boletim nº87

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Website | www.jfsminfesta.net Editorial ASSOCIAÇÃO NOMEIODONADA 8 “O NATAL EM QUE FIQUEI RICA” MISSÃO SORRISO - ULSM 13 Boletim da Junta de Freguesia Distribuição Gratuita Ano 23 - nº 87 - 4º Trimestre de 2012 “Ser pobre e satisfeito é ser rico. E bastante rico.” William Shakespeare Para este Natal, meus caros Mamedenses e Leitores, escolhi uma história que na minha opinião se adequasse mais para a Quadra que estamos a viver: “Havia uma árvore naquele Natal. Não tão grande e frondosa como as outras, mas estava pejada de enfeites e tesouros e resplandecia de luzes. Havia presentes, também. Alegremente embrulhados em papel vermelho ou verde, com etiquetas coloridas e fitas. Mas não tantos presentes como de costume. Eu já tinha reparado que a minha pilha de presentes era muito pequena. Nós não éramos pobres. Mas os tempos eram difíceis, os empregos escassos, o dinheiro à justa. A minha mãe e eu partilhávamos uma casa com a minha avó e com os meus tios. Naquele ano da Depressão, toda a gente espaçava refeições, levava sanduíches para o trabalho e ia a pé para poupar nos bilhetes de autocarro. Anos antes da Segunda Guerra Mundial, já vivíamos no dia-a-dia, como muitas famílias, o que então se iria ouvir como slogan: “Usa-o, aproveita-o ao máximo; faz com que funcione, ou passa sem ele.” Havia poucas escolhas. Compreendia pois porque era tão pequeno o meu monte de presentes. Compreendia, mas sentia, ainda assim, uma ponta de pesar à mistura com um complexo de culpa. Sabia que não poderia haver surpresas empolgantes naquelas poucas caixas vistosamente embrulhadas. E sabia que uma delas tinha um livro. A minha mãe arranjava sempre um livro para mim. Mas nada de vestidos novos, camisolas ou um roupão acolchoado e quentinho. Nenhum dos miminhos tão desejados na altura do Natal… Havia uma caixa com o meu nome da parte da minha avó. Guardei-a para o fim. Talvez fosse uma camisola nova, talvez um vestido – um vestido azul. A minha avó e eu gostávamos ambas de lindos vestidos e de todas as tonalidades de azul. Soltando os devidos “Ohs” e “Ahs” ao ver a aromática barra de sabonete feito de mel, as luvas vermelhas, o já esperado livro (um novo da Nancy Drew!), rapidamente cheguei àquele último embrulho. Dei por mim a sentir uma centelha do entusiasmo do Natal… Era uma caixa bastante grande. Com vergonha de mim mesma por ser tão gananciosa, por esperar receber um vestido ou uma camisola (mas esperando na mesma!), abri a caixa. Meias! Só meias! Soquetes, meias altas, até mesmo um par daquelas meias horrorosas de algodão branco que estavam sempre a escorregar e se enrodilha- vam em volta dos joelhos. ...continua na página seguinte... ASSOCIAÇÃO

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Boletim nº87

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Website | www.jfsminfesta.net

Editorial

ASSOCIAÇÃO NOMEIODONADA 8

“O NATAL EM QUE FIQUEI RICA”

MISSÃO SORRISO - ULSM 13

Boletim da Junta de Freguesia Distribuição Gratuita Ano 23 - nº 87 - 4º Trimestre de 2012

“Ser pobre e satisfeito é ser rico. E bastante rico.”William Shakespeare

Para este Natal, meus caros Mamedenses e Leitores, escolhi uma história que na minha opinião se adequasse mais para a Quadra que estamos a viver: “Havia uma árvore naquele Natal. Não tão grande e frondosa como as outras, mas estava pejada de enfeites e tesouros e resplandecia de luzes. Havia presentes, também. Alegremente embrulhados em papel vermelho ou verde, com etiquetas coloridas e fitas. Mas não tantos presentes como de costume. Eu já tinha reparado que a minha pilha de presentes era muito pequena. Nós não éramos pobres. Mas os tempos eram difíceis, os empregos escassos, o dinheiro à justa. A minha mãe e eu partilhávamos uma casa com a minha avó e com os meus tios. Naquele ano da Depressão, toda a gente espaçava refeições, levava sanduíches para o trabalho e ia a pé para poupar nos bilhetes de autocarro. Anos antes da Segunda Guerra Mundial, já vivíamos no dia-a-dia, como muitas famílias, o que então se iria ouvir como slogan: “Usa-o, aproveita-o ao máximo; faz com que funcione, ou passa sem ele.” Havia poucas escolhas. Compreendia pois porque era tão pequeno o meu monte de presentes. Compreendia, mas sentia, ainda assim, uma ponta de pesar à mistura com um complexo de culpa. Sabia que não poderia haver surpresas empolgantes naquelas poucas caixas vistosamente embrulhadas. E sabia que uma delas tinha um livro. A minha mãe arranjava sempre um livro para mim. Mas nada de vestidos novos, camisolas ou um roupão acolchoado e quentinho. Nenhum dos miminhos tão desejados na altura do Natal… Havia uma caixa com o meu nome da parte da minha avó. Guardei-a para o fim. Talvez fosse uma camisola nova, talvez um vestido – um vestido azul. A minha avó e eu gostávamos ambas de lindos vestidos e de todas as tonalidades de azul. Soltando os devidos “Ohs” e “Ahs” ao ver a aromática barra de sabonete feito de mel, as luvas vermelhas, o já esperado livro (um novo da Nancy Drew!), rapidamente cheguei àquele último embrulho. Dei por mim a sentir uma centelha do entusiasmo do Natal… Era uma caixa bastante grande. Com vergonha de mim mesma por ser tão gananciosa, por esperar receber um vestido ou uma camisola (mas esperando na mesma!), abri a caixa. Meias! Só meias! Soquetes, meias altas, até mesmo um par daquelas meias horrorosas de algodão branco que estavam sempre a escorregar e se enrodilha-vam em volta dos joelhos.

