boletim salesiano
DESCRIPTION
A Misericordia é o bilhete identidade do nosso DeusTRANSCRIPT
Boletim Salesiano 3
O Papa Francisco, ao en-
viar a mensagem para
o Dia Mundial das Co-
municações Sociais,
na sua quinquagési-
ma edição, faz um convite a todos
para refl e� r sobre a ligação que há
entre a Comunicação e a Misericór-
dia. Deus Misericordioso se mani-
festa em Cristo, perfeito comunica-
dor do Pai. Todas as suas palavras
e a� tudes manifestam compaixão,
ternura e o perdão de Deus a todos.
Nós, que nos iden� fi camos com
Cristo, somos também convidados a
manifestar a misericórdia e a cons-
truir fraternidade. Não há fraterni-
dade sem comunicação. Vamos ao
encontro de todos que necessitam
de nosso amor, de nosso perdão,
de nossa alegria, de nossa vida.
O Bole� m Salesiano pretende ser
instrumento de comunicação que
une todos os que se interessam
pelo bem da juventude. A Famí-
lia Salesiana se sente iden� fi cada
com este meio e nele encontra re-
ferências do Carisma Salesiano.
O próprio Reitor-Mor, Pe. Ángel Fer-
nández Ar� me, no encontro dos di-
retores do Bole� m Salesiano, em
Roma, exorta-os a considerar o pró-
prio trabalho como parte da “iden-
� dade carismá� ca e da fi delidade a
Dom Bosco”. Também os desafi a a
“realizar um Bole� m Salesiano se-
gundo os tempos digitais e as novas
culturas; um Bole� m sobretudo que
chegue a mais pessoas”. E acres-
centa que “temos a capacidade de
vencer este desafi o e a responsabili-
dade de comunicar ao mundo a men-
sagem da Congregação Salesiana”.
O Bole� m Salesiano de Moçambique
está com nova equipe de trabalho.
O novo diretor é o Pe. Miguel Ángel
Delgado Herrera. A jornalista respon-
sável pela edição é a Salesiana Coo-
peradora, atualmente voluntária na
Visitadoria Maria Auxiliadora, Elvira
Freitas. Com eles há uma equipe de
colaboradores formada por Salesia-
nos, Filhas de Maria Auxiliadora, Sale-
sianos Cooperadores e jovens do MJS.
A periodicidade neste ano será qua-
drimestral. As edições deverão estar
disponibilizadas on line. O úl� mo
número do ano deve, além de es-
tar on line, ser impresso também.
Para tanto, contamos com a doação
generosa de amigos que acreditam
neste meio como muito ú� l para a
evangelização. Agradecemos aos
que puderem nos ajudar na manu-
tenção do Bole� m Salesiano, cria-
do e tão desejado por Dom Bosco.
Maria Auxiliadora e Dom Bosco,
grandes comunicadores, nos inspi-
rem como levar avante este grande
compromisso junto à Família Sa-
lesiana e nos abençoem a todos.
P. Marco Biaggi
Superior Salesiano em Mocambique
4 Boletim Salesiano
Boletim Salesiano 5
6 Boletim Salesiano
Acolhendo meninos e Boas-noites
Ofi cinas de Mulheres no OCJ
Boletim Salesiano 7
Um Oratório Itinerante
8 Boletim Salesiano
Na abertura dos trabalhos
de Comunicação Social da
Arquidiocese de Maputo,
no dia 28 de Fevereiro, o
Bispo Auxiliar, Dom João
Carlos Nunes, proferiu uma palestra aos
comunicadores sobre a misericórdia.
A palestra foi precedida de celebração
eucarística, presidida pelo próprio Bis-
po e concelebrada pelo Pe. Constanzo
Cornélio, na Paróquia de S. Joaquim de
Munhuana.
Dom João Carlos discorreu sobre a mi-
sericórdia na comunicação, a partir da
Mensagem do Papa Francisco para o 50º
Dia Mundial das Comunicações Sociais,
que será celebrado no dia 08 de Maio,
Festa da Ascensão do Senhor, embora a
mensagem tenha sido divulgada no dia
24 de Janeiro, dia em que se comemora
São Francisco de Sales, padroeiro dos
jornalistas católicos.
O Bispo iniciou sua palestra saudando
a todos os agentes de comunicação
que trabalham na Arquidiocese e expli-
cou qual seria o assunto da dita pales-
tra. “Trata-se da mensagem do Papa
Francisco para o 50° Dia Mundial das
Comunicações Sociais cujo tema é: ‘Co-
municação e misericórdia: um encontro
fecundo’. O Papa recorda que o ‘Ano
Santo da Misericórdia convida-nos a
refl ectir sobre a relação entre a comu-
nicação e a misericórdia’. O objectivo
deste Jubileu e da carta que o Papa es-
creveu é o de ‘nos tornar mais abertos
ao diálogo, para melhor nos conhecer-
mos e compreendermos; eliminar todas
as formas de isolamento e desprezo e
expulsar todas as formas de violência
e discriminação’ (Misericordiae Vultus,
23)”.
Continuando a sua palestra, Dom João
Carlos chamou a atenção para o que São
João diz: “Deus é amor”, e que o amor,
por sua natureza é comunicação e leva
a uma maior abertura, não isolamento.
“Se o nosso coração e os nossos ges-
tos forem animados pela caridade, pelo
amor divino, a nossa comunicação será
portadora da força de Deus. Por isso é
que a linguagem e as acções da Igreja
devem transmitir misericórdia, para
tocar o coração das pessoas e sustentá-
las no caminho rumo à plenit ude da
vida. Devemos acolher e irradiar o calor
materno da Igreja, para que Jesus seja
conhecido e amado; aquele calor que
dá substância às palavras da fé e acen-
de, na pregação e no testemunho, a
‘centelha’ vivifi cante.
O Bispo referiu-se também ao delicado
momento político que o país vive. “De
facto, para nós que atravessamos este
confl ito político social, vemos e aprecia-
mos aquelas pessoas que se esforçam
por escolher cuidadosamente palavras
e gestos para superar as incompreen-
sões, curar a memória ferida e construir
paz e harmonia! É que as palavras têm
o poder de criar pontes e favorecer o
encontro e a inclusão entre as pessoas,
as famílias, os grupos sociais, os povos”.
Citando a Bula Misericordiae Vultus, na
qual o Papa o Papa Francisco diz que
“as palavras podem construir pontes
entre as pessoas, as famílias, os grupos
sociais, os povos”.
Dom João Carlos concluiu dizendo que
“comunicar signifi ca partilhar e a par-
tilha exige escuta, acolhimento proxi-
midade. Escutar nunca é fácil: signifi ca
prestar atenção, desejo de compreen-
der, dar valor, respeitar a palavra alheia;
é uma graça imensa e um dom.
Convido a todos a lerem e meditarem
sobre a mensagem”, disse.
Boletim Salesiano 9
Com o lema “Misericordio-
sos como o Pai”, o Papa
Francisco abriu no dia 08
de Dezembro de 2015 o Ano
Santo da Misericórdia, o
qual terminará no dia 20 de Novembro
de 2016, e dessa forma animar todos os
cristãos a serem misericordiosos uns
com os outros porque “a misericórdia
é a trave mestra que sustenta a vida da
Igreja”, diz a Bula Misericordiae vultus.
Por que foi convocado o Ano Santo da
Misericórdia? “Há momentos em que
somos chamados, de maneira ainda
mais intensa, a fi xar o olhar na miseri-
córdia, para nos tornarmos nós mes-
mos sinal efi caz do agir do Pai. Foi por
isso que proclamei um Jubileu Extraor-
dinário da Misericórdia, como um tem-
po favorável para a Igreja, a fi m de se
tornar mais forte e efi caz o testemunho
dos crentes”, explica o Santo Padre.
Para o Papa Francisco, a misericórdia
não é uma palavra abstrata, mas um
rosto para reconhecer, contemplar e
servir. “Jesus de Nazaré com a Sua pa-
lavra, com os seus gestos e com toda
a Sua pessoa revela a misericórdia de
Deus. N’Ele não há nada em que falte
compaixão”. A seguir acrescenta: “a
Sua Pessoa não é outra coisa senão
Amor, um amor que se doa e oferece
gratuitamente. Os sinais que realiza,
sobretudo para com os pecadores,
para com as pessoas pobres, excluídas,
doentes e em sofrimento, levam consi-
go o distintivo da misericórdia”.
