book of abstracts digital heritage · núvem (cloud computing), e interacção homem-máquina na...

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Bemvindos Considerando que a tecnologia digital conquista crescentemente mais terreno, centralizando as ações quotidianas e assumindo papel de relevo no estudo, preservação e divulgação do património cultural junto dos mais diferentes tipos de público; atendendo à multiplicidade de inovações que surgem neste âmbito a um ritmo quase diário; constatando a escassa aplicação de recursos digitais ao património cultural em Portugal, em contraste com o que se regista fora de fronteiras, designadamente em Espanha, lançamos o repto aos especialistas ibéricos para a reflexão e o debate sobre a articulação entre estes dois universos aparentemente tão distintos e distantes, quanto o património e o digital. O que é o Património digital, como se constrói, onde se aplica, para que serve, a quem serve e quem decide, é o que procuraremos debater durante as sessões de trabalho deste colóquio internacional. TEMAS DE ABORDAGEM

• O património digital: enquadramento teórico e perspectiva historiográfica;

• O impacto do digital em arqueologia e história: políticas de investigação e práticas profissionais;

• O património digital: potencialidades e desafios nas áreas da educação e do turismo;

• O lugar do museu e do arquivo na era digital: repositórios digitais, instalações museológicas, recriações/representações virtuais (3D, realidade aumentada, realidade mista);

• O património digital e a cidade do conhecimento. Linguas oficias: Português, Inglês e Castelhano

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Welcome Considering that digital technology is increasingly advancing and at the centre of daily life; taking into account that the former is adopting a prominent role in the study, preservation and divulging of Cultural Heritage to a wide-ranging audience; given the multitude of innovations that arise in digital technology almost daily; noting the limited application of digital heritage resources in Portugal, in contrast to what takes place outside our borders, in particular in Spain, we invite Iberian specialists to examine and discuss the relationship between these two seemingly different and distant universes, i. e. cultural heritage and digital technology. What is Digital Heritage, how to shape it, where to apply it, its purpose, whom it serves and who decides, that is what we will discuss during the working sessions of this International Conference. TOPICS

• Digital Heritage: theoretical context and historiographic perspectives. • The impact of the digital on archaeology and history: research policies

and professional practices. • Digital Heritage: potentialities and challenges in the areas of education

and tourism. • The place of the museum and the archive in the digital era: digital

repositories, museum installations, virtual recreations/representations (3D, augmented reality, mixed reality);

• Digital heritage and the knowledge city.

Official languages: Portuguese, English and Spanish

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Keynote Speakers

Laia Pujol-Tost (Universitat Pompeu Fabra, Barcelona, España).

I am research associate at the Departments of Humanities and ICT of Pompeu Fabra University in Barcelona. I have always been interested in the different ways the past shapes our present. This is why I studied History (1998), then Didactics of the Social Sciences (1999), and finally I specialized in Virtual Archaeology (2006). I first wanted to understand the historical causes of our world; then, the social use of the narrations/images created around historical evidence. In recent years (2010), I started a more creative approach: my passion is now the design and evaluation of digitally-mediated experiences for Cultural Heritage. Following this path, I have been involved in several major research projects (CHIRON, Origines, Innovarch, CHESS, LEAP, ViMM, EMOTIVE) across different European universities (UAB, York, Aegean, Manchester), museums (Acropolis, Hunterian), and private research foundations (Tecnalia). I also enjoy very much disseminating the results of my enquiries through teaching, invited speeches, publications, and conferences. I am honored that my contributions were acknowledged with academic and scientific awards. But the biggest reward is knowing they had an impact on people’s lives, for example by encouraging their interests and even professional careers.

Helena Barbas (Faculdade de Ciências Sociais e Humanas – Universidade Nova de L isboa, Portugal)

Professora Auxiliar com Agregação no Departamento de Estudos Portugueses – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (F.C.S.H. – U.N.L.). Fez o Mestrado (1990) e Doutoramento (1998) em Estudos Portugueses – Literatura Comparada – Literatura e Outras Artes. Em 2003, frequentou o Mestrado de Inteligência Artificial Aplicada na Faculdade de Ciências e Tecnologia (F.C.T. – U.N.L.), reconduzindo a sua pesquisa para a área da Humanística digital. Fez Agregação (2008) em Literatura e Ciberartes. Presentemente a sua investigação engloba Jogos sérios, e-Learning, Narrativa interactiva digital, Internet das coisas (IoT), Computação na núvem (cloud computing), e Interacção homem-máquina na componente de ‘design fiction’. Helena escreveu livros e vários ensaios, traduziu textos teóricos, romances, drama e poesia. Colaborou com diversos jornais, revistas e programas culturais da TV nacional. Fez crítica para o semanário Expresso. Foi membro da equipa do InStory (2005-2007) – melhor projecto web mobile Português 2006. Preparou PlatoMundi, com o objectivo de introduzir questões éticas e e-learning nos jogos. Tem em desenvolvimento o projecto – Numina – que se propõe digitalizar e estudar o espólio literário – poético e dramático –

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de José Leite de Vasconcellos (1858-1941), o médico, filólogo, etnólogo que fundou o Museu Nacional de Arqueologia. Em 2011 recebeu o (2º.) Prémio SANTANDER para a Internacionalização da Produção científica da F.C.S.H. de 2010, e em 2015 o «Best paper Award» pelo artigo Cloud Computing and (new) mobile storytelling in the Internet of Things, apresentado em EUROMEDIA’2015, I.S.T., Lisboa, Portugal.

Página pessoal: http://www.helenabarbas.net

Investigação: http://www.helenabarbas.net/investigacao-2/ Publicação - artigos: http://www.helenabarbas.net/artigos/ - livros: http://www.helenabarbas.net/livros/

CV completo (Out.2017): http://www.helenabarbas.net/CV_HBarbas_uk.pdf

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Organizing Comitee Secção de Arqueologia da Sociedade de Geografia de Lisboa

Sessão de Estudos do Património da Sociedade de Geografia de Lisboa CHAIA (Centro de História da Arte e Investigação Artística), Universidade de Évora

KEYNOTE SPEAKERS Helena Barbas (FCSH-UNL)

Laia Pujol-Tost (Universitat Pompeu-Fabra)

COMISSÃO CIENTÍFICA Paulo Rodrigues (CHAIA)

Alexandra Gago da Câmara (UAb |CHAIA) Helena Murteira (CHAIA)

