boletimef.org a prescricao do exercicio fisico aerobio para hipertensos

Upload: fabioibaf-santos

Post on 10-Mar-2016

214 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

boletim exercicio

TRANSCRIPT

  • A prescrio do exerccio fsico aerbio para hipertensos

    Alisson Gomes da SILVA1 Vincius Dias RODRIGUES2

    Leonardo Ferreira MACHADO3

    [email protected]

    RESUMO

    A prtica regular de exerccio fsico aerbio proporciona benefcios aos normotensos e hipertensos devido ao efeito hipotensor observado ps-exerccio, e s adaptaes crnicas do organismo a um trabalho acima dos nveis de repouso. Assim, caracteriza-se como importante estratgia no-medicamentosa para a preveno e tratamento da hipertenso arterial. No entanto, para que os efeitos hipotensores do treinamento fsico sejam potencializados, importante observar as recomendaes sobre a frequncia semanal de exerccios, a sua durao e intensidade. Diante disto, o objetivo deste artigo de reviso apresentar estes critrios de prescrio do exerccio fsico aerbio para hipertensos.

    Unitermos: Exerccio fsico, Hipertenso arterial.

    http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Ao 13 - N 127 - Diciembre de 2008

    1 Profissional de Educao Fsica 2 Profissional de Educao Fsica 3 Prof. do curso de Educao Fsica da Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES

  • Introduo

    A hipertenso arterial (HA) est associada a um aumento da incidncia de

    mortalidade por doenas cardiovasculares, acidente vascular enceflico, doena

    coronariana, insuficincia cardaca, doena arterial perifrica e insuficincia renal

    (AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE, 2004).

    O tratamento da doena engloba, alm da terapia farmacolgica, a adoo de

    hbitos de vida saudveis (LIMA et al, 2006; LATERZA, BRANDO RONDON e

    NEGRO, 2007), como a prtica do exerccio fsico aerbio. Este recebe destaque

    na literatura como mtodo preventivo e de tratamento da HA (SOCIEDADE

    BRASILEIRA DE MEDICINA DO ESPORTE, 1996; FORJAZ et al, 1998; NEGRO;

    FORJAZ, 2000; BRANDO RONDON; BRUM, 2003; LOPES et al, 2003;

    DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HPERTENSO ARTERIAL, 2006; SILVA et al,

    2008).

    Os conhecimentos adquiridos nas ltimas dcadas apontam no sentido de

    que aps a realizao de uma nica sesso de exerccio fsico aerbio, os nveis de

    presso arterial (PA) diminuem e permanecem abaixo dos nveis pr-exerccio

    (LATERZA; BRANDO RONDON; NEGRO, 2007).

    Ainda, normotensos e hipertensos se beneficiam com a prtica regular de

    exerccio fsico devido s adaptaes crnicas do organismo a um trabalho acima

    dos nveis de repouso (KRINSKI et al, 2006). Conseqentemente, o treinamento

    fsico promove um conjunto de adaptaes morfolgicas e funcionais que conferem

    maior capacidade ao organismo para responder ao estresse do exerccio (DIRETRIZ

    DE REABILITAO CARDACA, 2005).

    No entanto, para que os efeitos hipotensores do treinamento fsico sejam

    alcanados, faz-se necessrio a considerao de alguns fatores, ou seja, uma

    padronizao quanto frequncia, intensidade e durao das sesses (NEGRO;

    BRANDO RONDON, 2001; BRANDO RONDON; BRUM, 2003).

    Assim, o objetivo deste estudo apresentar o posicionamento da literatura

    sobre essas variveis (frequncia, durao e intensidade) da prescrio do exerccio

    fsico aerbio para indivduos hipertensos.

  • Frequncia semanal

    No que diz respeito frequncia semanal de exerccios, de acordo com

    Brando Rondon e Brum (2003), alguns autores (NELSON et al, 1986) apontam que

    sete sesses por semana seja a freqncia ideal, enquanto para outros (HALBERT

    et al, 1997) no h benefcio adicional em mais do que trs sesses semanais. Silva

    e Lopez (2001) relatam que para ter algum efeito hipotensor recomendvel uma

    freqncia mnima de 3 vezes por semana, sendo que frequncias maiores

    produzem maior efeito hipotensor. No mesmo sentido, as Diretrizes Brasileiras de

    Hipertenso Arterial (2006) e o American College of Sports Medicine (2004) orientam

    que a freqncia de exerccios aerbios seja de trs ou mais sesses por semana.