O Papa enumera catorze obras de mi-
sericórdia para este Ano Santo, que
são acções caridosas pelas quais se
ajuda o próximo, nas suas necessidades
corporais e espirituais. São sete as obras
de misericórdia corporais: dar de comer
a quem tem fome; dar de beber a quem
tem sede; vestir os nus; dar pousada
aos peregrinos; visitar os enfermos;
visitar os presos; enterrar os mortos. As
sete obras de misericórdia espirituais
são: dar bons conselhos; ensinar os
ignorantes; corrigir os que erram;
consolar os tristes; perdoar as injúrias;
suportar com paciência as fraquezas do
nosso próximo; rezar a Deus pelos vivos
e defuntos.
Por que é que o Papa Francisco quer
que os crentes redescubram as obras
de Misericórdia? “Uma maneira de
acordar a nossa consciência, muitas
vezes adormecida perante o drama da
pobreza e de entrar cada vez mais no
coração do Evangelho, os pobres são
os privilegiados da misericórdia divina”,
explica o Papa Francisco na Bula Miseri-
cordiae Vultus.
Ainda na Bula Misericordiae Vultus, o
Santo Padre sugere algumas iniciativas
que podem ser vividas em diferentes
etapas: realizar peregrinações; praticar
as obras de misericórdia; intensifi car
a oração; passar pela Porta Santa em
Roma ou na Diocese; perdoar a todos;
buscar o Sacramento da Reconciliação;
superar a corrupção; receber a indul-
gência; participar da Eucaristia; fortale-
cer o ecumenismo; e converter-se.
O que é a indulgência? Indulgência é a
remissão diante de Deus da pena devida
aos pecados, cuja culpa já foi perdoada.
Cada vez que alguém se arrepende e se
confessa, é perdoada a culpa dos pe-
cados cometidos, mas não a pena. Por
exemplo, se alguém mata uma pessoa
e se arrepende, depois pede perdão e
procura o Sacramento da Penitência,
receberá o perdão. Contudo, como re-
parar o mal cometido que tirou a vida
de alguém? Por isso permanece uma
pena após o perdão. Essa situação pode
ter um indulto, uma indulgência, que a
Igreja oferece em certas condições es-
peciais e quando o fi el está disposto a
buscar a santidade de vida, aproximan-
do-se cada vez mais de Deus.
“A misericórdia não é uma palavra abstrata, mas um
rosto para reconhe-cer, contemplar
e servir”
10 Boletim Salesiano
Reitor-mor (RM) dos Sa-
lesianos, Pe. Ángel Fer-
nandez Artime presidiu
a Conferência das Inspe-
torias da África e Mada-
gascar (CIVAM), realizada entre os dias
05 e 07 de Abril, em Antananarivo, capi-
tal de Madagascar.
Estiveram presentes também o Conse-
lheiro Regional, Pe. Américo Chaquisse,
o Delegado para a Família Salesiana,
Pe. Eusébio Muñoz, o Delegado para os
Salesianos Cooperadores, Pe. Giuseppe
Casti, e o Secretário do RM, Pe. Horácio
Lopez, além dos onze Inspetores e dois
Delegados.
Os objetivos do encontro foram: expri-
mir a comunhão entre o RM e os supe-
riores da região; rezar juntos e testemu-
nhar a vocação comum e a fé; partilhar
experiências pessoais com o Reitor-
-mor; obter uma visão mundial da con-
gregação; possibilitar distensão e parti-
lha entre os superiores, numa clima
Boletim Salesiano 11
de união e fraternidade.
“A acolhida na Visitadoria de Madagas-
car foi muito fraterna. A convivência
com a comunidade sede da Visitadoria
foi muito intensa. Foi possível visitar
os vários ambientes da casa, inclusive
as dependências da Rádio Dom Bos-
co, que é a mais potente rádio católi-
ca de Madagascar. Esta rádio atua em
rede católica com todas as dioceses.
Também visitamos o noviciado, onde
rezamos as vésperas e participamos
do jantar com a comunidade local”,
comentou o Provinvicial Salesiano
em Moçambique, Pe. Marco Biaggi.
A visita do Pe. Artime à Visitadoria Ma-
ria Imaculada, de Madagascar, começa-
ra antes, no dia 29 de Março. No dia 30,
tiveram início as atividades ofi ciais. Pe.
Artime, acompanhado pelo seu secre-
tário, Pe. Horacio López, empenhou-
-se em dois momentos diversos, com o
conselho da Visitadoria e com as Filhas
de Maria Auxiliadora (FMA) ali presen-
tes. O evento central do dia 31 foi a
reunião com todos os Salesianos pre-
sentes na Ilha, seguindo um formato
que o Pe. Ángel Artime tem respeitado
em todas as suas visitas de animação.
Na sexta-feira, 01 de Abril, o Reitor-
-mor encontrou-se com os jovens do
Movimento Juvenil Salesiano e com os
membros da Família Salesiana; sábado,
dia 02, ele foi a Betafo, onde animou
os jovens do oratório e fez uma visita
à vizinha casa das FMA. No domingo,
03, ainda em Betafo, por ocasião da
Festa da Divina Misericórdia, Pe. Arti-
me presidiu a celebração eucarística.
Pe. ngel anima encontro com religiosos, crianças e adolescentes em sua visita a Madagáscar
12 Boletim Salesiano
Continuando a sua visita a Mo-çambique, iniciada em 11 de Março e com o encerramen-to previsto para o dia 01 de Abril, a Madre Geral do Ins-
tituto das Filhas de Maria Auxiliadora (FMA), Madre Yvonne Reungoat, este-ve na Visitadoria Maria Auxiliadora, dos Salesianos de Dom Bosco (SDB), no dia 21 de Março, sendo recebida pelo Pro-vincial dos Salesianos em Moçambique, Pe. Marco Biaggi, e um bom número de salesianos e outros membros da Família Salesiana.
Acompanhada da Provincial das Sa-lesianas em Moçambique, Ir. Zvonka MiKec, da Provincial de Madagascar, Ir. Bernardette Chongo e as Ir. Maria Pedro e Apoline Uwimanitegetse, do Noviciado da Namaacha, a Madre Geral foi recebida por alunos, professores e pelo Reitor do Instituto Superior Dom Bosco (ISDB), Pe. Francisco Pescador Hervás. Na ocasião, a Madre Geral foi homenageada com palavras de boas vindas, fl ores, uma mukume – símbolo da cultura feminina do paí – e quadros com as imagens de Dom Bosco e Madre Mazzarello.
Um dos momentos mais expressivos da visita foi quando Madre Yvonne plantou uma árvore à entrada do Instituto, sim-bolizando a árvore da Família Salesiana. Em seguida percorreu os diversos seto-
res da instituição de ensino superior e tecnológico, perguntando sobre o fun-cionamento de cada máquina e equipa-mento técnico que ia apreciando.
Terminada a visita ao ISDB, a Madre Ge-ral foi conhecer a Casa Dom Bosco, sede da Visitadoria Salesiana. Também ali ela pôde apreciar os diversos escritórios e demais ambientes de trabalho, indis-pensáveis ao funcionamento da institui-ção.
Por fi m aconteceu o momento mais sig-nifi cativo da visita, que foi a ida à capela para rezar em conjunto com os salesia-nos e alguns membros da F.S. Ali, acon-teceram os expressivos gestos: depois de um momento de oração, a ilustre visitante depôs um vaso de fl ores aos pés da imagem de N. Sra. Auxiliadora, padroeira da Congregação Salesiana e da Visitadoria; em seguida, o P. Biaggi ofereceu à Madre Yivone um livro da história da presença dos salesianos em Moçambique e uma escultura represen-
tativa da cultura moçambicana.
