises que as afetam. O que melhor para cadacriana deve sempre ser considerado prioritrio.Fonte: Its about ability: an explanation of the Convention on the Rightsof Persons with Disabilities, UNICEF, abril de 2008 (verso brasileira: Todospodemos... disso que se trata: uma explicao da Conveno sobre osDireitos das Pessoas com Decincia, UNICEF, Agosto de 2013).

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    com decincia e as medidas que os governos devem tomar para proteg-las. J os artigos 31 a50 so sobre como os governos e a sociedade civil (incluindo as organizaes que representamcrianas e jovens) devem trabalhar juntos para assegurar que todas as pessoas com decinciatenham todos os seus direitos garantidos.

    O artigo 35, por exemplo, estabelece que os governos que raticaram a Conveno devemmonitorar seu progresso de modo a cumprir suas promessas. Devem documentar, por meio de

    um relatrio, tanto seu progresso como as medidas por eles tomadas. Pessoas com decincia,incluindo-se crianas, tm o direito de participar desse relatrio. Um comit das Naes Unidas(Comit sobre os Direitos das Pessoas com Decincia) vai rever esses relatrios e proporcionaraos pases a orientao sobre aes adicionais, visando implementar as disposies da Convenoe, ento, proteger melhor os direitos das pessoas com decincia.

    ETAPA 2: Atividade em pequenos grupos (30 minutos)

    Divida os participantes em quatro ou cinco grupos e distribua blocos de ip chart e canetashidrocor ou tinta. Designe uma seo de direitos para cada grupo. Pea-lhes que discutam edesenhem ou pintem exemplos de algum com esses direitos negados, em um lado do papel.Ento pea-lhes para discutir e desenhar um exemplo de algum gozando desses direitos, nooutro lado do papel. Diga-lhes que essas guras sero exibidas na sala, na escola, no centro ou nacomunidade, a m de se mostrar que todos tm esses direitos.

    ETAPA 3: Discusso em grupo grande (30 minutos)

    Pea aos participantes para apresentar seus desenhos ao restante do grupo. Devem mostrar,primeiramente, o desenho que ilustra a experincia de negao do direito; em seguida,apresentaro o desenho que ilustra a vivncia desse mesmo direito. Pergunte o seguinte:

    Como a criana ou as crianas obtiveram acesso aos seus direitos?

    Que barreiras precisou/precisaram transpor para acessar os seus direitos?

    Exemplos: mudando atitudes negativas, obtendo o apoio da comunidade ou dogoverno, usando o trabalho em equipe ou educando outros.

    Axe esses desenhos como um mural de direitos na comunidade ou escola, visando conscientizao de todos.Observao do mediador: Se os estudantes estiverem tendo diculdades para encontrar exemplos, pea a eles para pensarem emcoisas que fazem todos os dias. Eles brincam? Vo escola? Vivem em casa? Vo ao mdico quando cam doentes? Lembre-os de queesses so seus direitos, mas que, s vezes, so negados a algumas pessoas. Pea-lhes que desenhem alguns desses exemplos.

    Pontos principais

    Crianas e jovens com decincia devem ter seus direitos garantidos em todo o mundo.

    Esteja preparado para responder s perguntas e dar exemplos de acesso aos direitos em relaoa diversos grupos (direitos dos idosos, crianas, mulheres, etc.).

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    B. Diagramas ilustrando a interdependncia dos direitos

    Breve descrio da sesso

    O objetivo desta sesso viabilizar a compreenso sobre como os direitos humanos estorelacionados.

    Objetivo:

    At o nal da sesso, os participantes devero compreender como os direitos humanos sobaseados nas necessidades humanas e o efeito negativo quando esses direitos so negados.

    Durao:

    1 hora.

    Mtodo da sesso:

    Discusso em grupo grande.

    Materiais:

    Diagramas dos direitos desenhados em bloco de ip chart ou em quadro-negro.

    Processo:

    ETAPA 1: Introduo (5 minutos)

    Apresente a atividade fazendo a observao de que os direitos humanos so baseados nasnecessidades humanas e que todos tm e necessitam ter acesso a esses direitos. Explique que estaatividade ajudar a todos na compreenso de como os direitos esto relacionados e que negar umdireito pode acarretar muitos efeitos negativos.

    ETAPA 2: Demonstrao (40 minutos)

    Demonstre como o diagrama funciona:

    1. Escreva um direito humano da CDPD no centro do crculo grande, no topo do diagrama (ex.:direito educao).

    2. Pergunte: Se este direito for negado, quais so os trs efeitos possveis? Escreva trs efeitosquaisquer mencionados, em crculos nomeados de efeito.

    3. Para cada um dos trs efeitos (ex.: no ser capaz de ler), pergunte Que direitos humanosseriam negados por este efeito? (ex.: direito a trabalho devido incapacidade de ler epreencher uma cha de inscrio de emprego).

    4. Complete dois ou trs diagramas de direitos.

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    Diagrama de Direitos

    Efeito

    Direitos Direitos Direitos

    EfeitoEfeito

    Exemplo:

    Sade e reabilitao

    Voc tem o direito mesma variedade e qualidade de assistncia mdica gratuita ou acessvelconforme o fornecido s outras pessoas. Voc tambm tem o direito a servios de sadeespeccos caso tenha uma decincia.

    Direitos

    Direitos

    Direi tos Direi tos

    Direitos Direitos

    EfeitoEfeitoEfeito

    Direito sade e reabilitao

    NEGADO

    Morte

    Doena ehospitalizao

    Todo o dinheirogasto em sade

    Direito vidaDireito proteo

    da pessoa Direito vida

    independente

    Direito educao

    Direito casa

    Direito cultura, recreao e

    ao esporte

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    ETAPA 3: Discusso em grupo grande (15 minutos)

    Discuta os exemplos e pergunte o seguinte:

    O que acontece quando um direito negado?

