boletim-tecnico- implementação de pomar de uva

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Boletim Técnico Implantação de Pomar de Uva das Cultivares Chardonnay, Pinot Noir, Riesling Itálico e Merlot em Pedras Altas, RS. Planaltina – DF Dezembro de 2007

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Page 1: Boletim-Tecnico- Implementação de Pomar de Uva

Boletim Técnico

Implantação de Pomar de Uva das Cultivares Chardonnay, Pinot Noir, Riesling Itálico e Merlot em Pedras Altas, RS.

Planaltina – DF Dezembro de 2007

Page 2: Boletim-Tecnico- Implementação de Pomar de Uva
Page 3: Boletim-Tecnico- Implementação de Pomar de Uva

http://www.upis.br

Boletim Técnico

Implantação de Pomar de Uva das Cultivares Chardonnay, Pinot Noir, Riesling Itálico e Merlot em Pedras Altas, RS.

Edenilson Cezer Gavazzoni

Orientadora: Profa. Dra. Janine Tavares Camargo

Trabalho apresentado como parte das exigências para a conclusão do CURSO DE AGRONOMIA

Planaltina – DF Dezembro de 2007

Page 4: Boletim-Tecnico- Implementação de Pomar de Uva

UPIS – Faculdades Integradas Departamento de Agronomia Rodovia BR 020, km 18

DF 335, km 4,8 Planaltina (DF) Brasil

Endereço para correspondência: SEP/Sul Eq. 712/912 Conjunto A CEP: 70390-125 Brasília (DF) Brasil Fone/Fax: (0XX61) 3488-9909 www.upis.br [email protected] Orientadora: Profa. Dra. Janine Tavares Camargo Orientador econômico: Prof. M.S.Claiton de Paula Ribeiro Supervisores: Profa. Dra. Janine Tavares Camargo

Prof. M.S. Adilson Jayme de Oliveira Membros da Banca:

Profa. Dra. Janine Tavares Camargo Prof. MBA. Claiton de Paula Ribeiro Profa. M.S Eiko Mori Andrade Spinelli

Data da Defesa: 27/11/2007

Page 5: Boletim-Tecnico- Implementação de Pomar de Uva

5 ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA..................................12 2. OBJETIVO...........................................................................15 3. RECOMENDAÇÃO TÉCNICA..........................................15

3.1 Escolha da Área .............................................................15 3.2 Preparo do Solo..............................................................16 3.3 Calagem .........................................................................17 3.5 Instalação do Sistema de Condução...............................22 3.6 Uso de Quebra-Ventos ...................................................25 3.7 Irrigação .........................................................................25 3.8 Descrição e variedades da Videira .................................26

3.8.1 Chardonnay .............................................................26 3.8.2 Merlot......................................................................27 3.8.3 Pinot Noir ................................................................28 3.8.4 Riesling Itálico ........................................................28

3.9 Plantio ............................................................................29 3.10 Tratos Culturais............................................................30

3.10.1 Poda de formação..................................................30 3.10.2 Poda de frutificação ..............................................32 3.10.3 Poda verde.............................................................32 3.10.4 Desbrota ................................................................33 3.10.5 Desnetamento e eliminação de gavinhas ..............33 3.10.6 Desfolha ................................................................34

3.11 Doenças........................................................................34 3.11.1 Antracnose ............................................................35 3.11.2 Míldio....................................................................37

Page 6: Boletim-Tecnico- Implementação de Pomar de Uva

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3.11.3 Oídio......................................................................39 3.11.4 Podridão cinzenta-da-uva......................................41 3.11.5 Cancro-bacteriano .................................................42

3.12 Pragas da Videira .........................................................43 3.12.1 Pérola-da-terra.......................................................43 3.12.2 Filoxera .................................................................44 3.12.3 Cochonilha-parda ..................................................45 3.12.4 Cochonilha da parte aérea .....................................46 3.12.5 Ácaro-rajado..........................................................47 3.12.6 Mosca branca ........................................................48 3.12.7 Vespas e abelhas ...................................................50

3.13 Colheita da Uva............................................................50 3.14 Transporte ....................................................................51

4. ESTUDO DE CASO............................................................51 4.1 Localização ....................................................................51 4.2 Escolha da Área .............................................................52 4.3 Preparo do Solo..............................................................52 4.4 Talhões ...........................................................................53 4.5 Correção .........................................................................54 4.6. Adubação de Correção ..................................................55 4.7. Adubação de Plantio .....................................................55 4.8 Adubação de Produção...................................................55 4.9 Uso de Quebra-Ventos ...................................................56 4.10 Instalação do Sistema de Condução.............................57 4.11 Irrigação .......................................................................58 4.12 Espaçamento ................................................................58 4.13 Cultivares .....................................................................59

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4.14 Aquisição de Mudas.....................................................59 4.15 Plantio da Uva..............................................................60 4.16 Tratos Culturais............................................................60

4.16.1 Controle de plantas daninhas ................................60 4.16.2 Poda de formação..................................................61 4.16.3 Poda de frutificação ..............................................61 4.16.4 Desbrota ................................................................62 4.16.5 Desnetamento e eliminação de gavinhas ..............62 4.16.6 Desfolha ................................................................62

4.17 Doenças........................................................................62 4.18 Pragas ...........................................................................64 4.19 Colheita ........................................................................65 4.20 Transporte ....................................................................67 4.21 Plano de Negócio .........................................................67

4.21.1 Plano de negócio ...................................................67 3.21.2 Identificação da empresa.......................................69 4.21.3 Cenário do mercado ..............................................71 4.21.4 Estrutura do mercado ............................................74 4.21.5 Análise SWOT ......................................................76 4.21.6 Estratégias para os estágios de ciclo de vida dos produtos............................................................................77 4.21.7 Análise externa......................................................78 4.21.8 Matriz de ANSOFF...............................................79 4.21.9 Fatores chaves de sucesso .....................................79 4.21.10 Concorrente.........................................................79 4.21.11 Fornecedores .......................................................80

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4.21.12 Clientes................................................................80 4.21.13 Produtos substitutos ............................................80 4.21.14 Matriz das forças competitivas ...........................80 4.21.15 Função finanças...................................................81 4.21.16 Negócios..............................................................82 4.21.17 Missão .................................................................82 4.21.18 Visão ...................................................................82 4.21.19 Objetivo...............................................................82

5. COEFICIENTES TÉCNICOS .............................................83 6. CONCLUSÃO .....................................................................85 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................86 LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Sistema de condução da videira em latada ............ ..23 Figura 2: Sistema de Condução da videira em espaldeira .... ..24 Figura 3: Encaixe do garfo no porta-enxerto ........................ ..30 Figura 4: Poda de formação e poda seca............................... ..31 Figura 5: Lesões de antracnose na folha e ramas.................. ..35 Figura 6: Sintoma de míldio na folha de videira................... ..37 Figura 7: Sintoma de míldio nas bagas de uva...................... ..38 Figura 8: Sintoma de oídio nas bagas de uva........................ ..40 Figura 9: Pérola-da-terra em raízes da videira ...................... ..43 Figura 10: Mosca-branca em folhas de videira..................... ..49 Figura 11: Área a ser implantado o pomar...............................52 Figura 12: Croqui da área plantada..........................................54 Figura 13: Sistema de Condução da videira em espaldeira da Vinícola Miolo ...................................................................... ..58 Figura 14: Conjunto de pulverização .... ............................... ..63 Figura 15: Comercialização de espumantes.............................71 Figura 16: Comercialização de vinho.......................................71 Figura 17: Cadeia produtiva da uva.........................................75

Page 9: Boletim-Tecnico- Implementação de Pomar de Uva

9 Figura 18: Matriz de ANSOFF................................................79 Figura 19: Matriz das forças competitivas...............................81 LISTA DE TABELAS: Tabela 1: Principais produtores mundiais de vinho.................12 Tabela 1: Recomendação de calagem para solo de RS e SC....18 Tabela 2: Adubação de correção conforme índice SMP....... ..19 Tabela 3: Adubação nitrogenada de plantio.......................... ..20 Tabela 4: Dosagens de fertilizante fosfatado a ser utilizado na adubação de manutenção conforme análise foliar ................ ..20 Tabela 5: Dosagens de fertilizante nitrogenadas e potássico a ser utilizado na adubação de manutenção conforme análise de tecido... .................................................................................. ..21 Tabela 6: Época de aplicação de fertilizantes na videira (% da dose recomendada) destinada á produção de vinho .............. ..21 Tabela 7: Recomendações para o controle químico da Antracnose...... ...................................................................... ..36 Tabela 8: Recomendações para controle químico Míldio .... ..39 Tabela 9: Recomendações para o controle químico Oídio.......41 Tabela 10: Controle da pérola-da-terra ................................. ..44 Tabela 11: Controle de filoxera................................................45 Tabela 12: Controle de cochonilhas.........................................47 Tabela 13: Controle de ácaro-rajado........................................48 Tabela 14: Análise do solo.......................................................55 Tabela 15: Quantidade de nutrientes necessários com base na análise foliar para adubação de produção.................................56 Tabela 16: Época de aplicação de fertilizantes na videira........56 Tabela 17: Distribuição da quantidade de mudas por ano de plantio das respectivas variedades............................................60 Tabela 18: - Doenças fúngicas da videira e recomendações para o controle químico...................................................................64 Tabela 19: Inseticidas registrados para as principais pragas da videira ......................................................................................65 Tabela 20: Identificação da empresa........................................69

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10 Tabela 21: Produção mundial de vinhos por países.................72 Tabela 22: Análise de SWOT com pontos fortes e fracos oportunidades e ameaças .........................................................76 Tabela 23: Coeficientes técnicos para uva...............................83

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11 RESUMO

Implantação de Pomar de Uva das Cultivares Chardonnay, Pinot Noir, Riesling Itálico e Merlot em Pedras Altas, RS

Edenilson Cezer Gavazzoni 1 Janine Tavares Camargo 2

Claiton de Paula Ribeiro3 Objetiva-se estudar a viabilidade técnica da implantação de um pomar de videira (Vitis vinifera), na região da Campanha no RS. A região da Campanha possui condições edafoclimáticas favoráveis para o cultivo de uvas destinadas à fabricação de vinhos finos e espumantes. Além disso, possui relevo favorável à mecanização. A região é tipicamente de pecuária de corte, porém recentemente está sendo substituída pela fruticultura e silvicultura. Já existem várias vinícolas instaladas na região incluindo Miolo, Almadém e Terra Sul. A vitivinicultura é uma atividade que demanda grande quantidade de mão-de-obra, o que a torna de interesse público, visto o desemprego promovido pelos extensos reflorestamentos recentemente instalados em Pedras Altas. A região conta com apoio do governo municipal e possui linha de crédito especial do governo Federal.O pomar será implantado em uma área de 30 ha, sendo o plantio parcelado em 3 fases, implantando-se 10 ha/ano. Serão implantadas as cultivares de acordo com as proporções a seguir: 8 ha de Chardonnay, 8 ha de Pinot Noir, 6 ha de Riesling Itálico e 8 ha de Merlot. O pomar será instalado no sistema de espaldeira devido ao destino final das uvas que é a elaboração de vinhos espumantes e finos. As uvas serão destinadas à vinícola Miolo já instalada na região. Após o estudo realizado observou-se que o plantio de 30 ha de uvas finas é uma alternativa técnica e economicamente viável na região. PALAVRAS-CHAVE: Videira, espumantes, vitivinicultura. _____________________________________________________________ 1Aluno de graduação do Depto. de Agronomia/UPIS e-mail: [email protected] 2Eng. Agrônoma Dra. Profa. do Dept. de Agronomia/UPIS e-mail: [email protected] 3Adm.MBA Prof. do Dept. de Agr./Ciências Contábeis/UPIS e-mail:[email protected].

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12 1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

Atualmente a vitivinicultura está consolidada como uma atividade de importância sócio–econômica e cultural em várias regiões mundiais, principalmente em países europeus como a França, com uma produção anual de aproximadamente 50.000.000 de litros, Itália com 44.604.000 de litros e a Espanha com 36.639.000 de litros.

O Brasil, em relação aos principais produtores mundiais, está em 14º lugar com produção de 3.212.000 de litros. A Tabela 1 apresenta os principais produtores de vinho (UVIBRA, 2007).

Tabela 1: Principais produtores mundiais de vinho em (hectolitros).

País 86-90 91-96 96-00 2000 2001 2002França 64.641 52.886 56.271 57.541 53.389 50.000Italia 65.715 60.768 54.386 51.620 52.293 44.604

Espanha 33.519 26.438 34.162 41.692 30.500 36.639Aegentina 19.914 15.588 13.456 12.537 15.835 12.695

EUA 18.167 17.619 20.386 21.500 19.200 20.300Alemanha 10.012 10.391 9.989 9.852 8.891 9.885Portugal 8.455 7.276 6.828 6.710 7.789 6.651

Chile 4.135 3.326 5.066 6.674 5.658 5.623China 2.734 5.140 9.581 10.500 10.800 11.200

Brasil (14º) 2.968 3.095 2.920 3.638 2.968 3.212 Fonte: UVIBRA (2007)

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13 A introdução da cultura da videira no Brasil ocorreu em

1532, quando diferentes Estados experimentaram o cultivo e o processamento, mas a vitivinicultura tornou-se uma atividade de importância sócio-econômica no final do século XIX, principalmente com a chegada dos imigrantes italianos, especialmente na região Sul (Kuhn, 2003). Atualmente a vitivinicultura está consolidada como uma atividade de importância sócio–econômica, nos Estados do Rio Grande do Sul com uma área de 40.371 ha e uma produção média de 696.557 toneladas; São Paulo com uma área de 11.600 ha e uma produção de 193.300 toneladas; Paraná com uma área de 5.794 ha e uma produtividade de 96.660 toneladas; Santa Catarina com uma área de 3.771 ha e uma produtividade de 44.612 toneladas e Pernambuco com uma área de 4.692 e uma produtividade de 151.699 toneladas (Embrapa/CNPUV, 2007).

Embora a produção de vinhos, suco de uva e demais derivados da uva e do vinho também ocorram em outras regiões, a maior concentração está no Rio Grande do Sul, onde são elaborados anualmente em média 330 milhões de litros de vinhos e mostos, representando 95% da produção nacional. O Cadastro Vitícola do Rio Grande do Sul (1995-2000) registra, no Estado, 12.829 propriedades que cultivam e vendem uva para processamento. Do total cultivado (17,12%) com variedades viníferas (17,12%); e (81,38%) com variedades americanas e híbridas (Prota, 2003).

A vitivinicultura no RS abrange um contingente humano envolvido na atividade, segundo pesquisa realizada pela Embrapa Uva e Vinho, em 1995 o número de pessoas residentes nas propriedades vitícolas era de 46.334. Quanto à estrutura fundiária, são propriedades que possuem em média 15 ha de área total, sendo 40% a 60% destes de área útil. Trata-se, portanto, de uma atividade tipicamente de agricultura familiar (Prota, 2003).

