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Boletim MPA
A importacircncia das cooperativas como
instrumento de desenvolvimento social
MESTRADO PROFISSIONAL EM PRODUCcedilAtildeO E GESTAtildeO AGROINDUSTRIAL
Editora Cientiacutefica 2020
Produtor
Produto
Comeacutercio
Universidade Anhanguera-Uniderp
Programa Poacutes-Graduaccedilatildeo Profissional em Produccedilatildeo e Gestatildeo
Agroindustrial
A Importacircncia das Cooperativas como Instrumento de Desenvolvimento
Social
Autores Vanderleia Salete Mantovani
Ademir Kleber Morbeck de Oliveira
Dados Internacionais de Catalogaccedilatildeo na Publicaccedilatildeo (CIP) Selma Alice Ferreira Ellwein ndash CRB 91558
M235i
Mantovani Vanderlei Salete Oliveira Ademir Kleber Morbeck de
Cutter A importacircncia das cooperativas como instrumento de desenvolvimento social Vanderleia Salete Mantovanim Ademir Kleber Morbeck de Oliveira ndash Londrina Editora Cientiacutefica 2020
ISBN 978-65-00-11344-0thinsp
1 Economia Solidaacuteria 2 Cooperativas Solidaacuterias 3 Organizaccedilatildeo do Trabalho I Mantovani Vanderleia Salete II Oliveira Ademir Kleber Morbeck de V Tiacutetulo
CDD 338
Sumaacuterio
Resumo 03
Apresentaccedilatildeo 04
Introduccedilatildeo 05
Globalizaccedilatildeo 06
O Trabalho e sua Organizaccedilatildeo 07
Cooperativismo 09
As Leis que Regem o Cooperativismo no Brasil 11
Estrutura Organizacional de Cooperativas 13
Cooperativa de Produccedilatildeo 17
Cooperativa de Trabalho 18
Consideraccedilotildees Finais 19
Referecircncias 20
RESUMO O cooperativismo eacute construiacutedo por organizaccedilotildees que se constituem com trabalho coletivo gestatildeo democraacutetica desenvolvimento do conhecimento e informaccedilotildees conhecimento do processo produtivo relaccedilotildees sociais e econocircmicas essenciais nesse contexto Assim entendem-se que os objetivos sociais econocircmicos aspectos fiscais juriacutedicos contaacutebeis e patrimoniais necessitam de soluccedilotildees inovadoras e novas teacutecnicas gerenciais de organizaccedilatildeo e produccedilatildeo uma vez que essas cooperativas praticam a autogestatildeo O mundo estaacute passando por profundas transformaccedilotildees em um pequeno espaccedilo de tempo relacionadas agrave globalizaccedilatildeo e tecnologia que mudaram as estruturas sociais poliacuteticas e econocircmicas de diversas naccedilotildees Nesse contexto de mudanccedilas uma atividade eacute o trabalho base da evoluccedilatildeo humana que propicia acesso agrave vida social aos bens materiais e imateriais Dessa forma os cooperados sentem-se importantes e produtivos em seu meio social Estudar o mundo do trabalho neste contexto faz parte da construccedilatildeo do conhecimento para entender as transformaccedilotildees que ocorrem nesta situaccedilatildeo Assim o conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo se torna primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de inclusatildeo social onde os associados formam uma organizaccedilatildeo para concorrer no mercado com as grandes corporaccedilotildees Palavras-chave Cooperativismo Autogestatildeo Cooperativa Inclusatildeo Social
APRESENTACcedilAtildeO
A organizaccedilatildeo do trabalho como a gestatildeo coletiva e democraacutetica o
desenvolvimento do conhecimento e das informaccedilotildees o processo produtivo e as
novas relaccedilotildees sociais e econocircmicas geradas a partir dessas mudanccedilas satildeo
imprescindiacuteveis para a entender a Economia Solidaacuteria na qual os empreendimentos
devem aliar sustentaccedilatildeo econocircmica e envolvimento social Novas soluccedilotildees teacutecnicas
gerenciais organizativas e produtivas satildeo necessaacuterias para os empreendimentos com
base na autogestatildeo e isso se deve ao fato de que os empreendimentos solidaacuterios
apresentam peculiaridades quer sejam fiscais juriacutedicas contaacutebeis ou patrimoniais
por exemplo
Por estes motivos o estudo das cooperativas uma forma alternativa de
participaccedilatildeo na economia capitalista com accedilotildees coletivas para manutenccedilatildeo dos
postos de trabalho eacute importante A globalizaccedilatildeo um fenocircmeno que estaacute exercendo
um profundo impacto em todos os niacuteveis relacionados agrave produccedilatildeo ao trabalho e agrave
economia tambeacutem tem levado ao aumento do desemprego entre determinadas
camadas da populaccedilatildeo que apresentam certas particularidades As cooperativas
exercem um papel funcional no mercado incorporando uma parcela de trabalhadores
desempregados sendo o maior desafio das iniciativas solidaacuterias conciliar e
desenvolver os princiacutepios da solidariedade aliado com a sua manutenccedilatildeo no mercado
Para se manter a cooperativa tem que ser competitiva mas sem reproduzir e seguir
o modelo tradicional
Assim para que possa funcionar adequadamente eacute necessaacuterio conhecer suas
peculiaridades de funcionamento o que pode permitir uma melhor compreensatildeo
sobre as dificuldades encontradas por cooperativas solidaacuterias para se manterem e
desenvolverem em um mercado cada vez mais competitivo evitando seu abandono e
prejuiacutezos decorrentes deste fato Por este motivo conhecer como funciona o processo
cooperativo eacute fundamental para perpetuar a economia solidaacuteria
1 Introduccedilatildeo
Com o crescimento populacional e os avanccedilos tecnoloacutegicos que propiciam a
mecanizaccedilatildeo no ambiente industrial e de serviccedilos o desemprego apresenta-se como
uma variaacutevel presente na estrutura da organizaccedilatildeo laboral Discute-se como esta
nova realidade implica em uma diminuiccedilatildeo cada vez maior da qualidade de vida das
pessoas devido agraves intensas e constantes transformaccedilotildees do mercado de trabalho
onde o risco de ficar desempregado eacute cada vez mais evidente atraveacutes do
fechamento de empresas O desemprego constitui-se assim como um dos problemas
mais graves da sociedade sobretudo se for considerado por um lado as dificuldades
estruturais econocircmicas enfrentadas pelas famiacutelias e por outro a exclusatildeo social
Segundo dados da Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Brasil (OCB 2018a) a
necessidade em permanecer no mercado de trabalho vem contribuindo para que
pessoas e as empresas procurem novas formas de organizaccedilatildeo mantendo-se em um
mundo cada vez mais competitivo E por esta razatildeo ocorre um aumento contiacutenuo no
nuacutemero de cooperativas no Brasil
A OCB (2018a) cita ainda que no ano de 2018 existiam 6887 mil
cooperativas distribuiacutedas em 13 ramos de atividades Nos uacuteltimos anos ultrapassaram
o patamar de 142 milhotildees de cooperados e geraram 398 mil empregos diretos aleacutem
de representar 2007 do montante de produtos exportados com a agropecuaacuteria e
outras forccedilas produtivas participando das exportaccedilotildees de mineacuterios e calccedilados por
exemplo Os setores de serviccedilos de transporte e turismo tambeacutem de destacam em
relaccedilatildeo ao cooperativismo demonstrando a importacircncia deste movimento e indicando
que natildeo eacute importante apenas para as famiacutelias que dele dependem para sobreviver
mas tambeacutem para a economia da naccedilatildeo
2 Globalizaccedilatildeo
As conexotildees entre as configuraccedilotildees atuais do capitalismo globalizado e a
pobreza no mundo tecircm sido analisadas indicando que a globalizaccedilatildeo exerce
profundo impacto em todos os niacuteveis e aacutereas da produccedilatildeo do trabalho e da
economia colocando em destaque os mecanismos excludentes de mercados de
trabalho cada vez mais precarizados (CASTEL 1998) Este processo vem se
desenvolvendo haacute quase meio seacuteculo podendo ser caracterizado como uma
reestruturaccedilatildeo da divisatildeo do trabalho onde as estruturas produtivas e financeiras
estatildeo cada vez mais interligadas e interdependentes (SINGER SOUZA 2000)
Apesar de suas vantagens alguns impactos negativos podem apontar para
desvantagens que diversos atores sociais tecircm em relaccedilatildeo ao novo modelo que
passam pelo agravamento do desemprego transferecircncia da responsabilidade do
estado para a economia privada crescimento da vulnerabilidade dos paiacuteses frente
aos fluxos de capitais e concentraccedilatildeo de renda (SINGER 2001)
3 O Trabalho e sua Organizaccedilatildeo
O trabalho segundo Engels (1980 p7) eacute ldquoa condiccedilatildeo fundamental de toda a
vida humana e em tatildeo elevado grau que certo sentido se pode dizer foi o trabalho
que criou o proacuteprio homemrdquo Ele pode ser entendido como um passo do ser humano
para criar e recriar as condiccedilotildees necessaacuterias para sua sobrevivecircncia e reproduccedilatildeo e
entendido em seu sentido mais geneacuterico e abstrato como produtor de valores de uso
expressatildeo de uma relaccedilatildeo metaboacutelica entre o ser social e a natureza (ANTUNES
2009 p 139)
No capitalismo o homem foi transformado em parte da produccedilatildeo deixando
de ser o sujeito do trabalho para se tornar um objeto dele Para Antunes (1998
p123) [] o trabalho mostra-se como momento fundante de realizaccedilatildeo do ser
social condiccedilatildeo para a sua existecircncia Suas alteraccedilotildees estatildeo principalmente
relacionadas a reorganizaccedilatildeo da produccedilatildeo a flexibilizaccedilatildeo do trabalho e das leis
trabalhistas e ao desemprego (SINGER SOUZA 2000) Essas mudanccedilas estruturais
natildeo estatildeo conseguindo transformar as relaccedilotildees ligadas agraves modernizaccedilotildees
tecnoloacutegicas o que causa aumento das incertezas e instabilidades
Em uma revisita a histoacuteria do mundo do trabalho sabe-se que na sociedade
industrial do seacuteculo XX segundo Leite e Postuma (1996) o modelo taylorista-fordista
correspondeu a uma visatildeo determinada pela ampliaccedilatildeo dos mercados e aumento da
produccedilatildeo (produccedilatildeo em massa e capitalismo monopolista) que precisa manter um
ritmo de produccedilatildeo elevado e contiacutenuo para suprir o mercado
Esse processo pode ser entendido como uma forma de controle por parte
do Capital sobre os processos produtivos e operacionais nos quais o conhecimento
a habilidade e a experiecircncia eram essenciais por parte do trabalhador Eles eram
controlados pela gerecircncia atraveacutes dos estudos do tempo e movimento que eram
introduzidos alienando-os do processo total de produccedilatildeo (MORAES NETO 1991)
Essas estruturas tayloristas-fordistas das relaccedilotildees de produccedilatildeo tornaram-se criticadas
e combatidas e assim novas relaccedilotildees surgiram e se tornaram conhecidas As
dificuldades levaram a buscas de soluccedilotildees onde os patrotildees e empregados procuraram
novas relaccedilotildees para melhorar as condiccedilotildees de trabalho (PERROT 1985)
As transformaccedilotildees se intensificam na deacutecada de 1980 com a introduccedilatildeo de
inovaccedilotildees tecnoloacutegicas principalmente a automaccedilatildeo Mas eacute preciso notar que a
microeletrocircnica natildeo consiste apenas numa modificaccedilatildeo das teacutecnicas e dos modos de
operaccedilatildeo mas numa integraccedilatildeo maior do conjunto do processo produtivo que permite
uma reduccedilatildeo significativa do tempo de produccedilatildeo total das mercadorias (LEITE e
POSTUMA 1996 p 85)
Nos anos 1990 ocorreu o aprofundamento do desemprego e no fim do Seacuteculo
XX cerca de 12 bilhatildeo de pessoas ou 13 da forccedila de trabalho mundial estava em
situaccedilatildeo de trabalho precaacuterio ou de desemprego (ANTUNES 1998) Na tentativa de
encontrar alternativas para a questatildeo de desemprego ressurge o debate sobre do
papel das cooperativas
Ainda conforme Antunes (1998) em economias capitalistas o trabalho foi
estruturado de forma assalariado poreacutem em um mundo de constantes
transformaccedilotildees ressurgem novas configuraccedilotildees sociais e econocircmicas e entre elas o
trabalho cooperativo Natildeo que se tenha encontrado uma nova forma de organizaccedilatildeo
que supere os problemas mas sim formas organizativas que buscam a transformaccedilatildeo
social e que ainda estatildeo em processo de adaptaccedilatildeo
As cooperativas seriam como uma alternativa produtiva dentro de uma
economia capitalista com a estrutura organizacional se baseando em accedilotildees de
trabalho coletivas para manutenccedilatildeo dos postos de trabalho uma vez que incorpora
parcelas de trabalhadores desempregados e outros que querem ser donos de seu
proacuteprio trabalho o que acaba suprindo algumas lacunas sociais surgidas (ANTUNES
2009)
As cooperativas criadas autonomamente pelos trabalhadores tecircm um
sentido coletivo se opondo a estrutura tradicional de comeacutercio sendo por isso uma
tentativa de minimizaccedilatildeo dos problemas de luta e accedilatildeo contra o desemprego
estrutural ldquoO trabalho eacute o gerador de valor Reorganizaacute-lo no sentido de aumentar a
produtividade resulta num desses mecanismos de elevaccedilatildeo da extraccedilatildeo da mais valia
e portanto numa perspectiva de saiacuteda da criserdquo (DAL ROSSO 2011 p 8)
4 Cooperativismo
O homem natildeo consegue viver soacute e por isso vive em comunidade onde pode
estabelecer um sistema de cooperaccedilatildeo para atingir objetivos comuns O trabalho
coletivo sempre existiu seja quando os homens trabalhavam conjuntamente para
caccedilar e pescar ou na construccedilatildeo de habitaccedilotildees Nesses momentos o trabalho coletivo
servia como um instrumento social
O trabalho coletivo eacute pressuposto para o desenvolvimento do modelo produtivo
cooperativista Nesse sentido com o advento da Revoluccedilatildeo Industrial ocorreram
profundas modificaccedilotildees no pensamento econocircmico da eacutepoca que como
consequecircncia provocou reformas sociais e dentre elas o cooperativismo
Segundo Schneider (1981 p 32) ldquo O cooperativismo surgiu historicamente
como um sistema formal poreacutem simples de organizaccedilatildeo de grupos sociais com
objetivos e interesses comuns estando o seu funcionamento amparado basicamente
nos princiacutepios da ajuda muacutetua e do controle democraacutetico da organizaccedilatildeo pelos seus
membros Daiacute o caraacuteter sui-gecircneris desse tipo de organizaccedilatildeo da qual os associados
seriam ao mesmo tempo proprietaacuterios e usuaacuteriosrdquo
Com a consolidaccedilatildeo do capitalismo e a Revoluccedilatildeo Industrial e suas
consequecircncias sociais eou econocircmicas o sistema cooperativista comeccedila a criar
suas estruturas Inicialmente em 1844 consegue utilizar um conjunto de teorias para
sua organizaccedilatildeo social e econocircmica e no dia 24 de outubro um grupo de tecelotildees da
localidade de Rochdale Inglaterra fundam a primeira cooperativa denominada
Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale (SCHNEIDER 1981)
As organizaccedilotildees cooperativas segundo Alianccedila Cooperativa Internacional
(ACI 2002) buscam desenvolver princiacutepios diferentes dos utilizados na iniciativa
puacuteblica ou privada Satildeo princiacutepios desenvolvidos desde a primeira cooperativa que
podem ser assim classificados Adesatildeo livre Neutralidade poliacutetica religiosa e social
ldquoUm homemrdquo ldquoUm votordquo Retorno das sobras das operaccedilotildees Juros limitados ao
capital Desenvolvimento da educaccedilatildeo e Cooperaccedilatildeo intercooperativa Sempre
existiram pessoas com ideais de uma sociedade perfeita imaginando e lutando pela paz
ordem felicidade justiccedila e igualdade econocircmica preocupando-se com o bem
coletivo desejo que inflamou o surgimento dos fundamentos do cooperativismo
(Quadro 1)
Quadro 1 - Fundamentos inerentes ao cooperativismo (OCB 2018a)
Fundamentos Descriccedilatildeo
Liberdade
A democracia se concretiza atraveacutes da liberdade da possibilidade de participaccedilatildeo de escolha e decisatildeo sobre as accedilotildees da cooperativa
assegurando o seu sucesso
Igualdade
Direitos e deveres satildeo iguais para todos Natildeo possuem mais ou menos poder ou benefiacutecio independente do capital investido
Solidariedade A solidariedade eacute imprescindiacutevel onde a ajuda muacutetua permite desenvolver uma economia solidaacuteria e coletiva
Racionalidade O uso da tecnologia e da ciecircncia deve proporcionar emancipaccedilatildeo respeito e dignidade para os cooperados
Fonte Dados da pesquisa
Os princiacutepios do cooperativismo tecircm sua origem no estatuto Rochdale
incluindo-se as revisotildees de 1966 e 1995 feitas pela Alianccedila Cooperativa Internacional
(ACI 2002) Poreacutem a definiccedilatildeo e o modus operandi da sociedade cooperativa
subordinam-se agrave regecircncia da legislaccedilatildeo de cada paiacutes sendo
Princiacutepio da adesatildeo livre e voluntaacuteria satildeo organizaccedilotildees abertas a todos
que querem se associar ou deixar de ser soacutecios bem como usar seus serviccedilos sem
distinccedilatildeo de posiccedilatildeo social racial poliacutetica religiosa ou de gecircnero
Princiacutepio do controle democraacutetico pelos soacutecios satildeo organizaccedilotildees
democraacuteticas geridas pelos soacutecios que participam do planejamento e na tomada de
decisotildees um soacutecio um voto
Princiacutepio da participaccedilatildeo econocircmica dos soacutecios contribuem de forma
igualitaacuteria e controlam de forma democraacutetica a gestatildeo do capital Eles recebem juros
de forma limitada sobre o capital As sobras podem ser utilizadas no desenvolvimento
das cooperativas ou em forma de retorno aos soacutecios de acordo com suas transaccedilotildees
com as cooperativas
Princiacutepio da autonomia e independecircncia como organizaccedilotildees autocircnomas
devem ser controladas por seus membros que devem assegurar o controle
democraacutetico e sua autonomia mesmo quando houver acordo operacional com outras
entidades
Princiacutepio da educaccedilatildeo treinamento e informaccedilatildeo devem proporcionar
educaccedilatildeo e treinamento para os soacutecios para que haja desenvolvimento e crescimento
pessoal
Princiacutepio da cooperaccedilatildeo entre cooperativas devem fortalecer o movimento
cooperativo trabalhando sempre que possiacutevel juntas por meio de estruturas locais
regionais nacionais e internacionais e
Princiacutepio da preocupaccedilatildeo com a comunidade devem trabalhar pelo seu
desenvolvimento sustentaacutevel e de suas comunidades
Satildeo os princiacutepios que datildeo sentido social e democraacutetico a forma de
organizaccedilatildeo das cooperativas onde o capital eacute um instrumento de materializaccedilatildeo dos
objetivos propostos e natildeo um elemento determinante de sua constituiccedilatildeo
5 As Leis que Regem o Cooperativismo no Brasil
Diante de princiacutepios do cooperativismo as organizaccedilotildees cooperativas podem
optar por quaisquer ramos de trabalho e produccedilatildeo (OCB 2018a) No entanto tem que
se observar as regras estabelecidas por lei O primeiro decreto que faz menccedilatildeo ao
cooperativismo eacute o nordm 979 de 06 de janeiro de 1903 (BRASIL 1903) permitindo aos
sindicatos a organizaccedilatildeo de caixas rurais de creacutedito bem como cooperativas
agropecuaacuterias e de consumo
Ainda segundo a OCB (2018a) surgiram Leis e Decretos com a finalidade de
regulamentar a atividade cooperativa como o Decreto nordm 1637 de 05 de janeiro de
1907 (BRASIL 1907) onde haacute o reconhecimento por parte do Governo da utilidade
das cooperativas mas sem ainda tornar sua forma juriacutedica distinta de outras
organizaccedilotildees A Lei nordm 4948 de 21 de dezembro de 1925 (BRASIL 1925) bem como
o Decreto nordm 17339 de 02 de junho de 1926 (BRASIL 1926) fazem alusatildeo
especificamente das Caixas Rurais Raiffeisen e dos Bancos Populares Luzzatti Jaacute o
Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 (BRASIL 1932) apresenta as
caracteriacutesticas das cooperativas e consagra as postulaccedilotildees doutrinaacuterias do sistema
no entanto foi revogado em 1934 sendo restabelecido em 1938 Em 1943 foi
novamente revogado para ressurgir em 1945 permanecendo em vigor ateacute 1966
Apesar de todos os transtornos esta foi uma fase de liberdade para formaccedilatildeo e
funcionamento de cooperativas inclusive com incentivos fiscais
Em 1966 com a criaccedilatildeo do Decreto-Lei nordm 59 21 de novembro de 1966
(BRASIL 1966) e sua regulamentaccedilatildeo pelo Decreto nordm 60597 de 19 de abril de 1967
(BRASIL 1967) o cooperativismo foi submetido ao controle estatal vindo a perder
incentivos fiscais e liberdade jaacute adquiridas anteriormente Eles foram promulgados no
iniacutecio do regime militar e modernizaram as cooperativas atreladas ao capital que
eliminaram as pequenas cooperativas rurais organizando as cooperativas como
estruturas tecnoloacutegicas de comercializaccedilatildeo e de industrializaccedilatildeo viabilizadas pelo
capital financeiro Em 16 de dezembro de 1971 foi promulgada a Lei nordm 5764
(BRASIL 1971) ainda em vigor que define o regime juriacutedico das cooperativas sua
constituiccedilatildeo e funcionamento sistema de representaccedilatildeo e oacutergatildeos de apoio para tornar
o Sistema de Cooperativas do Brasil viaacutevel (OCB 2018a)
A Constituiccedilatildeo de 1988 no art 174 em seu paraacutegrafo 2 dispotildee que o governo
estimularia a criaccedilatildeo e o desenvolvimento de cooperativas e outras formas de
associativismo Pela Constituiccedilatildeo o Estado natildeo poderia interferir nas cooperativas e
nas organizaccedilotildees da sociedade civil como estaacute no artigo 5ordm em seu inciso XVIII ldquoA
criaccedilatildeo de associaccedilotildees e na forma da lei a de cooperativas independem de
autorizaccedilatildeo sendo vedada a interferecircncia estatal em seu funcionamentordquo (BRASIL
1988) Entretanto nem as modificaccedilotildees proporcionadas pela constituiccedilatildeo e pela lei
conseguiram gerar uma legislaccedilatildeo clara e moderna que permita a alavancagem da
maioria das cooperativas
6 Estrutura Organizacional de Cooperativas
De acordo com a Lei 576471 (BRASIL 1971 Art 3ordm Art 4ordm) as cooperativas
satildeo definidas como
Art 3deg - Celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas que
reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviccedilos para o exerciacutecio de
uma atividade econocircmica de proveito comum sem objetivo de lucro
Art 4deg - As cooperativas satildeo sociedades de pessoas com forma e natureza
juriacutedica proacuteprias de natureza civil natildeo sujeita a falecircncia constituiacutedas para prestar
serviccedilos aos associados
A cooperativa funciona como uma associaccedilatildeo autocircnoma democraacutetica e
coletiva de pessoas que se unem voluntariamente para satisfazer suas
necessidades Por lei eacute caracterizada como uma empresa social e por possuir
natureza juriacutedica proacutepria eacute diferente de outros tipos de sociedades mercantis e suas
peculiaridades podem ser melhor compreendidas atraveacutes de trecircs mecanismos
distintos que a compotildeem (ABREU 2013)
Associativismo O cooperativismo extraiu do associativismo as formas de
reunir as pessoas bem como o modelo de gestatildeo com bases democraacuteticas Os
cooperados satildeo proprietaacuterios e trabalhadores Eacute uma entidade sem fins lucrativos
que pratica o ato cooperativo onde o bem principal eacute a pessoa
Mutualismo Participaccedilatildeo econocircmica dos associados A contribuiccedilatildeo
pessoal passa a ser coletiva ficando agrave disposiccedilatildeo da cooperativa e como regra
geral deve existir o controle da administraccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo interna para
preservaccedilatildeo e desenvolvimento do patrimocircnio coletivo e
Empreendedorismo As cooperativas surgem da junccedilatildeo de pessoas que
visam o desenvolvimento da coletividade tendo sentido econocircmico e os
participantes devem ter conhecimento da aacuterea em que ela estaacute inserida
Haacute basicamente trecircs modelos cooperativistas (AMATO NETO RUFINO
2000)
Consumo destina-se a fornecer aos associados os gecircneros alimentiacutecios e
bens de utilidade pessoal e domeacutestica a preccedilos mais vantajosos do que as demais
empresas
Produccedilatildeo cooperativas operaacuterias de produccedilatildeo ou cooperativas de
trabalhadores destinam-se agrave organizaccedilatildeo autocircnoma dos trabalhadores na produccedilatildeo
de determinados bens e serviccedilos e
Creacutedito Apresentam diversos subtipos especiacuteficos devido as peculiaridades
das regiotildees com ecircxito maior para as organizaccedilotildees dos chamados bancos populares
Para regulamentar esse modelo de sociedade surgiu a Alianccedila Cooperativa
Internacional (ACI) um organismo que tem como funccedilatildeo baacutesica preservar e defender
os princiacutepios das cooperativistas No Brasil o oacutergatildeo maacuteximo de representaccedilatildeo do
cooperativismo a Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Brasil (OCB) eacute uma entidade
que congrega as Cooperativas brasileiras de todos os ramos Nos estados existem as
Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Estado (OCE) e segundo a OCB (2018a) essa
classificaccedilatildeo tem como objetivo organizar accedilotildees viabilizar a economia e conseguir a
competitividade no mercado tradicional
Com a as mudanccedilas de tecnologia e de gestatildeo do mercado seja em qual for
o ramo de atividade da empresa eacute imprescindiacutevel que as cooperativas demonstrem
eficaacutecia na gestatildeo administrativa para natildeo ficar em desvantagem em relaccedilatildeo agraves
demais empresas
O liacuteder cooperativista vem enfrentando modificaccedilotildees constantes no mercado
de trabalho devido principalmente aos avanccedilos tecnoloacutegicos Tradicionalmente o liacuteder
mais eficiente tinha que ser capaz de interpretar os desejos dos cooperados e
transformaacute-la em proposta O novo liacuteder tem que ser perspicaz para tomar a decisatildeo
de forma raacutepida para natildeo perder as oportunidades mas ao mesmo tempo sem ferir
os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo (BIALOSKORSKI NETO 2006)
O autor supracitado cita os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo na
conduccedilatildeo da lideranccedila Contudo natildeo se pode perder de vista que o cooperativismo
se constitui com a presenccedila do capitalismo em seu processo de desenvolvimento
sendo seu objetivo final como organizaccedilatildeo o capital
As cooperativas divergem das empresas mercantis apesar de ambas
concorrerem no mercado Segundo Zylbersztajn (1994) a essecircncia dos princiacutepios
cooperativos por vezes limita seu desenvolvimento O autor defende que elas devem
ser readequadas para que os empreendimentos possam competir em um mundo
globalizado e de constante transformaccedilotildees tecnoloacutegicas Ainda segundo o autor
alguns cuidados devem ser tomados para as cooperativas se manterem no mercado
e devido agrave concorrecircncia com as empresas mercantis a gestatildeo tem que ser cada vez
mais eficiente e enxuta havendo preocupaccedilatildeo com o ambiente e a profissionalizaccedilatildeo
das funccedilotildees
A gestatildeo nas empresas se realiza de diversas formas e na cooperativa a
autogestatildeo eacute uma dessas formas Para natildeo reproduzir a forma tradicional de gestatildeo
todos os envolvidos deveratildeo estar informados e compreenderem o processo
produtivo e de gestatildeo da cooperativa pois a ldquoa planificaccedilatildeo autogerida natildeo consiste
apenas em planejar diferentemente mas em planejar outra coisardquo e assim
mudanccedilas tem que ser implantadas (GUILLERM BOURDET 1975 p 36)
Na empresa tradicional Singer e Souza (2000 p 21) comentam que os
conhecimentos satildeo trazidos pelos teacutecnicos ou executivos e a competecircncia do negoacutecio
ldquo dependeraacute do processo de aprendizado que a operaccedilatildeo do novo empreendimento
oferece a todos os executivosrdquo Nas cooperativas esse conhecimento tem que ser
desenvolvido com accedilotildees implementadas para que todos colaborem para o
desenvolvimento e manutenccedilatildeo da empresa
Em cooperativas autogestionaacuterias a princiacutepio participam do processo de
gestatildeo e produccedilatildeo todos os associados sendo desnecessaacuteria qualquer figura de
controle e gerenciamento da produccedilatildeo na forma tradicional Ela passa a se
autorregular e deixam de existir os conflitos entre os trabalhadores e o proprietaacuterio As
informaccedilotildees e experiecircncias satildeo compartilhadas e natildeo existe concentraccedilatildeo de
informaccedilatildeo e sim democratizaccedilatildeo do conhecimento
Talvez o maior desafio das cooperativas seja conciliar e desenvolver os
princiacutepios da solidariedade aliado com a sua manutenccedilatildeo no mercado Para se
manter no mercado tem que ser competitiva mas sem reproduzir e seguir o modelo
tradicional Nas cooperativas a rotatividade funcional eacute uma estrateacutegia
implementada para a superaccedilatildeo da hierarquia entre trabalho intelectual e braccedilal e
alcanccedilar para os soacutecios-trabalhadores um conhecimento global do processo
produtivo (PEDRINI 2000 p 37)
O rodiacutezio tem sido utilizado nas cooperativas autogestionaacuterias para que os
cooperados percebam o seu valor nas atividades de gestatildeo e participem ativamente
do processo em todas as aacutereas do empreendimento Para que isso ocorra eacute
fundamental que os indiviacuteduos adquiram novos haacutebitos padrotildees e valores
respeitando novas interaccedilotildees sociais culturais e individuais existente em um grupo
que atua solidariamente (OLIVEIRA 2001) As mudanccedilas de comportamento fazem
com que passem a ter consciecircncia de pertencer a um grupo e de ser responsaacutevel por
ele e quando praticam a autogestatildeo para administrar sua cooperativa se sentem
valorizados (RUFINO 2000)
7 Cooperativa de Produccedilatildeo
A cooperativa do ldquoramo de produccedilatildeo aleacutem de transformar trabalhadores em
empreendedores unem o capital (posse dos bens de produccedilatildeo) agrave matildeo de obrardquo
Nessas cooperativas o dono produz e eacute o dono do negoacutecio Assim como em outros
ramos natildeo haacute a busca do lucro ldquomas a melhoria da qualidade do trabalho e a
remuneraccedilatildeo de todosrdquo (OCB 2018a)
De acordo com Singer (2002) na modalidade baacutesica da economia solidaacuteria
suas relaccedilotildees sociais de produccedilatildeo se caracterizam por negar o princiacutepio baacutesico
do capitalismo isto eacute a separaccedilatildeo entre o capital e a posse dos meios de
produccedilatildeo Nesta cooperativa a propriedade dos meios de produccedilatildeo eacute daqueles
que nela trabalham e natildeo haacute proprietaacuterios que natildeo trabalhem na empresa e todos
tecircm o mesmo poder de decisatildeo sobre a empresa solidaacuteria A administraccedilatildeo eacute
feita por soacutecios eleitos para esta funccedilatildeo e que se pautam em decisotildees aprovadas
em assembleias gerais ou por conselhos de delegados eleitos por todos os
soacutecios A finalidade de uma cooperativa de produccedilatildeo natildeo eacute maximizar lucros
mas a quantidade e qualidade de trabalho O excedente anual (chamado
sobras nas cooperativas) tem a destinaccedilatildeo decidida pelos trabalhadores O
capital natildeo eacute remunerado e portanto natildeo haacute lucro e o proacuteprios trabalhadores
(proprietaacuterios) decidem os rumos da cooperativa
O cooperativismo como uma alternativa organizacional pode contribuir para
sanar as limitaccedilotildees de um desenvolvimento calcado em um sistema econocircmico e de
produccedilatildeo capitalista Contudo eacute preciso estar ciente que as organizaccedilotildees
cooperativas concorrem em um mercado competitivo necessitando manter-se com
qualidade de produccedilatildeo e competitiva frente ao mercado
8 Cooperativa de Trabalho
Para OCB (2018b p1) o ldquocooperativismo de trabalho eacute o caminho para
profissionais de perfil empreendedor e colaborativo Especialmente quando percebem
que se unindo a outros profissionais da mesma categoria eles seratildeo muito mais
fortesrdquo Comenta ainda que ldquoesse eacute um ramo bastante abrangente jaacute que as
cooperativas podem atuar em todos os segmentos de atividades econocircmicas
reunindo profissionais para melhorar a remuneraccedilatildeo e as condiccedilotildees de trabalhordquo
Segundo Arauacutejo e Moreira (2001 p79) ldquoas cooperativas de trabalho nascem
do desejo de associaccedilatildeo de um grupo de pessoas em viabilizar uma atividade
produtiva e com isso garantir sua sobrevivecircnciardquo destacando-se pela sua importacircncia
em facilitar o acesso econocircmico e a participaccedilatildeo do mercado
Poreacutem eacute sempre necessaacuterio lembrar que o sucesso de uma cooperativa deve
estar relacionado aos anseios de consumidor Caso contraacuterio a cooperativa natildeo iraacute
prosperar Pereira (2001) comenta que as cooperativas satildeo alternativas para as
pessoas que natildeo possuem emprego assalariado e podem representar uma opccedilatildeo ao
desemprego para os trabalhadores podendo ateacute contribuir para incrementar o niacutevel
geral de emprego Elas surgem como um lugar de promoccedilatildeo do trabalhador com
responsabilidade em todo o processo diferente da empresa privada onde existe os
benefiacutecios de uma atividade sem responsabilidade de sua manutenccedilatildeo da
organizaccedilatildeo no mercado tendo em vista que natildeo eacute ele que toma as decisotildees
Para Furquim (2001 p 23) o cooperativismo ldquoeacute o instrumento mais perfeito
de organizaccedilatildeo da sociedade por ser um sistema de organizaccedilatildeo social e econocircmico
cujo objetivo natildeo eacute o conjunto de pessoas mas o indiviacuteduo atraveacutes do conjunto das
pessoasrdquo uma forma organizativa alternativa uma vez que oferece benefiacutecios agravequeles
que optam pelo trabalho cooperativo
9 Consideraccedilotildees Finais
O conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo eacute
primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas
pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de
inclusatildeo social que permite aos associados concorrer no mercado com as grandes
corporaccedilotildees trazendo benefiacutecios para toda a coletividade envolvida
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ISBN 978-65-00-11344-0thinsp
1 Economia Solidaacuteria 2 Cooperativas Solidaacuterias 3 Organizaccedilatildeo do Trabalho I Mantovani Vanderleia Salete II Oliveira Ademir Kleber Morbeck de V Tiacutetulo
CDD 338
Sumaacuterio
Resumo 03
Apresentaccedilatildeo 04
Introduccedilatildeo 05
Globalizaccedilatildeo 06
O Trabalho e sua Organizaccedilatildeo 07
Cooperativismo 09
As Leis que Regem o Cooperativismo no Brasil 11
