[br - 1] caderno 2/caderno2/pÁginas 25/07/13 · 2013. 7. 25. · %hermesfileinfo:c-7:20130725:o...

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O ESTADO DE S. PAULO QUINTA-FEIRA, 25 DE JULHO DE 2013 Caderno 2 C7 Artes Cênicas As poéticas da sexualidade Filmes, teatro infantil e quatro performances inéditas na cidade debatem a diversidade na produção contemporânea TODOS OS GÊNEROS Itaú Cultural. Av. Paulista, 149, 2168-1776. 5ª e sáb., 17h e 20h; 6ª, 17h, 20h e 21h; dom., 16h e 17h. Grátis. Até 28/7. Helena Katz ESPECIAL PARA O ESTADO Cinco performances, das quais quatro são inéditas em São Pau- lo, dois filmes por dia e uma peça de teatro infantil com- põem a mostra Todos os Gêne- ros, que estreia hoje e segue até domingo no Itaú Cultural. Con- vocando públicos e linguagens artísticas distintas, já explicita que seu foco é a diversidade. Não por acaso, prevê tanto a apresentação de Menino Tere- sa, o teatro infantil da Banda Mirim, no domingo, às 16h, co- mo o curta de Claudia Priscilla, Vestido de Laerte, hoje, às 17h. A programação foi proposta por Sônia Sobral, gerente do Núcleo de Artes Cênicas do Itaú Cultural. Em entrevista por telefone ao Estado, con- tou que tudo nasceu da observa- ção dos jovens que aclamaram, no ano passado, a apresenta- ção da peça À Primeira Vista, com Drica Moraes e Mariana Li- ma, dirigidas por Enrique Diaz. “O homossexualismo não era o tema, mas mobilizou as conver- sas sobre a relação entre as duas mulheres e me chamou a atenção. Foi quando comecei a planejar uma mostra sobre as poéticas da sexualidade que não afastasse os preconceituo- sos. Fui procurar trabalhos que pudessem mediar um contato com o público do Itaú, que é bastante conservador pelo his- tórico das reclamações que nos chegam. Descobri muitas coi- sas incríveis, das quais foi possí- vel selecionar estas”, explica. Todos os dias, a mostra come- ça, às 17h, com a exibição de fil- mes na Sala Vermelha e segue na Sala Itaú Cultural, às 20h, com espetáculos. Travesqueens, de e com Ricardo Marinelli e Erivelto Viana, e Uma Flor de Dama ocuparão o palco hoje. Na primeira, Marinelli interpre- ta a Princesa Ricardo e Erivelto, a drag Cintia Sapequara. Mari- nelli concebeu os dois projetos, destinados “a articular arte e respeito ao diferente”, como consta na divulgação do even- to. Em seguida, em Uma Flor de Dama, Silvero Pereira convida o público a encontrar uma tra- vesti interessada em política, HIV, preconceito, amor e vida. Amanhã será a vez de André Masseno com To Be or Not To Be (Queer): That’s a Toxic Ques- tion. Declara-se interessado em causar instabilidade nos binô- mios que têm pautado as ques- tões de gênero (homem-mu- lher, hetero-homossexual etc), formulando uma mistura de au- tobiografia e reflexão artístico- teórica. O pensamento crítico continua depois do espetáculo, quando Marinelli e Pereira vão encontrá-lo no palco para divi- dir o que estão chamando de uma “mesa performática bizar- ra”, dedicada a problematizar a diversidade sexual na produ- ção cênica contemporânea. No sábado, a carioca Helena Vieira traz a criação que fez para o Rumos Dança de 2007, Maria José, na qual se pergunta com quantos gêneros é possível lidar no dia a dia. Depois, vem o mexi- cano Javier Contreras mostran- do solos que compõem a sua sé- rie denominada Pues Sí..., com a qual discute o machismo no seu país. Vai dançar Pues Sí, No Soy un Bailarín e Pues Sí, No Soy un Héroe, sobre o gênero masculi- no e o poder do patriarcado. Domingo, a lógica se inverte, pois começa com o teatro infan- til da Banda Mirim e se encerra com os dois filmes, Phedra, de Claudia Priscilla, e Elvis e Ma- donna, de Marcelo Laffitte. GIL GROSSI/DIVULGAÇÃO ‘Maria José’. Os gêneros no dia a dia