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14 O principal Estado produtor de uva é o Rio Grande do Sul que contribuiu com aproximadamente 54 % da produção nacional. Além disso, apresenta a maior área plantada correspondente a 57 % da área total plantada (Kuhn, 2003). As características mais marcantes das regiões vinícolas brasileiras são o relevo montanhoso e de difícil mecanização; pequenas propriedades, com uma área média de 2 hectares, exploradas de forma artesanal com mão-de-obra familiar (Kuhn, 2003). A produtividade média de uva no Brasil é de 16 t/ha, porém existem estados como Pernambuco e Bahia que em 2006 obtiveram produtividades maiores, 30 t/ha e 28 t/ha, respectivamente, apesar desses estados não apresentarem a maior área plantada (Agrianual, 2007). Isso ocorre em razão destes estados possuírem condições edafoclimáticas que possibilitam duas safras anuais.

O Rio Grande do Sul é o maior produtor de uvas para o processamento, com produtividade média de 16 t/ha (Kuhn, 2003).

A vitivinicultura tem grande importância econômica e social, por sua alta rentabilidade por unidade de área e por fixar o homem no meio rural, especialmente nas pequenas propriedades (Fonseca, 2005).

A agroindústria vitivinícola do Rio Grande do Sul assumiu, historicamente, a liderança da produção e abastecimento do mercado interno brasileiro. Mais recentemente, especialmente a partir da década de 70, começaram a ocorrer programas de incentivos e investimentos com a implantação e a modernização das vinícolas, principalmente daquelas voltadas para a produção de vinhos finos (Prota, 2003).

A vitivinicultura na região Sul com a modernização das vinícolas, motivados por um mercado interno com potencial para o consumo de vinhos finos com padrão internacional e de

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15 maior valor agregado. Entretanto, esse mercado, seguindo uma tendência mundial, de exigir novos padrões de qualidade. A ampla oferta de produtos importados, que em 1993 ocupava 19,4% do mercado brasileiro de vinhos finos e em 2002 passou a ocupar 48,7% do mesmo, fator este que também contribuiu para esta nova postura do consumidor e das vinícolas com a expansão de novas áreas e a adoção de novas tecnologias, principalmente com a mecanização (Prota, 2003).

Esta nova realidade do segmento de vinhos finos no Brasil evidencia-se a necessidade de que estabeleçamos, com urgência, políticas organizacionais e tecnológicas que aumentem a capacidade competitiva do setor. Assim, de forma complementar aos investimentos efetuados na modernização tecnológica do setor agroindustrial, há necessidade de estabelecer uma base técnica que sirva de referência para a modernização sistemática e racional dos processos de produção de uvas viníferas, com vistas á elaboração de vinhos finos e espumantes nas regiões de clima temperado do Brasil (Prota, 2003). 2. OBJETIVO

Instalação de 30 ha de pomar de uvas viníferas das

variedades Chardonnay, Pinot Noir, Riesling Itálico e Merlot, para fornecer uvas visando elaboração de vinhos finos e espumantes para a Vinícola Miolo no município de Pedras Altas, RS. 3. RECOMENDAÇÃO TÉCNICA

3.1 Escolha da Área

A videira se adapta á ampla variedade de solos, no entanto, dá-se preferência a solos com boa capacidade de suprimento de nutrientes, permitindo desta forma o melhor

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16 desempenho produtivo (Kuhn, 2003).

Para a escolha da área onde será implantado o pomar de videira faz -se necessário um estudo básico das características físico-químicas do solo, como: profundidade, textura, retenção de umidade, fertilidade; da água como vazão ou volume, sua qualidade e localização; características climáticas, mercadológicas e o nível de tecnologia a ser adotado (Leão e Soares, 2000).

Solos com áreas de meia encosta, aptas à mecanização, próximas á fonte de água para a irrigação devem ser preferidas. Áreas de baixadas, também, podem ser usadas, porém a formação de orvalho, mais freqüente nesses locais favorece a ocorrência de doenças como o míldio e a antracnose. Os solos profundos e de textura média devem ser os preferidos, pois facilitam o desenvolvimento do sistema radicular, sendo, contudo, mais susceptíveis à erosão. Devem-se evitar solos com impedimentos subsuperficiais, mal drenados ou com lençol freático raso, pois favorecem a ocorrência de doenças do sistema radicular como a fusariose da videira, principalmente se tiver matéria orgânica em decomposição (Maia et al., 2003).

3.2 Preparo do Solo

Segundo Melo (2003), o preparo da área tem por finalidade levar as mudas plantadas a desenvolverem todo o seu potencial produtivo.

O preparo do solo em áreas não cultivadas consiste nas seguintes etapas:

• A roçagem, que tem como principal objetivo a eliminação da vegetação existente, podendo ser feita manualmente ou com tratores;

• O destocamento para a retirada dos tocos maiores, no caso da área ser coberta por mata ou outra vegetação maior;

Page 17: Boletim-Tecnico- Implementação de Pomar de Uva

17 • A aração que consiste na mobilização total do solo, á

profundidade de 20 a 25 cm; • A gradagem tem por finalidade nivelar o terreno

revolvido possibilitando a distribuição uniforme dos adubos e facilitando a demarcação do local das covas e

• O preparo das covas que consiste na abertura com as dimensões de (50 x 50 x 50 cm) para o plantio (Melo, 2003).

3.3 Calagem

A calagem tem por finalidade corrigir a acidez do solo, eliminar prováveis efeitos tóxicos de elementos prejudiciais para as plantas, como alumínio e manganês, e corrigir os teores de cálcio e magnésio porque o calcário, que é o corretivo normalmente utilizado, contém teores altos destes nutrientes, proporcionando ainda adequar o pH do solo (próximo de 6,0), para o cultivo da videira (Pereira et al, 2000).

Segundo Melo (2003), nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul são adotados como indicadores para á correção do solo o índice SMP (Método baseados no decréscimo do pH de soluções tampão, que foi desenvolvido por Shoemaker, Mcleam e Prott), que através da análise química do solo, fornece a dosagem a ser adicionada ao solo (Tabela 2).

A distribuição de calcário pode ser efetuada a lanço e ser incorporada ao solo com o uso de gradagem, antes da abertura das covas, pelo menos três meses antes do plantio. Recomenda-se, ainda, aplicar uma pequena dose de 100 a 200 g por cova, junto com a adubação de plantio, mas depende principalmente da análise química do solo (Leão e Soares, 2001).

Normalmente, há necessidade de fazer novamente outra

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18 calagem, após 3 a 4 anos da implantação do vinhedo (Melo, 2003).

Tabela 2: Recomendação de calagem para solo de RS e SC Índice SMP Calcário a adicionar

(t.há-1 ) Índice SMP Calcário a adicionar

(t.ha-1 ) ≤ 4,4 21,0 5,8 4,2 4,5 17,3 5,9 3,7 4,6 15,1 6,0 3,2 4,7 13,7 6,1 2,7 4,8 11,9 6,2 2,2 4,9 10,7 6,3 1,8 5,0 9,9 6,4 1,4 5,1 9,1 6,5 1,1 5,2 8,3 6,6 0,8 5,3 7,5 6,7 0,5 5,4 6,8 6,8 0,3 5,5 6,1 6,9 0,2 5,6 5,4 7,0 00 5,7 4,8

Fonte: Comissão de Fertilidade do Solo RS/SC (Melo 2003).

3.4 Adubação e Nutrição Mineral da Uva

A adubação visa complementar os teores de nutrientes existentes no solo, para a obtenção de produtividades econômicas da cultura. Por isso, é necessário que seja feita de maneira correta, pois tanto a falta como o excesso podem comprometer a produção. O método mais seguro e eficiente para identificar os níveis necessários é através da análise do solo (Leão e Soares, 2000).

A videira é uma cultura bastante exigente em nutrientes, assim, torna-se necessário um aporte de macro e micronutrientes suficientes para a obtenção de alta produtividade e frutos de qualidade (Leão e Soares, 2000).

Segundo Melo (2003), existem três principais tipos de adubação: a de correção, efetuada antes do plantio; de plantio,

Hernany
Realce
Hernany
Realce
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19 realizada no momento da instalação do pomar; de manutenção, realizada durante a vida produtiva da planta, que consiste na adubação de crescimento e produção. 3.4.1 Adubação de correção

Com o objetivo de corrigir possíveis carências

nutricionais de fósforo e potássio (Tabela 3), recomenda-se fazer a adubação de correção. A quantidade de nutrientes a ser aplicada baseia-se na análise do solo e a aplicação dos fertilizantes é efetuada 10 dias antes do plantio, em toda área de cultivo (Kuhn, 2003). Tabela 3: Adubação de correção segundo índice SMP, para RS.

P. Mehlich K trocável <9,0 9,0 a 14,0 >14,0 <0,15 0,15 a 0,21 >0,26

P2O5 (kg ha-1) K2O 200 100 0 120 90 0

Fonte: Comissão de Fertilidade do Solo RS/SC (Melo, 2003). 3.4.2 Adubação de plantio

Segundo Melo (2003), a adubação de plantio tem por finalidade complementar a adubação de correção, são utilizados esterco bovino ou de aves e fertilizantes químicos à base de nitrogênio. A quantidade a ser aplicada está relacionada com a quantidade de matéria orgânica do solo.

A adubação de plantio é recomendável essencialmente com base na análise de solo, sendo que os fertilizantes minerais e orgânicos são adicionados na cova e misturados com a terra da própria cova, antes de se fazer o transplantio das mudas (Leão e Soares, 2000).

Recomenda-se utilizar aproximadamente 20 kg/cova de esterco de curral curtido ou outro produto similar e adicionar 4,5 g de zinco e 1,0 g de boro, por cova (Leão e Soares, 2001).

A quantidade de fertilizantes a serem utilizados para a adubação de plantio (Tabela 4) tem como parâmetro a matéria

Hernany
Realce
Hernany
Realce
Hernany
Realce
Hernany
Realce
Page 20: Boletim-Tecnico- Implementação de Pomar de Uva

20 orgânica do solo que consta na análise química do solo (Melo, 2003).

Tabela 4: Adubação nitrogenada de plantio.

Matéria orgânica g/kg Dose de Nitrogênio g/kg <25 50

25 a 50 30 >50 0

Fonte: Last Uva e Vinho citado por Melo (2003). 3.4.3 Adubação de produção O início da adubação de produção ocorre a partir da primeira poda de frutificação. Durante cada ciclo vegetativo é efetuada a adubação do vinhedo (Leão e Soares, 2001).

Recomenda-se utilizar esterco curtido, fósforo, potássio e nitrogênio, de forma equilibrada, e atendendo às necessidades da cultura. A análise do solo juntamente com a foliar será à base de cálculo para a determinação das quantidades necessárias (Leão e Soares, 2001). Segundo Melo (2003), a adubação de manutenção ou produção é baseada nos teores de nutrientes expressos na análise foliar e na produtividade esperada. Para a análise foliar coletam-se as amostras de folhas ou pecíolos, cujo resultado determinará as dosagens a serem empregadas (Tabelas 5, 6 e 7).

Tabela 5: Dosagens de fertilizante fosfatado a serem utilizadas na adubação de manutenção conforme análise foliar.

Teores de P2O5 nas folhas completas/ pecíolos (classes)

Dose de P2O5 (kg/ha)

Deficiente/ Abaixo do normal 40 a 80 Normal 0 A 40 Acima do normal/ Exceso 0

Fonte: Last Uva e Vinho segundo Melo (2003).

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21

Tabela 6: Dosagens de fertilizante nitrogenado e potássico a serem utilizadas na adubação de manutenção conforme análise de tecido foliar segundo Melo (2003).

Teores de N nas folhas completas/ pecíolos (classes)

Produção esperada em ton/há

Dose de N em kg/há

Dose de K2O em kg/há

<15 10 a 20 10 a 20 15 A 25 20 a 40 20 a 40

Deficiente/ Abaixo do normal

>15 40 a 50 40 a 50 <15 0 a 15 0 a 15

15 A 25 15 a 25 15 a 25 Normal

>15 25 a 50 25 a 50 <15 0 0

15 A 25 0 0 Acima do normal/ Excesso

>15 0 0

Tabela 7: Época de aplicação de fertilizante na videira (% da dose recomendada) destinada à produção de vinho.

Época Dias Nitrogênio %

Fósforo %

Potássio %

10 dias antes da poda 0 0 75 60

10 dias após inicio da brotação

30 50 25 40

40 dias após inicio da brotação

60 25 0 0

70 dias após inicio da brotação

90 25 0 0

Fonte: Last Uva e Vinho segundo Melo (2003).

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3.5 Instalação do Sistema de Condução

A videira possui o hábito de crescimento trepador, sendo necessário um suporte para a sustentação da parte aérea (ramas, folhas e frutos). As principais funções do sistema de condução são: a manutenção do dossel na posição definitiva, a distribuição da folhagem e o direcionamento do crescimento dos ramos. Os sistemas de condução mais empregados no Brasil são o de latada e o de espaldeira (Leão e Soares, 2001). Para cada região vinícola procura-se adotar o sistema de condução mais adequado que permita a obtenção da máxima produtividade, com a melhor qualidade (Kuhn, 1996). Para a escolha do sistema de condução há vários critérios que influenciam na tomada de decisão como:

• Hábito de frutificação da cultivar; • Método de colheita; • Topografia do terreno; • Custo da implantação e manutenção do sistema; • Conjuntura econômica ou rentabilidade esperada e • Condições climáticas do local do vinhedo (Miele e

Mandelli, 2003).

O sistema de condução do tipo latada (figura 1) também conhecido por pérgola ou caramanchão, é um dos sistemas mais utilizados no Rio Grande do Sul e nas principais regiões vinícolas brasileiras, principalmente por proporcionar grande expansão vegetativa e conseqüentemente uma alta produtividade (Kuhn, 1996). O sistema tipo latada é composto basicamente por posteação, formada a partir de postes externos e internos, cantoneiras e aramados, formados por cordões primários, secundários e fios simples (Kuhn, 1996).

A latada ou pérgola deve estar construída antes do período de enxertia ou com plantas em estágio de poda de

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23 formação, para evitar danos aos enxertos ou plantas em formação durante a sua construção. Recomenda-se utilizar materiais duráveis como madeira de eucalipto tratado ou postes de concreto; arames com galvanização pesada e alta resistência mecânica para garantir longevidade e baixa manutenção da estrutura do parreiral. O aramado deve ficar situado numa altura de 1,80 m a 1,90 m para facilitar os tratos culturais do pomar (Maia e Camargo, 2003).

As principais vantagens do sistema latada são o desenvolvimento mais vigoroso, dossel vegetativo extenso com alta produtividade, rentabilidade econômica e facilidade de locomoção no vinhedo. Quanto às desvantagens podem ser destacadas os custos de implantação e manutenção, elevados transtornos em tratos culturais, sombreamento nos cachos e ocorrência de doenças fúngicas, favorecidas pela grande quantidade de folhas (Miele e Mandelli, 2003).

Figura 1: Sistema de condução da videira em latada ou pérgola no Vale dos Vinhedos em Bento Gonçalves, 2007.

No sistema por latada, as videiras são alinhadas em fileiras distanciadas, geralmente, de 2 a 3 m, sendo 2,50 m o mais usual. A distância entre plantas é de 1,50 m a 2,0 m, conforme a variedade e o vigor da videira. A zona de produção

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24 da uva situa-se a aproximadamente 1,80 m do solo (Maia e Camargo, 2003). Nos principais países produtores de uvas, bem como na Serra Gaúcha, o sistema de condução mais utilizado é do tipo espaldeira. As principais vantagens do sistema são: o custo relativamente mais baixo do que a latada, boa aeração por permitir uma melhor penetração dos raios solares (Miele e Mandelli, 2003).