Estrutura Organizacional de Cooperativas 13
Cooperativa de Produccedilatildeo 17
Cooperativa de Trabalho 18
Consideraccedilotildees Finais 19
Referecircncias 20
RESUMO O cooperativismo eacute construiacutedo por organizaccedilotildees que se constituem com trabalho coletivo gestatildeo democraacutetica desenvolvimento do conhecimento e informaccedilotildees conhecimento do processo produtivo relaccedilotildees sociais e econocircmicas essenciais nesse contexto Assim entendem-se que os objetivos sociais econocircmicos aspectos fiscais juriacutedicos contaacutebeis e patrimoniais necessitam de soluccedilotildees inovadoras e novas teacutecnicas gerenciais de organizaccedilatildeo e produccedilatildeo uma vez que essas cooperativas praticam a autogestatildeo O mundo estaacute passando por profundas transformaccedilotildees em um pequeno espaccedilo de tempo relacionadas agrave globalizaccedilatildeo e tecnologia que mudaram as estruturas sociais poliacuteticas e econocircmicas de diversas naccedilotildees Nesse contexto de mudanccedilas uma atividade eacute o trabalho base da evoluccedilatildeo humana que propicia acesso agrave vida social aos bens materiais e imateriais Dessa forma os cooperados sentem-se importantes e produtivos em seu meio social Estudar o mundo do trabalho neste contexto faz parte da construccedilatildeo do conhecimento para entender as transformaccedilotildees que ocorrem nesta situaccedilatildeo Assim o conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo se torna primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de inclusatildeo social onde os associados formam uma organizaccedilatildeo para concorrer no mercado com as grandes corporaccedilotildees Palavras-chave Cooperativismo Autogestatildeo Cooperativa Inclusatildeo Social
APRESENTACcedilAtildeO
A organizaccedilatildeo do trabalho como a gestatildeo coletiva e democraacutetica o
desenvolvimento do conhecimento e das informaccedilotildees o processo produtivo e as
novas relaccedilotildees sociais e econocircmicas geradas a partir dessas mudanccedilas satildeo
imprescindiacuteveis para a entender a Economia Solidaacuteria na qual os empreendimentos
devem aliar sustentaccedilatildeo econocircmica e envolvimento social Novas soluccedilotildees teacutecnicas
gerenciais organizativas e produtivas satildeo necessaacuterias para os empreendimentos com
base na autogestatildeo e isso se deve ao fato de que os empreendimentos solidaacuterios
apresentam peculiaridades quer sejam fiscais juriacutedicas contaacutebeis ou patrimoniais
por exemplo
Por estes motivos o estudo das cooperativas uma forma alternativa de
participaccedilatildeo na economia capitalista com accedilotildees coletivas para manutenccedilatildeo dos
postos de trabalho eacute importante A globalizaccedilatildeo um fenocircmeno que estaacute exercendo
um profundo impacto em todos os niacuteveis relacionados agrave produccedilatildeo ao trabalho e agrave
economia tambeacutem tem levado ao aumento do desemprego entre determinadas
camadas da populaccedilatildeo que apresentam certas particularidades As cooperativas
exercem um papel funcional no mercado incorporando uma parcela de trabalhadores
desempregados sendo o maior desafio das iniciativas solidaacuterias conciliar e
desenvolver os princiacutepios da solidariedade aliado com a sua manutenccedilatildeo no mercado
Para se manter a cooperativa tem que ser competitiva mas sem reproduzir e seguir
o modelo tradicional
Assim para que possa funcionar adequadamente eacute necessaacuterio conhecer suas
peculiaridades de funcionamento o que pode permitir uma melhor compreensatildeo
sobre as dificuldades encontradas por cooperativas solidaacuterias para se manterem e
desenvolverem em um mercado cada vez mais competitivo evitando seu abandono e
prejuiacutezos decorrentes deste fato Por este motivo conhecer como funciona o processo
cooperativo eacute fundamental para perpetuar a economia solidaacuteria
1 Introduccedilatildeo
Com o crescimento populacional e os avanccedilos tecnoloacutegicos que propiciam a
mecanizaccedilatildeo no ambiente industrial e de serviccedilos o desemprego apresenta-se como
uma variaacutevel presente na estrutura da organizaccedilatildeo laboral Discute-se como esta
nova realidade implica em uma diminuiccedilatildeo cada vez maior da qualidade de vida das
pessoas devido agraves intensas e constantes transformaccedilotildees do mercado de trabalho
onde o risco de ficar desempregado eacute cada vez mais evidente atraveacutes do
fechamento de empresas O desemprego constitui-se assim como um dos problemas
mais graves da sociedade sobretudo se for considerado por um lado as dificuldades
estruturais econocircmicas enfrentadas pelas famiacutelias e por outro a exclusatildeo social
Segundo dados da Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Brasil (OCB 2018a) a
necessidade em permanecer no mercado de trabalho vem contribuindo para que
pessoas e as empresas procurem novas formas de organizaccedilatildeo mantendo-se em um
mundo cada vez mais competitivo E por esta razatildeo ocorre um aumento contiacutenuo no
nuacutemero de cooperativas no Brasil
A OCB (2018a) cita ainda que no ano de 2018 existiam 6887 mil
cooperativas distribuiacutedas em 13 ramos de atividades Nos uacuteltimos anos ultrapassaram
o patamar de 142 milhotildees de cooperados e geraram 398 mil empregos diretos aleacutem
de representar 2007 do montante de produtos exportados com a agropecuaacuteria e
outras forccedilas produtivas participando das exportaccedilotildees de mineacuterios e calccedilados por
exemplo Os setores de serviccedilos de transporte e turismo tambeacutem de destacam em
relaccedilatildeo ao cooperativismo demonstrando a importacircncia deste movimento e indicando
que natildeo eacute importante apenas para as famiacutelias que dele dependem para sobreviver
mas tambeacutem para a economia da naccedilatildeo
2 Globalizaccedilatildeo
As conexotildees entre as configuraccedilotildees atuais do capitalismo globalizado e a
pobreza no mundo tecircm sido analisadas indicando que a globalizaccedilatildeo exerce
profundo impacto em todos os niacuteveis e aacutereas da produccedilatildeo do trabalho e da
economia colocando em destaque os mecanismos excludentes de mercados de
trabalho cada vez mais precarizados (CASTEL 1998) Este processo vem se
desenvolvendo haacute quase meio seacuteculo podendo ser caracterizado como uma
reestruturaccedilatildeo da divisatildeo do trabalho onde as estruturas produtivas e financeiras
estatildeo cada vez mais interligadas e interdependentes (SINGER SOUZA 2000)
Apesar de suas vantagens alguns impactos negativos podem apontar para
desvantagens que diversos atores sociais tecircm em relaccedilatildeo ao novo modelo que
passam pelo agravamento do desemprego transferecircncia da responsabilidade do
estado para a economia privada crescimento da vulnerabilidade dos paiacuteses frente
aos fluxos de capitais e concentraccedilatildeo de renda (SINGER 2001)
3 O Trabalho e sua Organizaccedilatildeo
O trabalho segundo Engels (1980 p7) eacute ldquoa condiccedilatildeo fundamental de toda a
vida humana e em tatildeo elevado grau que certo sentido se pode dizer foi o trabalho
que criou o proacuteprio homemrdquo Ele pode ser entendido como um passo do ser humano
para criar e recriar as condiccedilotildees necessaacuterias para sua sobrevivecircncia e reproduccedilatildeo e
entendido em seu sentido mais geneacuterico e abstrato como produtor de valores de uso
expressatildeo de uma relaccedilatildeo metaboacutelica entre o ser social e a natureza (ANTUNES
2009 p 139)
No capitalismo o homem foi transformado em parte da produccedilatildeo deixando
de ser o sujeito do trabalho para se tornar um objeto dele Para Antunes (1998
p123) [] o trabalho mostra-se como momento fundante de realizaccedilatildeo do ser
social condiccedilatildeo para a sua existecircncia Suas alteraccedilotildees estatildeo principalmente
relacionadas a reorganizaccedilatildeo da produccedilatildeo a flexibilizaccedilatildeo do trabalho e das leis
trabalhistas e ao desemprego (SINGER SOUZA 2000) Essas mudanccedilas estruturais
natildeo estatildeo conseguindo transformar as relaccedilotildees ligadas agraves modernizaccedilotildees
tecnoloacutegicas o que causa aumento das incertezas e instabilidades
Em uma revisita a histoacuteria do mundo do trabalho sabe-se que na sociedade
industrial do seacuteculo XX segundo Leite e Postuma (1996) o modelo taylorista-fordista
correspondeu a uma visatildeo determinada pela ampliaccedilatildeo dos mercados e aumento da
produccedilatildeo (produccedilatildeo em massa e capitalismo monopolista) que precisa manter um
ritmo de produccedilatildeo elevado e contiacutenuo para suprir o mercado
Esse processo pode ser entendido como uma forma de controle por parte
do Capital sobre os processos produtivos e operacionais nos quais o conhecimento
a habilidade e a experiecircncia eram essenciais por parte do trabalhador Eles eram
controlados pela gerecircncia atraveacutes dos estudos do tempo e movimento que eram
introduzidos alienando-os do processo total de produccedilatildeo (MORAES NETO 1991)
Essas estruturas tayloristas-fordistas das relaccedilotildees de produccedilatildeo tornaram-se criticadas
e combatidas e assim novas relaccedilotildees surgiram e se tornaram conhecidas As
dificuldades levaram a buscas de soluccedilotildees onde os patrotildees e empregados procuraram
novas relaccedilotildees para melhorar as condiccedilotildees de trabalho (PERROT 1985)
As transformaccedilotildees se intensificam na deacutecada de 1980 com a introduccedilatildeo de
inovaccedilotildees tecnoloacutegicas principalmente a automaccedilatildeo Mas eacute preciso notar que a
microeletrocircnica natildeo consiste apenas numa modificaccedilatildeo das teacutecnicas e dos modos de
operaccedilatildeo mas numa integraccedilatildeo maior do conjunto do processo produtivo que permite
uma reduccedilatildeo significativa do tempo de produccedilatildeo total das mercadorias (LEITE e
POSTUMA 1996 p 85)
Nos anos 1990 ocorreu o aprofundamento do desemprego e no fim do Seacuteculo
XX cerca de 12 bilhatildeo de pessoas ou 13 da forccedila de trabalho mundial estava em
situaccedilatildeo de trabalho precaacuterio ou de desemprego (ANTUNES 1998) Na tentativa de
encontrar alternativas para a questatildeo de desemprego ressurge o debate sobre do
papel das cooperativas
Ainda conforme Antunes (1998) em economias capitalistas o trabalho foi
estruturado de forma assalariado poreacutem em um mundo de constantes
transformaccedilotildees ressurgem novas configuraccedilotildees sociais e econocircmicas e entre elas o
trabalho cooperativo Natildeo que se tenha encontrado uma nova forma de organizaccedilatildeo
que supere os problemas mas sim formas organizativas que buscam a transformaccedilatildeo
social e que ainda estatildeo em processo de adaptaccedilatildeo
As cooperativas seriam como uma alternativa produtiva dentro de uma
economia capitalista com a estrutura organizacional se baseando em accedilotildees de
trabalho coletivas para manutenccedilatildeo dos postos de trabalho uma vez que incorpora
parcelas de trabalhadores desempregados e outros que querem ser donos de seu
proacuteprio trabalho o que acaba suprindo algumas lacunas sociais surgidas (ANTUNES
2009)
As cooperativas criadas autonomamente pelos trabalhadores tecircm um
sentido coletivo se opondo a estrutura tradicional de comeacutercio sendo por isso uma
tentativa de minimizaccedilatildeo dos problemas de luta e accedilatildeo contra o desemprego
estrutural ldquoO trabalho eacute o gerador de valor Reorganizaacute-lo no sentido de aumentar a
produtividade resulta num desses mecanismos de elevaccedilatildeo da extraccedilatildeo da mais valia
e portanto numa perspectiva de saiacuteda da criserdquo (DAL ROSSO 2011 p 8)
4 Cooperativismo
O homem natildeo consegue viver soacute e por isso vive em comunidade onde pode
estabelecer um sistema de cooperaccedilatildeo para atingir objetivos comuns O trabalho
coletivo sempre existiu seja quando os homens trabalhavam conjuntamente para
caccedilar e pescar ou na construccedilatildeo de habitaccedilotildees Nesses momentos o trabalho coletivo
servia como um instrumento social
O trabalho coletivo eacute pressuposto para o desenvolvimento do modelo produtivo
cooperativista Nesse sentido com o advento da Revoluccedilatildeo Industrial ocorreram
profundas modificaccedilotildees no pensamento econocircmico da eacutepoca que como
consequecircncia provocou reformas sociais e dentre elas o cooperativismo
Segundo Schneider (1981 p 32) ldquo O cooperativismo surgiu historicamente
como um sistema formal poreacutem simples de organizaccedilatildeo de grupos sociais com
objetivos e interesses comuns estando o seu funcionamento amparado basicamente
nos princiacutepios da ajuda muacutetua e do controle democraacutetico da organizaccedilatildeo pelos seus
membros Daiacute o caraacuteter sui-gecircneris desse tipo de organizaccedilatildeo da qual os associados
seriam ao mesmo tempo proprietaacuterios e usuaacuteriosrdquo
Com a consolidaccedilatildeo do capitalismo e a Revoluccedilatildeo Industrial e suas
consequecircncias sociais eou econocircmicas o sistema cooperativista comeccedila a criar
suas estruturas Inicialmente em 1844 consegue utilizar um conjunto de teorias para
sua organizaccedilatildeo social e econocircmica e no dia 24 de outubro um grupo de tecelotildees da
localidade de Rochdale Inglaterra fundam a primeira cooperativa denominada
Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale (SCHNEIDER 1981)
As organizaccedilotildees cooperativas segundo Alianccedila Cooperativa Internacional
(ACI 2002) buscam desenvolver princiacutepios diferentes dos utilizados na iniciativa
puacuteblica ou privada Satildeo princiacutepios desenvolvidos desde a primeira cooperativa que
podem ser assim classificados Adesatildeo livre Neutralidade poliacutetica religiosa e social
ldquoUm homemrdquo ldquoUm votordquo Retorno das sobras das operaccedilotildees Juros limitados ao
capital Desenvolvimento da educaccedilatildeo e Cooperaccedilatildeo intercooperativa Sempre
existiram pessoas com ideais de uma sociedade perfeita imaginando e lutando pela paz
ordem felicidade justiccedila e igualdade econocircmica preocupando-se com o bem
coletivo desejo que inflamou o surgimento dos fundamentos do cooperativismo
(Quadro 1)
Quadro 1 - Fundamentos inerentes ao cooperativismo (OCB 2018a)
Fundamentos Descriccedilatildeo
Liberdade
A democracia se concretiza atraveacutes da liberdade da possibilidade de participaccedilatildeo de escolha e decisatildeo sobre as accedilotildees da cooperativa
assegurando o seu sucesso
Igualdade
Direitos e deveres satildeo iguais para todos Natildeo possuem mais ou menos poder ou benefiacutecio independente do capital investido
Solidariedade A solidariedade eacute imprescindiacutevel onde a ajuda muacutetua permite desenvolver uma economia solidaacuteria e coletiva
Racionalidade O uso da tecnologia e da ciecircncia deve proporcionar emancipaccedilatildeo respeito e dignidade para os cooperados
Fonte Dados da pesquisa
Os princiacutepios do cooperativismo tecircm sua origem no estatuto Rochdale
incluindo-se as revisotildees de 1966 e 1995 feitas pela Alianccedila Cooperativa Internacional
(ACI 2002) Poreacutem a definiccedilatildeo e o modus operandi da sociedade cooperativa
subordinam-se agrave regecircncia da legislaccedilatildeo de cada paiacutes sendo
Princiacutepio da adesatildeo livre e voluntaacuteria satildeo organizaccedilotildees abertas a todos
que querem se associar ou deixar de ser soacutecios bem como usar seus serviccedilos sem
distinccedilatildeo de posiccedilatildeo social racial poliacutetica religiosa ou de gecircnero
Princiacutepio do controle democraacutetico pelos soacutecios satildeo organizaccedilotildees
democraacuteticas geridas pelos soacutecios que participam do planejamento e na tomada de
decisotildees um soacutecio um voto
Princiacutepio da participaccedilatildeo econocircmica dos soacutecios contribuem de forma
igualitaacuteria e controlam de forma democraacutetica a gestatildeo do capital Eles recebem juros
de forma limitada sobre o capital As sobras podem ser utilizadas no desenvolvimento
das cooperativas ou em forma de retorno aos soacutecios de acordo com suas transaccedilotildees
com as cooperativas
Princiacutepio da autonomia e independecircncia como organizaccedilotildees autocircnomas
devem ser controladas por seus membros que devem assegurar o controle
democraacutetico e sua autonomia mesmo quando houver acordo operacional com outras
entidades
Princiacutepio da educaccedilatildeo treinamento e informaccedilatildeo devem proporcionar
educaccedilatildeo e treinamento para os soacutecios para que haja desenvolvimento e crescimento
pessoal
Princiacutepio da cooperaccedilatildeo entre cooperativas devem fortalecer o movimento
cooperativo trabalhando sempre que possiacutevel juntas por meio de estruturas locais
regionais nacionais e internacionais e
Princiacutepio da preocupaccedilatildeo com a comunidade devem trabalhar pelo seu
desenvolvimento sustentaacutevel e de suas comunidades
Satildeo os princiacutepios que datildeo sentido social e democraacutetico a forma de
organizaccedilatildeo das cooperativas onde o capital eacute um instrumento de materializaccedilatildeo dos
objetivos propostos e natildeo um elemento determinante de sua constituiccedilatildeo
5 As Leis que Regem o Cooperativismo no Brasil
Diante de princiacutepios do cooperativismo as organizaccedilotildees cooperativas podem
optar por quaisquer ramos de trabalho e produccedilatildeo (OCB 2018a) No entanto tem que
se observar as regras estabelecidas por lei O primeiro decreto que faz menccedilatildeo ao
cooperativismo eacute o nordm 979 de 06 de janeiro de 1903 (BRASIL 1903) permitindo aos
sindicatos a organizaccedilatildeo de caixas rurais de creacutedito bem como cooperativas
agropecuaacuterias e de consumo
Ainda segundo a OCB (2018a) surgiram Leis e Decretos com a finalidade de
regulamentar a atividade cooperativa como o Decreto nordm 1637 de 05 de janeiro de
1907 (BRASIL 1907) onde haacute o reconhecimento por parte do Governo da utilidade
das cooperativas mas sem ainda tornar sua forma juriacutedica distinta de outras
organizaccedilotildees A Lei nordm 4948 de 21 de dezembro de 1925 (BRASIL 1925) bem como
o Decreto nordm 17339 de 02 de junho de 1926 (BRASIL 1926) fazem alusatildeo
especificamente das Caixas Rurais Raiffeisen e dos Bancos Populares Luzzatti Jaacute o
Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 (BRASIL 1932) apresenta as
caracteriacutesticas das cooperativas e consagra as postulaccedilotildees doutrinaacuterias do sistema
no entanto foi revogado em 1934 sendo restabelecido em 1938 Em 1943 foi
novamente revogado para ressurgir em 1945 permanecendo em vigor ateacute 1966
Apesar de todos os transtornos esta foi uma fase de liberdade para formaccedilatildeo e
funcionamento de cooperativas inclusive com incentivos fiscais
Em 1966 com a criaccedilatildeo do Decreto-Lei nordm 59 21 de novembro de 1966
(BRASIL 1966) e sua regulamentaccedilatildeo pelo Decreto nordm 60597 de 19 de abril de 1967
(BRASIL 1967) o cooperativismo foi submetido ao controle estatal vindo a perder
incentivos fiscais e liberdade jaacute adquiridas anteriormente Eles foram promulgados no
iniacutecio do regime militar e modernizaram as cooperativas atreladas ao capital que
eliminaram as pequenas cooperativas rurais organizando as cooperativas como
estruturas tecnoloacutegicas de comercializaccedilatildeo e de industrializaccedilatildeo viabilizadas pelo
capital financeiro Em 16 de dezembro de 1971 foi promulgada a Lei nordm 5764
(BRASIL 1971) ainda em vigor que define o regime juriacutedico das cooperativas sua
constituiccedilatildeo e funcionamento sistema de representaccedilatildeo e oacutergatildeos de apoio para tornar
o Sistema de Cooperativas do Brasil viaacutevel (OCB 2018a)
A Constituiccedilatildeo de 1988 no art 174 em seu paraacutegrafo 2 dispotildee que o governo
estimularia a criaccedilatildeo e o desenvolvimento de cooperativas e outras formas de
associativismo Pela Constituiccedilatildeo o Estado natildeo poderia interferir nas cooperativas e
nas organizaccedilotildees da sociedade civil como estaacute no artigo 5ordm em seu inciso XVIII ldquoA
criaccedilatildeo de associaccedilotildees e na forma da lei a de cooperativas independem de
autorizaccedilatildeo sendo vedada a interferecircncia estatal em seu funcionamentordquo (BRASIL
1988) Entretanto nem as modificaccedilotildees proporcionadas pela constituiccedilatildeo e pela lei
conseguiram gerar uma legislaccedilatildeo clara e moderna que permita a alavancagem da
maioria das cooperativas
6 Estrutura Organizacional de Cooperativas
De acordo com a Lei 576471 (BRASIL 1971 Art 3ordm Art 4ordm) as cooperativas
satildeo definidas como
Art 3deg - Celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas que
reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviccedilos para o exerciacutecio de
uma atividade econocircmica de proveito comum sem objetivo de lucro
Art 4deg - As cooperativas satildeo sociedades de pessoas com forma e natureza
juriacutedica proacuteprias de natureza civil natildeo sujeita a falecircncia constituiacutedas para prestar
serviccedilos aos associados
A cooperativa funciona como uma associaccedilatildeo autocircnoma democraacutetica e
coletiva de pessoas que se unem voluntariamente para satisfazer suas
necessidades Por lei eacute caracterizada como uma empresa social e por possuir
natureza juriacutedica proacutepria eacute diferente de outros tipos de sociedades mercantis e suas
peculiaridades podem ser melhor compreendidas atraveacutes de trecircs mecanismos
distintos que a compotildeem (ABREU 2013)
Associativismo O cooperativismo extraiu do associativismo as formas de
reunir as pessoas bem como o modelo de gestatildeo com bases democraacuteticas Os
cooperados satildeo proprietaacuterios e trabalhadores Eacute uma entidade sem fins lucrativos
que pratica o ato cooperativo onde o bem principal eacute a pessoa
Mutualismo Participaccedilatildeo econocircmica dos associados A contribuiccedilatildeo
pessoal passa a ser coletiva ficando agrave disposiccedilatildeo da cooperativa e como regra
geral deve existir o controle da administraccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo interna para
preservaccedilatildeo e desenvolvimento do patrimocircnio coletivo e
Empreendedorismo As cooperativas surgem da junccedilatildeo de pessoas que
visam o desenvolvimento da coletividade tendo sentido econocircmico e os
participantes devem ter conhecimento da aacuterea em que ela estaacute inserida
Haacute basicamente trecircs modelos cooperativistas (AMATO NETO RUFINO
2000)
Consumo destina-se a fornecer aos associados os gecircneros alimentiacutecios e
bens de utilidade pessoal e domeacutestica a preccedilos mais vantajosos do que as demais
empresas
Produccedilatildeo cooperativas operaacuterias de produccedilatildeo ou cooperativas de
trabalhadores destinam-se agrave organizaccedilatildeo autocircnoma dos trabalhadores na produccedilatildeo
de determinados bens e serviccedilos e
Creacutedito Apresentam diversos subtipos especiacuteficos devido as peculiaridades
das regiotildees com ecircxito maior para as organizaccedilotildees dos chamados bancos populares
Para regulamentar esse modelo de sociedade surgiu a Alianccedila Cooperativa
Internacional (ACI) um organismo que tem como funccedilatildeo baacutesica preservar e defender
os princiacutepios das cooperativistas No Brasil o oacutergatildeo maacuteximo de representaccedilatildeo do
cooperativismo a Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Brasil (OCB) eacute uma entidade
que congrega as Cooperativas brasileiras de todos os ramos Nos estados existem as
Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Estado (OCE) e segundo a OCB (2018a) essa
classificaccedilatildeo tem como objetivo organizar accedilotildees viabilizar a economia e conseguir a
competitividade no mercado tradicional
Com a as mudanccedilas de tecnologia e de gestatildeo do mercado seja em qual for
o ramo de atividade da empresa eacute imprescindiacutevel que as cooperativas demonstrem
eficaacutecia na gestatildeo administrativa para natildeo ficar em desvantagem em relaccedilatildeo agraves
demais empresas
O liacuteder cooperativista vem enfrentando modificaccedilotildees constantes no mercado
de trabalho devido principalmente aos avanccedilos tecnoloacutegicos Tradicionalmente o liacuteder
mais eficiente tinha que ser capaz de interpretar os desejos dos cooperados e
transformaacute-la em proposta O novo liacuteder tem que ser perspicaz para tomar a decisatildeo
de forma raacutepida para natildeo perder as oportunidades mas ao mesmo tempo sem ferir
os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo (BIALOSKORSKI NETO 2006)
O autor supracitado cita os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo na
conduccedilatildeo da lideranccedila Contudo natildeo se pode perder de vista que o cooperativismo
se constitui com a presenccedila do capitalismo em seu processo de desenvolvimento
sendo seu objetivo final como organizaccedilatildeo o capital
As cooperativas divergem das empresas mercantis apesar de ambas
concorrerem no mercado Segundo Zylbersztajn (1994) a essecircncia dos princiacutepios
cooperativos por vezes limita seu desenvolvimento O autor defende que elas devem
ser readequadas para que os empreendimentos possam competir em um mundo
globalizado e de constante transformaccedilotildees tecnoloacutegicas Ainda segundo o autor
alguns cuidados devem ser tomados para as cooperativas se manterem no mercado
e devido agrave concorrecircncia com as empresas mercantis a gestatildeo tem que ser cada vez
mais eficiente e enxuta havendo preocupaccedilatildeo com o ambiente e a profissionalizaccedilatildeo
das funccedilotildees
A gestatildeo nas empresas se realiza de diversas formas e na cooperativa a
autogestatildeo eacute uma dessas formas Para natildeo reproduzir a forma tradicional de gestatildeo
todos os envolvidos deveratildeo estar informados e compreenderem o processo
produtivo e de gestatildeo da cooperativa pois a ldquoa planificaccedilatildeo autogerida natildeo consiste
apenas em planejar diferentemente mas em planejar outra coisardquo e assim
mudanccedilas tem que ser implantadas (GUILLERM BOURDET 1975 p 36)
Na empresa tradicional Singer e Souza (2000 p 21) comentam que os
conhecimentos satildeo trazidos pelos teacutecnicos ou executivos e a competecircncia do negoacutecio
ldquo dependeraacute do processo de aprendizado que a operaccedilatildeo do novo empreendimento
oferece a todos os executivosrdquo Nas cooperativas esse conhecimento tem que ser
desenvolvido com accedilotildees implementadas para que todos colaborem para o
desenvolvimento e manutenccedilatildeo da empresa
Em cooperativas autogestionaacuterias a princiacutepio participam do processo de
gestatildeo e produccedilatildeo todos os associados sendo desnecessaacuteria qualquer figura de
controle e gerenciamento da produccedilatildeo na forma tradicional Ela passa a se
autorregular e deixam de existir os conflitos entre os trabalhadores e o proprietaacuterio As
informaccedilotildees e experiecircncias satildeo compartilhadas e natildeo existe concentraccedilatildeo de
informaccedilatildeo e sim democratizaccedilatildeo do conhecimento
Talvez o maior desafio das cooperativas seja conciliar e desenvolver os
princiacutepios da solidariedade aliado com a sua manutenccedilatildeo no mercado Para se
manter no mercado tem que ser competitiva mas sem reproduzir e seguir o modelo
tradicional Nas cooperativas a rotatividade funcional eacute uma estrateacutegia
implementada para a superaccedilatildeo da hierarquia entre trabalho intelectual e braccedilal e
alcanccedilar para os soacutecios-trabalhadores um conhecimento global do processo
produtivo (PEDRINI 2000 p 37)
O rodiacutezio tem sido utilizado nas cooperativas autogestionaacuterias para que os
cooperados percebam o seu valor nas atividades de gestatildeo e participem ativamente
do processo em todas as aacutereas do empreendimento Para que isso ocorra eacute
fundamental que os indiviacuteduos adquiram novos haacutebitos padrotildees e valores
respeitando novas interaccedilotildees sociais culturais e individuais existente em um grupo
que atua solidariamente (OLIVEIRA 2001) As mudanccedilas de comportamento fazem
com que passem a ter consciecircncia de pertencer a um grupo e de ser responsaacutevel por
ele e quando praticam a autogestatildeo para administrar sua cooperativa se sentem
valorizados (RUFINO 2000)
7 Cooperativa de Produccedilatildeo
A cooperativa do ldquoramo de produccedilatildeo aleacutem de transformar trabalhadores em
empreendedores unem o capital (posse dos bens de produccedilatildeo) agrave matildeo de obrardquo
Nessas cooperativas o dono produz e eacute o dono do negoacutecio Assim como em outros
ramos natildeo haacute a busca do lucro ldquomas a melhoria da qualidade do trabalho e a
remuneraccedilatildeo de todosrdquo (OCB 2018a)
De acordo com Singer (2002) na modalidade baacutesica da economia solidaacuteria
suas relaccedilotildees sociais de produccedilatildeo se caracterizam por negar o princiacutepio baacutesico
do capitalismo isto eacute a separaccedilatildeo entre o capital e a posse dos meios de
produccedilatildeo Nesta cooperativa a propriedade dos meios de produccedilatildeo eacute daqueles
que nela trabalham e natildeo haacute proprietaacuterios que natildeo trabalhem na empresa e todos
tecircm o mesmo poder de decisatildeo sobre a empresa solidaacuteria A administraccedilatildeo eacute
feita por soacutecios eleitos para esta funccedilatildeo e que se pautam em decisotildees aprovadas
em assembleias gerais ou por conselhos de delegados eleitos por todos os
soacutecios A finalidade de uma cooperativa de produccedilatildeo natildeo eacute maximizar lucros
mas a quantidade e qualidade de trabalho O excedente anual (chamado
sobras nas cooperativas) tem a destinaccedilatildeo decidida pelos trabalhadores O
capital natildeo eacute remunerado e portanto natildeo haacute lucro e o proacuteprios trabalhadores
(proprietaacuterios) decidem os rumos da cooperativa
O cooperativismo como uma alternativa organizacional pode contribuir para
sanar as limitaccedilotildees de um desenvolvimento calcado em um sistema econocircmico e de
produccedilatildeo capitalista Contudo eacute preciso estar ciente que as organizaccedilotildees
cooperativas concorrem em um mercado competitivo necessitando manter-se com
qualidade de produccedilatildeo e competitiva frente ao mercado
8 Cooperativa de Trabalho
Para OCB (2018b p1) o ldquocooperativismo de trabalho eacute o caminho para
profissionais de perfil empreendedor e colaborativo Especialmente quando percebem
que se unindo a outros profissionais da mesma categoria eles seratildeo muito mais
fortesrdquo Comenta ainda que ldquoesse eacute um ramo bastante abrangente jaacute que as
cooperativas podem atuar em todos os segmentos de atividades econocircmicas
reunindo profissionais para melhorar a remuneraccedilatildeo e as condiccedilotildees de trabalhordquo
Segundo Arauacutejo e Moreira (2001 p79) ldquoas cooperativas de trabalho nascem
do desejo de associaccedilatildeo de um grupo de pessoas em viabilizar uma atividade
produtiva e com isso garantir sua sobrevivecircnciardquo destacando-se pela sua importacircncia
em facilitar o acesso econocircmico e a participaccedilatildeo do mercado
Poreacutem eacute sempre necessaacuterio lembrar que o sucesso de uma cooperativa deve
estar relacionado aos anseios de consumidor Caso contraacuterio a cooperativa natildeo iraacute
prosperar Pereira (2001) comenta que as cooperativas satildeo alternativas para as
pessoas que natildeo possuem emprego assalariado e podem representar uma opccedilatildeo ao
desemprego para os trabalhadores podendo ateacute contribuir para incrementar o niacutevel
geral de emprego Elas surgem como um lugar de promoccedilatildeo do trabalhador com
responsabilidade em todo o processo diferente da empresa privada onde existe os
benefiacutecios de uma atividade sem responsabilidade de sua manutenccedilatildeo da
organizaccedilatildeo no mercado tendo em vista que natildeo eacute ele que toma as decisotildees
Para Furquim (2001 p 23) o cooperativismo ldquoeacute o instrumento mais perfeito
de organizaccedilatildeo da sociedade por ser um sistema de organizaccedilatildeo social e econocircmico
cujo objetivo natildeo eacute o conjunto de pessoas mas o indiviacuteduo atraveacutes do conjunto das
pessoasrdquo uma forma organizativa alternativa uma vez que oferece benefiacutecios agravequeles
que optam pelo trabalho cooperativo
9 Consideraccedilotildees Finais
O conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo eacute
primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas
pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de
inclusatildeo social que permite aos associados concorrer no mercado com as grandes
corporaccedilotildees trazendo benefiacutecios para toda a coletividade envolvida
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Sumaacuterio
Resumo 03
Apresentaccedilatildeo 04
Introduccedilatildeo 05
Globalizaccedilatildeo 06
O Trabalho e sua Organizaccedilatildeo 07
Cooperativismo 09
As Leis que Regem o Cooperativismo no Brasil 11
Estrutura Organizacional de Cooperativas 13
Cooperativa de Produccedilatildeo 17
Cooperativa de Trabalho 18
Consideraccedilotildees Finais 19
Referecircncias 20
RESUMO O cooperativismo eacute construiacutedo por organizaccedilotildees que se constituem com trabalho coletivo gestatildeo democraacutetica desenvolvimento do conhecimento e informaccedilotildees conhecimento do processo produtivo relaccedilotildees sociais e econocircmicas essenciais nesse contexto Assim entendem-se que os objetivos sociais econocircmicos aspectos fiscais juriacutedicos contaacutebeis e patrimoniais necessitam de soluccedilotildees inovadoras e novas teacutecnicas gerenciais de organizaccedilatildeo e produccedilatildeo uma vez que essas cooperativas praticam a autogestatildeo O mundo estaacute passando por profundas transformaccedilotildees em um pequeno espaccedilo de tempo relacionadas agrave globalizaccedilatildeo e tecnologia que mudaram as estruturas sociais poliacuteticas e econocircmicas de diversas naccedilotildees Nesse contexto de mudanccedilas uma atividade eacute o trabalho base da evoluccedilatildeo humana que propicia acesso agrave vida social aos bens materiais e imateriais Dessa forma os cooperados sentem-se importantes e produtivos em seu meio social Estudar o mundo do trabalho neste contexto faz parte da construccedilatildeo do conhecimento para entender as transformaccedilotildees que ocorrem nesta situaccedilatildeo Assim o conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo se torna primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de inclusatildeo social onde os associados formam uma organizaccedilatildeo para concorrer no mercado com as grandes corporaccedilotildees Palavras-chave Cooperativismo Autogestatildeo Cooperativa Inclusatildeo Social
