boletim trimestral do escritório professor rené dottidireitos da personalidade, entre eles, a...

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Ano 8 . nº 22 . Outubro / Novembro / Dezembro / 2013 René Ariel Dotti . Rogéria Dotti . Julio Brotto Patrícia Nymberg . Alexandre Knopfholz Fernanda Pederneiras . Francisco Zardo . Vanessa Scheremeta José Roberto Trautwein . Fernando Welter Gustavo Scandelari . Rafael de Melo . Vanessa Cani Cícero Luvizotto . Mariana Guimarães Luis Otávio Sales . Guilherme Alonso . Thais Guimarães Alisson Nichel . Laís Bergstein . André Meerholz Renata Steiner . Diana Geara . Emilly Crepaldi Bruno Correia . Vinícius Presente Boletim Trimestral do Escritório Professor René Dotti Áreas de Atuação: Direito Administrativo, Ambiental, Civil, Constitucional, Criminal, Desportivo, Eleitoral, Família e Sucessões. A contratação mediante utilização de dados de terceiro e a responsabilidade da instituição financeira Vanessa Cani Companhias aéreas – cobrança indevida gera dano moral e direito de restituição em dobro Cícero Luvizotto Garantia de equilíbrio econômico financeiro do contrato administrativo Mariana Guimarães O pragmatismo do STF e as nulidades absolutas Guilherme Alonso Homicídio praticado na direção de automóvel: dolo eventual vs. culpa consciente Luis Otávio Sales “A liberdade de informação contém os seguintes direitos: a) o direito de informar; b) o direito de se informar; c) o direito de ser informado. O primeiro é inerente ao órgão de comunicação social (jornal, rádio, televisão) e os demais são relativos ao cidadão”. (Prof. René Ariel Dotti)

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Page 1: Boletim Trimestral do Escritório Professor René Dottidireitos da personalidade, entre eles, a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem (art. 220 e § 1º). Tais considerações

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Ano 8 . nº 22 . Outubro / Novembro / Dezembro / 2013

René Ariel Dotti . Rogéria Dotti . Julio BrottoPatrícia Nymberg . Alexandre Knopfholz

Fernanda Pederneiras . Francisco Zardo . Vanessa Scheremeta José Roberto Trautwein . Fernando Welter

Gustavo Scandelari . Rafael de Melo . Vanessa CaniCícero Luvizotto . Mariana Guimarães

Luis Otávio Sales . Guilherme Alonso . Thais GuimarãesAlisson Nichel . Laís Bergstein . André Meerholz

Renata Steiner . Diana Geara . Emilly CrepaldiBruno Correia . Vinícius Presente

Boletim Trimestral do Escritório Professor René DottiÁreas de Atuação: Direito Administrativo, Ambiental, Civil, Constitucional, Criminal, Desportivo, Eleitoral, Família e Sucessões.

A contratação mediante utilização

de dados de terceiro e a responsabilidade da instituição financeira

Vanessa Cani

Companhias aéreas – cobrança indevida gera dano moral e direito de

restituição em dobro

Cícero Luvizotto

Garantia de equilíbrio econômico financeiro

do contrato administrativo

Mariana Guimarães

O pragmatismo do STF e as nulidades absolutas

Guilherme Alonso

Homicídio praticado na direção de

automóvel: dolo eventual vs. culpa

conscienteLuis Otávio Sales

“A liberdade de informação contém os seguintes direitos: a) o direito de informar;

b) o direito de se informar; c) o direito de ser informado. O primeiro é inerente ao órgão de comunicação social (jornal, rádio, televisão) e

os demais são relativos ao cidadão”.

(Prof. René Ariel Dotti)

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EDITORIAL

Administração pública e liberdade de informação (René Ariel Dotti) .................................................................................................................. 3

SEÇÃO INFORMATIVA

Aperfeiçoamento profissional e pesquisa jurídica: notas marcantes da Dotti & Advogados Associados ..................................... 4Novo núcleo de contratos e arbitragem ............................................................................................................................................................... 4Participação em eventos ............................................................................................................................................................................................ 5Palestra ............................................................................................................................................................................................................................. 5

RESPONSABILIDADE SOCIAL - APOIO DE DOTTI & ADVOGADOS ASSOCIADOS

Projeto Rede do Bem do Hospital Pequeno Príncipe ....................................................................................................................................... 5Instituto TMO/Associação Alírio Pfiffer ................................................................................................................................................................. 6Projeto Ler e Pensar ...................................................................................................................................................................................................... 6

LEGISLAÇÃO

Mudanças relevantes................................................................................................................................................................................................... 6

PODER JUDICIÁRIO E ADVOCACIA: DIÁLOGO E TRANSPARÊNCIA (Rogéria Dotti) ..................................................................................................................... 7

E POR FALAR EM SOBERANIA (Julio Brotto) ..................................................................................................................................................................................... 8

DIREITO CIVIL

Titular de blog é responsável pelos textos que divulga (Patrícia Nymberg) ........................................................................................................ 8A indevida modificação acentuada do contrato de seguro (José Roberto Trautwein) ........................................................................................ 9O pagamento da quantia incontroversa nas ações revisionais contra instituições financeiras (Fernando Welter) ............................... 9A contratação mediante utilização de dados de terceiro e a responsabilidade da instituição financeira (Vanessa Cani) ............. 10Companhias aéreas – cobrança indevida gera dano moral e direito de restituição em dobro (Cícero Luvizotto) ............................. 10Vício oculto nos produtos: responsabilidade após o prazo de garantia (Laís Bergstein) ........................................................................... 10Representação comercial: a importância da redação do contrato (Renata Steiner) .................................................................................... 11Erro de arbitragem não gera dano moral ao torcedor (Vinícius Presente) ........................................................................................................ 11O agronegócio brasileiro (Willian Zanoni) ................................................................................................................................................................. 11

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Consumado está! (Emilly Crepaldi) ................................................................................................................................................................................ 12

DIREITO DE FAMÍLIA

Validade do casamento celebrado no exterior (Fernanda Pederneiras) ............................................................................................................... 12Ocultação da verdade quanto a paternidade biológica (Vanessa Scheremeta) ............................................................................................... 12Prestação alimentícia e o Estatuto do Idoso (Thais Guimarães) ........................................................................................................................... 13Da possibilidade de alteração do regime de bens (após a celebração do casamento) (Diana Geara) ................................................. 13

DIREITO ADMINISTRATIVO

O ressarcimento ao erário é imprescritível? O STF dará a palavra final (Francisco Zardo) ........................................................................... 14Garantia de equilíbrio econômico financeiro do contrato administrativo (Mariana Guimarães) ............................................................. 14Concessionários de serviço público podem recorrer ao Judiciário para impedir dano iminente a ser causado por manifestantes (Alisson Nichel) ....................................................................................................................................................................................... 15A remuneração da caderneta de poupança (André Meerholz) ............................................................................................................................. 15

DIREITO CRIMINAL

A responsabilidade penal das pessoas jurídicas na visão dos tribunais (Alexandre Knopfholz) ................................................................. 16Porte ilegal de arma de fogo desmuniciada é crime? (Gustavo Scandelari) ...................................................................................................... 16Os contornos virtuais da violência contra a mulher (Rafael de Melo) ................................................................................................................ 16Homicídio praticado na direção de automóvel: dolo eventual vs. culpa consciente (Luis Otávio Sales) ............................................... 17O pragmatismo do STF e as nulidades absolutas (Guilherme Alonso) ................................................................................................................ 17Receptação de sinal de tv por assinatura é crime? (Bruno Correia) ................................................................................................................... 17

ESPAÇO LIVRE DOS ESTAGIÁRIOS

A adoção póstuma e o novo entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ) (Camila Grubert) ..................................................... 18Conciliação e mediação: métodos pouco usados, porém mais eficazes (Karen Laís Tavares) ..................................................................... 18A impossibilidade da aplicação da tese da “deslegalização” (Fabio Alfredo Dias Jaensch) ............................................................................... 18Concussão: ato ilícito com sérias consequências (Hevelin Quintão) ................................................................................................................... 19

Substituição de penas privativas de liberdade por penas restritivas de direitos (Paula Gabrielle Tracz) ................................................. 19A especialização das varas criminais pelo delito (Vinícius Cim) ......................................................................................................................... 19

ÍNDICE

Page 3: Boletim Trimestral do Escritório Professor René Dottidireitos da personalidade, entre eles, a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem (art. 220 e § 1º). Tais considerações

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O art. 37 da Constituição Federal estabelece que a publicidade dos atos ofi-ciais é um dos princípios elementares da Administração Pública. A mesma Carta Magna garante a liberdade de informação jornalística, ressalvada a proteção dos direitos da personalidade, entre eles, a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem (art. 220 e § 1º).

Tais considerações vêm a propósito do conflito forense entre o ex-presidente do TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARANÁ e o jornal Gazeta do Povo, quando o pri-meiro obteve uma decisão liminar determinando a abstenção, pelo órgão de co-municação, de publicar qualquer matéria que pudesse ser considerada ofensiva à honra, à boa fama e à respeitabilidade do magistrado.

Tratando-se de reprovável censura prévia – proibida expressamente pela maior lei da República (art. 220, § 2º) –, a Gazeta do Povo ingressou no SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL com uma Reclamação. Antes do respectivo julgamento, o ex-presidente desistiu da iniciativa e prestou uma declaração pública em favor da liberdade de imprensa.

O episódio, de repercussão nacional, demonstrou que o conflito entre a li-berdade de informação e os direitos da personalidade deve ser resolvido em favor do interesse público visado pela informação.

A liberdade de informação contém os seguintes direitos: a) o direito de in-formar; b) o direito de se informar; c) o direito de ser informado. O primeiro é inerente ao órgão de comunicação social (jornal, rádio, televisão) e os demais são relativos ao cidadão.

Na presidência do TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARANÁ, logo após a eleição de 3 de outubro, o ilustre e sensível Desembargador GUILHERME LUIZ GOMES declarou, na entrevista coletiva, que sua gestão será praticada com transparên-cia, convivência harmoniosa com o Legislativo e o Executivo, além de instâncias do poder civil (como a OAB e o Ministério Público), sempre no interesse do bem comum. Suas palavras reafirmam a liberdade de informação jornalística.

RENÉ ARIEL DOTTI

Administração pública e liberdade de informação

EDITORIAL

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SEÇÃO INFORMATIVA

O jurista uruguaio EDUARDO COU-TURE (1904-1956), em sua pequena grande obra “Os Mandamentos do Ad-vogado”, estipula, como primeira regra do profissional da Advocacia, o estudo. Segundo ele, “O direito está em constante transformação. Se não o acompanhas, se-rás cada dia menos advogado.”

