Bourdieu Toma as Lutas de Classe Sob Uma Nova Perspectiva
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Bourdieu toma as lutas de classe sob uma nov a per spe ctiva, muito condizente com a sociedade de consumo em que vivemos, coloca essa disputa sob a ótica do gosto e dos estilos de vida. O estilo de vida é, para o sociólogo, a retradução simbólica das diferenças que são objetivamente inscritas nas condições de existência, explicitadas por meio das práticas e das propriedades (por isso o conceito de habitus é tão importante). As diferenças de estilos de vida são traduzidas pelo gosto que implica na propensão e aptidão á apropriação de uma determinada categoria de objetos ou práticas classificadas. O estilo de vida é um conjunto unitá fio de preferências distintivas que exp rimem, na lógica esp eci fica de cada um dos sub esp aço s simbólicos, mo bi lia , vest imentas, li nguagem ou héxi s co rpor al , a mesma intenç ão expressiva. (Bourdieu. 1983). Por isso mesmo, além de as práticas e objetos serem classificados, são classificadores, ou seja, se transformam em elementos de distinção social e econômica. Por isso mesmo, além de as práticas e objetos serem classificados, são classificadores, ou seja, se transformam em elementos de distinção social e econômica. São um conjunto de preferências distintivas que promovem uma unidade de estllo. E cada dimensão do estilo de vida simboliza todas as outras: o gosto por determinada bebida, pintura ou fotografia pode indicar a origem social de um individuo. As diferenças sociais exprimemese por meio de um aparelho simbólico reduzido a quatro ou cinco elementos, segundo Bourdieu: “a oposição entre champanhe e uísque condensa o que separa a burguesia tradicional da nova burguesia” (1983). Ocorre o que o sociólogo chamou de “estilização da vida”, valores que se naturalizam, se iriteriorizam (o habitus). A cada nível de distribuição, o que é raro e constitui um luxo inacessível ou uma fantasia absurda para os ocupantes do nível anterior ou inferior, torna- se banal ou comum. E se encontra relegado à or dem do necessár io, do evidente, pelo aparecimento de novos consumos, mais raros e, portanto, mais distintivos. (1983). Quanto mais adjetivos, maior a hierarquia social. Podemos verificar essa idéia na apropriação de objetos distintivos como o celular — o tamanho, as opções de funções são elementos que distinguem o possuidor do aparelho — ou automóvel — o modelo, o ano, os opcionais marcam a posição do individuo. Quanto mais adjetivos, maior a hierarquia social. Podemos verificar essa idéia na apropriação de objetos distintivos como o celular — o tamanho, as opções de funções são elementos que distinguem o possuidor do aparelho — ou au to móvel — o mo de lo, o ano, os op cionai s marcam a po si çã o do indivi duo .E cri ada, então, uma dis pos ição est éti ca, dad a pel as con diç ões econômicas (isso é indiscutível) mas também pela educação. Há a tentativa de cunhar um aparato estético que seja comum a grupos sociais específicos, aparato que exprime a identidade desse grupo e o diferencia de outros grupos. Temos ent ão uma ide nti dad e anu nci ada pel a dif ere nça . A expressão dessa diferença é obtida, segundo Bourdieu, a partir do que ele chamou de capital cultural, elemento que ultrapassa o simples poder aquisitivo e que não em menor escala do que este revela as desigualdades entre os diversos grupos sociais.