Para a construção da espaldeira (Figura 2), a disposição dos fios será de forma vertical, semelhante às de uma cerca, diferente da latada, onde são dispostos horizontalmente formando uma rede. O aramado é composto de 3 ou 5 fios de arame liso, sendo o primeiro colocado a 1 m ou 1,20 m do solo; os outros arames acima deste têm a distância de 0,35 m entre si.

Figura 2: Sistema de Condução da videira em espaldeira na vinícola Miolo, Candiota, RS, 2007.

A posteação é individual e segue a linha de plantio. E a distância entre postes pode variar de 5 a 6 m, sendo que os postes das extremidades devem estar presos a rabichos para que os fios permaneçam sempre bem estendidos (Kuhn, 2003).

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25 O sistema de condução por Lira ou U foi desenvolvido

no centro de pesquisa INRA de Bordeaux na França. É pouco utilizado no Brasil, porém na Serra Gaúcha existem 100 hectares neste sistema. Sua principal característica é de possuir duas cortinas levemente inclinadas para fora, desta forma proporciona duas zonas de produção, sendo separadas por uma distância de 0,90 m entre si em sua base e formando assim um aspecto de U (Miele e Mandelli, 2003).

Este sistema de condução tem como uma das principais vantagens a grande área foliar proporcionando uma boa produtividade, porém inferior à proporcionada pela latada. Além disso, facilita o posicionamento dos ramos, proporciona uvas de boa qualidade para o vinho e permite a expansão gradativa do pomar (Miele e Mandelli, 2003).

3.6 Uso de Quebra-Ventos

No cultivo da videira, a ocorrência de ventos fortes é prejudicial para o seu desenvolvimento, por isso, a formação de quebra-ventos no contorno do pomar faz-se necessária para diminuir a velocidade do vento (Nachtigal et al., 2005).

Os danos provocados pelo vento são a quebra de brotos novos, dificuldade na orientação dos ramos durante a formação dos braços, causando deformações na estrutura da planta. Para a formação do quebra-vento, podem ser utilizadas espécies como: capim elefante (Pennisetum spp.), cana-de-açúcar (Saccharam oficinarum), grevilea (Grevilea robusta), eucalipto (Eucaliptus spp.), leucena (Leucaena leucocephala) (Nachtigal et al., 2005).

3.7 Irrigação

Para suprir as necessidades hídricas da cultura da

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26 videira o aporte hídrico é recomendável. Para a cultura da videira, os sistemas de irrigação mais indicados são os de gotejamento ou micro aspersão, que consistem na aplicação de água numa fração do volume de solo explorado pelas raízes das plantas. Esse volume do solo é denominado de bulbo molhado, ou seja, quando o volume ou lâmina de água aplicada é o necessário para atender à camada de solo adequada. Deve-se dar uma atenção especial às formas e dimensões do bulbo molhado, na camada de 0 a 20 cm, por ser o local de maior concentração do sistema radicular da videira (Leão e Soares, 2000).

3.8 Descrição e variedades da Videira

A videira pertence à ordem Rhammales da família

Vitaceae também chamada de Ampelidaceae, do Gênero Vittis sp.

O germoplasma da Vittis está distribuído em três centros de origem: Centro Euroasiático, Centro Asiático e Centro Americano (Camargo, 2001). A videira e uma planta sarmentosa que ao ser explorada economicamente deve estar apoiada em suportes, onde suas ramas são conduzidas e distribuídas. O seu sistema radicular é ramificado e abrange uma ampla área. As folhas se originam nos nós, estando dispostas ao longo da rama, de modo alternado e divididas em lobos. As flores são pequenas, de coloração verde clara, sendo completas ou hermafroditas e seu caule é ramificado. 3.8.1 Chardonnay

Cultivar de origem francesa, possivelmente da Borgonha, a ´Chardonnay' foi introduzida em São Roque-SP em 1930 e no Rio Grande do Sul em 1948. A partir do final da

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27 década de 1970, por interesse do setor vitivinicultura, esta variedade foi trazida de procedências diversas e difundida no RS. É uma cultivar de brotação precoce, sujeita a prejuízos causados por geadas tardias. Adapta-se bem às condições da região, com vigor e produtividade médios, atingindo boa graduação de açúcar em anos favoráveis. É uma cultivar, cujo vinho possui renome internacional, especialmente pela qualidade dos produtos que origina na Borgonha, assim como, pelos famosos espumantes elaborados juntamente (em corte) com a cultivar ´Pinot Noir`, na região de Champagne (Camargo, 2003).

No Brasil a cv. `Chardonnay` tem sido usada para a elaboração de vinho fino varietal e também para vinhos espumantes (Camargo, 2003).

3.8.2 Merlot

Cultivar originária do Médoc, França, onde já era cultivada em 1850. Daí expandiu-se para outras regiões da França e para muitos outros países vitícolas, tornando-se uma cultivar cosmopolita. Foi uma das cultivares básicas para a Companhia Vinícola Riograndense firmar o conceito dos seus vinhos finos varietais. Nos últimos anos, cresceu em conceito, sendo, juntamente com a 'Cabernet Sauvignon', das viníferas tintas mais plantadas no mundo. É uma cultivar muito bem adaptada às condições do sul do Brasil, sendo cultivada também em Santa Catarina. Proporciona colheitas abundantes de uvas que podem atingir 20 °Brix, porém, é bastante suscetível ao míldio. Origina vinho varietal e espumantes de alta qualidade. É também muito usado em cortes com vinhos de 'Cabernet Sauvignon', 'Cabernet Franc' e de outras castas de renome (Camargo, 2003).

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28

3.8.3 Pinot Noir

É uma variedade de cultivo recente no Rio Grande do Sul. Apesar de mundialmente reconhecida pela qualidade do vinho, a ´Pinot Noir´ tem algumas restrições para as condições ambientais do Sul do Brasil. É uma variedade sensível ao apodrecimento causado por Botrytis, problema comum em anos chuvosos. As plantas contaminadas com Botrytis devem ter a sua colheita antecipada, visto que a doença se manifesta na pós-colheita causando o apodrecimento dos cachos. Uvas contaminadas com este patógeno originam vinhos com pouca coloração e qualidade inferior. Em anos em que a colheita é realizada em períodos secos, a ´Pinot Noir` gera vinhos excelentes. Esta cultivar é também bastante demandada pela indústria de vinhos espumantes de alta qualidade (Camargo, 2003).

3.8.4 Riesling Itálico

A 'Riesling Itálico' é uma cultivar do norte da Itália e foi trazida para o Rio Grande do Sul pela Estação Agronômica de Porto Alegre em 1900. A partir de 1973, houve grande incremento na área cultivada, tornando-se uma das principais uvas finas brancas da região. É uma cultivar de médio vigor, fértil, produtiva e muito bem adaptada à região. Em anos favoráveis, proporciona colheitas abundantes, de uvas que chegam a 20 °Brix na plena maturação. Entretanto, em anos mais chuvosos, o viticultor muitas vezes se vê forçado a antecipar a colheita devido à incidência de podridões do cacho. O vinho de 'Riesling Itálico' é fino, com aroma sutil e típico, comercializado como vinho fino de mesa varietal e, também, utilizado na elaboração de espumantes bem conceituados (Camargo, 2003).

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29

3.9 Plantio

Para a implantação do vinhedo, a utilização de mudas certificadas formadas em viveiro proporciona uma maior segurança em relação a doenças, viroses e pragas que possam contaminar o pomar em formação. Para mudas oriundas de viveiros, recomenda-se que o seu sistema radicular seja bem formado, com no mínimo três raízes principais bem distribuídas, o que favorece o plantio. O plantio é feito nas covas previamente abertas e adubadas conforme descrito na parte referente ao preparo do solo. Para mudas formadas, recomenda-se que a região do enxerto fique de 10 a 15 cm acima do nível do solo para evitar o enraizamento do garfo (Kuhn, 2003). Segundo Leão e Soares (2000), o plantio de mudas formadas deve ser preferencialmente na estação das chuvas, período esse com temperaturas amenas e maior disponibilidade de água, favorecendo o desenvolvimento rápido das plantas.

A formação do vinhedo também pode ser feita por meio da enxertia de campo, uma modalidade muito utilizada no Brasil, sendo a muda enxertada em local definitivo na maioria das vezes. Para realizar a enxertia é necessário que os porta-enxertos sejam plantados durante os meses de julho e agosto do ano anterior. As enxertias mais utilizadas no campo são a garfagem simples (Figura 3) ou a borbulhia (Kuhn, 2003).

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Figura 3: Encaixe do garfo no porta-enxerto (Embrapa/Cnptia, 2007).

Após o plantio das mudas enxertadas ou após a brotação da enxertia de campo, recomenda-se que as mudas sejam conduzidas em haste única, mediante a eliminação de brotações laterais, mantendo-se o tronco ereto, amarrado ao tutor. Essa prática deve ser realizada freqüentemente, para evitar que o ramo principal seja debilitado (Leão e Soares, 2000).

3.10 Tratos Culturais

3.10.1 Poda de formação

A poda da videira pode ser definida como a manutenção da forma preestabelecida e a regulamentação da frutificação. Já a condução abrange práticas complementares, que consistem principalmente em unir a planta em seu suporte, sendo que o tipo de condução define a forma e direção do caule e braços, e a posição dos brotos, que se desenvolvem a partir das gemas deixadas nos esporões e varas (Leão e Soares, 2000).

O objetivo da poda em videiras jovens é o desenvolvimento de um só broto bem forte e vigoroso. Desta

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31 forma, elimina-se então parte das brotações da planta, com o objetivo de obter uma planta bem formada o mais cedo possível (Leão e Soares, 2000). Segundo Kuhn et al. (1996), o broto com maior vigor é conduzido mediante sucessivas amarrações no tutor até a estrutura da latada ou o primeiro fio da espaldeira, onde é efetuada a desponta, cerca de 10 cm abaixo do fio. Com esta poda, elimina-se a dominância apical e estimula-se o desenvolvimento das gemas prontas. Os brotos das últimas duas gemas serão conduzidos mediante amarração, um para cada lado no sentido da linha de plantio, formando os braços da videira ou feminelas. Para as regiões de clima temperado deve ser feita a poda seca nos meses de julho-agosto, antes do início da brotação da videira, procedimento esse feito após o término do período de geadas. A poda seca de formação consiste em podar os futuros braços das videiras despontadas, com no máximo seis gemas, sendo que a poda de formação (Figura 4) é concluída normalmente no terceiro ano (Kuhn et al., 1996).

Figura 4: Poda de formação: A - enxerto ou muda; B – condução da muda; C – desponta; D – condução das feminelas; E – poda seca (Kuhn et al. 1996).

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32

3.10.2 Poda de frutificação A poda de frutificação ou de produção tem como

objetivo preparar a planta da videira para a próxima safra. Essa poda deve ser feita com o intuito de eliminar sarmentos fracos ou mal localizados e ramos ladrões, a fim de que só permaneçam na planta as varas ou os esporões desejados. Um fator importante na hora da poda é a carga de gemas do vinhedo, que deve ser adequada para a máxima produção sem comprometer a planta para a safra do ano seguinte (Miele e Mandelli, 2003).

Segundo Kuhn (1996), o espaçamento e a forma de condução da videira são fatores que interferem no tipo de poda e na quantidade de gemas por planta, sendo que para uma boa produtividade, o número ideal é de 60-66 gemas por planta.

A poda de produção pode ser curta (3 gemas), que forma os esporões e a poda longa (6 a 7 gemas), que forma as varas, sendo que, deverão estar distanciadas entre si aproximadamente 0,5 m, em cada braço (Miele e Mandelli, 2003). 3.10.3 Poda verde

A poda verde ou herbácea consiste em todas as operações no período vegetativo da videira. Essa poda busca eliminar a vegetação mal situada ou inútil, buscando uma melhor aeração e insolação no vinhedo, facilitando os tratamentos fitossanitários e a qualidade da uva (Kuhn, 1996).

Os objetivos principais da poda verde são: conduzir a seiva para os órgãos da planta, alcançar um equilíbrio de vigor das brotações e favorecer a frutificação; facilitar o pegamento dos frutos, a maturação adequada de frutos e corrigir erros eventualmente cometidos na poda seca (Leão e Possídio, 2001).

Segundo Leão e Soares (2000), a poda verde compreende as seguintes operações manuais: desbrota, desfolha, eliminação de gavinhas, desponte, desbaste de cachos e incisão anelar.

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33

3.10.4 Desbrota A operação de desbrota busca a eliminação de ramos que nascem no caule, brotações fracas ou em excesso, duplas ou triplas originadas na mesma gema, evitando dessa forma o desperdício de seiva em partes supérfluas e direcionando a seiva para partes mais importante da planta (Leão e Soares, 2000). A realização dessa operação é feita quando as brotações atingem o comprimento de 8 a 15 cm aproximadamente. Recomenda-se deixar em torno de duas ou três brotações em cada vara produtiva, priorizando-se uma brotação na base e outra na extremidade (Leão e Possídio, 2001). Segundo Leão e Soares (2000), nos esporões, deve-se manter uma brotação, independente da presença ou não de cacho, nunca deixando duas brotações na mesma gema, eliminando-se sempre a mais fraca. Já nos ramos mais velhos, para dar origem aos esporões da poda seguinte, recomenda-se manter todas as brotações que apresentarem condições de desenvolvimento nos braços primários e secundários.

Já segundo Nachtigal (2005), a desbrota deve ser realizada o mais cedo possível, o que aumenta o rendimento da operação, facilita a cicatrização e evita o uso de tesouras. Nessa operação, é possível fazer a seleção das melhores brotações, bem como fazer a adequação do número de unidades produtivas preparando a planta para os próximos ciclos e mantendo o se equilíbrio. 3.10.5 Desnetamento e eliminação de gavinhas No período de crescimento vegetativo ou pré-floração recomenda-se realizar a eliminação de gavinhas e ramos terciários da videira que surgem nas axilas das folhas, que também funcionam como ladrões da seiva (Leão e Soares, 2000).

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34 Os danos do crescimento excessivo desses ramos são o desequilíbrio nutricional da planta e do desenvolvimento dos ramos produtivos, portanto o excesso destas brotações é prejudicial (Leão e Soares, 2000).

Já segundo Nachtigal (2005), o excesso de brotações e gavinhas, além de serem ramos "ladrões" da seiva, impedem o crescimento adequado das brotações e dos cachos, provocam o sombreamento excessivo e dificultam a aplicação de produtos fitossanitários. Por isso, devem ser eliminados, o mais rápido possível.

3.10.6 Desfolha

Segundo Kuhn (1996), a desfolha é executada

geralmente quando a videira apresenta vegetação muito densa, impossibilitando boa aeração e em casos extremos, dificultando os tratamentos fitossanitários nos cachos, sendo recomendável que, apenas as folhas que estão encobrindo os cachos sejam retiradas. Deve-se evitar a retirada excessiva das folhas, de modo que não comprometa o vigor da planta.

A eliminação de folhas tem por objetivo equilibrar a relação área foliar/número de cachos, melhorar a ventilação e a insolação no interior da parreira. Normalmente, a desfolha é feita em plantas vigorosas, com folhas grandes, com entre-nós curtos, sendo eliminadas as folhas da base, até próximo ao primeiro cacho. A eliminação em excesso pode promover a redução do acúmulo de açúcares nos cachos, dificuldade de maturação e queimaduras de bagas pela ação dos raios solares (Nachtigal, 2005).