...continua na página seguinte...

ASSOCIAÇÃO

Page 2: Boletim nº87

Dezembro - 4º Trimestre de 2012 2

SU

RIO

1 Editorial

3 Último Natal Freguesia S. Mamede | Áureo Almeida

4 Agenda | Grupo Dramático Musical Flor de Infesta

5 Boas Festas | Vários

6 Pedro e o Lobo | It’s You - Escola D’Artes

7 Vencer na Escola | Casa Juventude S. Mamede

7 Cantares Ciclo Natalício | Rancho Típico S. Mamede

7 As Tardes da Saudade | Música & Dança

7 Momento de Poesia | Fernando Taveira

8 Associação NoMeioDoNada

9 Cabaz de Natal 2012 | Junta Freguesia S. Mamede

9 Balanço Plano Atividades 2012 | Entrevista

10 Notícias Associação Académica S. Mamede

11 Notícias do Futebol Clube de Infesta

12 Boas Festas | Vários

13 Missão Sorriso | ULSM

13 Óscar Saraiva Medalha de Ouro | Fotografia

13 Boas Festas | Socorros Mútuos S. Mamede

14 53º Encontro Nacional | CLAC

15 Figuras do Passado | António Augusto Álvares Silva

Boletim da Junta de Freguesia de S. Mamede de Infesta

A E

QU

IPA

DirectorAntónio Moutinho MendesPresidente da Junta de Freguesia

Coordenação GeralÁureo Almeida

Editor Executivo e RedatorialAndré de Pinho Monteiro

Colaboração RedatorialEduardo da Costa Soares

Grafismo | Paginação | FotografiaAndré de Pinho Monteiro

Impressão GráficaUniarte Gráfica Lda.

Tiragem3000 Exemplares

...continuação...

Esperando que ninguém tivesse dado conta do desapontamento, peguei num dos quatro pares e agradeci à minha avó, com um grande sorriso. Ela também sorria. Não com o seu sorriso educado e distraído de “Sim, querida” mas com o seu sorriso feliz e radiante, de “Isto são coisas importantes para uma mulher”! Será que me esquecera de alguma coisa? Olhei de novo para a caixa no chão – nada, a não ser as meias. Só que agora eu conseguia ver que havia outro par por debaixo do que eu tinha pegado. Duas cama-das de meias. E mais uma! Três camadas de meias! A sorrir de verdade, comecei a retirá-las da caixa. Meias cor-de-rosa, meias brancas, meias verdes, meias de todos os tons inimagináveis de azul. Toda a gente estava a olhar, rindo comigo, enquanto eu atirava as meias ao ar e as contava. Doze pares de meias! Levantei-me e dei um abraço tão apertado à minha avó que até nos doeu às duas. “Feliz Natal, menina Joan!” disse ela. “Agora, todos os dias, terás muitas escolhas a fazer. Estás rica, minha querida! “ E era verdade. Naquele Natal e durante todo o ano, todas as manhãs, eu escolhia do meu elegante armário da roupa interior qual o par de meias a usar. E sentia-me rica. E ainda sinto! Mais tarde, a minha mãe disse-me que a minha avó tinha andado a esconder aquelas meias durante quase um ano – poupando todas as moedinhas, comprando um par de cada vez. Um dia, tendo visto um lindo par de meias azuis com as beiras elásticas bordadas à mão, ela pedira mesmo ao compreensivo vendedor para deixar um sinal a reservá-las durante três semanas. Dentro daquela caixa estava embrulhado um ano de amor.

Editorial“O NATAL EM QUE FIQUEI RICA”

Foi um Natal que eu nunca esquecerei. A prenda da minha avó mostrou-me como as pequenas coisas podem ser importantes. E como o amor nos faz imensamente ricos. Pois bem, de facto: “A falta de amor é a maior de todas as pobre-zas.”

Madre Teresa de Calcutá

Terminada a história, resta-me dizer meus caros Mamedenses e meus caros Leitores: De facto também é minha convicção que “fiquei mais rico” neste Natal que, sendo o último, sempre quis e ainda continuo a querer o melhor para esta laboriosa terra, embora não tenha conse-guido as grandes obras com que tanto sonhei, me empenhei e desejava como sejam: O Metro, O Complexo Desportivo a Nascente do Concelho, A requalificação do Salão Paroquial, O Parque de Laser a Sul da Linha Férrea… Entre outras. “Saio mais rico neste Natal,” porque na verdade e como a história dá a perceber, nem só de grandes obras vive esta Cidade, também vive das pequenas que fazem parte e contribuem decisivamente para uma melhor qualidade de vida das pessoas, como sejam: Melhores arruamentos; Melhores passeios; Melhores jardins; Ruas limpas; Passadeiras; Sarjetas desentupidas; Espelhos; Semáforos; Parques Infantis; Abrigos; Segurança; Placas toponímicas, etc., etc.. “Saio mais rico neste Natal,” pela confiança que os Mamedenses em mim sempre depositaram e me deram a honra e o orgulho de poder Servir a minha terra, S. Mamede de Infesta, que muito amo. Por último, nem sempre aquilo que desejamos se concretiza, ou seja: Desejar, custa apenas dizer mais isto e mais aquilo, mas não passa de desejos por mais sinceros que sejam e, penso que ninguém duvidará da minha sinceridade, em desejar um Natal o melhor possível e um Bom Ano!