    Qual o efeito mais negativo?

    O que essa atividade nos mostra com relao interdependncia de direitos?Fonte:Human Rights. YES!, Action and advocacy on the rights of persons with disabilities, Human Rights Resource Center, 2007;(Direitos Humanos. SIM!, Ao e defesa sobre os direitos das pessoas com decincia, Centro de Recursos de Direitos Humanos, 2007,traduo livre); para detalhes consulte .

    Pontos fundamentais

    Todos os direitos esto relacionados.

    Negar um direito pode levar negao de outros direitos.

    C. Modelo social de decincia

    Breve descrio da sesso

    Esta sesso tem o objetivo de apresentar aos participantes as antigas vises sobre pessoas comdecincia, bem como o modelo social de decincia em que a Conveno sobre os Direitos dasPessoas com Decincia se baseia.

    Objetivo:

    At o nal da sesso, os participantes sero capazes de explicar o modelo social de decincia.

    Durao:

    45 minutos.

    Mtodos da sesso: Apresentao e discusso em grupo grande.

    Materiais:

    Quadro-negro e giz ou bloco de ip chart e canetas hidrocor.

    Processo

    ETAPA 1: Discusso em grupo grande (40 minutos)

    Comece com a declarao a seguir:

    Todos so diferentes, seja essa diferena relacionada a sua cor, se voc menino ou menina, aseu tamanho, a sua forma ou qualquer outra coisa. No caso da decincia, acontece o mesmo.Ela pode limitar a capacidade de uma pessoa de ouvir, andar, ou afetar o modo como a pessoacompreende as coisas. Mas, independentemente das nossas diferenas, somos seres humanos.A decincia no altera os direitos que uma pessoa tem como ser humano. apenas uma dasmuitas diferenas existentes entre os seres humanos.

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    28/9722 Guia de aprendizagem da Conveno sobre os Direitos das Pessoas com Decincia

    Coloque os termos abaixo em trs pedaos de bloco de ip chart e discuta:

    Modelo mdico de decincia (2 a 5 minutos)

    Modelo lantrpico de decincia (2 a 5 minutos)

    Modelo social de decincia (10 a 12 minutos)

    Utilize uma tabela com trs colunas, dando alguns exemplos de cada modelo, e deixe que ascrianas completem a tabela com seus prprios exemplos.Observao do mediador: Certique-se de gastar mais tempo na discusso do modelo social de decincia e menos tempo nos outrosdois modelos.

    Pergunte aos participantes o signicado desses termos. Discuta o que eles realmente signicam,usando as denies abaixo. Enfatize que a Conveno sobre os Direitos das Pessoas comDecincia baseada no modelo social de decincia e que, ao remover as barreiras fsicas esociais, todas as pessoas podem participar ativamente da vida e ser membros bem-vindos econtribuintes da sociedade. importante lembrar dos modelos antigos relacionados decincia,a m de se aprender com os erros do passado e se mover em direo a um mundo igualitrio.

    Modelo mdico de decincia comum a viso de que a decincia um problema mdico que precisa ser resolvido ou umadoena que precisa ser curada. Esse modelo insinua que a pessoa com decincia est doente ouquebrada e que precisa ser curada ou consertada. Muitas pessoas tentam consertar a decinciausando intervenes mdicas como soluo. Elas no enxergam a decincia como resultante deuma barreira entre a sociedade ou ambiente fsico. Em vez disso, o fardo recai sobre o problemada pessoa e sobre consert-lo.

    Decincia ruim.

    Decincia um problema pessoal a decincia est em voc e problema seu.

    Minimizar os problemas curar a pessoa ou torn-la o menos deciente possvel.

    Apenas prossionais podem ajudar uma pessoa com decincia a se encaixar e ser aceita nasociedade.

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    Pergunte aos participantes o seguinte: At que ponto o modelo mdico de decincia pode ser prejudicial a pessoas com decincia?

    Como o modelo mdico apoia os direitos das pessoas com decincia?

    O modelo mdico promove respeito?

    Modelo lantrpico de decincia

    comum a viso de que as pessoas com decincia so impotentes e precisam que tomem contadelas. muito mais fcil que as pessoas sintam pena ou compaixo por pessoas com decincia,em vez de tentar superar seu medo ou desconforto. Pessoas com decincia so como todas asoutras e NO precisam de caridade. Elas tm o direito de ser tratadas igualmente.

    Pergunte aos participantes o seguinte:

    Como o modelo lantrpico de decincia pode ser prejudicial s pessoas com decincia?

    Como o modelo lantrpico respalda os direitos das pessoas com decincia?

    O modelo lantrpico promove o respeito? Fomenta a autonomia?

    Modelo social de decincia

    Este modelo visa eliminar as barreiras criadas pela sociedade ou pelo ambiente fsico, as quaislimitam uma pessoa no acesso a seus direitos. Isso inclui promover atitudes positivas, mudar oambiente para que seja acessvel a todos e fornecer informaes de modo que todos possamcompreender.

    A decincia apenas uma diferena, assim como o gnero (ser menino ou menina) ou a raa.

    Ter uma decincia no bom ou ruim; apenas parte de quem voc .

    Os direitos so negados quando a pessoa com decincia vive em uma sociedade inacessvel.

    Para que as pessoas com decincia tenham acesso aos seus direitos, precisamos mudar nossasociedade, implementando novas atitudes em relao decincia, integrando-as s normassociais j existentes e, sobretudo, tornando todas as construes acessveis.

    Essas mudanas so uma responsabilidade do governo, mas tambm podem serdesencadeadas e promovidas, por exemplo, pelos prprios adultos e jovens com decincia,pelos pais de crianas com decincia, outros defensores das pessoas com decincia eorganizaes dos direitos da criana.