3.11 Doenças

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35

3.11.1 Antracnose A antracnose é uma das principais doenças da videira. É originária da Europa e está presente em todas as regiões vinícolas do Brasil, principalmente na região sul (Kuhn, 2003). A antracnose da videira tem como seu agente causador o fungo Elsinoe ampelina, da família Elsinoaceae (Farjado, 2003). O fungo se desenvolve em todas as partes verdes das plantas, sendo que as lesões ocorrem nas folhas, ramos, gavinhas, inflorescência e frutos (Figura 5), principalmente na fase inicial ou tecidos jovens (Sonego e Garrido, 2003). Os sintomas característicos da antracnose são manchas circulares castanho-escuras, que posteriormente necrosam e causam deformações e/ou perfurações, que com aumento das lesões formam áreas necróticas e posteriormente comprometem o desenvolvimento da área afetada, que pode ser totalmente destruída, apresentando aspecto de queimado (Farjado, 2003).

Figura 5: Lesões de antracnose nas folhas e ramos (Sonego e Garrido, 2003).

Quando o ataque ocorre nos ramos, principalmente nas extremidades, o desenvolvimento do ramo fica comprometido,

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36 sendo que a parte afetada pode ser totalmente destruída. Já na parte basal do ramo aparecem cancros profundos de contornos bem definidos (Farjado, 2003). Na fase da floração ocorre seca, escurecimento e posteriormente a queda dos botões florais. Nas bagas há o surgimento de lesões necróticas que deformam ou retardam o seu desenvolvimento, sendo que o tecido atacado torna-se mumificado e escuro, com as bordas mais claras, originando o olho de passarinho, como é conhecido o sintoma popularmente (Farjado, 2003). Depois de seu estabelecimento, a doença é de difícil controle, sendo que medidas de manejo como poda e eliminação das partes afetadas no período de inverno reduzem o inóculo e tornam o controle químico na primavera mais eficiente. Os fungicidas, com as respectivas dosagens (Tabela 8), que podem ser utilizados para seu controle são: captam, folpet, dithianon, ziram, tiofanato de metílico, benomil, difenoconazile e imibenconazole (Farjado, 2003).

Tabela 8: Recomendações para o controle químico da Antracnose (Elsinoe ampelina), segundo Sônego e Garrido (2003).

Doença/ Patógeno

Princípio Ativo

Eficácia (a)

Dose (i.a)

(g/100L)

Intervalo entre

aplicações (dias)

Período de

carência

CT *

Antracnose (Elsinoe

ampelina)

Captan Folpet

Diathianon Clorothalonil

Difenoconazole Imibenconazole

Tiafanato metílico

X X

XXX X

XXX XXX XX

125 65

93,75 200 2 a 3 15 49

7 a 10 7 a 10 7 a 10 7 a 10

12 a 14 7 a 15

10 a 12

1 1

21 7

21 7

14

III IV II II I II III

(a) Eficácia observada a campo. X = até 70%; XX = 70% a 90%; XXX = > 90% e SI = sem informação *CT = Classe Toxicológica (i.a) = Ingrediente ativo.

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37

3.11.2 Míldio O míldio é a principal doença fúngica da videira no

Brasil, sendo que o agente causador da doença é o pseudofungo, parasita obrigatório, Plasmopora viticula (Berk e Curtis), sendo responsável por sérios prejuízos para a viticultura (Farjado, 2003).

O míldio afeta todas as partes verdes em desenvolvimento da videira como folhas, inflorescências, bagas e ramos. A fase de maior suscetibilidade da cultura ao míldio compreende o período entre o início da brotação dos ramos até a fase "grão ervilha", e principalmente em períodos com alta precipitação( Naves et al., 2005).

Nas folhas, o primeiro sintoma a ser identificado é o aparecimento de mancha-de-óleo na face superior, com coloração verde-claro (Figura 6). Na face inferior, o sintoma correspondente são estruturas esbranquiçadas que correspondem aos órgãos de frutificação do fungo. As áreas afetadas sofrem o dessecamento, tornando-se marrons e com o agravamento da infecção, a folha seca e cai (Farjado, 2003).

Figura 6: Sintoma de míldio na folha de videira (mancha óleo) (Sônego e Garrido, 2003).

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38 Quando há infecção na inflorescência esta se deforma

ganhando um aspecto de gancho. Já na floração, o patógeno promove o escurecimento e a destruição das flores afetadas, com o aspecto semelhante ao da antracnose (Farjado, 2003). Nas bagas, quando atingem mais da metade do seu desenvolvimento ao sofrerem ataque do fungo, os sintomas são de coloração pardo-escuro, e são destacadas com facilidade do cacho (Figura 7). Já os ramos infectados apresentam coloração marrom-escuro, com aspecto escaldado. Os nós são mais sensíveis do que os entrenós (Farjado, 2003).

Figura 7: Sintoma de míldio nas bagas de uva (Sonego e Garrido, 2003).

Os métodos de controle mais modernos utilizam

sistemas de previsão, como a biologia do fungo, condições

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39 climáticas e no estádio fenológico da videira, favorecendo o controle em época e freqüência adequada de aplicação. Quanto ao modo de ação dos fungicidas (Tabela 9) podem ser de contato ou protetores, penetrantes e sistêmicos, sendo que a rotação do modo de ação é prática importante para evitar a resistência do patógeno (Sônego e Czermainski, 1999).

Tabela 9: Recomendações para o controle químico do Míldio (Plasmopora vitícula), segundo (Sônego e Garrido, 2003).

Doença/ Patógeno

Princípio Ativo

Eficácia (a)

Dose (i.a)

(g/100L)

Intervalo entre

aplicações (dias)

Período de

carência

CT *

Míldio (Plasmopara vitícola)

Propineb Diathinon

Fenemidone Mancozeb

Folpet Metalaxyl + Mancozeb

Cymoxanil + Famoxadone Cymoxanil +

Maneb Iprovalicarb +

Propineb Benalaxyl + Mancozeb

Azoxystrobin Fosetyl-Al

Captan

XX XXX

SI XX XX

XXX

XX

XXX

XXX

XX

XX XX XX

210 93,75

15 200 a 280

65 216

31,5

180

135

146

12

200 120

7 a 10 7 a 10 7 a 10 5 a 7 5 a 7 7 a 10

7 a 10

7 a 10

7 a 10

7 a 10

7 a 10 7 a 10 5 a 7

7 21 7

21 1

21 7 7

10

21 7

15 1

II II III III IV II

III

III

III

III

IV IV III

(a) Eficácia observada a campo. X = até 70%; XX = 70% a 90%; XXX = > 90% e SI = sem informação *CT = Classe Toxicológica (i.a) = Ingrediente ativo.

3.11.3 Oídio

A doença do oídio é causada pelo fungo Uncinula necator (Schw.) Burr. Ocorre com maior freqüência nas regiões de clima quente e com baixa umidade relativa do ar. Na Região

Page 40: Boletim-Tecnico- Implementação de Pomar de Uva

40 Sul do país, há menor incidência da doença em virtude das condições climáticas desfavoráveis para a sua proliferação (Kuhn et al., 1996).

O desenvolvimento da doença se dá principalmente na superfície dos órgãos verdes (brotos, folhas e bagas), deixando um pó acinzentado que se desprende facilmente (Kuhn et al., 1996).

As colônias de oídio nas folhas são encontradas em ambas as faces, com uma massa branca, sendo que na face superior, com o agravamento da infecção, surgem manchas cloróticas difusas, reduzindo a área fotossintética (Farjado, 2003).

Já as bagas infectadas apresentam cicatrizes que posteriormente podem rachar, (Figura 8) expondo as sementes servindo de porta de entrada para organismos que causam podridões e que por sua vez, produzem mostos ácidos com odor de mofo causando problemas na fermentação (Farjado, 2003).

Figura 8: Sintoma de oídio nas bagas de uva (Sônego e Garrido, 2003).

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41 O método de controle químico para oídio (Tabela 10) é a prevenção, com aplicações de fungicidas à base de enxofre, um método eficiente e econômico. Devem ser aplicados antes do desenvolvimento do patógeno (Farjado, 2003).

Tabela 10: Recomendações para o controle químico do Oídio (Uncinula necator), segundo (Sônego e Garrido, 2003).

Doença/ Patógeno

Princípio Ativo

Eficácia (a)

Dose (i.a)

(g/100L)

Intervalo entre

aplicações (dias)

Período de

carência

CT *

Oídio (Uncinula necator)

Enxofre Fanarimol

Triadimenol Tebuconazole Difeconazole Pyrazophos

X XXX XXX XXX XXX XX

240 a 320 2,4

15,5 a 18,7 25

2 a 3 18

7 a 10 10 a 15 10 a 15 10 a 14 12 a 14 7 a 14

7 15 30 14 21 35

IV II III II I II

(a) Eficácia observada a campo. X = até 70%; XX = 70% a 90%; XXX = > 90% e SI = sem informação *CT = Classe Toxicológica (i.a) = Ingrediente ativo.

3.11.4 Podridão cinzenta-da-uva A podridão-do-cacho, podridão-cinzenta ou botritis é causada pelo fungo Botryotinia fuckeliana (De Bary) Whetzel sendo a doença mais importante das podridões de cacho (Farjado, 2003).

Os sintomas são observados principalmente nos cachos, mas há também incidência nas folhas que provocam lesões marrom escuras (Kuhn, 2003).

O início da podridão-do-cacho se dá com infecção do estilete floral, mas só há o seu desenvolvimento com a maturação do cacho. Inicialmente, há o desenvolvimento em uma baga que se torna marrom e apodrece, produzindo uma massa visível de esporos. Quando a película da baga racha, o mosto da uva se espalha sobre o cacho, produzindo assim o mofo cinzento que é a esporulação do fungo (Farjado, 2003).

O melhor método de controle da podridão são medidas

Page 42: Boletim-Tecnico- Implementação de Pomar de Uva

42 de manejo preventivas como colher todos os cachos, evitando a mumificação, controlar doenças como míldio e oídio, realizar poda-verde ou desfolha e a utilização de fungicidas específicos (Kuhn, 2003).

3.11.5 Cancro-bacteriano

O agente causal do cancro-bacteriano é a bactéria

Xanthomonas campestris pv. viticola, (Nayudu) Dye, bactéria gram-negativa que produz colônias arredondadas convexas, brilhantes e de bordas lisas (Farjado, 2003).

O cancro-bacteriano é responsável pela morte de plantas e eliminação de pomares na Região do Vale do São Francisco, não sendo constatada a sua incidência na região Sul. A forma de propagação do patógeno é principalmente através do material propagativo como mudas infectadas ou a de ferramentas utilizadas nos tratos culturais (Kuhn, 2003).

Os sintomas da doença nas folhas são, inicialmente, pequenas manchas angulares escuras e a partir dessas, surgem lesões que necrosam e quando coalescem, causam crestamento e morte de grandes áreas no limbo foliar (Farjado, 2003).

Quanto aos ramos verdes, os primeiros sintomas surgem como estrias alongadas ou manchas escuras irregulares, essas mais tarde, tornam-se necróticas. Outro sintoma evidenciado em ramos verdes e em maduros é a formação de cancros, pequenas rachaduras longitudinais que evoluem gradualmente e expõem os tecidos internos. Em inflorescências, ráquiz e bagas ocorrem sintomas semelhantes aos dos ramos (Kuhn, 2003).

Para o cancro-bacteriano-da videira, uma doença nova no Brasil, não há produtos registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para seu controle. Entretanto, produtos à base de cobre têm sido utilizados em pulverizações e pincelamentos (Farjado, 2003).

Page 43: Boletim-Tecnico- Implementação de Pomar de Uva

43 3.12 Pragas da Videira

3.12.1 Pérola-da-terra A pérola-da-terra Eurhizococcus brasiliensis (Hempel, 1922) é uma cochonilha subterrânea que ataca as raízes de várias frutíferas (Figura 9), contudo, este inseto é considerado a principal praga da cultura da videira (Hickel, 1996 citado por Farjado, 2003).

Figura 9: Pérola-da-terra em raízes da videira (Embrapa/CNPTIA, 2007).

As raízes das plantas atacadas apresentam lesões

superficiais pretas em decorrência da exudação da praga, este dano promove o conseqüente murchamento progressivo, secamento e queda das folhas, seguido da morte das plantas (Gallo et al., 2002).

De acordo com Farjado (2003), para controlar o inseto são necessárias algumas práticas culturais como:

• Análise e correção do solo; • Utilização de mudas de boa procedência; • Uso de porta-enxertos resistentes à pérola-da-terra;

Page 44: Boletim-Tecnico- Implementação de Pomar de Uva

44 • Controle de plantas invasoras hospedeiras do inseto.

O controle químico da pérola-da-terra pode ser feito com o Tiametoxam 1% e Imidacloprid 70 % (Tabela 11).

Tabela 1: Inseticidas recomendados para o controle da pérola-da-terra (Eurhizococcus brasiliensis) na cultura da videira (Sônego e Garrido, 2003).

Inseticida

Idade das

plantas (anos)

Dose ( em g de produto comercial /

planta)

Classe toxicológica

Carência (dias)

Actara 10 GR 1 12-20 (Tiametoxam,

1%) 2 20-30 IV 45

3 30-40 Premier 700 1 0,2-0,3

(Imidacloprid, 70%) 2 0,3-0,5 IV 60

3 0,5-0,8 3.12.2 Filoxera

A filoxera (Daktulosphaira vitifoliae) é um inseto sugador que apresenta formas diferentes, dependendo da época do ano, apresentando a forma alada ou áptera (Farjado, 2003). As plantas da videira, atacadas pela filoxera, apresentam um crescimento retardado, com ramos mais curtos e folhas menores, que mesmo verdes parecem doentes. As bagas afetadas mal se desenvolvem e mudam de cor precocemente (Botton et al., 2003). Nas variedades européias, a filoxera ataca as raízes, formando nodosidades em raízes jovens e tuberosidades em raízes já lignificadas, que com a evolução racham e apodrecem

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45 causando a morte da planta. Já nas variedades americanas, ocorre formação de galhas avermelhadas nas folhas em reação às picadas do inseto (Gallo et al., 2002). A maneira mais eficiente para evitar os danos causados pela filoxera é a utilização de porta-enxertos resistentes ao inseto, pois o controle químico da praga no solo é economicamente inviável (Farjado, 2003). O controle químico da filoxera poderá ser realizado com Fenitrotiom ou Paration metil (Tabela 12), inseticidas registrados pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Tabela 2: Inseticidas registrados no MAPA para o controle de filoxera (Sônego e Garrido, 2003).

Inseticidas Praga Ingrediente

ativo Produto

comercial

Dosagem (mL/100L)

Carência (dias)

Classe toxicoló

gica

Fenitrotiom

Sumithion 500 Bravik 600 CE

150 14 II I Filoxera

(Daktulosphaira vitifoliae)

Paration metil Folidol

600 Folisuper

100 15 I I

3.12.3 Cochonilha-parda

A cochonilha-parda (Parthenolecanium persicae) é um inseto com reprodução basicamente por partenogênese telítoca, com rara presença de machos. A fêmea adulta possui forma globosa parda-acizentada, com estrias escuras no dorso, com tamanho entre 7 a 9 mm (Farjado, 2003).

