boletim orcamento 10
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Boletim Orcamento 10TRANSCRIPT
Os nmeros do primeiromandato de Lula
A Lei Oramentria de 2006 fechou o ano
com a execuo de 90,1% dos recursos destina-
dos para seus programas e aes. Isso significa
que foi feita a liquidao de R$ 806,9 bilhes
dos R$ 895,6 bilhes autorizados pelo governo
federal. O ano de 2006 apresenta o maior ndi-
ce de execuo do governo Lula: em 2003, fo-
ram 88%; baixando para pouco mais de 84%,
em 2004; e chegando em quase 87% em 2005.
Acompanhe os nmeros na tabela 1.
O que chama a ateno, inicialmente, que
esse resultado foi alcanado, na sua maioria, no
Publicao do Instituto de Estudos Socioeconmicos - Inesc Ano VI n 10 abril de 2007
o analisar a execuo oramentria de 2006e avaliar os nmeros do primeiro mandato dogoverno Lula, o Inesc considera imperativo de-nunciar uma prtica ilegal que o governo fe-deral tem usado, ao considerar como despesaliquidada toda e qualquer rubrica que estejaempenhada ao final do exerccio financeiro.A Lei 4.320/64 bastante clara: a liquida-o somente ocorre se h certeza absoluta deque uma obra prevista no oramento foi con-cluda ou um servio foi prestado. O simplesempenho no d essa certeza.
Ao trmino do exerccio financeiro, o cor-reto seria considerar as rubricas empenhadas eno definitivamente liquidadas apenas na ca-tegoria chamada de restos a pagar. Porm, aoincluir aes como despesas liquidadas, mesmosem requisitos para tanto, o governo gera dvi-das quanto ao que de fato foi executado ao fi-nal do exerccio oramentrio.
A metodologia do Inesc considera a liqui-dao como critrio de execuo, conforme apreviso legal. No se pode aceitar que aesoramentrias no concludas sejam conside-radas como despesas liquidadas. Essa prticaprovoca uma distoro absurda nos nmeros;cria uma realidade falseada; compromete acredibilidade do governo; dificulta a anlise;e uma afronta ao princpio da legalidade.Isso nos mostra o quanto preciso lutar peloavano na transparncia dos dados e das in-formaes oramentrias.
A
E D I T O R I A L
10
A verdade das contas
www.inesc.org.br
2 abril de 2007
Execuo Oramentria da Unio (Fiscal e Seguridade Social) porGrupo Natureza de Despesa (GND) - Srie 2003-2006(exceto refinanciamento da dvida pblica)
T abela 1
% da Execuo
GND 2003 2004 2005 2006
Pessoal e Encargos Sociais 99,59% 99,04% 92,51% 99,53%
Juros e Encargos da Dvida 70,13% 63,37% 81,05% 84,03%
Outras Despesas Correntes 97,47% 97,28% 98,13% 96,52%
Investimentos 46,25% 71,27% 74,11% 74,96%
Inverses Financeiras 83,79% 59,42% 63,29% 87,10%
Amortizao da Dvida 92,02% 85,80% 71,66% 87,45%
Reserva de Contingncia 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%
TOTAL 88,01% 84,08% 86,84% 90,09%Fonte: SIGA BRASIL/ Elaborao: INESC*No esto contemplados nesta tabela os valores referentes ao oramento das empresas estatais, pois essa informao no est disponvel na base de dados do SIGA BRASIL.