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    30/9724 Guia de aprendizagem da Conveno sobre os Direitos das Pessoas com Decincia

    Um projeto arquitetnico acessvel pode beneciar muitas pessoas, incluindo mulheresgrvidas, crianas muito pequenas, pessoas idosas, entregadores de mercadorias ecarregadores de cargas pesadas.

    Pergunte aos participantes o seguinte:

    Qual a diferena entre o modelo social de decincia e os modelos mdicoe lantrpico?

    Como o modelo social apoia os direitos das pessoas com decincia?

    O modelo social promove o respeito? Fomenta a autonomia?

    Fonte: Human Rights. YES! Action and advocacy on the rights of persons with disabilities, Human Rights Resource Center, 2007 andKids As Self Advocates; (Direitos Humanos. SIM! Ao e defesa dos direitos das pessoas com decincia, Centro de Recursos de DireitosHumanos, 2007, traduo livre) e Crianas como seus prprios defensores; para detalhes consulte < www.humanrightsyes.org> e.

    ETAPA 2: Resumo (5 minutos)

    Reveja brevemente os trs modelos relacionados decincia. Enfatize o modelo social dedecincia e a possibilidade de todos mudarem suas atitudes e ajudarem a tornar o ambientefsico mais acessvel. Declare que os participantes aprendero mais sobre atitudes e acessibilidadeem atividades futuras.

    Pontos fundamentais

    A Conveno da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Decincia baseada no modelosociaI de decincia.

    A decincia uma diversidade humana.

    A sociedade precisa se adaptar, a m de tornar a vida mais acessvel para todos.

    Ainda podemos mudar nossa viso e a de outras pessoas com relao decincia.

    Fonte adicional: In the Picture, para detalhes consulte .

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    Unidade II:Respeito pelo indivduo

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    Igualdade e no discriminaoArtigo 4: Obrigaes geraisNo devem existir leis que discriminem pessoas com decincia. Se necessrio, os governosdevem criar novas leis para proteger os direitos das pessoas com decincia e colocar essas leisem prtica. Se leis antigas ou tradies discriminam pessoas com decincia, os governos devemencontrar maneiras de mud-las. Para desenvolver novas leis e polticas, os governos devembuscar aconselhamento de pessoas com decincias, incluindo crianas.Fonte: Its about ability: an explanation of the Convention on the Rights of Persons with Disabilities, UNICEF, abril de 2008 (versobrasileira: Todos podemos... disso que se trata: uma explicao da Conveno sobre os Direitos das Pessoas com Decincia, UNICEF,Agosto de 2013).

    Artigos 5 e 6: Igualdade, no discriminao e gneroOs governos reconhecem que todas as pessoastm o direito de ser protegidas pela lei e que asleis de um pas se aplicam a todos que vivemnele. Os governos sabem que mulheres emeninas com decincia enfrentam muitos

    tipos diferentes de discriminao e concordamem proteger os seus direitos humanos e suasliberdades.Fonte: Its about ability: an explanation of the Convention on theRights of Persons with Disabilities, UNICEF, abril de 2008 (versobrasileira: Todos podemos... disso que se trata: uma explicaoda Conveno sobre os Direitos das Pessoas com Decincia,UNICEF, Agosto de 2013).

    Propsito e viso geral

    As sesses abaixo so designadas a apresentaraos participantes o valor da igualdade e da nodiscriminao. As atividades so designadas visando obter-se uma compreenso bsica sobre osconceitos e a inter-relao existente entre igualdade, no discriminao e respeito.

    Objetivos gerais

    Ao nal desta sesso, os participantes sero capazes de:

    compreender o conceito de discriminao;

    compreender mitos e esteretipos comuns relacionados decincia;

    compreender os princpios de igualdade;

    compreender o conceito de respeito para todos em alcanar princpios inclusivos; identicar maneiras de criar condies para que todas as pessoas vivam a vida plenanamente

    e com dignidade.

    Tempo sugerido

    4 horas e 10 minutos

    Um exemplo de igualdade

    Todos tm direito educao. Se livros so usados naescola, os governos devem fornecer o texto em fontegrande, Braille ou em formato digital acessvel parapessoas com decincia visual, dependendo de suasnecessidades. Isso permitir que cada pessoa tenha,igualmente, acesso informao contida nos livros.

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    SessesA. Discriminao

    B. Mitos e esteretipos

    C. Respeito

    D. Incluso igualitria

    A. Discriminao

    Breve descrio da sesso

    Nesta sesso, os participantes vo explorar o conceito de discriminao e os sentimentos a elaassociados.

    Objetivo:

    Ao nal desta sesso, os participantes sero capazes de identicar diferentes tipos dediscriminao. Discutiro sobre a raiz desse problema (desinformao e esteretipos) e seusconsequentes maus-tratos. Tambm compreendero que tm a responsabilidade de nodiscriminar e de evitar a discriminao contra outros, de uma maneira segura.

    Durao:

    1 hora e 20 minutos.

    Mtodos da sesso:

    Atividade em grupos pequenos e discusso em grupo grande.

    Materiais:

    Nenhum material ser necessrio.

    Processo

    ETAPA 1: Introduo (5 minutos)

    Explique ao grupo que discriminao por motivo de decincia signica que as pessoas no sotratadas de forma justa ou que so excludas porque tm decincia. A discriminao promove umciclo de abuso e maus-tratos que pode resultar na opresso de um grupo de pessoas.

    Informe ao grupo que muitas pessoas j se sentiram discriminadas devido ao seu gnero, idade,raa, religio, etnia, linguagem, orientao sexual ou decincia e que essa atividade vai exploraralguns dos sentimentos associados discriminao. Explique que as pessoas podem pertencer

    a diversos grupos e que grupos no so categorias fechadas que denem uma pessoa. Essaatividade para identicar percepes errneas comuns quando as pessoas so identicadasapenas por um grupo. importante lembrar, durante essa atividade, que somos todos indivduosnicos, e que tratar as pessoas com equidade combate a discriminao.