Esse mandamento é seguido à risca pela DOTTI & ADVOGADOS ASSOCIA-DOS. A atuação profissional de seus in-tegrantes possui a bagagem acadêmica necessária para uma defesa efetiva e inteligente de seus clientes. Além do ti-tular do Escritório – Professor Titular de Direito Penal da Universidade Federal do Paraná – o corpo jurídico do Escritório é composto exclusivamente por Mestres, Especialistas e Pós-graduados em suas respectivas áreas, alguns dos quais pro-fessores em cursos de graduação e pós--graduação da capital paranaense.

A relevância da pesquisa científica para os integrantes do Escritório pode ser observada, igualmente, pelas suas participações nos mais diversos insti-

tutos de estudo do Direito, tais como o IBDFAM (Instituto Brasileiro de Direito de Família) e o IBDPE (Instituto Brasileiro de Direito Penal Econômico). O Professor RENÉ DOTTI é, ainda, Presidente Hono-rário do Grupo Brasileiro da Associação Internacional de Direito Penal (AIDP). ROGÉRIA DOTTI, por sua vez, é a atual coordenadora da Escola Superior de Ad-vocacia (ESA) da OAB/PR.

A importância do estudo e da análi-se teórica do Direito pode ser verificada pela produção bibliográfica dos mem-bros do Escritório. Neste ano, foi lança-da a 5ª edição, atualizada e ampliada, do “Curso de Direito Penal” do Professor RENÉ DOTTI (Editora Revista dos Tribu-nais), que, igualmente, publicou a obra “A posição sistemática da culpabilidade” (Editora Nuria Fabris). Ainda recente-mente, foram editadas as obras “Direito e Justiça – Decisões em destaque” (Edito-ra Iglu) e “O crime tributário de descami-nho” (Editora Lex Magister), de autoria do Advogado GUSTAVO SCANDELARI; e os livros “A denúncia genérica nos crimes

econômicos” (Editora Nuria Fabris) e “Li-mites ao âmbito de atuação das Comis-sões Parlamentares de Inquérito” (Editora Iglu), de autoria do Advogado ALEXAN-DRE KNOPFHOLZ.

A busca pelo conhecimento motivou, inclusive, a criação do CENTRO DE ESTU-DOS PROFESSOR DOTTI, um espaço re-servado para a produção intelectual e a realização de cursos de aperfeiçoamen-to profissional. Atualmente, o Centro de Estudos, em parceria com a Universida-de Positivo (UP), oferece gratuitamente aos seus alunos (aprovados mediante concurso) o curso de “Aperfeiçoamento em Prática de Advocacia Criminal.”

O constante aperfeiçoamento pro-fissional e a incessante pesquisa jurídi-ca traduzem elementos indispensáveis à DOTTI & ADVOGADOS ASSOCIADOS. Afinal, e conforme EDUARDO COUTURE, “Como todas as artes, a advocacia só se aprende com sacrifício, e, como em todas as artes, também se vive em constante aprendizagem.”

Aperfeiçoamento profissional e pesquisa jurídica: notas marcantes da Dotti & Advogados Associados

É com enorme satisfação que informamos aos nossos clientes e amigos que a partir de outubro de 2013 a atuação do Escritório Dotti & Advogados na área cível passa a ser ampliada, com a criação de um Núcleo de Contratos e Arbitragem. O setor, sob responsabilidade e coordenação da advogada RENATA STEINER, oferece aos nossos clientes atividade de consultoria e assessoria na redação e revisão de contratos, cíveis e empresariais, bem como atuação em arbitragens nacionais e in-ternacionais.

RENATA STEINER é Doutoranda em Direito Civil na Universidade de São Paulo, Mestre em Direito Civil na Universidade Federal do Paraná e Professora de Direito Civil, dedicando-se especialmente ao estudo do Direito Contratual. Possui diversos artigos e capítulos de livros publicados, no Brasil e no exterior, sobre o tema.

Novo núcleo de contratos e arbitragem

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RESPONSABILIDADE SOCIAL - APOIO DE DOTTI & ADVOGADOS ASSOCIADOS

O Advogado ALEXANDRE KNOPFHOLZ proferiu a palestra “O Novo Código de Processo Penal: avanços, re-trocessos e perspectivas”, na Semana do Advogado da OAB de Joinville/SC. Na exposição, foram abordadas as principais alterações que ocorrerão com o advento do novo Código de Processo Penal, que deve ser sancio-nado no próximo ano. O evento realizou-se no último dia 8 de agosto na SOCIESC - Sociedade Educacional de Santa Catarina.

PalestraParticipação em eventos

No dia 26 de agosto, o professor RENÉ DOTTI participou do CONGRESSO NACIONAL DA ADVOCACIA CRIMINAL, em homena-gem ao “Prof. José da Costa Jr”, no Teatro Gazeta, em São Paulo. Na ocasião o tema abordado foi: O cidadão e o novo Tribunal do Júri.

O professor RENÉ DOTTI também participou do Seminário In-ternacional do IBCCRIM, que acorreu entre os dias 27 e 31 de agos-to, no Hotel Tivoli Monfarrej, também em São Paulo. No seminário, o professor presidiu a conferência do Prof. Luiz Fernando Niño, inti-tulada Evolução e crítica ao direito penal do inimigo.

Projeto rede do bem do Hospital Pequeno Príncipe

O Hospital Pequeno Príncipe é o maior Hospital exclusivamente pedi-átrico do Brasil, uma instituição filan-trópica sem fins lucrativos que destina no mínimo 60% de sua capacidade de atendimentos para crianças que utilizam o SUS. Todos os anos são feitos mais de 340 mil atendimentos ambulatoriais di-vididos em 32 especialidades, 24 mil in-ternações e 18 mil cirurgias (em média 1 cirurgia a cada meia hora todos os dias). Desde 1919 o Pequeno Príncipe trabalha para atender a sociedade, assegurando a equidade nos tratamentos, valorização da família, desenvolvimento humano e mobilização social, aliados a uma assis-tência de ponta com os melhores médi-cos equipamentos.

Desde 2006, o Hospital conta com uma área chamada Novos Projetos, es-pecializada na captação de recursos de maneira profissionalizada. Esta área já ajudou a viabilizar obras como a am-pliação do Hospital em 4 novos andares, compras de materiais e equipamentos médicos, fortalecimento do setor de Educação e Cultura, reformas estrutu-

rais, programas de incentivo a humani-zação e acompanhamento familiar no período de internamento, e Pesquisas na área da saúde.

Em 2011, o Hospital fechou uma par-ceria com a DOTTI & ADVOGADOS AS-SOCIADOS em um programa chamado Seleção Gols Pela Vida. Este programa, desde 2009, tem viabilizado recursos para o Instituto Pelé Pequeno Príncipe, onde são desenvolvidas pesquisas com foco na cura e prevenção de doenças complexas que assombram a sociedade. Em 2013, esta parceria foi ampliada para um programa de mobilização social cha-mado Rede do Bem, programa o qual leva o Pequeno Príncipe para dentro da empresa através de uma apresentação do Hospital, e abrindo a possibilidade para novos apoiadores fazerem parte de um projeto social bem estruturado.

Atualmente, o projeto Rede do Bem conta com mais de 1.100 doadores, to-dos eles mobilizados por aproximada-mente 70 empresas parceiras do Hospi-tal, e que, através do forte engajamento e identificação pela causa, entenderam

a importância de envolver seus colabo-radores pelo sonho da transformação social. Aqueles que quiserem fazer uma doação ao Hospital precisam somente autorizar um desconto em folha de pa-gamento a partir de R$12,00, e recebe-rão contrapartidas que vão desde um porta recado personalizado do Pequeno Príncipe até descontos em mais 50 esta-belecimento conveniados. Toda a renda do projeto é revertida para as UTIs do Hospital, que representam cerca de 55% das UTIs pediátricas do estado do Paraná.

Mais informações em: doepequenoprincipe.org.br/rede-do-bem/

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LEGISLAÇÃO

* O presente espaço foi criado por sugestão do Advogado João Carlos de AlmeidaMudanças relevantes

» CRIAÇÃO DOS TRIBUNAIS REGIO-NAIS FEDERAIS DA 6ª, 7ª, 8ª E 9ª REGIÕESEmenda Constitucional nº 73, de 06/06/2013 (Publicada no DOU de 07/06/2013)

Prevê a criação de 4 Tribunais Regio-nais Federais: (i) da 6ª Região, com sede em Curitiba, com jurisdição sobre os Estados do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul; (ii) da 7ª Região, com sede em Belo Horizonte e juris-dição sobre o Estado de Minas Gerais; (iii) da 8ª Região, com sede em Salva-dor e jurisdição sobre os Estados da Bahia e Sergipe e (iv) da 9ª Região, com sede em Manaus e jurisdição sobre os Estados do Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima.

Os Tribunais Regionais Federais da 6ª, 7ª, 8ª e 9ª Regiões deverão ser instala-

dos no prazo de 6 (seis) meses, a contar da promulgação da Emenda Constitu-cional ocorrida em 06 de julho de 2013.

No dia 28/06/2013 o colegiado do Conselho da Justiça Federal aprovou texto de anteprojeto de lei que dispõe sobre a estruturação dos novos Tribu-nais. Contudo, no dia 17/07/2013 o Presidente do SUPREMO TRIBUNAL FE-DERAL, Ministro JOAQUIM BARBOSA, concedeu liminar na Ação Direta de Inconstitucionalidade proposta pela Associação Nacional dos Procuradores Federais, suspendendo a tramitação da lei. A decisão final caberá ao Plená-rio do STF.

» RECUPERAÇÃO FLORESTAL DE ÁREAS RURAIS DESAPROPRIADAS, QUILOMBOLAS E INDÍGENASLei nº 12.854/2013, de 26/08/2013(Publicada no DOU de 27/08/2013)

Fomenta e incentiva ações que pro-movam a recuperação florestal e a im-plantação de sistemas agroflorestais em áreas rurais desapropriadas pelo Poder Público e em áreas degrada-das em posse de agricultores familia-res assentados, de quilombolas e de indígenas.  As ações de recuperação serão financiadas com recursos de fundos nacionais como o de Mudança do Clima, o da Amazônia, o do Meio Ambiente e o de Desenvolvimento Florestal, além de acordos bilaterais ou multilaterais, contratos de gestão e convênios celebrados com órgãos e entidades da Administração Pública federal, estadual ou municipal, de doa-ções e, ainda, de verbas do orçamento da União ou privadas. 

Fundado em 1988 por um grupo de empresários, o INSTITUTO TMO/As-sociação Alírio Pfiffer é uma entidade beneficente, sem fins econômicos, de apoio aos Centros de Transplante de Medula Óssea do Brasil.

Em Curitiba o trabalho do Instituto é direcionado ao Serviço de Transplante de Medula Óssea (STMO) do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Pa-raná, que foi responsável pelo primeiro transplante de medula óssea da Améri-ca Latina. Desde então já realizou mais de 2.250 procedimentos e é considera-do um centro de excelência na área.