Execuo Oramentria da Unio (Fiscal e Seguridade Social)por Grupo Natureza de Despesa (GND)*(exceto refinanciamento da dvida pblica)
T abela 2
GND Dotao Inicial Autorizado Empenhado Liquidado % da Execuo
Pessoal e Encargos Sociais 112.655.115.635,00 115.555.098.583,00 115.011.953.160,82 115.011.918.024,71 99,53%
Juros e Encargos da Dvida 179.525.233.769,00 179.874.209.934,00 151.151.879.811,94 151.151.879.811,90 84,03%
Outras Despesas Correntes 366.665.166.436,00 386.291.956.651,00 372.858.483.203,24 372.858.263.974,07 96,52%
Investimentos 21.240.888.953,00 26.156.019.850,00 19.606.642.743,44 19.606.611.622,03 74,96%
Inverses Financeiras 30.757.598.550,00 31.365.326.043,00 27.320.135.203,22 27.320.135.203,20 87,10%
Amortizao da Dvida 89.541.287.763,00 138.282.763.598,00 120.929.458.123,47 120.929.458.123,49 87,45%
Reserva de Contigncia 22.846.521.604,00 18.062.821.486,00 0,00 0,00 0,00%
TOTAL 823.231.812.710,00 895.588.196.145,00 806.878.552.246,13 806.878.266.759,40 90,09%Fonte: Siga Brasil/ Elaborao: INESC *No esto contemplados nesta tabela os valores referentes ao oramento das empresas estatais, pois essa informao no est disponvel na base de dados do SIGA BRASIL.* Dados atualizados em 21/01/2007
segundo semestre, pois, at 30 de junho do
mesmo ano1, o nvel de execuo dos mesmos
programas e aes estava em 39,86%. Vale lem-
brar que 2006 foi um ano atpico, com eleies
nos mbitos federal e estadual, acarretando res-
tries impostas pela lei eleitoral para a libera-
o de recursos. Era de se esperar que o volume
de gastos fosse maior no primeiro semestre, pois
1 - Ver Nota Tcnica n 111, de setembro de 2006, disponvel no stio www.inesc.org.br.
Oramento & Polticas Pblicas: uma publicao do INESC Instituto de Estudos Socioeconmicos - End: SCS Qd, 08, Bl B-50 - Sala435 Ed. Venncio 2000 CEP. 70.333-970 Braslia/DF Brasil Tel: (61) 3212 0200 Fax: (61) 3212 0216 E-mail:protocoloinesc@inesc.org.br Site: www.inesc.org.br. Conselho Diretor: Armando Martinho Bardou Raggio, Caetano Ernesto Pereirade Arajo, Fernando Oliveira Paulino, Guacira Csar de Oliveira, Jean Pierre Ren Joseph Leroy, Jurema Pinto Werneck, Luiz Gonzaga deArajo, Neide Viana Castanha, Pastor Ervino Schmidt. Colegiado de Gesto: Atila Roque, Iara Pietricovsky, Jos Antnio Moroni.Assessores/as: Alessandra Cardoso, Edlcio Vigna, Eliana Graa, Francisco Sadeck, Jair Barbosa Jnior, Luciana Costa, Ricardo Verdum.Assistentes: Ana Paula Felipe, lvaro Gerin, Lucdio Bicalho. Instituies que apiam o Inesc: Action Aid, CCFD, Christian Aid, EED,Embaixada do Canad - Fundo Canad, Fastenopfer, Fundao Avina, Fundao Ford, Fundao Heinrich Boll, KNH, NorwegianChurch Aid, Novib, Oxfam, Save the Children Fund e Wemos Foundation. Jornalista responsvel: Luciana Costa
Oramento & Polticas Pblicas
abril de 2007 3
Oramento
Execuo oramentria da Unio (Oramento Fiscal e da SeguridadeSocial) por funo - Srie 2003-2006 (exceto refinanciamento da dvida)
T abela 3
% da Execuo
Funo (Cod/Desc) 2003 2004 2005 2006
01 - LEGISLATIVA 96,85% 97,59% 87,33% 93,27%
02 - JUDICIRIA 97,04% 98,91% 86,62% 98,73%
03 - ESSENCIAL JUSTIA 96,67% 97,94% 84,48% 96,05%
04 - ADMINISTRAO 89,17% 86,64% 83,56% 92,87%