O Presidente da JuntaAntónio Moutinho Mendes

Page 3: Boletim nº87

Dezembro - 4º Trimestre de 2012 3Boletim da Junta de Freguesia de S. Mamede de Infesta

Naquele que talvez venha a ser o último Natal da existência de S Mamede de Infesta enquanto freguesia, optei por tecer algumas considerações sobre a utilidade do órgão “Junta de Freguesia” versus custos associados ao seu funcionamento. Enquanto órgão de proximidade, permite um contacto direto com a população que vê nela muitas vezes a única possibilidade de alguma vez colocar uma questão a um órgão político, esperando se necessário a ajuda para subir na hierarquia política se o problema colocado assim o justificar. O inverso também é verdade, muito mais facilmente se percebe o pulsar e as necessidades da população pelo contacto diário com o seu representante que não raras vezes se antecipa aos seus anseios. Talvez por conhecer a realidade de S Mamede de Infesta sempre a achei a freguesia na “medida certa” em que mesmo com cerca de 23000 habitantes é muito fácil referen-ciar-se sempre alguém com facilidade, em resumo quase toda a gente se conhece. Somos conhecidos como a terra do associativismo o que ainda reforça mais os laços de proximidade entre as pessoas. E a Junta é pioneira em reunir com as suas coletividades todos os meses há cerca de uma dezena e meia de anos, partilhando preocupações, alegrias e desejos. A equipa de rua que resolve os pequenos “grandes” problemas na hora, o buraco no passeio ou na rua, a sarjeta entupida, o sinal partido, que leva as cadeiras para os eventos das coleticvidades, e que muitas vezes os ajuda a preparar, é de uma eficácia só possível porque estão próximos de quem servem. Não raras vezes vão resolver um problema, e vem com reclamações de muitos outros para os dias seguintes. E a atenção dos serviços administrativos a todos os cidadãos sabendo muitas e muitas vezes antecipar-se à dificuldade das famílias referenciando as necessidades das pessoas para os órgãos competentes. Mais uma vez a proximidade funciona aqui como uma mais-valia para todos. Tudo isto faz sentido com a coordenação de um órgão político de proximidade na medida certa. Não creio, mesmo sendo no futuro a sede da nova freguesia em S. Mamede de Infesta, estejamos com mais do dobro do território e mais do dobro da população a servir melhor as pessoas. Sabendo-se que o orçamento da nova freguesia resultará da soma do orçamento das freguesias a agregar, onde estará vantagem desta reforma? Com um orçamento anual de 350.000€/ano, e como costuma dizer o Sr. Presidente, uma almofada financeira de cerca de 50.000€, alguém é capaz de dizer que há desperdí-cio? Para além do erro político que foi a não decisão de uma outra agregação, insistir que esta reforma, feita como foi, serve a população, é ainda um erro maior.

Para todos, um Feliz Natal e um Bom Ano Novo

Áureo AlmeidaSecretário Junta de Freguesia

O ÚLTIMO NATAL DA FREGUESIADE S MAMEDE DE INFESTA

Page 4: Boletim nº87

Dezembro - 4º Trimestre de 2012 4

AG

EN

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RO

2012

JA

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IRO

2013

DEZEMBRO 201222| Música | CONCERTO DE NATAL | "LET´S GROOVE BIG BAND"

21h30 | AUDITÓRIO FLOR

JANEIRO 201319| 95º ANIVERSÁRIO DO FLOR DE INFESTA

Romagem Cemitério | Missa de Sócios e Amigos do Flor FalecidosSessão Solene Comemorações Aniversário Flor de Infesta

21h30 | AUDITÓRIO

Boletim da Junta de Freguesia de S. Mamede de Infesta

O Flor de Infesta completa no dia 19 de Janeiro de 2013, 95 anos de vida. Tivemos momentos bons e menos bons, o que justifica plenamente todo este trajecto de existência. Hoje somos uma colectividade virada para o futuro na vertente da cultura, como provamos adiante com todo um trabalho meritório em prol da sociedade. É efectivamente um orgulho ter conse-guido um patamar elevado dentro do associati-vismo, e totalmente conseguido na base da carolice amor. Estamos neste projecto porque acreditamos nas pessoas que estão connos-co, pois sem elas não era possível desenvol-ver tal trabalho. Estamos abertos a todos que queiram ajudar para se conseguir um Flor de Infesta ainda maior.

Bem-haja a quem vier por bem.

Saudações associativas. ANTÓNIO AUGUSTO

GRUPO DRAMÁTICO

A DIREÇÃO

SAÚDA TODOS OS SÓCIOS E

AMIGOS, DESEJANDO UM

FELIZ NATAL E UM ANO NOVO

CHEIO DE SAÚDE E FELICIDADE

Page 5: Boletim nº87

Dezembro - 4º Trimestre de 2012 5Boletim da Junta de Freguesia de S. Mamede de Infesta

Mais informamos que este clube vai organizar a Passagem de Ano 2012/2013, na nossa sede, para a qual, são convidados os Sócios, Familiares e Amigos, aprovei-tamos para lhe endereçar um convite a Si também e toda a Família.

A direção deseja-lhe um Feliz Natal e um Próspero Ano 2013 cheio de Sucesso para todos.

Page 6: Boletim nº87

Dezembro - 4º Trimestre de 2012 6 Boletim da Junta de Freguesia de S. Mamede de Infesta

Page 7: Boletim nº87

Dezembro - 4º Trimestre de 2012 7Boletim da Junta de Freguesia de S. Mamede de Infesta

Venha se divertir e dançar ao somdas músicas da sua vida...

...esperamos por si...