Este evento e a própria visita termi-naram com breves mas signifi cativas palavras de agradecimento da Madre Yvonne. Ela disse, referindo-se aos acon-tecimentos, que tudo foi e é a demons-tração da vitalidade e da comunhão que se vive na F.S. de Moçambique. “O facto de nos encontrarmos nesta celebração assim vivida mostra o nosso compro-misso com a comunhão [unidade]. E isto diante dos jovens pode ser algo de profético. Tem implicações vocacionais. Quando os jovens nos abordam falam disso como o grande exemplo que rece-bem de nós”, disse a Madre Yivone.
No dia seguinte, 22 de Março, foi a vez da Madre Yvonne receber os represen-tantes da Família Salesiana na Casa Ins-petorial das FMA. Além das directoras das missões das FMA de Maputo e de Tete, de irmãs de outras casas e da co-munidade local, participaram também do encontro alguns SDB, coordenados pelo Pe. Biaggi, represententes das An-tigas Alunas, Salesianos Cooperadores, ADMA, VDB e do MJS.
O encontro começou com uma oração e terminou com a partilha do jantar. No fi nal, agradecendo aos participan-tes, a Madre Geral salientou que ali se encontavam representantes de quase todos os grupos da Família Salesiana de Maputo. “Isto é uma demonstração de vitalidade inequívoca. Dom Bosco foi genial em pensar logo em família e pouco a pouco, de geração em geração estamos a realizar o sonho de Dom Bos-co”, completou.
Boletim Salesiano 13
Muitas danças e
muita música
marcaram a
despedida em
M o ç a m b i q u e
da Madre Yvonne Reungoat, Superiora
Geral do Instituto das Filhas de Maria
Auxiliadora no dia 31 de Março. A visita
de animação começou no dia 11 e termi-
nou com a Festa da Gratidão, na comu-
nidade do Infulene.
A festa reuniu alunos da Escola Comu-
nitária São João Bosco, professores, as
FMA da comunidade e de outras casas,
acompanhadas da Inspetora em Mo-
çambique, Ir. Zvonka Mikec, membros
da família Salesiana, entre os quais
Antigas Alunas, ADMA, Salesianos Co-
operadores, mães de religiosas da Con-
gregação, além de SDB, representados
pelo seu Provincial, Pe. Marco Biaggi, e
o Director da Casa Dom Bosco, Pe. Ra-
fael Estevão.
Crianças apresentaram danças, cujo
tema “Como guirlanda, unidas na diver-
sidade, entrelaçamos com alegria e es-
perança a oferta da vida e da missão”,
já remetia à Festa da Gratidão, que se
realizará em Sam Phran, na Inspetoria
Tailandesa Santa Maria Mazzarello, no
próximo dia 26 de Abril.
E não foram só as crianças que home-
nageram Madre Yvonne. Adultos tam-
bém queriam abraçá-la e agradecer-lhe
pelos dias passados em Moçambique,
animando a todos com seu sorriso aber-
to, alegria constante e afeto maternal.
Como disse Ir. Zvonka em seu agradeci-
mento fi nal, no momento de confrater-
nização:
“Queremos agradecer por estes dias
que a senhora passou entre nós, tendo
visitado todas as nossas casas, por ter
estado no meio dos jovens da nossa
missão. Com certeza, a senhora perce-
beu em toda a parte a pesença da Fa-
mília Salesiana. Madre, a sentimos mãe
e irmã; aquela que se pôs a caminho
conosco, assim como fez Jesus com os
discípulos de Emaús…”E é essa exac-
tamente a imagem que Madre Yvonne
levará de Moçambique: a de uma famí-
lia que caminha unida e se reúne para
a festa. Mais uma vez ela destacou o
sentido de pertença que pôde perceber
no país, entre os diversos grupos da Fa-
mília Salesiana.
“O carisma salesiano está muito vivo
em Moçambique. Devo dizer que vivi
esta visita com alegria, sobretudo mar-
cada por este momento de Páscoa. […]
Volto para Roma mas deixo aqui meu
coração e minhas orações”, disse a Ma-
dre Geral.
14 Boletim Salesiano
AD MA reúne-se para estudar Regulamento da Associação
Boletim Salesiano 15
Os conselheiros dos diversos
grupos da Família Salesia-
na estiveram reunidos para
uma formação durante a
manhã do dia 05 de Março,
na sede provincial da Visitadoria Maria Au-
xiliadora. Cerca de 40 conselheiros partici-
param no encontro, que teve por forma-
dor o Delegado para a Família Salesiana,
Pe. Rafael Estevão e foi aberto pelo Pro-
vincial dos Salesianos em Moçambique,
Pe. Marco Biaggi.
O Provincial saudou os participantes do
encontro e fez um breve relato sobre os
inícios da Congregação, quando Dom Bos-
co criou os diversos grupos de leigos para
ajudá-lo, sendo estimulado pelo Papa Pio
IX. “Pio IX dizia a Dom Bosco: faça os gru-
pos de leigos e não se esqueça de envol-
ver as mulheres, mas eu serei o primeiro
cooperador salesiano. E ele de facto foi o
primeiro cooperador salesiano da Congre-
gação”.
O Pe. Biaggi falou ainda sobre os demais
grupos que Dom Bosco criou, passando
também pelos alunos e antigos alunos,
dizendo que eles faziam parte da Família
Salesiana, num encontro que teve com
um grupo de polícias, antigos alunos do
oratório.
A seguir, o Pe. Rafael iniciou sua interven-
ção formativa, tendo como base as jorna-
das de espiritualidade da Família Salesia-
na ocorridas em Roma, entre os dias 14 e
16 de Janeiro deste ano, tendo por tema
“Com Jesus, percorramos juntos a aven-
tura do Espírito“
De acordo com Pe. Rafael, no primeiro dia
de encontro em Roma, os participantes
refl ectiram sobre o tema “A aventura de
peregrinar”, que foi aprofundado sob o
ponto vista antropológico, bíblico, teoló-
gico e eclesiológico, pelo Pe. Francesco Di
Natale.
“Já o aprofundamento da Estreia 2016:
“Com Jesus, percorramos juntos a aven-
tura do Espírito” tiveram-na no dia seguin-
te com o Reitor Mor, Pe. Ángel Fernández
Artime, que na qualidade de sucessor de
Dom Bosco, tem a carismática missão de
cuidar e animar toda a Família Salesia-
na. ‘Só com Jesus, em Jesus e por Jesus
poderemos trilhar um caminho que seja
realmente signifi cativo e decisivo para as
nossas vidas. Viver isso no caminho com
outros educadores, educadoras, mas
sempre com os jovens,sempre com eles
e para eles. A partir deste testemunho da
Família Salesiana altera-se a perspectiva
pessoal da vida do jovem”... O próprio
Cristo nos convida a manter uma relação
de amizade e o crescimento se realiza nas
mãos de Deus e requer uma construção
feita em unidade’. (Cf Estreia nº2)”.
Outros perfi s da santidade salesiana tam-
bém foram apresentados naquele dia: a
vida do Venerável Pe. José Quadrio, SDB;
o testemunho do jovem Beato Marvelli;
a aventura vocacional de Mamãe Marga-
rida, que na sua pobreza praticava com
alegria a hospitalidade, sem descriminar
os seus destinatários. “Esta caridade ma-
nifestava-se numa saliente capacidade de
compreender as situações, de tratar com
as pessoas, de fazer escolhas justas no
momento justo, de evitar excessos e de
manter em tudo um grande equilíbrio...
A razoabilidade dos seus ensinamentos, a
coerência pessoal e a fi rmeza sem ira, pro-
vocava um forte impacto no espírito dos
rapazes”, salientou o Pe. Rafael.
Alguns membros da Família Salesiana
também partilharam o seu testemu-
nho de vida interior e espiritual, guiados
pelo Espírito Santo, naquele encontro
de Roma. Destaque para o testemunho
do António Gonzalez, que apresentou o
tema: “O meu caminho de vida interior e
espiritual”, no qual falou sobre o caminho
que se inicia no seio da família (aprender
de pequeno e com a mãe); com os educa-
dores: os outros educandos e o ambiente
educativo; os modelos e os auxílios huma-
nos e espirituais que o educador oferece;
o empenho: a interioridade é coisa secre-
ta, porém se autêntica faz ver e sentir fora
(viver diante dos outros), e dai o desejo e
necessidade de se empenhar para os ou-
tros (o empenho é a expressão natural da
vida interior).
