boletim orcamento socioambiental 4

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Cresce a articulaçªo para intervir no orçamento experiência da Rede de Ongs da Mata Atlân- tica – RMA- de intervenção no planejamento e no orçamento federais é um exemplo das dificuldades encontradas pela sociedade ci- vil para efetivamente exercer o controle soci- al sobre as políticas públicas. Mas serve tam- bém de estímulo para que outras entidades se juntem ao esforço de defender um pro- cesso amplo e participativo de discussão e intervenção no orçamento federal. A maratona enfrentada pela RMA para garantir recursos no orçamento de 2003 para programas em defesa da Mata Atlân- tica esbarrou numa série de problemas que evidenciam as dificuldades, dos Poderes Executivo e Legislativo , que ainda não in- corporaram plenamente mecanismos para absorver as demandas da sociedade civil nas propostas de planejamento e orçamento. Criada há 10 anos e atualmente com 250 entidades filiadas, a RMA é uma das organizações que se reuniram com o Insti- tuto de Estudos Socioeconômicos - Inesc, neste fim de ano, numa articulação pionei- ra em defesa do controle social sobre as po- líticas públicas ambientais. O próximo pas- so será traçar estratégias conjuntas para in- fluir na elaboração do próximo Plano Plurianual - PPA (2004/2007). >> Iara Pietricovsky Colegiado de gestªo do Inesc Uma experiŒncia da sociedade civil de intervençªo no orçamento federal A Mata Atlântica é o segundo ecossistema mais ameaça- do de extinção do mundo, perdendo apenas para as quase extintas florestas da ilha de Madagascar, na África. O bioma é composto por um conjunto de formações florestais; manguezais; restingas e campos de altitude associados; bre- jos interioranos e encraves florestais do Nordeste. A Mata Atlântica estende-se ao longo da costa brasileira, do Rio Grande Norte ao Rio Grande do Sul, interiorizando-se até cerca de 100 km na costa norte e até mais de 500 km no sul, alcançando a Argentina e o Paraguai. A E D I T O R I A L Ano I n” 4 dezembro de 2002 Publicaçªo do Instituto de Estudos Socioeconômicos - Inesc 4 Faltam recursos no orçamento para proteger a Mata Atlântica

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Boletim Orcamento Socioambiental 4

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Page 1: Boletim Orcamento Socioambiental 4

Cresce a articulação paraintervir no orçamento

experiência da Rede de Ongs da Mata Atlân-tica – RMA- de intervenção no planejamentoe no orçamento federais é um exemplo dasdificuldades encontradas pela sociedade ci-vil para efetivamente exercer o controle soci-al sobre as políticas públicas. Mas serve tam-bém de estímulo para que outras entidadesse juntem ao esforço de defender um pro-cesso amplo e participativo de discussão eintervenção no orçamento federal.

A maratona enfrentada pela RMA paragarantir recursos no orçamento de 2003para programas em defesa da Mata Atlân-tica esbarrou numa série de problemas queevidenciam as dificuldades, dos PoderesExecutivo e Legislativo , que ainda não in-corporaram plenamente mecanismos paraabsorver as demandas da sociedade civil naspropostas de planejamento e orçamento.

Criada há 10 anos e atualmente com250 entidades filiadas, a RMA é uma dasorganizações que se reuniram com o Insti-tuto de Estudos Socioeconômicos - Inesc,neste fim de ano, numa articulação pionei-ra em defesa do controle social sobre as po-líticas públicas ambientais. O próximo pas-so será traçar estratégias conjuntas para in-fluir na elaboração do próximo PlanoPlurianual - PPA (2004/2007).

>> Iara PietricovskyColegiado de gestão do Inesc

Uma experiência dasociedade civil deintervenção noorçamento federal

A Mata Atlântica é o segundo ecossistema mais ameaça-do de extinção do mundo, perdendo apenas para as quaseextintas florestas da ilha de Madagascar, na África. O biomaé composto por um conjunto de formações florestais;manguezais; restingas e campos de altitude associados; bre-jos interioranos e encraves florestais do Nordeste. A MataAtlântica estende-se ao longo da costa brasileira, do RioGrande Norte ao Rio Grande do Sul, interiorizando-se atécerca de 100 km na costa norte e até mais de 500 km nosul, alcançando a Argentina e o Paraguai.

A

E D I T O R I A L

Ano I � nº 4 � dezembro de 2002Publicação do Instituto de Estudos Socioeconômicos - Inesc

4

Faltam recursos no orçamento para proteger a Mata Atlântica

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2 dezembro de 2002

Recentemente, foi considerada, a partir de estudosrealizados por agências de fomento e grupos de espe-cialistas, a grande prioridade para a conservação debiodiversidade em todo o continente americano.

Nesses 500 anos de colonização do Brasil, a MataAtlântica passou por uma série de ciclos de conversãode seus ecossistemas em outros usos, o que resultou empaisagens altamente fragmentadas, com extensa ocu-pação humana. A região abriga hoje os maiores pólosindustriais e as mais densamente povoadas concentra-ções urbanas do país. Embora estudos e observaçõesrecentes apontem a interrupção da degradação e mes-mo a recuperação do bioma em algumas regiões, olevantamento disponível, de1995, indica restar o equiva-lente a 7,3% de sua área ori-ginal. Suas fitofisionomias es-tão mal conservadas, quase ex-tintas, ou ainda sub-represen-tadas nas unidades de conser-vação existentes.

Ainda assim, a Mata Atlân-tica abriga uma parcela signi-ficativa da diversidade bioló-gica do Brasil, com altíssimosníveis de endemismo. A rique-za de sua biodiversidade é tãosignificativa que os dois maio-res recordes mundiais de di-versidade botânica para plantas lenhosas foramregistrados nesta região: 454 espécies em um únicohectare do sul da Bahia e 476 espécies em uma amos-tra de mesmo tamanho no norte do Espírito Santo.