AS TARDES DA SAUDADE

PROGRAMA PARA 2013 - BREVEMENTE

DEDICADAS À POPULAÇÃO SÉNIOR MAMEDENSENO SALÃO NOBRE DA JUNTA DE FREGUESIA DE

S. MAMEDE DE INFESTA

TELEFONE: 229 069 860OU [email protected]

Page 8: Boletim nº87

Dezembro - 4º Trimestre de 2012 8 Boletim da Junta de Freguesia de S. Mamede de Infesta

A Associação tem como MISSÃO prestar serviços de apoio de natureza moral e material a pessoas e grupos que deles careçam, nomeadamente a pais e familiares com vivências em cuidados intensivos neonatais e pediátricos, promovendo um equilíbrio bio-psico-social e familiar, prosse-guindo o bem-estar destes através da solidariedade e ajuda a que a associação vai desenvolver e prosseguir. De acordo com as necessidades identificadas, fornecemos: apoio psicológico (por psicólogos de segunda a sexta-feira), apoio monetário destinado a viagens, medicação, ajudas técnicas, transportes das crianças do domicílio para as consultas programadas, alimentos, roupas, brinquedos, papas e leites para bebés e alojamento, consultadoria, acompanhamento escolar, formação/informação (prevenção de doenças, acidentes domésticos, desenvolvimento da criança e recursos sociais), actividades lúdicas (Dia da Mãe/Pai, Piquenique Anual, Concerto Solidário, Dia do Prematuro e diversos eventos de angariação de fundos). A Associação tem como projecto futuro implementar uma Unidade de Cuidados Continuados e Paliativos para crianças dos zero aos dezoito anos. Esta actividade assisten-cial vai reflectir na qualidade, ao evidenciar um aumento do número de crianças que podem melhorar a sua autonomia física na Unidade de Internamento de longa duração e manutenção, apesar da sua incapacidade e dependência, favorecendo o conforto e a qualidade de vida. É um projecto pioneiro em Portugal, que irá englobar todas as crianças com patologia crónica dando resposta às necessidades das Unidades de Saúde passando estas a ser apoiadas por uma Instituição que preste cuidados de tipologia longa duração, curta duração e paliativos. As crianças portuguesas com este tipo de necessidades não têm sido abrangidas pelos projectos do Serviço Nacional de Saúde, sendo ignoradas e esquecidas ficando internadas por longos períodos nos Serviços de Pediatria cujo objectivo não passa só por este tipo de doentes. Verificando-se o comprometimento do vínculo familiar e do próprio desenvolvimento infantil, provo-cando, por vezes, a desestruturação familiar devido à conjun-tura social. Todas as crianças têm direito à felicidade, mesmo quando atingidas por uma doença grave e /ou em fase terminal. Este projecto garante a continuidade dos cuidados inerentes a estas situações especiais. O Centro Hospitalar do Porto, cedeu uma casa, que lhe foi doada com o objectivo de ser utilizada exclusivamente por crianças doentes, localizada na Rua Godinho Faria n.º 399 em São Mamede de Infesta, Matosinhos. Para dar início a este projecto, é necessário adaptar a casa às necessidades das crianças que necessitam de cuidados continuados e paliativos. O total das despesas para que este projecto tenha viabilidade totaliza um milhão de Euros (obras, adaptação do edifício, material clínico e mobiliário). Apadrinhe este projeto que, além de pioneiro, vai contribuir para o bem-estar das crianças com doença crónica. Juntos vamos fazer a diferença, Casa Marta Ortigão, um sonho, que todos queremos que seja real.

Donativos | Banco BPI de São Mamede de InfestaNIB: 0010 0000 47393210001 60 www.nomeiodonada.pt

Page 9: Boletim nº87

9Boletim da Junta de Freguesia de S. Mamede de Infesta Dezembro - 4º Trimestre de 2012

A Junta de Freguesia de São Mamede de Infesta, como tem sido habitual nesta época natalícia, propõe-se a minimizar as carências ao nível alimentar de algumas das inúmeras famílias que apresentam dificuldades económicas, cujo número tem vindo a aumentar avassaladoramente, ano após ano, resultado das enormes dificuldades que o país tem vindo a atravessar. Neste sentido, e porque se compadece pela situação, este ano a Junta de Freguesia fez um esforço suplementar e, apoiando também o comércio local com a aquisição do géneros alimentares, distribuiu cerca de 140 Cabazes de Natal. Este gesto irá permitir a estas famílias festejar com espirito natalício a ceia característica da época, junto dos seus familiares, e que possam idealizar um novo ano melhor e maior para todos. A Junta de Freguesia pretende também com este gesto contagiar os demais para a prática de solidariedade e partilha, seja de bens, sorrisos ou esperança.

Apesar de este ser o seu último mandato, o Presidente da Junta de Freguesia de S. Mamede de Infesta, António Moutinho Mendes afirma que tudo fará para, “…empenhadamente, tentar que a beneficiação do Salão Paroquial, de algumas ruas e travessas, como dos W.C Públicos…”, bem como “…a possibili-dade de uma ou outra infraestrutura que venha a contribuir para que a cidade seja cada vez mais Moderna, Progressiva e, sobretudo, Solidária…”. Até ao momento, António Mendes sente que o trabalho feito foi ao encontro do que estava planeado, sublinhando que o executivo da Freguesia, “…cumpriu com o seu plano de atividades, indo nalguns casos um pouco para além do previsto…”. Montinho Mendes está a referir-se ao “…apoio às Instituições de âmbito social, cultural, desportivo e humanitário….”. Ainda no seguimento destes vários apoios, em diversas áreas de intervenção, a Junta de Freguesia está a entregar, os cabazes de Natal às famílias de rendimentos mais baixos e mais carenciadas. (Conforme notícia acima).