APRESENTACcedilAtildeO
A organizaccedilatildeo do trabalho como a gestatildeo coletiva e democraacutetica o
desenvolvimento do conhecimento e das informaccedilotildees o processo produtivo e as
novas relaccedilotildees sociais e econocircmicas geradas a partir dessas mudanccedilas satildeo
imprescindiacuteveis para a entender a Economia Solidaacuteria na qual os empreendimentos
devem aliar sustentaccedilatildeo econocircmica e envolvimento social Novas soluccedilotildees teacutecnicas
gerenciais organizativas e produtivas satildeo necessaacuterias para os empreendimentos com
base na autogestatildeo e isso se deve ao fato de que os empreendimentos solidaacuterios
apresentam peculiaridades quer sejam fiscais juriacutedicas contaacutebeis ou patrimoniais
por exemplo
Por estes motivos o estudo das cooperativas uma forma alternativa de
participaccedilatildeo na economia capitalista com accedilotildees coletivas para manutenccedilatildeo dos
postos de trabalho eacute importante A globalizaccedilatildeo um fenocircmeno que estaacute exercendo
um profundo impacto em todos os niacuteveis relacionados agrave produccedilatildeo ao trabalho e agrave
economia tambeacutem tem levado ao aumento do desemprego entre determinadas
camadas da populaccedilatildeo que apresentam certas particularidades As cooperativas
exercem um papel funcional no mercado incorporando uma parcela de trabalhadores
desempregados sendo o maior desafio das iniciativas solidaacuterias conciliar e
desenvolver os princiacutepios da solidariedade aliado com a sua manutenccedilatildeo no mercado
Para se manter a cooperativa tem que ser competitiva mas sem reproduzir e seguir
o modelo tradicional
Assim para que possa funcionar adequadamente eacute necessaacuterio conhecer suas
peculiaridades de funcionamento o que pode permitir uma melhor compreensatildeo
sobre as dificuldades encontradas por cooperativas solidaacuterias para se manterem e
desenvolverem em um mercado cada vez mais competitivo evitando seu abandono e
prejuiacutezos decorrentes deste fato Por este motivo conhecer como funciona o processo
cooperativo eacute fundamental para perpetuar a economia solidaacuteria
1 Introduccedilatildeo
Com o crescimento populacional e os avanccedilos tecnoloacutegicos que propiciam a
mecanizaccedilatildeo no ambiente industrial e de serviccedilos o desemprego apresenta-se como
uma variaacutevel presente na estrutura da organizaccedilatildeo laboral Discute-se como esta
nova realidade implica em uma diminuiccedilatildeo cada vez maior da qualidade de vida das
pessoas devido agraves intensas e constantes transformaccedilotildees do mercado de trabalho
onde o risco de ficar desempregado eacute cada vez mais evidente atraveacutes do
fechamento de empresas O desemprego constitui-se assim como um dos problemas
mais graves da sociedade sobretudo se for considerado por um lado as dificuldades
estruturais econocircmicas enfrentadas pelas famiacutelias e por outro a exclusatildeo social
Segundo dados da Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Brasil (OCB 2018a) a
necessidade em permanecer no mercado de trabalho vem contribuindo para que
pessoas e as empresas procurem novas formas de organizaccedilatildeo mantendo-se em um
mundo cada vez mais competitivo E por esta razatildeo ocorre um aumento contiacutenuo no
nuacutemero de cooperativas no Brasil
A OCB (2018a) cita ainda que no ano de 2018 existiam 6887 mil
cooperativas distribuiacutedas em 13 ramos de atividades Nos uacuteltimos anos ultrapassaram
o patamar de 142 milhotildees de cooperados e geraram 398 mil empregos diretos aleacutem
de representar 2007 do montante de produtos exportados com a agropecuaacuteria e
outras forccedilas produtivas participando das exportaccedilotildees de mineacuterios e calccedilados por
exemplo Os setores de serviccedilos de transporte e turismo tambeacutem de destacam em
relaccedilatildeo ao cooperativismo demonstrando a importacircncia deste movimento e indicando
que natildeo eacute importante apenas para as famiacutelias que dele dependem para sobreviver
mas tambeacutem para a economia da naccedilatildeo
2 Globalizaccedilatildeo
As conexotildees entre as configuraccedilotildees atuais do capitalismo globalizado e a
pobreza no mundo tecircm sido analisadas indicando que a globalizaccedilatildeo exerce
profundo impacto em todos os niacuteveis e aacutereas da produccedilatildeo do trabalho e da
economia colocando em destaque os mecanismos excludentes de mercados de
trabalho cada vez mais precarizados (CASTEL 1998) Este processo vem se
desenvolvendo haacute quase meio seacuteculo podendo ser caracterizado como uma
reestruturaccedilatildeo da divisatildeo do trabalho onde as estruturas produtivas e financeiras
estatildeo cada vez mais interligadas e interdependentes (SINGER SOUZA 2000)
Apesar de suas vantagens alguns impactos negativos podem apontar para
desvantagens que diversos atores sociais tecircm em relaccedilatildeo ao novo modelo que
passam pelo agravamento do desemprego transferecircncia da responsabilidade do
estado para a economia privada crescimento da vulnerabilidade dos paiacuteses frente
aos fluxos de capitais e concentraccedilatildeo de renda (SINGER 2001)
3 O Trabalho e sua Organizaccedilatildeo
O trabalho segundo Engels (1980 p7) eacute ldquoa condiccedilatildeo fundamental de toda a
vida humana e em tatildeo elevado grau que certo sentido se pode dizer foi o trabalho
que criou o proacuteprio homemrdquo Ele pode ser entendido como um passo do ser humano
para criar e recriar as condiccedilotildees necessaacuterias para sua sobrevivecircncia e reproduccedilatildeo e
entendido em seu sentido mais geneacuterico e abstrato como produtor de valores de uso
expressatildeo de uma relaccedilatildeo metaboacutelica entre o ser social e a natureza (ANTUNES
2009 p 139)
No capitalismo o homem foi transformado em parte da produccedilatildeo deixando
de ser o sujeito do trabalho para se tornar um objeto dele Para Antunes (1998
p123) [] o trabalho mostra-se como momento fundante de realizaccedilatildeo do ser
social condiccedilatildeo para a sua existecircncia Suas alteraccedilotildees estatildeo principalmente
relacionadas a reorganizaccedilatildeo da produccedilatildeo a flexibilizaccedilatildeo do trabalho e das leis
trabalhistas e ao desemprego (SINGER SOUZA 2000) Essas mudanccedilas estruturais
natildeo estatildeo conseguindo transformar as relaccedilotildees ligadas agraves modernizaccedilotildees
tecnoloacutegicas o que causa aumento das incertezas e instabilidades
Em uma revisita a histoacuteria do mundo do trabalho sabe-se que na sociedade
industrial do seacuteculo XX segundo Leite e Postuma (1996) o modelo taylorista-fordista
correspondeu a uma visatildeo determinada pela ampliaccedilatildeo dos mercados e aumento da
produccedilatildeo (produccedilatildeo em massa e capitalismo monopolista) que precisa manter um
ritmo de produccedilatildeo elevado e contiacutenuo para suprir o mercado
Esse processo pode ser entendido como uma forma de controle por parte
do Capital sobre os processos produtivos e operacionais nos quais o conhecimento
a habilidade e a experiecircncia eram essenciais por parte do trabalhador Eles eram
controlados pela gerecircncia atraveacutes dos estudos do tempo e movimento que eram
introduzidos alienando-os do processo total de produccedilatildeo (MORAES NETO 1991)
Essas estruturas tayloristas-fordistas das relaccedilotildees de produccedilatildeo tornaram-se criticadas
e combatidas e assim novas relaccedilotildees surgiram e se tornaram conhecidas As
dificuldades levaram a buscas de soluccedilotildees onde os patrotildees e empregados procuraram
novas relaccedilotildees para melhorar as condiccedilotildees de trabalho (PERROT 1985)
As transformaccedilotildees se intensificam na deacutecada de 1980 com a introduccedilatildeo de
inovaccedilotildees tecnoloacutegicas principalmente a automaccedilatildeo Mas eacute preciso notar que a
microeletrocircnica natildeo consiste apenas numa modificaccedilatildeo das teacutecnicas e dos modos de
operaccedilatildeo mas numa integraccedilatildeo maior do conjunto do processo produtivo que permite
uma reduccedilatildeo significativa do tempo de produccedilatildeo total das mercadorias (LEITE e
POSTUMA 1996 p 85)
Nos anos 1990 ocorreu o aprofundamento do desemprego e no fim do Seacuteculo
XX cerca de 12 bilhatildeo de pessoas ou 13 da forccedila de trabalho mundial estava em
situaccedilatildeo de trabalho precaacuterio ou de desemprego (ANTUNES 1998) Na tentativa de
encontrar alternativas para a questatildeo de desemprego ressurge o debate sobre do
papel das cooperativas
Ainda conforme Antunes (1998) em economias capitalistas o trabalho foi
estruturado de forma assalariado poreacutem em um mundo de constantes
transformaccedilotildees ressurgem novas configuraccedilotildees sociais e econocircmicas e entre elas o
trabalho cooperativo Natildeo que se tenha encontrado uma nova forma de organizaccedilatildeo
que supere os problemas mas sim formas organizativas que buscam a transformaccedilatildeo
social e que ainda estatildeo em processo de adaptaccedilatildeo
As cooperativas seriam como uma alternativa produtiva dentro de uma
economia capitalista com a estrutura organizacional se baseando em accedilotildees de
trabalho coletivas para manutenccedilatildeo dos postos de trabalho uma vez que incorpora
parcelas de trabalhadores desempregados e outros que querem ser donos de seu
proacuteprio trabalho o que acaba suprindo algumas lacunas sociais surgidas (ANTUNES
2009)
As cooperativas criadas autonomamente pelos trabalhadores tecircm um
sentido coletivo se opondo a estrutura tradicional de comeacutercio sendo por isso uma
tentativa de minimizaccedilatildeo dos problemas de luta e accedilatildeo contra o desemprego
estrutural ldquoO trabalho eacute o gerador de valor Reorganizaacute-lo no sentido de aumentar a
produtividade resulta num desses mecanismos de elevaccedilatildeo da extraccedilatildeo da mais valia
e portanto numa perspectiva de saiacuteda da criserdquo (DAL ROSSO 2011 p 8)
4 Cooperativismo
O homem natildeo consegue viver soacute e por isso vive em comunidade onde pode
estabelecer um sistema de cooperaccedilatildeo para atingir objetivos comuns O trabalho
coletivo sempre existiu seja quando os homens trabalhavam conjuntamente para
caccedilar e pescar ou na construccedilatildeo de habitaccedilotildees Nesses momentos o trabalho coletivo
servia como um instrumento social
O trabalho coletivo eacute pressuposto para o desenvolvimento do modelo produtivo
cooperativista Nesse sentido com o advento da Revoluccedilatildeo Industrial ocorreram
profundas modificaccedilotildees no pensamento econocircmico da eacutepoca que como
consequecircncia provocou reformas sociais e dentre elas o cooperativismo
Segundo Schneider (1981 p 32) ldquo O cooperativismo surgiu historicamente
como um sistema formal poreacutem simples de organizaccedilatildeo de grupos sociais com
objetivos e interesses comuns estando o seu funcionamento amparado basicamente
nos princiacutepios da ajuda muacutetua e do controle democraacutetico da organizaccedilatildeo pelos seus
membros Daiacute o caraacuteter sui-gecircneris desse tipo de organizaccedilatildeo da qual os associados
seriam ao mesmo tempo proprietaacuterios e usuaacuteriosrdquo
Com a consolidaccedilatildeo do capitalismo e a Revoluccedilatildeo Industrial e suas
consequecircncias sociais eou econocircmicas o sistema cooperativista comeccedila a criar
suas estruturas Inicialmente em 1844 consegue utilizar um conjunto de teorias para
sua organizaccedilatildeo social e econocircmica e no dia 24 de outubro um grupo de tecelotildees da
localidade de Rochdale Inglaterra fundam a primeira cooperativa denominada
Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale (SCHNEIDER 1981)
As organizaccedilotildees cooperativas segundo Alianccedila Cooperativa Internacional
(ACI 2002) buscam desenvolver princiacutepios diferentes dos utilizados na iniciativa
puacuteblica ou privada Satildeo princiacutepios desenvolvidos desde a primeira cooperativa que
podem ser assim classificados Adesatildeo livre Neutralidade poliacutetica religiosa e social
ldquoUm homemrdquo ldquoUm votordquo Retorno das sobras das operaccedilotildees Juros limitados ao
capital Desenvolvimento da educaccedilatildeo e Cooperaccedilatildeo intercooperativa Sempre
existiram pessoas com ideais de uma sociedade perfeita imaginando e lutando pela paz
ordem felicidade justiccedila e igualdade econocircmica preocupando-se com o bem
coletivo desejo que inflamou o surgimento dos fundamentos do cooperativismo
(Quadro 1)
Quadro 1 - Fundamentos inerentes ao cooperativismo (OCB 2018a)
Fundamentos Descriccedilatildeo
Liberdade
A democracia se concretiza atraveacutes da liberdade da possibilidade de participaccedilatildeo de escolha e decisatildeo sobre as accedilotildees da cooperativa
assegurando o seu sucesso
Igualdade
Direitos e deveres satildeo iguais para todos Natildeo possuem mais ou menos poder ou benefiacutecio independente do capital investido
Solidariedade A solidariedade eacute imprescindiacutevel onde a ajuda muacutetua permite desenvolver uma economia solidaacuteria e coletiva
Racionalidade O uso da tecnologia e da ciecircncia deve proporcionar emancipaccedilatildeo respeito e dignidade para os cooperados
Fonte Dados da pesquisa
Os princiacutepios do cooperativismo tecircm sua origem no estatuto Rochdale
incluindo-se as revisotildees de 1966 e 1995 feitas pela Alianccedila Cooperativa Internacional
(ACI 2002) Poreacutem a definiccedilatildeo e o modus operandi da sociedade cooperativa
subordinam-se agrave regecircncia da legislaccedilatildeo de cada paiacutes sendo
Princiacutepio da adesatildeo livre e voluntaacuteria satildeo organizaccedilotildees abertas a todos
que querem se associar ou deixar de ser soacutecios bem como usar seus serviccedilos sem
distinccedilatildeo de posiccedilatildeo social racial poliacutetica religiosa ou de gecircnero
Princiacutepio do controle democraacutetico pelos soacutecios satildeo organizaccedilotildees
democraacuteticas geridas pelos soacutecios que participam do planejamento e na tomada de
decisotildees um soacutecio um voto
Princiacutepio da participaccedilatildeo econocircmica dos soacutecios contribuem de forma
igualitaacuteria e controlam de forma democraacutetica a gestatildeo do capital Eles recebem juros
de forma limitada sobre o capital As sobras podem ser utilizadas no desenvolvimento
das cooperativas ou em forma de retorno aos soacutecios de acordo com suas transaccedilotildees
com as cooperativas
Princiacutepio da autonomia e independecircncia como organizaccedilotildees autocircnomas
devem ser controladas por seus membros que devem assegurar o controle
democraacutetico e sua autonomia mesmo quando houver acordo operacional com outras
entidades
Princiacutepio da educaccedilatildeo treinamento e informaccedilatildeo devem proporcionar
educaccedilatildeo e treinamento para os soacutecios para que haja desenvolvimento e crescimento
pessoal
Princiacutepio da cooperaccedilatildeo entre cooperativas devem fortalecer o movimento
cooperativo trabalhando sempre que possiacutevel juntas por meio de estruturas locais
regionais nacionais e internacionais e
Princiacutepio da preocupaccedilatildeo com a comunidade devem trabalhar pelo seu
desenvolvimento sustentaacutevel e de suas comunidades
Satildeo os princiacutepios que datildeo sentido social e democraacutetico a forma de
organizaccedilatildeo das cooperativas onde o capital eacute um instrumento de materializaccedilatildeo dos
objetivos propostos e natildeo um elemento determinante de sua constituiccedilatildeo
5 As Leis que Regem o Cooperativismo no Brasil
Diante de princiacutepios do cooperativismo as organizaccedilotildees cooperativas podem
optar por quaisquer ramos de trabalho e produccedilatildeo (OCB 2018a) No entanto tem que
se observar as regras estabelecidas por lei O primeiro decreto que faz menccedilatildeo ao
cooperativismo eacute o nordm 979 de 06 de janeiro de 1903 (BRASIL 1903) permitindo aos
sindicatos a organizaccedilatildeo de caixas rurais de creacutedito bem como cooperativas
agropecuaacuterias e de consumo
Ainda segundo a OCB (2018a) surgiram Leis e Decretos com a finalidade de
regulamentar a atividade cooperativa como o Decreto nordm 1637 de 05 de janeiro de
1907 (BRASIL 1907) onde haacute o reconhecimento por parte do Governo da utilidade
das cooperativas mas sem ainda tornar sua forma juriacutedica distinta de outras
organizaccedilotildees A Lei nordm 4948 de 21 de dezembro de 1925 (BRASIL 1925) bem como
o Decreto nordm 17339 de 02 de junho de 1926 (BRASIL 1926) fazem alusatildeo
especificamente das Caixas Rurais Raiffeisen e dos Bancos Populares Luzzatti Jaacute o
Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 (BRASIL 1932) apresenta as
caracteriacutesticas das cooperativas e consagra as postulaccedilotildees doutrinaacuterias do sistema
no entanto foi revogado em 1934 sendo restabelecido em 1938 Em 1943 foi
novamente revogado para ressurgir em 1945 permanecendo em vigor ateacute 1966
Apesar de todos os transtornos esta foi uma fase de liberdade para formaccedilatildeo e
funcionamento de cooperativas inclusive com incentivos fiscais
Em 1966 com a criaccedilatildeo do Decreto-Lei nordm 59 21 de novembro de 1966
(BRASIL 1966) e sua regulamentaccedilatildeo pelo Decreto nordm 60597 de 19 de abril de 1967
(BRASIL 1967) o cooperativismo foi submetido ao controle estatal vindo a perder
incentivos fiscais e liberdade jaacute adquiridas anteriormente Eles foram promulgados no
iniacutecio do regime militar e modernizaram as cooperativas atreladas ao capital que
eliminaram as pequenas cooperativas rurais organizando as cooperativas como
estruturas tecnoloacutegicas de comercializaccedilatildeo e de industrializaccedilatildeo viabilizadas pelo
capital financeiro Em 16 de dezembro de 1971 foi promulgada a Lei nordm 5764
(BRASIL 1971) ainda em vigor que define o regime juriacutedico das cooperativas sua
constituiccedilatildeo e funcionamento sistema de representaccedilatildeo e oacutergatildeos de apoio para tornar
o Sistema de Cooperativas do Brasil viaacutevel (OCB 2018a)
A Constituiccedilatildeo de 1988 no art 174 em seu paraacutegrafo 2 dispotildee que o governo
estimularia a criaccedilatildeo e o desenvolvimento de cooperativas e outras formas de
associativismo Pela Constituiccedilatildeo o Estado natildeo poderia interferir nas cooperativas e
nas organizaccedilotildees da sociedade civil como estaacute no artigo 5ordm em seu inciso XVIII ldquoA
criaccedilatildeo de associaccedilotildees e na forma da lei a de cooperativas independem de
autorizaccedilatildeo sendo vedada a interferecircncia estatal em seu funcionamentordquo (BRASIL
1988) Entretanto nem as modificaccedilotildees proporcionadas pela constituiccedilatildeo e pela lei
conseguiram gerar uma legislaccedilatildeo clara e moderna que permita a alavancagem da
maioria das cooperativas
6 Estrutura Organizacional de Cooperativas
De acordo com a Lei 576471 (BRASIL 1971 Art 3ordm Art 4ordm) as cooperativas
satildeo definidas como
Art 3deg - Celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas que
reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviccedilos para o exerciacutecio de
uma atividade econocircmica de proveito comum sem objetivo de lucro
Art 4deg - As cooperativas satildeo sociedades de pessoas com forma e natureza
juriacutedica proacuteprias de natureza civil natildeo sujeita a falecircncia constituiacutedas para prestar
serviccedilos aos associados
A cooperativa funciona como uma associaccedilatildeo autocircnoma democraacutetica e
coletiva de pessoas que se unem voluntariamente para satisfazer suas
necessidades Por lei eacute caracterizada como uma empresa social e por possuir
natureza juriacutedica proacutepria eacute diferente de outros tipos de sociedades mercantis e suas
peculiaridades podem ser melhor compreendidas atraveacutes de trecircs mecanismos
distintos que a compotildeem (ABREU 2013)
Associativismo O cooperativismo extraiu do associativismo as formas de
reunir as pessoas bem como o modelo de gestatildeo com bases democraacuteticas Os
cooperados satildeo proprietaacuterios e trabalhadores Eacute uma entidade sem fins lucrativos
que pratica o ato cooperativo onde o bem principal eacute a pessoa
Mutualismo Participaccedilatildeo econocircmica dos associados A contribuiccedilatildeo
pessoal passa a ser coletiva ficando agrave disposiccedilatildeo da cooperativa e como regra
geral deve existir o controle da administraccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo interna para
preservaccedilatildeo e desenvolvimento do patrimocircnio coletivo e
Empreendedorismo As cooperativas surgem da junccedilatildeo de pessoas que
visam o desenvolvimento da coletividade tendo sentido econocircmico e os
participantes devem ter conhecimento da aacuterea em que ela estaacute inserida
Haacute basicamente trecircs modelos cooperativistas (AMATO NETO RUFINO
2000)
Consumo destina-se a fornecer aos associados os gecircneros alimentiacutecios e
bens de utilidade pessoal e domeacutestica a preccedilos mais vantajosos do que as demais
empresas
Produccedilatildeo cooperativas operaacuterias de produccedilatildeo ou cooperativas de
trabalhadores destinam-se agrave organizaccedilatildeo autocircnoma dos trabalhadores na produccedilatildeo
de determinados bens e serviccedilos e
Creacutedito Apresentam diversos subtipos especiacuteficos devido as peculiaridades
das regiotildees com ecircxito maior para as organizaccedilotildees dos chamados bancos populares
Para regulamentar esse modelo de sociedade surgiu a Alianccedila Cooperativa
Internacional (ACI) um organismo que tem como funccedilatildeo baacutesica preservar e defender
os princiacutepios das cooperativistas No Brasil o oacutergatildeo maacuteximo de representaccedilatildeo do
cooperativismo a Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Brasil (OCB) eacute uma entidade
que congrega as Cooperativas brasileiras de todos os ramos Nos estados existem as
Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Estado (OCE) e segundo a OCB (2018a) essa
classificaccedilatildeo tem como objetivo organizar accedilotildees viabilizar a economia e conseguir a
competitividade no mercado tradicional
Com a as mudanccedilas de tecnologia e de gestatildeo do mercado seja em qual for
o ramo de atividade da empresa eacute imprescindiacutevel que as cooperativas demonstrem
eficaacutecia na gestatildeo administrativa para natildeo ficar em desvantagem em relaccedilatildeo agraves
demais empresas
O liacuteder cooperativista vem enfrentando modificaccedilotildees constantes no mercado
de trabalho devido principalmente aos avanccedilos tecnoloacutegicos Tradicionalmente o liacuteder
mais eficiente tinha que ser capaz de interpretar os desejos dos cooperados e
transformaacute-la em proposta O novo liacuteder tem que ser perspicaz para tomar a decisatildeo
de forma raacutepida para natildeo perder as oportunidades mas ao mesmo tempo sem ferir
os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo (BIALOSKORSKI NETO 2006)
O autor supracitado cita os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo na
conduccedilatildeo da lideranccedila Contudo natildeo se pode perder de vista que o cooperativismo
se constitui com a presenccedila do capitalismo em seu processo de desenvolvimento
sendo seu objetivo final como organizaccedilatildeo o capital
As cooperativas divergem das empresas mercantis apesar de ambas
concorrerem no mercado Segundo Zylbersztajn (1994) a essecircncia dos princiacutepios
cooperativos por vezes limita seu desenvolvimento O autor defende que elas devem
ser readequadas para que os empreendimentos possam competir em um mundo
globalizado e de constante transformaccedilotildees tecnoloacutegicas Ainda segundo o autor
alguns cuidados devem ser tomados para as cooperativas se manterem no mercado
e devido agrave concorrecircncia com as empresas mercantis a gestatildeo tem que ser cada vez
mais eficiente e enxuta havendo preocupaccedilatildeo com o ambiente e a profissionalizaccedilatildeo
das funccedilotildees
A gestatildeo nas empresas se realiza de diversas formas e na cooperativa a
autogestatildeo eacute uma dessas formas Para natildeo reproduzir a forma tradicional de gestatildeo
todos os envolvidos deveratildeo estar informados e compreenderem o processo
produtivo e de gestatildeo da cooperativa pois a ldquoa planificaccedilatildeo autogerida natildeo consiste
apenas em planejar diferentemente mas em planejar outra coisardquo e assim
mudanccedilas tem que ser implantadas (GUILLERM BOURDET 1975 p 36)
Na empresa tradicional Singer e Souza (2000 p 21) comentam que os
conhecimentos satildeo trazidos pelos teacutecnicos ou executivos e a competecircncia do negoacutecio
ldquo dependeraacute do processo de aprendizado que a operaccedilatildeo do novo empreendimento
oferece a todos os executivosrdquo Nas cooperativas esse conhecimento tem que ser
desenvolvido com accedilotildees implementadas para que todos colaborem para o
desenvolvimento e manutenccedilatildeo da empresa
Em cooperativas autogestionaacuterias a princiacutepio participam do processo de
gestatildeo e produccedilatildeo todos os associados sendo desnecessaacuteria qualquer figura de
controle e gerenciamento da produccedilatildeo na forma tradicional Ela passa a se
autorregular e deixam de existir os conflitos entre os trabalhadores e o proprietaacuterio As
informaccedilotildees e experiecircncias satildeo compartilhadas e natildeo existe concentraccedilatildeo de
informaccedilatildeo e sim democratizaccedilatildeo do conhecimento
Talvez o maior desafio das cooperativas seja conciliar e desenvolver os
princiacutepios da solidariedade aliado com a sua manutenccedilatildeo no mercado Para se
manter no mercado tem que ser competitiva mas sem reproduzir e seguir o modelo
tradicional Nas cooperativas a rotatividade funcional eacute uma estrateacutegia
implementada para a superaccedilatildeo da hierarquia entre trabalho intelectual e braccedilal e
alcanccedilar para os soacutecios-trabalhadores um conhecimento global do processo
produtivo (PEDRINI 2000 p 37)
O rodiacutezio tem sido utilizado nas cooperativas autogestionaacuterias para que os
cooperados percebam o seu valor nas atividades de gestatildeo e participem ativamente
do processo em todas as aacutereas do empreendimento Para que isso ocorra eacute
fundamental que os indiviacuteduos adquiram novos haacutebitos padrotildees e valores
respeitando novas interaccedilotildees sociais culturais e individuais existente em um grupo
que atua solidariamente (OLIVEIRA 2001) As mudanccedilas de comportamento fazem
com que passem a ter consciecircncia de pertencer a um grupo e de ser responsaacutevel por
ele e quando praticam a autogestatildeo para administrar sua cooperativa se sentem
valorizados (RUFINO 2000)
7 Cooperativa de Produccedilatildeo
A cooperativa do ldquoramo de produccedilatildeo aleacutem de transformar trabalhadores em
empreendedores unem o capital (posse dos bens de produccedilatildeo) agrave matildeo de obrardquo
Nessas cooperativas o dono produz e eacute o dono do negoacutecio Assim como em outros
ramos natildeo haacute a busca do lucro ldquomas a melhoria da qualidade do trabalho e a
remuneraccedilatildeo de todosrdquo (OCB 2018a)
De acordo com Singer (2002) na modalidade baacutesica da economia solidaacuteria
suas relaccedilotildees sociais de produccedilatildeo se caracterizam por negar o princiacutepio baacutesico
do capitalismo isto eacute a separaccedilatildeo entre o capital e a posse dos meios de
produccedilatildeo Nesta cooperativa a propriedade dos meios de produccedilatildeo eacute daqueles
que nela trabalham e natildeo haacute proprietaacuterios que natildeo trabalhem na empresa e todos
tecircm o mesmo poder de decisatildeo sobre a empresa solidaacuteria A administraccedilatildeo eacute
feita por soacutecios eleitos para esta funccedilatildeo e que se pautam em decisotildees aprovadas
em assembleias gerais ou por conselhos de delegados eleitos por todos os
soacutecios A finalidade de uma cooperativa de produccedilatildeo natildeo eacute maximizar lucros
mas a quantidade e qualidade de trabalho O excedente anual (chamado
sobras nas cooperativas) tem a destinaccedilatildeo decidida pelos trabalhadores O
capital natildeo eacute remunerado e portanto natildeo haacute lucro e o proacuteprios trabalhadores
(proprietaacuterios) decidem os rumos da cooperativa
O cooperativismo como uma alternativa organizacional pode contribuir para
sanar as limitaccedilotildees de um desenvolvimento calcado em um sistema econocircmico e de
produccedilatildeo capitalista Contudo eacute preciso estar ciente que as organizaccedilotildees
cooperativas concorrem em um mercado competitivo necessitando manter-se com
qualidade de produccedilatildeo e competitiva frente ao mercado
8 Cooperativa de Trabalho
Para OCB (2018b p1) o ldquocooperativismo de trabalho eacute o caminho para
profissionais de perfil empreendedor e colaborativo Especialmente quando percebem
que se unindo a outros profissionais da mesma categoria eles seratildeo muito mais
fortesrdquo Comenta ainda que ldquoesse eacute um ramo bastante abrangente jaacute que as
cooperativas podem atuar em todos os segmentos de atividades econocircmicas
reunindo profissionais para melhorar a remuneraccedilatildeo e as condiccedilotildees de trabalhordquo
Segundo Arauacutejo e Moreira (2001 p79) ldquoas cooperativas de trabalho nascem
do desejo de associaccedilatildeo de um grupo de pessoas em viabilizar uma atividade
produtiva e com isso garantir sua sobrevivecircnciardquo destacando-se pela sua importacircncia
em facilitar o acesso econocircmico e a participaccedilatildeo do mercado
Poreacutem eacute sempre necessaacuterio lembrar que o sucesso de uma cooperativa deve
estar relacionado aos anseios de consumidor Caso contraacuterio a cooperativa natildeo iraacute
prosperar Pereira (2001) comenta que as cooperativas satildeo alternativas para as
pessoas que natildeo possuem emprego assalariado e podem representar uma opccedilatildeo ao
desemprego para os trabalhadores podendo ateacute contribuir para incrementar o niacutevel
geral de emprego Elas surgem como um lugar de promoccedilatildeo do trabalhador com
responsabilidade em todo o processo diferente da empresa privada onde existe os
benefiacutecios de uma atividade sem responsabilidade de sua manutenccedilatildeo da
organizaccedilatildeo no mercado tendo em vista que natildeo eacute ele que toma as decisotildees
Para Furquim (2001 p 23) o cooperativismo ldquoeacute o instrumento mais perfeito
de organizaccedilatildeo da sociedade por ser um sistema de organizaccedilatildeo social e econocircmico
cujo objetivo natildeo eacute o conjunto de pessoas mas o indiviacuteduo atraveacutes do conjunto das
pessoasrdquo uma forma organizativa alternativa uma vez que oferece benefiacutecios agravequeles
que optam pelo trabalho cooperativo
9 Consideraccedilotildees Finais
O conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo eacute
primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas
pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de
inclusatildeo social que permite aos associados concorrer no mercado com as grandes
corporaccedilotildees trazendo benefiacutecios para toda a coletividade envolvida
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16 de dezembro de 1971
BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 870 de 1ordm de janeiro de 2019 Estabelece a
organizaccedilatildeo baacutesica dos oacutergatildeos da Presidecircncia da Repuacuteblica e dos Ministeacuterios Diaacuterio
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RESUMO O cooperativismo eacute construiacutedo por organizaccedilotildees que se constituem com trabalho coletivo gestatildeo democraacutetica desenvolvimento do conhecimento e informaccedilotildees conhecimento do processo produtivo relaccedilotildees sociais e econocircmicas essenciais nesse contexto Assim entendem-se que os objetivos sociais econocircmicos aspectos fiscais juriacutedicos contaacutebeis e patrimoniais necessitam de soluccedilotildees inovadoras e novas teacutecnicas gerenciais de organizaccedilatildeo e produccedilatildeo uma vez que essas cooperativas praticam a autogestatildeo O mundo estaacute passando por profundas transformaccedilotildees em um pequeno espaccedilo de tempo relacionadas agrave globalizaccedilatildeo e tecnologia que mudaram as estruturas sociais poliacuteticas e econocircmicas de diversas naccedilotildees Nesse contexto de mudanccedilas uma atividade eacute o trabalho base da evoluccedilatildeo humana que propicia acesso agrave vida social aos bens materiais e imateriais Dessa forma os cooperados sentem-se importantes e produtivos em seu meio social Estudar o mundo do trabalho neste contexto faz parte da construccedilatildeo do conhecimento para entender as transformaccedilotildees que ocorrem nesta situaccedilatildeo Assim o conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo se torna primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de inclusatildeo social onde os associados formam uma organizaccedilatildeo para concorrer no mercado com as grandes corporaccedilotildees Palavras-chave Cooperativismo Autogestatildeo Cooperativa Inclusatildeo Social
APRESENTACcedilAtildeO
A organizaccedilatildeo do trabalho como a gestatildeo coletiva e democraacutetica o
desenvolvimento do conhecimento e das informaccedilotildees o processo produtivo e as
novas relaccedilotildees sociais e econocircmicas geradas a partir dessas mudanccedilas satildeo
imprescindiacuteveis para a entender a Economia Solidaacuteria na qual os empreendimentos
devem aliar sustentaccedilatildeo econocircmica e envolvimento social Novas soluccedilotildees teacutecnicas
gerenciais organizativas e produtivas satildeo necessaacuterias para os empreendimentos com
base na autogestatildeo e isso se deve ao fato de que os empreendimentos solidaacuterios
apresentam peculiaridades quer sejam fiscais juriacutedicas contaacutebeis ou patrimoniais
por exemplo
Por estes motivos o estudo das cooperativas uma forma alternativa de
participaccedilatildeo na economia capitalista com accedilotildees coletivas para manutenccedilatildeo dos
postos de trabalho eacute importante A globalizaccedilatildeo um fenocircmeno que estaacute exercendo
um profundo impacto em todos os niacuteveis relacionados agrave produccedilatildeo ao trabalho e agrave
economia tambeacutem tem levado ao aumento do desemprego entre determinadas
camadas da populaccedilatildeo que apresentam certas particularidades As cooperativas
exercem um papel funcional no mercado incorporando uma parcela de trabalhadores