Ana Cristina Martins (Pós-Doc-FCT / IHC-CEHFCi-UÉ-FCSH-NOVA | SGL) Victor Manuel Lopez-Menchero Bendicho

(Sociedad Española de Arqueologia Vírtual) Alfredo Grande

(INNOVA/Sociedad Española de Arqueologia Vírtual Espanha)

COMISSÃO EXECUTIVA Alexandra Gago da Câmara ( UAb | CHAIA)

Helena Murteira (CHAIA) Ana Cristina Martins (IHC-CEHFCi-UÉ-FCSH-UNL | SGL)

João Carlos de Senna-Martínez (Uniarq-FLUL | SGL) Vítor Escudero (ANBA | SGL)

Guida Casella (IHC-FCHS-UNL)

SECRETARIADO CHAIA

Practical Information Sociedade de Geografia de Lisboa Geographical Society of Lisbon R. Portas de Santo Antão 100, 1150 Lisboa 21 342 5401 Metro: Rossio

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http://www.socgeografial isboa.pt/en/

Keynote Lecture Quinta Feira 9 de Novembro / Thursday 9th November From ICT applications to Digital Heritage: a journey at the cutting edge Laia Pujol-Tost (Universitat Pompeu Fabra, Barcelona, Espanha) Moderação/ Chair: Helena Murteira (CHAIA, University of Évora) In my opening speech at the international conference "Digital Heritage in the Iberian context" I would like to embark with you on a journey through 20 years of ICT applications in Cultural Heritage, interweaving my personal experience with the major developments in the Iberian Peninsula. We will see Romans with 3D glasses, and we will throw the javelin at the ancient Olympic games; we will trade ancestor bones and protect ourselves in bomb shelters; we will train to capture the world around, and define the Virtual Museum. And once back from this journey, we will discuss what lies ahead in this wonderful adventure of Digital Heritage.

QUINTA-FEIRA 9 de Novembro / THURSDAY 9th November Património digital: enquadramento teórico e perspectiva historiográfica / Digital Heritage: theoretical context and historiographic perspectives Moderação / Chair: Alexandra Gago da Câmara (Universidade Aberta, CHAIA- UÉvora, Portugal)

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A História no ciberespaço: o passado digital e as suas implicações para o ofício dos historiadores Maria Renata da Cruz Duran, Bruna Carolina Marino Rodrigues (Universidade Estadual de Londrina-Paraná-Brasi l) A digitalização dos documentos históricos e sua disponibilidade na web tem possibilitado uma presença cada vez maior da História na rede. A acessibilidade do grande público a arquivos digitais, bancos de dados, museus online e sites que tratam do conhecimento histórico tem reconfigurado as relações dos usuários da web com a História propiciando que o público em geral tenha contato com as ferramentas do fazer histórico (COHEN; ROSENZWEIG, 2005). Destarte, essas modificações lançaram muitos desafios à escrita da História, de tal modo que muitos pesquisadores passaram a questionar as potencialidades e os limites da internet e das tecnologias digitais para a prática dos historiadores. Neste contexto, nosso objetivo é discutir de que modo estão se processando essas modificações no ofício dos historiadores, a preservação do patrimônio histórico cultural disponível na web e os desafios para a escrita da História. Por fim, reflexões sobre a importância da preservação deste passado digital que se configura como patrimônio histórico da humanidade se tornaram urgentes e se relacionam com questões sobre a preservação e escassez desse material no futuro e sobre as operações de escolha e descarte na internet (RAGAZZINI, 2004 apud LUCCHESI, 2014). Palavras-Chaves/Keywords: História, Ciberespaço, preservação digital

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Ferramentas digitais para o diagnóstico e restauraçäo de bens arquitectónicos James Barbosa Souza (Universidade Salvador-UNIFACS, Brasi l) A importância do Patrimônio Histórico torna extremamente fundamental os esforços por sua conservação, principalmente quando consideramos os diversos agentes e fatores que favorecem a sua degradação. Os registros técnicos digitais sobre acervos de azulejos do período colonial e imperial brasileiros ainda são faltos, principalmente referente ao uso técnico de materiais utilizados em seus sistemas construtivos característicos por um passado tecnológico. Reconhecido, portanto, tradicionais. A presente pesquisa tem como objetivo apresentar estudos realizados através de ferramentas digitais que viabilizaram intervenções aplicadas durante a execução do projeto de restauração dos painéis de azulejos históricos, existentes nas torres sineiras e paredes laterais da capela-mor, existentes na edificação religiosa da Igreja do Santíssimo Sacramento do Passo, Edificação do início do século XVII, localizada no centro histórico da cidade de Salvador-Bahia, Integrante do acervo arquitetônico e paisagístico com inestimável valor cultural, considerado como Patrimônio Mundial pela UNESCO em 1985. O conteúdo digital propôs soluções práticas favoráveis que auxiliaram todo processo durante a restauração do patrimônio material, permitindo intervenções conscientes preservando a longevidade do conteúdo iconográfico junto a sua autenticidade quanto aos valores culturais no contexto histórico-artístico com intuito de salvaguardar e viabilizar futuros estudos. Palavras-chave/Keywords: Patrimônio, Restauro, Azulejos, Iconografia

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Impacto do digital em arqueologia e história: políticas de investigação e práticas profissionais / The impact of the digital on archaeology and history: research policies and professional practices Moderação / Chair: Ana Cristina Martins (FCT/IHC-CEHFCi-UÉ-FCSH-NOVA | SGL, Portugal)

Cultural heritage – building bridges between the tangible, intangible and the digital Marluci Menezes (LNEC, Portugal); Carlos Smaniotto Costa (ULHT/CeiED, Portugal); Georgios Artopoulos (The Cyprus Institute, Cyprus)

This contribution proposes a reflection on the challenges of an increasing relationship between the cultural heritage assets and the pervasiveness of digital technologies. The widespread use of digital technology has quickly expanded into our everyday lives. We can instantly get connected to people, information, ideas, and places. Digital technology - getting more and more ubiquitous and pervasive, opens up new opportunities also for safeguarding heritage - when it is considered a socio-cultural subject consciously embodied by people in a very lively process of enriching, enhancing and transmitting it. This contribution is based on the COST Action CyberParks, which aims to advance knowledge on the use of public spaces and the role of technology, and a proposal prepared to the European Programme H2020. The goal of the research proposal TERPSICHORE (ICT enabled participatory access to intangible cultural heritage and memories) is to present and justify the need to study the use of technology to enhance and enrich intangible cultural heritage assets. It aims to advance knowledge, methodologies and technologies to integrate (1) a spatial/territorial component (considered as tangible) to intangible cultural heritage, and (2) local narratives and storytelling of people who bears these assets. In order to achieve the objectives, the project proposes to carry out three pilot studies: Fado and its relation with neighbourhood Mouraria in Lisbon; the urban fabric associated with the Fiestas de los Patios de Córdoba (Spain), and the Sami culture in Sweden, representing the regional scale. This contribution will discuss the main research lines, reflecting on how digital technologies can be used to build bridges between people, spaces and intangible and tangible heritage and contribute to the constitution of a vivid digital inheritance, with particular focus on the Portuguese pilot study (Fado/Mouraria). It is an exploratory reflection on the challenges posed for the research to be carried out in Lisbon and to enable blended learning, individually and collaboratively.