A Mata Atlântica acolhe algumas das mais altas ta-xas de diversidade de espécies do mundo: a variedadede sua flora está estimada em 20 mil espécies; 6 mil

das quais endêmicas. Para se ter uma idéia de sua ri-queza biológica, enquanto em um hectare de florestana América do Norte são encontradas entre 4 e 25espécies diferentes, na Mata Atlântica podem ser en-contradas 400 espécies em área equivalente. Mesmoseveramente reduzidos, seus remanescentes asseguramserviços importantes para cerca de 120 milhões depessoas que habitam seus domínios, como o abasteci-mento de água, a estabilidade do solo, o equilíbrio domicroclima e o controle de pragas.

No entanto, apesar de seu estado crítico e de suaimportância para o bem-estar de seus habitantes, aMata Atlântica não conta com uma política nacional

destinada à conservação de seus remanescentes e àrecuperação dos ecossistemas que a integram.

A omissão do governo federal em relação à situa-ção do bioma tem sido traduzida em seu orçamen-to, pois suas propostas orçamentárias anuais têm ig-norado solenemente a Mata Atlântica. Uma análi-se do conjunto dos programas de cunho ambientaldo PPA 2000-2003, conforme estudo elaboradopelo Instituto de Estudos Socioeconômicos –Inesc(veja a tabela 3), demonstra que não existe qualquerprograma específico para a Mata Atlântica - ao con-trário do que acontece, por exemplo, com a Amazô-nia e o Pantanal -, o que torna mais difícil rastrear osrecursos que realmente são destinados à proteção dobioma.

Em um esforço para identificar quais progra-mas ambientais presentes no orçamento federal po-deriam ter parte de seus recursos canalizados para aMata Atlântica, a Rede de Ongs da Mata Atlântica -RMA1 e o Inesc identificaram dois grupos distintosde programas: 1. programas com potencial médiode uso de recursos para o bioma Mata Atlântica e 2.programas com potencial baixo de uso de recursos

Orçamento & Política Ambiental: uma publicação trimestral do INESC � Instituto de Estudos Socioeconômicos �, em parceria com aFundação Heinrich Böll. Tiragem: 3 mil exemplares. INESC - End: SCS � Qd, 08, Bl B-50 - Salas 431/441 Ed. Venâncio 2000 � CEP.70.333-970 � Brasília/DF � Brasil � Tel: (61) 226 8093 � Fax: (61) 226 8042 � E-mail: [email protected] � Site: www.inesc.org.br� Conselho Diretor: Jackson Machado � presidente; Ronaldo Garcia � vice-presidente; Elisabeth Barros � 1ª secretária; Paulo Pires� 2º secretário; Gilda Cabral � 1ª tesoureira; Augustino Veit � 2º tesoureiro � Colegiado de gestão: José Antônio Moroni e IaraPietricovsky - Assessoria: Adriana de Almeida, Austregésilo de Melo, Edélcio Vigna, Hélcio de Souza, Jair Barbosa Júnior, Jussarade Goiás, Luciana Costa - Jornalista responsável: Luciana Costa - Diagramação: DataCerta Comunicação � Impressão: Vangraf

Apesar de seuestado crítico e de

sua importânciapara o bem-estar de

seus habitantes, aMata Atlântica não

conta com umapolítica nacional

destinada àconservação de

seus remanescentese à recuperação dosecossistemas que a

integram

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dezembro de 2002 3

para o bioma Mata Atlântica, conforme pode ser con-ferido nas tabelas 1 e 2.

Em abril passado, o ministro do Meio Ambien-te, José Carlos Carvalho, anunciou as prioridadesde sua gestão para 2002, último ano da adminis-tração Fernando Henrique Cardoso. Na ocasião, alista de ações definidas como prioritárias pelo Mi-nistério foi considerada “pouco pragmática e pou-co objetiva” por integrantes da Rede Mata Atlânti-ca –RMA, devido tanto à exigüidade de tempo

quanto do orçamento para executá-la. Além disso,a ausência de qualquer ação específica direcionadaà Mata Atlântica – especialmente o PL da MataAtlântica2 - entre as prioridades anunciadas desa-gradou representantes da Rede, que expuserampublicamente suas críticas ao ministro.

A fim de reverter esta situação, nesse mesmo mês, aRMA, o Inesc e outras Redes integraram-se à umainiciativa de organizações da sociedade civil organiza-da, visando influenciar a formulação do projeto de lei

1 A Rede de ONGs da Mata Atlântica (RMA) é uma articulação que reúne mais de 200 organizações não- governamentais de 17 estados brasileiros que atuam naconservação, recuperação e uso sustentável da Mata Atlântica em nível nacional. Foi criada durante a Conferência Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento,a ECO-92, realizada no Rio de Janeiro, visando juntar esforços para o acompanhamento e a proposição de políticas públicas voltadas à proteção do bioma.

2 Em tramitação há mais de 10 anos no Congresso Nacional, o projeto de lei da Mata Atlântica é o instrumento mais importante na luta pela conservação erecuperação do bioma. O PL, que sofre acirrada oposição do setor rural, define as condições de uso e proteção do bioma.

R$ 1,00Programas/Projetos Dotação Inicial Autorizado Liquidado % Executado

01/11/2002 01/11/2002

Florestas sustentáveis 34.377.560 34.377.558 8.196.296 23,84%

Zoneamento ecológico-econômico 2.871.300 2.871.300 212.145 7,39%

Educação ambiental 23.140.156 23.140.153 2.479.068 10,71%

Águas do Brasil 25.606.724 25.406.723 4.483.952 17,51%

Nossos rios: São Francisco 36.618.000 36.618.000 3.435.613 9,38%

Total 122.613.740 122.413.734 18.807.074 15,34%Fonte: SIAFI/STN � Base de dados: Consultoria de Orçamento/CD e ProdasenElaboração: Inesc

Programas do MMA com potencial baixo de abrangência sobrea Mata Atlântica no orçamento 2002

T abela 2

R$ 1,00Programas/Projetos Dotação Inicial Autorizado Liquidado % Executado

01/11/2002 01/11/2002

FLORESTAR 22.497.097 22.497.092 3.031.952 13,48%

Fomento a projetos de reflorestamento 16.105.771 16.105.769 1.771.368 11,00%

Estudos para o desenvolvimento florestal 1.756.575 1.756.575 75.399 4,29%

Reposição florestal 4.634.751 4.634.748 1.185.185 25,57%

PARQUES DO BRASIL 130.316.922 130.856.919 29.958.678 22,99%

Ampliação do sistema nacional de áreas protegidas 62.717.535 63.257.534 4.099.492 6,54%