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    O ESTADO DE S. PAULO QUINTA-FEIRA, 25 DE JULHO DE 2013 Caderno 2 C7

    Teatro Estreia

    Artes Cênicas

    Musical paracantar sonhose revoluçõesEm forma de cantata, Cia. do Tijolotraz história de velhos e novos mártires

    As poéticasda sexualidadeFilmes, teatro infantil e quatro performances inéditas nacidade debatem a diversidade na produção contemporânea

    TODOS OS GÊNEROSItaú Cultural. Av. Paulista, 149,2168-1776. 5ª e sáb., 17h e 20h;6ª, 17h, 20h e 21h; dom., 16h e17h. Grátis. Até 28/7.

    Maria Eugênia de Menezes

    Amor. Liberdade. Revolução.São palavras gastas – pelo uso epelo tempo. São ideias difíceisde apreender. Mas foram essas

    as linhas condutoras escolhi-das pela Cia. do Tijolo para criarseu novo espetáculo.

    Cantata para um Bastidor deUtopias, que entra em tempora-da hoje no Sesc Pompeia, baseia-

    se em um texto de Federico Gar-cía Lorca: Mariana Pineda. Obrade juventude do poeta espa-nhol, a peça conta o trágico des-tino de uma heroína de seu país.No século 19, Mariana foi mortapelo governo do rei FernandoVIII. Seu crime: ter bordadouma bandeira para a causa dosliberais republicanos. E, pior doque isso, ter se recusado a dela-tar seus companheiros.

    Nessa montagem, o grupo di-rigido por Rogério Tarifa e Ro-drigo Mercadante repõe a tra-ma verídica em formato musi-cal. “Estudamos a forma dascantatas, voltamos a Bach e aBeethoven para entender comoelas funcionam”, diz Tarifa.

    As canções usam os versos deLorca e a montagem mantém aestrutura original, em quatroatos. O apego à criação de 1925,contudo, não impediu que mui-

    ta coisa nova entrasse na versãodessa jovem companhia.

    Em 2010, eles foram revela-dos com Concerto de Ispinho e Fu-lô, obra em que rememoravam abiografia de Patativa do Assaré.Na ocasião, valiam-se da músi-ca como elemento organizadorda cena. Também já deixavamentrever um forte componentepolítico, que transparecia nas di-ficuldades sociais vivenciadaspelo poeta popular cearense.

    A atual Cantata... radicaliza aproposta ao contemplar lutaspela liberdade em diversas épo-cas e contextos. À história deMariana, somam-se a de outrosmártires. O próprio Lorca, as-sassinado durante a Guerra Ci-vil Espanhola. Os desapareci-dos políticos da ditadura mili-tar brasileira – entre eles, no-mes pouco lembrados. “Não fo-ram apenas intelectuais e artis-tas que morreram. Tambémexistem operários nessa histó-ria”, observa Tarifa.

    Ao evidenciar pontos de con-tato entre episódios historica-mente tão distantes, a Cia. doTijolo constrói um terreno con-sistente para mirar as novascontradições. A problemáticaurbana é hoje o lugar onde se dáa opressão, a truculência. Emum cotidiano duro e aparente-mente distópico, qual seria o so-nho possível? Durante o espetá-culo, a pergunta não chega a serverbalizada. Mas nem por issodeixa de ser feita.

    Helena KatzESPECIAL PARA O ESTADO

    Cinco performances, das quaisquatro são inéditas em São Pau-lo, dois filmes por dia e umapeça de teatro infantil com-põem a mostra Todos os Gêne-ros, que estreia hoje e segue atédomingo no Itaú Cultural. Con-vocando públicos e linguagensartísticas distintas, já explicitaque seu foco é a diversidade.Não por acaso, prevê tanto aapresentação de Menino Tere-sa, o teatro infantil da BandaMirim, no domingo, às 16h, co-mo o curta de Claudia Priscilla,Vestido de Laerte, hoje, às 17h.