Keywords: pervasive/ubiquitous computing devices and technologies, enriching cultural heritage, cultural bears’ narratives and stories, heritage and use of territory

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Um percurso pela arqueologia de Angola Ana Godinho Coelho, Inês Pinto (Bolseiras BGCT/FCT, Museu Nacional de História Natural e da Ciência, Portugal)

Desde o final do século XIX que Angola tem suscitado interesse científico por parte de investigadores europeus, nomeadamente portugueses. Assim e neste sentido foram organizadas diversas campanhas científicas de vária índole onde também foi recolhida importante informação de cariz arqueológico, que tem permitido traçar a evolução do Homem na pré-história. Todos estes dados têm sido preservados ao longo dos tempos, resultando em vários estudos especializados, sob a forma de dissertações, teses, comunicações, projetos científicos, etc. Atualmente e com recurso às novas tecnologias estão progressivamente a ser convertidos para formato digital. É um trabalho que tem vindo a ser desenvolvido no projeto “Georreferenciação das coleções científicas do Instituto de Investigação Científica Tropical”, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, que pretende rever e atualizar a localização das estações arqueológicas de Angola identificadas pelos investigadores da então Junta de Investigações do Ultramar, associando-se todas as informações existentes. Posto isto e tendo em conta que um dos objetivos do projeto acima mencionado é dar a conhecer o património científico à guarda do Instituto de Investigação Científica Tropical (integrado atualmente na Universidade de Lisboa), não só ao nível académico mas também ao público em geral, sugere-se para esta comunicação a criação de uma plataforma digital onde constará informação de algumas estações arqueológicas de Angola com interesse patrimonial e turístico, tais como Pedra do Feitiço, Buco Zau 1, Pinto 2, Guta da Leba, Capangombe Velho e Montenegro. As estações foram selecionadas tendo em conta o seu potencial cultural.

Esta plataforma digital irá ser estruturada recorrendo-se ao programa ArcGis da ESRI, utilizando-se, para tal, um aplicativo designado de “Story Map” que denominámos “Um percurso pela arqueologia de Angola”. Desejamos, assim e a partir do património digital já existente mostrar as potencialidades da coleção arqueológica de Angola e os contributos que poderá dar às áreas da educação e do turismo.

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Gestão de informação arqueológica: a evolução digital na ERA Arqueologia

José Pedro Machado, Li l iana Veríssimo Carvalho (Era –Arqueologia S.A., Portugal)

A evolução da tecnologia nas últimas décadas tem alterado a forma de trabalhar em quase todas as profissões, da qual a arqueologia não se exclui. A proliferação de ferramentas digitais e a crescente facilidade no seu manuseio motiva a sua crescente incorporação nas metodologias de trabalho arqueológico. Pretende-se com esta comunicação apresentar de que maneira o uso de novas tecnologias de suporte digital tem vindo a contribuir para evoluções nos processos de trabalho e na prática profissional no contexto da ERA Arqueologia. Os levantamentos fotogramétricos constituem uma abordagem metodológica do registo arqueológico que permite uma resposta célere e eficaz na recolha de dados de terreno, daí resultando produtos finais impares em termos de rigor e potencial de manipulação e armazenamento de dados. A produção de modelos tridimensionais dos sítios arqueológicos está a modificar a forma como encaramos a sua conservação pelo registo. De igual modo, a sua utilização nos trabalhos correntes da empresa criou mais oportunidades na divulgação do património. Actualmente, com a facilidade em criar e gerir “museus” virtuais, a divulgação patrimonial passou a ser uma potencial realidade para qualquer trabalho de arqueologia, ficando menos dependente da variável financeira. Os benefícios destas tecnologias são notórios. Em contexto empresarial tal adopção imprime factores inequívocos de acuidade metodológica, rigor e qualidade, criando espaço para que se realizem mais acções que vão para lá do registo mínimo legalmente exigido. Todavia, a sua introdução nas metodologias de trabalho arqueológico traz novos desafios: o armazenamento e gestão de enormes volumes de informação; a substituição progressiva do desenho arqueológico de campo por métodos de registo fotográficos que poderão causar uma eventual perda da qualidade científica dos trabalhos; e a substituição do sítio arqueológico real pelo sítio arqueológico virtual.

Palavras-chave/keywords: Arqueologia empresarial, Novas tecnologias, Digital, Práticas profissionais

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Parti lhar é salvaguardar? As relações insuspeitas entre a Arqueologia de salvamento e o Software Livre

Regis Barbosa (CHAM-FCSH/NOVA-Uac, Portugal)

A prática arqueológica em contextos de salvamento pode ser caracterizada pela necessidade de conjugação entre a rapidez e a excelência, recorrendo, portanto, a um certo pragmatismo que procura dar respostas às mudanças no território minimizando os prejuízos ao património. Por outro lado, o software livre defende uma maneira de desenvolver tecnologia que prioriza a liberdade e se sustenta em processos coletivos de partilha, através do livre acesso ao código-fonte. Apesar de parecerem campos completamente estanques e até contraditórios, dado o pragmatismo de um e os processos de criação mais lentos e comunitários de outro, ambos podem tirar bastante proveito de uma colaboração mais próxima. Hoje existem diferentes ferramentas que podem ser utilizadas de maneira segura e eficaz por arqueólogos, desde o desenho vetorial até a utilização dos SIG. Tais ferramentas têm diferentes curvas de aprendizagem e aplicações mais gerais ou mais restritas. É possível criar grande parte, ou mesmo toda, a documentação escrita, gráfica e cartográfica de uma intervenção arqueológica através do uso de software livre. Não obstante existem alguns campos onde o software open source não consegue dar respostas satisfatórias, como é o caso dos CAD. Além disto, a utilização acrítica de formatos proprietários como formatos padrão para a produção de documentação sobre o registo arqueológico pode resultar em perda de informações e restrições no acesso ao património. É preciso questionar e refletir seriamente sobre o que utilizar e como guardar a informação resultante dos trabalhos arqueológicos. Apesar de alguns dos formatos mais utilizados reportarem a licenças proprietárias que permitem a leitura através do uso de programas em código aberto, há outros em que tal expediente é bastante mais difícil. Por fim, o livre acesso a informação e a ferramentas informáticas pode resultar num estimulo para um maior envolvimento das populações com o património, corroborando para a construção de ações relacionadas à arqueologia pública.