desempregados sendo o maior desafio das iniciativas solidaacuterias conciliar e
desenvolver os princiacutepios da solidariedade aliado com a sua manutenccedilatildeo no mercado
Para se manter a cooperativa tem que ser competitiva mas sem reproduzir e seguir
o modelo tradicional
Assim para que possa funcionar adequadamente eacute necessaacuterio conhecer suas
peculiaridades de funcionamento o que pode permitir uma melhor compreensatildeo
sobre as dificuldades encontradas por cooperativas solidaacuterias para se manterem e
desenvolverem em um mercado cada vez mais competitivo evitando seu abandono e
prejuiacutezos decorrentes deste fato Por este motivo conhecer como funciona o processo
cooperativo eacute fundamental para perpetuar a economia solidaacuteria
1 Introduccedilatildeo
Com o crescimento populacional e os avanccedilos tecnoloacutegicos que propiciam a
mecanizaccedilatildeo no ambiente industrial e de serviccedilos o desemprego apresenta-se como
uma variaacutevel presente na estrutura da organizaccedilatildeo laboral Discute-se como esta
nova realidade implica em uma diminuiccedilatildeo cada vez maior da qualidade de vida das
pessoas devido agraves intensas e constantes transformaccedilotildees do mercado de trabalho
onde o risco de ficar desempregado eacute cada vez mais evidente atraveacutes do
fechamento de empresas O desemprego constitui-se assim como um dos problemas
mais graves da sociedade sobretudo se for considerado por um lado as dificuldades
estruturais econocircmicas enfrentadas pelas famiacutelias e por outro a exclusatildeo social
Segundo dados da Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Brasil (OCB 2018a) a
necessidade em permanecer no mercado de trabalho vem contribuindo para que
pessoas e as empresas procurem novas formas de organizaccedilatildeo mantendo-se em um
mundo cada vez mais competitivo E por esta razatildeo ocorre um aumento contiacutenuo no
nuacutemero de cooperativas no Brasil
A OCB (2018a) cita ainda que no ano de 2018 existiam 6887 mil
cooperativas distribuiacutedas em 13 ramos de atividades Nos uacuteltimos anos ultrapassaram
o patamar de 142 milhotildees de cooperados e geraram 398 mil empregos diretos aleacutem
de representar 2007 do montante de produtos exportados com a agropecuaacuteria e
outras forccedilas produtivas participando das exportaccedilotildees de mineacuterios e calccedilados por
exemplo Os setores de serviccedilos de transporte e turismo tambeacutem de destacam em
relaccedilatildeo ao cooperativismo demonstrando a importacircncia deste movimento e indicando
que natildeo eacute importante apenas para as famiacutelias que dele dependem para sobreviver
mas tambeacutem para a economia da naccedilatildeo
2 Globalizaccedilatildeo
As conexotildees entre as configuraccedilotildees atuais do capitalismo globalizado e a
pobreza no mundo tecircm sido analisadas indicando que a globalizaccedilatildeo exerce
profundo impacto em todos os niacuteveis e aacutereas da produccedilatildeo do trabalho e da
economia colocando em destaque os mecanismos excludentes de mercados de
trabalho cada vez mais precarizados (CASTEL 1998) Este processo vem se
desenvolvendo haacute quase meio seacuteculo podendo ser caracterizado como uma
reestruturaccedilatildeo da divisatildeo do trabalho onde as estruturas produtivas e financeiras
estatildeo cada vez mais interligadas e interdependentes (SINGER SOUZA 2000)
Apesar de suas vantagens alguns impactos negativos podem apontar para
desvantagens que diversos atores sociais tecircm em relaccedilatildeo ao novo modelo que
passam pelo agravamento do desemprego transferecircncia da responsabilidade do
estado para a economia privada crescimento da vulnerabilidade dos paiacuteses frente
aos fluxos de capitais e concentraccedilatildeo de renda (SINGER 2001)
3 O Trabalho e sua Organizaccedilatildeo
O trabalho segundo Engels (1980 p7) eacute ldquoa condiccedilatildeo fundamental de toda a
vida humana e em tatildeo elevado grau que certo sentido se pode dizer foi o trabalho
que criou o proacuteprio homemrdquo Ele pode ser entendido como um passo do ser humano
para criar e recriar as condiccedilotildees necessaacuterias para sua sobrevivecircncia e reproduccedilatildeo e
entendido em seu sentido mais geneacuterico e abstrato como produtor de valores de uso
expressatildeo de uma relaccedilatildeo metaboacutelica entre o ser social e a natureza (ANTUNES
2009 p 139)
No capitalismo o homem foi transformado em parte da produccedilatildeo deixando
de ser o sujeito do trabalho para se tornar um objeto dele Para Antunes (1998
p123) [] o trabalho mostra-se como momento fundante de realizaccedilatildeo do ser
social condiccedilatildeo para a sua existecircncia Suas alteraccedilotildees estatildeo principalmente
relacionadas a reorganizaccedilatildeo da produccedilatildeo a flexibilizaccedilatildeo do trabalho e das leis
trabalhistas e ao desemprego (SINGER SOUZA 2000) Essas mudanccedilas estruturais
natildeo estatildeo conseguindo transformar as relaccedilotildees ligadas agraves modernizaccedilotildees
tecnoloacutegicas o que causa aumento das incertezas e instabilidades
Em uma revisita a histoacuteria do mundo do trabalho sabe-se que na sociedade
industrial do seacuteculo XX segundo Leite e Postuma (1996) o modelo taylorista-fordista
correspondeu a uma visatildeo determinada pela ampliaccedilatildeo dos mercados e aumento da
produccedilatildeo (produccedilatildeo em massa e capitalismo monopolista) que precisa manter um
ritmo de produccedilatildeo elevado e contiacutenuo para suprir o mercado
Esse processo pode ser entendido como uma forma de controle por parte
do Capital sobre os processos produtivos e operacionais nos quais o conhecimento
a habilidade e a experiecircncia eram essenciais por parte do trabalhador Eles eram
controlados pela gerecircncia atraveacutes dos estudos do tempo e movimento que eram
introduzidos alienando-os do processo total de produccedilatildeo (MORAES NETO 1991)
Essas estruturas tayloristas-fordistas das relaccedilotildees de produccedilatildeo tornaram-se criticadas
e combatidas e assim novas relaccedilotildees surgiram e se tornaram conhecidas As
dificuldades levaram a buscas de soluccedilotildees onde os patrotildees e empregados procuraram
novas relaccedilotildees para melhorar as condiccedilotildees de trabalho (PERROT 1985)
As transformaccedilotildees se intensificam na deacutecada de 1980 com a introduccedilatildeo de
inovaccedilotildees tecnoloacutegicas principalmente a automaccedilatildeo Mas eacute preciso notar que a
microeletrocircnica natildeo consiste apenas numa modificaccedilatildeo das teacutecnicas e dos modos de
operaccedilatildeo mas numa integraccedilatildeo maior do conjunto do processo produtivo que permite
uma reduccedilatildeo significativa do tempo de produccedilatildeo total das mercadorias (LEITE e
POSTUMA 1996 p 85)
Nos anos 1990 ocorreu o aprofundamento do desemprego e no fim do Seacuteculo
XX cerca de 12 bilhatildeo de pessoas ou 13 da forccedila de trabalho mundial estava em
situaccedilatildeo de trabalho precaacuterio ou de desemprego (ANTUNES 1998) Na tentativa de
encontrar alternativas para a questatildeo de desemprego ressurge o debate sobre do
papel das cooperativas
Ainda conforme Antunes (1998) em economias capitalistas o trabalho foi
estruturado de forma assalariado poreacutem em um mundo de constantes
transformaccedilotildees ressurgem novas configuraccedilotildees sociais e econocircmicas e entre elas o
trabalho cooperativo Natildeo que se tenha encontrado uma nova forma de organizaccedilatildeo
que supere os problemas mas sim formas organizativas que buscam a transformaccedilatildeo
social e que ainda estatildeo em processo de adaptaccedilatildeo
As cooperativas seriam como uma alternativa produtiva dentro de uma
economia capitalista com a estrutura organizacional se baseando em accedilotildees de
trabalho coletivas para manutenccedilatildeo dos postos de trabalho uma vez que incorpora
parcelas de trabalhadores desempregados e outros que querem ser donos de seu
proacuteprio trabalho o que acaba suprindo algumas lacunas sociais surgidas (ANTUNES
2009)
As cooperativas criadas autonomamente pelos trabalhadores tecircm um
sentido coletivo se opondo a estrutura tradicional de comeacutercio sendo por isso uma
tentativa de minimizaccedilatildeo dos problemas de luta e accedilatildeo contra o desemprego
estrutural ldquoO trabalho eacute o gerador de valor Reorganizaacute-lo no sentido de aumentar a
produtividade resulta num desses mecanismos de elevaccedilatildeo da extraccedilatildeo da mais valia
e portanto numa perspectiva de saiacuteda da criserdquo (DAL ROSSO 2011 p 8)
4 Cooperativismo
O homem natildeo consegue viver soacute e por isso vive em comunidade onde pode
estabelecer um sistema de cooperaccedilatildeo para atingir objetivos comuns O trabalho
coletivo sempre existiu seja quando os homens trabalhavam conjuntamente para
caccedilar e pescar ou na construccedilatildeo de habitaccedilotildees Nesses momentos o trabalho coletivo
servia como um instrumento social
O trabalho coletivo eacute pressuposto para o desenvolvimento do modelo produtivo
cooperativista Nesse sentido com o advento da Revoluccedilatildeo Industrial ocorreram
profundas modificaccedilotildees no pensamento econocircmico da eacutepoca que como
consequecircncia provocou reformas sociais e dentre elas o cooperativismo
Segundo Schneider (1981 p 32) ldquo O cooperativismo surgiu historicamente
como um sistema formal poreacutem simples de organizaccedilatildeo de grupos sociais com
objetivos e interesses comuns estando o seu funcionamento amparado basicamente
nos princiacutepios da ajuda muacutetua e do controle democraacutetico da organizaccedilatildeo pelos seus
membros Daiacute o caraacuteter sui-gecircneris desse tipo de organizaccedilatildeo da qual os associados
seriam ao mesmo tempo proprietaacuterios e usuaacuteriosrdquo
Com a consolidaccedilatildeo do capitalismo e a Revoluccedilatildeo Industrial e suas
consequecircncias sociais eou econocircmicas o sistema cooperativista comeccedila a criar
suas estruturas Inicialmente em 1844 consegue utilizar um conjunto de teorias para
sua organizaccedilatildeo social e econocircmica e no dia 24 de outubro um grupo de tecelotildees da
localidade de Rochdale Inglaterra fundam a primeira cooperativa denominada
Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale (SCHNEIDER 1981)
As organizaccedilotildees cooperativas segundo Alianccedila Cooperativa Internacional
(ACI 2002) buscam desenvolver princiacutepios diferentes dos utilizados na iniciativa
puacuteblica ou privada Satildeo princiacutepios desenvolvidos desde a primeira cooperativa que
podem ser assim classificados Adesatildeo livre Neutralidade poliacutetica religiosa e social
ldquoUm homemrdquo ldquoUm votordquo Retorno das sobras das operaccedilotildees Juros limitados ao
capital Desenvolvimento da educaccedilatildeo e Cooperaccedilatildeo intercooperativa Sempre
existiram pessoas com ideais de uma sociedade perfeita imaginando e lutando pela paz
ordem felicidade justiccedila e igualdade econocircmica preocupando-se com o bem
coletivo desejo que inflamou o surgimento dos fundamentos do cooperativismo
(Quadro 1)
Quadro 1 - Fundamentos inerentes ao cooperativismo (OCB 2018a)
Fundamentos Descriccedilatildeo
Liberdade
A democracia se concretiza atraveacutes da liberdade da possibilidade de participaccedilatildeo de escolha e decisatildeo sobre as accedilotildees da cooperativa
assegurando o seu sucesso
Igualdade
Direitos e deveres satildeo iguais para todos Natildeo possuem mais ou menos poder ou benefiacutecio independente do capital investido
Solidariedade A solidariedade eacute imprescindiacutevel onde a ajuda muacutetua permite desenvolver uma economia solidaacuteria e coletiva
Racionalidade O uso da tecnologia e da ciecircncia deve proporcionar emancipaccedilatildeo respeito e dignidade para os cooperados
Fonte Dados da pesquisa
Os princiacutepios do cooperativismo tecircm sua origem no estatuto Rochdale
incluindo-se as revisotildees de 1966 e 1995 feitas pela Alianccedila Cooperativa Internacional
(ACI 2002) Poreacutem a definiccedilatildeo e o modus operandi da sociedade cooperativa
subordinam-se agrave regecircncia da legislaccedilatildeo de cada paiacutes sendo
Princiacutepio da adesatildeo livre e voluntaacuteria satildeo organizaccedilotildees abertas a todos
que querem se associar ou deixar de ser soacutecios bem como usar seus serviccedilos sem
distinccedilatildeo de posiccedilatildeo social racial poliacutetica religiosa ou de gecircnero
Princiacutepio do controle democraacutetico pelos soacutecios satildeo organizaccedilotildees
democraacuteticas geridas pelos soacutecios que participam do planejamento e na tomada de
decisotildees um soacutecio um voto
Princiacutepio da participaccedilatildeo econocircmica dos soacutecios contribuem de forma
igualitaacuteria e controlam de forma democraacutetica a gestatildeo do capital Eles recebem juros
de forma limitada sobre o capital As sobras podem ser utilizadas no desenvolvimento
das cooperativas ou em forma de retorno aos soacutecios de acordo com suas transaccedilotildees
com as cooperativas
Princiacutepio da autonomia e independecircncia como organizaccedilotildees autocircnomas
devem ser controladas por seus membros que devem assegurar o controle
democraacutetico e sua autonomia mesmo quando houver acordo operacional com outras
entidades
Princiacutepio da educaccedilatildeo treinamento e informaccedilatildeo devem proporcionar
educaccedilatildeo e treinamento para os soacutecios para que haja desenvolvimento e crescimento
pessoal
Princiacutepio da cooperaccedilatildeo entre cooperativas devem fortalecer o movimento
cooperativo trabalhando sempre que possiacutevel juntas por meio de estruturas locais
regionais nacionais e internacionais e
Princiacutepio da preocupaccedilatildeo com a comunidade devem trabalhar pelo seu
desenvolvimento sustentaacutevel e de suas comunidades
Satildeo os princiacutepios que datildeo sentido social e democraacutetico a forma de
organizaccedilatildeo das cooperativas onde o capital eacute um instrumento de materializaccedilatildeo dos
objetivos propostos e natildeo um elemento determinante de sua constituiccedilatildeo
5 As Leis que Regem o Cooperativismo no Brasil
Diante de princiacutepios do cooperativismo as organizaccedilotildees cooperativas podem
optar por quaisquer ramos de trabalho e produccedilatildeo (OCB 2018a) No entanto tem que
se observar as regras estabelecidas por lei O primeiro decreto que faz menccedilatildeo ao
cooperativismo eacute o nordm 979 de 06 de janeiro de 1903 (BRASIL 1903) permitindo aos
sindicatos a organizaccedilatildeo de caixas rurais de creacutedito bem como cooperativas
agropecuaacuterias e de consumo
Ainda segundo a OCB (2018a) surgiram Leis e Decretos com a finalidade de
regulamentar a atividade cooperativa como o Decreto nordm 1637 de 05 de janeiro de
1907 (BRASIL 1907) onde haacute o reconhecimento por parte do Governo da utilidade
das cooperativas mas sem ainda tornar sua forma juriacutedica distinta de outras
organizaccedilotildees A Lei nordm 4948 de 21 de dezembro de 1925 (BRASIL 1925) bem como
o Decreto nordm 17339 de 02 de junho de 1926 (BRASIL 1926) fazem alusatildeo
especificamente das Caixas Rurais Raiffeisen e dos Bancos Populares Luzzatti Jaacute o
Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 (BRASIL 1932) apresenta as
caracteriacutesticas das cooperativas e consagra as postulaccedilotildees doutrinaacuterias do sistema
no entanto foi revogado em 1934 sendo restabelecido em 1938 Em 1943 foi
novamente revogado para ressurgir em 1945 permanecendo em vigor ateacute 1966
Apesar de todos os transtornos esta foi uma fase de liberdade para formaccedilatildeo e
funcionamento de cooperativas inclusive com incentivos fiscais
Em 1966 com a criaccedilatildeo do Decreto-Lei nordm 59 21 de novembro de 1966
(BRASIL 1966) e sua regulamentaccedilatildeo pelo Decreto nordm 60597 de 19 de abril de 1967
(BRASIL 1967) o cooperativismo foi submetido ao controle estatal vindo a perder
incentivos fiscais e liberdade jaacute adquiridas anteriormente Eles foram promulgados no
iniacutecio do regime militar e modernizaram as cooperativas atreladas ao capital que
eliminaram as pequenas cooperativas rurais organizando as cooperativas como
estruturas tecnoloacutegicas de comercializaccedilatildeo e de industrializaccedilatildeo viabilizadas pelo
capital financeiro Em 16 de dezembro de 1971 foi promulgada a Lei nordm 5764
(BRASIL 1971) ainda em vigor que define o regime juriacutedico das cooperativas sua
constituiccedilatildeo e funcionamento sistema de representaccedilatildeo e oacutergatildeos de apoio para tornar
o Sistema de Cooperativas do Brasil viaacutevel (OCB 2018a)
A Constituiccedilatildeo de 1988 no art 174 em seu paraacutegrafo 2 dispotildee que o governo
estimularia a criaccedilatildeo e o desenvolvimento de cooperativas e outras formas de
associativismo Pela Constituiccedilatildeo o Estado natildeo poderia interferir nas cooperativas e
nas organizaccedilotildees da sociedade civil como estaacute no artigo 5ordm em seu inciso XVIII ldquoA
criaccedilatildeo de associaccedilotildees e na forma da lei a de cooperativas independem de
autorizaccedilatildeo sendo vedada a interferecircncia estatal em seu funcionamentordquo (BRASIL
1988) Entretanto nem as modificaccedilotildees proporcionadas pela constituiccedilatildeo e pela lei
conseguiram gerar uma legislaccedilatildeo clara e moderna que permita a alavancagem da
maioria das cooperativas
6 Estrutura Organizacional de Cooperativas
De acordo com a Lei 576471 (BRASIL 1971 Art 3ordm Art 4ordm) as cooperativas
satildeo definidas como
Art 3deg - Celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas que
reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviccedilos para o exerciacutecio de
uma atividade econocircmica de proveito comum sem objetivo de lucro
Art 4deg - As cooperativas satildeo sociedades de pessoas com forma e natureza
juriacutedica proacuteprias de natureza civil natildeo sujeita a falecircncia constituiacutedas para prestar
serviccedilos aos associados
A cooperativa funciona como uma associaccedilatildeo autocircnoma democraacutetica e
coletiva de pessoas que se unem voluntariamente para satisfazer suas
necessidades Por lei eacute caracterizada como uma empresa social e por possuir
natureza juriacutedica proacutepria eacute diferente de outros tipos de sociedades mercantis e suas
peculiaridades podem ser melhor compreendidas atraveacutes de trecircs mecanismos
distintos que a compotildeem (ABREU 2013)
Associativismo O cooperativismo extraiu do associativismo as formas de
reunir as pessoas bem como o modelo de gestatildeo com bases democraacuteticas Os
cooperados satildeo proprietaacuterios e trabalhadores Eacute uma entidade sem fins lucrativos
que pratica o ato cooperativo onde o bem principal eacute a pessoa
Mutualismo Participaccedilatildeo econocircmica dos associados A contribuiccedilatildeo
pessoal passa a ser coletiva ficando agrave disposiccedilatildeo da cooperativa e como regra
geral deve existir o controle da administraccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo interna para
preservaccedilatildeo e desenvolvimento do patrimocircnio coletivo e
Empreendedorismo As cooperativas surgem da junccedilatildeo de pessoas que
visam o desenvolvimento da coletividade tendo sentido econocircmico e os
participantes devem ter conhecimento da aacuterea em que ela estaacute inserida
Haacute basicamente trecircs modelos cooperativistas (AMATO NETO RUFINO
2000)
Consumo destina-se a fornecer aos associados os gecircneros alimentiacutecios e
bens de utilidade pessoal e domeacutestica a preccedilos mais vantajosos do que as demais
empresas
Produccedilatildeo cooperativas operaacuterias de produccedilatildeo ou cooperativas de
trabalhadores destinam-se agrave organizaccedilatildeo autocircnoma dos trabalhadores na produccedilatildeo
de determinados bens e serviccedilos e
Creacutedito Apresentam diversos subtipos especiacuteficos devido as peculiaridades
das regiotildees com ecircxito maior para as organizaccedilotildees dos chamados bancos populares
Para regulamentar esse modelo de sociedade surgiu a Alianccedila Cooperativa
Internacional (ACI) um organismo que tem como funccedilatildeo baacutesica preservar e defender
os princiacutepios das cooperativistas No Brasil o oacutergatildeo maacuteximo de representaccedilatildeo do
cooperativismo a Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Brasil (OCB) eacute uma entidade
que congrega as Cooperativas brasileiras de todos os ramos Nos estados existem as
Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Estado (OCE) e segundo a OCB (2018a) essa
classificaccedilatildeo tem como objetivo organizar accedilotildees viabilizar a economia e conseguir a
competitividade no mercado tradicional
Com a as mudanccedilas de tecnologia e de gestatildeo do mercado seja em qual for
o ramo de atividade da empresa eacute imprescindiacutevel que as cooperativas demonstrem
eficaacutecia na gestatildeo administrativa para natildeo ficar em desvantagem em relaccedilatildeo agraves
demais empresas
O liacuteder cooperativista vem enfrentando modificaccedilotildees constantes no mercado
de trabalho devido principalmente aos avanccedilos tecnoloacutegicos Tradicionalmente o liacuteder
mais eficiente tinha que ser capaz de interpretar os desejos dos cooperados e
transformaacute-la em proposta O novo liacuteder tem que ser perspicaz para tomar a decisatildeo
de forma raacutepida para natildeo perder as oportunidades mas ao mesmo tempo sem ferir
os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo (BIALOSKORSKI NETO 2006)
O autor supracitado cita os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo na
conduccedilatildeo da lideranccedila Contudo natildeo se pode perder de vista que o cooperativismo
se constitui com a presenccedila do capitalismo em seu processo de desenvolvimento
sendo seu objetivo final como organizaccedilatildeo o capital
As cooperativas divergem das empresas mercantis apesar de ambas
concorrerem no mercado Segundo Zylbersztajn (1994) a essecircncia dos princiacutepios
cooperativos por vezes limita seu desenvolvimento O autor defende que elas devem
ser readequadas para que os empreendimentos possam competir em um mundo
globalizado e de constante transformaccedilotildees tecnoloacutegicas Ainda segundo o autor
alguns cuidados devem ser tomados para as cooperativas se manterem no mercado
e devido agrave concorrecircncia com as empresas mercantis a gestatildeo tem que ser cada vez
mais eficiente e enxuta havendo preocupaccedilatildeo com o ambiente e a profissionalizaccedilatildeo
das funccedilotildees
A gestatildeo nas empresas se realiza de diversas formas e na cooperativa a
autogestatildeo eacute uma dessas formas Para natildeo reproduzir a forma tradicional de gestatildeo
todos os envolvidos deveratildeo estar informados e compreenderem o processo
produtivo e de gestatildeo da cooperativa pois a ldquoa planificaccedilatildeo autogerida natildeo consiste
apenas em planejar diferentemente mas em planejar outra coisardquo e assim
mudanccedilas tem que ser implantadas (GUILLERM BOURDET 1975 p 36)
Na empresa tradicional Singer e Souza (2000 p 21) comentam que os
conhecimentos satildeo trazidos pelos teacutecnicos ou executivos e a competecircncia do negoacutecio
ldquo dependeraacute do processo de aprendizado que a operaccedilatildeo do novo empreendimento
oferece a todos os executivosrdquo Nas cooperativas esse conhecimento tem que ser
desenvolvido com accedilotildees implementadas para que todos colaborem para o
desenvolvimento e manutenccedilatildeo da empresa
Em cooperativas autogestionaacuterias a princiacutepio participam do processo de
gestatildeo e produccedilatildeo todos os associados sendo desnecessaacuteria qualquer figura de
controle e gerenciamento da produccedilatildeo na forma tradicional Ela passa a se
autorregular e deixam de existir os conflitos entre os trabalhadores e o proprietaacuterio As
informaccedilotildees e experiecircncias satildeo compartilhadas e natildeo existe concentraccedilatildeo de
informaccedilatildeo e sim democratizaccedilatildeo do conhecimento
Talvez o maior desafio das cooperativas seja conciliar e desenvolver os
princiacutepios da solidariedade aliado com a sua manutenccedilatildeo no mercado Para se
manter no mercado tem que ser competitiva mas sem reproduzir e seguir o modelo
tradicional Nas cooperativas a rotatividade funcional eacute uma estrateacutegia
implementada para a superaccedilatildeo da hierarquia entre trabalho intelectual e braccedilal e
alcanccedilar para os soacutecios-trabalhadores um conhecimento global do processo
produtivo (PEDRINI 2000 p 37)
O rodiacutezio tem sido utilizado nas cooperativas autogestionaacuterias para que os
cooperados percebam o seu valor nas atividades de gestatildeo e participem ativamente
do processo em todas as aacutereas do empreendimento Para que isso ocorra eacute
fundamental que os indiviacuteduos adquiram novos haacutebitos padrotildees e valores
respeitando novas interaccedilotildees sociais culturais e individuais existente em um grupo
que atua solidariamente (OLIVEIRA 2001) As mudanccedilas de comportamento fazem
com que passem a ter consciecircncia de pertencer a um grupo e de ser responsaacutevel por
ele e quando praticam a autogestatildeo para administrar sua cooperativa se sentem
valorizados (RUFINO 2000)
7 Cooperativa de Produccedilatildeo
A cooperativa do ldquoramo de produccedilatildeo aleacutem de transformar trabalhadores em
empreendedores unem o capital (posse dos bens de produccedilatildeo) agrave matildeo de obrardquo
Nessas cooperativas o dono produz e eacute o dono do negoacutecio Assim como em outros
ramos natildeo haacute a busca do lucro ldquomas a melhoria da qualidade do trabalho e a
remuneraccedilatildeo de todosrdquo (OCB 2018a)
De acordo com Singer (2002) na modalidade baacutesica da economia solidaacuteria
suas relaccedilotildees sociais de produccedilatildeo se caracterizam por negar o princiacutepio baacutesico
do capitalismo isto eacute a separaccedilatildeo entre o capital e a posse dos meios de
produccedilatildeo Nesta cooperativa a propriedade dos meios de produccedilatildeo eacute daqueles
que nela trabalham e natildeo haacute proprietaacuterios que natildeo trabalhem na empresa e todos
tecircm o mesmo poder de decisatildeo sobre a empresa solidaacuteria A administraccedilatildeo eacute
feita por soacutecios eleitos para esta funccedilatildeo e que se pautam em decisotildees aprovadas
em assembleias gerais ou por conselhos de delegados eleitos por todos os
soacutecios A finalidade de uma cooperativa de produccedilatildeo natildeo eacute maximizar lucros
mas a quantidade e qualidade de trabalho O excedente anual (chamado
sobras nas cooperativas) tem a destinaccedilatildeo decidida pelos trabalhadores O
capital natildeo eacute remunerado e portanto natildeo haacute lucro e o proacuteprios trabalhadores
(proprietaacuterios) decidem os rumos da cooperativa
O cooperativismo como uma alternativa organizacional pode contribuir para
sanar as limitaccedilotildees de um desenvolvimento calcado em um sistema econocircmico e de
produccedilatildeo capitalista Contudo eacute preciso estar ciente que as organizaccedilotildees
cooperativas concorrem em um mercado competitivo necessitando manter-se com
qualidade de produccedilatildeo e competitiva frente ao mercado
8 Cooperativa de Trabalho
Para OCB (2018b p1) o ldquocooperativismo de trabalho eacute o caminho para
profissionais de perfil empreendedor e colaborativo Especialmente quando percebem
que se unindo a outros profissionais da mesma categoria eles seratildeo muito mais
fortesrdquo Comenta ainda que ldquoesse eacute um ramo bastante abrangente jaacute que as
cooperativas podem atuar em todos os segmentos de atividades econocircmicas
reunindo profissionais para melhorar a remuneraccedilatildeo e as condiccedilotildees de trabalhordquo
Segundo Arauacutejo e Moreira (2001 p79) ldquoas cooperativas de trabalho nascem
do desejo de associaccedilatildeo de um grupo de pessoas em viabilizar uma atividade
produtiva e com isso garantir sua sobrevivecircnciardquo destacando-se pela sua importacircncia
em facilitar o acesso econocircmico e a participaccedilatildeo do mercado
Poreacutem eacute sempre necessaacuterio lembrar que o sucesso de uma cooperativa deve
estar relacionado aos anseios de consumidor Caso contraacuterio a cooperativa natildeo iraacute
prosperar Pereira (2001) comenta que as cooperativas satildeo alternativas para as
pessoas que natildeo possuem emprego assalariado e podem representar uma opccedilatildeo ao
desemprego para os trabalhadores podendo ateacute contribuir para incrementar o niacutevel
geral de emprego Elas surgem como um lugar de promoccedilatildeo do trabalhador com
responsabilidade em todo o processo diferente da empresa privada onde existe os
benefiacutecios de uma atividade sem responsabilidade de sua manutenccedilatildeo da
organizaccedilatildeo no mercado tendo em vista que natildeo eacute ele que toma as decisotildees
Para Furquim (2001 p 23) o cooperativismo ldquoeacute o instrumento mais perfeito
de organizaccedilatildeo da sociedade por ser um sistema de organizaccedilatildeo social e econocircmico
cujo objetivo natildeo eacute o conjunto de pessoas mas o indiviacuteduo atraveacutes do conjunto das
pessoasrdquo uma forma organizativa alternativa uma vez que oferece benefiacutecios agravequeles
que optam pelo trabalho cooperativo
9 Consideraccedilotildees Finais
O conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo eacute
primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas
pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de
inclusatildeo social que permite aos associados concorrer no mercado com as grandes
corporaccedilotildees trazendo benefiacutecios para toda a coletividade envolvida
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APRESENTACcedilAtildeO
A organizaccedilatildeo do trabalho como a gestatildeo coletiva e democraacutetica o
desenvolvimento do conhecimento e das informaccedilotildees o processo produtivo e as
novas relaccedilotildees sociais e econocircmicas geradas a partir dessas mudanccedilas satildeo
imprescindiacuteveis para a entender a Economia Solidaacuteria na qual os empreendimentos
devem aliar sustentaccedilatildeo econocircmica e envolvimento social Novas soluccedilotildees teacutecnicas
gerenciais organizativas e produtivas satildeo necessaacuterias para os empreendimentos com
base na autogestatildeo e isso se deve ao fato de que os empreendimentos solidaacuterios
apresentam peculiaridades quer sejam fiscais juriacutedicas contaacutebeis ou patrimoniais
por exemplo
Por estes motivos o estudo das cooperativas uma forma alternativa de
participaccedilatildeo na economia capitalista com accedilotildees coletivas para manutenccedilatildeo dos
postos de trabalho eacute importante A globalizaccedilatildeo um fenocircmeno que estaacute exercendo
um profundo impacto em todos os niacuteveis relacionados agrave produccedilatildeo ao trabalho e agrave
economia tambeacutem tem levado ao aumento do desemprego entre determinadas
camadas da populaccedilatildeo que apresentam certas particularidades As cooperativas
exercem um papel funcional no mercado incorporando uma parcela de trabalhadores
desempregados sendo o maior desafio das iniciativas solidaacuterias conciliar e
desenvolver os princiacutepios da solidariedade aliado com a sua manutenccedilatildeo no mercado
Para se manter a cooperativa tem que ser competitiva mas sem reproduzir e seguir
o modelo tradicional
Assim para que possa funcionar adequadamente eacute necessaacuterio conhecer suas
peculiaridades de funcionamento o que pode permitir uma melhor compreensatildeo
sobre as dificuldades encontradas por cooperativas solidaacuterias para se manterem e
desenvolverem em um mercado cada vez mais competitivo evitando seu abandono e
prejuiacutezos decorrentes deste fato Por este motivo conhecer como funciona o processo
cooperativo eacute fundamental para perpetuar a economia solidaacuteria
1 Introduccedilatildeo
Com o crescimento populacional e os avanccedilos tecnoloacutegicos que propiciam a
mecanizaccedilatildeo no ambiente industrial e de serviccedilos o desemprego apresenta-se como
uma variaacutevel presente na estrutura da organizaccedilatildeo laboral Discute-se como esta
nova realidade implica em uma diminuiccedilatildeo cada vez maior da qualidade de vida das
pessoas devido agraves intensas e constantes transformaccedilotildees do mercado de trabalho
onde o risco de ficar desempregado eacute cada vez mais evidente atraveacutes do
fechamento de empresas O desemprego constitui-se assim como um dos problemas
mais graves da sociedade sobretudo se for considerado por um lado as dificuldades
estruturais econocircmicas enfrentadas pelas famiacutelias e por outro a exclusatildeo social
Segundo dados da Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Brasil (OCB 2018a) a
necessidade em permanecer no mercado de trabalho vem contribuindo para que
pessoas e as empresas procurem novas formas de organizaccedilatildeo mantendo-se em um
mundo cada vez mais competitivo E por esta razatildeo ocorre um aumento contiacutenuo no
nuacutemero de cooperativas no Brasil
A OCB (2018a) cita ainda que no ano de 2018 existiam 6887 mil
cooperativas distribuiacutedas em 13 ramos de atividades Nos uacuteltimos anos ultrapassaram
o patamar de 142 milhotildees de cooperados e geraram 398 mil empregos diretos aleacutem
de representar 2007 do montante de produtos exportados com a agropecuaacuteria e
outras forccedilas produtivas participando das exportaccedilotildees de mineacuterios e calccedilados por
exemplo Os setores de serviccedilos de transporte e turismo tambeacutem de destacam em
relaccedilatildeo ao cooperativismo demonstrando a importacircncia deste movimento e indicando
que natildeo eacute importante apenas para as famiacutelias que dele dependem para sobreviver
mas tambeacutem para a economia da naccedilatildeo
2 Globalizaccedilatildeo
As conexotildees entre as configuraccedilotildees atuais do capitalismo globalizado e a
pobreza no mundo tecircm sido analisadas indicando que a globalizaccedilatildeo exerce
profundo impacto em todos os niacuteveis e aacutereas da produccedilatildeo do trabalho e da
economia colocando em destaque os mecanismos excludentes de mercados de
trabalho cada vez mais precarizados (CASTEL 1998) Este processo vem se
desenvolvendo haacute quase meio seacuteculo podendo ser caracterizado como uma
reestruturaccedilatildeo da divisatildeo do trabalho onde as estruturas produtivas e financeiras
estatildeo cada vez mais interligadas e interdependentes (SINGER SOUZA 2000)
Apesar de suas vantagens alguns impactos negativos podem apontar para
desvantagens que diversos atores sociais tecircm em relaccedilatildeo ao novo modelo que