Relativamente às grandes obras “…sonha-das…” por Moutinho Mendes, as mesmas “…não vão ser exequíveis neste que é o meu último mandato…” e justifica, afirmando que “…umas porque a famigera-da lei dos compromissos o impedem, e a principal (o Metro), por depender da tutela governamental…”.

Excerto de entrevista ao Jornal Notícias Matosinhos DEZ 2012

PLANO DE ATIVIDADE 2012BALANÇO POSITIVO

Esperamos todos que pelo menos num próximo mandato, e no decorrer dos seus quatro anos, aquele que for o novo executivo da Junta de Freguesia e respetivo Presidente consigam numa melhor conjuntura económica e financeira do país, ver concluídas essas grandes obras “…sonhadas…”, por Moutinho Mendes.

Page 10: Boletim nº87

Dezembro - 4º Trimestre de 2012 10 Boletim da Junta de Freguesia de S. Mamede de Infesta

FAIXAS DE CAMPEÃO NACIONALMEDALHAS DE MÉRITO DESPORTIVO | VOLEIBOL

Campeãs Voleibol - Infantis Femininas

Campeãs Voleibol Ar Livre | Relva - Infantis Femininas

Campeões Voleibol Ar Livre | Relva - Infantis Masculinos

Campeões Voleibol - Iniciados Masculinos

MEDALHAS DE MÉRITO DESPORTIVO | ANDEBOL

Campeões Regionais de Andebol - Infantis Masculinos

Campeões Regionais de Andebol - Seniores Masculinos

À noite, no Restaurante Favorita, realizou-se o tradicional Jantar de Confraternização, presidido pelo Dr. Silva Peneda, que era ladeado pelo Dr. Guilherme Pinto | Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, António Moutinho Mendes | Presidente da Junta de Freguesia de S. Mamede de Infesta, Dr. Guilherme Aguiar | Vereador do Pelouro do Desporto da Câmara Municipal de Matosinhos e o Eng.º Tito Conrado. Após o jantar, falou o Presidente da Direção, onde num ambiente de festa deixou uma mensagem muito séria e de elevada importância, dizendo que se a costumada verba da Câmara Municipal não existir para o próximo ano, terão, com toda a certeza, de ser suprimidas as equipas seniores das modalidades de Andebol e Voleibol, ficando o clube unicamente com as formações, visto não ser comportá-vel o elevado gasto, principalmente com as deslocações.Entretanto foi depois homenageado o associado nº1, Serafim Santos Silva, tendo-lhe sido entregue o diploma de “Sócio de Mérito”. Falou depois, o Dr. Silva Peneda, que disse do seu enorme contentamento de estar, pela primeira vez, a presidir a um jantar dos associados, o que não fez, no ano anterior, por ter estado ausente no Brasil. Como antigo associado, como antigo atleta de Voleibol, tendo sido Campeão Nacional, é um orgulho grande para ele, participar em todos os momentos do seu clube. Por fim, falou o Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, que depois de ouvir o Eng.º Tito Conrado, trouxe a todos um alento e uma prenda para a Associação Académica de São Mamede, que é nem mais nem menos, a esperança de que, para o ano, e uma vez que a Associação é um clube de características totalmente amadoras, poder a Câmara Municipal voltar a atribuir o subsídio, de maneira que possa continuar a prestigiar o Desporto como até aqui o tem feito.No domingo, dia 2, como habitualmente, foi rezada a Missa na Igreja Matriz por intenção dos sócios e atletas falecidos, tendo o Padre Ângelo, como de costume, pronunciado palavras emotivas e de regozijo pelo aniversário do clube em festa.

No dia 1 de Dezembro, a Associação Académica de São Mamede completou 66 anos de existência. Nesse dia, de manhã, foram içadas as bandeiras, sendo a do clube em festa içada pelo sócio nº1, Serafim Santos Silva.Da parte de tarde, no Pavilhão Gimnodesportivo, com os atletas alinhados, foram distribuídos os seguintes prémios:

Seguidamente, na Sessão Solene presidida pelo Dr. Silva Peneda | Presidente da Assembleia Geral, foram entregues as Medalhas de 25 e 50 anos aos sócios com esse tempo de filiação, bem como as Medalhas de Assiduidade “Eduardo Soares” a todos os atletas que, durante o ano, se notabilizaram pela assiduidade aos treinos e jogos.Depois foi prestada homenagem a Manuel Luís Oliveira Almeida, o qual, antes de a Académica ter motorista efetivo, prestou, graciosamente, os seus serviços, pelo que lhe foi entregue um diploma com um “Voto de Louvor”. A terminar a sessão, falou primeiro o Presidente da Direção, Eng.º Tito Conrado, que se congratulou por mais um aniversário, a decorrer com todo o entusiasmo clubístico. Encerrou a sessão o Presidente da Assembleia-Geral que do mesmo modo, se congratulou pela elevação com que decorreu a cerimónia.

Page 11: Boletim nº87

Dezembro - 4º Trimestre de 2012 11Boletim da Junta de Freguesia de S. Mamede de Infesta

FUTEBOL SÉNIOR

FUTEBOL DE FORMAÇÃO

ANDEBOL

O campeonato não tem sido famoso para o Infesta. A equipa encontra-se em zona de despromoção com apenas seis pontos, fruto de duas vitórias (Ribeirão e Joane). À excepção do jogo com o Varzim (2-0) e com o Gondomar (1-4) onde, neste ultimo encontro, o Infesta foi altamente prejudicado pela arbitragem, todas as outras derrotas foram pela margem mínima. O Infesta até tem jogado bem e fica a ideia de que falta qualquer coisa para que as vitorias comecem a aparecer. Para tentar dar a volta aos acontecimentos, o Infesta conta com a contratação do lateral esquerdo Carlão, proveniente do Paredes e continua no mercado à procura de reforços para ajudar a evitar a despromoção.