Page 46: Boletim-Tecnico- Implementação de Pomar de Uva

46 É um inseto que está associado à presença de formigas doceiras, devido às excreções açucaradas e com fumagina, mas também pode ser um vetor de doenças (Botton et al., 2003).

Os insetos atacam geralmente os ramos mais novos de forma agregada onde sugam a seiva da planta, provocando fitotoxidez, gerando uma redução do crescimento; a produção é afetada quando ocorrem ataques intensos, podendo causar o secamento da planta (Botton et al., 2003).

Para o controle químico da cochonilha-parda é recomendável a utilização de inseticidas conforme a Tabela 13. 3.12.4 Cochonilha da parte aérea

As cochonilhas (Hemiberlesia lataniae, Pseudaulacaspis pentagona) são circulares e se diferenciam pela coloração. Os machos são alados, enquanto as fêmeas são ápteras. As cochonilhas formam grandes colônias ao longo do tronco e haste, de onde sugam a seiva, podendo debilitar os ramos. O agravamento do ataque pode levar a planta à morte (Gallo et al., 2002).

Para o controle químico da cochonilha da parte aérea é recomendável a utilização de inseticidas conforme a Tabela 13.

Page 47: Boletim-Tecnico- Implementação de Pomar de Uva

47 Tabela 33: Inseticidas registrados no MAPA para o controle de cochonilhas (Sônego e Garrido, 2003).

Inseticidas Praga Ingrediente

ativo Produto

comercial

Dosagem (mL/100

L)

Carência (dias)

Classe toxicológi

ca

Paration metil + Óleo

emulsionável

Bravik 600 CE

Folidol 600

Folisuper

100 15 I I I

Cochonilha-parda

(Parthenolecanium persicae) e Cochonilha-

algodão (Icerya schrottkyi)

Fenitrotiom + óleo

emulsionável Óleo

emulsionável

Sumithion 500

Iharol Triona

150 500 a 1000 500 a 1000

14 SR SR

II IV IV

Cochonilhas da parte aérea

Paration metil

Bravik 600 CE

Folidol 600

Folisuper

100 15 I I I

SR: sem restrições 3.12.5 Ácaro-rajado

O ácaro-rajado (Tetranychus urticae) mede aproximadamente 0,5 mm de comprimento e apresenta a coloração amarelo-esverdeada com duas manchas escuras no dorso do corpo. O inseto vive principalmente na face inferior das folhas e tece teia, sendo que altas temperaturas e ausência de chuvas favorecem o aumento da praga (Farjado, 2003). O sintoma inicial do ataque do inseto é o aparecimento de pequenas manchas cloróticas nas folhas, entre as nervuras principais. Com o agravamento, o local de ataque fica necrosado. Na face superior, surgem lesões de tons avermelhados e ataques mais severos podem causar desfolhamento. O ataque nos cachos promove o bronzeamento das bagas.

Page 48: Boletim-Tecnico- Implementação de Pomar de Uva

48 Segundo Farjado (2003), para evitar o aumento da população de ácaro, devem-se eliminar as plantas hospedeiras e evitar o uso exagerado de adubos nitrogenados de base bem como o emprego de produtos pouco seletivos a inimigos naturais do inseto. O controle químico de ácaro-rajado pode ser feito com Abamectin, (Tabela 14) com aplicações direcionadas na face inferior das folhas.

Tabela 4: Inseticidas registrados no MAPA para o controle de ácaro-rajado na videira (Sônego e Garrido, 2003).

Inseticidas Praga Ingrediente

ativo Produto

comercial

Dosagem (mL/100L)

Carência (dias)

Classe toxicológica

Ácaro rajado

(Tetranychus urticae)

Abamectin Vertimec 18 CE 80 a 100 28 III

3.12.6 Mosca branca

O adulto da mosca branca (Bemisia argentifollii) apresenta dois pares de asas membranosas e alimenta-se sugando a seiva da planta (Figura 10). Os adultos medem aproximadamente 1 a 2 mm de comprimento, sendo as fêmeas maiores que os machos. Apenas os adultos são capazes de migrar até novos hospedeiros (Farjado, 2003).

Page 49: Boletim-Tecnico- Implementação de Pomar de Uva

49

Figura 10: Mosca-branca em folhas de videira (Hokko do Brasil).

A mosca branca pode causar danos diretos pela sucção

da seiva, provocando alterações no desenvolvimento vegetativo e amadurecimento irregular dos frutos, o que interfere no ponto de colheita causando danos indiretos, que são os mais sérios como vetores de vírus. O inseto excreta substâncias açucaradas, promovendo o aparecimento da fumagina, que reduz o processo de fotossíntese (Farjado, 2003).

Para o controle da mosca-branca, recomenda-se eliminar as plantas hospedeiras alternativos do inseto, localizados próximas ao parreiral.

Dentro do vinhedo, realizar periodicamente a roçada das plantas silvestres ou espontâneas, de preferência em fileiras alternadas, de modo que sempre haja plantas hospedeiras novas para manter a praga longe das videiras, já que não existem inseticidas registrados para o controle da praga (Farjado, 2003).

Page 50: Boletim-Tecnico- Implementação de Pomar de Uva

50

3.12.7 Vespas e abelhas

Vespas e abelhas (Synoeca syanea, Polistes spp., Polybia spp., Apis mellifera e Trigona spinipes) são insetos benéficos ao homem, porém, durante a maturação dos cachos no verão, atacam as bagas das uvas. As vespas ou marimbondos possuem mandíbulas bem desenvolvidas e rompem a película das bagas para sugar o suco que, ao extravasar, atrai grande quantidade de abelhas. As abelhas acabam afugentando as vespas da baga rompida, levando-as a romper outra baga em seguida, até secar todo o cacho.

O monitoramento e controle ao ataque de vespas e abelhas deve ser realizado permanentemente, especialmente em áreas com histórico de ocorrência, devendo-se adotar medidas na maioria das vezes preventivas, como o plantio escalonado de áreas marginais aos vinhedos com espécies que floresçam no mesmo período de maturação da videira. Esta prática irá suprir as abelhas de alimento no período crítico de ataque. Extratos pirolenhosos, em associação ou não com fungicidas à base de mancozeb, aplicados a cada 5 ou 7 dias nos cachos, têm proporcionado uma redução significativa do número de bagas danificadas (Embrapa CNPUV, 2007).

3.13 Colheita da Uva

A uva destinada à produção de vinho e espumantes é colhida segundo diferentes critérios, em função do país ou da região de produção, do tipo de vinho a ser elaborado e das condições naturais reinantes em uma determinada safra. A razão pela qual se estabelecem critérios em relação ao ponto de colheita é que a qualidade da uva é fator determinante para a qualidade do vinho, sendo o teor de açúcares, que deve ser o maior possível, o critério mais utilizado (Guerra, 2003).

Page 51: Boletim-Tecnico- Implementação de Pomar de Uva

51 Além desse critério, há outros fatores a serem

observados no fruto, como a acidez equilibrada e uma coloração intensa, que conferem uma característica mais atrativa ao vinho (Guerra, 2003). Dependendo da variedade e das condições climáticas, os frutos atingem a maturação geralmente 100 a 130 dias após a poda de frutificação e o surgimento da brotação vegetativa (Choudhury, 2001). Essa etapa deverá ser realizada nos horários mais frescos do dia, para evitar a desidratação dos cachos e devem ser mantidas à sombra para evitar a fermentação. Não é aconselhável que a colheita seja realizada em dias chuvosos ou quando houver a presença de orvalho sobre as frutas (Choudhury, 2001).

3.14 Transporte

Para o transporte da uva do pomar até a unidade de processamento, recomenda-se a utilização de veículos limpos cobertos e caixas plásticas esterilizáveis. Deve ser rápido e cuidadoso, para evitar o esmagamento, porque este, juntamente com uma má sanidade, manipulação e processamento, poderão provocar prejuízos na qualidade final do vinho (Guerra, 2003).

4. ESTUDO DE CASO

4.1 Localização

A propriedade está situada na Campanha Gaúcha no município de Pedras Altas, RS e é denominada Estância dos Coqueiros.

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52

4.2 Escolha da Área

O pomar será implantado em Cambissolo, localizado na latitude 31 o 52’ 57,8”e longitude 53o 35´ 0,8”. A altitude é de 242 m e o relevo suavemente ondulado e o solo com boa profundidade. A região apresenta vários rios, chuvas bem distribuídas ao longo de todo ano, com a possibilidade de ocorrência de seca nos verões.

4.3 Preparo do Solo

A área escolhida para a implantação do pomar de uvas atualmente encontra-se com pasto nativo de gramíneas e é usada para pecuária de corte (Figura 11).

Para a implantação do pomar, será necessária a roçagem para a retirada da vegetação maior. Em seguida, será realizada a subsolagem até 50 cm para permitir o preparo do solo em uma profundidade maior, visando favorecer o desenvolvimento radicular das plantas, em virtude do longo período sem remoção do solo. Concluída a descompactação, será feita a aplicação do calcário a lanço, de acordo com a recomendação da Tabela 1, a ser incorporado com o auxilio de arado.

Figura 11: Área para a implantação do pomar, Estância dos Coqueiros, Pedras Altas, RS, julho de 2007.

Page 53: Boletim-Tecnico- Implementação de Pomar de Uva

53 Após a correção, será necessária a gradagem do solo para promover o destorroamento e o nivelamento, seguido da adubação. Posteriormente será feita a abertura dos sulcos com profundidade de 0,50 m na linha de plantio, seguida do plantio das mudas.

Todas as operações de preparo do solo serão terceirizadas visto que estas operações serão feitas apenas uma vez na implantação do pomar, não sendo utilizados estes implementos nas etapas posteriores.

Para o restante do manejo do pomar será necessária a aquisição de um trator de 50 cv; pulverizador, roçadeira, máquina de fazer poda e uma carreta R15, com capacidade de 2 toneladas para o transporte e distribuição do adubo e das mudas, bem como para servir de auxílio na colheita.

4.4 Talhões

Para facilitar a separação espacial das diferentes

variedades que serão plantadas, o terreno será dividido em 4 talhões nas seguintes proporções: 8 ha de Chardonnay, 8 ha de Pinot Noir, 6 ha de Riesling Itálico e 8 ha de Merlot, que serão implantados em 3 anos. Para cada ano serão implantados 10 ha divididos proporcionalmente com as variedades conforme a Figura 12.

Page 54: Boletim-Tecnico- Implementação de Pomar de Uva

54

Figura 12: Croqui da área de plantio com as cultivares e escalonamento da implantação do pomar.

Para as cultivares Chardonay e Pinot Noir serão

implantados 2 talhões de 200 X 150 m (3 ha) e 1 talhão de 200 X 100 m (2 ha) no terceiro ano, resultando em uma área de 8 ha respectivamente. Para a cv. Riesling Itálico serão implantados 3 talhões de 200 X 100 m (2 ha) a cada ano.

Para a cv. Merlot serão implantados 2 talhões de 200 X 100 m (2 ha) nos dois primeiros anos e no terceiro será implantado um talhão de 200 X 200 m (4ha).

4.5 Correção

O solo utilizado para o estabelecimento do pomar está com pastagem nativa sendo usado para a bovinocultura e ovinocultura, não tendo sido cultivado e ou adubado nos últimos anos.

O solo foi analisado e apresentou um pH de 5,0; teor de matéria orgânica de 2,1 %, com índice SMP de 5,6.

Para saber a quantidade de calcário a ser aplicada para a

correção do solo da referida área, foi utilizado o índice SMP

Merlot4 ha

Merlot2 ha

Merlot2 ha

Riesling Itálico2 ha

Riesling Itálico 2 ha

Riesling Itálico2 ha

Pinot Noir2 ha

Pinot Noir3 ha

Pinot Noir3 ha

Chardonnay2 ha

Chardonnay3 ha

Chardonnay3 ha

3º Ano2º Ano1º Ano

Merlot4 ha

Merlot2 ha

Merlot2 ha

Riesling Itálico2 ha

Riesling Itálico 2 ha

Riesling Itálico2 ha

Pinot Noir2 ha

Pinot Noir3 ha

Pinot Noir3 ha

Chardonnay2 ha

Chardonnay3 ha

Chardonnay3 ha

3º Ano2º Ano1º Ano

Page 55: Boletim-Tecnico- Implementação de Pomar de Uva

55 conforme a Tabela 15, sendo necessária a aplicação de 5,4 ton/ha, com a utilização de calcário com PRNT de 100 %.

Tabela 5: Análise química do solo da propriedade, realizada pelo Laboratório de solos da Universidade Federal de Pelotas (UFPel)

pH P Na S Al H+Al K Ca+Mg Ca Mg M.O Indice SMP

H2O 1:1, mg/dm³ cmolc/dm³ g/dm³

5,00 1,2 10 0 0,00 8,30 0,24 3,1 1,40 1,70 21 5,6

4.6. Adubação de Correção

Para a correção do solo, será necessária a aplicação de 200 kg/ha de fósforo que será aplicado através da formulação de superfosfato simples na dosagem de 1.112 kg/ha.

Para adequar os níveis de potássio do solo serão adicionados 35 kg/ha de cloreto de potássio.

4.7. Adubação de Plantio

Para a adubação de plantio a quantidade de nutrientes a ser utilizada será de 50 kg/ha de nitrogênio e a aplicação de 114 kg/ha de uréia. Além do fertilizante já mencionado, serão adicionado 32 kg/ha de óxido de zinco e 37 kg/ha de bórax, além de 20.000 kg/ha de esterco de aves.

4.8 Adubação de Produção

Serão realizadas análises foliares durante a produção. Quando necessário serão feitas aplicações de fertilizantes conforme a (Tabela 16 e 17), sendo este procedimento utilizado para todos os próximos ciclos produtivos e em seus respectivos períodos de aplicação.

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56 Tabela 6: Quantidade de nutrientes necessários com base na análise foliar para adubação de produção

Formulados Dosagem kg/ha Superfosfato simples 444 Cloreto de potássio 114 Uréia 138 Fonte: Last Uva e Vinho segundo Melo (2003).

Tabela 7: Época de aplicação de fertilizantes na videira (% da dose recomendada) destinada à produção de vinho

Época Dias Nitrogênio % Fósforo % Potássio %

10 dias antes da poda 0 0 75 60

10 dias após inicio da brotação

30 50 25 40

40 dias após inicio da brotação

60 25 0 0

70 dias após inicio da brotação

90 25 0 0

Fonte: Last Uva e Vinho segundo Melo (2003).

4.9 Uso de Quebra-Ventos

Para a instalação do pomar de videira não será implantado o quebra-vento, visto que os danos promovidos pelo vento são inferiores aos benefícios de uma aeração maior, devido ao alto teor de umidade relativa do ar ao longo do ano na região. Com isso, há uma redução significativa das doenças causadas por fungos, já que as folhas secam mais rapidamente. Esta técnica de não usar quebra-vento para a cultura da uva na região foi desenvolvida pelos técnicos da Miolo, vinícola parceira do empreendimento (Miolo, 2007 i.p.).