A formação dos conselheiros terminou
com a celebração eucarística. Depois da
missa. seguiu-se o almoço partilhado no
convívio de família.
Delegados da Família Salesiana participam de uma manhã de formação
16 Boletim Salesiano
Directores transferidos para novas missões mostram optimismo nas mudanças e vêem mais perspectivas
Após o frutuoso Capítulo Inspectorial (CI) dos Salesianos de Moçambique, realizado de 07 a 11
de Dezembro de 2015, a Visitadoria Maria Auxiliadora começou a implantar seus resultados praticos no início de
2016. As principais mudanças foram o remanejamento de diretores
de uma missão para outra, como no caso da Moamba, que substituiu Pe. André Kalonji por
Pe. Arlindo Matavele e Inharrime, onde assumiu Pe. Pedro Meia, no lugar de Pe. Adolfo Sarmento,
que foi para o Noviciado Sagrado Coração de Jesus, na Namaacha.
Já Pe. Kalonji assumiu a missão de Matundo.
Inharrime
Pe. Arlindo Matavele assumiu, no dia 09 de Janeiro,
a Missão Salesiana da Moam ba – que compreen-
de a Escola Profi ssional, o Internato, a Paróquia São
João de Brito e o Oratório Festivo – para o triênio
2016-2019. Em entrevista ao Boletim Salesiano Onli-
ne, o novo director da missão da Moamba falou so-
bre seus projectos para o próximo triênio. Pe. Arlin-
do mostrou-se optimista quanto ao novo trabalho.
“Acreditamos que não há problema sem solu-
ção. Dom Bosco nos ensinou a sermos sempre
optimistas e a confi ar na providência. Nós, como
comunidade Salesiana da Moamba, acreditamos
fi rmemente que esta obra é linda, com muitos jo-
vens e com vasto campo de evangelização, e es-
tamos empenhados em trabalhar nesse sentido”.
Boletim Salesiano 17
Directores transferidos para novas missões mostram optimismo nas mudanças e vêem mais perspectivas
Namaacha
dos pré-noviços e as-pirantes, na missão da Matola.
Também Pe. Sarmento falou sobre a alegria de poder prestar este serviço às Visitadorias de Angola e Moçambique. Pediu o apoio de todos e se colocou à disposição para servir a comunidade da melhor forma possível.
Matundo
Pe. Andre Kalonji assumiu como director da Missão Salesiana de Matundo no dia
11 de Janeiro. Compreende a missão a Escola Profi ssional Dom Bosco, o Santuário
Nossa Senhora da Conceição, em Zóbué, e o Oratório Festivo. Antes da posse, o
novo diretor tinha ido a Matundo para conhecer a obra. Ele participou do encer-
ramento do ano letivo, teve contacto com alunos, encarregados de educação e
alguns professores.
Ele recordou que a Moamba, obra que dirigiu até então, é uma missão complexa
mas que trabalho não faltará em Matundo, uma vez que vai dirigir a comunidade,
a escola e o Santuário de Zóbué. “Acho que depois de sete anos na Moamba faz
bem mudar e viver outra experiência”, completou Pe. Kalonji.
18 Boletim Salesiano
Semana Santa e Páscoa do Senhor
Paróquias e Comunidades de Maputo celebram este tempo com espírito de misericórdia
s expressões “Semana Santa” e “Páscoa” já falam por si mesmas. São dias de muitos signifi cados, de celebrações, de conteúdo histórico e de uma espiritualidade centrada em Jesus Cristo. Tudo isso esteve presente
já no Domingo de Ramos, na Comunidade Beata Anuari-te. Centenas de pessoas, entre adultos, jovens e crianças, reuniram-se no pátio do Instituto Superior Dom Bosco (ISDB), para a bênção dos ramos, dada pelo Pe. Lucas Escova. Depois, seguiram em procissão até à capela, que foi pequena para o número de fi éis que participaram da missa, concelebrada pelo Pe. Francisco Pescador Hervás.
Um grande momento da Semana Santa foi a Missa do Crisma na Sé Catedral de Maputo, presidida pelo Arcebis-po metropolitano, Dom Francisco Chimoio, e concelebra-da pelo Núncio apostólico em Moçambique, Dom Edgar Peña Parra, pelo Bispo auxiliar, Dom João Carlos Nunes, pelo Arcebispo emérito, Cardeal Dom Alexandre Santos, pelo Bispo emérito de Pemba, Dom Januário Machaze, e uma centena de padres. Na celebração abençoam-se o óleo dos catecúmenos e dos enfermos e se consagra o Santo Crisma, daí, ser também chamada “Missa dos San-tos Óleos”. É quando também os padres renovam seus compromissos sacerdotais.
A celebração da Quinta-feira Santa na Paróquia de São José de Lhanguéne foi presidida pelo Pe. Miguel Angel Delgado, Vigário paroquial, e concelebrada pelo Pe. Ma-nuel Leal Gomes, Pároco. Na homilia, o Pe. Miguel cen-trou a sua refl exão em volta da narrativa do Lava-pés, unida à Instituição da Eucaristia, como sacramento do amor solidário e serviçal aos irmãos. A seguir se realizou o rito tradicional do Lava-pés com doze paroquianos, en-tre eles jovens, adultos, homens e mulheres, e algumas pessoas idosas e doentes.
A Sexta-feira Santa, tradicionalmente chamada de “Sexta--feira maior”, celebra a Paixão do Senhor. Na Paróquia de São José de Lhanguéne esta foi precedida pela Via-sacra
Boletim Salesiano 19
Paróquias e Comunidades de Maputo celebram este tempo com espírito de misericórdia
organizada pelos seus núcleos, que se dividiram em três grupos, distribuídos em três lugares diferentes de onde iniciaram uma peregrinação rumo à igreja paro-quial. Às 15h iniciou-se a celebração da Paixão do Se-nhor. Na igreja, para os adultos, presidida pelo Pe. Leal, e no ginásio da Escola Comercial, para as crian-ças, adolescentes e jovens, presidida pelo Pe. Miguel.
O Sábado Santo – Vigília Pascal –é a noite em que Je-sus Cristo passou da morte à vida. A Igreja convida os seus fi lhos a reunirem-se em vigília e oração. Na ver-dade, a Vigília Pascal foi sempre considerada a mãe de todas a vigílias e o coração do Ano litúrgico. A sensibili-dade popular poderia pensar que a grande noite fos-se a noite de Natal, mas a teologia e a liturgia da Igreja adverte que é a noite da Páscoa, «na qual a Igreja espe-ra em vigília a Ressurreição de Cristo e a celebra nos sa-cramentos» (Normas gerais sobre o Ano litúrgico, 20).
O Provincial Salesiano em Moçambique, Pe. Marco Biag-gi, presidiu a Vigília Pascal na Comunidade de N. Sra. da Apresentação, ligada à Paróquia de São Sebastião de Marracuene, da Comunidade Missionária de Villaregia. A capela, simples, estava lotada de fi éis, que participaram das mais de três horas da rica celebração, que começou com a bênção do fogo novo e culminou com os sacra-mentos da iniciação cristã: o Baptismo e o Crisma; de-zasseis no total. O celebrante acolheu a todos e pediu à comunidade que os saudasse com uma salva de palmas.
No domingo de Ressurreição, na Paróquia de São José de Lhanguéne, a missa foi celebrada pelo Pe. Leal e animada pelos neófi tos que receberam o Baptismo na Vigília Pascal. O Padre Leal, na sua homilia destacou a segunda leitura, um trecho da Carta de São Paulo aos Colossenses, convi-dando os neófi tos a “Aspirarem às coisas do alto” (Col. 3,1) como um desafi o a trabalhar ao longo da vida cristã sem fechar-se num mundo que trabalha só para fi ns terrenos.
20 Boletim Salesiano
Porque comunicar é preciso, faça-se a comunicação!
Quando falamos de Comu-
nicação pensa-se logo
em meios, ferramentas,
mídia. Comunicação é
muito mais do que isso.
Podemos defi nir Comunicação como
a forma com que as pessoas se rela-
cionam entre si, dividindo e trocando
experiências, ideias, sentimentos, in-
formações, modifi cando mutuamente a
sociedade onde estão inseridas. Sem a
Comunicação, cada um de nós seria um
mundo isolado.