passam pelo agravamento do desemprego transferecircncia da responsabilidade do
estado para a economia privada crescimento da vulnerabilidade dos paiacuteses frente
aos fluxos de capitais e concentraccedilatildeo de renda (SINGER 2001)
3 O Trabalho e sua Organizaccedilatildeo
O trabalho segundo Engels (1980 p7) eacute ldquoa condiccedilatildeo fundamental de toda a
vida humana e em tatildeo elevado grau que certo sentido se pode dizer foi o trabalho
que criou o proacuteprio homemrdquo Ele pode ser entendido como um passo do ser humano
para criar e recriar as condiccedilotildees necessaacuterias para sua sobrevivecircncia e reproduccedilatildeo e
entendido em seu sentido mais geneacuterico e abstrato como produtor de valores de uso
expressatildeo de uma relaccedilatildeo metaboacutelica entre o ser social e a natureza (ANTUNES
2009 p 139)
No capitalismo o homem foi transformado em parte da produccedilatildeo deixando
de ser o sujeito do trabalho para se tornar um objeto dele Para Antunes (1998
p123) [] o trabalho mostra-se como momento fundante de realizaccedilatildeo do ser
social condiccedilatildeo para a sua existecircncia Suas alteraccedilotildees estatildeo principalmente
relacionadas a reorganizaccedilatildeo da produccedilatildeo a flexibilizaccedilatildeo do trabalho e das leis
trabalhistas e ao desemprego (SINGER SOUZA 2000) Essas mudanccedilas estruturais
natildeo estatildeo conseguindo transformar as relaccedilotildees ligadas agraves modernizaccedilotildees
tecnoloacutegicas o que causa aumento das incertezas e instabilidades
Em uma revisita a histoacuteria do mundo do trabalho sabe-se que na sociedade
industrial do seacuteculo XX segundo Leite e Postuma (1996) o modelo taylorista-fordista
correspondeu a uma visatildeo determinada pela ampliaccedilatildeo dos mercados e aumento da
produccedilatildeo (produccedilatildeo em massa e capitalismo monopolista) que precisa manter um
ritmo de produccedilatildeo elevado e contiacutenuo para suprir o mercado
Esse processo pode ser entendido como uma forma de controle por parte
do Capital sobre os processos produtivos e operacionais nos quais o conhecimento
a habilidade e a experiecircncia eram essenciais por parte do trabalhador Eles eram
controlados pela gerecircncia atraveacutes dos estudos do tempo e movimento que eram
introduzidos alienando-os do processo total de produccedilatildeo (MORAES NETO 1991)
Essas estruturas tayloristas-fordistas das relaccedilotildees de produccedilatildeo tornaram-se criticadas
e combatidas e assim novas relaccedilotildees surgiram e se tornaram conhecidas As
dificuldades levaram a buscas de soluccedilotildees onde os patrotildees e empregados procuraram
novas relaccedilotildees para melhorar as condiccedilotildees de trabalho (PERROT 1985)
As transformaccedilotildees se intensificam na deacutecada de 1980 com a introduccedilatildeo de
inovaccedilotildees tecnoloacutegicas principalmente a automaccedilatildeo Mas eacute preciso notar que a
microeletrocircnica natildeo consiste apenas numa modificaccedilatildeo das teacutecnicas e dos modos de
operaccedilatildeo mas numa integraccedilatildeo maior do conjunto do processo produtivo que permite
uma reduccedilatildeo significativa do tempo de produccedilatildeo total das mercadorias (LEITE e
POSTUMA 1996 p 85)
Nos anos 1990 ocorreu o aprofundamento do desemprego e no fim do Seacuteculo
XX cerca de 12 bilhatildeo de pessoas ou 13 da forccedila de trabalho mundial estava em
situaccedilatildeo de trabalho precaacuterio ou de desemprego (ANTUNES 1998) Na tentativa de
encontrar alternativas para a questatildeo de desemprego ressurge o debate sobre do
papel das cooperativas
Ainda conforme Antunes (1998) em economias capitalistas o trabalho foi
estruturado de forma assalariado poreacutem em um mundo de constantes
transformaccedilotildees ressurgem novas configuraccedilotildees sociais e econocircmicas e entre elas o
trabalho cooperativo Natildeo que se tenha encontrado uma nova forma de organizaccedilatildeo
que supere os problemas mas sim formas organizativas que buscam a transformaccedilatildeo
social e que ainda estatildeo em processo de adaptaccedilatildeo
As cooperativas seriam como uma alternativa produtiva dentro de uma
economia capitalista com a estrutura organizacional se baseando em accedilotildees de
trabalho coletivas para manutenccedilatildeo dos postos de trabalho uma vez que incorpora
parcelas de trabalhadores desempregados e outros que querem ser donos de seu
proacuteprio trabalho o que acaba suprindo algumas lacunas sociais surgidas (ANTUNES
2009)
As cooperativas criadas autonomamente pelos trabalhadores tecircm um
sentido coletivo se opondo a estrutura tradicional de comeacutercio sendo por isso uma
tentativa de minimizaccedilatildeo dos problemas de luta e accedilatildeo contra o desemprego
estrutural ldquoO trabalho eacute o gerador de valor Reorganizaacute-lo no sentido de aumentar a
produtividade resulta num desses mecanismos de elevaccedilatildeo da extraccedilatildeo da mais valia
e portanto numa perspectiva de saiacuteda da criserdquo (DAL ROSSO 2011 p 8)
4 Cooperativismo
O homem natildeo consegue viver soacute e por isso vive em comunidade onde pode
estabelecer um sistema de cooperaccedilatildeo para atingir objetivos comuns O trabalho
coletivo sempre existiu seja quando os homens trabalhavam conjuntamente para
caccedilar e pescar ou na construccedilatildeo de habitaccedilotildees Nesses momentos o trabalho coletivo
servia como um instrumento social
O trabalho coletivo eacute pressuposto para o desenvolvimento do modelo produtivo
cooperativista Nesse sentido com o advento da Revoluccedilatildeo Industrial ocorreram
profundas modificaccedilotildees no pensamento econocircmico da eacutepoca que como
consequecircncia provocou reformas sociais e dentre elas o cooperativismo
Segundo Schneider (1981 p 32) ldquo O cooperativismo surgiu historicamente
como um sistema formal poreacutem simples de organizaccedilatildeo de grupos sociais com
objetivos e interesses comuns estando o seu funcionamento amparado basicamente
nos princiacutepios da ajuda muacutetua e do controle democraacutetico da organizaccedilatildeo pelos seus
membros Daiacute o caraacuteter sui-gecircneris desse tipo de organizaccedilatildeo da qual os associados
seriam ao mesmo tempo proprietaacuterios e usuaacuteriosrdquo
Com a consolidaccedilatildeo do capitalismo e a Revoluccedilatildeo Industrial e suas
consequecircncias sociais eou econocircmicas o sistema cooperativista comeccedila a criar
suas estruturas Inicialmente em 1844 consegue utilizar um conjunto de teorias para
sua organizaccedilatildeo social e econocircmica e no dia 24 de outubro um grupo de tecelotildees da
localidade de Rochdale Inglaterra fundam a primeira cooperativa denominada
Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale (SCHNEIDER 1981)
As organizaccedilotildees cooperativas segundo Alianccedila Cooperativa Internacional
(ACI 2002) buscam desenvolver princiacutepios diferentes dos utilizados na iniciativa
puacuteblica ou privada Satildeo princiacutepios desenvolvidos desde a primeira cooperativa que
podem ser assim classificados Adesatildeo livre Neutralidade poliacutetica religiosa e social
ldquoUm homemrdquo ldquoUm votordquo Retorno das sobras das operaccedilotildees Juros limitados ao
capital Desenvolvimento da educaccedilatildeo e Cooperaccedilatildeo intercooperativa Sempre
existiram pessoas com ideais de uma sociedade perfeita imaginando e lutando pela paz
ordem felicidade justiccedila e igualdade econocircmica preocupando-se com o bem
coletivo desejo que inflamou o surgimento dos fundamentos do cooperativismo
(Quadro 1)
Quadro 1 - Fundamentos inerentes ao cooperativismo (OCB 2018a)
Fundamentos Descriccedilatildeo
Liberdade
A democracia se concretiza atraveacutes da liberdade da possibilidade de participaccedilatildeo de escolha e decisatildeo sobre as accedilotildees da cooperativa
assegurando o seu sucesso
Igualdade
Direitos e deveres satildeo iguais para todos Natildeo possuem mais ou menos poder ou benefiacutecio independente do capital investido
Solidariedade A solidariedade eacute imprescindiacutevel onde a ajuda muacutetua permite desenvolver uma economia solidaacuteria e coletiva
Racionalidade O uso da tecnologia e da ciecircncia deve proporcionar emancipaccedilatildeo respeito e dignidade para os cooperados
Fonte Dados da pesquisa
Os princiacutepios do cooperativismo tecircm sua origem no estatuto Rochdale
incluindo-se as revisotildees de 1966 e 1995 feitas pela Alianccedila Cooperativa Internacional
(ACI 2002) Poreacutem a definiccedilatildeo e o modus operandi da sociedade cooperativa
subordinam-se agrave regecircncia da legislaccedilatildeo de cada paiacutes sendo
Princiacutepio da adesatildeo livre e voluntaacuteria satildeo organizaccedilotildees abertas a todos
que querem se associar ou deixar de ser soacutecios bem como usar seus serviccedilos sem
distinccedilatildeo de posiccedilatildeo social racial poliacutetica religiosa ou de gecircnero
Princiacutepio do controle democraacutetico pelos soacutecios satildeo organizaccedilotildees
democraacuteticas geridas pelos soacutecios que participam do planejamento e na tomada de
decisotildees um soacutecio um voto
Princiacutepio da participaccedilatildeo econocircmica dos soacutecios contribuem de forma
igualitaacuteria e controlam de forma democraacutetica a gestatildeo do capital Eles recebem juros
de forma limitada sobre o capital As sobras podem ser utilizadas no desenvolvimento
das cooperativas ou em forma de retorno aos soacutecios de acordo com suas transaccedilotildees
com as cooperativas
Princiacutepio da autonomia e independecircncia como organizaccedilotildees autocircnomas
devem ser controladas por seus membros que devem assegurar o controle
democraacutetico e sua autonomia mesmo quando houver acordo operacional com outras
entidades
Princiacutepio da educaccedilatildeo treinamento e informaccedilatildeo devem proporcionar
educaccedilatildeo e treinamento para os soacutecios para que haja desenvolvimento e crescimento
pessoal
Princiacutepio da cooperaccedilatildeo entre cooperativas devem fortalecer o movimento
cooperativo trabalhando sempre que possiacutevel juntas por meio de estruturas locais
regionais nacionais e internacionais e
Princiacutepio da preocupaccedilatildeo com a comunidade devem trabalhar pelo seu
desenvolvimento sustentaacutevel e de suas comunidades
Satildeo os princiacutepios que datildeo sentido social e democraacutetico a forma de
organizaccedilatildeo das cooperativas onde o capital eacute um instrumento de materializaccedilatildeo dos
objetivos propostos e natildeo um elemento determinante de sua constituiccedilatildeo
5 As Leis que Regem o Cooperativismo no Brasil
Diante de princiacutepios do cooperativismo as organizaccedilotildees cooperativas podem
optar por quaisquer ramos de trabalho e produccedilatildeo (OCB 2018a) No entanto tem que
se observar as regras estabelecidas por lei O primeiro decreto que faz menccedilatildeo ao
cooperativismo eacute o nordm 979 de 06 de janeiro de 1903 (BRASIL 1903) permitindo aos
sindicatos a organizaccedilatildeo de caixas rurais de creacutedito bem como cooperativas
agropecuaacuterias e de consumo
Ainda segundo a OCB (2018a) surgiram Leis e Decretos com a finalidade de
regulamentar a atividade cooperativa como o Decreto nordm 1637 de 05 de janeiro de
1907 (BRASIL 1907) onde haacute o reconhecimento por parte do Governo da utilidade
das cooperativas mas sem ainda tornar sua forma juriacutedica distinta de outras
organizaccedilotildees A Lei nordm 4948 de 21 de dezembro de 1925 (BRASIL 1925) bem como
o Decreto nordm 17339 de 02 de junho de 1926 (BRASIL 1926) fazem alusatildeo
especificamente das Caixas Rurais Raiffeisen e dos Bancos Populares Luzzatti Jaacute o
Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 (BRASIL 1932) apresenta as
caracteriacutesticas das cooperativas e consagra as postulaccedilotildees doutrinaacuterias do sistema
no entanto foi revogado em 1934 sendo restabelecido em 1938 Em 1943 foi
novamente revogado para ressurgir em 1945 permanecendo em vigor ateacute 1966
Apesar de todos os transtornos esta foi uma fase de liberdade para formaccedilatildeo e
funcionamento de cooperativas inclusive com incentivos fiscais
Em 1966 com a criaccedilatildeo do Decreto-Lei nordm 59 21 de novembro de 1966
(BRASIL 1966) e sua regulamentaccedilatildeo pelo Decreto nordm 60597 de 19 de abril de 1967
(BRASIL 1967) o cooperativismo foi submetido ao controle estatal vindo a perder
incentivos fiscais e liberdade jaacute adquiridas anteriormente Eles foram promulgados no
iniacutecio do regime militar e modernizaram as cooperativas atreladas ao capital que
eliminaram as pequenas cooperativas rurais organizando as cooperativas como
estruturas tecnoloacutegicas de comercializaccedilatildeo e de industrializaccedilatildeo viabilizadas pelo
capital financeiro Em 16 de dezembro de 1971 foi promulgada a Lei nordm 5764
(BRASIL 1971) ainda em vigor que define o regime juriacutedico das cooperativas sua
constituiccedilatildeo e funcionamento sistema de representaccedilatildeo e oacutergatildeos de apoio para tornar
o Sistema de Cooperativas do Brasil viaacutevel (OCB 2018a)
A Constituiccedilatildeo de 1988 no art 174 em seu paraacutegrafo 2 dispotildee que o governo
estimularia a criaccedilatildeo e o desenvolvimento de cooperativas e outras formas de
associativismo Pela Constituiccedilatildeo o Estado natildeo poderia interferir nas cooperativas e
nas organizaccedilotildees da sociedade civil como estaacute no artigo 5ordm em seu inciso XVIII ldquoA
criaccedilatildeo de associaccedilotildees e na forma da lei a de cooperativas independem de
autorizaccedilatildeo sendo vedada a interferecircncia estatal em seu funcionamentordquo (BRASIL
1988) Entretanto nem as modificaccedilotildees proporcionadas pela constituiccedilatildeo e pela lei
conseguiram gerar uma legislaccedilatildeo clara e moderna que permita a alavancagem da
maioria das cooperativas
6 Estrutura Organizacional de Cooperativas
De acordo com a Lei 576471 (BRASIL 1971 Art 3ordm Art 4ordm) as cooperativas
satildeo definidas como
Art 3deg - Celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas que
reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviccedilos para o exerciacutecio de
uma atividade econocircmica de proveito comum sem objetivo de lucro
Art 4deg - As cooperativas satildeo sociedades de pessoas com forma e natureza
juriacutedica proacuteprias de natureza civil natildeo sujeita a falecircncia constituiacutedas para prestar
serviccedilos aos associados
A cooperativa funciona como uma associaccedilatildeo autocircnoma democraacutetica e
coletiva de pessoas que se unem voluntariamente para satisfazer suas
necessidades Por lei eacute caracterizada como uma empresa social e por possuir
natureza juriacutedica proacutepria eacute diferente de outros tipos de sociedades mercantis e suas
peculiaridades podem ser melhor compreendidas atraveacutes de trecircs mecanismos
distintos que a compotildeem (ABREU 2013)
Associativismo O cooperativismo extraiu do associativismo as formas de
reunir as pessoas bem como o modelo de gestatildeo com bases democraacuteticas Os
cooperados satildeo proprietaacuterios e trabalhadores Eacute uma entidade sem fins lucrativos
que pratica o ato cooperativo onde o bem principal eacute a pessoa
Mutualismo Participaccedilatildeo econocircmica dos associados A contribuiccedilatildeo
pessoal passa a ser coletiva ficando agrave disposiccedilatildeo da cooperativa e como regra
geral deve existir o controle da administraccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo interna para
preservaccedilatildeo e desenvolvimento do patrimocircnio coletivo e
Empreendedorismo As cooperativas surgem da junccedilatildeo de pessoas que
visam o desenvolvimento da coletividade tendo sentido econocircmico e os
participantes devem ter conhecimento da aacuterea em que ela estaacute inserida
Haacute basicamente trecircs modelos cooperativistas (AMATO NETO RUFINO
2000)
Consumo destina-se a fornecer aos associados os gecircneros alimentiacutecios e
bens de utilidade pessoal e domeacutestica a preccedilos mais vantajosos do que as demais
empresas
Produccedilatildeo cooperativas operaacuterias de produccedilatildeo ou cooperativas de
trabalhadores destinam-se agrave organizaccedilatildeo autocircnoma dos trabalhadores na produccedilatildeo
de determinados bens e serviccedilos e
Creacutedito Apresentam diversos subtipos especiacuteficos devido as peculiaridades
das regiotildees com ecircxito maior para as organizaccedilotildees dos chamados bancos populares
Para regulamentar esse modelo de sociedade surgiu a Alianccedila Cooperativa
Internacional (ACI) um organismo que tem como funccedilatildeo baacutesica preservar e defender
os princiacutepios das cooperativistas No Brasil o oacutergatildeo maacuteximo de representaccedilatildeo do
cooperativismo a Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Brasil (OCB) eacute uma entidade
que congrega as Cooperativas brasileiras de todos os ramos Nos estados existem as
Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Estado (OCE) e segundo a OCB (2018a) essa
classificaccedilatildeo tem como objetivo organizar accedilotildees viabilizar a economia e conseguir a
competitividade no mercado tradicional
Com a as mudanccedilas de tecnologia e de gestatildeo do mercado seja em qual for
o ramo de atividade da empresa eacute imprescindiacutevel que as cooperativas demonstrem
eficaacutecia na gestatildeo administrativa para natildeo ficar em desvantagem em relaccedilatildeo agraves
demais empresas
O liacuteder cooperativista vem enfrentando modificaccedilotildees constantes no mercado
de trabalho devido principalmente aos avanccedilos tecnoloacutegicos Tradicionalmente o liacuteder
mais eficiente tinha que ser capaz de interpretar os desejos dos cooperados e
transformaacute-la em proposta O novo liacuteder tem que ser perspicaz para tomar a decisatildeo
de forma raacutepida para natildeo perder as oportunidades mas ao mesmo tempo sem ferir
os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo (BIALOSKORSKI NETO 2006)
O autor supracitado cita os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo na
conduccedilatildeo da lideranccedila Contudo natildeo se pode perder de vista que o cooperativismo
se constitui com a presenccedila do capitalismo em seu processo de desenvolvimento
sendo seu objetivo final como organizaccedilatildeo o capital
As cooperativas divergem das empresas mercantis apesar de ambas
concorrerem no mercado Segundo Zylbersztajn (1994) a essecircncia dos princiacutepios
cooperativos por vezes limita seu desenvolvimento O autor defende que elas devem
ser readequadas para que os empreendimentos possam competir em um mundo
globalizado e de constante transformaccedilotildees tecnoloacutegicas Ainda segundo o autor
alguns cuidados devem ser tomados para as cooperativas se manterem no mercado
e devido agrave concorrecircncia com as empresas mercantis a gestatildeo tem que ser cada vez
mais eficiente e enxuta havendo preocupaccedilatildeo com o ambiente e a profissionalizaccedilatildeo
das funccedilotildees
A gestatildeo nas empresas se realiza de diversas formas e na cooperativa a
autogestatildeo eacute uma dessas formas Para natildeo reproduzir a forma tradicional de gestatildeo
todos os envolvidos deveratildeo estar informados e compreenderem o processo
produtivo e de gestatildeo da cooperativa pois a ldquoa planificaccedilatildeo autogerida natildeo consiste
apenas em planejar diferentemente mas em planejar outra coisardquo e assim
mudanccedilas tem que ser implantadas (GUILLERM BOURDET 1975 p 36)
Na empresa tradicional Singer e Souza (2000 p 21) comentam que os
conhecimentos satildeo trazidos pelos teacutecnicos ou executivos e a competecircncia do negoacutecio
ldquo dependeraacute do processo de aprendizado que a operaccedilatildeo do novo empreendimento
oferece a todos os executivosrdquo Nas cooperativas esse conhecimento tem que ser
desenvolvido com accedilotildees implementadas para que todos colaborem para o
desenvolvimento e manutenccedilatildeo da empresa
Em cooperativas autogestionaacuterias a princiacutepio participam do processo de
gestatildeo e produccedilatildeo todos os associados sendo desnecessaacuteria qualquer figura de
controle e gerenciamento da produccedilatildeo na forma tradicional Ela passa a se
autorregular e deixam de existir os conflitos entre os trabalhadores e o proprietaacuterio As
informaccedilotildees e experiecircncias satildeo compartilhadas e natildeo existe concentraccedilatildeo de
informaccedilatildeo e sim democratizaccedilatildeo do conhecimento
Talvez o maior desafio das cooperativas seja conciliar e desenvolver os
princiacutepios da solidariedade aliado com a sua manutenccedilatildeo no mercado Para se
manter no mercado tem que ser competitiva mas sem reproduzir e seguir o modelo
tradicional Nas cooperativas a rotatividade funcional eacute uma estrateacutegia
implementada para a superaccedilatildeo da hierarquia entre trabalho intelectual e braccedilal e
alcanccedilar para os soacutecios-trabalhadores um conhecimento global do processo
produtivo (PEDRINI 2000 p 37)
O rodiacutezio tem sido utilizado nas cooperativas autogestionaacuterias para que os
cooperados percebam o seu valor nas atividades de gestatildeo e participem ativamente
do processo em todas as aacutereas do empreendimento Para que isso ocorra eacute
fundamental que os indiviacuteduos adquiram novos haacutebitos padrotildees e valores
respeitando novas interaccedilotildees sociais culturais e individuais existente em um grupo
que atua solidariamente (OLIVEIRA 2001) As mudanccedilas de comportamento fazem
com que passem a ter consciecircncia de pertencer a um grupo e de ser responsaacutevel por
ele e quando praticam a autogestatildeo para administrar sua cooperativa se sentem
valorizados (RUFINO 2000)
7 Cooperativa de Produccedilatildeo
A cooperativa do ldquoramo de produccedilatildeo aleacutem de transformar trabalhadores em
empreendedores unem o capital (posse dos bens de produccedilatildeo) agrave matildeo de obrardquo
Nessas cooperativas o dono produz e eacute o dono do negoacutecio Assim como em outros
ramos natildeo haacute a busca do lucro ldquomas a melhoria da qualidade do trabalho e a
remuneraccedilatildeo de todosrdquo (OCB 2018a)
De acordo com Singer (2002) na modalidade baacutesica da economia solidaacuteria
suas relaccedilotildees sociais de produccedilatildeo se caracterizam por negar o princiacutepio baacutesico
do capitalismo isto eacute a separaccedilatildeo entre o capital e a posse dos meios de
produccedilatildeo Nesta cooperativa a propriedade dos meios de produccedilatildeo eacute daqueles
que nela trabalham e natildeo haacute proprietaacuterios que natildeo trabalhem na empresa e todos
tecircm o mesmo poder de decisatildeo sobre a empresa solidaacuteria A administraccedilatildeo eacute
feita por soacutecios eleitos para esta funccedilatildeo e que se pautam em decisotildees aprovadas
em assembleias gerais ou por conselhos de delegados eleitos por todos os
soacutecios A finalidade de uma cooperativa de produccedilatildeo natildeo eacute maximizar lucros
mas a quantidade e qualidade de trabalho O excedente anual (chamado
sobras nas cooperativas) tem a destinaccedilatildeo decidida pelos trabalhadores O
capital natildeo eacute remunerado e portanto natildeo haacute lucro e o proacuteprios trabalhadores
(proprietaacuterios) decidem os rumos da cooperativa
O cooperativismo como uma alternativa organizacional pode contribuir para
sanar as limitaccedilotildees de um desenvolvimento calcado em um sistema econocircmico e de
produccedilatildeo capitalista Contudo eacute preciso estar ciente que as organizaccedilotildees
cooperativas concorrem em um mercado competitivo necessitando manter-se com
qualidade de produccedilatildeo e competitiva frente ao mercado
8 Cooperativa de Trabalho
Para OCB (2018b p1) o ldquocooperativismo de trabalho eacute o caminho para
profissionais de perfil empreendedor e colaborativo Especialmente quando percebem
que se unindo a outros profissionais da mesma categoria eles seratildeo muito mais
fortesrdquo Comenta ainda que ldquoesse eacute um ramo bastante abrangente jaacute que as
cooperativas podem atuar em todos os segmentos de atividades econocircmicas
reunindo profissionais para melhorar a remuneraccedilatildeo e as condiccedilotildees de trabalhordquo
Segundo Arauacutejo e Moreira (2001 p79) ldquoas cooperativas de trabalho nascem
do desejo de associaccedilatildeo de um grupo de pessoas em viabilizar uma atividade
produtiva e com isso garantir sua sobrevivecircnciardquo destacando-se pela sua importacircncia
em facilitar o acesso econocircmico e a participaccedilatildeo do mercado
Poreacutem eacute sempre necessaacuterio lembrar que o sucesso de uma cooperativa deve
estar relacionado aos anseios de consumidor Caso contraacuterio a cooperativa natildeo iraacute
prosperar Pereira (2001) comenta que as cooperativas satildeo alternativas para as
pessoas que natildeo possuem emprego assalariado e podem representar uma opccedilatildeo ao
desemprego para os trabalhadores podendo ateacute contribuir para incrementar o niacutevel
geral de emprego Elas surgem como um lugar de promoccedilatildeo do trabalhador com
responsabilidade em todo o processo diferente da empresa privada onde existe os
benefiacutecios de uma atividade sem responsabilidade de sua manutenccedilatildeo da
organizaccedilatildeo no mercado tendo em vista que natildeo eacute ele que toma as decisotildees
Para Furquim (2001 p 23) o cooperativismo ldquoeacute o instrumento mais perfeito
de organizaccedilatildeo da sociedade por ser um sistema de organizaccedilatildeo social e econocircmico
cujo objetivo natildeo eacute o conjunto de pessoas mas o indiviacuteduo atraveacutes do conjunto das
pessoasrdquo uma forma organizativa alternativa uma vez que oferece benefiacutecios agravequeles
que optam pelo trabalho cooperativo
9 Consideraccedilotildees Finais
O conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo eacute
primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas
pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de
inclusatildeo social que permite aos associados concorrer no mercado com as grandes
corporaccedilotildees trazendo benefiacutecios para toda a coletividade envolvida
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1 Introduccedilatildeo
Com o crescimento populacional e os avanccedilos tecnoloacutegicos que propiciam a
mecanizaccedilatildeo no ambiente industrial e de serviccedilos o desemprego apresenta-se como
uma variaacutevel presente na estrutura da organizaccedilatildeo laboral Discute-se como esta
nova realidade implica em uma diminuiccedilatildeo cada vez maior da qualidade de vida das
pessoas devido agraves intensas e constantes transformaccedilotildees do mercado de trabalho
onde o risco de ficar desempregado eacute cada vez mais evidente atraveacutes do
fechamento de empresas O desemprego constitui-se assim como um dos problemas
mais graves da sociedade sobretudo se for considerado por um lado as dificuldades
estruturais econocircmicas enfrentadas pelas famiacutelias e por outro a exclusatildeo social
Segundo dados da Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Brasil (OCB 2018a) a
necessidade em permanecer no mercado de trabalho vem contribuindo para que
pessoas e as empresas procurem novas formas de organizaccedilatildeo mantendo-se em um
mundo cada vez mais competitivo E por esta razatildeo ocorre um aumento contiacutenuo no
nuacutemero de cooperativas no Brasil
A OCB (2018a) cita ainda que no ano de 2018 existiam 6887 mil
cooperativas distribuiacutedas em 13 ramos de atividades Nos uacuteltimos anos ultrapassaram
o patamar de 142 milhotildees de cooperados e geraram 398 mil empregos diretos aleacutem
de representar 2007 do montante de produtos exportados com a agropecuaacuteria e
outras forccedilas produtivas participando das exportaccedilotildees de mineacuterios e calccedilados por
exemplo Os setores de serviccedilos de transporte e turismo tambeacutem de destacam em
relaccedilatildeo ao cooperativismo demonstrando a importacircncia deste movimento e indicando
que natildeo eacute importante apenas para as famiacutelias que dele dependem para sobreviver
mas tambeacutem para a economia da naccedilatildeo
2 Globalizaccedilatildeo
As conexotildees entre as configuraccedilotildees atuais do capitalismo globalizado e a
pobreza no mundo tecircm sido analisadas indicando que a globalizaccedilatildeo exerce
profundo impacto em todos os niacuteveis e aacutereas da produccedilatildeo do trabalho e da
economia colocando em destaque os mecanismos excludentes de mercados de
trabalho cada vez mais precarizados (CASTEL 1998) Este processo vem se
desenvolvendo haacute quase meio seacuteculo podendo ser caracterizado como uma
reestruturaccedilatildeo da divisatildeo do trabalho onde as estruturas produtivas e financeiras
estatildeo cada vez mais interligadas e interdependentes (SINGER SOUZA 2000)
Apesar de suas vantagens alguns impactos negativos podem apontar para
desvantagens que diversos atores sociais tecircm em relaccedilatildeo ao novo modelo que
passam pelo agravamento do desemprego transferecircncia da responsabilidade do
estado para a economia privada crescimento da vulnerabilidade dos paiacuteses frente
aos fluxos de capitais e concentraccedilatildeo de renda (SINGER 2001)
3 O Trabalho e sua Organizaccedilatildeo
O trabalho segundo Engels (1980 p7) eacute ldquoa condiccedilatildeo fundamental de toda a
vida humana e em tatildeo elevado grau que certo sentido se pode dizer foi o trabalho
que criou o proacuteprio homemrdquo Ele pode ser entendido como um passo do ser humano
para criar e recriar as condiccedilotildees necessaacuterias para sua sobrevivecircncia e reproduccedilatildeo e
entendido em seu sentido mais geneacuterico e abstrato como produtor de valores de uso
expressatildeo de uma relaccedilatildeo metaboacutelica entre o ser social e a natureza (ANTUNES
2009 p 139)
No capitalismo o homem foi transformado em parte da produccedilatildeo deixando
de ser o sujeito do trabalho para se tornar um objeto dele Para Antunes (1998
p123) [] o trabalho mostra-se como momento fundante de realizaccedilatildeo do ser
social condiccedilatildeo para a sua existecircncia Suas alteraccedilotildees estatildeo principalmente
relacionadas a reorganizaccedilatildeo da produccedilatildeo a flexibilizaccedilatildeo do trabalho e das leis
trabalhistas e ao desemprego (SINGER SOUZA 2000) Essas mudanccedilas estruturais
natildeo estatildeo conseguindo transformar as relaccedilotildees ligadas agraves modernizaccedilotildees
tecnoloacutegicas o que causa aumento das incertezas e instabilidades
Em uma revisita a histoacuteria do mundo do trabalho sabe-se que na sociedade
industrial do seacuteculo XX segundo Leite e Postuma (1996) o modelo taylorista-fordista
correspondeu a uma visatildeo determinada pela ampliaccedilatildeo dos mercados e aumento da
produccedilatildeo (produccedilatildeo em massa e capitalismo monopolista) que precisa manter um
ritmo de produccedilatildeo elevado e contiacutenuo para suprir o mercado
Esse processo pode ser entendido como uma forma de controle por parte
do Capital sobre os processos produtivos e operacionais nos quais o conhecimento
a habilidade e a experiecircncia eram essenciais por parte do trabalhador Eles eram
controlados pela gerecircncia atraveacutes dos estudos do tempo e movimento que eram
introduzidos alienando-os do processo total de produccedilatildeo (MORAES NETO 1991)
Essas estruturas tayloristas-fordistas das relaccedilotildees de produccedilatildeo tornaram-se criticadas
e combatidas e assim novas relaccedilotildees surgiram e se tornaram conhecidas As
dificuldades levaram a buscas de soluccedilotildees onde os patrotildees e empregados procuraram
novas relaccedilotildees para melhorar as condiccedilotildees de trabalho (PERROT 1985)
As transformaccedilotildees se intensificam na deacutecada de 1980 com a introduccedilatildeo de
inovaccedilotildees tecnoloacutegicas principalmente a automaccedilatildeo Mas eacute preciso notar que a
microeletrocircnica natildeo consiste apenas numa modificaccedilatildeo das teacutecnicas e dos modos de
operaccedilatildeo mas numa integraccedilatildeo maior do conjunto do processo produtivo que permite
uma reduccedilatildeo significativa do tempo de produccedilatildeo total das mercadorias (LEITE e
POSTUMA 1996 p 85)
Nos anos 1990 ocorreu o aprofundamento do desemprego e no fim do Seacuteculo
XX cerca de 12 bilhatildeo de pessoas ou 13 da forccedila de trabalho mundial estava em
situaccedilatildeo de trabalho precaacuterio ou de desemprego (ANTUNES 1998) Na tentativa de
encontrar alternativas para a questatildeo de desemprego ressurge o debate sobre do
papel das cooperativas
Ainda conforme Antunes (1998) em economias capitalistas o trabalho foi
estruturado de forma assalariado poreacutem em um mundo de constantes
transformaccedilotildees ressurgem novas configuraccedilotildees sociais e econocircmicas e entre elas o
trabalho cooperativo Natildeo que se tenha encontrado uma nova forma de organizaccedilatildeo
que supere os problemas mas sim formas organizativas que buscam a transformaccedilatildeo
social e que ainda estatildeo em processo de adaptaccedilatildeo
As cooperativas seriam como uma alternativa produtiva dentro de uma
economia capitalista com a estrutura organizacional se baseando em accedilotildees de
trabalho coletivas para manutenccedilatildeo dos postos de trabalho uma vez que incorpora
parcelas de trabalhadores desempregados e outros que querem ser donos de seu
proacuteprio trabalho o que acaba suprindo algumas lacunas sociais surgidas (ANTUNES
2009)
As cooperativas criadas autonomamente pelos trabalhadores tecircm um
sentido coletivo se opondo a estrutura tradicional de comeacutercio sendo por isso uma
tentativa de minimizaccedilatildeo dos problemas de luta e accedilatildeo contra o desemprego
estrutural ldquoO trabalho eacute o gerador de valor Reorganizaacute-lo no sentido de aumentar a
produtividade resulta num desses mecanismos de elevaccedilatildeo da extraccedilatildeo da mais valia
e portanto numa perspectiva de saiacuteda da criserdquo (DAL ROSSO 2011 p 8)
4 Cooperativismo
O homem natildeo consegue viver soacute e por isso vive em comunidade onde pode
estabelecer um sistema de cooperaccedilatildeo para atingir objetivos comuns O trabalho
coletivo sempre existiu seja quando os homens trabalhavam conjuntamente para
caccedilar e pescar ou na construccedilatildeo de habitaccedilotildees Nesses momentos o trabalho coletivo
servia como um instrumento social
O trabalho coletivo eacute pressuposto para o desenvolvimento do modelo produtivo
cooperativista Nesse sentido com o advento da Revoluccedilatildeo Industrial ocorreram
profundas modificaccedilotildees no pensamento econocircmico da eacutepoca que como