    Durao do exerccio

    Overton, Joyner e Tripton (1988 apud LATERZA; BRANDO RONDON;

    NEGRO, 2007) viram que em animais espontaneamente hipertensos, o exerccio

    fsico com durao de 40 minutos provoca uma diminuio da PA maior e mais

    prolongada do que o exerccio com durao de 20 minutos. O mesmo foi observado

    por Forjaz et al (1998), que demonstraram que uma sesso de exerccio fsico mais

    prolongado provoca resposta hipotensora maior que uma sesso de exerccio mais

    curta. Os resultados mostraram que o exerccio dinmico (cicloergmetro) com

    durao de 45 minutos provocou queda pressrica mais acentuada e duradoura que

    o exerccio com durao de 25 minutos. A intensidade utilizada foi de 50% do VO

    de pico e a velocidade de 60 rpm.

    Os autores supracitados atribuem esses resultados vasodilatao

    provocada pelo exerccio fsico nas musculaturas ativa e inativa, resultante do

    acmulo de metablitos musculares provocado pelo exerccio (potssio, lactato e

    adenosina) ou dissipao do calor produzida pelo exerccio fsico.

    As Diretrizes Brasileiras de Hipertenso Arterial (2006) e o American College

    of Sports Medicine (2004) preconizam que a durao do exerccio seja de 30 a 60

    minutos.

  • Intensidade do exerccio

    Se por um lado a durao do exerccio determina a magnitude da hipotenso

    ps exerccio, por outro, Matsudaira et al (1998 apud NEGRO; FORJAZ, 2000)

    mostraram que o exerccio fsico realizado em diferentes intensidades (30%, 50% e

    70% do consumo mximo de oxignio) provocam diminuio parecida da presso

    arterial (PA). Resultados parecidos foram encontrados por Forjaz et al (1998 apud

    NEGRO; BRANDO RONDON, 2001) ao estudarem, em indivduos saudveis, o

    comportamento da PA no perodo ps-exerccio. Os autores demonstraram que a

    diminuio na PA era independente da intensidade do exerccio, ou seja, o exerccio

    realizado em 30%, 50% e 80% do VO de pico provocou quedas semelhantes na

    PA.

    Apesar desses achados, os resultados de estudos de Negro e Brando

    Rondon (2001) mostram que o treinamento fsico deve ser de baixa intensidade para

    se alcanar os efeitos hipotensores desejados. No mesmo sentido, Irigoyen et al

    (2003) afirmam que o treinamento fsico de baixa intensidade causa reduo

    significante da resistncia vascular perifrica, determinada por reduo da

    vasoconstrio, melhora da funo endotelial e/ou alteraes estruturais da

    microcirculao.

    O American College of Sports Medicine (2004) preconiza que a intensidade

    do exerccio para hipertensos sedentrios deve ser de 40% a 60% da capacidade

    funcional mxima. Corroboram Mattos et al (1997 apud NEGRO; FORJAZ, 2000)

    ao demonstrarem que, enquanto o treinamento fsico realizado em torno de 50% a

    55% do consumo mximo de oxignio atenua, sobremaneira, a HA, o treinamento

    fsico de alta intensidade no a modifica significativamente.

    Ishikawa et al (1999 apud MONTEIRO; SOBRAL FILHO, 2004) estudaram

    109 indivduos hipertensos nos estgios I e II que realizaram treinamento leve por

    oito semanas em academias. Os autores constataram que houve reduo

    significativa da PA em todos, apesar de os indivduos idosos apresentaram menor

    reduo nos nveis pressricos do que os indivduos jovens.

    Em relato de caso de uma paciente admitida em programa de

    condicionamento fsico de preveno primria, Saraiva e Gabriel (2001) constataram

    melhoras significativas nos seguintes parmetros hemodinmicos: freqncia

    cardaca (FC) de repouso, FC de exerccio (carga mxima comum), PA sistlica e

  • PA diastlica em repouso, PA sistlica e PA diastlica em exerccio (carga mxima

    comum), presso arterial mdia em repouso e em exerccio. Eram realizados

    exerccios isotnicos, trs vezes por semana durante seis meses, com intensidade

    entre 60% a 70% da FC mxima.

    Por fim, as Diretrizes Brasileiras de Hipertenso Arterial (2006) recomendam

    que a intensidade seja de 50% a 70% do consumo mximo de oxignio ou FC de

    reserva para indivduos sedentrios, e 60% a 80% da FC de reserva para indivduos

    condicionados.

    Os exerccios resistidos de baixa intensidade so indicados aos hipertensos

    em complemento aos exerccios aerbios, at mesmo devido aos seus benefcios

    sobre o sistema osteomuscular (FORJAZ et al, 2003). A sobrecarga deve ser de

    50% a 60% da contrao voluntria mxima, e o exerccio interrompido quando a

    velocidade do movimento diminuir (antes da fadiga concntrica) (DIRETRIZES

    BRASILEIRAS DE HIPERTENSO ARTERIAL, 2006).