Regularização fundiária da UC Federais 25.000.000 25.000.000 5.916.367 23,67%

Gestão, manejo e fiscalização UC 34.479.387 34.479.385 18.123.663 52,56%

Implantação de infra-estrutura econômica de UC 6.240.000 6.240.000 1.443.283 23,13%

Capacitação e estudos em UC 1.880.000 1.880.000 375.873 19,99%

BIODIVERSIDADE E RECURSOS GENÉTICOS 23.964.413 24.425.698 6.621.708 27,63%

Fomento proj. cons.utiliz. sust. divers. biológica - Pronabio 13.871.067 13.871.056 3.454.237 24,90%

Manejo e conservação da fauna/flora 6.870.642 7.385.638 2.727.040 39,69%

Conservação biodiversidade - Jardim Botânico 2.348.704 2.348.704 353.487 15,05%

Política biodiversidade - outros 874.000 820.300 86.944 9,95%Fonte: SIAFI/STN � Base de dados: Consultoria de Orçamento/CD e ProdasenElaboração: Inesc

Programas do MMA com potencial médio de abrangência sobrea Mata Atlântica no orçamento 2002

T abela 1

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4 dezembro de 2002

de Diretrizes Orçamentárias –PLDO- 2003. Esta ex-periência possibilitou à Rede Mata Atlântica capaci-tar-se para implementar mecanismos de controle e in-tervenção nas políticas públicas voltadas para a defesada sustentabilidade da Mata Atlântica, no âmbito dociclo do planejamento e orçamento federais.

Essa intervenção ocorreu exatamente na primeirafase do chamado ciclo orçamentário, relativa à apreci-ação e aprovação da Lei Anual de Diretrizes Orça-mentárias –LDO- que, àquela altura, estava sendoanalisada pela Comissão Mista de Orçamento, Fiscali-zação e Controle do Congresso Nacional. O objetivoda RMA era agir politicamente junto ao Legislativo afim de assegurar rubricas e recursos, no orçamentofederal de 2003, para a proteção e a recuperação daMata Atlântica. Assim, de forma inédita, foi feita aarticulação para decifrar o emaranhado técnico-bu-rocrático do orçamento, visando influenciar o plane-jamento das políticas públicas para o bioma.

A análise da proposta em discussão na ComissãoMista de Orçamento, Fiscalização e Controle do Con-gresso Nacional, formulada pelo Executivo federal,revelara que, mais uma vez, a Mata Atlântica haviasido ignorada, apesar de o Plano Plurianual 2000-2003, base da proposta, conter ações destinadas a be-neficiar o bioma. Na verdade, dos 21 programas doMinistério do Meio Ambiente contidos no PPA 2000-2003, apenas cinco estavam definidos como “estraté-gicos” no PLDO 2003: Biotecnologia e Recursos Ge-néticos -Genoma; Pantanal; Parques do Brasil; Preven-ção e Combate a Desmatamentos, Queimadas e In-cêndios Florestais; e Nossos Rios: São Francisco.

Em maio de 2002, sob a orientação do Inesc, aRMA analisou o volume 2 do PPA 2000-2003 - umlivro com 700 páginas, nas quais se encontram descri-tos todos os programas e ações do governo federal -para identificar ações voltadas ao bioma. Essa análiserevelou a existência de várias ações específicas para aMata Atlântica, que até então não haviam sido incor-poradas às leis orçamentárias dos anos de 2000, 2001e 2002. As ações identificadas inspiraram a elabora-ção de quatro propostas de emendas com suas respec-tivas justificativas, destinadas a serem alocadas em pro-gramas ambientais com foco na Mata Atlântica, con-tidos no PPA.

A apresentação das propostas foi negociada com asenadora Marina Silva (PT/AC), que as encaminhouà Comissão Mista do Orçamento, junto com as suges-tões de emendas para a Amazônia, articuladas peloGrupo de Trabalho Amazônico -GTA. Face ao poucotempo disponível – as emendas deveriam ser entre-gues à comissão até às 14 horas do dia 10 de maio –, ecomo o PPA 2000-2003 tem poucos programas es-pecíficos para a Mata Atlântica, a RMA decidiu apre-sentar emendas para programas de alcance nacional.

No dia 10 de junho, quando o projeto de leisubstitutivo do relator da Comissão Mista do Or-çamento do Congresso Nacional, senador JoãoAlberto de Souza, foi publicado, todas as emendasapresentadas pela RMA - assim como as do GTA eda Coiab - estavam incorporadas ao Anexo de Me-tas e Prioridades. Com sua aprovação pelo Congres-so e posterior sanção presidencial, esta intervençãono orçamento público para 2003 ganhou status delei. A sensação era de que estava, assim, corrigido odesinteresse pela Mata Atlântica expresso na pro-posta original do Executivo.

O sumiço das emendasA aprovação da LDO 2003 com as emendas pro-

postas pela RMA encerrou, de forma bem-sucedida,o esforço inicial para influenciar a definição do orça-mento 2003 no âmbito Legislativo. A etapa seguintedemandava articulações dentro do Executivo, especi-ficamente junto aos diretores e técnicos incumbidosde formular as propostas orçamentárias para os pro-gramas federais nos quais as emendas à LDO haviamsido incluídas. Com esses contatos, a Rede pretendiachamar a atenção sobre a inclusão dessas emendas eassegurar a alocação dos recursos necessários paraviabilizá-las. Isso porque a LDO indica as prioridadese metas para a alocação do orçamento público de cadaano. Não define valores, mas rubricas, cujos valoresmáximos serão explicitados na Lei Orçamentária Anual-LOA. É esta segunda lei do ciclo orçamentário queorienta o provimento de recursos para os programas eações do governo federal.