consequecircncia provocou reformas sociais e dentre elas o cooperativismo
Segundo Schneider (1981 p 32) ldquo O cooperativismo surgiu historicamente
como um sistema formal poreacutem simples de organizaccedilatildeo de grupos sociais com
objetivos e interesses comuns estando o seu funcionamento amparado basicamente
nos princiacutepios da ajuda muacutetua e do controle democraacutetico da organizaccedilatildeo pelos seus
membros Daiacute o caraacuteter sui-gecircneris desse tipo de organizaccedilatildeo da qual os associados
seriam ao mesmo tempo proprietaacuterios e usuaacuteriosrdquo
Com a consolidaccedilatildeo do capitalismo e a Revoluccedilatildeo Industrial e suas
consequecircncias sociais eou econocircmicas o sistema cooperativista comeccedila a criar
suas estruturas Inicialmente em 1844 consegue utilizar um conjunto de teorias para
sua organizaccedilatildeo social e econocircmica e no dia 24 de outubro um grupo de tecelotildees da
localidade de Rochdale Inglaterra fundam a primeira cooperativa denominada
Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale (SCHNEIDER 1981)
As organizaccedilotildees cooperativas segundo Alianccedila Cooperativa Internacional
(ACI 2002) buscam desenvolver princiacutepios diferentes dos utilizados na iniciativa
puacuteblica ou privada Satildeo princiacutepios desenvolvidos desde a primeira cooperativa que
podem ser assim classificados Adesatildeo livre Neutralidade poliacutetica religiosa e social
ldquoUm homemrdquo ldquoUm votordquo Retorno das sobras das operaccedilotildees Juros limitados ao
capital Desenvolvimento da educaccedilatildeo e Cooperaccedilatildeo intercooperativa Sempre
existiram pessoas com ideais de uma sociedade perfeita imaginando e lutando pela paz
ordem felicidade justiccedila e igualdade econocircmica preocupando-se com o bem
coletivo desejo que inflamou o surgimento dos fundamentos do cooperativismo
(Quadro 1)
Quadro 1 - Fundamentos inerentes ao cooperativismo (OCB 2018a)
Fundamentos Descriccedilatildeo
Liberdade
A democracia se concretiza atraveacutes da liberdade da possibilidade de participaccedilatildeo de escolha e decisatildeo sobre as accedilotildees da cooperativa
assegurando o seu sucesso
Igualdade
Direitos e deveres satildeo iguais para todos Natildeo possuem mais ou menos poder ou benefiacutecio independente do capital investido
Solidariedade A solidariedade eacute imprescindiacutevel onde a ajuda muacutetua permite desenvolver uma economia solidaacuteria e coletiva
Racionalidade O uso da tecnologia e da ciecircncia deve proporcionar emancipaccedilatildeo respeito e dignidade para os cooperados
Fonte Dados da pesquisa
Os princiacutepios do cooperativismo tecircm sua origem no estatuto Rochdale
incluindo-se as revisotildees de 1966 e 1995 feitas pela Alianccedila Cooperativa Internacional
(ACI 2002) Poreacutem a definiccedilatildeo e o modus operandi da sociedade cooperativa
subordinam-se agrave regecircncia da legislaccedilatildeo de cada paiacutes sendo
Princiacutepio da adesatildeo livre e voluntaacuteria satildeo organizaccedilotildees abertas a todos
que querem se associar ou deixar de ser soacutecios bem como usar seus serviccedilos sem
distinccedilatildeo de posiccedilatildeo social racial poliacutetica religiosa ou de gecircnero
Princiacutepio do controle democraacutetico pelos soacutecios satildeo organizaccedilotildees
democraacuteticas geridas pelos soacutecios que participam do planejamento e na tomada de
decisotildees um soacutecio um voto
Princiacutepio da participaccedilatildeo econocircmica dos soacutecios contribuem de forma
igualitaacuteria e controlam de forma democraacutetica a gestatildeo do capital Eles recebem juros
de forma limitada sobre o capital As sobras podem ser utilizadas no desenvolvimento
das cooperativas ou em forma de retorno aos soacutecios de acordo com suas transaccedilotildees
com as cooperativas
Princiacutepio da autonomia e independecircncia como organizaccedilotildees autocircnomas
devem ser controladas por seus membros que devem assegurar o controle
democraacutetico e sua autonomia mesmo quando houver acordo operacional com outras
entidades
Princiacutepio da educaccedilatildeo treinamento e informaccedilatildeo devem proporcionar
educaccedilatildeo e treinamento para os soacutecios para que haja desenvolvimento e crescimento
pessoal
Princiacutepio da cooperaccedilatildeo entre cooperativas devem fortalecer o movimento
cooperativo trabalhando sempre que possiacutevel juntas por meio de estruturas locais
regionais nacionais e internacionais e
Princiacutepio da preocupaccedilatildeo com a comunidade devem trabalhar pelo seu
desenvolvimento sustentaacutevel e de suas comunidades
Satildeo os princiacutepios que datildeo sentido social e democraacutetico a forma de
organizaccedilatildeo das cooperativas onde o capital eacute um instrumento de materializaccedilatildeo dos
objetivos propostos e natildeo um elemento determinante de sua constituiccedilatildeo
5 As Leis que Regem o Cooperativismo no Brasil
Diante de princiacutepios do cooperativismo as organizaccedilotildees cooperativas podem
optar por quaisquer ramos de trabalho e produccedilatildeo (OCB 2018a) No entanto tem que
se observar as regras estabelecidas por lei O primeiro decreto que faz menccedilatildeo ao
cooperativismo eacute o nordm 979 de 06 de janeiro de 1903 (BRASIL 1903) permitindo aos
sindicatos a organizaccedilatildeo de caixas rurais de creacutedito bem como cooperativas
agropecuaacuterias e de consumo
Ainda segundo a OCB (2018a) surgiram Leis e Decretos com a finalidade de
regulamentar a atividade cooperativa como o Decreto nordm 1637 de 05 de janeiro de
1907 (BRASIL 1907) onde haacute o reconhecimento por parte do Governo da utilidade
das cooperativas mas sem ainda tornar sua forma juriacutedica distinta de outras
organizaccedilotildees A Lei nordm 4948 de 21 de dezembro de 1925 (BRASIL 1925) bem como
o Decreto nordm 17339 de 02 de junho de 1926 (BRASIL 1926) fazem alusatildeo
especificamente das Caixas Rurais Raiffeisen e dos Bancos Populares Luzzatti Jaacute o
Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 (BRASIL 1932) apresenta as
caracteriacutesticas das cooperativas e consagra as postulaccedilotildees doutrinaacuterias do sistema
no entanto foi revogado em 1934 sendo restabelecido em 1938 Em 1943 foi
novamente revogado para ressurgir em 1945 permanecendo em vigor ateacute 1966
Apesar de todos os transtornos esta foi uma fase de liberdade para formaccedilatildeo e
funcionamento de cooperativas inclusive com incentivos fiscais
Em 1966 com a criaccedilatildeo do Decreto-Lei nordm 59 21 de novembro de 1966
(BRASIL 1966) e sua regulamentaccedilatildeo pelo Decreto nordm 60597 de 19 de abril de 1967
(BRASIL 1967) o cooperativismo foi submetido ao controle estatal vindo a perder
incentivos fiscais e liberdade jaacute adquiridas anteriormente Eles foram promulgados no
iniacutecio do regime militar e modernizaram as cooperativas atreladas ao capital que
eliminaram as pequenas cooperativas rurais organizando as cooperativas como
estruturas tecnoloacutegicas de comercializaccedilatildeo e de industrializaccedilatildeo viabilizadas pelo
capital financeiro Em 16 de dezembro de 1971 foi promulgada a Lei nordm 5764
(BRASIL 1971) ainda em vigor que define o regime juriacutedico das cooperativas sua
constituiccedilatildeo e funcionamento sistema de representaccedilatildeo e oacutergatildeos de apoio para tornar
o Sistema de Cooperativas do Brasil viaacutevel (OCB 2018a)
A Constituiccedilatildeo de 1988 no art 174 em seu paraacutegrafo 2 dispotildee que o governo
estimularia a criaccedilatildeo e o desenvolvimento de cooperativas e outras formas de
associativismo Pela Constituiccedilatildeo o Estado natildeo poderia interferir nas cooperativas e
nas organizaccedilotildees da sociedade civil como estaacute no artigo 5ordm em seu inciso XVIII ldquoA
criaccedilatildeo de associaccedilotildees e na forma da lei a de cooperativas independem de
autorizaccedilatildeo sendo vedada a interferecircncia estatal em seu funcionamentordquo (BRASIL
1988) Entretanto nem as modificaccedilotildees proporcionadas pela constituiccedilatildeo e pela lei
conseguiram gerar uma legislaccedilatildeo clara e moderna que permita a alavancagem da
maioria das cooperativas
6 Estrutura Organizacional de Cooperativas
De acordo com a Lei 576471 (BRASIL 1971 Art 3ordm Art 4ordm) as cooperativas
satildeo definidas como
Art 3deg - Celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas que
reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviccedilos para o exerciacutecio de
uma atividade econocircmica de proveito comum sem objetivo de lucro
Art 4deg - As cooperativas satildeo sociedades de pessoas com forma e natureza
juriacutedica proacuteprias de natureza civil natildeo sujeita a falecircncia constituiacutedas para prestar
serviccedilos aos associados
A cooperativa funciona como uma associaccedilatildeo autocircnoma democraacutetica e
coletiva de pessoas que se unem voluntariamente para satisfazer suas
necessidades Por lei eacute caracterizada como uma empresa social e por possuir
natureza juriacutedica proacutepria eacute diferente de outros tipos de sociedades mercantis e suas
peculiaridades podem ser melhor compreendidas atraveacutes de trecircs mecanismos
distintos que a compotildeem (ABREU 2013)
Associativismo O cooperativismo extraiu do associativismo as formas de
reunir as pessoas bem como o modelo de gestatildeo com bases democraacuteticas Os
cooperados satildeo proprietaacuterios e trabalhadores Eacute uma entidade sem fins lucrativos
que pratica o ato cooperativo onde o bem principal eacute a pessoa
Mutualismo Participaccedilatildeo econocircmica dos associados A contribuiccedilatildeo
pessoal passa a ser coletiva ficando agrave disposiccedilatildeo da cooperativa e como regra
geral deve existir o controle da administraccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo interna para
preservaccedilatildeo e desenvolvimento do patrimocircnio coletivo e
Empreendedorismo As cooperativas surgem da junccedilatildeo de pessoas que
visam o desenvolvimento da coletividade tendo sentido econocircmico e os
participantes devem ter conhecimento da aacuterea em que ela estaacute inserida
Haacute basicamente trecircs modelos cooperativistas (AMATO NETO RUFINO
2000)
Consumo destina-se a fornecer aos associados os gecircneros alimentiacutecios e
bens de utilidade pessoal e domeacutestica a preccedilos mais vantajosos do que as demais
empresas
Produccedilatildeo cooperativas operaacuterias de produccedilatildeo ou cooperativas de
trabalhadores destinam-se agrave organizaccedilatildeo autocircnoma dos trabalhadores na produccedilatildeo
de determinados bens e serviccedilos e
Creacutedito Apresentam diversos subtipos especiacuteficos devido as peculiaridades
das regiotildees com ecircxito maior para as organizaccedilotildees dos chamados bancos populares
Para regulamentar esse modelo de sociedade surgiu a Alianccedila Cooperativa
Internacional (ACI) um organismo que tem como funccedilatildeo baacutesica preservar e defender
os princiacutepios das cooperativistas No Brasil o oacutergatildeo maacuteximo de representaccedilatildeo do
cooperativismo a Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Brasil (OCB) eacute uma entidade
que congrega as Cooperativas brasileiras de todos os ramos Nos estados existem as
Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Estado (OCE) e segundo a OCB (2018a) essa
classificaccedilatildeo tem como objetivo organizar accedilotildees viabilizar a economia e conseguir a
competitividade no mercado tradicional
Com a as mudanccedilas de tecnologia e de gestatildeo do mercado seja em qual for
o ramo de atividade da empresa eacute imprescindiacutevel que as cooperativas demonstrem
eficaacutecia na gestatildeo administrativa para natildeo ficar em desvantagem em relaccedilatildeo agraves
demais empresas
O liacuteder cooperativista vem enfrentando modificaccedilotildees constantes no mercado
de trabalho devido principalmente aos avanccedilos tecnoloacutegicos Tradicionalmente o liacuteder
mais eficiente tinha que ser capaz de interpretar os desejos dos cooperados e
transformaacute-la em proposta O novo liacuteder tem que ser perspicaz para tomar a decisatildeo
de forma raacutepida para natildeo perder as oportunidades mas ao mesmo tempo sem ferir
os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo (BIALOSKORSKI NETO 2006)
O autor supracitado cita os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo na
conduccedilatildeo da lideranccedila Contudo natildeo se pode perder de vista que o cooperativismo
se constitui com a presenccedila do capitalismo em seu processo de desenvolvimento
sendo seu objetivo final como organizaccedilatildeo o capital
As cooperativas divergem das empresas mercantis apesar de ambas
concorrerem no mercado Segundo Zylbersztajn (1994) a essecircncia dos princiacutepios
cooperativos por vezes limita seu desenvolvimento O autor defende que elas devem
ser readequadas para que os empreendimentos possam competir em um mundo
globalizado e de constante transformaccedilotildees tecnoloacutegicas Ainda segundo o autor
alguns cuidados devem ser tomados para as cooperativas se manterem no mercado
e devido agrave concorrecircncia com as empresas mercantis a gestatildeo tem que ser cada vez
mais eficiente e enxuta havendo preocupaccedilatildeo com o ambiente e a profissionalizaccedilatildeo
das funccedilotildees
A gestatildeo nas empresas se realiza de diversas formas e na cooperativa a
autogestatildeo eacute uma dessas formas Para natildeo reproduzir a forma tradicional de gestatildeo
todos os envolvidos deveratildeo estar informados e compreenderem o processo
produtivo e de gestatildeo da cooperativa pois a ldquoa planificaccedilatildeo autogerida natildeo consiste
apenas em planejar diferentemente mas em planejar outra coisardquo e assim
mudanccedilas tem que ser implantadas (GUILLERM BOURDET 1975 p 36)
Na empresa tradicional Singer e Souza (2000 p 21) comentam que os
conhecimentos satildeo trazidos pelos teacutecnicos ou executivos e a competecircncia do negoacutecio
ldquo dependeraacute do processo de aprendizado que a operaccedilatildeo do novo empreendimento
oferece a todos os executivosrdquo Nas cooperativas esse conhecimento tem que ser
desenvolvido com accedilotildees implementadas para que todos colaborem para o
desenvolvimento e manutenccedilatildeo da empresa
Em cooperativas autogestionaacuterias a princiacutepio participam do processo de
gestatildeo e produccedilatildeo todos os associados sendo desnecessaacuteria qualquer figura de
controle e gerenciamento da produccedilatildeo na forma tradicional Ela passa a se
autorregular e deixam de existir os conflitos entre os trabalhadores e o proprietaacuterio As
informaccedilotildees e experiecircncias satildeo compartilhadas e natildeo existe concentraccedilatildeo de
informaccedilatildeo e sim democratizaccedilatildeo do conhecimento
Talvez o maior desafio das cooperativas seja conciliar e desenvolver os
princiacutepios da solidariedade aliado com a sua manutenccedilatildeo no mercado Para se
manter no mercado tem que ser competitiva mas sem reproduzir e seguir o modelo
tradicional Nas cooperativas a rotatividade funcional eacute uma estrateacutegia
implementada para a superaccedilatildeo da hierarquia entre trabalho intelectual e braccedilal e
alcanccedilar para os soacutecios-trabalhadores um conhecimento global do processo
produtivo (PEDRINI 2000 p 37)
O rodiacutezio tem sido utilizado nas cooperativas autogestionaacuterias para que os
cooperados percebam o seu valor nas atividades de gestatildeo e participem ativamente
do processo em todas as aacutereas do empreendimento Para que isso ocorra eacute
fundamental que os indiviacuteduos adquiram novos haacutebitos padrotildees e valores
respeitando novas interaccedilotildees sociais culturais e individuais existente em um grupo
que atua solidariamente (OLIVEIRA 2001) As mudanccedilas de comportamento fazem
com que passem a ter consciecircncia de pertencer a um grupo e de ser responsaacutevel por
ele e quando praticam a autogestatildeo para administrar sua cooperativa se sentem
valorizados (RUFINO 2000)
7 Cooperativa de Produccedilatildeo
A cooperativa do ldquoramo de produccedilatildeo aleacutem de transformar trabalhadores em
empreendedores unem o capital (posse dos bens de produccedilatildeo) agrave matildeo de obrardquo
Nessas cooperativas o dono produz e eacute o dono do negoacutecio Assim como em outros
ramos natildeo haacute a busca do lucro ldquomas a melhoria da qualidade do trabalho e a
remuneraccedilatildeo de todosrdquo (OCB 2018a)
De acordo com Singer (2002) na modalidade baacutesica da economia solidaacuteria
suas relaccedilotildees sociais de produccedilatildeo se caracterizam por negar o princiacutepio baacutesico
do capitalismo isto eacute a separaccedilatildeo entre o capital e a posse dos meios de
produccedilatildeo Nesta cooperativa a propriedade dos meios de produccedilatildeo eacute daqueles
que nela trabalham e natildeo haacute proprietaacuterios que natildeo trabalhem na empresa e todos
tecircm o mesmo poder de decisatildeo sobre a empresa solidaacuteria A administraccedilatildeo eacute
feita por soacutecios eleitos para esta funccedilatildeo e que se pautam em decisotildees aprovadas
em assembleias gerais ou por conselhos de delegados eleitos por todos os
soacutecios A finalidade de uma cooperativa de produccedilatildeo natildeo eacute maximizar lucros
mas a quantidade e qualidade de trabalho O excedente anual (chamado
sobras nas cooperativas) tem a destinaccedilatildeo decidida pelos trabalhadores O
capital natildeo eacute remunerado e portanto natildeo haacute lucro e o proacuteprios trabalhadores
(proprietaacuterios) decidem os rumos da cooperativa
O cooperativismo como uma alternativa organizacional pode contribuir para
sanar as limitaccedilotildees de um desenvolvimento calcado em um sistema econocircmico e de
produccedilatildeo capitalista Contudo eacute preciso estar ciente que as organizaccedilotildees
cooperativas concorrem em um mercado competitivo necessitando manter-se com
qualidade de produccedilatildeo e competitiva frente ao mercado
8 Cooperativa de Trabalho
Para OCB (2018b p1) o ldquocooperativismo de trabalho eacute o caminho para
profissionais de perfil empreendedor e colaborativo Especialmente quando percebem
que se unindo a outros profissionais da mesma categoria eles seratildeo muito mais
fortesrdquo Comenta ainda que ldquoesse eacute um ramo bastante abrangente jaacute que as
cooperativas podem atuar em todos os segmentos de atividades econocircmicas
reunindo profissionais para melhorar a remuneraccedilatildeo e as condiccedilotildees de trabalhordquo
Segundo Arauacutejo e Moreira (2001 p79) ldquoas cooperativas de trabalho nascem
do desejo de associaccedilatildeo de um grupo de pessoas em viabilizar uma atividade
produtiva e com isso garantir sua sobrevivecircnciardquo destacando-se pela sua importacircncia
em facilitar o acesso econocircmico e a participaccedilatildeo do mercado
Poreacutem eacute sempre necessaacuterio lembrar que o sucesso de uma cooperativa deve
estar relacionado aos anseios de consumidor Caso contraacuterio a cooperativa natildeo iraacute
prosperar Pereira (2001) comenta que as cooperativas satildeo alternativas para as
pessoas que natildeo possuem emprego assalariado e podem representar uma opccedilatildeo ao
desemprego para os trabalhadores podendo ateacute contribuir para incrementar o niacutevel
geral de emprego Elas surgem como um lugar de promoccedilatildeo do trabalhador com
responsabilidade em todo o processo diferente da empresa privada onde existe os
benefiacutecios de uma atividade sem responsabilidade de sua manutenccedilatildeo da
organizaccedilatildeo no mercado tendo em vista que natildeo eacute ele que toma as decisotildees
Para Furquim (2001 p 23) o cooperativismo ldquoeacute o instrumento mais perfeito
de organizaccedilatildeo da sociedade por ser um sistema de organizaccedilatildeo social e econocircmico
cujo objetivo natildeo eacute o conjunto de pessoas mas o indiviacuteduo atraveacutes do conjunto das
pessoasrdquo uma forma organizativa alternativa uma vez que oferece benefiacutecios agravequeles
que optam pelo trabalho cooperativo
9 Consideraccedilotildees Finais
O conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo eacute
primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas
pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de
inclusatildeo social que permite aos associados concorrer no mercado com as grandes
corporaccedilotildees trazendo benefiacutecios para toda a coletividade envolvida
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2 Globalizaccedilatildeo
As conexotildees entre as configuraccedilotildees atuais do capitalismo globalizado e a
pobreza no mundo tecircm sido analisadas indicando que a globalizaccedilatildeo exerce
profundo impacto em todos os niacuteveis e aacutereas da produccedilatildeo do trabalho e da
economia colocando em destaque os mecanismos excludentes de mercados de
trabalho cada vez mais precarizados (CASTEL 1998) Este processo vem se
desenvolvendo haacute quase meio seacuteculo podendo ser caracterizado como uma
reestruturaccedilatildeo da divisatildeo do trabalho onde as estruturas produtivas e financeiras
estatildeo cada vez mais interligadas e interdependentes (SINGER SOUZA 2000)
Apesar de suas vantagens alguns impactos negativos podem apontar para
desvantagens que diversos atores sociais tecircm em relaccedilatildeo ao novo modelo que
passam pelo agravamento do desemprego transferecircncia da responsabilidade do
estado para a economia privada crescimento da vulnerabilidade dos paiacuteses frente
aos fluxos de capitais e concentraccedilatildeo de renda (SINGER 2001)
3 O Trabalho e sua Organizaccedilatildeo
O trabalho segundo Engels (1980 p7) eacute ldquoa condiccedilatildeo fundamental de toda a
vida humana e em tatildeo elevado grau que certo sentido se pode dizer foi o trabalho
que criou o proacuteprio homemrdquo Ele pode ser entendido como um passo do ser humano
para criar e recriar as condiccedilotildees necessaacuterias para sua sobrevivecircncia e reproduccedilatildeo e
entendido em seu sentido mais geneacuterico e abstrato como produtor de valores de uso
expressatildeo de uma relaccedilatildeo metaboacutelica entre o ser social e a natureza (ANTUNES
2009 p 139)
No capitalismo o homem foi transformado em parte da produccedilatildeo deixando
de ser o sujeito do trabalho para se tornar um objeto dele Para Antunes (1998
p123) [] o trabalho mostra-se como momento fundante de realizaccedilatildeo do ser
social condiccedilatildeo para a sua existecircncia Suas alteraccedilotildees estatildeo principalmente
relacionadas a reorganizaccedilatildeo da produccedilatildeo a flexibilizaccedilatildeo do trabalho e das leis
trabalhistas e ao desemprego (SINGER SOUZA 2000) Essas mudanccedilas estruturais
natildeo estatildeo conseguindo transformar as relaccedilotildees ligadas agraves modernizaccedilotildees
tecnoloacutegicas o que causa aumento das incertezas e instabilidades
Em uma revisita a histoacuteria do mundo do trabalho sabe-se que na sociedade
industrial do seacuteculo XX segundo Leite e Postuma (1996) o modelo taylorista-fordista
correspondeu a uma visatildeo determinada pela ampliaccedilatildeo dos mercados e aumento da
produccedilatildeo (produccedilatildeo em massa e capitalismo monopolista) que precisa manter um
ritmo de produccedilatildeo elevado e contiacutenuo para suprir o mercado
Esse processo pode ser entendido como uma forma de controle por parte
do Capital sobre os processos produtivos e operacionais nos quais o conhecimento
a habilidade e a experiecircncia eram essenciais por parte do trabalhador Eles eram
controlados pela gerecircncia atraveacutes dos estudos do tempo e movimento que eram
introduzidos alienando-os do processo total de produccedilatildeo (MORAES NETO 1991)
Essas estruturas tayloristas-fordistas das relaccedilotildees de produccedilatildeo tornaram-se criticadas
e combatidas e assim novas relaccedilotildees surgiram e se tornaram conhecidas As
dificuldades levaram a buscas de soluccedilotildees onde os patrotildees e empregados procuraram
novas relaccedilotildees para melhorar as condiccedilotildees de trabalho (PERROT 1985)
As transformaccedilotildees se intensificam na deacutecada de 1980 com a introduccedilatildeo de
inovaccedilotildees tecnoloacutegicas principalmente a automaccedilatildeo Mas eacute preciso notar que a
microeletrocircnica natildeo consiste apenas numa modificaccedilatildeo das teacutecnicas e dos modos de
operaccedilatildeo mas numa integraccedilatildeo maior do conjunto do processo produtivo que permite
uma reduccedilatildeo significativa do tempo de produccedilatildeo total das mercadorias (LEITE e
POSTUMA 1996 p 85)
Nos anos 1990 ocorreu o aprofundamento do desemprego e no fim do Seacuteculo
XX cerca de 12 bilhatildeo de pessoas ou 13 da forccedila de trabalho mundial estava em
situaccedilatildeo de trabalho precaacuterio ou de desemprego (ANTUNES 1998) Na tentativa de
encontrar alternativas para a questatildeo de desemprego ressurge o debate sobre do
papel das cooperativas
Ainda conforme Antunes (1998) em economias capitalistas o trabalho foi
estruturado de forma assalariado poreacutem em um mundo de constantes
transformaccedilotildees ressurgem novas configuraccedilotildees sociais e econocircmicas e entre elas o
trabalho cooperativo Natildeo que se tenha encontrado uma nova forma de organizaccedilatildeo
que supere os problemas mas sim formas organizativas que buscam a transformaccedilatildeo
social e que ainda estatildeo em processo de adaptaccedilatildeo
As cooperativas seriam como uma alternativa produtiva dentro de uma
economia capitalista com a estrutura organizacional se baseando em accedilotildees de
trabalho coletivas para manutenccedilatildeo dos postos de trabalho uma vez que incorpora
parcelas de trabalhadores desempregados e outros que querem ser donos de seu
proacuteprio trabalho o que acaba suprindo algumas lacunas sociais surgidas (ANTUNES
2009)
As cooperativas criadas autonomamente pelos trabalhadores tecircm um
sentido coletivo se opondo a estrutura tradicional de comeacutercio sendo por isso uma
tentativa de minimizaccedilatildeo dos problemas de luta e accedilatildeo contra o desemprego
estrutural ldquoO trabalho eacute o gerador de valor Reorganizaacute-lo no sentido de aumentar a
produtividade resulta num desses mecanismos de elevaccedilatildeo da extraccedilatildeo da mais valia
e portanto numa perspectiva de saiacuteda da criserdquo (DAL ROSSO 2011 p 8)
4 Cooperativismo
O homem natildeo consegue viver soacute e por isso vive em comunidade onde pode
estabelecer um sistema de cooperaccedilatildeo para atingir objetivos comuns O trabalho
coletivo sempre existiu seja quando os homens trabalhavam conjuntamente para
caccedilar e pescar ou na construccedilatildeo de habitaccedilotildees Nesses momentos o trabalho coletivo
servia como um instrumento social
O trabalho coletivo eacute pressuposto para o desenvolvimento do modelo produtivo
cooperativista Nesse sentido com o advento da Revoluccedilatildeo Industrial ocorreram
profundas modificaccedilotildees no pensamento econocircmico da eacutepoca que como
consequecircncia provocou reformas sociais e dentre elas o cooperativismo
Segundo Schneider (1981 p 32) ldquo O cooperativismo surgiu historicamente
como um sistema formal poreacutem simples de organizaccedilatildeo de grupos sociais com
objetivos e interesses comuns estando o seu funcionamento amparado basicamente
nos princiacutepios da ajuda muacutetua e do controle democraacutetico da organizaccedilatildeo pelos seus
membros Daiacute o caraacuteter sui-gecircneris desse tipo de organizaccedilatildeo da qual os associados
seriam ao mesmo tempo proprietaacuterios e usuaacuteriosrdquo
Com a consolidaccedilatildeo do capitalismo e a Revoluccedilatildeo Industrial e suas
consequecircncias sociais eou econocircmicas o sistema cooperativista comeccedila a criar
suas estruturas Inicialmente em 1844 consegue utilizar um conjunto de teorias para
sua organizaccedilatildeo social e econocircmica e no dia 24 de outubro um grupo de tecelotildees da
localidade de Rochdale Inglaterra fundam a primeira cooperativa denominada
Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale (SCHNEIDER 1981)
As organizaccedilotildees cooperativas segundo Alianccedila Cooperativa Internacional
(ACI 2002) buscam desenvolver princiacutepios diferentes dos utilizados na iniciativa
puacuteblica ou privada Satildeo princiacutepios desenvolvidos desde a primeira cooperativa que
podem ser assim classificados Adesatildeo livre Neutralidade poliacutetica religiosa e social
ldquoUm homemrdquo ldquoUm votordquo Retorno das sobras das operaccedilotildees Juros limitados ao
capital Desenvolvimento da educaccedilatildeo e Cooperaccedilatildeo intercooperativa Sempre
existiram pessoas com ideais de uma sociedade perfeita imaginando e lutando pela paz
ordem felicidade justiccedila e igualdade econocircmica preocupando-se com o bem
coletivo desejo que inflamou o surgimento dos fundamentos do cooperativismo
(Quadro 1)
Quadro 1 - Fundamentos inerentes ao cooperativismo (OCB 2018a)
Fundamentos Descriccedilatildeo
Liberdade
A democracia se concretiza atraveacutes da liberdade da possibilidade de participaccedilatildeo de escolha e decisatildeo sobre as accedilotildees da cooperativa
assegurando o seu sucesso
Igualdade
Direitos e deveres satildeo iguais para todos Natildeo possuem mais ou menos poder ou benefiacutecio independente do capital investido
Solidariedade A solidariedade eacute imprescindiacutevel onde a ajuda muacutetua permite desenvolver uma economia solidaacuteria e coletiva
Racionalidade O uso da tecnologia e da ciecircncia deve proporcionar emancipaccedilatildeo respeito e dignidade para os cooperados
Fonte Dados da pesquisa
Os princiacutepios do cooperativismo tecircm sua origem no estatuto Rochdale
incluindo-se as revisotildees de 1966 e 1995 feitas pela Alianccedila Cooperativa Internacional
(ACI 2002) Poreacutem a definiccedilatildeo e o modus operandi da sociedade cooperativa
subordinam-se agrave regecircncia da legislaccedilatildeo de cada paiacutes sendo
Princiacutepio da adesatildeo livre e voluntaacuteria satildeo organizaccedilotildees abertas a todos
que querem se associar ou deixar de ser soacutecios bem como usar seus serviccedilos sem
distinccedilatildeo de posiccedilatildeo social racial poliacutetica religiosa ou de gecircnero
Princiacutepio do controle democraacutetico pelos soacutecios satildeo organizaccedilotildees
democraacuteticas geridas pelos soacutecios que participam do planejamento e na tomada de
decisotildees um soacutecio um voto
Princiacutepio da participaccedilatildeo econocircmica dos soacutecios contribuem de forma
igualitaacuteria e controlam de forma democraacutetica a gestatildeo do capital Eles recebem juros
de forma limitada sobre o capital As sobras podem ser utilizadas no desenvolvimento
das cooperativas ou em forma de retorno aos soacutecios de acordo com suas transaccedilotildees
com as cooperativas
Princiacutepio da autonomia e independecircncia como organizaccedilotildees autocircnomas
devem ser controladas por seus membros que devem assegurar o controle
democraacutetico e sua autonomia mesmo quando houver acordo operacional com outras
entidades
Princiacutepio da educaccedilatildeo treinamento e informaccedilatildeo devem proporcionar
educaccedilatildeo e treinamento para os soacutecios para que haja desenvolvimento e crescimento
pessoal
Princiacutepio da cooperaccedilatildeo entre cooperativas devem fortalecer o movimento
cooperativo trabalhando sempre que possiacutevel juntas por meio de estruturas locais
regionais nacionais e internacionais e
Princiacutepio da preocupaccedilatildeo com a comunidade devem trabalhar pelo seu
desenvolvimento sustentaacutevel e de suas comunidades
Satildeo os princiacutepios que datildeo sentido social e democraacutetico a forma de
organizaccedilatildeo das cooperativas onde o capital eacute um instrumento de materializaccedilatildeo dos
objetivos propostos e natildeo um elemento determinante de sua constituiccedilatildeo
5 As Leis que Regem o Cooperativismo no Brasil
Diante de princiacutepios do cooperativismo as organizaccedilotildees cooperativas podem
optar por quaisquer ramos de trabalho e produccedilatildeo (OCB 2018a) No entanto tem que
se observar as regras estabelecidas por lei O primeiro decreto que faz menccedilatildeo ao
cooperativismo eacute o nordm 979 de 06 de janeiro de 1903 (BRASIL 1903) permitindo aos
sindicatos a organizaccedilatildeo de caixas rurais de creacutedito bem como cooperativas
agropecuaacuterias e de consumo
Ainda segundo a OCB (2018a) surgiram Leis e Decretos com a finalidade de
regulamentar a atividade cooperativa como o Decreto nordm 1637 de 05 de janeiro de
1907 (BRASIL 1907) onde haacute o reconhecimento por parte do Governo da utilidade
das cooperativas mas sem ainda tornar sua forma juriacutedica distinta de outras
organizaccedilotildees A Lei nordm 4948 de 21 de dezembro de 1925 (BRASIL 1925) bem como
o Decreto nordm 17339 de 02 de junho de 1926 (BRASIL 1926) fazem alusatildeo
especificamente das Caixas Rurais Raiffeisen e dos Bancos Populares Luzzatti Jaacute o
Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 (BRASIL 1932) apresenta as
caracteriacutesticas das cooperativas e consagra as postulaccedilotildees doutrinaacuterias do sistema
no entanto foi revogado em 1934 sendo restabelecido em 1938 Em 1943 foi
novamente revogado para ressurgir em 1945 permanecendo em vigor ateacute 1966
Apesar de todos os transtornos esta foi uma fase de liberdade para formaccedilatildeo e
funcionamento de cooperativas inclusive com incentivos fiscais
Em 1966 com a criaccedilatildeo do Decreto-Lei nordm 59 21 de novembro de 1966
(BRASIL 1966) e sua regulamentaccedilatildeo pelo Decreto nordm 60597 de 19 de abril de 1967
(BRASIL 1967) o cooperativismo foi submetido ao controle estatal vindo a perder
incentivos fiscais e liberdade jaacute adquiridas anteriormente Eles foram promulgados no
iniacutecio do regime militar e modernizaram as cooperativas atreladas ao capital que
eliminaram as pequenas cooperativas rurais organizando as cooperativas como
estruturas tecnoloacutegicas de comercializaccedilatildeo e de industrializaccedilatildeo viabilizadas pelo
capital financeiro Em 16 de dezembro de 1971 foi promulgada a Lei nordm 5764
(BRASIL 1971) ainda em vigor que define o regime juriacutedico das cooperativas sua
constituiccedilatildeo e funcionamento sistema de representaccedilatildeo e oacutergatildeos de apoio para tornar
o Sistema de Cooperativas do Brasil viaacutevel (OCB 2018a)
A Constituiccedilatildeo de 1988 no art 174 em seu paraacutegrafo 2 dispotildee que o governo
estimularia a criaccedilatildeo e o desenvolvimento de cooperativas e outras formas de