    Consideraes Finais

    A prtica regular de exerccio fsico aerbio provoca adaptaes importantes

    que influenciam significativamente os nveis pressricos. Assim, caracteriza-se como

    uma importante conduta no-medicamentosa de preveno e tratamento da HA.

    De acordo com os estudos revisados, para que os efeitos hipotensores do

    treinamento fsico sejam alcanados, a intensidade do exerccio aerbio deve ser

    baixa a moderada, realizado com uma frequncia de 3 ou mais vezes na semana, e

    com durao entre 30 e 60 minutos. Ainda, pode-se lanar mo do exerccio

    resistido moderado como complemento ao treinamento.

    Referncias

    AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE. Position Stand: Exercise and Hypertension. Medicine & Science in Sports & Exercise, v. 36, n. 3, p. 533-553, 2004.

    BRANDO RONDON, M.U.P.; BRUM, P.C. Exerccio fsico como tratamento nofarmacolgico da hipertenso arterial. Revista Brasileira de Hipertenso, So Paulo, v. 10, n. 2, p. 134-139, mai. 2003.

  • DIRETRIZ DE REABILITAO CARDACA. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, So Paulo, v. 84, n. 5, p. 431-440, mai. 2005.

    DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSO ARTERIAL, V. Sociedade Brasileira de Hipertenso; Sociedade Brasileira de Cardiologia; Sociedade Brasileira de Nefrologia, 2006.

    FORJAZ, C.L.M. et al. A Durao do exerccio determina a magnitude e a durao da hipotenso ps- exerccio. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, So Paulo, v. 70, n. 2, p. 99-104, 1998.

    FORJAZ, C.L.M., et al. Exerccio resistido para o paciente hipertenso: indicao ou contra-indicao? Revista Brasileira de Hipertenso, So Paulo, v. 10, n. 2, p. 119-124, abril/junho 2003.

    IRIGOYEN, M.C. et al. Exerccio fsico no diabetes melito associado hipertenso arterial sistmica. Revista Brasileira de Hipertenso, So Paulo, v. 10, n. 2, p. 10917, mai. 2003.

    KRINSKI, K. et al. Efeitos do exerccio fsico em indivduos portadores de diabetes e hipertenso arterial sistmica. Revista Digital, Buenos Aires, v. 10, n. 93, fev. 2006. Disponvel em: . Acesso em: 21 ago. 2007.

    LATERZA, M.C.; BRANDO RONDON, M.U.P.; NEGRO, C.E. Efeito antihipertensivo do exerccio. Revista Brasileira de Hipertenso, So Paulo, v. 14, n. 2, p. 104-111, fev. 2007.

    LIMA, V. et al. Fatores de risco associados a hipertenso arterial sistmica em vitimas de acidente vascular cerebral. RBPS, Fortaleza, v. 19, n. 3, p. 148-154, mar. 2006.

    LOPES, H.F., et al. Tratamento no medicamentoso da hipertenso arterial. RSCESP, So Paulo, v. 13, n. 1, p. 148-155, jan. a fev. 2003.

    MONTEIRO, M.F.; SOBRAL FILHO, D.C. Exerccio fsico e o controle da presso arterial. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, So Paulo, v. 10, n. 6, p. 513516, nov. a dez. 2004.

    NEGRO, C.E.; BRANDO RONDON, M.U.P. Exerccio fsico, hipertenso e controle barorreflexo da presso arterial. Revista Brasileira de Hipertenso, So Paulo, v. 8, n. 1, p. 89-95, jan. a mar. 2001.

    NEGRO, C.E; FORJAZ, C.L.M. Exerccio fsico e hipertenso arterial. 1 Congresso Virtual de Cardiologia, 2000. Disponvel em: . Acesso em: 23 ago. 2007.

    SARAIVA, J.F.K.; GABRIEL, E.A. Exerccio fsico e hipertenso arterial: relato de caso. Revista Brasileira de Hipertenso, So Paulo, v. 4, n. 3, 2001.

  • SILVA, A.G. et al. Exerccio fsico como meio de preveno e tratamento da hipertenso arterial. Revista Digital Buenos Aires, v. 10, n. 126, nov. 2008. Disponvel em: . Acesso em: 18 nov. 2008.

    SILVA, F.C.M.; LOPEZ, R.F.A. Efeito fisiolgico imediato da aula de uma atividade fsica na gua, em mulheres com hipertenso arterial. Revista Digital Buenos Aires, v. 7, n. 43, dez. 2001. Disponvel em:. Acesso em: 21 set. 2007.

    SOCIEDADE BRASILEIRA DE MEDICINA DO ESPORTE. Posio oficial da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte: atividade fsica e sade. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, So Paulo, v. 2, n. 4, p. 79-81, out. a dez. 1996.