Na formação, o Director do futebol de formação pediu a sua demissão, devido a incompatibilidades com a direcção do clube. O cargo ficou entregue aos vice-presidentes Jorge Amaro e José Teixeira, que têm feito todos os esforços possíveis para que nada falte a todos os elementos das várias equipas de formação. A destacar até ao momento, a equipa de juniores que continua desenfreadamente a lutar pela manutenção, tendo conseguido alcançar algumas vitórias importantes até ao momento. Os juniores “B”, estão a lutar pelo segundo lugar da sua série onde podem conseguir a subida à 1ª Divisão Distrital. Os iniciados terminaram a primeira fase em segundo na sua série e vão agora disputar a série dos segundos classificados onde também podem alcançar a subida à 1ª Divisão Distrital. Quem também tem feito uma carreira notável são os benjamins que levam sete vitórias consecutivas e também lutam por um dos lugares cimeiros da classificação.

No andebol, os seniores estão com algumas dificuldades em conseguir a manutenção na 2ª Divisão Nacional. Nos últimos encontros, a equipa tem feito alguns resultados mais positivos o que deixa boas indicações para a segunda volta. Esta temporada fica para já marcada pela visita do Sporting em jogo da Taça de Portugal que terminou com a vitória natural da equipa leonina por 18-36. De destacar que este encontro, foi disputado em dois pavilhões. A primeira parte iniciou na Escola Secundária Abel Salazar, mas devido à humidade que o piso apresentava, a segunda metade foi transferida para o Pavilhão Municipal do Padrão da Légua. Na formação, o destaque vai para os infantis que em nove encontros, venceram oito e empataram um. As restantes equipas têm tido resultados satisfatórios, com maior destaque para os juniores e juvenis. Como já se sabe, este ano arrancaram as equipas femininas no andebol do Infesta. O Infesta conta agora com mais uma equipa de andebol, que são as seniores, juntando-se às equipas de iniciadas e minis.

A equipa de veteranos tem dado boa conta de si. Para já, o Infesta encontra-se em zona de passagem à fase final onde irá lutar pelo título associativo. Na Taça Artur Baeta, estão apurados para os quartos-de-final, onde vão defrontar o Vilar do Pinheiro no dia 5 de Janeiro.

FUTEBOL VETERANOS

Page 12: Boletim nº87

Dezembro - 4º Trimestre de 2012 12 Boletim da Junta de Freguesia de S. Mamede de Infesta

Page 13: Boletim nº87

Dezembro - 4º Trimestre de 2012 13Boletim da Junta de Freguesia de S. Mamede de Infesta

Neste Natal

“Mamã, aqui estou seguro!”

A Associação de Socorros Mútuos de S. Mamede de Infesta deseja a todos os Mamedenses, Associados Família e Amigos um Feliz Natal e um Próspero 2013 cheio de Paz, Amor e muita Saúde.

ÓSCAR SARAIVA | FOTÓGRAFOMEDALHA DE OURO

ZARAGOZA | ESPANHA

O nosso conterrâneo, Óscar Saraiva, consagrado Fotógrafo Amador, acaba de ser premiado com a Medalha de Ouro da Real Sociedad Fotografica de Zaragoza, no “88º SALON INTERNACIONAL DE OTOÑO ZARAGOZA 2012”, em Espanha, na categoria de Tema Livre, abrangendo trabalhos a cor e a preto e branco, no concurso anual aberto a todos os fotógrafos amadores e profissionais, a que concorreram cerca de 40 países. Publicamos, aqui, o trabalho premiado, intitulado “Ponte Enevoada”.

Page 14: Boletim nº87

Dezembro - 4º Trimestre de 2012 14

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Foi no passado dia 9 de Dezembro que o CLAC – Clube Lusitano do Automóvel Clássico® procedeu à organização do seu 53º Encontro Nacional desta vez na Anadia. Com cerca de 24 Automóveis Antigos e Clássicos vindos de todo o País desde o Minho até ao Alentejo a caravana tinha ponto de encontro marcado no Museu do Vinho da Anadia. A qualidade dos automóveis presentes era muito variada, destacando-se, no entanto, como habitualmente a caravana Opel que representava cerca de 80% das viaturas presentes com destaque para a mascote do Clube a Opel Rekord C Caravan CLAC de 1967, 2 Commodores e inclusive um Rekord B. Presença ainda dos Olympia Rekord, Sedan, Kadett's e um espetacular e muito raro Kadett B Rally do nosso presidente do Conselho Fiscal. As restantes Marcas marcaram presença com a Citroen com 3 modelos (dois 2 CV e uma 11 do nosso amigo Holandês Robert), e ainda 1 Renault, Toyota, Mazda e Fiat (um pequeno 500 que se deslocou desde S. Mamede de Infesta). A receção no Museu do Vinho da Anadia e a visita guiada fica para mais tarde recordar. Agradecemos ainda o espumante de honra e a disponibilidade para futuras ativida-des, sendo que o CLAC também se disponibilizou para tudo o que o Museu necessitar. Bem hajam, muito obrigado. Registe-se que este Museu se encontra muito bem organiza-do, acolhedor, tem dimensões significativas e apresenta uma Exposição Permanente, designada por Percursos do Vinho, encontra-se no piso zero do museu e exposta ao longo de seis salas temáticas, com peças de valor arqueológico, etnográfico e técnico, reunidas com a colaboração de diversos vitiviniculto-res, entidades locais e nacionais. Contempla uma vasta programação de exposições temporárias, a realizar três a quatro projetos por ano, com atividades pedagógicas, anima-ção do livro, debates sobre temáticas ligadas ao vinho, vinha, mundo rural, arte e documentalismo, etc. O Museu tem ainda uma Enoteca, uma loja de Vinhos, um auditório para 80 pessoas, com equipamento multimédia, uma Mediateca, uma Biblioteca e Zona de Restauração com jardim. Para terminar o evento fomos uma vez mais muito bem recebidos no Restaurante Sancho, local que já se tornou um ponto de passagem obrigatório do nosso Clube. Tal como em 2011 o nosso Clube mantém a sua vertente solidária pelo que os presentes, bem como muitos ausentes, contribuíram com géneros alimentícios para doação a uma Instituição de Solidariedade Social de S. Mamede de Infesta. A carrinha do Clube ficou repleta e seguramente que os mais carenciados vão ficar muito agradecidos por mais esta iniciativa solidária. O nosso Clube mantem-se com o Objetivo de crescimento orgânico, apenas e só, bem como, com Ambições renovadas para o futuro.