    T O D O S P O D E

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    34/9728 Guia de aprendizagem da Conveno sobre os Direitos das Pessoas com Decincia

    ETAPA 2: Atividade em grupo pequeno (45 minutos)

    Pea aos participantes que para formem grupos de quatro ou cinco pessoas. Pea que cada grupofaa o seguinte:

    1. Pense em um grupo ao qual voc pertence (se voc quiser discutir a participao em vriosgrupos, tambm possvel). Voc homem ou mulher? Tem alguma decincia? Pertence aalgum grupo religioso?

    2. O que voc sente quando se lembra de que pertence a esse grupo? (orgulho, sofrimento,incerteza).

    3. Partilhe com o grupo pequeno as qualidades positivas sobre o seu grupo. O que as pessoasgeralmente no sabem sobre o seu grupo?

    4. Partilhe com o grupo pequeno algumas maneiras como o seu grupo discriminado oumaltratado.

    5. Pense sobre como esse tratamento afetou voc. Em que os outros acreditavam quandomaltrataram voc e o seu grupo? Qual era o nvel de desinformao dessas pessoas?

    6. O que voc deseja que nunca acontea novamente s pessoas do seu grupo?

    7. De que modo voc pode mostrar s pessoas as qualidades positivas do seu grupo?

    ETAPA 3: Discusso em grupo grande (30 minutos)

    Pea que os participantes retornem ao grupo grande para uma discusso. Pea-lhes que partilhemalgumas das histrias relatadas no grupo pequeno. Destaqueo seguinte:

    O que voc aprendeu de importante sobre os outros grupos?

    As pessoas com decincia fazem parte de um grupo que discriminado. As pessoas geralmente discriminam as outras porque elas esto desinformadas e possuem

    vises estereotipadas.

    Diga ao grupo que eles agora so responsveis por si prprios, para que no discriminem epara que pensem em maneiras seguras de evitar que outros sofram discriminao.

    Pontos fundamentais

    Pessoas com decincia geralmente so discriminadas.

    Negar a algum seus direitos humanos discriminao.

    Encoraje a responsabilidade na preveno da discriminao, mas sempre enfatize a seguranana ao, no a violncia.

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    B. Mitos e esteretipos

    Breve descrio da sesso

    O objetivo desta sesso ajudar o grupo a compreender os esteretipos que existem com relao

    s pessoas com decincia e como isso afeta a vida delas.Objetivo:

    Ao nal desta sesso, os participantes vo compreender alguns de seus prprios mitos eesteretipos sobre pessoas com decincia.

    Durao:

    1 hora.

    Mtodos da sesso:

    Discusso em grupo grande e atividades em grupos pequenos.

    Materiais:

    Fotograa, quadro-negro e giz ou bloco de ip chart e canetashidrocor.

    Processo

    ETAPA 1: Introduo e atividade em grupo pequeno(25 minutos)

    Discuta sobre o que a discriminao e se as pessoas geralmentesofrem com relao a esse problema devido a ideias errneas ou aexpectativas que tm das demais pessoas. Pea que um membro dogrupo leia o campo de discriminao por motivo de decincia para o grupo.

    Pea aos participantes que formem grupos de quatro ou cinco pessoas e que coletem histriasou imagens, sejam negativas sejam positivas, sobre discriminao na mdia (jornais, revistas), emhistrias em quadrinhos, livros escolares, etc.Observao do mediador: As histrias e imagens podem incluir grcos de discriminao contra qualquer um na sociedade (crianas,aduItos, pessoas com decincia, idosos, etc.).

    Pea ao grupo que considere os pontos de discusso abaixo:

    Pense nos grupos diferentes que fazem parte da sua escola ou comunidade.

    Pense nos diferentes mitos e esteretipos positivos e negativos que existem na sua escola oucomunidade.

    Discuta exemplos de experincias em que o fato de ser diferente ou fazer parte de um grupominoritrio o levou discriminao positiva ou a privilgios na sua escola ou comunidade.

    Discuta como essas situaes causam impacto sobre os indivduos e sobre o grupo como umtodo.

    Discriminao por motivo dedecincia signica que aspessoas no so tratadas com justia ou so excludas por teuma decincia ou por fazer acoisas de maneira diferente.

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    36/9730 Guia de aprendizagem da Conveno sobre os Direitos das Pessoas com Decincia

    ETAPA 2: Discusso em grupo grande (25 minutos)

    Apresente o conceito de igualdade de oportunidades como ensinamento de que todas as pessoastm direitos iguais.Observao do mediador: Voc pode aproveitar a situao de diferentes animais (elefante, foca, macaco, gato e peixe, para avaliar ogrco) tentando subir em uma rvore, para levantar questes sobre diversidade, igualdade e equidade. Est claro que a tarefa dadaa todos os animais a mesma, mas seus atributos individuais podem variar. Alguns animais podem ter facilidade em subir e outrospodem no ser capazes de faz-lo. Quando pensamos em incluso, importante sermos sensveis s necessidades e capacidades deoutras pessoas, de modo a proporcionar igualdade de oportunidades.

    Outros exemplos podem ser usados para facilitar uma compreenso sobre o conceito. Se vocestiver usando grcos e o grupo incluir crianas que so cegas ou tm viso limitada, lembre-sede descrever a imagem. Voc pode pedir s crianas que discutam outros exemplos de igualdadede oportunidades coletadas por elas durante sua experincia de vida.

    Exemplos:

    Um beb precisa de sua me para ser alimentado, a m de que ele possa viver e crescer,tornando-se independente.