Palavras-chave/Keywords: Arqueologia de salvamento, Software livre, Documentação digital, Arqueologia pública

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Património documental e web semântica: extração de relações complexas em fontes setecentistas

Lígia Gaspar Duarte (CIDEHUS-Universidade de Évora, Portugal) ; Fernanda Olival (CIDEHUS-Universidade de Évora, Portugal) ; Paulo Quaresma ( INESC-ID, Portugal)

A edição de fontes históricas dispõe atualmente de um manancial de instrumentos tecnológicos que instiga novas abordagens à informação documental. As Humanidades Digitais incorporam os desafios há muito lançados pela tecnologia da linguagem, empreendidos desde logo pela Linguística e mais recentemente pela História. A língua e o contexto histórico convergem de forma indissociável para a representação de uma realidade que não é totalmente inteligível pelas ferramentas de computação desenvolvidas. Com a web semântica apresentam-se possibilidades avançadas na inferência de informação, assentes na linguagem natural. Face a este cenário torna-se fundamental empreender esforços na representação do conhecimento e elaboração de ferramentas como as ontologias, para extração de informação. A presente proposta centra-se na construção de uma ontologia do parentesco histórico e respetivo povoamento automático. Procura-se explorar a extração de relações complexas num corpus de inícios do século XVIII (Gazetas manuscritas e impressa: 1729-1740), com vista à representação de redes de parentesco expressas nos textos. Das relações sociais enunciadas no corpus, a de parentesco (incluindo o fictício/espiritual) assume uma expressão política e social incontornável, como princípio organizador da sociedade. Tema relevante em diversos tipos de estudos políticos e sociais do Período Moderno. O parentesco histórico no Período Moderno da Península Ibérica integra-se em vivências comuns nomeadamente no que respeita aos aspetos políticos do Estado e da Igreja, alargados aos impérios coloniais português e espanhol. A produção documental reflete esta realidade ainda que arreigada em tipologias e terminologias distintas. Neste contexto, a ontologia do parentesco histórico é primordial. Apesar do parentesco constituir um exemplo aparentemente simples na recuperação de informação, o contexto histórico não sustenta os modelos correntes. Muito para além das diferenças terminológicas, o grande obstáculo reside nos conceitos que representam o parentesco do Período Moderno. Para conceber um modelo conceptual desta realidade, o estudo baseia-se na análise da terminologia do parentesco e em expressões de fontes setecentistas manuscritas e impressas.

Palavras-chave/Keywords: web semântica, fontes setecentistas, parentesco, ontologia

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O contributo da documentação digital para a histórica do Património Azulejar do Mosteiro de Odivelas

Anabela Cardeira (CIEBA/CHAIA, Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, Portugal) ; Al ice Nogueira Alves ((CIEBA/Faculdade de Belas-Artes da Universidade de L isboa, Portugal) ; Paulo Simões Rodrigues (CHAIA/ Universidade de Évora); Alexandre Nobre Pais (Museu Nacional do Azulejo (MNAz)/ DGPC/ ARTIS, Portugal) .

A edição de fontes históricas dispõe atualmente de um manancial de instrumentos tecnológicos que instiga novas abordagens à informação documental. As Humanidades Digitais incorporam os desafios há muito lançados pela tecnologia da linguagem, empreendidos desde logo pela Linguística e mais recentemente pela História. A língua e o contexto histórico convergem de forma indissociável para a representação de uma realidade que não é totalmente inteligível pelas ferramentas de computação desenvolvidas. Com a web semântica apresentam-se possibilidades avançadas na inferência de informação, assentes na linguagem natural. Face a este cenário torna-se fundamental empreender esforços na representação do conhecimento e elaboração de ferramentas como as ontologias, para extração de informação. A presente proposta centra-se na construção de uma ontologia do parentesco histórico e respetivo povoamento automático. Procura-se explorar a extração de relações complexas num corpus de inícios do século XVIII (Gazetas manuscritas e impressa: 1729-1740), com vista à representação de redes de parentesco expressas nos textos. Das relações sociais enunciadas no corpus, a de parentesco (incluindo o fictício/espiritual) assume uma expressão política e social incontornável, como princípio organizador da sociedade. Tema relevante em diversos tipos de estudos políticos e sociais do Período Moderno. O parentesco histórico no Período Moderno da Península Ibérica integra-se em vivências comuns nomeadamente no que respeita aos aspetos políticos do Estado e da Igreja, alargados aos impérios coloniais português e espanhol. A produção documental reflete esta realidade ainda que arreigada em tipologias e terminologias distintas. Neste contexto, a ontologia do parentesco histórico é primordial. Apesar do parentesco constituir um exemplo aparentemente simples na recuperação de informação, o contexto histórico não sustenta os modelos correntes. Muito para além das diferenças terminológicas, o grande obstáculo reside nos conceitos que representam o parentesco do Período Moderno. Para conceber um modelo conceptual desta realidade, o estudo baseia-se na análise da terminologia do parentesco e em expressões de fontes setecentistas manuscritas e impressas.