Em 2010 o  INSTITUTO TMO/Asso-ciação Alírio Pfiffer repassou mais de R$ 366 mil em equipamentos médicos, reformas, mobiliário, material para re-creação de pacientes, apoio para ca-pacitação de profissionais e custeio de diversos itens. Já em 2011 foram R$410 mil. O Instituto também apoia  o traba-

lho dos pesquisadores do STMO, afinal, são eles que contribuem para consoli-dar o centro como expoente mundial em Transplante de Medula Óssea.

Atualmente, a entidade está for-matando novas diretrizes para que seu trabalho seja ampliado a todo o Brasil. O objetivo é que as parcerias empresariais e a captação de recursos  permitam o investimento mais amplo na capacitação de profissionais da área, pesquisas clínicas e para o rece-bimento de novos projetos voltados para a especialização em TMO.

A DOTTI & ADVOGADOS ASSOCIA-DOS é Conselheira Legal da Associação.

A entidade incentiva a doação de medula óssea, plaquetas e sangue, além de receber doações através de va-lores, bens ou produtos, ou até mesmo através da renúncia fiscal.

Mais informações: aliriopfiffer.hospedagemdesites.ws/

Instituto TMO/Associação Alírio Pfiffer Projeto Ler e Pensar

A Gazeta do Povo lançou no dia 9 de outubro a campanha “Ler e Pensar”, um projeto de incentivo à leitura e cida-dania, que também promove cursos de aperfeiçoamento para os Professores das escolas estaduais e municipais. O Escritório Professor René Dotti apoiou esta nobre iniciativa, tornando-se Pa-drinho Social do projeto.

Mais informações em:institutogrpcom.org.br/projetos/ler-e-pensar

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Poder Judiciário e advocacia: diálogo e transparência

No dia 04 de outubro, a sessão do Conse-lho Pleno da OAB Paraná, sob a presidência do advogado JULIANO BREDA, foi marcada por um importante encontro. Os conselhei-ros receberam a visita do novo Presidente do TRIBUNAL DE JUSTIÇA, Desembargador GUI-LHERME LUIZ GOMES, o qual havia sido eleito um dia antes. Recém empossado, portanto, o magistrado compareceu perante a Ordem para ouvir as principais reivindicações da clas-se e assegurar moralidade na condução da mais alta corte do Estado.

Muito mais do que um mero contato insti-tucional, o encontrou serviu para demonstrar a sensibilidade e a franqueza do homem que assume a responsabilidade de dirigir o Poder Judiciário estadual. Falando com respeito e amabilidade, o Presidente lembrou passa-gens de sua vida profissional, mencionando a boa convivência que teve com vários dos ad-vogados ali presentes. Acompanhado pelos desembargadores JOSÉ HIPÓLITO XAVIER DA SILVA, GUIDO DOBELLI e DOMINGOS PERFET-TO (oriundos do quinto constitucional), o De-sembargador GUILHERME GOMES mostrou que sua gestão será marcada pela cordialida-de e pelo bom convívio entre o Judiciário e a advocacia. Afinal, o diálogo é a melhor manei-ra de solucionar todos os eventuais impasses e dificuldades que possam surgir ao longo da prestação jurisdicional.

Mas, o melhor veio no final: ao se despe-dir, o Desembargador afirmou que sua gestão será marcada pela transparência.

O gesto da visita e a promessa feita aos conselheiros da OAB têm um significado es-pecial. Eles servem como indícios da boa ges-tão que certamente advirá. Afinal, para bem julgar é preciso dialogar e, acima de tudo, ser transparente. A atitude faz recordar o que dis-se outro grande magistrado, o Ministro CAR-LOS AYRES BRITTO, quando assumiu a Pre-sidência do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: “a silhueta da verdade só assenta em vestidos transparentes” (Discurso de posse, proferido em 19 de abril de 2012, disponível no site www.stf.jus.br).

ROGÉRIA DOTTI

Fonte: Gazeta do Povo de 09/10/2013

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Titular de blog é responsável pelos textos que divulga

Em recente julgamento relatado pela Ministra NANCY ANDRIGHI (Recur-so Especial nº 1.381.610/RS), o SUPE-RIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA decidiu que a Súmula n° 221 (São civilmente respon-sáveis pela reparação de dano derivado de publicação pela imprensa, tanto o autor da matéria quanto o proprietário do respectivo veículo de comunicação) alcança todos os serviços de internet de provedoria de informação.

A Ministra já havia diferenciado, no julgamento do Recurso Especial nº

1.192.208/MG, as categorias de pro-vedores de internet (backbone, acesso, hospedagem, informação e conteúdo), quando concluiu que os provedores de conteúdo (que disponibilizam na rede informações criadas por provedores de informação, tais como o Blogspot, da Google) não possuem responsabilida-de sobre o conteúdo ofensivo postado pelo usuário.

Agora, no caso em questão, foi ana-lisada a responsabilidade do próprio titular do blog (categoria de provedor

de informação), pelos textos inseridos no site, ainda que com autoria identi-ficada. Dessa forma, compete aos titu-lares de blogs o exercício do controle editorial, evitando a inserção nos sites de matérias ou artigos potencialmente danosos a terceiros.

O julgado traz segurança jurídica à sociedade, afastando a pecha de que a internet se caracteriza como “uma terra de ninguém”, como uma zona franca de irresponsabilidades.

E por falar em soberania

Em outubro deste ano, a Carta Mag-na da República Federativa do Brasil completa 25 anos de existência. Foi, e continua sendo, uma das mais comple-tas constituições já elaboradas.

Já no primeiro inciso, do primeiro artigo, o país reafirma um de seus fun-damentos como Estado Democrático de Direito: “a soberania” que, nas inspiradas palavras de RUY BARBOSA, “... é o alfa e o ômega, o princípio e o fim. Nenhuma au-toridade, seja qual for, coparticipa com ela nesta supremacia.”

O tema é oportuno não só pela ce-lebração do aniversário, mas, também, pelas recentes revelações acerca de apa-rente violação da soberania nacional. Inicialmente, pelos Estados Unidos; mais recentemente – quem diria – pelo gela-do Canadá.

Atualmente, inexiste tratado inter-nacional disciplinando ou penalizando a interceptação de dados telemáticos,

assim compreendidos aqueles relativos às telecomunicações (telefonia, satélite, cabo etc.) e de informática (computado-res, periféricos, softwares, dentre outros). Mas a inexistência de norma escrita sig-nifica que esse agir é permitido?

Traduzindo a soberania, no âmbito das relações internacionais, a ideia de igualdade dos Estados, naturalmente que mesmo diante da lacuna normativa não é admissível a invasão de dados e infor-mações de interesse estratégico nacio-nal. Tal agir configuraria grave violação a princípios caros do direito internacional, que atuam como jus cogens abarcando todos os Estados, dentre os quais o da independência nacional, da não-interven-ção e da autodeterminação.

Em um mundo globalizado e regido por interesses econômicos de nações e empresas, seria ingenuidade imaginar que a busca agressiva de informações não estaria presente no dia a dia dos go-

vernos. Quiçá até mesmo do brasileiro. Mas, uma vez descoberto, o fato deve merecer a devida atenção e a adoção de medidas para evitar, ou atenuar, sua repetição.

JULIO BROTTO

PATRÍCIA NYMBERG

DIREITO CIVIL

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O pagamento da quantia incontroversa nas ações revisionais contra instituições financeiras

A indevida modificação acentuada do contrato de seguro

O CENTRO DE ESTUDOS DO CON-SELHO DA JUSTIÇA FEDERAL editou o enunciado 543, com a seguinte redação: “Constitui abuso do direito a modificação acentuada das condições do seguro de vida e de saúde pela seguradora quando da renovação do contrato”.

A justificativa foi a de que tais con-tratos são pactuados por longos perí-odos, fazendo com que o consumidor se torne cliente cativo do fornecedor. A contratação em geral se dá quando o segurado ainda é jovem e a renovação pode ocorrer por anos. Se em determi-nado ano, de forma abrupta e inespera-da, a seguradora condiciona a renova-ção a uma repactuação excessivamente onerosa para o segurado, há desrespei-

to ao dever de cooperação.O SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA,

no julgamento do Recurso Especial nº 1.073.595, concluiu: “Se o consumidor contratou, ainda jovem, o seguro de vida oferecido pela recorrida e se esse víncu-lo vem se renovando desde então, ano a ano, por mais de trinta anos, a pretensão da seguradora de modificar abrutamente as condições do seguro, não renovando o ajuste anterior, ofende os princípios da boa fé objetiva, da cooperação, da con-fiança e da lealdade que deve orientar a interpretação dos contratos que regulam relações de consumo. 3. Constatado pre-juízos pela seguradora e identificada a necessidade de modificação da carteira de seguros em decorrência de novo cálculo

atuarial, compete a ela ver o consumidor como um colaborador, um parceiro que a tem acompanhado ao longo dos anos. Assim, os aumentos necessários para o re-equilíbrio da carteira têm de ser estabeleci-dos de maneira suave e gradual, mediante um cronograma extenso, do qual o segu-rado tem de ser cientificado previamente. (...) A intenção de modificar abruptamente a relação jurídica continuada, com simples notificação entregue com alguns meses de antecedência, ofende o sistema de prote-ção ao consumidor e não pode prevalecer”.

Trata-se, em síntese, de orientação tendente a proteger os consumidores que contratam por diversos anos e são surpreendidos com práticas indevidas das seguradoras.

JOSÉ ROBERTO TRAUTWEIN

FERNANDO WELTER

Quem deseja litigar contra institui-ção financeira, especialmente para o fim de questionar ou revisar obrigações con-tratuais, deve atentar-se para um novo requisito legal que, a bem da verdade, traduz aquilo que muitos juízes, na práti-ca, já exigiam dos autores de ações dessa natureza: o pagamento ou depósito ju-dicial da quantia incontroversa.

Desde maio de 2013, o Código de Pro-cesso Civil conta com um novo artigo, o “285-B”, que assim dispõe: “nos litígios que tenham por objeto obrigações decorrentes de empréstimo, financiamento ou arrenda-mento mercantil, o autor deverá discrimi-nar na petição inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que pretende contro-verter, quantificando o valor incontroverso.

Ainda, de acordo com o parágrafo único do referido dispositivo, o valor incontro-verso deverá continuar sendo pago no tem-po e modo contratados”.

Afora a redação impositiva (determi-nando que o autor discrimine as obriga-ções contratuais controvertidas e pague o valor incontroverso), a obrigatoriedade destas providências nas ações revisionais doravante propostas é confirmada pela própria localização do artigo, encontrado na seção que trata dos requisitos da pe-tição inicial, donde se conclui que, caso não observadas pelo autor, o juiz deve ordenar a emenda da peça inicial ou, em último caso, seu indeferimento.

E como já observado, tratam-se de exigências que o Judiciário, em boa me-

dida, já vinha fazendo como forma de coibir ações revisionais oportunistas, no-tadamente nos casos em que, a pretexto de discutir um ou outro encargo supos-tamente indevido, o autor da demanda pede a suspensão integral do pagamen-to da dívida.