    Uma criana precisa usar culos para poder ler como as outras e ter a mesma oportunidade deaprender.

    Pea aos participantes que apresentemoutros exemplos que mostrem diferentesformas de participao nas atividadessociais e salientem como isto pode serprovidenciado, a m de que as pessoastenham igualdade de direitos e deoportunidades.

    ETAPA 3: Resumo (5 a 10 minutos)

    Discuta como os mitos e esteretipos portrs da discriminao causam impacto sobreos direitos de todos aqueles que sofremeste problema, incluindo pessoas comdecincia. Enfatize que as vises sociaismudaram ou precisam mudar. nossaresponsabilidade pessoal no promoveresteretipos e tratar a todos com respeito,como membros iguais da sociedade.

    Exemplos de mitos eesteretipos sobrepessoas com decinciaPessoas com decincia:

    no podem viver por conta prpria; so dignas de pena;

    so indefesas; so amaldioadas/ a decincia maligna; no podem aprender ou ir escola; devem car em casa; nunca sero capazes de trabalhar; precisam ser curadas; no podem praticar esportes; nunca vo se casar ou ter lhos; so burras;

    no so sexualmente ativas; so eternas crianas.Fonte: Human Rights. YES!, Action and advocacy on the rights ofpersons with disabilities, Human Rights Resource (Direitos Humanos.SIM!, Ao e defesa dos direitos das pessoas com decincia, Centrode Recursos de Direitos Humanos, 2007, traduo livre) para detalhesconsulte .

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    C. Respeito

    Breve descrio da sesso

    Nesta sesso, os participantes vo explorar o conceito de respeito e sua relao com a igualdade.

    Objetivo:

    Ao nal desta sesso, os participantes sero capazes de identicar o que signica respeito ecomo tratar as pessoas com base nessa atitude. Ser apresentado o conceito de respeito comoum pressuposto da igualdade.

    Durao:

    35 minutos.

    Mtodos da sesso:

    Tempestade de ideias e discusso em grupo grande.

    Materiais:

    Quadro-negro e giz ou bloco de ip chart e canetas hidrocor.

    Processo

    ETAPA 1: Introduo (5 minutos)

    Explique ao grupo que, para alcanar um mundo igual e livre dediscriminao, todas as pessoas precisam tratar umas s outrascom respeito.

    ETAPA 2: Tempestade de ideias (25 minutos)

    Diga ao grupo que voc vai explorar o conceito de respeito e oque isso signica para o grupo. Explique que voc vai criar umdiagrama da palavra respeito, que apenas uma maneira deregistrar visualmente o que esse termo signica.

    Pea aos participantes que pensem em algum (um membro dafamlia, amigo, lder, etc.) que eles respeitem. O que voc respeitaneles?

    Desenhe um crculo no quadro ou no bloco de ip chart com apalavra respeito nele e registre as respostas das perguntas abaixo:

    O que signica respeitar algum?

    Que palavras vm cabea quando voc pensa na pessoa que voc respeita?

    Como tratar respeitosamente as pessoas com decincia?

    Respeitar o prximo signica estardisposto a aceitar as diferenas dosoutros mesmo que eles pareamser diferentes de voc, tenhamuma religio diferente ou venhamde um lugar diferente. Tambmsignica tratar os outros comovoc gostaria de ser tratado.Fonte:Dening diversity, prejudice andrespect, The Childrens Hospital, 2004;(Denindo diversidade, preconceito e respeito,Hospital das Crianas, 2004, traduo livre); padetalhes consulte .

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    38/9732 Guia de aprendizagem da Conveno sobre os Direitos das Pessoas com Decincia

    Exemplo de um diagrama de respeito:

    Explore com o grupo as caractersticas ou similaridades que todas as crianas com suascapacidades pessoais emaneiras diferentes para fazeras coisas tm em comum; porexemplo, a capacidade de amar

    e de ser amada, de se relacionare de interagir com os outros,ajudar os outros, ensinar suasprprias habilidades aos outrose ser amigos.

    ETAPA 3: Discusso em grupogrande (5 minutos)

    Pergunte ao grupo como eles se sentem quando so tratados de forma desrespeitosa. O que elesfazem quando algum no os respeita?

    Explique que todos merecem se sentir respeitados por sua famlia, amigos, comunidade egoverno. O respeito deve ser mtuo. Ele est relacionado justia e serve como base para aigualdade.

    Pontos fundamentais

    Respeitar as diferenas/caractersticas pessoais uns dos outros uma base paraa igualdade.

    Todos merecem respeito.

    Todos podem contribuir com a sociedade.

    D. Incluso igualitria

    Breve descrio da sesso

    O objetivo desta sesso apresentar aos participantes situaes de incluso na vida diria ea importncia da conscientizao e da remoo de barreiras no ambiente, visando alcanar aigualdade.

    Objetivo:

    Ao nal desta sesso, os participantes se conscientizaro acerca das barreiras no ambiente esobre a capacidade e a importncia de se criar ambientes inclusivospara todos.

    Durao:

    1 hora e 15 minutos.

    Perceber ovalor do outro

    OuvirSer receptivo

    Aceitardiferenas No julgar

    Respeitar

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    Mtodos da sesso:

    Discusso em grupos grandes, tempestade de ideias e atividade emgrupos pequenos.

    Materiais:

    Bloco de ip chart e canetas hidrocor ou papel e lpis.

    Processo

    ETAPA 1: Introduo (15 minutos)

    Introduza o conceito acessibilidade para todos: crie uma gura como esta abaixo, mostrandosituaes como as que so sugeridas, fazendo com que no sejam especcas de uma cultura, raa,gnero ou qualquer outro grupo demogrco.

    As pessoas que compem a nossa sociedade tm maneiras diferentes para fazer as coisas:

    Nosso ambiente (casa, escola, ruas, parques, cidade) est preparado para oferecer as mesmasoportunidades de participao para todos?