Palavras-chave/Keywords: Mosteiro de Odivelas, registo digital, identificação, azulejos

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Património digital e a cidade do conhecimento / Digital heritage and the knowledge city Moderação / Chair: Leonel Morgado (UAb, Portugal)

Welcome to the future – A new kind of museum Daniela Si lva (ISCTE-IUL, Portugal)

In the past, architecture was historically concerned with religion. In more recent times, architecture has been about sustainability and technology. And will the future be about digital technologies? There is no doubt that technology is becoming central both in architecture and the museum experience. We are in a moment where technology gives shape to things. Specially in architecture, what is possible to draw with a new computer edit system can be built. This is completely different from what has been done before. In this sense, the museum will debate on how to apply technology in a sense that is useful for people and not being too abstract. We are moving beyond traditional architectural boundaries namely, art and technology. When theorizing about the impact of modern science in architecture during the 18th century, Pérez-Gómez describes a set of cultural and technological facts that contributed to a paradigm shift in the way man saw and comprehended the world. The modern scientific advancements of this period brought cultural and technological changes, which naturally affected the discipline of architecture and its values. Since then, the architectural evolution during the last two centuries has revealed an expansion enabled by computer technologies. Explosive innovation as well as the adoption of new technologies and rich sources of data are changing the cities in which we live, work, and play. Augmented Reality and Virtual Reality technologies have existed for some decades now. Although they have only definitely been on the market in recent years, they already dictate new ways of living and relating to one another. As the world will never have less technology and will change faster and faster thanks to it, certainly the architectural profession will also undergo major changes, gaining new horizons and challenges. The combination of art, architecture and technology is in it's very early stage and we cannot say how successful that's going to be. What we can expect is a new approach to uncover the presence of architecture museums in contemporary architecture culture.

Keywords: Museum, Technology, Virtual reality, Augmented reality

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Museu e individuo globalizado. Novas subjetividades do património digital, ressignif icações e comparti lhamentos virtuais Karina Muniz Viana (Universidade Paranaense, Brasi l)

O artigo apresenta alguns conceitos pautados nos resultados alcançados durante o processo de investigação da autora de 2014 a 2016, dedicada ao estudo do empoderamento do indivíduo globalizado, que transita autonomamente pelas tecnologias digitais/virtuais por intermédio de aparelhos móveis pessoais e aplicativos individuais de ressonância coletiva. Investigou o ambiente tecnológico globalizado tecido pelos novos protocolos informacionais e os mais variados ciclos produtivos de imagens e produtos digitais – processos esses que induzem o indivíduo globalizado à obtenção de um retorno imagético em tempo real, desencadeando um processo de consumo individual que sustente suas necessidades de impacto coletivo. Esse mesmo indivíduo se projeta no mundo virtual, estabelecendo um protocolo relacional com as redes híbridas; ele está aqui e em qualquer lugar, basta conectar-se. Conectar-se passa a ser assim uma ação individual, mas intrinsecamente estabelecida no substrato do corpo coletivo. O corpo imprime a partir de si próprio – origem absoluta – novas velocidades, penetrando em outros espaços, camadas e dimensões. O referido material de pesquisa analisou as plataformas Tumblr e Instagram e as diferentes formas de apropriação que o indivíduo desenvolve neste contexto, frente às práticas da Museologia tradicional, bem como as variadas formas com que opera esses dispositivos para ressignificar o Museu. E este Museu que conhecemos em sua matriz tradicional: o que coleta; cataloga; pesquisa; conserva e comunica – é o mesmo Museu que atravessa as mais variadas experiências digitais/virtuais. Nesse arcabouço comunicacional é revelado, no ambiente virtual, novas subjetividades que são permeadas pelo, que se institui, patrimônio digital empírico. Nesse novo corpo comunicacional imerso nas tecnologias digitais, o Museu se revela enquanto fenômeno e potência: ele está suscetível às experiências dos mais diferentes saberes e poderes. Se reconfigura como um laboratório empírico para as tecnociências contemporâneas, estabelecendo um elo entre o humano e o mundo – seja ele digital, virtual ou real.

Palavras-chave/keywords: Museu, Museologia, Patrimônio Digital, Virtual

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Reabil ite - platform for workforce building rehabil itation Rita Machete, Ana Paula Falcão, Marta Gomes, André Sousa, Alexandre Gonçalves (Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa, Portugal)

The “Reabilite – Platform for workforce building rehabilitation” project, funded by CERIS (Civil Engineering Research for Innovation and Sustainability), intends to promote building rehabilitation through the application of a geographical index that describes its recovery potential. This index is based on a tridimensional geographic information system (3DGIS) database and multi-criteria analyses. The 3DGIS database allows the characterization and analyses of the current urban fabric. Other characteristics, such as the architectural aspects, typology, physical condition and historical value were considered, as well as the urban environment, e.g. location, accessibility and local facility structure. To achieve the goal, a case study was developed, for which the collected data was divided amongst criteria and sub-criteria; appropriate descriptors were chosen, and their relative importance – and thereby their impact on the final value – was assessed. The methodology was applied to a set of 33 workforce buildings (pátios and vilas), managed by Lisbon’s Municipality, built in the transition from the 19th to the 20th century. Their importance is completely bound with Lisbon city development, since they were built to provide a fast accommodation response to the growing housing needs, as a consequence of the industrial development.

Keywords: 3DGIS, Multi-criteria Analyses, Decision support tools, Rehabilitation

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Keynote Lecture Sexta Feira, 10 de Novembro / Friday 10th November Digital cultural heritage: from 2D to 3D - simulation and visualization issues Helena Barbas (Faculdade de Ciências Sociais e Humanas – Universidade Nova de Lisboa, Portugal) Moderação/ Chair: Alexandra Gago da Câmara (Universidade Aberta, CHAIA- UÉvora, Portugal)

Based on some case studies, an example of iconoclastism or survival, this talk will address the challenges represented by new works of art (new strategies of manufacturing, exhibition and conservation), displayed in new places (real, virtual) to be visited and appreciated by new users (educated tourists, students, art lovers).

Partindo de alguns estudos de caso, exemplos de iconoclastia ou sobrevivência, esta conversa abordará os desafios representados por novas obras de arte (novas estratégias de fabrico, exposição e conservação), expostas em novos lugares (reais, virtuais) a serem visitadas e apreciadas por novos usuários (turistas educados, estudantes, amantes das artes).