Portanto, comunicar é tornar comum,
podendo ser um ato de mão única,
como transmitir (um emissor transmite
uma informação a um receptor), ou de
mão dupla, como compartilhar (emis-
sores e receptores constroem o saber,
a informação, e a transmitem). Comuni-
cação é a representação de uma realida-
de. Serve para partilhar emoção, senti-
mento, informação.
Mas será que nos damos conta do que
seja comunicação? A nova geração
nasceu “plugada”, até estranha nossa
admiração pelo fato. Os que fomos cria-
dos no milênio passado, só aos poucos
conseguimos digerir o tanto de mudan-
ça que isso signifi ca. Apenas um fl ash.
Comunicação é antes de tudo expres-
são da necessidade humana de comu-
nhão. Queiramos ou não, bem ou mal,
todos comunicamos e nos comunica-
mos continuamente. A internet, ao eli-
minar barreiras de comunicação, muda
as relações entre governo e sociedade
civil e as formas de poder na sociedade.
Que riscos e vantagens pode o fenôme-
no representar para a instituição ecle-
siástica.
Deus, o Comunicador por excelência,
quis que sua Palavra que cria e salva
estabelecesse sua morada visivelmente
entre nós – no Livro Sagrado e na pes-
soa de Jesus de Nazaré. Por sua vez,
Jesus garante que, onde dois ou três
estiverem reunidos em seu nome, ele se
achegará para entrar no chat.
Nesse espírito, a Igreja cristã criou a pri-
meira rede mundial – a primeira www –
com a missão de fazer acontecer a Boa
Notícia de Deus e proclamá-la ao pé do
ouvido e do alto dos telhados.
Portanto, podemos concluir que Jesus
é o mais perfeito meio de Comunicação
e a própria mensagem a ser comunica-
da. Meio e Mensagem. Justamente por
isso, que o comunicador cristão tenha
a consciência de que a mensagem reli-
giosa supera o poder comunicativo de
qualquer instrumento eletrónico, vao
além, excede.
Boletim Salesiano 21
uando viajo de avião,
geralmente gosto de
ir à janela. De lá posso
ver as cidades e as suas
principais ruas, distin-
go os vários quarteirões, distingo os
vários tipos de construção em cada
zona ou bairro; as aldeias, as estra-
das, os rios, as machambas cultivadas
que às vezes lembram uma manta de
retalhos desenhada com fi guras geo-
métricas, geralmente rectangulares,
quadrangulares ou redondas, pinta-
das em vários tons de verde; as fl o-
restas ou simplesmente o mato. Fico
sempre com a impressão de que tudo
isto visto a uma certa distância, me
parece mais ordenado e mais bonito.
Conto isto porque uma das coisas que
guardo e que tenho que agradecer a
Deus e aos irmãos, foi a possibilidade
de conhecer o todo do trabalho que
cada irmão e os colaboradores leigos
da Visitadoria realizam em cada obra
e em cada sector, com grande dedi-
cação, às vezes superior às próprias
forças e ao que a saúde permitiria.
Admirei e admiro a doação, a entrega
e a dedicação de cada irmão salesia-
no. Quando se olha o todo e a uma
certa distância, como quem olha as
nossas cidades de avião, parece que
os defeitos, as fraquezas de cada um,
que as temos, se tornam pequenas se
comparadas com a grande dedicação
e o ingente trabalho que se realiza.
Nesta visão do todo, pude também co-
nhecer e contemplar o mundo dos des-
tinatários de cada obra, aqueles que
estão dentro da nossa casa, aqueles
que vêm à nossa casa, como é o caso
dos alunos ou dos oratorianos, mas
também a multidão dos que geralmen-
te não entram na nossa casa, mas são
os irmãos a sair ao seu encontro, como
no caso das paróquias, comunidades
cristãs, em alguns casos numerosas e
distantes, e que infelizmente, só são
visitadas de tempos a tempos, acolhen-
do os missionários como verdadeiros
enviados de Deus, recebidos com a ale-
gria de quem recebe um grande dom.
Eu próprio tive a alegria de partilhar
esta experiência juntamente com al-
guns irmãos. Também aqui a visão do
todo enche a alma e o coração, porque
sobrevoando o conjunto das obras se
aprecia a numerosa multidão de jovens
ou menos jovens ou mesmo até idosos
e doentes a quem os salesianos che-
gam, directamente ou através dos mui-
tíssimos colaboradores sejam remu-
nerados ou daqueles que por amor e
compromisso com Jesus Cristo, jovens
ou adultos, oferecem generosamente o
seu tempo em favor do crescimento do
Reino de Jesus, dando-se aos outros,
nos movimentos laicais, na catequese,
na animação de grupos ou actividades,
empenhando-se de uma ou outra ma-
neira em favor das comunidades cristãs.
Esta visão de conjunto, dá optimismo,
provoca a acção de graças a Deus por
cada salesiano ou leigo que se em-
penha na vasta missão salesiana. Ao
mesmo tempo faz perceber que é ne-
cessário, de vez em quando, levantar
a cabeça para olhar para além do que
fazemos no dia a dia; para além das
difi culdades que enfrentamos, sejam
elas de tipo material, como a falta de
recursos, ou mesmo as limitações de
cada um, para contemplar o imenso
bem que se realiza em favor dos ou-
tros, a imensa multidão de pessoas que
benefi ciam do carisma de D. Bosco.
Deixar de olhar as sombras para contemplar as estrelas
22 Boletim Salesiano
‘Não é possível dar o que não se tem’, diz formadora de casais
esponsável pelo aconse-
lhamento de casais da
Paróquia do Bom Pas-
tor, no Bairro Jardim,
– aconselhamento que
é um dos serviços do Movimento das
Equipas de Nossa Senhora –, Rosalina
Mahassa Gabriel, 58 anos, recebeu a re-
portagem do Boletim Salesiano para fa-
lar sobre sua experiência de 38 anos de
casamento, como mãe de três fi lhos e
sobre como valorizar o papel da família
na educação dos fi lhos. Educar nos mol-
des propostos por Dom Bosco, quando
levou sua mãe, Mamãe Margarida, para
que os oratorianos se sentissem mem-
bros de uma família. Eis a reportagem:
Boletim Salesiano: Como vê a educação
dos jovens nos dias de hoje?
Rosalina Mahassa Gabriel: A educação
hoje é um tanto ou quanto complicada.
Os pais pensam diferente dos fi lhos.
Mas quem sabe aproveitar as diferen-
ças entre o antigo e o novo, conseguirá
educar seus fi lhos, mantendo os valo-
res que uma família necessita. Os fi lhos
devem aprender os valores familiares
antigos, assim como os pais precisam
acompanhar as novas tendências da so-
ciedade e das tecnologias. Proporcionar
momentos de conversa entre a família
pode ajudar muito na educação dos fi -
lhos, pois não podemos viver agarrados
somente aos valores que conhecemos;
precisamos ser dinâmicos e não estáti-
cos, acompanhar o passar dos tempos
para poder ajudar na educação dos fi -
lhos.
BS: É preciso educar os pais antes dos
fi lhos?
RMG: Com a experiência que tenho em
aconselhar casais, verifi co que sim, é
preciso acompanhar e educar os pais
para que eles se conheçam, pois não é
possível dar o que não se tem. Convi-
ver com outros casais, outras famílias,
traz mais experiência na educação dos
fi lhos, ajuda refl ectir sobre atitudes e
comportamentos dentro da convivência
familiar. Os pais precisam estar em equi-
líbrio em relação ao físico, o emocional,
mental e espiritual, tornando-se pesso-
as com estrutura para orientar adequa-
damente os fi lhos.
BS: O que é preciso para que os fi lhos
não se sintam perdidos?
RMG: Os fi lhos sentem-se perdidos
quando não têm apoio dos pais em suas
ansiedades, seus problemas e projec-
tos. É preciso usar o diálogo para edu-
car e dedicar tempo para conversar com
os fi lhos. Os pais sempre educam para o
bem. Os fi lhos querem sentir-se acolhi-
dos, respeitados e amados pela família.
Quando não encontram isso em
casa procuram na rua onde existe muita
distorção de valores e muitas vezes pas-
sam por más experiências.