    Use cada uma das situaes apresentadas nas imagens acima, perguntando o que poder ser feitode outra forma para que:

    uma pessoa idosa possa subir os degraus da casa em maior segurana, confortvel eindependentemente;

    uma pessoa em uma cadeira de rodas possa usar o banheiro;

    uma pessoa cega possa se orientar.

    Quem mais teria benefcios com cada uma dessas adequaes?

    Podemos encontrar exemplos de solues simples, possveis em nossa escola ou comunidade,

    para que todas as pessoas possam participar da vida em sociedade?

    ETAPA 2: Discusso com grupo grande (5 minutos)

    Apresente e discuta o conceito de Tecnologia Assistiva, usando exemplos desde uma simples lentede aumento ou uma rampa at o leitor de uma tela de computador para uma pessoa cega ououtros exemplos apropriados ao contexto da sua comunidade.

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    L i s a

    L a v o

    i e

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    40/9734 Guia de aprendizagem da Conveno sobre os Direitos das Pessoas com Decincia

    ETAPA 3: Tempestade de ideias (5 minutos)

    Reveja com os participantes a noo de que todas as pessoas possuem capacidades diferentes.Ento pea que formem grupos e pensem sobre as diferentes maneiras de tornar nosso programainclusivo para todos.

    Mostre ou distribua o Folheto 2: Diferentes tipos de capacidade (pgina 88) e explique que o

    material mostra diferentes maneiras de aprendizagem das pessoas com decincia, como o uso dalngua de sinais, o Braille, entre outros.

    ETAPA 4: Atividade em grupo pequeno (25 minutos)

    Pea aos participantes para que formem grupos de quatro ou cinco pessoas. Pea-lhes para criaruma lista de sugestes de como seu grupo pode se tornar inclusivo para todos. Reveja as questesabaixo:

    Que apoios so necessrios para incluir todos?

    O ambiente fsico precisa ser mudado?

    As atitudes precisam ser mais receptivas/respeitosas?

    As atividades so apresentadas de modo que todos sejam includos?

    Como podemos mud-las para incluir todos?

    Exemplos: mudar atitudes, estar disposto a ajudar, pedir ajuda quando necessrio,reorganizar uma sala ou atividade, usar o trabalho em equipe.

    ETAPA 5: Discusso em grupo grande (25 minutos)

    Pea a cada grupo para apresentar sua lista de prticas inclusivas e adote um acordo em grupopara a incluso ao longo do programa.

    Revise as diferentes experincias de cada grupo e como podemos criar a equidade no trabalho emequipe e na adaptao da atividade.

    Pontos fundamentais

    As atividades podem e precisam ser acessveis a todos.

    A decincia parte da diversidade humana. Podemos aprender a participar completamenteda vida com os apoios adequados.

    As solues podem ser simples e fceis de construir.

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    Preveno contra a explorao, a violncia e o abusoArtigo 16: Preveno contra a explorao, a violncia e o abusoCrianas com decincia devem ser protegidas contra violncia e abuso. Elas no devem sermaltratadas ou feridas dentro ou fora de suas casas. Se voc enfrentou violncia ou maus-tratos,tem direito de obter ajuda para interromper o abuso e se recuperar.

    Fonte: Its about ability: an explanation of the Convention on the Rights of Persons with Disabilities, UNICEF, abril de 2008 (versobrasileira: Todos podemos... disso que se trata: uma explicao da Conveno sobre os Direitos das Pessoas com Decincia, UNICEF,Agosto de 2013).

    Propsito e viso geral

    As atividades abaixo foram designadas para que os participantes compreendam situaes deviolncia e abuso sofridos por pessoas com decincia. O objetivo desta sesso ensinar aosparticipantes o que signica se sentir seguro e as maneiras de se evitar ou prevenir o abuso.

    Objetivos gerais

    Ao nal destas atividades, os participantes sero capazes de:

    identicar diferentes tipos de violncia e abuso;

    descrever a importncia da segurana;

    compreender a funo de espectadores e como eles podem agir de modo a desencorajar oueliminar a violncia;

    compreender a importncia de uma poltica e prtica de tolerncia zero para com a violncia eo abuso na escola e na comunidade;

    compreender que as pessoas com decincia, incluindo jovens e crianas, estoespecialmente vulnerveis violncia e ao abuso;

    identicar maneiras de interromper situaes de violncia ou abuso sem usarde violncia.

    Tempo sugerido

    3 horas e 45 minutos

    Sesses

    A. Segurana

    B. Violncia e abuso

    C. Congele! Acabando com a violncia e o abuso

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    42/9736 Guia de aprendizagem da Conveno sobre os Direitos das Pessoas com Decincia

    A. Segurana

    Breve descrio da sesso

    Nesta sesso, os participantes compreendero que as pessoas com decincia podem estar maisvulnerveis violncia e ao abuso que outras e vo explorar o que signica sentir-se seguro eassegurar condies de segurana.

    Objetivo:

    Ao nal desta sesso, os participantes sero capazes de identicar o que signica estar emsegurana e apontar algumas maneiras de tornar o grupo um lugar seguro para se estar. Osparticipantes compreendero que algumas pessoas nem sempre se sentem em segurana eas com decincia correm o risco de enfrentar abuso e violncia. Compreendero, tambm,o papel crtico dos espectadores e como estes podem agir de modo a evitar ou eliminar aviolncia.

    Durao:

    45 minutos.

    Mtodos da sesso:

    Visualizao e discusso em grupo grande.

    Materiais:

    Quadro-negro e giz ou bloco de ip chart ecanetas hidrocor.