O processo de definição da LOA segue um rito se-melhante ao da LDO. A legislação vigente determinaque cabe ao Executivo federal enviar ao Congresso

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dezembro de 2002 5

Nacional sua proposta de distribuição dos recursos,que leva o nome de Projeto de Lei para o OrçamentoAnual -PLOA, até o dia 30 de agosto de cada ano. Deacordo com o Manual do Orçamento 2003, o PLO2003 deve tomar o substitutivo ao PLDO 2003 comoreferência para elaborar a proposta de Lei Orçamen-tária, cuja aprovação pelo Legislativo deve ocorrer até15 de dezembro.

Quando a Rede iniciou os contatos com os técni-cos governamentais do Ministério do Meio Ambiente– órgão responsável por três das quatro ações em favorda Mata Atlântica incorporadas ao Anexo de Metas ePrioridades aprovado pelo Congresso -, descobriu-seque o processo interno do MMA de formulação daproposta orçamentária para o PLO 2003 estava prati-camente concluído. E, pior, que as três ações contidasna LDO 2003 de abrangência do MMA não haviamsido incorporadas na proposta de orçamento do Mi-

nistério. Constatamos com surpresa que, ao contráriodo que recomenda a Constituição Federal e o próprioManual do Orçamento, os Ministérios do Meio Am-biente e o de Ciência e Tecnologia haviam formuladosuas propostas orçamentárias ignorando o texto dosubstitutivo do PLDO.

O fato desencadeou uma kafkiana incursão a gabi-netes de várias secretarias e assessorias do Ministério doMeio Ambiente, a fim de decifrar o sumiço das emen-das e, ao mesmo tempo, tentar garantir sua presença -com os devidos recursos – na proposta orçamentária aser enviada, pelo MMA, ao Ministério do Planejamen-to, visando à elaboração do PLO 2003, a ser enviado aoCongresso dali a algumas semanas. Recorrentemente,era preciso provar aos técnicos ministeriais que as emen-das apresentadas pela RMA haviam sido inseridas naLDO 2003 e aprovadas pelo Congresso Nacional comodiretrizes de metas e prioridades.

1. Programa: Biodiversidade e Recursos Ge-néticos e Utilização Sustentável da Diver-sidade Biológica - BIOVIDA

Objetivo do programa: Promover o conheci-mento, a conservação e o uso sustentável dabiodiversidade e dos recursos genéticos e arepartição justa e eqüitativa dos benefíciosderivados de sua utilização

Ação proposta: Conservação de espéciesameaçadas de extinção

2. Programa: Parques do BrasilObjetivo do programa: Ampliar a conservação,

no local, dos recursos genéticos e o manejosustentável dos parques e áreas de proteçãoambiental.

Ação proposta: Implantação de sítios dopatrimônio mundial natural e reservas dabiosfera.

Propostas de emendas ao PLDO 2003 (PL Nº 009/2002 � CN)incorporadas à Lei de Diretrizes Orçamentárias 2003

Rede de ONGS da Mata Atlântica -RMA

3. Programa: Ciência e Tecnologia para aGestão de Ecossistemas

Objetivo do programa: Desenvolver pesquisaspara a exploração sustentável dos recursos na-turais e da biodiversidade e para o gerenciamen-to racional dos ecossistemas brasileiros.

Ação (1) proposta: Consolidação dos conhe-cimentos disponíveis sobre os ecossistemasda Mata Atlântica

Ação (2) proposta: Fomento a pesquisas e es-tudos sobre a Mata Atlântica

4. Programa: Florestas SustentáveisObjetivo do programa: Promover o uso sus-

tentável dos recursos florestais, conciliandoos interesses da exploração comercial com anecessidade de sua preservação

Ação: Plano de desenvolvimento sustentávelda Mata Atlântica (PPG-7)

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6 dezembro de 2002

Os funcionários tiveram que ser informados sobrea inclusão das emendas e tentavam compreender ofenômeno e elaborar respostas plausíveis para o ocor-rido. A justificativa mais comum dada pelos especialis-tas em orçamento foi a de que se tratava de uma inter-venção inédita e que o “sistema interno” do Ministériodo Meio Ambiente, em função principalmente deuma inadequação do calendário técnico, não tinhacomo atender as demandas expressas nas emendas, ain-da que fizessem parte de programas presentes no PPA2000-2003 e que tivessem sido aprovadas peloLegislativo.

A ausência do ministro e de alguns diretores e téc-nicos importantes agravava a situação3 . Mesmo como apoio do diretor do programa Florestas Sustentáveis- que inclusive elogiou a iniciativa, sugeriu um tetopara a rubrica e orientou sua técnica em orçamentopara solucionar o problema - à uma das emendas daRede. Na oportunidade, o próprio MMA fez umaconsulta oficial à Secretaria de Orçamento FederalSOF/ Ministério do Planejamento, solicitando escla-recimentos sobre como proceder. Todavia, a propostade Lei Orçamentária 2003 foi enviada pelo Executi-vo ao Congresso sem as ações da RMA contidas naLDO. Mais tarde, foi possível constatar, ao ler o pare-cer preliminar ao PLOA 2003, de autoria do relator-geral da Comissão Mista do Orçamento, senador Sér-gio Machado (PMDB-CE), que mais de 100 emen-das – entre elas as da Rede - não haviam sido “atendi-das” pelo Executivo federal.

Nova tentativa no CongressoA ausência das emendas da RMA no projeto de lei

enviado pelo Executivo federal ao Congresso retroce-deu todo o esforço empreendido ao ponto zero. Pararecuperar o tempo perdido, foi feita a tentativa de cor-tar caminho recorrendo diretamente ao relator-geralda Comissão Mista do Orçamento, em cujo gabinetefoi dada a informação de que a solução seria buscarnovo apoio parlamentar para reapresentar as emen-das. Àquela altura, era uma missão quase impossível: amaioria dos parlamentares estava com as demandas

de suas bases traduzidas em emendas – cada parla-mentar tem direito a 20 emendas individuais que, so-madas, não podem exceder a uma cota de R$ 2 mi-lhões. Não seria fácil convencê-los, pois muitos já havi-am encaminhado suas listas finais à Comissão.