Saudações Clubistas, Feliz Natal e Prospero 2013

Boletim da Junta de Freguesia de S. Mamede de Infesta

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“FIGURAS DO PASSADO”

ANTÓNIO AUGUSTOMACHADO ÁLVARES DA SILVA Nos recuados anos das décadas de quarenta e cinquenta – e quem é que não o conhecia?! – deambulava pela cidade do Porto, de monóculo, com o seu característico guarda-pó, a sua inseparável máquina fotográfica (que era um caixote com uma pegadeira), e usando o cabelo à “Jesus Cristo”, o que, naqueles tempos, como ainda estávamos longe da aura dos Beatles, era um escândalo. Mas, claro, ele não ligava nada a isso, e, aos poucos, tornou-se, desde logo, numa personagem tão simpática, quanto conhecidíssima do portuense, não apenas pela sua imponente figura, mas também por se saber que era um dos maiores repórteres-fotográficos de que havia memória. Em suma, um homem devotadamente dedicado à sua profissão e que, no desempe-nho desse mister, procurava sempre os melhores ângulos para os seus “bonecos” e, acima de tudo, que satisfizessem a sua rara sensibilidade de artista, já que o talento era coisa que não lhe faltava. E só assim, e depois da sua prévia aprovação, os seus motivos fotográficos (sempre aguardados com ansiedade e interesse), poderiam ser publicados no “seu” Janeiro – o Jornal “O Primeiro de Janeiro” – que era, nesse tempo, o melhor jornal de Portugal! Lembrar este Homem, com saudade, é confirmar que, efectivamente, o tempo poderá levar tudo, menos as recorda-ções. Ora, as pessoas da minha geração, pelo cabeçalho desta crónica, já sabem de quem estou a falar, escrevendo; mas, aqueles que, por curiosidade queiram saber o nome de tão genial artista da fotografia, dir-lhes-ei que ele era conhecido pelo carinhoso diminutivo de “O Silvinha do Janeiro” (que nada tinha a ver com a sua grande compleição física), ou ainda pelo nome artístico, que adoptou, e que era o de “SILVA GAJO”, pseudónimo com que assinava os seus trabalhos. Mas o seu verdadeiro nome era o de ANTÓNIO AUGUSTO MACHADO ÁLVARES DA SILVA, tendo exercido a sua profissão no citado e conceituado Jornal, durante trinta anos, que foram assinalados com bons e inesquecíveis serviços de reportagem fotográfica. Nascido em Pedra Furada em 1890, uma freguesia rural do concelho de Barcelos, tinha lá uma casa de tipo solarenga – a Casa do Sardoal – que, quanto a mim, é de uma rara beleza e de uma quietude que a torna num lugar de sonho. E o sonho será ainda maior ao entrarmos na propriedade que é um recanto aberto de poesia ao ar livre, talvez um dos locais mais emocionantes, no género, que me foi dado observar. Eu explico: por todos os lados do belíssimo jardim que envolve a casa, encontramos poemas de muito mérito (“Silva Gajo” era, igualmente, um poeta de reconhecido talento), que ele mandou pintar em azulejos, que causam a quem os lê não só uma certa emoção, pelos temas, mas também uma agradabilíssima surpresa. Ir, pois, de visita à Casa do Sardoal, passou a ser, para mim, algo de transcendente e por conseguinte, pouco a pouco, fui-me enamorando de tudo o que envolve tão bela moradia. E o meu prazer aumenta de cada vez que lá vou, pois há sempre uma surpresa, tantos os motivos que encontro e que, dando largas ao meu imaginário, fico preso no pensamento de tantas coisas belas que podem ser admiradas por quem tem as pupilas bem abertas! Pois bem: reportando-me, de novo, aos azulejos, encontro nos poemas de cada um, algo de inenarrá-vel – de uma certa sensação de pureza, de lirismo, de etéreo! E ao lê-los, rodeados de tantas flores, do chilrear dos pássaros (o único barulho que quebra o silêncio tão encantador), sou transportado para um mundo a que não estou habituado e que não é o mundo em que eu infelizmente vivo. Aquelas flores, de todas as espécies, que brotam aqui e ali, quase como por encanto, completam o enquadramento ideal para um deleite