    Processo

    ETAPA 1: Introduo (5 minutos)

    Explique ao grupo que todos tm o direito segurana e preveno contra violncia e abuso.Isso signica que todos devem sentir-se segurosem casa, na escola, na comunidade e em qualqueroutro lugar. Algumas pessoas so mais vulnerveisao abuso porque mais fcil que recebam umtratamento discriminatrio ou porque so incapazesde buscar ajuda. Crianas, por exemplo, podem terdiculdades em defender a si prprias ou a relatarabuso. Para crianas com decincia, isso pode serainda mais difcil. Mesmo que elas sejam capazes

    de fazer um relato, pode ser que no acreditem nosseus relatos ou os ignorem. importante que todosse sintam seguros e levem uma vida sem violncia.A Conveno protege e garante que pessoas comdecincia tenham as condies necessrias parase sentir em segurana, tal como representao jurdica em um tribunal ao relatar abuso.

    Histria reaIMichel nasceu com uma decincia. Eleteve diculdades para aprender, falar eusar suas mos; frequentemente derrubavacoisas. Michel falava mais devagar que todosos outros porque tinha diculdades paraencontrar as palavras que usaria. A famliade Michel no o tratava muito bem. Seu paicostumava dar socos em sua cabea e gritarmuito com ele. Davam-lhe pouca comida emuito pouco tempo para comer. Ele tinha quecomer tanto quanto conseguisse, antes quelevassem sua comida. Por causa disso, Michelgeralmente se sentia cansado e era muitomenor que as outras crianas da sua idade.A vida era difcil para Michel porque porque

    o seu jeito de ser no era respeitado, nemtolerado. Alm disso, ele era vtima de abuso.Fonte: Histria annima contada ao autor.

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    ETAPA 2: Visualizao (30 minutos)

    Pea ao grupo para visualizar (criar uma imagem mental) um momento em que se sentiramcompletamente em segurana, sem estar assustados ou ser alvo de gritos, em que cada um estavarelaxado e em segurana. Para alguns deles, isso poder ter ocorrido em casa, na casa de umamigo, na igreja ou na escola. Para outros, esse momento poder ter acontecido em sua prpriamente ou em outro lugar em que se sentiram completamente sozinhos.

    Visualize:

    Onde foi esse lugar?

    Quem estava l?

    O que estava acontecendo?

    Como voc se sentiu?

    Pea a todos que voltem a dar ateno ao grupo e para que partilhem voluntariamente aquilo quevisualizaram aps ouvir as perguntas.

    Pergunte ao grupo o que signica estar em segurana. Escreva as respostas no quadro ou no blocode ip chart.

    Exemplos de estar em segurana:

    Ningum est gritando com voc ou batendo em voc.

    Voc se sente confortvel.

    As pessoas o ouvem.

    Voc respeitado.

    Voc encorajado a dizer o que pensa ou a se expressar.

    Voc no forado a fazer nada que no queira fazer. Voc est feliz.

    Voc no est com medo.

    ETAPA 3: Discusso em grupo grande (10 minutos)

    Pergunte aos participantes se importante sentir-se em segurana durante as atividades emgrupo. Apresente algumas reexes que sero necessariamente lembradas durante as atividadesem grupo. Assinale que algumas vezes as pessoas levaro mais tempo para partilhar e participardas atividades em grupo. Algumas pessoas tm diculdades em falar ou escrever. Encoraje osparticipantes a seguir essas reexes e faa-os sentir o grupo como um lugar seguro para apartilha e o aprendizado respeitoso entre todos.

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    44/9738 Guia de aprendizagem da Conveno sobre os Direitos das Pessoas com Decincia

    Pontos fundamentais

    Todos tm o direito de se sentir em segurana onde vivem, trabalham ou brincam.

    As pessoas com decincia esto entre as mais vulnerveis violncia e ao abuso.

    As reexes desta atividade devem ser transferidas a outras sesses e atividades.

    B. Violncia e abuso

    Breve descrio da sesso

    Nesta sesso, os participantes vo identicar diferentes tipos de abuso ou violncia e identicarmaneiras de superar situaes que sejam abusivas ou violentas.

    Objetivo:

    Ao nal desta sesso, os participantes sero capazes de identicar os quatro tipos de abuso eexemplos de cada tipo. Eles vo explorar por que determinadas pessoas so mais vulnerveisao abuso e discutir maneiras no violentas de prevenir ou evitar a violncia e o abuso.

    Durao:

    1 hora e 30 minutos.

    Mtodos da sesso:

    Discusso em grupo grande e pequeno.

    Materiais:

    Quadro-negro e giz ou bloco de ip chart e canetas hidrocor.

    Processo

    ETAPA 1: Introduo (15 minutos)

    Escreva as palavras violncia e abuso em um quadro-negro ou em um bloco de ip chart. Pea aosparticipantes para que denam as palavras. O que elas querem dizer?

    Pergunte:

    O que uma relao violenta? O que um comportamento abusivo?

    Por que algumas pessoas esto mais vulnerveis a sofrer violncia e abuso?

    O que torna uma criana vulnervel violncia? (consulte a verso para crianas do Estudosobre Violncia)

    Por que as crianas e os adolescentes com decincia so particularmente vulnerveis?

    Que exemplos de relaes violentas/abusivas ns temos? Como lidamos com essas relaes?

    Exemplos:

    Crianas e adolescentes correm mais riscos porque ainda no esto completamentedesenvolvidos; eles no podem se defender facilmente.

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    Muitas crianas e adolescentes tm medo de relatar a violncia, pois esta cometida poralgum que exerce poder sobre eles.

    Algumas pessoas dependem de outras que abusam delas para ter alimentao, abrigo ou umemprego.

    Algumas pessoas no tm para onde ir a m de mudar sua situao.

    Algumas pessoas so mais vulnerveis devido ao seu gnero, raa, origem tnica oudecincia.