O lugar do museu e do arquivo na era digital: repositórios digitais, instalações museológicas, recriações/representações virtuais (3D, realidade aumentada, realidade mista) I / The place of the museum and the archive in the digital era: digital repositories, museum installations, virtual recreations/representations (3D, augmented reality, mixed reality) I Moderação / Chair: Alexandra Gago da Câmara ((Universidade Aberta, CHAIA- UÉvora, Portugal)

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Cultural Heritage and Linked Open Data, a case study from Early Roman Spain Paula Loreto Granados García (The Open University, Milton Keynes, UK)

Over the last decades, humanities research has especially benefitted from the rapid development of digital technologies. Every year, new projects arise with the aim of advancing current research in Digital Humanities and a large amount of new applications are being developed to try and facilitate the path of humanities researchers through the understanding of the most varied disciplines. In Spain, Digital Humanities are slowly starting to take off as a field of study in several institutions. Nevertheless, whereas universities seem to be at the vanguard of the study and application of computational aids to advance Humanities research, other institutions such as museums and other centres for the promotion and divulgation of cultural heritage in Spain seem to have been slightly neglected in this process. Within the field of Digital Humanities, Linked Open Data resources are gradually becoming popular in the GLAM (Galleries, Libraries, Archives and Museums)sector. LOD is a low-cost technology that provides connections between data based on common features allowing the contextualisation and interoperability of the information. My doctoral investigation "Cultural Contact in Early Roman Spain through Linked Open Data" explores the possibilities offered by Linked Open Data and the Semantic Web to connect, share and make available large amounts of archaeological data regarding the question of cultural interaction. This paper will begin with a general introduction to LOD resources and its possibilities regarding data management, interoperability and contextualisation. I will then focus on some examples of cultural heritage institutions that are already using this technology. Finally, I will explore the benefits that the implementation of Spanish digital collections with this technology could bring to academic research and more specifically, Roman archaeological research.

Keywords: Digital Cultural Heritage, archaeology, Linked Open Data, Iberian Peninsula

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3D and metrology methods for the quantitative analysis of Cultural Heritage objects Vera Moitinho de Almeida (Institute for the Study of Ancient Culture, Austrian Academy of Sciences, Austria)

The objective of this talk is twofold: (1) to present a framework based on quantitative methods and 3D digital models for the analysis and interpretation of Cultural Heritage (CH) objects; (2) to provide meaningful information towards a better comprehension of these CH objects. Different strategies for 3D digital geometrical description and analysis are presented through a number of practical examples and case-studies, which span a broad diachrony ranging from the Palaeolithic in the Iberian Peninsula to the 4 th c. BC in Greece, as well as different types of objects (e.g., archery, pottery, rock art), shapes and raw-materials. This research aims at understanding to what extent distinct methodological approaches and technical choices determine the description, analysis and interpretation of CH objects.

Keywords: 3D Data, Finite Element Analysis (FEA), Quantitative Analysis, Shape Analysis

Práticas colaborativas em arquivos digitais na Península Ibérica Leonor Calvão Borges, Ana Margarida Dias da Si lva (FLUC, CIC-Digital, Portugal)

No contexto da Sociedade da Informação, a World Wide Web configura-se como ferramenta primordial de contacto e aproximação a um universo cada vez mais global de utilizadores. Ao mesmo tempo, o desenvolvimento da Web Social ou Web 2.0 veio potenciar um conjunto de possibilidades alicerçadas no aproveitamento da inteligência coletiva, onde todos são simultaneamente consumidores e produtores de informação. Neste contexto, o objetivo da presente comunicação é apresentar casos práticos de arquivos ibéricos que utilizam plataformas da Web 2.0, que funcionam simultaneamente como repositórios digitais, e analisar em que medida essa adesão à Web 2.0 traz novos contributos à gestão e difusão do conhecimento. Em primeiro lugar, analisa-se a bibliografia científica, nacional e estrangeira, sobre práticas colaborativas em arquivos, recorrendo depois à análise comparativa dos projetos identificados. Desde logo, verifica-se que a bibliografia sobre práticas colaborativas é significativa em bibliotecas, mais restrita em relação a projetos arquivísticos textuais, sendo predominante, no entanto, o estudo de práticas colaborativas em acervos de imagens. Em segundo lugar, procuram-se projetos que utilizem ferramentas colaborativas da Web 2.0, nomeadamente, blogues, Facebook, Twitter, Flickr, Zooniverse, bem como plataformas e/ou projetos desenvolvidos pelas próprias instituições. No conjunto das práticas colaborativas destacam-se projetos de identificação de imagens e, ao nível documental, de identificação e transcrição de documentos, que têm beneficiado de um desenvolvimento interessante, sendo significativos os projetos relacionados com a genealogia, a história da família e a história local. A colaboração na leitura e criação de pontos de acesso em extensos acervos documentais, tem beneficiado as instituições de memória (arquivos, bibliotecas e museus) ligadas a estes projetos, cujo contributo coletivo lhes permite gerir e difundir largos conjuntos documentais. Conclui-se pela vantagem de adesão à Web 2.0, bem como a mecanismos colaborativos de descrição e transcrição documentais, ainda que, em contexto ibérico, essa prática tenha ainda uma significativa adesão.

Palavras-chave/Keywords: Arquivos digitais, Arquivos 2.0, Participação colaborativa, Transcrições

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O lugar do museu e do arquivo na era digital: repositórios digitais, instalações museológicas, recriações/representações virtuais (3D, realidade aumentada, realidade mista) II / The place of the museum and the archive in the digital era: digital repositories, museum installations, virtual recreations/representations (3D, augmented reality, mixed reality) II

Moderação / Chair: Helena Murteira (CHAIA, UÉvora, Portugal)

Entre arquivo f ísico e digital: desafios e potencial idades de um repositório de materiais históricos

Marluci Menezes, António Santos Si lva, João Lains Amaral, Maria João Correia (LNEC, Portugal)

Assistimos no nosso País, quase todos os dias, à divulgação de iniciativas interessantes que visam contribuir para a preservação e salvaguarda do rico e diversificado património cultural e arquitetónico existente. Nesta comunicação irão ser discutidos alguns dos desafios que se colocam à criação de um arquivo digital, em paralelo com a constituição de um repositório físico, de materiais de construção históricos. Para referência considera-se o projeto DB-Heritage – Base de dados de materiais de construção com interesse histórico e patrimonial (PTDC/EPH-PAT/4684/2014), presentemente em curso e vocacionado para a criação de uma base de dados de caracterização de diferentes tipos de materiais de construção, nomeadamente pétreos, terrosos, argamassas e revestimentos, cerâmicos, metálicos, betões, madeira e pintura, incluindo também o levantamento e registo dos saberes técnicos tradicionais ligados à exploração, uso e aplicação desses materiais. A partir do enquadramento do DB-Heritage, discutem-se as vantagens da criação de um arquivo de materiais históricos que se apresenta como um repositório híbrido, porque é integrador de diferentes plataformas de dados, conhecimento e formas de divulgação da informação. Seguidamente discutem-se alguns dos desafios que presentemente se colocam à constituição desta plataforma híbrida – tangível e digital –, nomeadamente quando esta plataforma dialoga também com o património imaterial associado aos saberes técnicos-tradicionais.