Com efeito, o depósito do valor in-controverso (isto é, a quantia que rema-nesce após a exclusão dos encargos que o autor reputa indevidos) é o mínimo para se demonstrar a seriedade e boa--fé do pleito revisional, não sendo razo-ável que o devedor da obrigação passe a descumpri-la por inteiro pelo fato de ter ajuizado a ação, mesmo tendo plena consciência de que parte da dívida é efe-tivamente devida.

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Companhias aére-as – cobrança in-devida gera dano moral e direito de restituição em dobro

A popularização da compra por meio eletrônico ocasionou a quebra de mode-los históricos como, por exemplo, a aqui-sição de passagens aéreas no balcão.

Se, antigamente, era necessário bus-car o auxílio das agências de turismo para adquiri-las, atualmente, as próprias em-presas fazem a venda direta em seus sites aos consumidores.

Em que pese a facilidade que esse meio de compra proporciona, não são raras as reclamações de consumidores que têm debitado de seus cartões de crédito valores superiores àqueles efeti-vamente contratados.

Analisando os lançamentos efetu-ados, observa-se que a explicação re-pousa na diferença entre os valores da primeira parcela e das outras remanes-centes. Isso porque a parcela inaugural tem valor superior às demais ante a co-brança integral das taxas de embarque.

Como as empresas muitas vezes não observam essa diferença, é comum que ocorram lançamentos de todas as parcelas com valor idêntico ao da primeira, ou seja, com valor maior do que o contratado.

Instado a se manifestar acerca da con-duta das companhias aéreas, o Poder Ju-diciário, mais especificamente a Segunda Turma Recursal do TJ/PR (2012.0001175-8), asseverou que a cobrança indevida gera dano moral indenizável, bem como a obrigatoriedade da devolução em do-bro das parcelas cobradas a maior, já que as empresas estariam agindo com má-fé.

Diante desse firme posicionamento, é de se esperar que as empresas passem a ter mais cuidado em relação ao lança-mento das cobranças, aprimorando o atendimento ao cliente e melhorando a relação entre consumidor e fornecedor.

A contratação mediante utilização de dados de terceiro e a responsabilida-de da instituição financeira

O Código de Defesa do Consumidor isenta de responsabilidade o forne-cedor de serviços quando provar: a) a inexistência do defeito no serviço pres-tado e b) a culpa exclusiva do consumi-dor ou de terceiro (art. 14, § 3º, I e II). Do mesmo modo, são causas de exclusão de responsabilidade, por romperem o nexo causal, a força maior e o fortuito externo. Ou seja, mencionada respon-sabilidade (objetiva) não possui caráter absoluto, podendo ser afastada.

Verifica-se, no entanto, que em situ-ações específicas, como a contratação de empréstimos mediante a utilização de dados de terceiro, a responsabilida-de das instituições financeiras subsiste, pois estas contribuem com o evento danoso, na medida em que não ado-tam as cautelas necessárias quando da contratação. Em sendo assim, por con-

sistir em risco inerente à própria ativi-dade econômica, não resiste, por exem-plo, a alegação de que o evento danoso resultou de culpa exclusiva de terceiro.

A fraude perpetrada por tercei-ros não constituiu causa excludente de responsabilidade por tratar-se de fortuito interno, conforme entendi-mento consolidado na Súmula 479 do SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA: “As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e de-litos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias”.

Por isso, presente a conduta ilícita caracterizada pela prestação de serviço defeituoso e havendo evidente nexo de causalidade entre esse defeito e o dano causado, os prejuízos perpetrados à ví-tima são passíveis de indenização.

VANESSA CANI

CÍCERO LUVIZOTTO

Vício oculto nos produtos: responsabilidade após o prazo de garantia

É corriqueira a negativa do fornece-dor de reparar um vício do produto co-mercializado depois de vencido o prazo de garantia. Há casos, no entanto, cuja natureza da imperfeição enseja a res-ponsabilidade do fornecedor por todo o tempo de vida útil do bem, mesmo de-pois de expirada a garantia contratual.

O SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, ao julgar o Recurso Especial nº 984106/SC, reconheceu que, em se tratando de vício oculto, não decorrente do desgas-te natural do produto, mas da própria fabricação (projeto, cálculo estrutural ou resistência de materiais, por exem-plo) a contagem do prazo legal para

reclamar pela reparação inicia apenas no momento em que ficar evidenciado o defeito.

O Relator do precedente, Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, ponderou que “o fornecedor não está, ad aeternum, res-ponsável pelos produtos colocados em cir-culação, mas, a meu juízo, sua responsabi-lidade não se limita pura e simplesmente ao prazo contratual de garantia, o qual é estipulado unilateralmente por ele pró-prio.” Ao final, reconheceu-se a respon-sabilidade do fornecedor pelo vício evi-denciado anos após o término do prazo de garantia, assegurando-se ao consu-midor a reparação do dano suportado.

LAÍS BERGSTEIN

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Não é de hoje que o futebol é o esporte preferido do brasileiro. Desde que CHARLES MILLER trouxe ao país duas bolas de futebol o esporte se tornou uma paixão nacional.

As partidas de futebol acirram os âni-mos dos torcedores e provocam senti-mentos que vão do êxtase ao sofrimento. E poucas coisas deixam o torcedor mais irritado do que um erro de arbitragem, principalmente se dele advier a derrota do clube de sua preferência.

Sentindo-se lesado pela derrota do time para o qual torcia, ocasionado por um erro do árbitro da partida que deixou de marcar um pênalti, o qual poderia ter garantido resultado favorável, diverso da eliminação do campeonato que dis-putava, um torcedor ingressou com de-manda para que fosse reparado o dano moral que o erro do árbitro lhe causou.

O erro grosseiro de não marcar o pê-nalti quando deveria fazê-lo foi reconhe-cido pelo árbitro em entrevista concedi-da aos veículos de comunicação, após

rever o lance pela televisão. A discussão acabou chegando ao SUPERIOR TRIBU-NAL DE JUSTIÇA por meio do Recurso Especial nº 1.296.944/RJ, de relatoria do Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO.

Ao julgar o Recurso Especial o STJ reconheceu que o torcedor tem direi-to à arbitragem “independente, impar-cial, previamente remunerada e isenta de pressões”, conforme determina o art. 30 do Estatuto do Torcedor (Lei nº 10.671/2003), mas que isso não impede que o árbitro incorra em um erro não in-tencional pela própria fluidez do futebol.

Além disso, afirma o Ministro SALO-MÃO que “a derrota de time, ainda que atribuída a erro grosseiro de arbitragem, é mero dissabor que também não tem o condão de causar mágoa duradoura, a ponto de interferir intensamente no bem--estar do torcedor”, logo, não gera dano moral, até porque a derrota é inerente à competitividade que permeia todas as práticas esportivas.

A escolha de determinado instru-mento contratual para regular as rela-ções entre tomador e prestador de servi-ços é da mais alta relevância, assim como a redação do próprio contrato, uma vez que é a partir deste que o relaciona-mento entre as partes será consolidado. O presente artigo traça algumas linhas sobre os contratos de representação co-mercial, modelo comumente adotado para distribuição de bens e produtos no mercado de consumo.

A Lei nº 4.886/1965 trata da ativida-de de representação, sendo nitidamente protetiva ao representante. O fato de o legislador estabelecer medidas proteti-vas não afasta a possiblidade de se ana-lisar, diante do caso concreto, a efetiva existência de razões que justificam trata-mento preferencial ao representante co-mercial. Isso porque, tomados os termos da lei em descompasso com a realidade, pode-se criar situação de extrema des-

vantagem ao representado que, muitas vezes, também é dependente do traba-lho prestado pelo representante.

É justamente considerando o papel ativo dos Tribunais na interpretação do contrato de representação comercial que, tanto a escolha por este modelo de prestação de serviços, como a transfor-mação dos direitos e deveres das partes em termos contratuais, deve ser bem refletida. Em outras palavras, não bas-ta a leitura dos termos legais para que se chegue a resultados satisfatórios; é preciso que se entenda a leitura que as Cortes têm feito da própria lei, o que se reflete na possibilidade de inserção de cláusulas contratuais.

Somente a partir da compreensão global da regulamentação atual dos contratos de representação comercial é que se pode, com maior segurança, fazer uma escolha séria e informada pela ado-ção deste modelo contratual.

Erro de arbitragem não gera dano moral ao torcedor

Representação comercial: a importância da redação do contrato

VINÍCIUS PRESENTE

RENATA STEINER

A importância do agronegócio para o Brasil é inquestionável. Responsável por grande parte do crescimento do país e gerador de milhões de empre-gos, o setor precisa, com urgência, de maiores incentivos e regulamentações, uma vez que interfere diretamente na sociedade brasileira.

Essa realidade traz para a atualida-de questões extremamente relevantes. Novos problemas e desafios nascem a cada dia e necessitam ser enfrentados, não apenas no âmbito da economia ou da política, mas, principalmente, na es-fera Jurídica.

Impõe-se ao operador do direito estar preparado para cuidar desses con-flitos de interesses que movimentam tri-lhões de dólares a cada ano no mundo e colocam o Brasil na invejável posição internacional de um dos principais for-necedores de alimentos e commodities.

Estreme de dúvida que há a neces-sidade de um repensar jurídico sob a ótica da responsabilidade sócio-am-biental e da sustentabilidade. A pro-priedade como razão de ser do próprio estado civil certamente não é mais ab-soluta e ilimitada; havendo, atualmen-te, certa restrição.

Há que se limitar e restringir também a interferência estatal no direito de pro-priedade a fim de garantir segurança ju-rídica e não impor ao particular um ônus desproporcional ao próprio direito.

Portanto, somente a partir de uma nova concepção jurídica que contemple os diversos interesses e direitos é que será possível efetivar a verdadeira ‘fun-ção social’ do Agronegócio brasileiro.

Urge, portanto, a obrigação do Direi-to em afastar-se dos interesses de grupos historicamente reacionários ao desenvol-vimento social e tecnológico do país e aproximar-se dessa realidade que traba-lha com dígitos expressivamente nume-rosos para utilizar-se de toda essa força e influência em benefício da coletividade.

O agronegócio brasileiro

WILLIAN ZANONI (Advogado visitante)

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Consumado está!

Nas palavras de RUI STOCO (RT 886), “o tempo é fator fundamental nas relações jurídicas. Tem o poder de apaziguar, supe-rar contendas e arrostar nulidades”. E, por isso, a teoria do fato consumado prega a consolidação das situações fáticas outro-ra precárias pelo decurso do tempo.

O SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, que há muito vem aplicando a referida teoria, afirma a sua finalidade em “pre-servar não só interesses jurídicos, mas inte-resses sociais já consolidados, não se apli-cando, contudo, em hipóteses contrárias à lei, principalmente quando amparadas em provimento judicial de natureza precária”. (Recurso Especial nº 1.189.485/RJ).

Nesse sentido, dois são os casos normalmente debatidos nos Tribunais: o vestibular e o concurso público.