    Fonte: United Nations Secretary-Generals Study on Violence against Children Adapted for Children and Young People (Estudo doSecretrio-Geral das Naes Unidas sobre a Violncia contra as Crianas Adaptado para Crianas e Jovens, traduo livre), NaesUnidas, 2006.

    Explique ao grupo que esta atividade explorar diferentes tipos de violncia ou abuso. A melhormaneira de aprender como evitar, mediar ou assumir o controle sobre uma situao de violncia compreender primeiramente suas causas e dinmicas. Nunca uma boa ideia responder violnciae ao abuso com mais violncia. Nesta atividade, os participantes aprendero alternativas noviolentas para acabar com o abuso.

    ETAPA 2: Discusso em grupo grande (30 minutos)

    Explique ao grupo que a violncia e o abuso podem levar ao medo e desesperana. Essestipos de ao destroem a autoestima e fazem com que as pessoas se sintam impotentes. Pararetomar o poder ou nos fortalecer, precisamos reconhecer quando o abuso est acontecendo. Aviolncia contra crianas nunca correta. Os governose comunidades devem proteger as crianas, inclusiveas com decincia, contra violncia e abuso. Se oseu pas raticou a Conveno sobre os Direitos daCriana ou a Conveno sobre os Direitos das Pessoascom Decincia, seu governo deve adotar aes queeliminem a violncia contra todas as crianas.

    O abuso infantil qualquer tipo de dano imposto a umacriana, incluindo negligncia, violncia fsica, sexual oumental da parte de algum que responsvel por elaou tem poder ou controle sobre ela algum em quemela deveria ser capaz de conar.

    Exemplos de violncia e abuso:

    (entre crianas) bullying no ambiente escolar

    violncia entre irmos

    agresso verbal/fsica de mes e pais

    espancamento de crianas e maus-tratos

    abuso sexualObservao do mediador: Para uma atividade adicional sobre bullying, consulte a Unidade Ill, atividade educativa B na pgina 61.

    A violncia acontece quando algumusa de sua fora ou posio de poderpara ferir algum propositalmente,no acidentalmente. Essa atitude incluiameaas de violncia e atos que podemcausar danos, bem como aqueles que defato o fazem. Os danos podem afetar amente e o corpo da pessoa, sua sade ebem- estar geral.

    T O D O S P O D E

    M O

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    46/9740 Guia de aprendizagem da Conveno sobre os Direitos das Pessoas com Decincia

    Onde a violncia ou o abuso podem ocorrer?

    em casa;

    na escola ou em outros ambientes escolares;

    em instituies como orfanatos, presdios, prises ou outras instituies prisionais e centros dedetenes;

    no local de trabalho; na comunidade.

    Fonte: United Nations Secretary-Generals Study on Violence against Children Adapted for Children and Young People, (Estudo doSecretrio-Geral das Naes Unidas sobre a Violncia contra as Crianas Adaptado para Crianas e Jovens, traduo livre)Naes Unidas,2006.

    Escreva as respostas abaixo no quadro ou no bloco de ip chart:

    Tipos de abuso:

    1. Violncia fsica

    2. Verbal/emocional/psicolgica

    3. No ser tratado com igualdade

    4. Usar/explorarObservao do mediador: alguns participantes podem estar interessados em partilhar suas histrias sobre abuso. Se isso ocorrer,encoraje a partilha e mantenha um ambiente seguro e respeitoso para todos os participantes. Se os participantes desejarem continuarpartilhando, convide-os a discutir suas experincias com voc em um outro momento (ex.: ao nal do dia ou durante um intervalo).

    Mostre a expresso violncia fsica e pergunte ao grupo:

    O que abuso ou violncia fsica?

    Quais so alguns dos diferentes tipos de abuso fsico?

    Exemplos: bater, beliscar, estapear, estupro ou abuso sexual.Liste os exemplos de abuso ou violncia fsica no quadro ou papel prximos. Declare que, muitasvezes na vida, as crianas sofrem abuso de outras crianas e de adultos. Em muitos casos, ascrianas com decincia so mais suscetveis tanto a sofrer violncia como a ser abandonadas.

    Mostre as palavras verbal/emocional/mental. Explique que o abuso nem sempre precisa ser fsico.Palavras e ameaas tambm podem constituir abuso. Pergunte o seguinte e registre:

    Quais so alguns dos tipos de abuso verbal/emocional/mental?

    Exemplos: insultos, gritos, colocar algum para baixo, ameaar machucar algum,bullying, caoar, negligenciar/ignorar, etc.

    Mostre a expresso no ser tratado com igualdade. Destaque as atividades anteriores em queforam identicados os esteretipos sobre as pessoas com decincia e pessoas que foram tratadascom desigualdade. Pergunte ao grupo:

    Quais so alguns dos exemplos de tratamento desigual?

    Exemplos: no permitir que crianas com decincia frequentem a escola, escolher aspessoas com decincia por ltimo em um time de esportes, no fazer amizade com

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    algum por conta de uma decincia, ter escadas em um prdio que no possibilita aentrada de pessoas em cadeiras de roda, etc.

    Declare que igualdade signica que cada pessoa deve receber o mesmo respeito, tratamento,oportunidades e direitos, independentemente de, por exemplo, sua cor, pas de nascimento,religio, crenas polticas ou condio de decincia.

    Mostre as palavras usar/explorar no quadro. Explique que esse tipo de abuso ocorre quandoalgum tira proveito de outra pessoa para o seu prprio benefcio. Pergunte ao grupo:

    Quais so alguns dos exemplos de ser usado/explorado?

    Exemplos: tomar o dinheiro de algum ou pagar menos a algum porseu trabalho, pedir a algum por favores repetidamente e no retribuira boa ao.

    Observao: um exemplo histrico de explorao ocorreu durante o Holocausto,quando as pessoas com decincia eram usadas par