BS: Qual a postura dos pais para educar
os fi lhos?
RMG: O diálogo, aproximação e amiza-
de entre pais e fi lhos é muito importan-
te.
Boletim Salesiano 23
Não é possível dar o que não se tem’, diz formadora de casais
Abordar questões familiares e curiosida-
des que as crianças vão tendo de forma
natural, aberta e sem reservas, criando
confi ança na família. A mãe, em particu-
lar, permanece bastante tempo com os
fi lhos. Muitos pais não dedicam tempo
de qualidade para estar com seus fi lhos
e isso não traz um bom ambiente fami-
liar.
BS: Como a família pode acompanhar
os fi lhos para que eles se sintam inseri-
dos também na sociedade?
RMG: A família precisa dar o devido va-
lor a seus fi lhos, mostrar que cada pes-
soa tem uma missão na vida que será
refl ectida na sociedade a qual pertence.
A criança desde cedo deve perceber
que possui responsabilidades, deveres
e direitos para com sua família. Os fi -
lhos, quando se sentem valorizados na
família constroem valores morais, emo-
cionais, intelectuais, e conquistam o que
querem.
BS: E a sociedade, como interfere na
educação dos fi lhos?
RMG: É na sociedade que os fi lhos se
afi rmam através de escolhas entre o
bem e o mal, o que é certo e o que é er-
rado. A família deve preparar seus fi lhos
durante o crescimento para que sejam
pessoas que saibam fazer escolhas.
BS: Qual sua experiência na educação
dos seus fi lhos?
RMG: Não tenho reservas com os meus
fi lhos, sem tabus falo a verdade sobre
todos os assuntos. Ainda hoje, em que
os meus fi lhos já são adultos, conversa-
mos abertamente sobre difi culdades,
novos projectos, trocamos conselhos
e experiências. Cada um sabe ocupar o
seu lugar, como pais e como fi lhos.
BS: Acompanhar outras famílias ajudou
a entender melhor as situações da sua
família?
RMG: A minha participação no Movi-
mento de Equipas de Nossa Senhora
trouxe-me muita aprendizagem para
entender as situações do dia-a-dia da
minha família. Aprendemos a viver o
casamento e a nossa construção pelos
princípios cristãos. Assim, convivendo
com outras famílias, aprendi a observar
as características de cada pessoa, suas
necessidades e potenciais.
24 Boletim Salesiano
A realidade juvenil em Mo-çambique, aliás, como em qualquer país do mundo não é uniforme e está-tica, isto é, ela muda de
lugar para lugar e tempo para tempo. Ela está fortemente ligada ao lugar e ao tempo histórico que se vive nesse lu-gar, e às in� uências ocasionadas pela interacção com outras pessoas e povos.
Não me deixa de chamar atenção o fac-to de que em muitas zonas do nosso país (algumas delas � cavam literalmente no � m do mundo), pessoas que estavam ha-bituadas a viver entre elas, falar a mesma língua, ter acesso a canais televisivos lo-cais (no caso em que o sinal destes che-gasse nesses locais), num abrir e fechar de olhos, tiveram de viver com pessoas vindas de outros lugares, ouvir (e porquê não aprender!) outras línguas, ter acesso quase a tempo real daquilo que se passa noutros cantos do mundo. É certo que a realidade juvenil desses lugares teve de mudar. Ela não permaneceu estática e in-tocável. O divertimento, a linguangem, a maneira de se vestir, etc, teve de mudar.
Os problemas que assolam os jovens em Moçambique variam de lugar para lugar de acordo com o contexto territorial do nosso país e, é por isso que não preten-do generalizar as minhas a� rmações nem dar por esgotados os pontos que aqui fa-rei des� lar. Estou ciente de que estas a� r-mações podem carecer de um olhar mais completo de Moçambique, uma vez que vou me referir ou tomarei como ponto de partida as vivências que trago daquela parte de Moçambique que me é familiar.
Ao escrever estas linhas, não consigo me desligar das imagens que me vêm à mente, de jovens que conheço e que compartilho com eles as suas di� culdades. Não consigo me desligar das imagens mentais e reais de jovens que não conheço, mas que o desti-no se encarregou para que nos cruzásse-mos, e mesmo sem trocar palavras, parti-lhássemos a dura amargura que a vida foi
escrevendo nos seus rostos e infelizmente continua escrevendo e, talvez seja assim por todas as suas vidas. Amargura às ve-zes dissimulada numa falsa alegria, como quando andamos à procura de soluções lá, onde todos nós sabemos de antemão que elas não existem, mas talvez porque a porta que dá acesso a elas já está trancada e des-conhecemos quem guarda as suas chaves.
Passo agora a citar alguns problemas que assolam os jovens em Moçambi-que. Não se trata de uma exposição ca-tedrática (porque não podemos dar o que não temos), mas convido o caro leitor a passear comigo. Vamos pesse-ar pelas estradas, avenidas, ruas, en-cruzilhadas, paragens de automóveis, etc. Vamos caminhar ou subir “chapa”!
Paremos por um instante para com-prar uma recarga de telemóveis. Quantas pessoas correm ao mesmo tempo na nossa direcção, e nos esten-dem a mão esperando que compre-mos o seu produto? Que idades têm?
Quantas vezes não ouvimos nessa oca-sião: “compra boss”, “está qui boss”! Não olhemos para os seus coletes com co-res vivas e bonitas. Coletes vermelhos, laranjas ou amerelos; olhemos para os seus rostos! Creio que o caro leitor con-cordará comigo que muitas vezes são adolescentes e jovens, em idade escolar, mas que trocaram a escola pelas ruas, à procura de modos de sobrevivência.
Continuemos caro amigo, a nossa mar-cha ou viagem, e desta vez numa manhã de um dia de trabalho, circulemos pelas principais artérias das nossas cidades e olhemos para os ardinas espalhados per-to dos semáforos, alguns deles mal posi-cionados entre as linhas que separam as faixas de rodagem e sem se importarem de perigar as suas vidas. Quem são esses ardinas? Unanimemente respondemos que são adolescentes e jovens. Eles não vendem somente recargas de telemóveis e jornais. Estão espalhados pelo Mo-
çambique inteiro e vendem quase tudo. Mas há algo mais dramático, vendem ou já venderam o seu próprio futuro e as suas liberdades. Sem dúvida, não esco-lheram estar lá, o que está por detrás de tudo isto é a probleza, falta de oportuni-dades para estudar e a falta de emprego.
Meu caro amigo certamente que já está cansado de pessear pelas estradas, ave-nidas, ruas, encruzilhadas, paragens de automóveis, deste nosso vasto Moçambi-que. Eu também estou cansado, e é por isso que o convido, não a ir ver os resul-tados � nais numa vitrina da escola, mas
Dc. Benedito João Simone, SDB
Boletim Salesiano 25
26 Boletim Salesiano
Com a participação de 70
adolescentes e jovens, rea-
lizou-se nos dias 09 e 10 de
Abril a primeira Formação
de Animadores Salesianos
deste ano, organizada pelo Movimen-
to Juvenil Salesiano (MJS) de Moçam-
bique. O encontro ocorreu no Centro
de Espiritualidade Emaús, na Matola, e
teve por objetivos oferecer aos jovens
animadores um espaço de formação e
encontro e de refl exão e convívio, bem
como criar laços de comunhão entre os
jovens animadores das diferentes casas
da Visitadoria Maria Auxiliadora.
O encontrou objetivou também ofere-
cer uma formação específi ca sobre a li-
derança para os monitores de oratórios,
para os animadores de grupos e para os
líderes de escolas e internatos. E para
melhor alcançar estes objetivos, além
de orações, animação, partilha dos tra-
balhos e dos momentos recreativos, o
encontro constou também de palestras
e discussões em grupos.
No primeiro dia (09), dois temas foram
expostos para refl exão: “O exercício da
liderança”, sob a coordenação do Pro-
fessor André Máximo Nhantumbo, do
Instituto Superior Dom Bosco (ISDB); e
“Líderes de um ambiente: oratório, gru-
pos, escola/internato”, proferido pela
Assistente Social Olga Albertina Cuco e
pela Ir. Bendita Gaspar Mpate Dancua-
langa, FMA.