Page 57: Boletim-Tecnico- Implementação de Pomar de Uva

57

4.10 Instalação do Sistema de Condução

O pomar será instalado utilizando o sistema de condução tipo espaldeira por proporcionar uma maior aeração e insolação dos cachos, promovendo um maior teor de sólidos solúveis (o Brix) e redução da ocorrência de doenças fúngicas. O teor de sólidos solúveis está diretamente relacionado ao preço pago pela uva, e é imprescindível para uvas destinadas à elaboração de vinhos e espumantes finos. Além disso, o sistema facilita a mecanização e favorece a maturação.

Para a construção da espaldeira, a disposição dos fios será de forma vertical semelhante a uma cerca. O aramado é composto de 7 fios de arame liso, sendo o primeiro colocado a 1,2 m do solo, os outros arames acima deste têm a distância de 0,50 m entre si, dispostos paralelamente em filas duplas, com um separador de 0,25m entre eles (Figura 13).

A posteação será individual e seguirá a linha de plantio das mudas. A distância entre postes será de 6 m. Os postes possuem 3,80 m de altura, sendo que destes 2,80 m deverão ficar acima do solo. Os postes das extremidades devem estar presos a rabichos para que os fios permaneçam sempre bem estendidos. A madeira empregada para o posteamento será eucalipto tratado.

Page 58: Boletim-Tecnico- Implementação de Pomar de Uva

58

Figura 12: Sistema de Condução da videira em espaldeira (cerca) da Vinícola Miolo, Candiota, RS, 2007.

4.11 Irrigação

Para a região da Campanha Gaúcha não será necessária a implantação de um sistema de irrigação fixo no pomar em virtude das chuvas serem bem distribuídas durante o ano. Entretanto, eventualmente podem ocorrer períodos de seca, principalmente no verão. Dessa forma, será adquirido um tanque pipa com mangueira flexível, para que em caso de ocorrência de seca, seja possível contornar o problema para efetuar a irrigação localizada na linha de plantio. Para tracionar o sistema de aporte hídrico será utilizado o trator mencionado anteriormente.

4.12 Espaçamento

O espaçamento será de 1 x 2,5 m, sendo que o espaçamento entre linhas é de 2,5 m, para facilitar a entrada e saída do trator bem como para facilitar o manejo nas

Page 59: Boletim-Tecnico- Implementação de Pomar de Uva

59 entrelinhas. O espaçamento de 1 m entre plantas na linha gera um excelente número de plantas por hectare. Com a adoção deste espaçamento, proporcionar-se-á uma população final de 4.000 plantas por hectare, que formarão um dossel vegetativo adequado para a produção de uvas com alta qualidade para a elaboração de espumantes e vinhos finos.

4.13 Cultivares

Para a implantação do pomar serão adotadas as cultivares Chardonnay, Pinot Noir, Riesling Itálico e Merlot, adequadas para produção de vinhos espumantes e finos e bem adaptadas à região da Campanha Gaúcha. Essas variedades também foram escolhidas em razão da demanda da Vinícola Miolo, que será parceira no empreendimento.

4.14 Aquisição de Mudas

As mudas serão adquiridas do viveiro da Razipe, fornecedora de mudas certificadas (garantia de sanidade e origem genética do material) para a vinícola Miolo.

Para a implantação de 30 ha de uvas serão adquiridas 126.000 mudas ao longo dos 3 anos de plantio.

Do total de mudas adquiridas, 5 % serão destinadas à reposição, no caso de eventuais perdas.

Serão plantadas 42.000 mudas de uvas em cada um dos 3 anos de implantação do pomar, distribuídas conforme demonstrado na Tabela 18.

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60 Tabela 8: Distribuição da quantidade de mudas por ano de plantio das respectivas variedades

Total ha/ano

Variedade

Total de mudas

por variedade

1º Ano

2º Ano

3º Ano

Chardonnay 33.600 12.600 12.600 8.400 3 3 2 Pinot Noir 33.600 12.600 12.600 8.400 3 3 2 Riesling Itálico 25.200 8.400 8.400 8.400 2 2 2 Merlot 33.600 8.400 8.400 16.800 2 2 4 Total 132.000 42.000 42.000 42.000 10 10 10

4.15 Plantio da Uva

O plantio será efetuado após 30 dias da adubação de base executada no sulco.

Para o plantio, cada muda deverá ser retirada do saco plástico e em seguida colocada no solo. O solo deverá ser comprimido junto às raízes para que as mudas fiquem bem firmes e auxiliarmente, será colocado um tutor que orientará a muda até o sistema de condução.

4.16 Tratos Culturais

Todos os tratos culturais serão realizados periodicamente, sendo portanto, necessário a contratação de mão-de-obra capacitada e a promoção de seu treinamento, objetivando o manejo mais adequado. 4.16.1 Controle de plantas daninhas

Para o controle de plantas daninhas será empregada a capina manual nas linhas de plantio nos dois primeiros anos e depois aplicado herbicida, quando necessário, na linha de plantio. Nas entrelinhas será feita a roçagem mecanizada, mantendo a cobertura do solo, em altura que não afete a cultura e os tratos culturais.

Page 61: Boletim-Tecnico- Implementação de Pomar de Uva

61

4.16.2 Poda de formação A muda será conduzida em haste única junto ao tutor até

a altura do primeiro fio da espaldeira, onde será feito o desponte, deixando-se duas gemas laterais para a formação das feminelas (ramos laterais). Estas feminelas serão conduzidas uma para cada lado, no sentido da linha. Quando atingirem um comprimento de 0,50 m será feito o desponte para evitar o seu cruzamento.

No próximo ciclo, as feminelas formarão os ramos vegetativos encarregados de gerar área foliar para a produção dos cachos de uvas. 4.16.3 Poda de frutificação A poda de frutificação ou poda de produção será realizada no período de inverno e deverá ser uma poda curta, ou seja, devem-se eliminar todas os ramos vegetativos permanecendo as duas feminelas com 6 esporões cada, sendo que cada um deve ser mantido com uma gema viável, perfazendo um total de 12 gemas, que formarão os ramos vegetativas.

Esse sistema de poda de frutificação busca diminuir a produtividade resultando em produção de no máximo 2 kg de uva por planta, perfazendo um total de aproximadamente 8 t /ha, mas com qualidade superior, visto que o objetivo é a elaboração de vinhos finos e espumantes, que necessitam de altos teores de sólidos solúveis na sua composição. Para que esta qualidade seja alcançada, deve-se ter em média 1 m2 de área foliar por cacho de uva.

Ressalta-se que o valor pago pela uva com o teor de graus Brix obtido quando se trabalha com uma produtividade como a proposta nesse projeto é muito superior ao valor médio pago por Kg.

Page 62: Boletim-Tecnico- Implementação de Pomar de Uva

62 4.16.4 Desbrota

A desbrota ou poda verde será feita no período

vegetativo, quando houver excesso de brotações ou ramos mal formados ou sobrepostos, quebrados ou fracos que venham a prejudicar a produtividade. 4.16.5 Desnetamento e eliminação de gavinhas

Esta prática visa à eliminação dos ramos terciários que aparecem nas axilas das folhas durante a fase de crescimento vegetativo e serão feitas periodicamente. 4.16.6 Desfolha

A prática de desfolha será efetuada quando a videira

apresentar área foliar muito densa próxima aos cachos. Serão retiradas as folhas que promovem o sombreamento dos cachos. Deve-se evitar a eliminação exagerada das folhas, o que pode comprometer o vigor da planta e a qualidade das uvas, reduzindo o teor de açúcar, devido à redução no aparato fotossintético, obedecendo-se o índice de aproximadamente 1 m2 de área foliar para cada cacho de uva destinada a vinhos finos e espumantes.

4.17 Doenças

As doenças mais importantes da cultura nessa região são o míldio e oídio. Como as cultivares escolhidas são viníferas, a preocupação com as aplicações de fungicidas deve ser constante, principalmente em razão do míldio.

Page 63: Boletim-Tecnico- Implementação de Pomar de Uva

63 Os fungicidas usados na pulverização do pomar serão:

Folpet, Mancozeb e Propineb, por serem produtos de toxicidade baixa (Tabela 19).

Para realizar a pulverização será necessário adquirir um

pulverizador turbo atomizador com aplicação direcionada para ambos os lados; desta forma, com apenas um percurso, efetua-se a aplicação nas duas laterais (Figura 14).

Figura 13: Conjunto de pulverização para videiras instaladas em sistema de plantio por espaldeira, Almadém, Santana do Livramento, RS, 2007.

Page 64: Boletim-Tecnico- Implementação de Pomar de Uva

64 Tabela 9: Doenças fúngicas da videira e recomendações para o controle químico (Sônego e Garrido, 2003).

Doença/ Patógeno

Princípio Ativo Eficácia

Dose (i.a) (g/100L)

Intervalo entre

aplicações (dias)

Perído

de carência

CT *

Míldio (Plasmopara vitícola)

Propineb Mancozeb

Captan

XX XXX XX

210 200 a 280

120,0

7 a 10 5 a 7 7 a 10

7 21 1

II III III

*CT = Classe Toxicológica (i.a) = Ingrediente ativo.

Deverá ser utilizada uma calda de 400 l/ha de um desses produtos para fazer aplicação na área. A pulverização será realizada no início da brotação até o início da maturação (Andrei, 1999).

4.18 Pragas

Como que serão adquiridas serão certificadas não trarão para o pomar problemas como filoxera e pérola-da-terra.

Deve-se ter cuidado com as formigas, cochonilhas e ácaros que poderão prejudicar o desenvolvimento da videira. Caso seja constatada a incidência de pragas, será realizado o controle químico com Paration metil, óleo-emulsionável e Abamectin (Tabela 20).

Page 65: Boletim-Tecnico- Implementação de Pomar de Uva

65 Tabela 10: Inseticidas registrados no MAPA para o controle das principais pragas da videira (Sonego e Garrido, 2003).

Inseticidas Praga Ingrediente

ativo Produto

comercial

Dosagem (mL/100L)

Carência (dias)

Classe toxicológica

Paration metil +

Óleo emulsionável

Folisuper 100 15 I

Cochonilha-parda

(Parthenolecanium persicae) e

Cochonilha-algodão (Icerya schrottkyi)

Óleo emulsionável

Triona 500 a 1000 SR IV

Cochonilhas da parte aérea

Paration metil

Folisuper 100 15 I

Ácaro rajado (Tetranychus

urticae)

Abamectin

Vertimec 18 CE

80 a 100

28

III

SR: sem restrições Deverá ser utilizada uma calda de 200 l/ha de um dos produtos para cochonilha-parda e para cochonilhas-da-parte-aérea; 1500 l/ha de calda de óleo emulsionável. O volume de calda a ser aplicado para ácaro-rajado será de 1000 l/ha (Andrei, 1999).

4.19 Colheita

A cultura da videira inicia o seu ciclo produtivo no 3º ano após o plantio. Como a implantação do pomar será escalonado em três anos, proporcionará uma colheita de 10 ha no 3º ano, 20 ha no 4º ano e 30 ha do 5º ou 10º ano.

A colheita deverá ser feita preferencialmente em período de ausência de chuvas que interferem na elaboração do espumante ou vinho, pois reduzem o teor de sólidos solúveis.

A colheita deverá ser efetuada separadamente em cada

Page 66: Boletim-Tecnico- Implementação de Pomar de Uva

66 talhão em virtude da diferença das variedades de uvas e o destino para o qual será empregado.

Para a elaboração de vinhos finos é ideal que as uvas estejam acima de 18 o Brix, sendo utilizado para a aferição dos graus Brix um refratômetro. Para tanto deverá ser retirada uma amostra representativa da área a ser colhida, sendo realizada uma amostragem para cada talhão. Para a composição dessa amostra, serão coletadas duas bagas de lados opostos na parte superior, mediana e inferior do cacho, que logo após, serão espremidas em um refratômetro portátil para medir os sólidos solúveis totais (°Brix) da fruta, que deverão estar em média entre 18° e 20° Brix. Para a elaboração de espumantes, o fator observado é a acidez das uvas (acidez total titulável ou seja, teor de ácido cítrico).

Os cachos serão colhidos utilizando-se tesoura apropriada, com lâminas curtas e pontas arredondadas. O corte deverá ser realizado rente aos ramos de produção na porção lignificada (Choudhury, 2001). A uva será acondicionada em caixas plásticas esterelizáveis com capacidade de 20 kg, furadas na parte inferior, que podem ser empilhadas sem danificar a uva, facilitando o transporte (Kuhn, 2003). Após o transporte das uvas, as caixas deverão ser lavadas e esterilizadas com hipoclorito de sódio, detergente, para poderem retornar ao pomar para serem reutilizadas, de forma a evitar a contaminação do pomar com doenças ou pragas, procedimento que deverá ser realizado pela recebedora das frutas . Apesar da produtividade média do RS. ser de 16.000 kg/ha, a produção esperada por área é de 8.000 kg/ha, visto que a poda de frutificação será feita de forma a reduzir a quantidade de cachos por planta, buscando a obtenção de uvas com alta qualidade e teor de açúcares elevado (graus Brix) imprescindíveis para a elaboração vinhos espumantes e finos, que é o objetivo da Vinícola Estância dos Coqueiros. Esta

Page 67: Boletim-Tecnico- Implementação de Pomar de Uva

67 redução da produtividade por área é compensada pelos preços pagos a uvas finas com alta qualidade.

4.20 Transporte

O transporte das caixas de uvas do pomar para o caminhão será feito através da carreta acoplada ao trator. O transporte da uva da propriedade para a unidade de beneficiamento será feito por caminhões da Vinícola Miolo, responsável pela coleta do produto na propriedade. A partir da instalação do vinhedo todo veículo que for entrar na Estância dos Coqueiros deverá passar por processo de pulverização preventivo com uma calda de inseticida, acaricida, bactericida e fungicida visando evitar a contaminação da propriedade com patógenos que possam prejudicar o vinhedo.

4.21 Plano de Negócio

4.21.1 Plano de negócio

O estudo prévio do empreendimento para e estruturação das idéias e a determinação das principais opções do empreendedor, formam as diretrizes do plano de negócio, base necessária para a tomada de decisão quanto à viabilidade da empresa a ser criada. Este plano acompanha a evolução do ambiente externo do empreendimento e do próprio ambiente no qual ele está inserido. Seu principal objetivo é orientar o empreendedor com relação às decisões estratégicas do negócio, antes de iniciar o seu empreendimento (Pereira, 1995).

Segundo Oliveira (1997), o planejamento pode ser dado como um processo desenvolvido para o alcance de uma situação desejada, de uma maneira mais eficiente e efetiva, com a melhor concentração de esforços e recursos pela empresa ou organização, direcionado pela escolha de uma estratégia.

Page 68: Boletim-Tecnico- Implementação de Pomar de Uva

68 A estratégia pode ser dividida em três pontos, quais

sejam: formulação da estratégia; implementação da estratégia e controle estratégico (Oliveira, 1997).

De acordo com Pereira (1995) plano de negócio consiste em um documento escrito que contém as informações que o investidor ou empreendedor deverá analisar para decidir quanto à viabilidade da organização citada.

Planejamento estratégico – é um processo gerencial que visa permitir aos executivos determinarem rumos e diretrizes a serem seguidas pela empresa, objetivando um nível de otimização da empresa em seu ambiente. Este planejamento é de atribuição do alto escalão da organização e está relacionado à formulação de objetivos, premissas básicas e cursos de ação a serem seguidos, levando-se em conta os ambientes externos e internos da organização e sua evolução esperada (Oliveira, 1997).