nostálgico, numa evocação enternecedora do Homem que prodigalizou tudo aquilo e que me proporcionou tão sublimes e românticos momentos. Mas cautela. À entrada da Casa do Sardoal, uma advertência, em verso, gravada em azulejo, faz-nos não só vacilar, mas também ruborizar! É melhor ir lá lê-la... Mais à frente, uma outra, mais filosófica, avisa-nos: “Se a inferior educação que recebeste não permite conhecer os cânones da Arte, não entres ... Incomodas-te e incomodas-me”. Torna-se evidente que, o seu requintado génio de artista, que o integrou nas tertúlias de outros grandes artistas, tais como o Escultor Henrique Moreira (que lhe ofereceu, vejam bem, os gessos da Menina Nua da Avenida dos Aliados e da Menina de Pé, na Praia, que estava (lembram-se?) à entrada do Cinema Águia Douro), os pintores Acácio Lino, Sousa Pinto e Carlos Carneiro e o caricaturista Octávio Sérgio, todos eles personalidades de méritos comprovados e extraordinários, permitiu-lhe com esses contactos de rara oportunidade, fortalecer a sua bagagem de grande intelectual que era e juntar um acervo artístico, de valor inestimável e de uma rara beleza - digno de um museu. O seu busto, de uma extraordinária semelhança e perfeição (até se notando o lábio inferior do lado direito um pouco descaído), e os seus retratos feitos por consagrados pintores, que marcaram uma época, deveriam ser apreciados, em exposição, por quem gosta destas coisas. Um êxtase. Seria lícito alongar-me sobre outros considerandos acerca de tão carismática personalidade, prenhe de facetas tão variadas e dignas de registo, mas o artigo vai longo e não quererei privar os meus leitores do conhecimento de dois extraordinários poemas, inscritos, igualmente, em azulejos, e que rezam assim:

“Na Ladeira da Vida

Já meus passos arrasto lentamente; A viagem da vida está no fim... No último leito, em breve, irei, por fim, Dormir o último sono docemente!

Mas não choreis! Eu volto. Eu sou o ausente Que surge de improviso. Eu volto, sim! Pois, toda a vez que vós penseis em mim, A vosso lado me vereis presente!

Os mortos vivem, – vida espiritual ! – Vivem no pensamento dos que amaram Como fluídas visões de luz astral.

São almas que, através da Imensidade, Vem em busca das almas que deixaram, Adejando num halo de saudade! ”

Quando foi docemente inspirado por este belo soneto, tinha a percepção de que a morte o rondava. Felizmente enganou-se, já que ainda viveu mais 14 anos, pelo que, só em 1974, com a idade de 84 anos, expirou ... lentamente. E, neste ínterim de catorze anos, em 1968, escreve que “Certas almas habituam-se à solidão;/ Começam por se resignar/ E acabam por se compreender.” Nessa solidão, que adoptou e a ela se adaptou, lega-nos, ainda, este fabuloso poema, digno de uma antologia, que também inscreveu, em azulejo:

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“FIGURAS DO PASSADO”

ANTÓNIO AUGUSTOMACHADO ÁLVARES DA SILVA

“Sinto-me feliz neste viver tranquilo Na doce paz da aldeia onde a alegria aflora Ando ébrio de Sol, de Luz e rejubilo Como se dentro em mim surgisse a própria Aurora !

Esqueci o que fui, os centros citadinos A blague dos Cafés, o morfínio conforto E preso à Terra-Mãe, seguindo outros Destinos Leio a Bíblia da Vida às plantas do meu horto !

Os livros? Os jornais? Mas tê-los para quê? “Crimes”, “Revoluções”, “Guerras” e “Vendavais” Se isto apenas se ensina e nada mais se lê Fiquemos toda a vida ingénuos e boçais ! Egoísmo – direis! Eu chamo-lhe pudor Este horror instintivo a tudo o que destrói ! Se Chrysto há dois mil anos já falava do amor Façam do justo e bom o verdadeiro herói.

Que exemplo fraternal recebo a cada instante, Neste viver pagão, grácil, cheio de afecto! E eu, homem, afinal, presunçoso gigante Sou talvez inferior ao mais pequeno insecto Vim aqui aprender o ABC da Vida No livro original da Natureza; e Pan O magro professor de fronte encanecida Ensina-me, sorrindo, a ter uma alma sã!

E como, hoje, mal digo as horas que gastei A aprender coisas vãs, distantes do meu lar !... Se a verdade, afinal, não foi o que estudei, E apenas fumo foi que se desfez no ar ! Fôra melhor ficar eternamente rude, Cavando a Terra-Mãe ou antes ser pastor; Gozar o Sol, o ar puro e ter saúde, Enchendo a alma de graça e o coração de amor...

Felizmente voltei e sinto que renasço Na humildade Cristã deste viver de asceta ! Tudo em volta de mim me estreita num abraço E, porque sou feliz, eu canto e sou poeta ! “

Bem vistas as coisas, é meu convencimento de que após lido e devidamente apreciado este belíssimo poema, se perceberá melhor estas suas palavras, ao dar largas ao seu entusiasmo de ver-se regressado à Terra-Mãe, depois de tantos anos vividos no bulício da cidade do Porto. E ao gozar, por fim, aquele sol e encher os pulmões de ar puro e a alma de graça e o coração de amor, faz-nos reflectir e, no mínimo, invejá-lo. E assim, na paz daquele sossego impressionante, pôde encontrar a felicidade que só terminou quando “os seus passos se arrastaram lentamente” e a “viagem da sua vida chegou ao fim!”. Grandes reportagens fotográficas foram feitas relativamente ao Concelho de Matosinhos e ao nosso Rio Leça (de outros tempos...), por este insígne e talentoso Artista da Fotografia e, pena tenho eu, de não me ter sido possível publicar aqui uma única imagem do seu engenho e arte. A sua terra natal, prestou-lhe uma sentida e significativa homenagem numa bem pensada placa toponímica, assim: Rua António Silva Gajo. Merecidamente.

Eduardo da Costa Soares

NOTA: Crónica pubicada no Jornal de Matosinhos em 2002 e na Revista “O Tripeiro” em 2003.