Exemplo do primeiro foi o julga-mento proferido no Recurso Especial nº 1.244.991, em que um estudante, devi-damente aprovado em vestibular, teve sua matrícula negada por não ter apre-sentado o certificado de conclusão do ensino médio. Impetrado Mandado de Segurança, o TRF1 garantiu a matrí-cula do aluno que antes da sentença havia exibido o referido documento. Igualmente, o STJ manteve o Acórdão, afirmando que “Os autos, portanto, de-notam situação de fato consolidada”.

Impossibilitado de participar de exa-me de aptidão física, um candidato apro-vado em concurso público requereu a remarcação do teste, o que foi deferido pelo TRF2. Quando do julgamento do Re-curso Especial nº 1.121.307, o STJ decidiu que, como “o ora recorrido foi devidamen-te aprovado em todas as fases do concurso, inclusive com a primeira colocação geral no curso de formação, com o resultado ho-mologado e publicado, tomando posse no cargo de perito criminal da Polícia Federal, devem ser levadas em conta a sua situação jurídica, a boa-fé e dignidade, merecendo ser beneficiado pela aplicação da teoria do fato consumado”.

EMILLY CREPALDI

Em recente decisão (13/09/2013), ain-da não disponibilizada na íntegra, o TRI-BUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO con-siderou válido o casamento celebrado no estrangeiro (EUA) por um casal brasileiro, mesmo sem o registro do ato perante a autoridade brasileira competente.

O recurso foi interposto pela esposa, que alegou a impossibilidade jurídica do pedido de divórcio em razão da inexistên-cia do registro do casamento no Brasil.

Ao julgar o recurso, a 7ª Câmara de Di-reito Privado do Tribunal Paulista entendeu que a ausência de homologação do ato em território brasileiro não retira a eficácia do casamento em relação aos cônjuges, e determinou a partilha dos imóveis adquiri-dos na constância do relacionamento.

Para o órgão colegiado, a forma-lidade é indispensável apenas para a oponibilidade do matrimônio perante terceiros. Não tendo sido constatado

qualquer vício capaz de invalidar o ca-samento, não há como afastar a eficácia do ato entre as partes.

A recorrente alegou também que, em razão de ter mais de 60 anos na época da celebração do casamento, o regime aplicável seria o da separação obrigató-ria de bens, o que afastaria a partilha dos bens adquiridos em seu nome na cons-tância do casamento. Todavia, entende-ram os Desembargadores pela aplicação da Súmula 377 do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, segundo a qual “No regime da separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na constância do casamento”. Para os julgadores “nada de concreto se produziu ao longo da instrução que fos-se apto a evidenciar que os imóveis per-tencem apenas à requerida, sobretudo porque esse patrimônio exclusivo só foi adquirido após o casamento, o que é no mínimo curioso”.

Validade do casamento celebrado no exterior

Ocultação da verdade quanto a paternidade biológica

O SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA analisou recentemente questão bastan-te delicada: os reflexos patrimoniais da infidelidade e da ocultação da verda-deira paternidade do filho concebido na constância do casamento.

No caso, o marido traído ajuizou ação contra a ex-esposa pleiteando danos morais por ter ocultado não ser ele o pai biológico do filho do casal, bem como danos mate-riais correspondentes aos alimentos pagos à criança até então. Também acionou o “cúm-plice” do relacionamento extraconjugal.

O STJ afastou a condenação do amante ao pagamento de danos morais ao marido traído porque, não obstante a “reprovabilidade da conduta daquele que se envolve com pessoa casada”, tal fato não constituiria ilícito pela ausência de “contrato ou lei obrigando terceiro estra-nho à relação conjugal a zelar pela incolu-midade do casamento alheio”.

Também entendeu descabida a resti-tuição dos alimentos pagos à criança, seja pela irrepetibilidade dessa verba, seja pelo vínculo sócio-afetivo existente até então.

Todavia, a Corte entendeu cabíveis os danos morais em face da ex-esposa em razão das consequências advindas da quebra da fidelidade, em especial a ocul-tação de que o filho gerado na constância do casamento era de outrem. Como bem destacado no Acórdão, “não é a relação ex-traconjugal em si mesma o fato gerador da indenização”, mas “as consequências indubi-tavelmente prejudiciais à vida pessoal e so-cial do recorrente, atacado no sonho da pa-ternidade, que desmoronou seis anos após a separação, acarretando a dilaceração de um importante projeto de vida, frustração que imputou-lhe intensa dor, humilhação e bai-xa autoestima” (Recurso Especial nº 922462/SP, Relator Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, 3ª turma, DJe 13/05/2013).

FERNANDA PEDERNEIRAS

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

VANESSA SCHEREMETA

DIREITO DE FAMÍLIA

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O Código Civil de 2002, em atenção às tendências de ordenamentos jurídi-cos mais modernos, passou a admitir a alteração do regime de bens após a cele-bração do casamento. O pedido deve ser necessariamente requerido por ambos os cônjuges e homologado judicialmen-te. São, ainda, requisitos para o deferi-mento da alteração do regime patrimo-nial: a indicação de motivo relevante e a inexistência de prejuízos a terceiros e aos próprios cônjuges. A mutabilidade do regime de bens beneficia não só os

casais que durante a vivência conjugal percebem que a alteração do regime pode facilitar suas vidas profissionais e financeiras (fato que comumente atinge empresários), como também, aqueles que contraíram núpcias sob o regime de

separação obrigatória, desde que ces-sada a causa de sua imposição. Podem, inclusive, segundo a interpretação do SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, reque-rer a alteração de regime os casais que contraíram núpcias durante a vigência do Código Civil de 1916. Faz-se mister destacar que uma das grandes preocu-pações da lei é evitar o prejuízo de ter-ceiros, sendo assim, o descumprimento do referido princípio resultará na ineficá-cia do novo regime adotado em relação ao terceiro prejudicado.

Da possibilidade de alteração do regime de bens (após a celebração do casamento)

Prestação alimentícia e o estatuto do idoso

No dia 1º de outubro de 2013, o Es-tatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003), que regulamenta os direitos das pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, completou 10 anos de vigência.

Em 2003, a população estimada de idosos era de 15,4 milhões de pessoas. Nesta década, a população aumentou para 22 milhões, segundo estimativas do IBGE, e deverá aumentar ainda mais, eis que a expectativa de vida passará para 81,29 anos.

Embora não tenham sido imple-mentadas políticas públicas necessárias para tornar o estatuto efetivo, as aplica-ções mais conhecidas pela população são a meia-entrada em eventos cultu-rais e o atendimento preferencial junto a órgãos públicos e privados prestado-res de serviços.

No âmbito do Direito de Família, uma conquista dos idosos diz respeito ao di-ferencial da prestação alimentícia, eis que o referido Estatuto determina que os “alimentos serão prestados ao idoso na forma de lei civil” (art.11) e que “a obriga-ção alimentar é solidária, podendo o idoso

optar entre os prestadores” (art. 12).Em que pese contrário à regra do Có-

digo Civil, o art. 12 da lei especial permi-te que o idoso peça alimentos a somente um de seus filhos, o que restou referen-dado pelo SUPERIOR TRIBUNAL DE JUS-TIÇA em 2006.

No Recurso Especial nº 775.565/SP a Relatora, MINISTRA NANCY ANDRIGHI, salientou que “mudou a natureza da obrigação alimentícia de conjunta para

solidária, com o objetivo de beneficiar sobremaneira a celeridade do processo, evitando discussões acerca do ingresso dos demais devedores, não escolhidos pelo credor-idoso para figurarem no pólo passivo. Dessa forma, o Estatuto do Idoso oportuniza prestação jurisdicional mais rápida na medida em que evita delonga que pode ser ocasionada pela interven-ção de outros devedores”.

THAIS GUIMARÃES

DIANA GEARA

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O art. 37, §5º, da Constituição Fede-ral dispõe: “A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento”. Diante da ressalva contida na parte final desse dispositivo, parte expressiva da doutrina e da jurisprudência entendem que a ação de ressarcimento dos danos causados ao erário é imprescritível. Esse pensamento, contudo, não é pacifico, pois, para importante corrente, a im-prescritibilidade exige norma expressa, razão pela qual somente os crimes de racismo e terrorismo seriam imprescri-

tíveis, nos termos do art. 5º, XLII e XLIV do texto constitucional. Felizmente, o SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL colocará fim a essa disputa, que tem gerado tanta insegurança jurídica.

No dia 26 de agosto de 2013, foi re-conhecida a existência de Repercussão Geral “na interpretação da ressalva final prevista no artigo 37, §5º, da Constitui-ção Federal”. Segundo o Ministro TEORI ZAVASCKI, relator do Recurso Extraordi-nário nº 669.069, “A questão transcende os limites subjetivos da causa, havendo, no plano doutrinário e jurisprudencial, acirrada divergência de entendimentos, fundamentados, basicamente, em três

linhas interpretativas: (a) a imprescritibili-dade aludida no dispositivo constitucional alcança qualquer tipo de ação de ressarci-mento ao erário; (b) a imprescritibilidade alcança apenas as ações por danos ao erário decorrentes de ilícito penal ou de improbidade administrativa; (c) o disposi-tivo não contém norma apta a consagrar imprescritibilidade alguma”.

Diante do reconhecimento de Reper-cussão Geral, em atenção ao art. 543-B, §1º, do CPC, os recursos que versem so-bre matéria idêntica ficarão sobrestados nos respectivos Tribunais aguardando o pronunciamento definitivo do STF.

O ressarcimento ao erário é imprescritível? O STF dará a palavra final

Garantia de equilíbrio econômico financeiro do contrato administrativo

O contrato administrativo implica as-sunção de direitos e deveres tanto para o Poder Público quanto para o particu-lar. Exatamente por isto, deve haver uma relação entre os encargos e retribuição que gera para ambas as partes. É o que se chama de equação econômico-finan-ceira do contrato.

A Constituição da República garante a intangibilidade dessa equação (art. 37, XXI), de modo que não se pode alterar a relação originária estabelecida entre obrigações e contraprestação devida ao particular. Caso esse equilíbrio seja atin-gido, o contrato administrativo deverá ser recomposto de modo a restabelecer a linearidade da relação.

O reajuste é o meio adequado a atualizar o valor do contrato por força da elevação do custo de produção de

seu objeto, diante do curso normal da economia (Lei nº 8.666/93, art. 40, XI). A revisão visa a restabelecer o equilíbrio entre os encargos do particular e a re-muneração devida pela Administração, que tenha sido prejudicada em virtude da ocorrência de fato superveniente à data da apresentação da proposta (Lei nº 8.666/93, art. 65, II). Existe, ainda, uma terceira figura, a chamada repactuação, que é o meio criado para recompor o equilíbrio da equação econômico-fi-nanceira nos contratos de prestação de serviços celebrados pela Administração Pública Federal.