De acordo com Silva et al.(2004) planejamento estratégico é um processo que proporciona uma visão especifica do futuro do empreendimento, permitindo assim a elaboração de planos de ação, visando a empresa ter vantagens competitivas no futuro.

Planejamento tático – Possui por finalidade a

utilização eficiente dos recursos disponíveis para a execução de diretrizes previamente estabelecidas, objetivando otimizar determinado seguimento dentro do empreendimento e não a organização como um todo. Este planejamento é desenvolvido em níveis organizacionais inferiores e restringe-se a objetivos, metas e políticas estabelecidas pelo planejamento estratégico (Oliveira, 1997).

Page 69: Boletim-Tecnico- Implementação de Pomar de Uva

69 Planejamento operacional – Pode ser descrito como a

formalização através de documentos escritos, das metodologias de desenvolvimento e implantação estabelecidas, ou seja, constituem-se basicamente nos planos de ação ou planos operacionais (Oliveira, 1997).

3.21.2 Identificação da empresa

Tabela 11: Identificação da empresa.

Identificação da empresa Vinícola Estância dos Coqueiros. Nome Fantasia Vinícola Coqueiros Endereço Estrada Passo da Areia. Cidade Pedras Altas, RS. CEP Endereço eletrônico [email protected] CNPJ 00.000.000/0000-00 Inscrição estadual 00.000.000 Número de funcionários

10

Atribuições do empreendimento

Produção de uvas finas para a elaboração de vinhos finos e espumantes.

Público-alvo A empresa tem como público a Vinícola Miolo.

Estrutura organizacional – A vinícola Coqueiros se

divide em dois departamentos: um administrativo/financeiro, composto pelo proprietário e o gerente operacional bem como o

Page 70: Boletim-Tecnico- Implementação de Pomar de Uva

70 departamento operacional, composto pelo gerente operacional e funcionários. A vinícola Coqueiros possui como proprietária a Sra Geni Tavares Camargo, 1 gerente operacional e 10 funcionários.

Proprietário: Tem como principal função o controle

financeiro e administrativo. Gerente operacional: A função é desempenhada por um

engenheiro agrônomo que tem como atribuição o planejamento e a tomada de decisões sobre toda a parte técnica, assessoramento ao proprietário, além de ser responsável pelas atividades no pomar, controle de estoque dos insumos, responsável pelo contato e negociação com a vinícola e fornecedores e controle das atividades desenvolvidas pelos funcionários.

Funcionários: Todas as atividades práticas no pomar como operações de máquinas, aplicações de defensivos, roçagem e transporte interno de produtos e uvas na colheita bem como os tratos culturais como capina manual, podas e amarração. Organograma da Empresa Vinícola Coqueiros

Proprietária

Gerente Operacional

Funcionários

Page 71: Boletim-Tecnico- Implementação de Pomar de Uva

71

4.21.3 Cenário do mercado Produção de Espumante no RS

1.21.1942701751

396

0250.000500.000750.000

1.000.0001.250.0001.500.000

2002 2003 2004 2005 2006 2007

Safras

Prod

ução

em

Litr

os

Espumante

Figura 14: Comercialização de espumante UVIBRA (2007) adaptado pelo autor.

O mercado interno tem demonstrado de maneira consistente um crescimento na produção e no consumo de vinhos finos e de espumantes. Dentre estes dois seguimento dentro da vitivinicultura, o que vem abrangendo um mercado cada vez maior e o de espumantes, que consiste o foco de produção do empreendimento.

Produção de Vinho no RS

7.06.7 7.45.6 6.2 6.2

02.000.0004.000.0006.000.0008.000.000

2002 2003 2004 2005 2006 2007

Safra

Prod

ução

em

Litr

os

Vinho

Figura 15: Comercialização de vinho UVIBRA (2007) adaptado pelo autor

Page 72: Boletim-Tecnico- Implementação de Pomar de Uva

72 O cenário da produção mundial de vinhos (Tabela, 22)

vem tendo um comportamento em que os tradicionais produtores europeus (França, Itália e Espanha) vêm reduzindo sua produção e países como Austrália, China e Brasil vem expandindo sua participação. Tabela 12: Produção mundial de vinhos por país (UVIBRA, 2007)

A produção de uvas finas com dupla aptidão, tanto para vinhos finos como para espumantes vem atender uma demanda da parceira do empreendimento, Vinícola Miolo, que necessita de fornecedores de matéria-prima de qualidade. A unidade de beneficiamento da Vinícola Miolo, localizada na região da Campanha do RS, está utilizando parcialmente sua capacidade operacional em virtude da falta de matéria prima. Dessa forma, a produção esperada do pomar vai ao encontro da expansão de mercado da empresa.

País 86-90 91-96 96-00 2000 2001 2002França 64.641 52.886 56.271 57.541 53.389 50.000Italia 65.715 60.768 54.386 51.620 52.293 44.604

Espanha 33.519 26.438 34.162 41.692 30.500 36.639Aegentina 19.914 15.588 13.456 12.537 15.835 12.695

Estados Unidos 18.167 17.619 20.386 21.500 19.200 20.300Alemanha 10.012 10.391 9.989 9.852 8.891 9.885Portugal 8.455 7.276 6.828 6.710 7.789 6.651

Chile 4.135 3.326 5.066 6.674 5.658 5.623Austrália 4.285 4.810 7.380 8.064 10.347 11.509

China 2.734 5.140 9.581 10.500 10.800 11.200Brasil (14º) 2.968 3.095 2.920 3.638 2.968 3.212

Milhares de hectolitroProdução mundial de vinhos

Page 73: Boletim-Tecnico- Implementação de Pomar de Uva

73 Meta nada mais é do que o objetivo que o negócio deseja atingir e a estratégia é como fazer para chegar a esse objetivo. Cada negócio deve estabelecer suas metas para alcançar seus objetivos (Kotler, 1998).

Os “Ps" do marketing são ferramentas clássicas de operação, adaptadas a qualquer ramo de atividade, de qualquer gestor de marketing. A compreensão dos Ps do marketing é muito importante, por exigir um raciocínio integrado e sistêmico. Logo, a empresa que tiver o melhor gerenciamento sobre todos os Ps de marketing será aquela com mais chance de se tornar a mais bem sucedida, seja a curto, médio ou longo prazo (Megido, 2003).

Segundo Megido (2003), os Ps são 4 (quatro): Produto, Preço, Ponto-de-venda e Promoção. Ponto - Consiste em organizações responsáveis pelo processo de coleta e distribuição de produtos ou serviço, viabilizando seu acesso ao consumidor (Kotler, 1998). Produto – Possui grande importância visto que os consumidores darão preferência a produtos ou serviços com alta qualidade, desempenho, inovações que satisfaçam o desejo do cliente. O departamento responsável pelo gerenciamento e desenvolvimento dos produtos é orientado a manter um programa de aperfeiçoamento e desenvolvimento constante dos produtos, para atender as necessidades dos clientes (Kotler, 1998). Promoção – São métodos adotados pelas organizações para demonstrar seus produtos, serviços, marcas, valores e benefícios gerados visando o fortalecimento da marca ou produto. O principal objetivo da promoção é fortalecer o relacionamento com o cliente a longo prazo e influenciar na decisão final da compra do produto ou serviço (Kotler,1998). Preço – Segundo Kotler (1998) é o valor agregado ao produto ou serviço que justifique a sua troca, ou a sua transferência de posse do referido produto.

Page 74: Boletim-Tecnico- Implementação de Pomar de Uva

74 Os 4P’s no presente projeto estão descritos a seguir:

Produto – A produção de uvas finas de alta qualidade vai atender a uma demanda de matéria – prima necessária para a vinícola elaborar vinhos finos e espumantes. Promoção – As uvas produzidas na Vinícola Coqueiros têm como cliente a Vinícola Miolo que tem como política da empresa pagar bônus pela qualidade superior das uvas, dessa forma, a promoção pode ser avaliada com a entrega de uvas de qualidade superior, gerando fortalecimento da parceria. Ponto - A vinícola Coqueiros tem como diferencial a sua localização, próxima da unidade beneficiadora Vinícola Miolo que está localizada na BR- 293 km 148,5 em Candiota – RS. Além disso, está sendo implantada dentro dos padrões da Miolo. Preço - A parceria com a referida vinícola tem como política de integração o pagamento diferenciado para produtores que fornecem uvas com teores de açúcares elevados, acima de 18 o Brix, e boa acidez. Para uvas com o teor um pouco abaixo ou muito próximo, o pagamento segue o valor de mercado. 4.21.4 Estrutura do mercado

Concorrência perfeita – é caracterizada por um mercado

em que não existe influência significativa de nenhuma empresa. Logo, os preços devem ser muito competitivos, pois para os consumidores não há um custo alto para mudança de fornecedor. As empresas se obrigam a trabalhar com uma margem mínima de lucro, uma vez que preços elevados significam perda de mercado. Os custos devem ser controlados muito de perto, porque eles determinam o preço competitivo. Para contornar essa situação, as empresas devem oferecer produtos e serviços diferenciados para conquistar os consumidores.

Page 75: Boletim-Tecnico- Implementação de Pomar de Uva

75 A cadeia produtiva da Vinícola Coqueiros possui como finalidade a produção de uvas finas de alta qualidade e com dupla aptidão - vinhos finos e espumantes - para fornecimento de matéria-prima à Vinícola Miolo. A cadeia é composta por fornecedores de insumos e implementos; pelo sistema produtivo que compreende a área do pomar e galpão de máquina e implementos; pelo sistema de transporte que compreende a frota terceirizada para o transporte das uvas da propriedade até a unidade de beneficiamento, sendo este o destino final da produção das uvas finas. Cadeia produtiva

Indu

stria

de In

sum

os

EBe

nsde

Con

sum

o

Produção familiar

Produção em escala

Sistema Produtivo

Tran

spor

te

Beneficiamento

Processado

Suco

Vinho

Ambiente Institucional

AtacadistaCantinas

Supermercado

Mercado Externo

Atacado Varejo

Consumidor

Baixa Renda

GrandeConsumidor

Média Renda

Cadeia Produtiva da uva para vinho finos e espumantes no RS

Ambiente Organizacional

T1 T4T3T2

T5 T6

Unidade deProcessamento

T7

Ambiente Externo

Ambiente Externo

Espumante

Figura 16: Cadeia produtiva da uva para vinho finos e espumantes da Vinícola Coqueiros.

Page 76: Boletim-Tecnico- Implementação de Pomar de Uva

76

4.21.5 Análise SWOT

A análise de SWOT pode ser descrita como uma matriz simples em que a análise mostra resultados qualitativos de aspecto positivo e negativo da empresa, sendo desta forma uma ferramenta que auxilia na percepção de variáveis controláveis e incontroláveis. Através da análise SWOT, (Tabela 23), observam-se pontos fortes e fracos, ameaças e oportunidades (Kotler 1996 citado por Silva 2004).

Para a formulação da análise SWOT, Wright (2000) utilizou parâmetros como os pontos fortes (Strenghts); e fracos (Weakenesses) da empresa em relação a seus concorrentes, bem como as oportunidades (Opportunities); e ameaças (Threats) do ambiente externo, formulando desta forma a matriz de análise de S.O.W.T.

Tabela 13: Análise de SWOT com pontos fortes e fracos, oportunidades e ameaças.

Pontos fortes Pontos fracos

Qualidade do produto; Localização; Tecnologia empregada; Parceria já estabelecida; Parceria com empresa de renome internacional; Pomar instalado dentro dos padrões da Miolo e Grande área disponível para ampliação do pomar.

Vias de escoamento da produção; Mão-de-obra não qualificada; Falta de tradição com a cultura e Necessidade de empréstimo bancário para iniciar o empreendimento.

Page 77: Boletim-Tecnico- Implementação de Pomar de Uva

77 Oportunidades Ameaças

Demanda de matéria-prima de qualidade pela parceira; Expansão da vitivinicultura na região; Produção mecanizada; Incentivo governamental da prefeitura e do governo federal.

Valorização do Real frente ao Dólar que favorece a importação e Política pública para redução de consumo de álcool.

Segundo Oliveira (1997), as estratégias são

estabelecidas de acordo com a situação da empresa. A estratégia geralmente está voltada à sobrevivência, manutenção, crescimento ou desenvolvimento, conforme a postura estratégica estabelecida pela empresa.

4.21.6 Estratégias para os estágios de ciclo de vida dos produtos

A expansão de pomares de uvas viníferas na Campanha Gaúcha vem sendo crescente em virtude de vários fatores, dentre os mais significativos, estão as condições edafoclimáticas favoráveis, a possibilidade de mecanização e a falta de áreas disponíveis para expansão na Serra Gaúcha.

Uma estratégia para favorecer a comercialização do produto foi fazer uma pesquisa prévia, esse relação a real necessidade das vinícolas da região, as variedades de uvas desejadas pelo mercado, a qualidade necessária a ser produzida, qual a capacidade de expansão do seu sistema produtivo, os benefícios e incentivos que a empresa dá aos seus parceiros que produzam uvas com qualidade superior.

Os dados coletados disponíveis para análise permitiram uma tomada de decisão para a implantação do pomar.

Para ser competitivo, é indispensável que os padrões de

Page 78: Boletim-Tecnico- Implementação de Pomar de Uva

78 qualidade estipulados pela parceria sejam atingidos da melhor maneira possível, desta maneira o ciclo de vida do produto terá um mercado cada vez mais promissor e prolongado proporcionando rentabilidade ao empreendimento. 4.21.7 Análise externa Ambiente externo - O preço do dólar pode ser um fator positivo ou negativo. Político/legal – Políticas públicas para a redução de consumo de bebidas alcoólicas. Econômicas – O fator econômico não interfere na dinâmica da produção, visto que o produto final elaborado pela Miolo é destinado à classe com alto poder aquisitivo incluindo as exportações. Culturais – O consumo de vinhos finos e espumantes tem relação direta com a cultura, visto que o seu consumo vem desde a antiguidade. Tecnológicas – A adoção de novas tecnologias para o sistema produtivo têm impacto positivo, visto que as tecnologias que visam à redução do custo de produção, significariam um aumento da competitividade e lucratividade. Ambientais – A implantação do pomar bem como, a adoção de controle químico geram impacto ambiental. Para reduzir os danos, é necessário fazer um ajuste técnico para evitar aplicações desnecessárias. Entretanto, o uso da área para implantação de pomar é menos impactante que a atividade atual que são pastagens anuais para a pecuária de corte. Assim, o empreendimento proposto favorece a sustentabilidade ambiental.

Page 79: Boletim-Tecnico- Implementação de Pomar de Uva

79

ATUAIS NOVOS PENETRAÇÃO DE MERCADO

DESENVOLVIMENTO DE PRODOTOS

AT

UA

IS

DESENVOLVIMENTO DE MERCADO

DIVERSIFICAÇÃO

NO

VO

S

4.21.8 Matriz de ANSOFF

Figura 17: Matriz de ANSOFF.

4.21.9 Fatores chaves de sucesso

• Localização – Proximidade da unidade processadora; • Tecnologia empregada na produção; • Produção de uvas de alta qualidade; • Parceria já estabelecida ; • Mecanização e • Grande área disponível para expansão.