Na avaliação de Olga Albertina, o foco
principal do tema por ela apresenta-
do foi a formação dos grupos e sobre
como manter a liderança neles. “Como
um grupo pode estar coeso, quando
se pode destruir e o que um animador
deve fazer para manter um grupo sau-
dável”.
A ‘boa noite’ foi dada pela Provincial
das FMA em Moçambique, Ir. Zvonka
Mikec. Ela falou sobre a estreia do
Reitor-mor para este ano: “Com Jesus,
percorramos juntos a aventura do Es-
pírito”, na qual se pede aos líderes que
façam um caminho de interiorização”.
No domingo, pela manhã, o Pe. Francis-
co Pescador Hervás, vigário inspetorial
Salesiano, falou sobre “A lideraça nos
tempos de Dom Bosco”, ou seja, como
Dom Bosco organizou as lideranças nos
primeiros oratórios. “Os jovens foram
assumindo e formando as chamadas
companhias, e, dessa forma, dom Bos-
co conseguiu implantar suas convicções
fundamentais e que cabe a nós hoje
continuar”.
Às 9h, todos foram para o alpendre,
onde o provincial Salesiano em Mo-
çambique, Pe. Marco Biaggi, presidiu à
celebração eucarísitica, cencelebrada
pelo Pe. Pescador. Após a missa, foram
retomadas as palestras, com exposição
do Pe. Donatien Mambeta, director da
Missão Salesiana da Matola e delegado
i nspetorial para a Formação. Ele falou
para dois grupos distintos: os anima-
dores, aqueles que já têm uma certa
experiência, e os monitores, ou seja, os
líderes que estão iniciando os trabalhos
nos oratórios.
MJS realiza encontro de formação para líderes e animadores
Boletim Salesiano 27
Jovens salesianos animam casa de acolhimento a idosos e crianças
28 Boletim Salesiano
Pastoral Vocacional precisa trabalhar em conjunto com Pastoral Juvenil
A experiência colhida durante os cinco
anos no acompanhamento dos vocacio-
nados na Paróquia de São José de Lhan-
guene e da Arquidiocese de Maputo foi
uma experiência positiva e encorajado-
ra, devido ao entusiasmo e à certeza de
procurar um bem melhor para susten-
tar a vida de cada jovem vocacionado.
É verdade que muitos vocacionados
enfrentam muitas difi culdades familia-
res e sociais, sobretudo a cultura do “lo-
bolo”. Muitos pais gostam dos padres e
Irmãs, mas o desafi o é: “aqui na minha
casa não! Mas em casa do vizinho sim!”
Desta feita, são poucas famílias que lutam
e ajudam os seus fi lhos na busca deste
precioso bem melhor, enquanto os ou-
tros a preocupação é de infernizar os seus
fi lhos na acumulação de riquezas. Estes
foram os grandes desafi os que enfrentei
ao longo de cinco anos, nesta paróquia,
no acompanhamento dos vocaciona-
dos. Tais desafi os até hoje prevalecem.
Pe. Pescador anima encontro dos vocacionados promovido pela Arquidiocese de Maputo, na paróquia da Missão de São José de Lhanguene
Boletim Salesiano 29
Pastoral Vocacional precisa trabalhar em conjunto com Pastoral Juvenil
Jovens Vocacionados durante o Encontro Arquidiocesano em realizado na Missão de São José de Lhanguene
30 Boletim Salesiano
Missão Salesiana da Matola faz 20 anos com muitas novidades
Com a abertura ofi cial marca-
da para o dia 30 de Abril, o
Pré-noviciado retoma as ati-
vidades de 2016 com gran-
des novidades. A primei-
ra delas é a nova residência e local de
formação que deixou de ser a Moamba
para ser a Matola, em conjunto com o
Aspirantado. A segunda, e não menos
importante, é que o Pré-noviciado está
inserido numa Obra que este ano come-
mora o 20º aniversário da sua fundação.
O Pré-noviciado e o Aspirantado for-
mam uma das comunidades educati-
vo-pastorais da Missão Salesiana São
Domingos Sávio da Matola, fundada
em 1996, para abrigar o Aspirantado,
o Centro de Formação Profi ssional, o
Oratório Festivo e, posteriormente,
o Centro de Espiritualidade Emaús.
Tendo à sua frente, como Director, o Pe.
Donatien Mambepa, o Centro Profi ssio-
nal prepara jovens para o mercado de
trabalho em quatro especialidades: Car-
pintaria, Eletricidade – dividida em dois
módulos: instalador e industrial –, Sol-
dador e Informática. São cursos de cur-
ta duração – cinco meses – que reúnem
aproximadamente 150 alunos no total.
“Os nossos cursos têm sempre uma
boa procura, pois o nosso Centro é uma
instituição de referência, e os próprios
alunos se encarregam de fazer a publi-
cidade dele. É de realçar que a maior
procura é a área de eletricidade”, ex-
plica Pe. Donatien. Toda a produção
nas ofi cinas-escolas é aproveitada lá
mesmo ou vendida, como no caso das
carteiras confeccionadas pelos alunos.
O Aspirantado acolhe jovens que ain-
da estão cursando o seminário até
à 12ª classe; depois fazem mais um
ano suplementar que é a 13ª classe,
na qual a espiritualidade e a religião
têm maior incidência, já que os estu-
dantes são candidatos ao sacerdócio.
O Centro de Espiritualidade Emaús é
mais recente, tem pouco mais de três
anos, embora tenha o mesmo grau de
importância que as outras unidades da
Missão Salesiana da Matola. Ele foi cria-
do com o objetivo de ser espaço de aco-
lhimento de jovens e grupos paroquiais
que vão lá para refl etir e meditar, sendo,
portando, um centro de formação e con-
vivência. O centro chega a acolher até
cem pessoas, dependendo do evento.
A Missão Salesiana da Matola tem pela
frente alguns desafi os. Entre eles, está
a potenciação do espaço e o pessoal,
“sobretudo na área da Informática,
na qual temos poucos alunos. Para
acompanhar pastoralmente esses alu-
nos não temos conseguido encontrar
tempo oportuno, até porque eles têm
horários muito diversifi cados e os cur-
sos duram só dois meses”, elenca Pe.
Donatien. De acordo com ele, os ‘bons-
-dias’ são oportunidade de formação
pastoral do grupo geral, e as aulas de
formação humana contribuem para
a formação pastoral das turmas, mas
persiste a difi culdade para os alunos
da informática, pelos motivos citados.
Boletim Salesiano 31
Missão Salesiana da Matola faz 20 anos com muitas novidades
32 Boletim Salesiano
Jovens em caminho com Jesus
Queridos jovens, ra-
pazes e raparigas:
vos convido a fazer
um caminho! Mas,
é um caminho um
pouco diferente daqueles que esta-
mos habituados a fazer de casa à esco-
la ou ao trabalho, ou aquele caminho
que nos leva a encontrarmo-nos com
os amigos ou nos conduz a conhe-
cer novas coisas, novas experiências.
O caminho que vos proponho está per-
to de vós, melhor dito: está no vosso co-
ração! É um caminho muito interessante
que levar-vos-á a descobrir que dentro
de vós está o melhor da vossa vida. É
o que experimentou o grande Santo
Agostinho, quando andava perdido em
tantos caminhos da vida procurando a
verdade. Quando encontrou Jesus, ex-
clamou: “ao fi nal, eu que andava à Vos-
sa procura por aqui e acolá, Vós estavas
mais dentro de mim do que eu mesmo!
É isso: convido-vos a fazer um cami-
nho ao encontro de Jesus. Vereis que
vale a pena o esforço! Antes, vou co-
meçar contando uma experiência
que tive semanas antes da Páscoa.
Tinha de me encontrar com um gru-
po de quase 40 adolescentes e jovens
que seriam baptizados na Páscoa
por mim. Eu queria saber em que pé
se encontravam no caminho da fé.
Como é costume, fi z uma pequena pro-
va escrita muito fácil, cujo objetivo era
saber se tinham um mínimo de conhe-
cimentos da doutrina, para comprovar
que não eram ‘analfabetos cristãos’. Se
o apóstolo Pedro escreveu que cada
baptizado «deve saber dar razão da sua
fé», um analfabeto cristão da sua doutri-
na terá muitas difi culdades para o fazer!