Importante registar que nestes dois últimos o contratado deverá demostrar concretamente a variação efetiva da linearidade entre os encargos e a remu-neração devida desde a data da apresen-

tação da proposta até a data do adimple-mento de cada parcela.

FRANCISCO ZARDO

MARIANA GUIMARÃES

DIREITO ADMINISTRATIVO

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O mês de junho de 2013 ficará re-gistrado na história como um marco de protestos e reivindicações em mas-sa da sociedade brasileira. Os cidadãos saíram às ruas quase que diariamente por semanas. A pauta era extensa e le-gítima: protestou-se contra a corrup-ção, exigiu-se a realização de reformas estruturais e a melhoria na prestação de serviços públicos.

Da mesma maneira como o espírito cívico da maioria dos manifestantes en-tusiasmou e foi destaque na mídia nacio-nal e internacional, as cenas de depre-dação do patrimônio público e privado chocaram. Não havia um dia em que não

se divulgassem imagens de vandalismo. Algumas das principais vítimas do que-bra-quebra foram as praças de pedágio.

Como se sabe, o desempenho das atividades de construção, manutenção e exploração destes trechos pedagiados cabe aos concessionários que foram con-tratados pelo Estado para prestar este relevante serviço público. Não se pode admitir, assim, que os concessionários sejam agredidos e impedidos de desem-penhar suas atribuições e, por consequ-ência, que os cidadãos sejam tolhidos de usufruir destes serviços.

Em razão disso, o Poder Judiciário tem acolhido, inclusive liminarmente,

interditos proibitórios manejados pe-los concessionários para impedir que manifestantes depredem as suas insta-lações e interfiram no desenvolvimen-to regular dos serviços. Para garantir o cumprimento destas determinações, o Poder Judiciário tem autorizado em al-guns casos até mesmo a utilização de reforço policial preventivo e fixado a incidência de multa para os responsá-veis pelo eventual descumprimento da determinação (i- TRF2, 7ª Turma, AI nº 201202010153005, Rel. Des. LUIZ PAU-LO DA SILVA ARAUJO FILHO; ii- TRF4, 3ª Turma, AI nº 200804000057768, Rel. Juiz Federal MARCELO DE NARDI).

Concessionários de serviço público podem recorrer ao judiciário para impedir dano iminente a ser causado por manifestantes

ALISSON NICHEL

A caderneta de poupança é tradicio-nalmente vista como um porto seguro para poupadores que pretendem ter suas economias resguardadas de efeitos inflacionários da economia. Para que a confiança nesta modalidade de investi-mento não seja abalada, são necessárias regras claras e objetivas acerca de seu critério de remuneração.

Neste contexto, é relevante mencio-nar que, por meio da Medida Provisó-ria nº 567 de 2012, convertida na Lei nº 12.703/2012, foi alterada a redação do art. 12 da Lei nº 8.177/91, modificando o regime de remuneração das caderne-tas de poupança. Pela nova regra, o per-centual de juros passa a ter correlação direta com a taxa SELIC. A remuneração adicional (juros) permanece em 0,5% ao mês enquanto a taxa SELIC for superior a 8,5% ao ano (art. 12, II, a). Quando o percentual fixado pelo Banco Central for igual ou inferior a este percentual, os

juros da caderneta de poupança corres-ponderão a 70% da taxa SELIC estabele-cida (art. 12, II, b).

Importante mencionar que a lei res-salva o critério de remuneração anterior para os depósitos anteriores à entrada em vigor da Medida Provisória. Para es-tes, permanece a remuneração pela TR + 0,5%, independentemente do com-portamento da taxa SELIC (art. 2º, Lei 12.703/2012).

A SELIC é aplicada como referencial de remuneração dos títulos públicos. Mantida a regra anterior, sua gradual redução resultaria em retorno do inves-timento próximo ao proporcionado pela caderneta de poupança, de idêntico baixo risco. Assim, recursos do mercado financeiro poderiam migrar dos títulos públicos para outras opções disponíveis de investimento, dificultando a rolagem da dívida pública do país.

As novas regras têm por objetivo

adaptar a remuneração da caderneta de poupança a um cenário que, no médio e longo prazo, tende a consolidar a redu-ção da taxa SELIC, evitando a paralisia do mercado de títulos públicos.

A remuneração da caderneta de poupançaANDRÉ MEERHOLZ

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Porte ilegal de arma de fogo desmuniciada é crime?

GUSTAVO SCANDELARI

O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL teve recentes oportunidades de debater o tema. O crime em questão é o do art. 12 da Lei nº 10.826/03: “possuir ou man-ter sob sua guarda arma de fogo, aces-sório ou munição, de uso permitido, em desacordo com determinação legal ou re-gulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa”. A pena é de detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.

No Habeas Corpus nº 93820 (DJ de 09/08/2013), o STF averiguou que a arma, desde que sem munição, não tinha con-dições de “uso pronto e imediato”. Porém, entendeu que ela possui “potencialidade lesiva independente” da possibilidade de seu pronto uso. Em outro caso, o Habeas Corpus nº 102087 (DJ de 14/08/2013), a discussão foi um pouco mais técnica: o

crime de porte ilegal de arma é de perigo abstrato, o que significa que não se pune o dano que venha a ser causado, mas a mera possibilidade de que tal conduta venha a representar um risco à sociedade. Ou, em outras palavras: “de acordo com a lei, cons-tituem crimes as meras condutas de possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo. Nessa espécie de delito, o legislador penal não toma como pressuposto da criminalização a lesão ou o perigo de lesão concreta a determinado bem jurídico. Baseado em dados empíricos, o le-gislador seleciona grupos ou classes de ações que geralmente levam consigo o indesejado perigo ao bem jurídico.”

Assim, porquanto se tutela a seguran-ça pública e, indiretamente, a vida, o STF concluiu haver inequívoco interesse pú-blico e social na proscrição da conduta.

A responsabilidade penal das pessoas jurídicas na visão dos tribunais

ALEXANDRE KNOPFHOLZ RAFAEL DE MELO

Uma das mais tormentosas discussões no âmbito do Direito Penal diz respeito à possibilidade de responsabilização penal das pessoas jurídicas. No Brasil, empre-sas podem cometer crimes ambientais (Lei n.º 9.605/98, art. 3º). Aqueles que advogam favoravelmente à pessoa jurídi-ca criminosa dizem que a criminalidade moderna não seria combatida eficien-temente somente pela responsabiliza-ção pessoal dos sócios. O entendimento contrário, mais próximo ao Direito Penal clássico, afirma que todo crime pressupõe condutas, vale dizer, ações ou omissões humanas. A responsabilização penal, nes-ses casos, seria a consagração da respon-sabilidade objetiva, o que é inviável em sede penal, a qual pressupõe a análise de questões subjetivas. Não obstante as dis-cussões teóricas, a responsabilização cri-minal de empresas tem sido amplamente aceita pelos Tribunais brasileiros. Nos últi-mos meses, duas decisões sobre o tema merecem destaque.

A primeira, do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, afirma ser possível a respon-sabilidade penal da pessoa jurídica ain-da que as pessoas físicas ocupantes de cargos de presidência ou de direção da empresa sejam absolvidas. A Relatora – Ministra ROSA WEBER – afirmou não ser possível condicionar a responsabilização da pessoa jurídica àquela das pessoas hu-manas, sob pena de tornar letra morta o já mencionado dispositivo da lei de crimes ambientais. Vencidos, os Ministros MAR-CO AURÉLIO e LUIZ FUX (Recurso Extraor-dinário n.º 548181, 1ª T., j. 06/08/2013).

A segunda, do SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, entendeu pela impossibili-dade de concessão de habeas corpus às pessoas jurídicas que respondem por delitos contra o meio ambiente. Segun-do a Ministra LAURITA VAZ, o remédio heroico se prestaria apenas para garantir a liberdade corporal, própria das pessoas naturais. A decisão foi unânime (Habeas Corpus n.º 180987, 5ª T., j. 10/09/2013).

Os contornos vir-tuais da violência contra a mulher

Tornou-se frequente, no cenário jurídico nacional e internacional, a identificação de casos de violência contra a mulher, praticados por meio da rede mundial de computadores. Em sua maioria, eles ocorrem com a divulgação virtual desautorizada de fotos e vídeos, violando a intimidade da vítima.

O mais famoso e recente episódio envolveu conhecida atriz brasileira e aca-bou refletindo na inserção do art. 154-A no Código Penal Brasileiro. Entretanto, considerando sua aplicabilidade a casos de violência contra a mulher, seu conteú-do foi de pouquíssima felicidade.

Não obstante o reiterado debate mundial sobre o tema, é verdade que a questão ainda carece de solução. O Brasil, porém, começa apresentar indí-cios de superação do problema, pois está em trâmite na Câmara dos Depu-tados o Projeto de Lei n° 5555/2013, que acrescentará na Lei Maria da Pe-nha a violação da intimidade, enten-dida como a divulgação por meio da internet ou outro meio de propaga-ção de informações, dados pessoais, vídeos, áudios, montagens e foto-composições da mulher obtidos no âmbito das relações domésticas, de coabitação ou hospitalidade, sem seu expresso consentimento.

Proposições legislativas de igual natureza são, também, objetos de debate em alguns Estados America-nos, onde o assunto é denominado de “pornografia de vingança”, uma vez que praticado, em sua maioria, por pessoas envolvidas em relacionamen-tos recentemente rompidos.

A simultaneidade da discussão do tema em países distintos, demonstra que a repressão a mais essa conduta de vio-lação do direito à intimidade da mulher, trata-se de uma necessidade mundial.

Apesar da aparente solução que se desenha pela discussão da matéria na casa legislativa federal, é inequívoco que a melhor solução ainda é a prevenção, que neste assunto está na autopreserva-ção por parte das potenciais vítimas.

DIREITO CRIMINAL

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LUIS OTÁVIO SALESBRUNO CORREIA

GUILHERME ALONSO

Homicídio praticado na direção de automóvel: dolo eventual vs. culpa consciente

O acidente em que se envolveu EDUARDO ABIB MIGUEL, que resultou em 4 (quatro) mortes, foi julgado no dia 15/08/13, pela 1ª Câmara Criminal do TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARANÁ (Recurso em Sentido Estrito nº 9052899), relatado pelo Magistrado NAOR RIBEIRO DE MACEDO NETO. O réu havia sido pro-nunciado ao Tribunal do Júri, por estar em suposto excesso de velocidade, em-briagado e ter avançado sinal vermelho. O Tribunal desclassificou a conduta para a modalidade culposa, afirmando que,

independentemente de haver testemu-nhas informando que o réu teria hálito etílico, não se comprovou a embriaguez, pois é necessária “uma demonstração um pouco mais robusta de ter o réu agido de forma a anuir com a produção do resul-tado danoso”. E é “sabido que devem existir indicativos sérios e graves desse estado para que, somado ao excesso de velocidade, permita-se constar indícios do dolo eventual”. O caso, consequentemen-te, foi deslocado do Tribunal do Júri para a Justiça comum.