Diante dessa situação, decidimos concentrar nos-sos esforços em apenas uma ação prioritária, chamada“Plano de desenvolvimento sustentável da Mata Atlân-tica (PPG-7)”, inserida no programa Florestas Susten-táveis, que tem por objetivo, de acordo com o PPA2000-2003, “promover o uso sustentável dos recur-sos florestais, conciliando os interesses da exploraçãocomercial com a necessidade de sua preservação”.

A opção por esta ação se baseou nos seguintes mo-tivos: era a única ação, dentro do orçamento ambientaldo governo federal, exclusivamente destinada ao biomaMata Atlântica; tem alcance nacional; foi amplamen-te discutida com os vários setores governamentais e não-governamentais; acadêmico e empresarial; em semi-nários regionais promovidos em 2000 pelo Núcleo dePlanejamento de Ações para a Mata Atlântica da Se-cretaria de Biodiversidade e Florestas do Ministériodo Meio Ambiente; e é uma ação que conta com oapoio do Programa Piloto para a Proteção das Flores-tas Tropicais, o PPG-7.

A RMA redigiu, então, um modelo de emendasbaseadas nessa ação, seguindo o formulário da Comis-são de Orçamento. E buscou-se identificar parlamen-tares que aceitassem apresentá-las como emendas in-dividuais. Concomitantemente, a Rede se valeu de suacapilaridade nos estados para articular com parlamen-tares a inclusão das emendas. Apesar das dificuldades- já que a aceitação por parte dos parlamentares impli-caria em abdicar de recursos de sua cota -, dois dos dezparlamentares contatados se dispuseram a incluí-las:os deputados Luciano Pizzatto (PFL-PR) e JaquesWagner (PT-BA), que apresentaram uma emendacada, com o valor simbólico de R$10.000,00 e R$50.000,00, respectivamente. Mesmo com esses valo-res insuficientes, a inclusão das emendas nos permitiráassegurar que esta ação seja incorporada ao orçamen-to federal de 2003.

3 No mês de julho de 2002, circulou no Ministério do Meio Ambiente uma orientação para que os servidores com acúmulo excessivo de férias providenciassemseu gozo, já que estava vetada sua conversão pecuniária em virtude do contingenciamento dos recursos federais. Esta determinação fez com que muitos técnicosdas secretarias que integram o Ministério gozassem suas férias ao mesmo tempo.

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dezembro de 2002 7

Embora a tramitaçãono Legislativo seja omomento de debate

do cicloorçamentário, é

fundamentalmonitorar e intervir

também nas fases dociclo orçamentário

que se desenvolvemdentro do Executivo

Encerrada a fase de apresentação de emendas indi-viduais, durante o mês de novembro a Rede procu-rou o relator setorial da Comissão Mista do Orçamento,deputado Pedro Novais (PMDB-MA), responsável poremitir parecer preliminar às emendas relativas ao meioambiente. O objetivo era relatar-lhe o esforço da Redepara assegurar recursos para a Mata Atlântica no or-çamento de 2003, de modo a sensibilizá-lo para a ne-cessidade de aumentar os recursos destinados às emen-das. O relator informou queapenas a ocorrência de algu-ma inconstitucionalidade noprocesso – algo que, de fato,suspeitávamos ter ocorrido –poderia justificar sua interven-ção.

Diante da evidente contra-dição entre o PLO 2003 e aLDO 2003, o relator setorialsolicitou um parecer à asses-soria de Orçamento do Con-gresso, a fim de verificar apertinência de uma emendasua, na condição de relator setorial, em apoio ao pleitoda Rede. Ao mesmo tempo, solicitamos ao Ministériodo Meio Ambiente uma manifestação oficial peranteos relatores setorial e geral da Comissão de Orçamen-to do Congresso, visando reforçar a importância doapoio às emendas apresentadas, bem como a amplia-ção dos recursos a elas destinados.

Até o fechamento deste artigo, o PLO 2003 se en-contrava em tramitação no Congresso Nacional. Deacordo com o regimento interno, os parlamentares de-vem votar o substitutivo do relator na Comissão Mistado Orçamento até 11 de dezembro e, no plenário doCongresso, até 15 de dezembro, data em que se en-cerram os trabalhos do Legislativo federal. Neste perí-odo, a Rede estará mobilizada visando à aprovação desua ação estratégica e sua incorporação à Lei Orça-mentária de 2003.

RecomendaçõesA experiência da RMA para intervir no processo

de planejamento e de formulação do orçamento pú-blico federal deixou lições úteis para orientar a ação

futura da sociedade civil dentro do ciclo orçamentá-rio. De modo geral, a experiência demonstrou que aestrutura governamental, mesmo com os avanços re-centes, não está preparada para metabolizar interfe-rências da sociedade em seus ritos e procedimentosburocráticos. Certamente o aprimoramento de me-canismos constitucionais de controle e intervenção noorçamento e no planejamento público pode ser tarefade grande valia a ser realizada pelas Redes no próximo

Governo, ampliando assim o controle social sobre aspolíticas públicas.

Para evitar que outras instituições ou redesvivenciem a mesma trajetória da RMA, indicamosabaixo algumas recomendações:

1) Atuar ativamente na preparação do próximo PPA(2004/2007), com vistas a fazê-lo refletir as de-mandas políticas reais da sociedade – no nossocaso, políticas orientadas a partir de um planeja-mento estratégico consistentemente definido, deforma a buscar a conservação, a recuperação e ouso sustentável dos recursos naturais da MataAtlântica;

2) Atuar em todas as etapas do ciclo orçamentário,do planejamento à avaliação, passando pelomonitoramento de sua execução;

3) Utilizar o potencial da capilaridade das Redesnos estados na articulação com parlamentaresfederais, a fim de auxiliar e fortalecer a interven-ção de suas representações em Brasília ao longodo ciclo orçamentário;

4) Embora a tramitação no Legislativo seja o mo-mento de debate do ciclo orçamentário, é fun-damental monitorar e intervir também nas fasesdo ciclo orçamentário que se desenvolvem den-tro do Executivo, a fim de evitar surpresas comoa experimentada pela RMA;

5) Articular-se com outras redes da sociedade civil,a fim de fortalecer a intervenção no ciclo orça-mentário junto ao Legislativo e ao Executivo.