associativismo Pela Constituiccedilatildeo o Estado natildeo poderia interferir nas cooperativas e
nas organizaccedilotildees da sociedade civil como estaacute no artigo 5ordm em seu inciso XVIII ldquoA
criaccedilatildeo de associaccedilotildees e na forma da lei a de cooperativas independem de
autorizaccedilatildeo sendo vedada a interferecircncia estatal em seu funcionamentordquo (BRASIL
1988) Entretanto nem as modificaccedilotildees proporcionadas pela constituiccedilatildeo e pela lei
conseguiram gerar uma legislaccedilatildeo clara e moderna que permita a alavancagem da
maioria das cooperativas
6 Estrutura Organizacional de Cooperativas
De acordo com a Lei 576471 (BRASIL 1971 Art 3ordm Art 4ordm) as cooperativas
satildeo definidas como
Art 3deg - Celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas que
reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviccedilos para o exerciacutecio de
uma atividade econocircmica de proveito comum sem objetivo de lucro
Art 4deg - As cooperativas satildeo sociedades de pessoas com forma e natureza
juriacutedica proacuteprias de natureza civil natildeo sujeita a falecircncia constituiacutedas para prestar
serviccedilos aos associados
A cooperativa funciona como uma associaccedilatildeo autocircnoma democraacutetica e
coletiva de pessoas que se unem voluntariamente para satisfazer suas
necessidades Por lei eacute caracterizada como uma empresa social e por possuir
natureza juriacutedica proacutepria eacute diferente de outros tipos de sociedades mercantis e suas
peculiaridades podem ser melhor compreendidas atraveacutes de trecircs mecanismos
distintos que a compotildeem (ABREU 2013)
Associativismo O cooperativismo extraiu do associativismo as formas de
reunir as pessoas bem como o modelo de gestatildeo com bases democraacuteticas Os
cooperados satildeo proprietaacuterios e trabalhadores Eacute uma entidade sem fins lucrativos
que pratica o ato cooperativo onde o bem principal eacute a pessoa
Mutualismo Participaccedilatildeo econocircmica dos associados A contribuiccedilatildeo
pessoal passa a ser coletiva ficando agrave disposiccedilatildeo da cooperativa e como regra
geral deve existir o controle da administraccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo interna para
preservaccedilatildeo e desenvolvimento do patrimocircnio coletivo e
Empreendedorismo As cooperativas surgem da junccedilatildeo de pessoas que
visam o desenvolvimento da coletividade tendo sentido econocircmico e os
participantes devem ter conhecimento da aacuterea em que ela estaacute inserida
Haacute basicamente trecircs modelos cooperativistas (AMATO NETO RUFINO
2000)
Consumo destina-se a fornecer aos associados os gecircneros alimentiacutecios e
bens de utilidade pessoal e domeacutestica a preccedilos mais vantajosos do que as demais
empresas
Produccedilatildeo cooperativas operaacuterias de produccedilatildeo ou cooperativas de
trabalhadores destinam-se agrave organizaccedilatildeo autocircnoma dos trabalhadores na produccedilatildeo
de determinados bens e serviccedilos e
Creacutedito Apresentam diversos subtipos especiacuteficos devido as peculiaridades
das regiotildees com ecircxito maior para as organizaccedilotildees dos chamados bancos populares
Para regulamentar esse modelo de sociedade surgiu a Alianccedila Cooperativa
Internacional (ACI) um organismo que tem como funccedilatildeo baacutesica preservar e defender
os princiacutepios das cooperativistas No Brasil o oacutergatildeo maacuteximo de representaccedilatildeo do
cooperativismo a Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Brasil (OCB) eacute uma entidade
que congrega as Cooperativas brasileiras de todos os ramos Nos estados existem as
Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Estado (OCE) e segundo a OCB (2018a) essa
classificaccedilatildeo tem como objetivo organizar accedilotildees viabilizar a economia e conseguir a
competitividade no mercado tradicional
Com a as mudanccedilas de tecnologia e de gestatildeo do mercado seja em qual for
o ramo de atividade da empresa eacute imprescindiacutevel que as cooperativas demonstrem
eficaacutecia na gestatildeo administrativa para natildeo ficar em desvantagem em relaccedilatildeo agraves
demais empresas
O liacuteder cooperativista vem enfrentando modificaccedilotildees constantes no mercado
de trabalho devido principalmente aos avanccedilos tecnoloacutegicos Tradicionalmente o liacuteder
mais eficiente tinha que ser capaz de interpretar os desejos dos cooperados e
transformaacute-la em proposta O novo liacuteder tem que ser perspicaz para tomar a decisatildeo
de forma raacutepida para natildeo perder as oportunidades mas ao mesmo tempo sem ferir
os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo (BIALOSKORSKI NETO 2006)
O autor supracitado cita os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo na
conduccedilatildeo da lideranccedila Contudo natildeo se pode perder de vista que o cooperativismo
se constitui com a presenccedila do capitalismo em seu processo de desenvolvimento
sendo seu objetivo final como organizaccedilatildeo o capital
As cooperativas divergem das empresas mercantis apesar de ambas
concorrerem no mercado Segundo Zylbersztajn (1994) a essecircncia dos princiacutepios
cooperativos por vezes limita seu desenvolvimento O autor defende que elas devem
ser readequadas para que os empreendimentos possam competir em um mundo
globalizado e de constante transformaccedilotildees tecnoloacutegicas Ainda segundo o autor
alguns cuidados devem ser tomados para as cooperativas se manterem no mercado
e devido agrave concorrecircncia com as empresas mercantis a gestatildeo tem que ser cada vez
mais eficiente e enxuta havendo preocupaccedilatildeo com o ambiente e a profissionalizaccedilatildeo
das funccedilotildees
A gestatildeo nas empresas se realiza de diversas formas e na cooperativa a
autogestatildeo eacute uma dessas formas Para natildeo reproduzir a forma tradicional de gestatildeo
todos os envolvidos deveratildeo estar informados e compreenderem o processo
produtivo e de gestatildeo da cooperativa pois a ldquoa planificaccedilatildeo autogerida natildeo consiste
apenas em planejar diferentemente mas em planejar outra coisardquo e assim
mudanccedilas tem que ser implantadas (GUILLERM BOURDET 1975 p 36)
Na empresa tradicional Singer e Souza (2000 p 21) comentam que os
conhecimentos satildeo trazidos pelos teacutecnicos ou executivos e a competecircncia do negoacutecio
ldquo dependeraacute do processo de aprendizado que a operaccedilatildeo do novo empreendimento
oferece a todos os executivosrdquo Nas cooperativas esse conhecimento tem que ser
desenvolvido com accedilotildees implementadas para que todos colaborem para o
desenvolvimento e manutenccedilatildeo da empresa
Em cooperativas autogestionaacuterias a princiacutepio participam do processo de
gestatildeo e produccedilatildeo todos os associados sendo desnecessaacuteria qualquer figura de
controle e gerenciamento da produccedilatildeo na forma tradicional Ela passa a se
autorregular e deixam de existir os conflitos entre os trabalhadores e o proprietaacuterio As
informaccedilotildees e experiecircncias satildeo compartilhadas e natildeo existe concentraccedilatildeo de
informaccedilatildeo e sim democratizaccedilatildeo do conhecimento
Talvez o maior desafio das cooperativas seja conciliar e desenvolver os
princiacutepios da solidariedade aliado com a sua manutenccedilatildeo no mercado Para se
manter no mercado tem que ser competitiva mas sem reproduzir e seguir o modelo
tradicional Nas cooperativas a rotatividade funcional eacute uma estrateacutegia
implementada para a superaccedilatildeo da hierarquia entre trabalho intelectual e braccedilal e
alcanccedilar para os soacutecios-trabalhadores um conhecimento global do processo
produtivo (PEDRINI 2000 p 37)
O rodiacutezio tem sido utilizado nas cooperativas autogestionaacuterias para que os
cooperados percebam o seu valor nas atividades de gestatildeo e participem ativamente
do processo em todas as aacutereas do empreendimento Para que isso ocorra eacute
fundamental que os indiviacuteduos adquiram novos haacutebitos padrotildees e valores
respeitando novas interaccedilotildees sociais culturais e individuais existente em um grupo
que atua solidariamente (OLIVEIRA 2001) As mudanccedilas de comportamento fazem
com que passem a ter consciecircncia de pertencer a um grupo e de ser responsaacutevel por
ele e quando praticam a autogestatildeo para administrar sua cooperativa se sentem
valorizados (RUFINO 2000)
7 Cooperativa de Produccedilatildeo
A cooperativa do ldquoramo de produccedilatildeo aleacutem de transformar trabalhadores em
empreendedores unem o capital (posse dos bens de produccedilatildeo) agrave matildeo de obrardquo
Nessas cooperativas o dono produz e eacute o dono do negoacutecio Assim como em outros
ramos natildeo haacute a busca do lucro ldquomas a melhoria da qualidade do trabalho e a
remuneraccedilatildeo de todosrdquo (OCB 2018a)
De acordo com Singer (2002) na modalidade baacutesica da economia solidaacuteria
suas relaccedilotildees sociais de produccedilatildeo se caracterizam por negar o princiacutepio baacutesico
do capitalismo isto eacute a separaccedilatildeo entre o capital e a posse dos meios de
produccedilatildeo Nesta cooperativa a propriedade dos meios de produccedilatildeo eacute daqueles
que nela trabalham e natildeo haacute proprietaacuterios que natildeo trabalhem na empresa e todos
tecircm o mesmo poder de decisatildeo sobre a empresa solidaacuteria A administraccedilatildeo eacute
feita por soacutecios eleitos para esta funccedilatildeo e que se pautam em decisotildees aprovadas
em assembleias gerais ou por conselhos de delegados eleitos por todos os
soacutecios A finalidade de uma cooperativa de produccedilatildeo natildeo eacute maximizar lucros
mas a quantidade e qualidade de trabalho O excedente anual (chamado
sobras nas cooperativas) tem a destinaccedilatildeo decidida pelos trabalhadores O
capital natildeo eacute remunerado e portanto natildeo haacute lucro e o proacuteprios trabalhadores
(proprietaacuterios) decidem os rumos da cooperativa
O cooperativismo como uma alternativa organizacional pode contribuir para
sanar as limitaccedilotildees de um desenvolvimento calcado em um sistema econocircmico e de
produccedilatildeo capitalista Contudo eacute preciso estar ciente que as organizaccedilotildees
cooperativas concorrem em um mercado competitivo necessitando manter-se com
qualidade de produccedilatildeo e competitiva frente ao mercado
8 Cooperativa de Trabalho
Para OCB (2018b p1) o ldquocooperativismo de trabalho eacute o caminho para
profissionais de perfil empreendedor e colaborativo Especialmente quando percebem
que se unindo a outros profissionais da mesma categoria eles seratildeo muito mais
fortesrdquo Comenta ainda que ldquoesse eacute um ramo bastante abrangente jaacute que as
cooperativas podem atuar em todos os segmentos de atividades econocircmicas
reunindo profissionais para melhorar a remuneraccedilatildeo e as condiccedilotildees de trabalhordquo
Segundo Arauacutejo e Moreira (2001 p79) ldquoas cooperativas de trabalho nascem
do desejo de associaccedilatildeo de um grupo de pessoas em viabilizar uma atividade
produtiva e com isso garantir sua sobrevivecircnciardquo destacando-se pela sua importacircncia
em facilitar o acesso econocircmico e a participaccedilatildeo do mercado
Poreacutem eacute sempre necessaacuterio lembrar que o sucesso de uma cooperativa deve
estar relacionado aos anseios de consumidor Caso contraacuterio a cooperativa natildeo iraacute
prosperar Pereira (2001) comenta que as cooperativas satildeo alternativas para as
pessoas que natildeo possuem emprego assalariado e podem representar uma opccedilatildeo ao
desemprego para os trabalhadores podendo ateacute contribuir para incrementar o niacutevel
geral de emprego Elas surgem como um lugar de promoccedilatildeo do trabalhador com
responsabilidade em todo o processo diferente da empresa privada onde existe os
benefiacutecios de uma atividade sem responsabilidade de sua manutenccedilatildeo da
organizaccedilatildeo no mercado tendo em vista que natildeo eacute ele que toma as decisotildees
Para Furquim (2001 p 23) o cooperativismo ldquoeacute o instrumento mais perfeito
de organizaccedilatildeo da sociedade por ser um sistema de organizaccedilatildeo social e econocircmico
cujo objetivo natildeo eacute o conjunto de pessoas mas o indiviacuteduo atraveacutes do conjunto das
pessoasrdquo uma forma organizativa alternativa uma vez que oferece benefiacutecios agravequeles
que optam pelo trabalho cooperativo
9 Consideraccedilotildees Finais
O conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo eacute
primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas
pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de
inclusatildeo social que permite aos associados concorrer no mercado com as grandes
corporaccedilotildees trazendo benefiacutecios para toda a coletividade envolvida
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3 O Trabalho e sua Organizaccedilatildeo
O trabalho segundo Engels (1980 p7) eacute ldquoa condiccedilatildeo fundamental de toda a
vida humana e em tatildeo elevado grau que certo sentido se pode dizer foi o trabalho
que criou o proacuteprio homemrdquo Ele pode ser entendido como um passo do ser humano
para criar e recriar as condiccedilotildees necessaacuterias para sua sobrevivecircncia e reproduccedilatildeo e
entendido em seu sentido mais geneacuterico e abstrato como produtor de valores de uso
expressatildeo de uma relaccedilatildeo metaboacutelica entre o ser social e a natureza (ANTUNES
2009 p 139)
No capitalismo o homem foi transformado em parte da produccedilatildeo deixando
de ser o sujeito do trabalho para se tornar um objeto dele Para Antunes (1998
p123) [] o trabalho mostra-se como momento fundante de realizaccedilatildeo do ser
social condiccedilatildeo para a sua existecircncia Suas alteraccedilotildees estatildeo principalmente
relacionadas a reorganizaccedilatildeo da produccedilatildeo a flexibilizaccedilatildeo do trabalho e das leis
trabalhistas e ao desemprego (SINGER SOUZA 2000) Essas mudanccedilas estruturais
natildeo estatildeo conseguindo transformar as relaccedilotildees ligadas agraves modernizaccedilotildees
tecnoloacutegicas o que causa aumento das incertezas e instabilidades
Em uma revisita a histoacuteria do mundo do trabalho sabe-se que na sociedade
industrial do seacuteculo XX segundo Leite e Postuma (1996) o modelo taylorista-fordista
correspondeu a uma visatildeo determinada pela ampliaccedilatildeo dos mercados e aumento da
produccedilatildeo (produccedilatildeo em massa e capitalismo monopolista) que precisa manter um
ritmo de produccedilatildeo elevado e contiacutenuo para suprir o mercado
Esse processo pode ser entendido como uma forma de controle por parte
do Capital sobre os processos produtivos e operacionais nos quais o conhecimento
a habilidade e a experiecircncia eram essenciais por parte do trabalhador Eles eram
controlados pela gerecircncia atraveacutes dos estudos do tempo e movimento que eram
introduzidos alienando-os do processo total de produccedilatildeo (MORAES NETO 1991)
Essas estruturas tayloristas-fordistas das relaccedilotildees de produccedilatildeo tornaram-se criticadas
e combatidas e assim novas relaccedilotildees surgiram e se tornaram conhecidas As
dificuldades levaram a buscas de soluccedilotildees onde os patrotildees e empregados procuraram
novas relaccedilotildees para melhorar as condiccedilotildees de trabalho (PERROT 1985)
As transformaccedilotildees se intensificam na deacutecada de 1980 com a introduccedilatildeo de
inovaccedilotildees tecnoloacutegicas principalmente a automaccedilatildeo Mas eacute preciso notar que a
microeletrocircnica natildeo consiste apenas numa modificaccedilatildeo das teacutecnicas e dos modos de
operaccedilatildeo mas numa integraccedilatildeo maior do conjunto do processo produtivo que permite
uma reduccedilatildeo significativa do tempo de produccedilatildeo total das mercadorias (LEITE e
POSTUMA 1996 p 85)
Nos anos 1990 ocorreu o aprofundamento do desemprego e no fim do Seacuteculo
XX cerca de 12 bilhatildeo de pessoas ou 13 da forccedila de trabalho mundial estava em
situaccedilatildeo de trabalho precaacuterio ou de desemprego (ANTUNES 1998) Na tentativa de
encontrar alternativas para a questatildeo de desemprego ressurge o debate sobre do
papel das cooperativas
Ainda conforme Antunes (1998) em economias capitalistas o trabalho foi
estruturado de forma assalariado poreacutem em um mundo de constantes
transformaccedilotildees ressurgem novas configuraccedilotildees sociais e econocircmicas e entre elas o
trabalho cooperativo Natildeo que se tenha encontrado uma nova forma de organizaccedilatildeo
que supere os problemas mas sim formas organizativas que buscam a transformaccedilatildeo
social e que ainda estatildeo em processo de adaptaccedilatildeo
As cooperativas seriam como uma alternativa produtiva dentro de uma
economia capitalista com a estrutura organizacional se baseando em accedilotildees de
trabalho coletivas para manutenccedilatildeo dos postos de trabalho uma vez que incorpora
parcelas de trabalhadores desempregados e outros que querem ser donos de seu
proacuteprio trabalho o que acaba suprindo algumas lacunas sociais surgidas (ANTUNES
2009)
As cooperativas criadas autonomamente pelos trabalhadores tecircm um
sentido coletivo se opondo a estrutura tradicional de comeacutercio sendo por isso uma
tentativa de minimizaccedilatildeo dos problemas de luta e accedilatildeo contra o desemprego
estrutural ldquoO trabalho eacute o gerador de valor Reorganizaacute-lo no sentido de aumentar a
produtividade resulta num desses mecanismos de elevaccedilatildeo da extraccedilatildeo da mais valia
e portanto numa perspectiva de saiacuteda da criserdquo (DAL ROSSO 2011 p 8)
4 Cooperativismo
O homem natildeo consegue viver soacute e por isso vive em comunidade onde pode
estabelecer um sistema de cooperaccedilatildeo para atingir objetivos comuns O trabalho
coletivo sempre existiu seja quando os homens trabalhavam conjuntamente para
caccedilar e pescar ou na construccedilatildeo de habitaccedilotildees Nesses momentos o trabalho coletivo
servia como um instrumento social
O trabalho coletivo eacute pressuposto para o desenvolvimento do modelo produtivo
cooperativista Nesse sentido com o advento da Revoluccedilatildeo Industrial ocorreram
profundas modificaccedilotildees no pensamento econocircmico da eacutepoca que como
consequecircncia provocou reformas sociais e dentre elas o cooperativismo
Segundo Schneider (1981 p 32) ldquo O cooperativismo surgiu historicamente
como um sistema formal poreacutem simples de organizaccedilatildeo de grupos sociais com
objetivos e interesses comuns estando o seu funcionamento amparado basicamente
nos princiacutepios da ajuda muacutetua e do controle democraacutetico da organizaccedilatildeo pelos seus
membros Daiacute o caraacuteter sui-gecircneris desse tipo de organizaccedilatildeo da qual os associados
seriam ao mesmo tempo proprietaacuterios e usuaacuteriosrdquo
Com a consolidaccedilatildeo do capitalismo e a Revoluccedilatildeo Industrial e suas
consequecircncias sociais eou econocircmicas o sistema cooperativista comeccedila a criar
suas estruturas Inicialmente em 1844 consegue utilizar um conjunto de teorias para
sua organizaccedilatildeo social e econocircmica e no dia 24 de outubro um grupo de tecelotildees da
localidade de Rochdale Inglaterra fundam a primeira cooperativa denominada
Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale (SCHNEIDER 1981)
As organizaccedilotildees cooperativas segundo Alianccedila Cooperativa Internacional
(ACI 2002) buscam desenvolver princiacutepios diferentes dos utilizados na iniciativa
puacuteblica ou privada Satildeo princiacutepios desenvolvidos desde a primeira cooperativa que
podem ser assim classificados Adesatildeo livre Neutralidade poliacutetica religiosa e social
ldquoUm homemrdquo ldquoUm votordquo Retorno das sobras das operaccedilotildees Juros limitados ao
capital Desenvolvimento da educaccedilatildeo e Cooperaccedilatildeo intercooperativa Sempre
existiram pessoas com ideais de uma sociedade perfeita imaginando e lutando pela paz
ordem felicidade justiccedila e igualdade econocircmica preocupando-se com o bem
coletivo desejo que inflamou o surgimento dos fundamentos do cooperativismo
(Quadro 1)
Quadro 1 - Fundamentos inerentes ao cooperativismo (OCB 2018a)
Fundamentos Descriccedilatildeo
Liberdade
A democracia se concretiza atraveacutes da liberdade da possibilidade de participaccedilatildeo de escolha e decisatildeo sobre as accedilotildees da cooperativa
assegurando o seu sucesso
Igualdade
Direitos e deveres satildeo iguais para todos Natildeo possuem mais ou menos poder ou benefiacutecio independente do capital investido
Solidariedade A solidariedade eacute imprescindiacutevel onde a ajuda muacutetua permite desenvolver uma economia solidaacuteria e coletiva
Racionalidade O uso da tecnologia e da ciecircncia deve proporcionar emancipaccedilatildeo respeito e dignidade para os cooperados
Fonte Dados da pesquisa
Os princiacutepios do cooperativismo tecircm sua origem no estatuto Rochdale
incluindo-se as revisotildees de 1966 e 1995 feitas pela Alianccedila Cooperativa Internacional
(ACI 2002) Poreacutem a definiccedilatildeo e o modus operandi da sociedade cooperativa
subordinam-se agrave regecircncia da legislaccedilatildeo de cada paiacutes sendo
Princiacutepio da adesatildeo livre e voluntaacuteria satildeo organizaccedilotildees abertas a todos
que querem se associar ou deixar de ser soacutecios bem como usar seus serviccedilos sem
distinccedilatildeo de posiccedilatildeo social racial poliacutetica religiosa ou de gecircnero
Princiacutepio do controle democraacutetico pelos soacutecios satildeo organizaccedilotildees
democraacuteticas geridas pelos soacutecios que participam do planejamento e na tomada de
decisotildees um soacutecio um voto
Princiacutepio da participaccedilatildeo econocircmica dos soacutecios contribuem de forma
igualitaacuteria e controlam de forma democraacutetica a gestatildeo do capital Eles recebem juros
de forma limitada sobre o capital As sobras podem ser utilizadas no desenvolvimento
das cooperativas ou em forma de retorno aos soacutecios de acordo com suas transaccedilotildees
com as cooperativas
Princiacutepio da autonomia e independecircncia como organizaccedilotildees autocircnomas
devem ser controladas por seus membros que devem assegurar o controle
democraacutetico e sua autonomia mesmo quando houver acordo operacional com outras
entidades
Princiacutepio da educaccedilatildeo treinamento e informaccedilatildeo devem proporcionar
educaccedilatildeo e treinamento para os soacutecios para que haja desenvolvimento e crescimento
pessoal
Princiacutepio da cooperaccedilatildeo entre cooperativas devem fortalecer o movimento
cooperativo trabalhando sempre que possiacutevel juntas por meio de estruturas locais
regionais nacionais e internacionais e
Princiacutepio da preocupaccedilatildeo com a comunidade devem trabalhar pelo seu
desenvolvimento sustentaacutevel e de suas comunidades
Satildeo os princiacutepios que datildeo sentido social e democraacutetico a forma de
organizaccedilatildeo das cooperativas onde o capital eacute um instrumento de materializaccedilatildeo dos
objetivos propostos e natildeo um elemento determinante de sua constituiccedilatildeo
5 As Leis que Regem o Cooperativismo no Brasil
Diante de princiacutepios do cooperativismo as organizaccedilotildees cooperativas podem
optar por quaisquer ramos de trabalho e produccedilatildeo (OCB 2018a) No entanto tem que
se observar as regras estabelecidas por lei O primeiro decreto que faz menccedilatildeo ao
cooperativismo eacute o nordm 979 de 06 de janeiro de 1903 (BRASIL 1903) permitindo aos
sindicatos a organizaccedilatildeo de caixas rurais de creacutedito bem como cooperativas
agropecuaacuterias e de consumo
Ainda segundo a OCB (2018a) surgiram Leis e Decretos com a finalidade de
regulamentar a atividade cooperativa como o Decreto nordm 1637 de 05 de janeiro de
1907 (BRASIL 1907) onde haacute o reconhecimento por parte do Governo da utilidade
das cooperativas mas sem ainda tornar sua forma juriacutedica distinta de outras
organizaccedilotildees A Lei nordm 4948 de 21 de dezembro de 1925 (BRASIL 1925) bem como
o Decreto nordm 17339 de 02 de junho de 1926 (BRASIL 1926) fazem alusatildeo
especificamente das Caixas Rurais Raiffeisen e dos Bancos Populares Luzzatti Jaacute o
Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 (BRASIL 1932) apresenta as
caracteriacutesticas das cooperativas e consagra as postulaccedilotildees doutrinaacuterias do sistema
no entanto foi revogado em 1934 sendo restabelecido em 1938 Em 1943 foi
novamente revogado para ressurgir em 1945 permanecendo em vigor ateacute 1966
Apesar de todos os transtornos esta foi uma fase de liberdade para formaccedilatildeo e
funcionamento de cooperativas inclusive com incentivos fiscais
Em 1966 com a criaccedilatildeo do Decreto-Lei nordm 59 21 de novembro de 1966
(BRASIL 1966) e sua regulamentaccedilatildeo pelo Decreto nordm 60597 de 19 de abril de 1967
(BRASIL 1967) o cooperativismo foi submetido ao controle estatal vindo a perder
incentivos fiscais e liberdade jaacute adquiridas anteriormente Eles foram promulgados no
iniacutecio do regime militar e modernizaram as cooperativas atreladas ao capital que
eliminaram as pequenas cooperativas rurais organizando as cooperativas como
estruturas tecnoloacutegicas de comercializaccedilatildeo e de industrializaccedilatildeo viabilizadas pelo
capital financeiro Em 16 de dezembro de 1971 foi promulgada a Lei nordm 5764
(BRASIL 1971) ainda em vigor que define o regime juriacutedico das cooperativas sua
constituiccedilatildeo e funcionamento sistema de representaccedilatildeo e oacutergatildeos de apoio para tornar
o Sistema de Cooperativas do Brasil viaacutevel (OCB 2018a)
A Constituiccedilatildeo de 1988 no art 174 em seu paraacutegrafo 2 dispotildee que o governo
estimularia a criaccedilatildeo e o desenvolvimento de cooperativas e outras formas de
associativismo Pela Constituiccedilatildeo o Estado natildeo poderia interferir nas cooperativas e
nas organizaccedilotildees da sociedade civil como estaacute no artigo 5ordm em seu inciso XVIII ldquoA
criaccedilatildeo de associaccedilotildees e na forma da lei a de cooperativas independem de
autorizaccedilatildeo sendo vedada a interferecircncia estatal em seu funcionamentordquo (BRASIL
1988) Entretanto nem as modificaccedilotildees proporcionadas pela constituiccedilatildeo e pela lei
conseguiram gerar uma legislaccedilatildeo clara e moderna que permita a alavancagem da
maioria das cooperativas
6 Estrutura Organizacional de Cooperativas
De acordo com a Lei 576471 (BRASIL 1971 Art 3ordm Art 4ordm) as cooperativas
satildeo definidas como
Art 3deg - Celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas que
reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviccedilos para o exerciacutecio de
uma atividade econocircmica de proveito comum sem objetivo de lucro
Art 4deg - As cooperativas satildeo sociedades de pessoas com forma e natureza
juriacutedica proacuteprias de natureza civil natildeo sujeita a falecircncia constituiacutedas para prestar
serviccedilos aos associados
A cooperativa funciona como uma associaccedilatildeo autocircnoma democraacutetica e
coletiva de pessoas que se unem voluntariamente para satisfazer suas
necessidades Por lei eacute caracterizada como uma empresa social e por possuir
natureza juriacutedica proacutepria eacute diferente de outros tipos de sociedades mercantis e suas
peculiaridades podem ser melhor compreendidas atraveacutes de trecircs mecanismos
distintos que a compotildeem (ABREU 2013)
Associativismo O cooperativismo extraiu do associativismo as formas de
reunir as pessoas bem como o modelo de gestatildeo com bases democraacuteticas Os
cooperados satildeo proprietaacuterios e trabalhadores Eacute uma entidade sem fins lucrativos
que pratica o ato cooperativo onde o bem principal eacute a pessoa
Mutualismo Participaccedilatildeo econocircmica dos associados A contribuiccedilatildeo
pessoal passa a ser coletiva ficando agrave disposiccedilatildeo da cooperativa e como regra
geral deve existir o controle da administraccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo interna para
preservaccedilatildeo e desenvolvimento do patrimocircnio coletivo e
Empreendedorismo As cooperativas surgem da junccedilatildeo de pessoas que
visam o desenvolvimento da coletividade tendo sentido econocircmico e os
participantes devem ter conhecimento da aacuterea em que ela estaacute inserida
Haacute basicamente trecircs modelos cooperativistas (AMATO NETO RUFINO
2000)
Consumo destina-se a fornecer aos associados os gecircneros alimentiacutecios e
bens de utilidade pessoal e domeacutestica a preccedilos mais vantajosos do que as demais
empresas
Produccedilatildeo cooperativas operaacuterias de produccedilatildeo ou cooperativas de
trabalhadores destinam-se agrave organizaccedilatildeo autocircnoma dos trabalhadores na produccedilatildeo
de determinados bens e serviccedilos e
Creacutedito Apresentam diversos subtipos especiacuteficos devido as peculiaridades
das regiotildees com ecircxito maior para as organizaccedilotildees dos chamados bancos populares
Para regulamentar esse modelo de sociedade surgiu a Alianccedila Cooperativa
Internacional (ACI) um organismo que tem como funccedilatildeo baacutesica preservar e defender
os princiacutepios das cooperativistas No Brasil o oacutergatildeo maacuteximo de representaccedilatildeo do
cooperativismo a Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Brasil (OCB) eacute uma entidade
que congrega as Cooperativas brasileiras de todos os ramos Nos estados existem as
Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Estado (OCE) e segundo a OCB (2018a) essa
classificaccedilatildeo tem como objetivo organizar accedilotildees viabilizar a economia e conseguir a
competitividade no mercado tradicional
Com a as mudanccedilas de tecnologia e de gestatildeo do mercado seja em qual for
o ramo de atividade da empresa eacute imprescindiacutevel que as cooperativas demonstrem
eficaacutecia na gestatildeo administrativa para natildeo ficar em desvantagem em relaccedilatildeo agraves
demais empresas
O liacuteder cooperativista vem enfrentando modificaccedilotildees constantes no mercado
de trabalho devido principalmente aos avanccedilos tecnoloacutegicos Tradicionalmente o liacuteder
mais eficiente tinha que ser capaz de interpretar os desejos dos cooperados e
transformaacute-la em proposta O novo liacuteder tem que ser perspicaz para tomar a decisatildeo
de forma raacutepida para natildeo perder as oportunidades mas ao mesmo tempo sem ferir
os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo (BIALOSKORSKI NETO 2006)
O autor supracitado cita os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo na
conduccedilatildeo da lideranccedila Contudo natildeo se pode perder de vista que o cooperativismo
se constitui com a presenccedila do capitalismo em seu processo de desenvolvimento
sendo seu objetivo final como organizaccedilatildeo o capital
As cooperativas divergem das empresas mercantis apesar de ambas
concorrerem no mercado Segundo Zylbersztajn (1994) a essecircncia dos princiacutepios
cooperativos por vezes limita seu desenvolvimento O autor defende que elas devem
ser readequadas para que os empreendimentos possam competir em um mundo
globalizado e de constante transformaccedilotildees tecnoloacutegicas Ainda segundo o autor
alguns cuidados devem ser tomados para as cooperativas se manterem no mercado
e devido agrave concorrecircncia com as empresas mercantis a gestatildeo tem que ser cada vez
mais eficiente e enxuta havendo preocupaccedilatildeo com o ambiente e a profissionalizaccedilatildeo
das funccedilotildees
A gestatildeo nas empresas se realiza de diversas formas e na cooperativa a
autogestatildeo eacute uma dessas formas Para natildeo reproduzir a forma tradicional de gestatildeo
todos os envolvidos deveratildeo estar informados e compreenderem o processo
produtivo e de gestatildeo da cooperativa pois a ldquoa planificaccedilatildeo autogerida natildeo consiste
apenas em planejar diferentemente mas em planejar outra coisardquo e assim
mudanccedilas tem que ser implantadas (GUILLERM BOURDET 1975 p 36)
Na empresa tradicional Singer e Souza (2000 p 21) comentam que os
conhecimentos satildeo trazidos pelos teacutecnicos ou executivos e a competecircncia do negoacutecio
ldquo dependeraacute do processo de aprendizado que a operaccedilatildeo do novo empreendimento
oferece a todos os executivosrdquo Nas cooperativas esse conhecimento tem que ser
desenvolvido com accedilotildees implementadas para que todos colaborem para o
desenvolvimento e manutenccedilatildeo da empresa
Em cooperativas autogestionaacuterias a princiacutepio participam do processo de
gestatildeo e produccedilatildeo todos os associados sendo desnecessaacuteria qualquer figura de
controle e gerenciamento da produccedilatildeo na forma tradicional Ela passa a se
autorregular e deixam de existir os conflitos entre os trabalhadores e o proprietaacuterio As
informaccedilotildees e experiecircncias satildeo compartilhadas e natildeo existe concentraccedilatildeo de
informaccedilatildeo e sim democratizaccedilatildeo do conhecimento
Talvez o maior desafio das cooperativas seja conciliar e desenvolver os
princiacutepios da solidariedade aliado com a sua manutenccedilatildeo no mercado Para se
manter no mercado tem que ser competitiva mas sem reproduzir e seguir o modelo
tradicional Nas cooperativas a rotatividade funcional eacute uma estrateacutegia
implementada para a superaccedilatildeo da hierarquia entre trabalho intelectual e braccedilal e
alcanccedilar para os soacutecios-trabalhadores um conhecimento global do processo
produtivo (PEDRINI 2000 p 37)
O rodiacutezio tem sido utilizado nas cooperativas autogestionaacuterias para que os
cooperados percebam o seu valor nas atividades de gestatildeo e participem ativamente
do processo em todas as aacutereas do empreendimento Para que isso ocorra eacute
fundamental que os indiviacuteduos adquiram novos haacutebitos padrotildees e valores
respeitando novas interaccedilotildees sociais culturais e individuais existente em um grupo
que atua solidariamente (OLIVEIRA 2001) As mudanccedilas de comportamento fazem
com que passem a ter consciecircncia de pertencer a um grupo e de ser responsaacutevel por
ele e quando praticam a autogestatildeo para administrar sua cooperativa se sentem
valorizados (RUFINO 2000)
7 Cooperativa de Produccedilatildeo
A cooperativa do ldquoramo de produccedilatildeo aleacutem de transformar trabalhadores em
empreendedores unem o capital (posse dos bens de produccedilatildeo) agrave matildeo de obrardquo