O pragmatismo do STF e as nulidades absolutas

O Plenário do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, no julgamento do Ag.Reg. na AP nº 508/AP, em 19/08/2013, reconhe-ceu a indispensabilidade da degravação integral das mídias de interceptações telefônicas, em estrito cumprimento ao mandamento contido no art. 6º, §1º da Lei nº 9.296/96.

O voto do relator, Ministro MARCO AURÉLIO, esclarece bem a matéria: em fase de diligências finais, a defesa reque-reu a degravação das mídias das inter-ceptações, o que foi deferido; o Minis-tério Público Federal, entendendo que a simples entrega da mídia ao acusado seria suficiente ao exercício da defesa e que o pedido seria protelatório, insur-giu-se contra o deferimento. O relator consignou que “a existência de processo eletrônico não implica o afastamento da Lei nº 9.296/96” e que “a formalidade é essencial à valia, como prova, do que con-tido na interceptação telefônica”.

A partir da leitura do dispositivo legal, chegar-se-ia à conclusão de que a solu-

ção apresentada pelo STF nada mais fez do que aplicar a lei objetivamente. No en-tanto, ao se analisar a ata de julgamento (maioria simples: 5x4), verifica-se a com-plexidade da matéria e o entendimento dos Ministros em relação a questões que confrontam nulidade absoluta e a efetivi-dade prática do processo penal.

Em que pese o relator tenha sido acompanhado por outros três Ministros, houve entendimento contrário por ou-tros quatro, que entenderam ser legíti-ma apenas a degravação daquilo que interessaria ao caso, indicando-se a difi-culdade prática de se realizar a transcri-ção de todas as interceptações.

A solução indicada pelo Ministro JOAQUIM BARBOSA foi a manutenção da determinação de degravação como liberalidade do relator sem a proclama-ção de nulidade com a sua eventual au-sência em outros casos, ainda que o Min. MARCO AURÉLIO tenha sustentado que a ausência de degravação configuraria nulidade absoluta.

Receptação de sinal de tv por as-sinatura é crime?

A popular prática de utilizar clan-destinamente o sinal emitido por emissora de televisão assinada (o cha-mado “gato”) gera discussão a respei-to da existência de crime. A conduta está especificada no art. 35 da Lei nº 8777/95: “Constitui ilícito penal a inter-ceptação ou a recepção não autorizada dos sinais de TV a Cabo”. Como a norma não prevê nenhuma pena, parte da li-teratura concluiu que não se trata de ilícito penal.

Por outro lado, há entendimento de que a conduta se amolda ao art. 155, § 3º, do Código Penal (furto de energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico), ou, ainda, ao art. 171 (estelionato). A controvérsia pode ser observada em decisões divergentes: o TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARANÁ já se manifestou no sentido de que “a cap-tação irregular de sinal de TV a cabo con-figura delito previsto no art. 155, § 3º, do CP (Apelação Criminal nº 593979-9, Re-lator Desembargador ROGÉRIO ETZEL, DJ 12/03/2010), entendimento seguido pelo SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, ao afirmar que “o sinal de televisão (...) é uma forma de energia associada à radia-ção eletromagnética”, pelo que se confi-guraria a “tipicidade da conduta do furto de sinal de TV a cabo” (Recurso Especial nº 1123747. Relator Ministro GILSON DIPP, DJ 01/02/2011). O SUPREMO TRI-BUNAL FEDERAL, por sua vez, decidiu que a “o sinal de TV a cabo não é energia, e assim, não pode ser objeto material do delito previsto no art. 155, §3º, do Código Penal (...). Ademais, na esfera penal não se admite a aplicação da analogia para suprir lacunas, de modo a se criar pena-lidade não mencionada na lei (Habeas Corpus nº 97261, Relator Ministro JOA-QUIM BARBOSA, DJ 02/04/2012)”.

Em vista dos princípios que regem o Direito Penal, a orientação da Supre-ma Corte parece acertada. Contudo, tratando-se de tema controverso no cotidiano forense, a prática pode estar sujeita a processo criminal, além da responsabilização civil pelo ato.

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Conciliação e mediação: métodos pouco usados, porém mais eficazes

KAREN LAÍS TAVARESAcadêmica do 3º ano da Faculdade de Direito de Curitiba

Desgastes físico e emocional acom-panham, via de regra, a solução de litígios por via processual, mas poucos sabem que há modos alternativos para findá-los. O TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARANÁ, por meio da Resolução nº 13 de 15 de agosto de 2011, implementou os Centros Judiciá-rios de Solução de Conflitos e Cidadania, que após a Emenda nº 1 na Resolução 125 de 29 de novembro de 2010 do CONSE-LHO NACIONAL DE JUSTIÇA, tornou-se mais eficaz na promoção da pacificação social. Os Centros atuam em três fases: pré-processual, processual e de cidadania.

A fase pré-processual ou autocomposi-tiva, ainda em estudo e desenvolvimento, consiste na mediação entre as partes, reali-zada por intermédio de mediadores treina-dos e capacitados, buscando o desenlace mais benéfico para ambos os lados, priori-

zando o bem estar psicológico dos envol-vidos que, comumente, confundem suas necessidades com o desejo de lesar o outro.

Como mecanismo consensual de so-lução de litígios, a conciliação, já com pro-cesso em trâmite, pode ser requerida pelas partes ou pelo juiz, visa evitar a procrastina-ção do conflito, alimentada pelos inúmeros recursos cabíveis. Também é função dos Centros o desenvolvimento de projetos de cidadania. Embutida no texto da Resolução nº 125 está a inclusão, em escolas públicas e privadas, de disciplinas, que tragam a pacifi-cação social por meio da cidadania.

Para pleno funcionamento, o Centro Judiciário de Solução de Conflito e Ci-dadania do Fórum Cível de Curitiba está organizando cursos para mediadores, ju-ízes, advogados e servidores, tornando--se referência na área para o sul do Brasil.

A adoção póstuma e o novo entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ)

CAMILA GRUBERTAcadêmica do 5º ano da Faculdade de Direito de Curitiba

FABIO ALFREDO DIAS JAENSCH Acadêmico do 4º ano Pontifícia

Universidade Católica do ParanáRecente decisão proferida pela Ter-ceira Turma do SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA superou o limite imposto pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) para a adoção póstuma.

A legislação pátria restringe a adoção póstuma aos casos em que a vontade de adotar é manifestada ainda em vida pelo adotante. O texto legal dispõe que “a adoção poderá ser deferida ao adotan-te que, após inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso do proce-dimento, antes de prolatada a sentença” (art. 42, § 5º do ECA).

No entanto, a decisão proferida pelo STJ pacificou o entendimento de que é possível a adoção póstuma ainda que o processo não tenha sido iniciado com o adotante vivo. O principal argumento uti-lizado pelo colegiado é de que deve pre-valecer a vontade inequívoca do adotan-te em adotar, ainda que não tenha sido

concretizada formalmente através de um pedido judicial de adoção. Além disso, a adoção póstuma se assemelha ao reco-nhecimento de uma filiação socioafetiva preexistente e por isso deve-se conside-rar o vínculo de afetividade já consolida-do entre o adotante e o adotado.

Na avaliação da Advogada SILVANA DO MONTE MOREIRA, presidente da Co-missão de Adoção do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM), com essa decisão cai por terra a necessidade de que a inequívoca manifestação de von-tade seja formalizada. Ademais, a vonta-de deverá ser manifestada ao longo da relação parental, através do afeto.

Com essa decisão, novamente fica evidente a nova perspectiva do Direito de Família Contemporâneo, em que o vínculo do afeto é preponderante e ju-ridicamente reconhecido, sobrepondo o rigor do formalismo.

ESPAÇO LIVRE DOS ESTAGIÁRIOSA impossibilidade da aplicação da tese da “deslegalização”

A Separação dos Poderes é um dos princípios basilares do Direito brasilei-ro. Este princípio assegura o controle do exercício do poder governamental, delimitando as competências dos Po-deres Executivo, Legislativo e Judici-ário, de forma a promover o convívio independente e harmônico destes.

A competência para a produção de leis pertence precipuamente ao Poder Legislativo. Porém, alguns teóricos de-fendem a possibilidade de aplicação da tese da deslegalização.

Adotada inicialmente pelo Con-selho de Estado francês em 1907, e atualmente praticada no direito italia-no, esta consiste na transferência, por meio de lei, da competência normativa primária para a Administração Pública, intentando a sistematização de setores em que a estrutura jurídica é arcaica e/ou ineficiente.

Assim, as normas produzidas, nos moldes desta tese teriam igual con-sistência legislativa das leis ordinárias, podendo até revoga-las. Asseveram que, ao delegarem competência à Administração Pública, estariam res-taurando “lacunas jurídicas”, através da criação de normas mais compatíveis com a evolução social. Atestam seus defensores, tratar-se de uma forma anômala de delegação legislativa.

Contudo, já foram previstas as pos-sibilidades de instrumentos de edição normativa por parte do Poder Executi-vo, nos artigos 61, §1º; 62 e 68 da Cons-tituição Federal.

Para permitir outras formas de de-legação, seriam necessárias mudan-ças drásticas na estrutura constitu-cional, que, se ausentes de controles legislativos mais eficientes e usadas de forma vil, nos retrocederiam aos períodos de cerceamento de direitos outrora experimentados.

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Substituição de penas privativas de liberdade por penas restritivas de direitos

PAULA GABRIELLE TRACZAcadêmica do 2º ano da Universidade Federal do Paraná

Além da pena que priva o sujeito da liberdade, frequentemente vista e co-nhecida na sociedade, existem, para o Direito Penal, aquelas medidas diferen-ciadas que visam dar outro foco à pu-nição do condenado, de acordo com o tipo, a gravidade e a forma como o delito foi por ele cometido.

Essas penas com caráter diverso buscam beneficiar e propor alternati-vas mais interessantes ao Estado e ao próprio réu. Tais medidas podem ser de multa ou restritivas de direitos.

A primeira consiste no pagamento dos chamados dias-multa ao fundo peni-tenciário do Estado. O valor será definido pelo juiz e possui limites à sua quantifica-ção. Já a segunda tem cinco opções de aplicação, a saber: i) prestação pecuniária, paga à vítima, sua família ou à entidade pública ou privada com fim social; ii) per-da de bens ou valores em favor do Fundo

Penitenciário Nacional; iii) prestação de serviços à entidades públicas ou a comu-nidade; iv) limitação dos fins de semana; v) interdição temporária de direitos.

Contudo, é importante ressaltar que existem condições para tal substitui-ção. Primeiramente, a pena privativa a ser substituída não pode ser superior a 4 anos e não pode ter sido cometido o crime com violência ou grave ameaça; o réu não pode ter reincidência em crime doloso; por fim, os antecedentes, a cul-pabilidade, e a personalidade, entre ou-tros fatores subjetivos ao réu, indicar que a restrição, apenas, será suficiente.