Betsey NealRepresentante da Rede de Ongs

da Mata Atlântica - RMA - em Brasí[email protected]

7

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8 dezembro de 2002

2002

Programas/projetos Dotação Autorizado Liquidado % exec.

Inicial 01/11/2002 01/11/2002

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 1.104.670.433 1.102.312.530 151.983.233 13,76%

Amazônia sustentável 121.704.472 130.684.467 16.111.334 13,24%

Expansão e consol. do sistema de áreas protegidas 886.490 886.489 75.630 8,53%

Amazônia solidária - apoio às comunidades extrativistas da Amazônia 6.851.256 6.851.256 3.553.968 51,87%

Fomento a projetos de gestão - PPG7 23.037.500 23.037.500 9.088.868 39,45%

Proteção às florestas tropicais da Amazônia - PPG7 13.052.266 13.052.263 1.190.888 9,12%

Gestão ambiental em terras indígenas 568.120 568.120 425.000 74,81%

Recuperação de áreas alteradas na Amazônia 12.100.000 12.100.000 506.463 4,19%

Desenvolvimento ambiental urbano 65.208.840 74.188.839 1.270.517 1,95%

Prevenção e combate a desmatamentos 29.023.716 29.023.716 16.364.185 56,38%

Prev. queim. incêndios e desmatam. Amazônia - Proarco 10.000.000 10.000.000 2.603.245 26,03%

Fiscalização de recursos florestais 13.990.000 13.990.000 10.805.354 77,24%

Prevenção de indêndios florestais - Prevfogo 5.033.716 5.033.716 2.955.586 58,72%

Combate emergencial a incêndios florestais - - - -

Turismo verde 27.094.994 26.812.604 1.718.536 6,34%

Implant de infra-estrutura nos pólos de ecoturismo da Amazônia 20.689.809 20.689.809 335.000 1,62%

Estudos, capacitação e assist. técnica 6.405.185 6.122.795 1.383.536 21,60%

Probem da Amazônia 4.369.307 4.369.307 196.506 4,50%

Fomento e implementação de projetos para o uso sustentável 2.200.000 2.200.000 196.506 8,93%

Implantação do centro de biotecnologia da Amazônia 2.169.307 2.169.307 0 0,00%

Florestas sustentáveis 34.377.560 34.377.558 8.196.296 23,84%

Manejo de rec. naturais em florestas tropicais - PPG7 17.553.000 17.553.000 3.321.891 18,92%

Capacitação e apoio às comunidades extrativistas 5.984.937 5.984.936 727.163 12,15%

Monitoramento dos planos de manejo florestal 7.606.123 7.606.122 3.341.235 43,93%

Uso múltiplo - florestas nacionais 3.233.500 3.233.500 806.007 24,93%

Florestar 22.497.097 22.497.092 3.031.952 13,48%

Fomento a projetos de reflorestamento 16.105.771 16.105.769 1.771.368 11,00%

Estudos para o desenvolvimento florestal 1.756.575 1.756.575 75.399 4,29%

Reposição florestal 4.634.751 4.634.748 1.185.185 25,57%

Parques do Brasil 130.316.922 130.856.919 29.958.678 22,99%

Ampliação do sistema nacional de áreas protegidas 62.717.535 63.257.534 4.099.492 6,54%

Regularização fundiária das Unidades de Conservação - UC - federais 25.000.000 25.000.000 5.916.367 23,67%

Gestão, manejo e fiscalização de unidades de conservaçao - UC 34.479.387 34.479.385 18.123.663 52,56%

Implantação de infra-estrutura econômica de UC 6.240.000 6.240.000 1.443.283 23,13%

Capacitação e estudos em UC 1.880.000 1.880.000 375.873 19,99%

Biodiversidade e recursos genéticos 23.964.413 24.425.698 6.621.708 27,63%

Fomento proj. cons. utiliz. sust. divers. biológica - Pronabio 13.871.067 13.871.056 3.454.237 24,90%

Manejo e conservação da fauna/flora 6.870.642 7.385.638 2.727.040 39,69%

Orçamento Ambiental - 2002R$ 1,00

T abela 3

Page 9: Boletim Orcamento Socioambiental 4

dezembro de 2002 9

2002

Programas/projetos Dotação Autorizado Liquidado % exec.

Inicial 01/11/2002 01/11/2002

R$ 1,00T abela 3 (continuação)

Conservação biodiversidade - Jardim Botânico 2.348.704 2.348.704 353.487 15,05%

Política biodiversidade - outros 874.000 820.300 86.944 9,95%

Gestão política ambiental / Agenda 21 26.869.619 26.854.592 11.870.845 44,18%

Apoio ao gerenciamento descentralizado da política 9.424.819 9.424.818 2.620.732 27,81%

Estudos para desenvolvimento de instrumentos econômicos para gestão ambiental 7.600.000 7.599.999 3.879.274 51,04%

Formulação de políticas de desenvolvimento sustentado 5.864.800 5.649.776 3.676.505 62,69%

Elaboração da Agenda 21 brasileira 1.980.000 1.979.999 1.694.334 85,57%

Construção da sede da ANA 2.000.000 2.200.000 0 0,00%

Zoneamento ecológico-econômico 2.871.300 2.871.300 212.145 7,39%

Implementação - ZEE 1.750.000 1.750.000 56.445 3,23%

ZEE - gestão 1.121.300 1.121.300 155.700 13,89%

Educação ambiental 23.140.156 23.140.153 2.479.068 10,71%

Fomento a projetos integrados de educação ambiental 18.382.137 18.302.134 1.755.113 9,55%

Informação e capacitação em educação ambiental 4.758.019 4.838.019 723.955 15,22%

Recursos pesqueiros sustentáveis 7.908.166 7.608.166 2.439.175 30,84%

Implantação de gestão e manejo 3.251.785 2.951.785 947.082 29,12%

Fiscalização e monitoramento 4.656.381 4.656.381 1.492.093 32,04%

Licenciamento da pesca amadora

Pantanal 29.459.118 29.459.118 1.347.588 4,57%

Implantação e melhoria de sistemas de abast. e saneamento na bacia do Rio Paraguai 4.336.762 4.336.762 0 0,00%