4.21.10 Concorrente

Na região da Vinícola Coqueiros existem poucos concorrentes para fornecimento de uvas finas para a Vinícola Miolo, sendo que os já implantados na região com outras

PRODUTOSM E R C A D O

Page 80: Boletim-Tecnico- Implementação de Pomar de Uva

80 variedades de uvas, não participam do mesmo seguimento. Os concorrentes mais fortes e que possuem uvas similares às que serão produzidas, estão localizados na Serra Gaúcha, a uma distância próxima de 350 km, e plantadas em pequenas áreas. 4.21.11 Fornecedores Para a região da vinícola não há grandes distribuidoras de insumos visto que a região é caracterizada pela bovinocultura, mas em virtude do empreendimento possuir um porte considerável, favorecerá às negociações com os fornecedores. 4.21.12 Clientes

As uvas produzidas na Vinícola Coqueiros têm como cliente a Vinícola Miolo localizada na BR- 293 km 148,5 em Candiota – RS. A parceira produz vinhos desde 1897, tem tradição, fator fundamental na produção de vinhos. Já está fixada no mercado, é uma marca de renome e reconhecida internacionalmente, pela qualidade dos seus produtos.

4.21.13 Produtos substitutos

Para a elaboração de vinhos finos e vinhos espumantes não há produtos que possam vir a substituir a uvas finas mantendo a qualidade do produto final.

4.21.14 Matriz das forças competitivas Modelo Porter

Segundo Sousa e Clemente (2004), em se tratando de

estratégia de unidade de negócios, é indispensável que se

Page 81: Boletim-Tecnico- Implementação de Pomar de Uva

81 mencione o modelo desenvolvido por Michael Porter, da Harvard Business School.

De acordo com Porter citado por Sousa e Clemente (2004), a competitividade da empresa num dado mercado é determinada pelos seus recursos técnicos e econômicos, bem como por cinco “forças” ambientais, sendo que cada uma delas ameaça a entrada da organização em um novo mercado. Abaixo pode-se acompanhar o esquema de modelo proposto por Porter em 1986.

Figura 18: Matriz da forças competitivas.

4.21.15 Função finanças

Segundo Braga (1989), a função financeira compreende um conjunto de atividades relacionadas com a gestão dos fundos movimentados por todos os departamentos da empresa ou organização. A principal atribuição deste departamento é a obtenção dos recursos necessários e a formulação de estratégias voltadas á otimização do uso desses fundos.

Page 82: Boletim-Tecnico- Implementação de Pomar de Uva

82

4.21.16 Negócios

Produção de uvas finas para vinhos finos e espumantes para a comercialização com a Vinícola Miolo.

4.21.17 Missão

Conforme Oliveira (1997), missão é definida como a forma de se traduzir um sistema de valores, considerando a cultura ou áreas básicas de atuação, bem como as filosofias da empresa ou organização, ou seja, é a razão de ser da organização.

A missão da empresa é “a produção das melhores uvas finas para a elaboração de vinhos finos e espumantes na Campanha Gaúcha, visando à consolidação e ampliação da parceria com a Vinícola Miolo e tornando a região um novo pólo da vitivinicultura do Rio Grande do Sul e do Brasil”

4.21.18 Visão A ampliação da capacidade produtiva com a adoção de alta tecnologia, tornando-se um diferencial dentro da cadeia produtiva de uvas finas de qualidade superior, para a elaboração de espumantes e vinhos finos, tornando-se referencial dentro do seguimento da vitivinicultura. 4.21.19 Objetivo

Segundo Pagnoncelli (2001), objetivos são os resultados que a empresa ou organização necessita alcançar num período determinado, visando materializar sua visão como competitiva no ambiente atual e futuro.

Page 83: Boletim-Tecnico- Implementação de Pomar de Uva

83 O objetivo da empresa “é a produção das melhores uvas

finas para a elaboração de espumantes e vinhos finos na Campanha Gaúcha”.

5. COEFICIENTES TÉCNICOS

Tabela 14: Coeficientes técnicos para a produção de uva

Especificação Unid Qtda. Qtda. Qtda. Qtda. Qtda. totalA) Insumos Ano 1 Ano 1° Ano 2º Ano 3º Ano 4º a 10º1- Mudas de uva total 4200 4200 4200 0Chardonnay Unid. 12600 12600 8400 0 33600Pinot Noir Unid. 12600 12600 8400 0 33600Riesling Itálico Unid. 8400 8400 8400 0 25200Merlot Unid. 8400 8400 16800 0 33600 Total de mudas Unid. 46200 46200 46200 0 1260002- Adubos/composto orgânicoSuperfosfato simples Kg 1112 444 444 444 139920Uréia Kg 114 114 114 114 30780Cloreto de potássio Kg 35 138 138 138 34170Bórax Kg 37 37 37 37 9990Óxido de zinco Kg 32 32 32 32 8640Esterco de aves ton 20 20 20 10 3000Calcário dolomitico ton 5,40 5,40 5,40 0,5 192sub total 13553 - FungicidaFolpet Kg 2 2 2 2 720Agrinose Kg 3,5 3,5 3,5 3,5 945Dipterex 500 L 3 3 3 3 720Lebaycid 500 L 1 1 1 1 240Formicida Blitz Kg 1,00 1,00 1,00 1,00 300sub totalB) SERVIÇOS1- Preparo do soloLimpeza da area = terceirizado HM 11,11 11,11 11,11 33,33subsolagem = terceirizado HM 18,82 18,82 18,82 56,47Calagem terceirizado HM 12,44 12,44 12,44 37,33Adubação de correção = terceirizado DH 16,10 16,10 16,10 48,31Adubação de cobertura DH 0,00 12,00 12,00 360,02 420Plantio DH 277,89 277,89 277,89 833,68sub total

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Continuação da Tabela 24

Especificação Unid Qtda. Qtda. Qtda. Qtda. Qtda. totalA) Insumos Ano 1 Ano 1° Ano 2º Ano 3º Ano 4º a 10ºC) SISTEMA DE CONDUÇÃOPostes externos 4.0 m Unid. 80 80 80 0 2400Rabichos 1.5 m Unid. 80 80 80 0 2400Estacas para condução de mudas 1.5 m Unid. 4000 4000 4000 0 120000Postes internos 3.8 m Unid. 600 600 600 0 18000

Arame rolo 1250m 23 23 23 0 690Grampos Kg 32 32 32 0 960Espaçadores Unid. 4560 4560 4560 0 136800instalação do sistema de conduçãosub totalE) MAQUINAS E EQUIPAMENTOSTrator 1050 Yammar 50cv 4x4 1 1pulverizador turbo atomizador 1000 l 1 1tanque pipa 3000 litros 1 1carreta para trator cap. 2000 kg 1 1rocadeira 1 1enchadas 25 25EPI 10tesoura de poda 25 25caixas plásticas. de 20 kg, 0 0 1400 1400SUB TOTALD) OUTROSAtividades administrativaspoda produção terceirizada DH 0 36,67 73,33 110,00 220Colheita DH 0 0 10,00 210,00 220,00Galpão de maquinas, deposito e escritorio m2 200 200veicolo VW GOL 1Terreno 50MóveisComputador 1Impressora 1

Mesa 1Cadeira fixa 4Cadeira com rodas 1Armario 1Outros 1

Subtotal Movéis2- Tratos culturaisTransporte interno de mudas HM 51,94 51,94 51,94 0 155,83Transporte interno de Adubos orgânicos HM 46,50 46,50 46,50 325,4795 464,97Distribuição da muda HH 51,94 51,94 51,94 0 155,83Distribuição de esterco HH 46,50 46,50 46,50 325,48 139,49Roçagem HM 11,11 11,11 11,11 77,78 111,11Pulverização mecânica fungicida HM 17,04 17,04 17,04 119,26 170,37Pulverização mecânica Inseticida HM 15,56 15,56 15,56 108,89 155,56Capina Manual HH 135,26 135,26 135,26 946,84 1352,63Abertura covas para sist.de condução HM 22,22 22,22 22,22 0 66,67instalação do sistema de estacas D/H 20,73 20,73 20,73 0 62,18instalação do sistema de arrame D/H 270,20 270,20 270,20 0 810,60Frete dos serviços terceirizados KM 600,00 600,00 600,00 0 1800,00Valor de manutenção do trator $ 533,00 533,00 533,00 3731,00 5330,00Subtotal Tratos culturais

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85 6. CONCLUSÃO

A vitivinicultura é uma atividade tecnicamente viável para a Região da Campanha no Rio Grande do Sul;

A região de Pedras Altas possui condições edafoclimáticas favoráveis à vitivinicultura;

A população da região Sul tem a uva e o vinho como alimento e bebida típica e tradicional, fator que incentiva o seu consumo e produção;

Existe um grande número de vinícolas instaladas na região, as essas têm interesse numa possível produção oriunda da Estância dos Coqueiros;

A estância dos Coqueiros apresenta solos adequados ao cultivo da uva;

A fruticultura está em plena expansão na metade Sul do Rio Grande do Sul;

As uvas produzidas na Região da Campanha têm qualidade de vinificação superior às da Serra Gaúcha, razão pela qual as vinícolas da Serra estão expandindo seus cultivos para a região;

Existe uma tendência da Região da Campanha tornar-se a produtora de uvas viníferas, enquanto a Serra tende a se especializar nas uvas híbridas e americanas para consumo in natura e sucos;

A expansão da vitivinicultura conta com apoio da prefeitura de Pedras Altas;

A Estância dos Coqueiros necessita de uma atividade que diversifique a sua base produtiva.

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86 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGRIANUAL– Anuário Estatístico da Agricultura Brasileira. São Paulo: FNP, 2007. ANDREI, E. Compêndio de defensivos agrícolas. 6ª edição. Revisão atualizada, 1999. BOTTON, M, HICKEL, E.R, e SÓRIA, S.J. Uva para processamento. Produção. Aspectos Técnicos. Embrapa Uva e Vinho (Bento Gonçalves, RS). Brasília: Informação Tecnológica, 2003, 134 p. (Frutas do Brasil; 34). BRAGA, R. Fundamentos e técnicas de administração financeira / Roberto Braga. – São Paulo : Atlas, 1989. CAMARGO, U.A. Uvas de Mesa e Produção. Embrapa Semi-Árido (Petrolina-PE). – Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2001, 128 p. CAMARGO, U.A. Uvas Viníferas para Processamento em Regiões de Clima Temperado. Jul./ 2003. <http://www.cnpuv.embrapa.br.> Acesso em 28/11/2007. CHOUDHURY, M.M. Uva de Mesa Pós-colheita. Embrapa Semi-Árido (Petrolina-PE). – Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2001, 55 p. (Frutas do Brasil; 12). Embrapa/CNPUV. Disponível em: <http://www.cnpuv.embrapa.br/publica/sprod/UvaNiagaraRrosadaRegiõesTropicais/implantacaohtml#formacao >. Acesso em: 09 fev. 2007.

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Embrapa/CNPUV. Disponível em: <http://www.cnpuv.embrapa.br>. Acesso em: 09 fev. 2007. FARJADO, T.V.M. Uva para processamento. Fitossanidade. Embrapa Uva e Vinho (Bento Gonçalves, RS). Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2003, 131 p.; (Frutas do Brasil; 35). FONSECA, K.G. Implantação de um Pomar de Uva (Vitis labrusca) Cultivares Isabel Precoce e BRS Cora para a Elaboração de Suco e Comercialização no Distrito Federal. Brasília. UPIS. 2005 GALLO, D. (in memoriam) et al. Entomologia Agrícola. Piracicaba: FEALQ, 2002, 920 p. GUERRA, C.C. Uva para processamento. Pós-colheita. Embrapa Uva e Vinho (Bento Gonçalves, RS). Brasília: Informação Tecnológica, 2003. 67 p. ( Frutas do Brasil; 36). GUERA C.C, Colheita e destino da produção 123 Uva para processamento. Produção. Aspectos Técnicos. Embrapa Uva e Vinho (Bento Gonçalves, RS). Brasília: Informação Tecnológica, 2003, 134 p. (Frutas do Brasil; 34). KUHN, G.B. Uva para processamento. Produção. Aspectos Técnicos. Embrapa Uva e Vinho (Bento Gonçalves, RS). Brasília: Informação Tecnológica, 2003, 134 p. (Frutas do Brasil; 34). KUNH et al. O cultivo da videira: informações básicas. 2. ed. Bento Gonçalves: Embrapa – CNPUV, 1996. 60 p. (Embrapa – CNPUV. Circular Técnica, 10).

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KOTLER, P., Administração de marketing: análise, planejamento, implementação e controle, 5º edição, editora Atlas, 1998, são Paulo, 725 p. LEÃO, P.C. de S. e POSSÍDIO, E.L. Uva de Mesa Produção - Aspectos Técnicos. Embrapa Semi-Árido (Petrolina, PE). Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2001. 128 p., (Frutas do Brasil; 13). LEÃO, P.C. de S. e SOARES, J.M. Uva de Mesa Produção - Aspectos Técnicos. Embrapa Semi-Árido (Petrolina, PE). Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2001. 128 p., (Frutas do Brasil; 13. LEÃO, P.C. de S. e SOARES, J.M. A viticultura no semi-árido brasileiro. Petrolina: Embrapa Semi-Árido, 2000, 366 p. MAIA, J.D.G., CAMARGO, U.A. e NACHTIGAL, J.C. Cultivo da Videira Niágara Rosada em Regiões Tropicais do Brasil. Nov./2003 <http://www.cnpuv.embrapa.br.> Acesso em 09/02/2007 NAVES, R.L., GARRIDO, L.R. e SÔNEGO, O.R.Sistema de produção de uva de mesa do norte de Minas Gerais. Dez./2005 <http://www.cnpuv.embrapa.br.> Acesso em 29/10/2007. MELO, G.W.B. Análise socioeconômica da vitivinicultura 15 Uva para processamento. Produção. Aspectos Técnicos. Embrapa Uva e Vinho (Bento Gonçalves, RS). Brasília: Informação Tecnológica, 2003, 134 p. (Frutas do Brasil; 34).

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89 MIELI, A. e MANDELLI, F. Uva para processamento. Produção. Aspectos Técnicos. Embrapa Uva e Vinho (Bento Gonçalves, RS). Brasília: Informação Tecnológica, 2003, 134 p. (Frutas do Brasil; 34). NACHTIGAL, J.C., Sistema de produção de uva de mesa do norte de Minas Gerais. Dez./2005 <http://www.cnpuv.embrapa.br.> Acesso em 29/10/2007 NACHTIGAL, J.C., CAMARGO, U.A. e MAIA, J.D.G. Sistema de produção de uva de mesa do norte de Minas Gerais. Dez./2005 <http://www.cnpuv.embrapa.br.> Acesso em 30/11/2007 OLIVEIRA, D. de P. R. de, Planejamento estratégico: conceitos metodologia e práticas, 11º edição, Editora Atlas, São Paulo, 1997, 294p. PAGNONCELLI D. Construindo estratégias para competir no século xxi / Paulo de Vasconcelos Filho,- Rio de Janeiro: Campus 2001 PEREIRA. J.R, FARIA C.M.B., SILVA D.J. e SOARES, J.M. A viticultura no semi-árido brasileiro. Petrolina: Embrapa Semi-Árido, 2000, 366 p. PROTA, J.F.S., Uvas Viníferas para Processamento em Regiões de Clima Temperado jul/ 2003. <http://www.cnpuv.embrapa.br.> Acesso em 09/02/2007

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em: 09/02/2007

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UPIS – Faculdades Integradas Departamento de Agronomia