O principal objetivo na substituição é buscar a recuperação e reinserção do condenado de forma facilitada na socie-dade, mitigando os efeitos negativos que as penas de privação de liberdade podem causar; em contrapartida são reduzidos os gastos estatais com a “punição” aplicada.

Como política judiciária, alguns Tribunais vêm adotando, nas maiores comarcas ou seções judiciárias, a es-pecialização da competência da Vara Criminal pelo tipo de crime cometido.

É, inclusive, recomendação do CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA especializar as varas responsáveis por processar e julgar delitos praticados por organizações criminosas (Reco-mendação 3/2006), que aduz a necessi-dade de combater o crime organizado e conferir uma resposta judicial ágil a estes fatos.

A exemplo do ocorrido em países como Colômbia e Itália, são criadas va-ras especializadas com a formação de um colegiado de Juízes para decidir as causas no lugar de um único titular – o chamado Juiz sem rosto. Todavia, há, também, outros exemplos. Tais como varas especializadas em delitos de trânsito, crimes contra o Sistema Finan-ceiro Nacional, entre outras.

Em que pese a louvável intenção de conferir celeridade aos processos, tal iniciativa pode ter ressalvas. Essa sis-temática pode causar prejuízos a todos envolvidos. Principalmente ao réu, que se vê refém da forma de pensamento deste ou daquele Juiz, quando, muitas vezes, antes mesmo dos primeiros atos processuais, já se vê condenado, por já conhecer a forma de decidir daque-le que o julga. E o próprio Julgador é vítima dessa especialidade, que pode fazer com que ele perca a sensibilida-de para o julgamento daqueles crimes, pois cada caso novo se torna apenas mais um entre tantos outros similares.

Ao contrário do que vem sendo adotado no Brasil, a Constituição Por-tuguesa, em seu artigo 209, veta a exis-tência de Tribunais com competência exclusiva para o julgamento de certas categorias de crimes. Esta orientação é salutar, pois privilegia um órgão impar-cial em sua essência, capaz de avaliar cada caso de maneira independente, sem pré-conceitos estabelecidos.

A especialização das varas criminais pelo delito

VINÍCIUS CIMAcadêmico do 3º ano da Pontifícia

Universidade Católica do Paraná

Concussão: ato ilícito com sérias consequênciasHEVELIN QUINTÃO

Acadêmica do 3º ano da Faculdade de Direito de Curitiba

No cotidiano, embora escape à aten-ção de todos, sucedem inúmeras ilegali-dades, desde a mais claramente indevi-da até as quase imperceptíveis.

O crime de concussão, praticado por funcionário público, é um desses delitos pouco notados, mas de grave repercus-são. O Código Penal assim o define, em seu art. 316: “exigir, para si ou para ou-trem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida”.

Três motivos principais concorrem para que esta conduta seja frequente na prática: os usuários dos serviços públicos são, em geral, carentes, as entidades são desprovidas de recursos e a fiscalização do Estado é omissa.

A concussão sucede quando o agen-te público, por exemplo, da área da Saú-de, exige certo valor para proceder a uma consulta ou exame. O paciente que se submete à cobrança é impelido a acei-tar as condições para acessar o serviço

essencial e, por vezes, desconhece seu direito de acesso livre de qualquer ônus financeiro.

Ou seja, em certas situações a socie-dade torna-se refém dos serviços públi-cos e, ainda, fica à mercê da probabilida-de de ser impropriamente cobrada por ele. Um crime que se dá de forma velada, pois o funcionário público busca obter vantagem falsamente legitimada por sua função enquanto o cidadão vê-se cativo à imposição de uma obrigação inexistente.

Destarte, é preciso que o cidadão atente-se às pequenas atitudes diárias e habitue-se a averiguar se determinadas exigências práticas são previstas em lei. Também, o funcionário estatal que lida com o público deve adotar o cuidado de estudar o que é determinado e proibido no exercício de suas funções e setor, pois que pode incorrer em grave irregulari-dade, já que o Código Penal prevê para a concussão pena de reclusão de dois a oito anos, além de multa.

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Artigo 1° Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade. Artigo 2° Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação. Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território independente, sob tutela, autónomo ou sujeito a alguma limitação de soberania. Artigo 3° Todo o indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. Artigo 4° Ninguém será mantido em escravatura ou em servidão; a escravatura e o trato dos escravos, sob todas as formas, são proibidos. Artigo 5° Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes. Artigo 6° Todos os indivíduos têm direito ao reconhecimento, em todos os lugares, da sua personalidade jurídica. Artigo 7° Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual protecção da lei. Todos têm direito a protecção igual contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação. Artigo 8° Toda a pessoa tem direito a recurso efectivo para as jurisdições nacionais competentes contra os actos que violem os direitos fundamentais reconhecidos pela Constituição ou pela lei. Artigo 9° Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado. Artigo 10° Toda a pessoa tem direito, em plena igualdade, a que a sua causa seja equitativa e publicamente julgada por um tribunal independente e imparcial que decida dos seus direitos e obrigações ou das razões de qualquer acusação em matéria penal que contra ela seja deduzida. Artigo 11° 1. Toda a pessoa acusada de um acto delituoso presume-se inocente até que a sua culpabilidade fique legalmente provada no decurso de um processo público em que todas as garantias necessárias de defesa lhe sejam asseguradas. 2. Ninguém será condenado por acções ou omissões que, no momento da sua prática, não constituíam acto delituoso à face do direito interno ou internacional. Do mesmo modo, não será infligida pena mais grave do que a que era aplicável no momento em que o acto delituoso foi cometido. Artigo 12° Ninguém sofrerá intromissões arbitrárias na sua vida privada, na sua família, no seu domicílio ou na sua correspondência, nem ataques à sua honra e reputação. Contra tais intromissões ou ataques toda a pessoa tem direito a protecção da lei. Artigo 13° 1. Toda a pessoa tem o direito de livremente circular e escolher a sua residência no interior de um Estado. 2. Toda a pessoa tem o direito de abandonar o país em que se encontra, incluindo o seu, e o direito de regressar ao seu país. Artigo 14° 1. Toda a pessoa sujeita a perseguição tem o direito de procurar e de beneficiar de asilo em outros países. 2. Este direito não pode, porém, ser invocado no caso de processo realmente existente por crime de direito comum ou por actividades contrárias aos fins e aos princípios das Nações Unidas. Artigo 15° 1. Todo o indivíduo tem direito a ter uma nacionalidade. 2. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua nacionalidade nem do direito de mudar de nacionalidade. Artigo 16° 1. A partir da idade núbil, o homem e a mulher têm o direito de casar e de constituir família, sem restrição alguma de raça, nacionalidade ou religião. Durante o casamento e na altura da sua dissolução, ambos têm direitos iguais. 2. O casamento não pode ser celebrado sem o livre e pleno consentimento dos futuros esposos. 3. A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e tem direito à protecção desta e do Estado. Artigo 17° 1. Toda a pessoa, individual ou colectivamente, tem direito à propriedade. 2. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua propriedade. Artigo 18° Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos. Artigo 19° Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e idéias por qualquer meio de expressão. Artigo 20° 1. Toda a pessoa tem direito à liberdade de reunião e de associação pacíficas. 2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação. Artigo 21° 1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte na direcção dos negócios, públicos do seu país, quer directamente, quer por intermédio de representantes livremente escolhidos. 2. Toda a pessoa tem direito de acesso, em condições de igualdade, às funções públicas do seu país. 3. A vontade do povo é o fundamento da autoridade dos poderes públicos: e deve exprimir-se através de eleições honestas a realizar periodicamente por sufrágio universal e igual, com voto secreto ou segundo processo equivalente que salvaguarde a liberdade de voto. Artigo 22° Toda a pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social; e pode legitimamente exigir a satisfação dos direitos económicos, sociais e culturais indispensáveis, graças ao esforço nacional e à cooperação internacional, de harmonia com a organização e os recursos de cada país. Artigo 23° 1. Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho e à protecção contra o desemprego. 2. Todos têm direito, sem discriminação alguma, a salário igual por trabalho igual. 3. Quem trabalha tem direito a uma remuneração equitativa e satisfatória, que lhe permita e à sua família uma existência conforme com a dignidade humana, e completada, se possível, por todos os outros meios de protecção social. 4. Toda a pessoa tem o direito de fundar com outras pessoas sindicatos e de se filiar em sindicatos para defesa dos seus interesses. Artigo 24° Toda a pessoa tem direito ao repouso e aos lazeres, especialmente, a uma limitação razoável da duração do trabalho e as férias periódicas pagas. Artigo 25° 1. Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua família a saúde e o bemestar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais necessários, e tem direito à segurança no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda de meios de subsistência por circunstâncias independentes da sua vontade. 2. A maternidade e a infância têm direito a ajuda e a assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozam da mesma protecção social. Artigo 26° 1. Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos a correspondente ao ensino elementar fundamental. O ensino elementar é obrigatório. O ensino técnico e profissional dever ser generalizado; o acesso aos estudos superiores deve estar aberto a todos em plena igualdade, em função do seu mérito. 2. A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana e ao reforço dos direitos do homem e das liberdades fundamentais e deve favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais ou religiosos, bem como o desenvolvimento das actividades das Nações Unidas para a manutenção da paz. 3. Aos pais pertence a prioridade do direito de escholher o género de educação a dar aos filhos. Artigo 27° 1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte livremente na vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar no progresso científico e nos benefícios que deste resultam. 2. Todos têm direito à protecção dos interesses morais e materiais ligados a qualquer produção científica, literária ou artística da sua autoria. Artigo 28° Toda a pessoa tem direito a que reine, no plano social e no plano internacional, uma ordem capaz de tornar plenamente efectivos os direitos e as liberdades enunciadas na presente Declaração. Artigo 29° 1. O indivíduo tem deveres para com a comunidade, fora da qual não é possível o livre e pleno desenvolvimento da sua personalidade. 2. No exercício destes direitos e no gozo destas liberdades ninguém está sujeito senão às limitações estabelecidas pela lei com vista exclusivamente a promover o reconhecimento e o respeito dos direitos e liberdades dos outros e a fim de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar numa sociedade democrática. 3. Em caso algum estes direitos e liberdades poderão ser exercidos contrariamente aos fins e aos princípios das Nações Unidas. Artigo 30° Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada de maneira a envolver para qualquer Estado, agrupamento ou indivíduo o direito de se entregar a alguma actividade ou de praticar algum acto destinado a destruir os direitos e liberdades aqui enunciados.

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Ano 8 | Número 22

Tiragem: 2.000 exemplares Foto da capa: Guilherme Alonso

Impressão e acabamento: Maxi Gráfica

Boletim Trimestral do Escritório Professor René Dotti

Projeto gráfico e diagramação:IEME Comunicação | www.iemecomunicacao.com.br

Jornalista Responsável: Taís Mainardes DRT-PR 6380

Publicação periódica de caráter informativo com circulação dirigida e gratuita.

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