Proteção e conservação ambiental 7.370.082 7.370.082 155.451 2,11%

Gerenciamento e manejo de recursos hídricos 3.311.737 3.311.737 0 0,00%

Desenvolvimento econômico na bacia 2.796.231 2.796.231 82.900 2,96%

Ações socioeconômicas ind. com comunidades indígenas 838.264 838.264 0 0,00%

Assistência técnica a produtores rurais 646.003 646.003 0 0,00%

Gestão do programa Pantanal 10.160.039 10.160.039 1.109.237 10,92%

Brasil Joga Limpo 95.651.198 84.664.211 5.038.255 5,27%

Projetos demonst. de gestão integrada de resíduos sólidos e saneamento ambiental 85.671.198 83.664.211 4.743.255 5,54%

Implantação de sist. de informações e instrumentos para gestão de resíduos sólidos 1.000.000 1.000.000 295.000 29,50%

Desenvolvimento ambiental urbano na Amazônia 8.980.000 0 0 0,00%

Qualidade ambiental 176.790.613 176.235.848 29.874.724 16,90%

Licenciamento ambiental 21.044.454 21.044.452 7.357.034 34,96%

Fiscalização e monitoramento da poluição ambiental 22.228.272 22.228.272 10.733.724 48,29%

Fomento a projetos de gestão integrada - PNMA II 17.101.321 17.101.317 1.793.031 10,48%

Sistema de informações e estudos para gestão 7.966.604 7.411.845 1.496.571 18,79%

Monit. de acidentes e recuperação de danos causados pela indústria do petróleo 77.289.962 77.289.962 8.409.997 10,88%

Fomento a projetos de melhoria da qualidade do ar e proteção da atmosfera 31.160.000 31.160.000 84.367 0,27%

Águas do Brasil 25.606.724 25.406.723 4.483.952 17,51%

Implementação do sistema nacional de gerencimanento dos R.H. 10.073.142 9.873.142 610.093 6,06%

Formulação da política de recursos hídricos 3.517.600 3.517.599 2.420.252 68,80%

Page 10: Boletim Orcamento Socioambiental 4

10 dezembro de 2002

2002

Programas/projetos Dotação Autorizado Liquidado % exec.

Inicial 01/11/2002 01/11/2002

R$ 1,00T abela 3 (continuação)

Estudos e implementação dos sistemas de recursos hídricos 2.250.000 2.250.000 447.738 19,90%

Fiscalização e monitoramento de recursos hídricos 4.239.542 4.239.542 645.775 15,23%

Enquadramento de corpos d�água - - - -

Outorga do direito do uso - - - -

Elaboração de planos de R.H. 4.500.000 4.500.000 0 0,00%

Projetos demonstrativos gestão R.H. - - - -

Projetos para prevenção de enchentes - - - -

Recuperação hidroambiental do Rio Doce 1.026.440 1.026.440 360.094 0,00%

Projeto de minimização dos impactos da seca e desertificação - - - -

Proágua - gestão 49.144.480 49.144.480 3.925.004 7,99%

Despoluição de bacias hidrográficas - - - -

Estudos para reform. do plano de desenvolv. do programa Proágua - gestão 26.138.000 26.138.000 1.648.276 6,31%

Disponibilidade de água no semi-árido - Proágua semi-árido 20.625.480 20.625.480 2.276.728 11,04%

Fomenos a projetos de manejo e conservação de recursos hídricos - FNMA 331.000 331.000 0 0,00%

Proágua - outros 2.050.000 2.050.000 0 0,00%

Nossos rios: São Francisco 36.618.000 36.618.000 3.435.613 9,38%

Recuperação e conservação ambiental da bacia 26.252.200 26.252.200 2.754.998 0,00%

Implantação do sistema de gestão do plano de R.H da bacia 10.365.800 10.365.800 680.615 6,57%

Nossos rios: Araguaia/Tocantins 2.160.000 2.160.000 0 0,00%

Implantação de gestão e monitoria 1.500.000 1.500.000 0 0,00%

Recuperação e conservação ambiental da bacia 500.000 500.000 0 0,00%

Implantação de gestão e monitoria 160.000 160.000 0 0,00%

Nossos rios: Paraíba do Sul 2.760.000 2.760.000 864.835 31,33%

Recuperação e conservação ambiental 500.000 500.000 0 0,00%

Implantação da gestão e monitoramento da bacia 2.260.000 2.260.000 864.835 38,27%

Despoluição de bacias hidrográficas 232.342.578 232.342.578 3.812.834 1,64%

Remoção de cargas poluidoras de bacias hidrográficas 85.830.854 85.830.854 0 0,00%

Recuperação de nascentes e de mananciais em áreas urbanas 145.511.724 145.511.724 3.812.834 2,62%

Campanhas para mobilização e conscientização para limpar os rios 1.000.000 1.000.000 0 0,00%

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO 46.612.500 46.612.363 15.058.488 32,31%

Conservação de solos na agricultura 9.720.000 9.719.965 2.953.074 30,38%

Biotecnologia e recursos genéticos - Genoma 29.074.600 29.074.535 11.044.566 37,99%

Águas do Brasil 644.900 644.900 0 0,00%

Parques do Brasil 500.000 499.993 232.024 46,40%

Florestar 6.673.000 6.672.970 828.824 12,42%

MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA 47.156.388 68.816.363 14.935.316 31,67%

Turismo verde - - - -

Qualidade ambiental - - - -

Segurança nuclear 15.032.736 15.032.717 5.101.573 33,94%

Biotecnologia e recursos genéticos - Genoma 28.580.602 50.240.600 8.944.599 31,30%

Recursos do mar 135.800 135.800 0 0,00%

Page 11: Boletim Orcamento Socioambiental 4

dezembro de 2002 11

2002

Programas/projetos Dotação Autorizado Liquidado % exec.