05 - DEFESA NACIONAL 90,45% 97,71% 93,05% 95,12%
06 - SEGURANCA PBLICA 85,11% 86,14% 79,98% 89,35%
07 - RELAES EXTERIORES 95,77% 75,89% 89,50% 93,00%
08 - ASSISTNCIA SOCIAL 91,08% 96,69% 98,41% 95,39%
09 - PREVIDNCIA SOCIAL 99,86% 99,46% 99,44% 99,76%
10 - SADE 96,95% 95,81% 93,55% 95,95%
11 - TRABALHO 94,40% 94,77% 97,40% 98,85%
12 EDUCAO 95,21% 93,67% 87,94% 96,23%
13 - CULTURA 65,47% 74,63% 79,54% 83,97%
14 - DIREITOS DA CIDADANIA 65,25% 83,10% 78,76% 82,04%
15 - URBANISMO 37,45% 71,47% 66,77% 70,32%
16 - HABITAO 33,00% 62,05% 79,10% 76,82%
17 - SANEAMENTO 26,05% 39,58% 46,15% 36,09%
18 - GESTO AMBIENTAL 39,33% 76,38% 73,33% 67,68%
19 - CINCIA E TECNOLOGIA 93,42% 94,50% 83,94% 90,43%
20 - AGRICULTURA 69,45% 61,89% 69,36% 75,88%
21 - ORGANIZAO AGRRIA 88,80% 88,81% 87,39% 90,30%
22 - INDSTRIA 76,86% 40,61% 80,16% 86,09%
23 - COMRCIO E SERVICOS 72,85% 70,34% 77,33% 76,44%
24 - COMUNICAES 66,13% 73,71% 48,17% 75,32%
25 - ENERGIA 88,05% 52,31% 57,48% 79,72%
26 - TRANSPORTE 53,07% 65,83% 75,70% 77,18%
27 - DESPORTO E LAZER 44,48% 70,73% 61,75% 72,40%
28 - ENCARGOS ESPECIAIS 86,30% 78,54% 84,13% 89,19%
99 - RESERVA DE CONTINGNCIA 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%
TOTAL 88,01% 84,08% 86,84% 90,09%Fonte: SIGA BRASIL/ Elaborao: INESC*No esto contemplados nesta tabela os valores referentes ao oramento das empresas estatais, pois essa informao no est disponvel na base de dados do SIGA BRASIL.
se avizinhava um perodo de proibio de re-
passes e empenho de recursos para cobrir des-
pesas no-obrigatrias.
A tabela 1 nos mostra ainda que h um cresci-
mento das despesas em alguns Grupos de Natu-
reza de Despesa (GND), principalmente juros e
encargos da dvida, responsveis pela execuo
de 84,03% dos recursos previstos. J o GND re-
ferente amortizao da dvida, que teve uma
queda na comparao com 2005 (71,66%) e
2004 (85,80%), volta a crescer em 2006, atin-
gindo o patamar dos 87%. O GND relativo aos
investimentos, apesar de ser o Grupo que apre-
senta menor valor absoluto, foi o que apresentou
durante o governo Lula um crescimento constan-
te da sua execuo. Saiu de 46,25%, em 2003,
para 74,96% em 2006. O GND de Outras Des-
pesas Correntes apresentou pequena queda com
relao aos anos anteriores.
Ao examinar a execuo oramentria sob a
tica da classificao das despesas por funo
(tabela 3), pode-se ter um quadro mais detalha-
4 abril de 2007
A funoSaneamento a queapresenta, ao longodos quatro anos do
governo Lula, omenor ndice de
execuo, apesar daimportncia que tem
essa questo para amaioria da
populao brasileirano que diz respeito
ao combate sdesigualdades
do do comportamento das diferentes polticas e
saber onde houve expanso ou reduo do gas-
to. Ao tomar como referncia o patamar de 70%
dos recursos liquidados, como um nvel de exe-
cuo razovel, observa-se que em 2006 duas
funes ficaram abaixo (Saneamento com
36,09% e Gesto Ambiental com 67,68%). J
em anos anteriores esse
nmero maior. Em
2005 foram 5 funes
que ficaram abaixo de
70%, em 2004 chega-
ram a 6 e em 2003 so-
maram 9 funes.
A funo Saneamen-
to a que apresenta, ao
longo dos quatro anos
do governo Lula, o me-
nor ndice de execuo,
apesar da impor