Pois bem, o resultado foi totalmen-
te negativo. Mas, não fi quei por aí.
Pensei encontrar-me pessoalmente
com cada jovem. Acompanhava-me
o catequista Óscar. Se na parte inte-
lectual e de conhecimento falharam,
queria saber sobre a parte ‘vivencial’
da sua fé, que é muito mais impor-
tante que o simples conhecimento.
Fiz duas perguntas simples: Quem é Je-
sus para vós? Dizei-me algumas palavras
ou algum gesto de Jesus que vós mais
gostais e porquê? É triste dizer, mas
foi assim: só dois ou três foram capa-
zes de dizer algo ‘pessoal’ sobre Jesus.
Mais uma vez, confi rmei o que a expe-
riência me vai ensinando: ser discípulo
de Jesus é muito mais do que ser bap-
tizado. Muitos novos baptizados só
recebem um sacramento, fazem um
rito social..., mas não são discípulos de
Jesus, não sentem a Cristo no seu cora-
ção. Não são crentes! Perguntava a mim
mesmo: O que fazer? Como orientar os
jovens para este encontro com Jesus?
Continua na próxima edição
Boletim Salesiano 33
Preparando a escola e o educador
Todo educador salesiano
deve pensar como Dom
Bosco, que dizia: “Consi-
deremos (nossos alunos)
como fi lhos, pondo-nos
ao seu serviço, e não dominando”. A
exemplo deste modelo, o Instituto Su-
perior Dom Bosco (ISDB) realiza men-
salmente encontros de formação dos
seus colaboradores. Professores, admi-
nistrativos e demais funcionários, são
convidados a conhecer e aprofundar os
ensinamentos sobre o Sistema Preven-
tivo criado por Dom Bosco, que se apoia
no tripé: razão, religião e amabilidade.
Os princípios cristãos inseridos no Sis-
tema Preventivo são para os jovens a
referência do ensino nas instituições
salesianas. Este Sistema não consiste
apenas em dar prescrições e regras,
mas sobretudo em fazer-se presente,
de modo que os alunos estejam sob
olhar atento da direção, professores
e colaboradores. A escola passa a ser
vista como uma família que orien-
ta, acompanha, corrige e aconselha,
com bondade, excluindo punições.
No ambiente escolar adquirem-se co-
nhecimentos didáticos e pedagógicos,
através dos conteúdos. Contudo, os
jovens sentem grande necessidade de
expressar suas ideias e opiniões, e de
encontrarem o seu lugar na sociedade.
Percebe-se na maioria, que os educan-
dos buscam, além do conhecimento,
acolhimento e apoio também em suas
ansiedades sociais, culturais e espiritu-
ais. Gostam de saber que serão bem aco-
lhidos em seus anseios junto à escola.
Ser educador nos dias de hoje não tem
sido muitas vezes tarefa fácil. Encon-
tram-se barreiras que ultrapassam os
conhecimentos teóricos estudados
através das teorias e cálculos dos livros.
Com vista a preparar um ambiente edu-
cativo integral, o ISDB tem-se prepa-
rado constantemente para receber e
atender as expectativas do seu público-
-alvo, os jovens. Assim como Dom Bos-
co, que sempre acolhia os jovens e lhes
aconselhava a manterem-se no caminho
34 Boletim Salesiano
honesto e a partilhar, com quem ne-
cessitava, mesmo com o pouco que ti-
nham.
Formar os envolvidos no processo edu-
cativo escolar assume em grande parte
papel importante no seio escolar. Os
ensinamentos contidos no Sistema Pre-
ventivo servem como orientações aos
professores e de grande impacto na
educação dos nossos jovens. Transmitir
os diferentes conteúdos de forma criati-
va, motivar os alunos a participarem de
ações sociais, trabalhos de voluntariado
e demonstrar preocupação pelas suas
necessidades, são algumas das ações
que estão inseridas no programa forma-
tivo do Instituto Superior Dom Bosco.
Ao proporcionar um ambiente educati-
vo saudável, o ISDB resgata também os
valores humanos, já talvez esquecidos,
ou em muitos casos distorcidos pela
própria sociedade. O valor do amor,
da partilha, da vida em comunidade,
do “saber ser” e “saber estar” dian-
te de situações do nosso dia-a-dia cria
um educativo diferente e marcante em
cada um dos alunos e professores que
se deixa envolver pelos ensinamentos
do Sistema Preventivo de Dom Bosco.
Pensando na preparação dos jovens
para o amanhã, o edudacor salesiano
deve ter o coração aberto para acolhê-
-los, orientá-los e acompanhá-los em
suas necessidades sociais e espirituais.
Mantendo fi rmes os valores e a unida-
de de compromisso de educação atra-
vés do modelo de vida e obra que Dom
Bosco legou aos mestres das escolas
salesianas.
Boletim Salesiano 35
Pe. Tallón: uma vida dedicada à Congregação
Pe. António Tallón, perto de
completar 76 anos de idade
(04 de Julho) e jubileu de
vida religiosa (60 anos), dá o
seu testemunho sobre a vida
missionária, principalmente em África,
apesar de que ele se tornou missionário
não por vontade própria. Foi mais por
força das circunstâncias, do que por vo-
cação. Depois veio o gosto pela missão
e o sacerdote acabou fi ncando raízes
em Moçambique.
Natural de Granada, Espanha, per-
tencente à antiga Inspetoria de Cór-
doba, Pe. Tallón veio até Moçambique
para substitui o Pe. Valentin de Pablo,
quando este foi para Roma assumir o
cargo de Regional para a África, que até
então era do Pe. Tallón. “Ele sabia que
aqui não havia muitas forças de traba-
lho e me prontifi quei a vir para ajudar.
Passaram quatorze anos desde então”.
O conhecimento de Moçambique
aconteceu por volta dos anos 90, quan-
do o religioso era Regional em África,
para Espanha e Portugal, e atendida so-
bretudo países como Benin, Togo, Cos-
ta do Marfi m, Guiné Conakry, Senegal e
o próprio Moçambique. Ele foi o primei-
ro Regional para a África, o que lhe deu
uma experiência grande sobre a vida re-
ligiosa, vocações e da própria estrutura
constitucional da presença Salesiana no
Continente Negro.
“Posso dizer que ‘dei uma mão’ na
organização da estrutura atual da Áfri-
ca como Região, mas uma mão que por
outra parte já outros também tinham
trabalhado. A colaboração de todos
deu o fruto que hoje vemos. A Região
de África cresce e tem vitalidade, Hoje
são cerca de 12 inspetorias, com aproxi-
madamente 1.500 padres”, analisa.
Atualmente, tendo uma visão abran-
gente da Igreja em África, o sacerdote
diz que o que mais lhe chama a atenção
é a vitalidade e a juventude desta Igreja.
“É verdade que as raizes não são
muito profundas, mas trata-se de uma
planta jovem. A implantação do catoli-
cismo, em vários lugares, é muito recen-
te, e as pessoas que aderem a ele são
muito jovens, não têm raizes familiares.
Tudo isso difi culta o enraizamento da
religião”.
Questionado sobre qual o país de Áfri-
ca no qual a Congregação Salesiana está
mais forte em termos de vocações, e a
religião Católica é mais consolidada, ele
respondeu que desde há muito tempo a
República Democrá tica do Congo é uma
zona onde há muitas vocações, “só que
é um país muito martirizado por tudo
o que viveu e ainda vive”.
Completando bodas este ano – 50
anos de ordenação sacerdotal em 26-
03, e 60 anos de vida religiosa em 16-
08, o Pe. Tallón fala sobre estas datas
e, principalmente, sobre sua vocação
religiosa.
“Conheci os salesianos desde criança,
na minha cidade; entrei no seminário
muito novo (11 anos) para fazer o cor-
respondente às escolas elementares
e médias. Depois fui direto para o No-
viciado”. Ele foi ordenado diácono em
26 de Março de 1965 em Sevilha, onde
tinha feito a Filosofi a e a Teologia. Pos-
teriormente foi Inspetor da Inspectoria
de Córdoba por seis anos, no fi nal dos
anos 1980.