Palavras-chave/keywords: Património material, Património imaterial, Arquivo digital, Repositório de materiais

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Uma estratégia de documentação digital da coleção de pinturas de Adriano de Sousa Lopes da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa (FBAUL) com um sistema de informação geográfica (SIG)

L i l iana Cardeira (Faculdade de Belas Artes, Universidade de L isboa/ Centro de Investigação e de Estudos em Belas-Artes – CIEBA; Universidade de Évora / Laboratório HERCULES, Portugal) ; Frederico Henriques (Universidade Catól ica Portuguesa/ Escola das Artes/ Centro de Investigação em Ciência e Tecnologia das Artes – CITAR, Portugal) ; Ana Bai lão (Faculdade de Belas Artes, Universidade de L isboa/ Centro de Investigação e de Estudos em Belas-Artes – CIEBA; Universidade Catól ica Portuguesa/ Escola das Artes/ Centro de Investigação em Ciência e Tecnologia das Artes – CITAR, Portugal) ; António Candeias (Universidade de Évora / Laboratório HERCULES, Portugal) ; Fernando António Batista Pereira (Faculdade de Belas Artes, Universidade de Lisboa/ Centro de Investigação e de Estudos em Belas-Artes – CIEBA, Portugal)

No âmbito de uma investigação dedicada a um conjunto de doze pinturas de Adriano de Sousa Lopes, pertencentes ao espólio da FBAUL, reuniram-se resultados laboratoriais com vista ao estudo técnico do acervo. Após a recolha de dados, um dos objetivos do trabalho foi o de criar um sistema de informação para a documentação, consulta e visualização dos fenómenos de degradação. Assim como de documentar as diversas fases de intervenção de conservação e restauro. O sistema de informação utilizado para o mapeamento das superfícies das pinturas foi um sistema de informação geográfica (SIG), em particular, o programa informático gratuito e open-source QGIS®. Os dados recolhidos na forma de imagens fotográficas foram introduzidos no SIG com o objetivo de criar, após processamentos, informação quantitativa das regiões com diversos fenómenos de degradação e das zonas de intervenção de conservação e restauro. O conjunto de funcionalidades e operações no SIG proporcionou a análise e interpretação do estado de degradação das doze pinturas. Desse modo, foi possível documentar com maior rigor as áreas onde se verificaram os fenómenos de degradação e saber, por exemplo, a extensão métrica em área das lacunas, das regiões específicas onde ocorrem as deformações do suporte e a extensão da rede de microfissuras (craquelure). Além disso, verificou-se que o mapeamento de pontos e regiões com um SIG pode ser uma ferramenta muito importante para aplicar em tempo real, durante as ações de conservação e restauro. Desse modo, os procedimentos como a consolidação e a fixação, a colocação de bandas de tensão, a aplicação de incrustações, os locais de limpeza e as respetivas soluções químicas, a aplicação de massas de preenchimento, as zonas de reintegração cromática e os pigmentos utilizados podem ser, através do método indicado, localizados no espaço pictórico de modo a avaliar a extensão dos tratamentos. Estas características capacitam o método como umas das opções mais viáveis para documentação 2D de superfícies pictóricas por parte dos conservadores-restauradores.

Palavras-chave/Keywords: Documentação, Sistemas de Informação Geográfica (SIG), Adriano Sousa Lopes, QGIS®

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O Museu Virtual da FBAUL – um processo em permanente construção

Alice Nogueira Alves (CIEBA/Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, Portugal) ; Luísa Capucho Arruda (CIEBA/Faculdade de Belas-Artes da Universidade de L isboa, Portugal)

Desde a sua criação, em 2010, o Museu Virtual da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa tem estado em permanente atualização e crescimento. Este facto, evidente quando nos referimos aos meios digitais, em que a evolução é constante, resulta numa revisão sistemática das suas premissas e objetivos. A cada nova intervenção, são adicionados novos conteúdos e possibilidades que inicialmente não foram previstos. Este processo obriga a uma reflexão sistemática sobre este museu, tendo em conta que a própria definição de Museu, pensada para um espaço físico, se baseia numa conceptualização pouco mutável. As suas mudanças estruturais acontecem ciclicamente em largos períodos de tempo, acompanhando as tendências da museologia e da museografia de cada época. No caso dos museus virtuais esta dinâmica é muito maior, ocorrendo em períodos de um ou dois anos, ou mesmo inferiores. Até mesmo o suporte que compõe o museu é modificado, como se de cada vez que houvesse uma “atualização”, este fosse completamente reconstruído desde as suas fundações, seguindo um projeto completamente distinto do anterior.

Tentando manter uma linha coerente, em que o objetivo principal prima pela difusão do conhecimento existente na instituição, seja através da divulgação dos milhares de peças que são documentos fundamentais para o estudo da história do ensino artístico em Portugal; ou do resultado da investigação de alunos e docentes, nas suas dissertações e teses dedicadas à inventariação e estudo dos espólios, há sempre novas possibilidades de se adicionarem mais informações, que vêm enriquecer este manancial de divulgação e partilha. Um bom exemplo deste processo foi a recente integração de uma visita virtual ao edifício onde se alberga a FBAUL, o antigo Convento de São Francisco da Cidade de Lisboa. Face a esta realidade tão mutável, ficamos presos no meio de uma dicotomia de difícil gestão. Em primeiro lugar, julgamos essencial refletir sobre os limites a que poderemos cingir a mudança, criando um conjunto de definições bem implementadas que visem a proteção dos objetivos e funções primordiais do Museu Virtual. Por outro lado, podemos aproveitar a falta de limites que os meios digitais nos trazem e os seus benefícios para a expansão de algo que pretende acompanhar a evolução vertiginosa das potencialidades que estes nos podem dar.

Palavras-chave: museu virtual, visita virtual

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Património digital: potencialidades e desafios nas áreas da educação e do turismo / Digital Heritage: potentialities and challenges in the areas of education and tourism

Moderação / Chair: João Carlos de Senna-Martínez (Uniarq-FLUL | SGL, Portugal)

Um espectáculo multimédia à hora do jantar na Vil la Romana da Torre

André Carneiro (Universidade de Évora, Portugal) ; Carlos Carpetudo (Empresa Cromeleque, Morbase, Portugal) ; Gonçalo Lopes (Empresa Cromeleque, Portugal)

A Villa Romana da Horta da Torre (Fronteira) tem sido objeto de escavações arqueológicas promovidas desde 2012. O que parecia ser um sítio em elevado grau de destruição acabou por revelar um conjunto estrutural relativamente bem preservado e que, sobretudo, apresenta soluções arquitetónicas e decorativas que a tornam num unicum, um local sem paralelos conhecidos até ao momento. Destaca-se a grande sala com dupla abside, coroada por um stibadium, onde o proprietário recebia os seus convidados em ambiente de grande fausto e de engenhosas soluções técnicas. O modo como a sala foi planificada denota um dominus de elevada capacidade aquisitiva e que recriou um ambiente que transporta para o ambiente alentejano os códigos e soluções habituais nas grandes villae áulicas do século IV.