    A programação foi proposta

    por Sônia Sobral, gerente doNúcleo de Artes Cênicas doItaú Cultural. Em entrevistapor telefone ao Estado, con-tou que tudo nasceu da observa-ção dos jovens que aclamaram,no ano passado, a apresenta-ção da peça À Primeira Vista,com Drica Moraes e Mariana Li-ma, dirigidas por Enrique Diaz.“O homossexualismo não era otema, mas mobilizou as conver-sas sobre a relação entre asduas mulheres e me chamou aatenção. Foi quando comecei aplanejar uma mostra sobre aspoéticas da sexualidade quenão afastasse os preconceituo-sos. Fui procurar trabalhos quepudessem mediar um contato

    com o público do Itaú, que ébastante conservador pelo his-tórico das reclamações que noschegam. Descobri muitas coi-sas incríveis, das quais foi possí-vel selecionar estas”, explica.

    Todos os dias, a mostra come-ça, às 17h, com a exibição de fil-mes na Sala Vermelha e seguena Sala Itaú Cultural, às 20h,com espetáculos. Travesqueens,de e com Ricardo Marinelli eErivelto Viana, e Uma Flor deDama ocuparão o palco hoje.Na primeira, Marinelli interpre-ta a Princesa Ricardo e Erivelto,a drag Cintia Sapequara. Mari-nelli concebeu os dois projetos,destinados “a articular arte erespeito ao diferente”, como

    consta na divulgação do even-to. Em seguida, em Uma Flor deDama, Silvero Pereira convidao público a encontrar uma tra-vesti interessada em política,HIV, preconceito, amor e vida.

    Amanhã será a vez de AndréMasseno com To Be or Not ToBe (Queer): That’s a Toxic Ques-

    tion. Declara-se interessado emcausar instabilidade nos binô-mios que têm pautado as ques-tões de gênero (homem-mu-lher, hetero-homossexual etc),formulando uma mistura de au-tobiografia e reflexão artístico-teórica. O pensamento críticocontinua depois do espetáculo,

    quando Marinelli e Pereira vãoencontrá-lo no palco para divi-dir o que estão chamando deuma “mesa performática bizar-ra”, dedicada a problematizar adiversidade sexual na produ-ção cênica contemporânea.

    No sábado, a carioca HelenaVieira traz a criação que fez parao Rumos Dança de 2007, MariaJosé, na qual se pergunta comquantos gêneros é possível lidarno dia a dia. Depois, vem o mexi-cano Javier Contreras mostran-do solos que compõem a sua sé-rie denominada Pues Sí..., com aqual discute o machismo no seupaís. Vai dançar Pues Sí, No Soyun Bailarín e Pues Sí, No Soy unHéroe, sobre o gênero masculi-no e o poder do patriarcado.

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    GIL GROSSI/DIVULGAÇÃO

    Ministério da Cultura e Mozarteum Brasileiro apresentam

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    01 a 04 ago 21hPAAVO JÄRVI regenteLUDWIG VAN BEETHOVEN: AS NOVE SINFONIAS

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    THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO SALA SÃO PAULO

    01 ago . quinta Sinfonias nº 1, 2 e 3

    02 ago . sexta Sinfonias nº 4 e 5

    03 ago . sábado Sinfonias nº 6 e 704 ago* . domingo Sinfonias nº 8 e 9*Dia 4, na Sinfonia nº 9, apresentação com:Claudia Boyle soprano I Stephanie Atanasov mezzo-sopranoErik Werner tenor I Carsten Wittmoser barítonoCoro São Paulo

    PROGRAMAÇÃO SUJEITA A ALTERAÇÕES.

    DIE DEUTSCHE KAMMERPHILHARMONIE BREMEN

    La Barraca. Grupo rememora a histórica companhia de teatro criada por García Lorca

    ‘MariaJosé’.Os gênerosno dia a dia