Inicial 01/11/2002 01/11/2002

R$ 1,00T abela 3 (continuação)

Mudanças climáticas 842.250 842.250 193.881 23,02%

Águas do Brasil - - - -

Prevenção e combate a desmatamentos 1.147.000 1.146.997 169.057 14,74%

Probem da Amazônia 1.418.000 1.417.999 526.206 37,11%

MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL 15.098.160 11.557.359 27.228 0,18%

Biotecnologia e recursos genéticos - Genoma 856.181 856.181 0 0,00%

Águas do Brasil - - - -

Florestar 174.000 174.000 27.228 15,65%

Zoneamento ecológico-econômico 6.067.979 100.000 0 0,00%

Plano agropecuário e florestal de Rondônia - Planafloro 3.000.000 3.000.000 0 0,00%

Desenvolvimento agroambiental do estado de Mato Grosso - Prodeagro 5.000.000 7.427.178 0 0,00%

MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA 3.712.215 3.712.213 1.110.914 29,93%

Águas do Brasil 1.125.000 1.124.999 762.777 67,80%

Conservação ambiental de regiões mineradas 2.587.215 2.587.214 348.137 13,46%

MINISTÉRIO DA DEFESA 1.811.910 1.811.909 489.440 27,01%

Recursos pesqueiros sustentáveis 395.030 395.030 49.405 12,51%

Recursos do mar 1.416.880 1.416.879 440.035 31,06%

MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO 51.598.919 60.264.120 48.333.500 93,67%

Recursos pesqueiros sustentáveis 51.598.919 60.264.120 48.333.500 93,67%

MINISTÉRIO DA SAÚDE 999.999 1.000.000 607.206 60,72%

Biotecnologia e recursos genéticos - Genoma 999.999 1.000.000 607.206 60,72%

Proágua - gestão - - - -

MINISTÉRIO DO ESPORTE E TURISMO - - - -

Pantanal - - - -

Turismo verde - - - -

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO 2.100.000 2.100.000 1.061.936 50,57%

Mudanças climáticas - - - -

Probem da Amazônia 2.000.000 2.000.000 1.061.936 53,10%

Zoneamento ecológico-econômico 100.000 100.000 0 0,00%

MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES - - - -

Qualidade ambiental - - - -

TOTAL GERAL 1.273.760.524 1.298.186.857 233.607.261 18,34%Fonte: SIAFI/STN - Base de dados: Consultoria de orçamento/ CD e ProdasenElaboração: InescNotação das colunas:Dotação inicial - Recursos aprovados na lei orçamentária, sem considerar os acréscimos e cancelamentos aprovados ao longo do exercício.Liquidado - Gastos realizados, incluídos também os recursos classificados como restos a pagar ao final do exercício (ano) fiscal (pagos no exercício seguinte) O valor liquidado pode ser maior do que a dotação inicial, quando forem aprovados acréscimos ao longo do exercício fiscal (créditos adicionais).% execução - Obtido através da divisão da despesa liquidada pela dotação inicial. Representa a parcela percentual da dotação inicial que foi gasta.

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12 dezembro de 2002

Em novembro último, realizou-se em Brasília,sob a coordenação do Inesc e o apoio da Fundação Boll, um seminário inédito para a

“Capacitação e articulação para o controle e inter-venção social no planejamento e orçamento daUnião”. O objetivo principal era identificar e arti-cular estratégias conjuntas das Redes e fóruns, paraa intervenção e controle do sistema de planejamen-to e orçamento da política socioambiental federal.

O Seminário teve a participação ativa das seguintesRedes: Grupo de Trabalho Amazônico -GTA, RedeCerrado, Rede Mata Atlântica –RMA e Articulaçãodo Semi-Árido - ASA. Também participaram represen-tantes da Coordenação das Organizações Indígenas daAmazônia Brasileira -COIAB, da Articulação dos Po-vos e Organizações Indígenas do Nordeste, MG e ES -APOINME, da Contag , MST e outras organizaçõesnão-governamentais que atuam em prol dasustentabilidade socioambiental.

O seminário contou com uma oficina decapacitação básica em orçamento público, realizadapelo assessor de Política Fiscal e Orçamentária doInesc, Austregésilo Melo; e com uma palestra do so-ciólogo Ronaldo Garcia sobre “Planos Plurianuais:avaliação e perspectivas”, em que se analisou o últi-mo Plano Plurianual (PPA 2000/2003), e as pers-pectivas para o próximo PPA (2004/2007).

Um ponto importante foi a avaliação preliminar dosprincipais estrangulamentos da execução orçamentáriae de seus impactos na implementação dos programas eprojetos previstos para 2002, que até então apresenta-vam execução inferior a 15% do orçamento previsto.Com vistas a influenciar na busca de uma maior alocaçãode recursos para os projetos estratégicos das respectivasredes, foi proposta uma reunião das mesmas com oMinistério do Meio Ambiente, para avaliar e discutirestratégias conjuntas de execução orçamentária.

Foram avaliadas as experiências de intervenção noProjeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias -LDO- 2003e seus resultados, bem como o Projeto de Lei Orçamen-

tária –PLO- e as ações previstas para 2003, apresenta-das ao Congresso pelo Poder Executivo. E ainda foramdefinidas as emendas prioritárias e as estratégias para anegociação das mesmas com o Parlamento, o Executivoe os parceiros da sociedade civil.

Ficou acertada uma estratégia conjunta das redespresentes, para a intervenção na elaboração do novoPPA. Esta articulação definiu uma série de eventos aserem implementados durante o ano de 2003. A prin-cípio, o cronograma prevê uma oficina de trabalho dasRedes, dentro do Fórum Social Mundial, que se reali-zará em janeiro, em Porto Alegre. O objetivo é avaliar epropor mecanismos de incorporação da sustentabilidadecomo uma diretriz estratégica e transversal do novo PPA.Para março, junho e setembro, estão previstas oficinasda articulação de orçamento das redes, para avaliar epropor novos programas finalísticos para o próximoPPA. Também serão discutidas estratégias conjuntas dearticulação e lobby dentro do Congresso Nacional.

Uma das principais recomendações do semináriofoi a de que a articulação das Redes deve propor aonovo Governo um processo amplo e participativo dediscussão e elaboração do novo PPA, visando cons-truir paulatinamente uma metodologia de orçamentoparticipativo adequada às especificidades do ciclo or-çamentário federal.

Articulação inédita para o controledo orçamento ambiental

Oficina de capacitação em orçamento público