Após um registo rigoroso a duas dimensões, com recurso às ferramentas CAD, e a três dimensões, recorrendo a fotogrametria convencional e à aerofotogrametria com drone, a Horta da Torre verificou-se como um exemplo único onde a virtualização poderia funcionar de uma forma exímia para a tradução do conhecimento científico. Através das ferramentas de investigação da arqueologia e da arquitetura e da arqueologia virtual, recriou-se este espaço de ócio em 3D nas suas várias vertentes que o tornariam numa experiência “multimédia” singular à hora de jantar.

Palavras-chave/keywords : Villa, romano, arquelogia virtual, 3D

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Conteúdos Imagéticos de uma Capela da Basí l ica do Palácio Nacional de Mafra entre 1730 e 1819

Frederico Henriques (UCP, Portugal) , Agnès Le Gac (FCI-UNL, Portugal) ; Eduarda Vieira (UCP, Portugal) ; António Candeias (Laboratório Hercules, UÉvora, Portugal)

Por encomenda de D. João V, e por ocasião da Consagração da Basílica da Real Obra de Mafra, foi armado in situ, nas capelas laterais da nave, em 1730, um conjunto de pinturas a óleo sobre tela. Contudo, a partir de 1755, por encomenda de D. José, foram estas pinturas maioritariamente substituídas por altos-relevos esculpidos em mármore, lavrados por Alessandro Giusti e colaboradores. Pretendeu-se reconstituir esta sucessão histórica de dois momentos chave na ornamentação da Basílica de Mafra, através de reconstituições virtuais. Tendo-se escolhido a segunda capela lateral da nave, do lado do Evangelho, por subsistirem as suas três pinturas de origem no acervo de Mafra, a virtualização incide sobre a capela primitiva exibindo as telas e, de seguida, sobre a capela modificada onde prima o programa escultórico, tal como se vê na atualidade. Para evidenciar as transformações ocorridas e produzir modelações tridimensionais com base na associação de dados digitais reais com dados virtuais, recorreu-se a técnicas contemporâneas de aquisição de imagem e computação: fotografia digital, vídeo digital, computação gráfica, modelação hard-surface e fotogrametria, do tipo structure-from-motion, auxiliada com um drone. Dar-se-á especial realce à utilização, sem precedente, de um drone dentro de um espaço interior sui generis, de uma riqueza ímpar e inscrito na lista de Património Mundial pela UNESCO, que exige todas as medidas de salvaguarda. Particularmente adaptado à monumentalidade do conjunto arquitetónico é o drone DJI Phanton 4 PRO, equipado com um sensor CMOS de uma polegada e com sensores de distância em cinco direções, que o impedem de colidir com uma superfície. Permite registar imagens fotográficas de 20 megapixéis e também filmar a 4K (60 frames por segundo). Com este projeto, pretendeu-se disponibilizar, junto do grande público, um produto animado didático sobre as pinturas remanescentes da Basílica de Mafra e contribuir para a sua valorização, numa exposição programada no Palácio Nacional de Mafra para assinalar o Tricentenário da colocação da primeira pedra da Basílica de Mafra (1717-2017).

Palavras chave/Keywords: Palácio Nacional de Mafra, Capela dos Santos Bispos, Reconstituição virtual, Blender

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O futuro da preservação dos bens culturais portugueses

Ana Guerin (FBAUL-CIEBA, Portugal) ; Ana Bai lão (FBAUL-CIEBA , CITAR, Portugal) ; E lsa Pinho (FBAUL-CIEBA, Portugal)

As carências e necessidades do Património Português são uma realidade. No âmbito da investigação sobre as “Novas formas de Financiamento de Intervenções de Conservação e Restauro – Mecenato, Patrocínio, Crowdfunding”, confirmou-se que as instituições culturais portuguesas necessitam de apoios para conseguirem assegurar a conservação do seu Património e acervos. Este facto é corroborado pelos resultados estatísticos obtidos através de um inquérito realizado a 55 museus portugueses. É essencial obter novas formas de financiamento que permitam a conservação e restauro dos bens culturais portugueses. As novas modalidades aqui abordadas, o mecenato, o patrocínio e o crowdfunding, encontram-se intimamente relacionadas com as atuais estratégias de marketing cultural e digital. O mecenato cultural, apesar de praticado desde a antiguidade clássica, posicionou-se nos últimos anos de forma díspar, encontrando-se agora bastante ligado a ações de responsabilidade social de grandes grupos empresariais, que o utilizam para publicitar nos seus websites e páginas de redes socias as suas ações filantrópicas. O mesmo acontece com ações de patrocínio cultural, que como têm objetivos exclusivamente comerciais, são amplamente divulgados junto do público-alvo do patrocinador, de forma a obterem os benefícios comerciais propostos. Aqui, são habitualmente utilizados todos os meios de publicidade, desde os mais tradicionais, como os jornais e revistas, aos mais contemporâneos como a publicidade através do digital. No que diz respeito ao modelo de financiamento coletivo, este só existe no mundo digital. A divulgação, a promoção e a angariação de verbas são as melhores características deste tipo de financiamento, que cada vez mais ganha adeptos em Portugal. Estes três modelos de financiamento cultural, apresentados através de casos de estudo portugueses, partilham a mesma tipologia de comunicação, pois recorrem a canais digitais como websites, blogs, plataformas e redes socias, onde divulgam, promovem e simultaneamente angariam verbas para a preservação do património cultural português. Através dos exemplos exibidos será percetível a sensibilização provocada por cada um dos modelos apresentados que, não obstante de terem a mesma finalidade são utilizados com intuitos distintos. Contudo, os meios digitais conferem visibilidade a este tipo de ações, alertando desse modo a população para a necessidade de envolvência da comunidade na preservação dos bens culturais portugueses. O financiamento para a salvaguarda dos bens culturais portugueses, através de intervenções de conservação e restauro, poderá assim encontrar-se relacionado com financiamento digital através de atos de ação social cultural. Palavras – chave/keywords: Financiamento digital, Conservação e Restauro, Bens culturais