Nessas cooperativas o dono produz e eacute o dono do negoacutecio Assim como em outros
ramos natildeo haacute a busca do lucro ldquomas a melhoria da qualidade do trabalho e a
remuneraccedilatildeo de todosrdquo (OCB 2018a)
De acordo com Singer (2002) na modalidade baacutesica da economia solidaacuteria
suas relaccedilotildees sociais de produccedilatildeo se caracterizam por negar o princiacutepio baacutesico
do capitalismo isto eacute a separaccedilatildeo entre o capital e a posse dos meios de
produccedilatildeo Nesta cooperativa a propriedade dos meios de produccedilatildeo eacute daqueles
que nela trabalham e natildeo haacute proprietaacuterios que natildeo trabalhem na empresa e todos
tecircm o mesmo poder de decisatildeo sobre a empresa solidaacuteria A administraccedilatildeo eacute
feita por soacutecios eleitos para esta funccedilatildeo e que se pautam em decisotildees aprovadas
em assembleias gerais ou por conselhos de delegados eleitos por todos os
soacutecios A finalidade de uma cooperativa de produccedilatildeo natildeo eacute maximizar lucros
mas a quantidade e qualidade de trabalho O excedente anual (chamado
sobras nas cooperativas) tem a destinaccedilatildeo decidida pelos trabalhadores O
capital natildeo eacute remunerado e portanto natildeo haacute lucro e o proacuteprios trabalhadores
(proprietaacuterios) decidem os rumos da cooperativa
O cooperativismo como uma alternativa organizacional pode contribuir para
sanar as limitaccedilotildees de um desenvolvimento calcado em um sistema econocircmico e de
produccedilatildeo capitalista Contudo eacute preciso estar ciente que as organizaccedilotildees
cooperativas concorrem em um mercado competitivo necessitando manter-se com
qualidade de produccedilatildeo e competitiva frente ao mercado
8 Cooperativa de Trabalho
Para OCB (2018b p1) o ldquocooperativismo de trabalho eacute o caminho para
profissionais de perfil empreendedor e colaborativo Especialmente quando percebem
que se unindo a outros profissionais da mesma categoria eles seratildeo muito mais
fortesrdquo Comenta ainda que ldquoesse eacute um ramo bastante abrangente jaacute que as
cooperativas podem atuar em todos os segmentos de atividades econocircmicas
reunindo profissionais para melhorar a remuneraccedilatildeo e as condiccedilotildees de trabalhordquo
Segundo Arauacutejo e Moreira (2001 p79) ldquoas cooperativas de trabalho nascem
do desejo de associaccedilatildeo de um grupo de pessoas em viabilizar uma atividade
produtiva e com isso garantir sua sobrevivecircnciardquo destacando-se pela sua importacircncia
em facilitar o acesso econocircmico e a participaccedilatildeo do mercado
Poreacutem eacute sempre necessaacuterio lembrar que o sucesso de uma cooperativa deve
estar relacionado aos anseios de consumidor Caso contraacuterio a cooperativa natildeo iraacute
prosperar Pereira (2001) comenta que as cooperativas satildeo alternativas para as
pessoas que natildeo possuem emprego assalariado e podem representar uma opccedilatildeo ao
desemprego para os trabalhadores podendo ateacute contribuir para incrementar o niacutevel
geral de emprego Elas surgem como um lugar de promoccedilatildeo do trabalhador com
responsabilidade em todo o processo diferente da empresa privada onde existe os
benefiacutecios de uma atividade sem responsabilidade de sua manutenccedilatildeo da
organizaccedilatildeo no mercado tendo em vista que natildeo eacute ele que toma as decisotildees
Para Furquim (2001 p 23) o cooperativismo ldquoeacute o instrumento mais perfeito
de organizaccedilatildeo da sociedade por ser um sistema de organizaccedilatildeo social e econocircmico
cujo objetivo natildeo eacute o conjunto de pessoas mas o indiviacuteduo atraveacutes do conjunto das
pessoasrdquo uma forma organizativa alternativa uma vez que oferece benefiacutecios agravequeles
que optam pelo trabalho cooperativo
9 Consideraccedilotildees Finais
O conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo eacute
primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas
pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de
inclusatildeo social que permite aos associados concorrer no mercado com as grandes
corporaccedilotildees trazendo benefiacutecios para toda a coletividade envolvida
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operaccedilatildeo mas numa integraccedilatildeo maior do conjunto do processo produtivo que permite
uma reduccedilatildeo significativa do tempo de produccedilatildeo total das mercadorias (LEITE e
POSTUMA 1996 p 85)
Nos anos 1990 ocorreu o aprofundamento do desemprego e no fim do Seacuteculo
XX cerca de 12 bilhatildeo de pessoas ou 13 da forccedila de trabalho mundial estava em
situaccedilatildeo de trabalho precaacuterio ou de desemprego (ANTUNES 1998) Na tentativa de
encontrar alternativas para a questatildeo de desemprego ressurge o debate sobre do
papel das cooperativas
Ainda conforme Antunes (1998) em economias capitalistas o trabalho foi
estruturado de forma assalariado poreacutem em um mundo de constantes
transformaccedilotildees ressurgem novas configuraccedilotildees sociais e econocircmicas e entre elas o
trabalho cooperativo Natildeo que se tenha encontrado uma nova forma de organizaccedilatildeo
que supere os problemas mas sim formas organizativas que buscam a transformaccedilatildeo
social e que ainda estatildeo em processo de adaptaccedilatildeo
As cooperativas seriam como uma alternativa produtiva dentro de uma
economia capitalista com a estrutura organizacional se baseando em accedilotildees de
trabalho coletivas para manutenccedilatildeo dos postos de trabalho uma vez que incorpora
parcelas de trabalhadores desempregados e outros que querem ser donos de seu
proacuteprio trabalho o que acaba suprindo algumas lacunas sociais surgidas (ANTUNES
2009)
As cooperativas criadas autonomamente pelos trabalhadores tecircm um
sentido coletivo se opondo a estrutura tradicional de comeacutercio sendo por isso uma
tentativa de minimizaccedilatildeo dos problemas de luta e accedilatildeo contra o desemprego
estrutural ldquoO trabalho eacute o gerador de valor Reorganizaacute-lo no sentido de aumentar a
produtividade resulta num desses mecanismos de elevaccedilatildeo da extraccedilatildeo da mais valia
e portanto numa perspectiva de saiacuteda da criserdquo (DAL ROSSO 2011 p 8)
4 Cooperativismo
O homem natildeo consegue viver soacute e por isso vive em comunidade onde pode
estabelecer um sistema de cooperaccedilatildeo para atingir objetivos comuns O trabalho
coletivo sempre existiu seja quando os homens trabalhavam conjuntamente para
caccedilar e pescar ou na construccedilatildeo de habitaccedilotildees Nesses momentos o trabalho coletivo
servia como um instrumento social
O trabalho coletivo eacute pressuposto para o desenvolvimento do modelo produtivo
cooperativista Nesse sentido com o advento da Revoluccedilatildeo Industrial ocorreram
profundas modificaccedilotildees no pensamento econocircmico da eacutepoca que como
consequecircncia provocou reformas sociais e dentre elas o cooperativismo
Segundo Schneider (1981 p 32) ldquo O cooperativismo surgiu historicamente
como um sistema formal poreacutem simples de organizaccedilatildeo de grupos sociais com
objetivos e interesses comuns estando o seu funcionamento amparado basicamente
nos princiacutepios da ajuda muacutetua e do controle democraacutetico da organizaccedilatildeo pelos seus
membros Daiacute o caraacuteter sui-gecircneris desse tipo de organizaccedilatildeo da qual os associados
seriam ao mesmo tempo proprietaacuterios e usuaacuteriosrdquo
Com a consolidaccedilatildeo do capitalismo e a Revoluccedilatildeo Industrial e suas
consequecircncias sociais eou econocircmicas o sistema cooperativista comeccedila a criar
suas estruturas Inicialmente em 1844 consegue utilizar um conjunto de teorias para
sua organizaccedilatildeo social e econocircmica e no dia 24 de outubro um grupo de tecelotildees da
localidade de Rochdale Inglaterra fundam a primeira cooperativa denominada
Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale (SCHNEIDER 1981)
As organizaccedilotildees cooperativas segundo Alianccedila Cooperativa Internacional
(ACI 2002) buscam desenvolver princiacutepios diferentes dos utilizados na iniciativa
puacuteblica ou privada Satildeo princiacutepios desenvolvidos desde a primeira cooperativa que
podem ser assim classificados Adesatildeo livre Neutralidade poliacutetica religiosa e social
ldquoUm homemrdquo ldquoUm votordquo Retorno das sobras das operaccedilotildees Juros limitados ao
capital Desenvolvimento da educaccedilatildeo e Cooperaccedilatildeo intercooperativa Sempre
existiram pessoas com ideais de uma sociedade perfeita imaginando e lutando pela paz
ordem felicidade justiccedila e igualdade econocircmica preocupando-se com o bem
coletivo desejo que inflamou o surgimento dos fundamentos do cooperativismo
(Quadro 1)
Quadro 1 - Fundamentos inerentes ao cooperativismo (OCB 2018a)
Fundamentos Descriccedilatildeo
Liberdade
A democracia se concretiza atraveacutes da liberdade da possibilidade de participaccedilatildeo de escolha e decisatildeo sobre as accedilotildees da cooperativa
assegurando o seu sucesso
Igualdade
Direitos e deveres satildeo iguais para todos Natildeo possuem mais ou menos poder ou benefiacutecio independente do capital investido
Solidariedade A solidariedade eacute imprescindiacutevel onde a ajuda muacutetua permite desenvolver uma economia solidaacuteria e coletiva
Racionalidade O uso da tecnologia e da ciecircncia deve proporcionar emancipaccedilatildeo respeito e dignidade para os cooperados
Fonte Dados da pesquisa
Os princiacutepios do cooperativismo tecircm sua origem no estatuto Rochdale
incluindo-se as revisotildees de 1966 e 1995 feitas pela Alianccedila Cooperativa Internacional
(ACI 2002) Poreacutem a definiccedilatildeo e o modus operandi da sociedade cooperativa
subordinam-se agrave regecircncia da legislaccedilatildeo de cada paiacutes sendo
Princiacutepio da adesatildeo livre e voluntaacuteria satildeo organizaccedilotildees abertas a todos
que querem se associar ou deixar de ser soacutecios bem como usar seus serviccedilos sem
distinccedilatildeo de posiccedilatildeo social racial poliacutetica religiosa ou de gecircnero
Princiacutepio do controle democraacutetico pelos soacutecios satildeo organizaccedilotildees
democraacuteticas geridas pelos soacutecios que participam do planejamento e na tomada de
decisotildees um soacutecio um voto
Princiacutepio da participaccedilatildeo econocircmica dos soacutecios contribuem de forma
igualitaacuteria e controlam de forma democraacutetica a gestatildeo do capital Eles recebem juros
de forma limitada sobre o capital As sobras podem ser utilizadas no desenvolvimento
das cooperativas ou em forma de retorno aos soacutecios de acordo com suas transaccedilotildees
com as cooperativas
Princiacutepio da autonomia e independecircncia como organizaccedilotildees autocircnomas
devem ser controladas por seus membros que devem assegurar o controle
democraacutetico e sua autonomia mesmo quando houver acordo operacional com outras
entidades
Princiacutepio da educaccedilatildeo treinamento e informaccedilatildeo devem proporcionar
educaccedilatildeo e treinamento para os soacutecios para que haja desenvolvimento e crescimento
pessoal
Princiacutepio da cooperaccedilatildeo entre cooperativas devem fortalecer o movimento
cooperativo trabalhando sempre que possiacutevel juntas por meio de estruturas locais
regionais nacionais e internacionais e
Princiacutepio da preocupaccedilatildeo com a comunidade devem trabalhar pelo seu
desenvolvimento sustentaacutevel e de suas comunidades
Satildeo os princiacutepios que datildeo sentido social e democraacutetico a forma de
organizaccedilatildeo das cooperativas onde o capital eacute um instrumento de materializaccedilatildeo dos
objetivos propostos e natildeo um elemento determinante de sua constituiccedilatildeo
5 As Leis que Regem o Cooperativismo no Brasil
Diante de princiacutepios do cooperativismo as organizaccedilotildees cooperativas podem
optar por quaisquer ramos de trabalho e produccedilatildeo (OCB 2018a) No entanto tem que
se observar as regras estabelecidas por lei O primeiro decreto que faz menccedilatildeo ao
cooperativismo eacute o nordm 979 de 06 de janeiro de 1903 (BRASIL 1903) permitindo aos
sindicatos a organizaccedilatildeo de caixas rurais de creacutedito bem como cooperativas
agropecuaacuterias e de consumo
Ainda segundo a OCB (2018a) surgiram Leis e Decretos com a finalidade de
regulamentar a atividade cooperativa como o Decreto nordm 1637 de 05 de janeiro de
1907 (BRASIL 1907) onde haacute o reconhecimento por parte do Governo da utilidade
das cooperativas mas sem ainda tornar sua forma juriacutedica distinta de outras
organizaccedilotildees A Lei nordm 4948 de 21 de dezembro de 1925 (BRASIL 1925) bem como
o Decreto nordm 17339 de 02 de junho de 1926 (BRASIL 1926) fazem alusatildeo
especificamente das Caixas Rurais Raiffeisen e dos Bancos Populares Luzzatti Jaacute o
Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 (BRASIL 1932) apresenta as
caracteriacutesticas das cooperativas e consagra as postulaccedilotildees doutrinaacuterias do sistema
no entanto foi revogado em 1934 sendo restabelecido em 1938 Em 1943 foi
novamente revogado para ressurgir em 1945 permanecendo em vigor ateacute 1966
Apesar de todos os transtornos esta foi uma fase de liberdade para formaccedilatildeo e
funcionamento de cooperativas inclusive com incentivos fiscais
Em 1966 com a criaccedilatildeo do Decreto-Lei nordm 59 21 de novembro de 1966
(BRASIL 1966) e sua regulamentaccedilatildeo pelo Decreto nordm 60597 de 19 de abril de 1967
(BRASIL 1967) o cooperativismo foi submetido ao controle estatal vindo a perder
incentivos fiscais e liberdade jaacute adquiridas anteriormente Eles foram promulgados no
iniacutecio do regime militar e modernizaram as cooperativas atreladas ao capital que
eliminaram as pequenas cooperativas rurais organizando as cooperativas como
estruturas tecnoloacutegicas de comercializaccedilatildeo e de industrializaccedilatildeo viabilizadas pelo
capital financeiro Em 16 de dezembro de 1971 foi promulgada a Lei nordm 5764
(BRASIL 1971) ainda em vigor que define o regime juriacutedico das cooperativas sua
constituiccedilatildeo e funcionamento sistema de representaccedilatildeo e oacutergatildeos de apoio para tornar
o Sistema de Cooperativas do Brasil viaacutevel (OCB 2018a)
A Constituiccedilatildeo de 1988 no art 174 em seu paraacutegrafo 2 dispotildee que o governo
estimularia a criaccedilatildeo e o desenvolvimento de cooperativas e outras formas de
associativismo Pela Constituiccedilatildeo o Estado natildeo poderia interferir nas cooperativas e
nas organizaccedilotildees da sociedade civil como estaacute no artigo 5ordm em seu inciso XVIII ldquoA
criaccedilatildeo de associaccedilotildees e na forma da lei a de cooperativas independem de
autorizaccedilatildeo sendo vedada a interferecircncia estatal em seu funcionamentordquo (BRASIL
1988) Entretanto nem as modificaccedilotildees proporcionadas pela constituiccedilatildeo e pela lei
conseguiram gerar uma legislaccedilatildeo clara e moderna que permita a alavancagem da
maioria das cooperativas
6 Estrutura Organizacional de Cooperativas
De acordo com a Lei 576471 (BRASIL 1971 Art 3ordm Art 4ordm) as cooperativas
satildeo definidas como
Art 3deg - Celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas que
reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviccedilos para o exerciacutecio de
uma atividade econocircmica de proveito comum sem objetivo de lucro
Art 4deg - As cooperativas satildeo sociedades de pessoas com forma e natureza
juriacutedica proacuteprias de natureza civil natildeo sujeita a falecircncia constituiacutedas para prestar
serviccedilos aos associados
A cooperativa funciona como uma associaccedilatildeo autocircnoma democraacutetica e
coletiva de pessoas que se unem voluntariamente para satisfazer suas
necessidades Por lei eacute caracterizada como uma empresa social e por possuir
natureza juriacutedica proacutepria eacute diferente de outros tipos de sociedades mercantis e suas
peculiaridades podem ser melhor compreendidas atraveacutes de trecircs mecanismos
distintos que a compotildeem (ABREU 2013)
Associativismo O cooperativismo extraiu do associativismo as formas de
reunir as pessoas bem como o modelo de gestatildeo com bases democraacuteticas Os
cooperados satildeo proprietaacuterios e trabalhadores Eacute uma entidade sem fins lucrativos
que pratica o ato cooperativo onde o bem principal eacute a pessoa
Mutualismo Participaccedilatildeo econocircmica dos associados A contribuiccedilatildeo
pessoal passa a ser coletiva ficando agrave disposiccedilatildeo da cooperativa e como regra
geral deve existir o controle da administraccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo interna para
preservaccedilatildeo e desenvolvimento do patrimocircnio coletivo e
Empreendedorismo As cooperativas surgem da junccedilatildeo de pessoas que
visam o desenvolvimento da coletividade tendo sentido econocircmico e os
participantes devem ter conhecimento da aacuterea em que ela estaacute inserida
Haacute basicamente trecircs modelos cooperativistas (AMATO NETO RUFINO
2000)
Consumo destina-se a fornecer aos associados os gecircneros alimentiacutecios e
bens de utilidade pessoal e domeacutestica a preccedilos mais vantajosos do que as demais
empresas
Produccedilatildeo cooperativas operaacuterias de produccedilatildeo ou cooperativas de
trabalhadores destinam-se agrave organizaccedilatildeo autocircnoma dos trabalhadores na produccedilatildeo
de determinados bens e serviccedilos e
Creacutedito Apresentam diversos subtipos especiacuteficos devido as peculiaridades
das regiotildees com ecircxito maior para as organizaccedilotildees dos chamados bancos populares
Para regulamentar esse modelo de sociedade surgiu a Alianccedila Cooperativa
Internacional (ACI) um organismo que tem como funccedilatildeo baacutesica preservar e defender
os princiacutepios das cooperativistas No Brasil o oacutergatildeo maacuteximo de representaccedilatildeo do
cooperativismo a Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Brasil (OCB) eacute uma entidade
que congrega as Cooperativas brasileiras de todos os ramos Nos estados existem as
Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Estado (OCE) e segundo a OCB (2018a) essa
classificaccedilatildeo tem como objetivo organizar accedilotildees viabilizar a economia e conseguir a
competitividade no mercado tradicional
Com a as mudanccedilas de tecnologia e de gestatildeo do mercado seja em qual for
o ramo de atividade da empresa eacute imprescindiacutevel que as cooperativas demonstrem
eficaacutecia na gestatildeo administrativa para natildeo ficar em desvantagem em relaccedilatildeo agraves
demais empresas
O liacuteder cooperativista vem enfrentando modificaccedilotildees constantes no mercado
de trabalho devido principalmente aos avanccedilos tecnoloacutegicos Tradicionalmente o liacuteder
mais eficiente tinha que ser capaz de interpretar os desejos dos cooperados e
transformaacute-la em proposta O novo liacuteder tem que ser perspicaz para tomar a decisatildeo
de forma raacutepida para natildeo perder as oportunidades mas ao mesmo tempo sem ferir
os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo (BIALOSKORSKI NETO 2006)
O autor supracitado cita os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo na
conduccedilatildeo da lideranccedila Contudo natildeo se pode perder de vista que o cooperativismo
se constitui com a presenccedila do capitalismo em seu processo de desenvolvimento
sendo seu objetivo final como organizaccedilatildeo o capital
As cooperativas divergem das empresas mercantis apesar de ambas
concorrerem no mercado Segundo Zylbersztajn (1994) a essecircncia dos princiacutepios
cooperativos por vezes limita seu desenvolvimento O autor defende que elas devem
ser readequadas para que os empreendimentos possam competir em um mundo
globalizado e de constante transformaccedilotildees tecnoloacutegicas Ainda segundo o autor
alguns cuidados devem ser tomados para as cooperativas se manterem no mercado
e devido agrave concorrecircncia com as empresas mercantis a gestatildeo tem que ser cada vez
mais eficiente e enxuta havendo preocupaccedilatildeo com o ambiente e a profissionalizaccedilatildeo
das funccedilotildees
A gestatildeo nas empresas se realiza de diversas formas e na cooperativa a
autogestatildeo eacute uma dessas formas Para natildeo reproduzir a forma tradicional de gestatildeo
todos os envolvidos deveratildeo estar informados e compreenderem o processo
produtivo e de gestatildeo da cooperativa pois a ldquoa planificaccedilatildeo autogerida natildeo consiste
apenas em planejar diferentemente mas em planejar outra coisardquo e assim
mudanccedilas tem que ser implantadas (GUILLERM BOURDET 1975 p 36)
Na empresa tradicional Singer e Souza (2000 p 21) comentam que os
conhecimentos satildeo trazidos pelos teacutecnicos ou executivos e a competecircncia do negoacutecio
ldquo dependeraacute do processo de aprendizado que a operaccedilatildeo do novo empreendimento
oferece a todos os executivosrdquo Nas cooperativas esse conhecimento tem que ser
desenvolvido com accedilotildees implementadas para que todos colaborem para o
desenvolvimento e manutenccedilatildeo da empresa
Em cooperativas autogestionaacuterias a princiacutepio participam do processo de
gestatildeo e produccedilatildeo todos os associados sendo desnecessaacuteria qualquer figura de
controle e gerenciamento da produccedilatildeo na forma tradicional Ela passa a se
autorregular e deixam de existir os conflitos entre os trabalhadores e o proprietaacuterio As
informaccedilotildees e experiecircncias satildeo compartilhadas e natildeo existe concentraccedilatildeo de
informaccedilatildeo e sim democratizaccedilatildeo do conhecimento
Talvez o maior desafio das cooperativas seja conciliar e desenvolver os
princiacutepios da solidariedade aliado com a sua manutenccedilatildeo no mercado Para se
manter no mercado tem que ser competitiva mas sem reproduzir e seguir o modelo
tradicional Nas cooperativas a rotatividade funcional eacute uma estrateacutegia
implementada para a superaccedilatildeo da hierarquia entre trabalho intelectual e braccedilal e
alcanccedilar para os soacutecios-trabalhadores um conhecimento global do processo
produtivo (PEDRINI 2000 p 37)
O rodiacutezio tem sido utilizado nas cooperativas autogestionaacuterias para que os
cooperados percebam o seu valor nas atividades de gestatildeo e participem ativamente
do processo em todas as aacutereas do empreendimento Para que isso ocorra eacute
fundamental que os indiviacuteduos adquiram novos haacutebitos padrotildees e valores
respeitando novas interaccedilotildees sociais culturais e individuais existente em um grupo
que atua solidariamente (OLIVEIRA 2001) As mudanccedilas de comportamento fazem
com que passem a ter consciecircncia de pertencer a um grupo e de ser responsaacutevel por
ele e quando praticam a autogestatildeo para administrar sua cooperativa se sentem
valorizados (RUFINO 2000)
7 Cooperativa de Produccedilatildeo
A cooperativa do ldquoramo de produccedilatildeo aleacutem de transformar trabalhadores em
empreendedores unem o capital (posse dos bens de produccedilatildeo) agrave matildeo de obrardquo
Nessas cooperativas o dono produz e eacute o dono do negoacutecio Assim como em outros
ramos natildeo haacute a busca do lucro ldquomas a melhoria da qualidade do trabalho e a
remuneraccedilatildeo de todosrdquo (OCB 2018a)
De acordo com Singer (2002) na modalidade baacutesica da economia solidaacuteria
suas relaccedilotildees sociais de produccedilatildeo se caracterizam por negar o princiacutepio baacutesico
do capitalismo isto eacute a separaccedilatildeo entre o capital e a posse dos meios de
produccedilatildeo Nesta cooperativa a propriedade dos meios de produccedilatildeo eacute daqueles
que nela trabalham e natildeo haacute proprietaacuterios que natildeo trabalhem na empresa e todos
tecircm o mesmo poder de decisatildeo sobre a empresa solidaacuteria A administraccedilatildeo eacute
feita por soacutecios eleitos para esta funccedilatildeo e que se pautam em decisotildees aprovadas
em assembleias gerais ou por conselhos de delegados eleitos por todos os
soacutecios A finalidade de uma cooperativa de produccedilatildeo natildeo eacute maximizar lucros
mas a quantidade e qualidade de trabalho O excedente anual (chamado
sobras nas cooperativas) tem a destinaccedilatildeo decidida pelos trabalhadores O
capital natildeo eacute remunerado e portanto natildeo haacute lucro e o proacuteprios trabalhadores
(proprietaacuterios) decidem os rumos da cooperativa
O cooperativismo como uma alternativa organizacional pode contribuir para
sanar as limitaccedilotildees de um desenvolvimento calcado em um sistema econocircmico e de
produccedilatildeo capitalista Contudo eacute preciso estar ciente que as organizaccedilotildees
cooperativas concorrem em um mercado competitivo necessitando manter-se com
qualidade de produccedilatildeo e competitiva frente ao mercado
8 Cooperativa de Trabalho
Para OCB (2018b p1) o ldquocooperativismo de trabalho eacute o caminho para
profissionais de perfil empreendedor e colaborativo Especialmente quando percebem
que se unindo a outros profissionais da mesma categoria eles seratildeo muito mais
fortesrdquo Comenta ainda que ldquoesse eacute um ramo bastante abrangente jaacute que as
cooperativas podem atuar em todos os segmentos de atividades econocircmicas
reunindo profissionais para melhorar a remuneraccedilatildeo e as condiccedilotildees de trabalhordquo
Segundo Arauacutejo e Moreira (2001 p79) ldquoas cooperativas de trabalho nascem
do desejo de associaccedilatildeo de um grupo de pessoas em viabilizar uma atividade
produtiva e com isso garantir sua sobrevivecircnciardquo destacando-se pela sua importacircncia
em facilitar o acesso econocircmico e a participaccedilatildeo do mercado
Poreacutem eacute sempre necessaacuterio lembrar que o sucesso de uma cooperativa deve
estar relacionado aos anseios de consumidor Caso contraacuterio a cooperativa natildeo iraacute
prosperar Pereira (2001) comenta que as cooperativas satildeo alternativas para as
pessoas que natildeo possuem emprego assalariado e podem representar uma opccedilatildeo ao
desemprego para os trabalhadores podendo ateacute contribuir para incrementar o niacutevel
geral de emprego Elas surgem como um lugar de promoccedilatildeo do trabalhador com
responsabilidade em todo o processo diferente da empresa privada onde existe os
benefiacutecios de uma atividade sem responsabilidade de sua manutenccedilatildeo da
organizaccedilatildeo no mercado tendo em vista que natildeo eacute ele que toma as decisotildees
Para Furquim (2001 p 23) o cooperativismo ldquoeacute o instrumento mais perfeito
de organizaccedilatildeo da sociedade por ser um sistema de organizaccedilatildeo social e econocircmico
cujo objetivo natildeo eacute o conjunto de pessoas mas o indiviacuteduo atraveacutes do conjunto das
pessoasrdquo uma forma organizativa alternativa uma vez que oferece benefiacutecios agravequeles
que optam pelo trabalho cooperativo
9 Consideraccedilotildees Finais
O conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo eacute
primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas
pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de
inclusatildeo social que permite aos associados concorrer no mercado com as grandes
corporaccedilotildees trazendo benefiacutecios para toda a coletividade envolvida
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ZYLBERSZTAJN D Organizaccedilatildeo de cooperativas desafios e tendecircncias Revista de
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4 Cooperativismo
O homem natildeo consegue viver soacute e por isso vive em comunidade onde pode
estabelecer um sistema de cooperaccedilatildeo para atingir objetivos comuns O trabalho
coletivo sempre existiu seja quando os homens trabalhavam conjuntamente para
caccedilar e pescar ou na construccedilatildeo de habitaccedilotildees Nesses momentos o trabalho coletivo
servia como um instrumento social
O trabalho coletivo eacute pressuposto para o desenvolvimento do modelo produtivo
cooperativista Nesse sentido com o advento da Revoluccedilatildeo Industrial ocorreram
profundas modificaccedilotildees no pensamento econocircmico da eacutepoca que como
consequecircncia provocou reformas sociais e dentre elas o cooperativismo
Segundo Schneider (1981 p 32) ldquo O cooperativismo surgiu historicamente
como um sistema formal poreacutem simples de organizaccedilatildeo de grupos sociais com
objetivos e interesses comuns estando o seu funcionamento amparado basicamente
nos princiacutepios da ajuda muacutetua e do controle democraacutetico da organizaccedilatildeo pelos seus
membros Daiacute o caraacuteter sui-gecircneris desse tipo de organizaccedilatildeo da qual os associados
seriam ao mesmo tempo proprietaacuterios e usuaacuteriosrdquo
Com a consolidaccedilatildeo do capitalismo e a Revoluccedilatildeo Industrial e suas
consequecircncias sociais eou econocircmicas o sistema cooperativista comeccedila a criar
suas estruturas Inicialmente em 1844 consegue utilizar um conjunto de teorias para
sua organizaccedilatildeo social e econocircmica e no dia 24 de outubro um grupo de tecelotildees da
localidade de Rochdale Inglaterra fundam a primeira cooperativa denominada
Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale (SCHNEIDER 1981)
As organizaccedilotildees cooperativas segundo Alianccedila Cooperativa Internacional
(ACI 2002) buscam desenvolver princiacutepios diferentes dos utilizados na iniciativa
puacuteblica ou privada Satildeo princiacutepios desenvolvidos desde a primeira cooperativa que
podem ser assim classificados Adesatildeo livre Neutralidade poliacutetica religiosa e social
ldquoUm homemrdquo ldquoUm votordquo Retorno das sobras das operaccedilotildees Juros limitados ao
capital Desenvolvimento da educaccedilatildeo e Cooperaccedilatildeo intercooperativa Sempre
existiram pessoas com ideais de uma sociedade perfeita imaginando e lutando pela paz
ordem felicidade justiccedila e igualdade econocircmica preocupando-se com o bem
coletivo desejo que inflamou o surgimento dos fundamentos do cooperativismo
(Quadro 1)
Quadro 1 - Fundamentos inerentes ao cooperativismo (OCB 2018a)
Fundamentos Descriccedilatildeo
Liberdade
A democracia se concretiza atraveacutes da liberdade da possibilidade de participaccedilatildeo de escolha e decisatildeo sobre as accedilotildees da cooperativa
assegurando o seu sucesso
Igualdade
Direitos e deveres satildeo iguais para todos Natildeo possuem mais ou menos poder ou benefiacutecio independente do capital investido
Solidariedade A solidariedade eacute imprescindiacutevel onde a ajuda muacutetua permite desenvolver uma economia solidaacuteria e coletiva
Racionalidade O uso da tecnologia e da ciecircncia deve proporcionar emancipaccedilatildeo respeito e dignidade para os cooperados
Fonte Dados da pesquisa
Os princiacutepios do cooperativismo tecircm sua origem no estatuto Rochdale
incluindo-se as revisotildees de 1966 e 1995 feitas pela Alianccedila Cooperativa Internacional
(ACI 2002) Poreacutem a definiccedilatildeo e o modus operandi da sociedade cooperativa
subordinam-se agrave regecircncia da legislaccedilatildeo de cada paiacutes sendo
Princiacutepio da adesatildeo livre e voluntaacuteria satildeo organizaccedilotildees abertas a todos
que querem se associar ou deixar de ser soacutecios bem como usar seus serviccedilos sem
distinccedilatildeo de posiccedilatildeo social racial poliacutetica religiosa ou de gecircnero
Princiacutepio do controle democraacutetico pelos soacutecios satildeo organizaccedilotildees
democraacuteticas geridas pelos soacutecios que participam do planejamento e na tomada de
decisotildees um soacutecio um voto
Princiacutepio da participaccedilatildeo econocircmica dos soacutecios contribuem de forma
igualitaacuteria e controlam de forma democraacutetica a gestatildeo do capital Eles recebem juros
de forma limitada sobre o capital As sobras podem ser utilizadas no desenvolvimento
das cooperativas ou em forma de retorno aos soacutecios de acordo com suas transaccedilotildees
com as cooperativas
Princiacutepio da autonomia e independecircncia como organizaccedilotildees autocircnomas
devem ser controladas por seus membros que devem assegurar o controle
democraacutetico e sua autonomia mesmo quando houver acordo operacional com outras
entidades
Princiacutepio da educaccedilatildeo treinamento e informaccedilatildeo devem proporcionar
educaccedilatildeo e treinamento para os soacutecios para que haja desenvolvimento e crescimento
pessoal
Princiacutepio da cooperaccedilatildeo entre cooperativas devem fortalecer o movimento
cooperativo trabalhando sempre que possiacutevel juntas por meio de estruturas locais
regionais nacionais e internacionais e
Princiacutepio da preocupaccedilatildeo com a comunidade devem trabalhar pelo seu
desenvolvimento sustentaacutevel e de suas comunidades
Satildeo os princiacutepios que datildeo sentido social e democraacutetico a forma de
organizaccedilatildeo das cooperativas onde o capital eacute um instrumento de materializaccedilatildeo dos
objetivos propostos e natildeo um elemento determinante de sua constituiccedilatildeo
5 As Leis que Regem o Cooperativismo no Brasil
Diante de princiacutepios do cooperativismo as organizaccedilotildees cooperativas podem
optar por quaisquer ramos de trabalho e produccedilatildeo (OCB 2018a) No entanto tem que
se observar as regras estabelecidas por lei O primeiro decreto que faz menccedilatildeo ao
cooperativismo eacute o nordm 979 de 06 de janeiro de 1903 (BRASIL 1903) permitindo aos
sindicatos a organizaccedilatildeo de caixas rurais de creacutedito bem como cooperativas
agropecuaacuterias e de consumo
Ainda segundo a OCB (2018a) surgiram Leis e Decretos com a finalidade de
regulamentar a atividade cooperativa como o Decreto nordm 1637 de 05 de janeiro de
1907 (BRASIL 1907) onde haacute o reconhecimento por parte do Governo da utilidade
das cooperativas mas sem ainda tornar sua forma juriacutedica distinta de outras
organizaccedilotildees A Lei nordm 4948 de 21 de dezembro de 1925 (BRASIL 1925) bem como
o Decreto nordm 17339 de 02 de junho de 1926 (BRASIL 1926) fazem alusatildeo
especificamente das Caixas Rurais Raiffeisen e dos Bancos Populares Luzzatti Jaacute o
Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 (BRASIL 1932) apresenta as
caracteriacutesticas das cooperativas e consagra as postulaccedilotildees doutrinaacuterias do sistema
no entanto foi revogado em 1934 sendo restabelecido em 1938 Em 1943 foi
novamente revogado para ressurgir em 1945 permanecendo em vigor ateacute 1966
Apesar de todos os transtornos esta foi uma fase de liberdade para formaccedilatildeo e
funcionamento de cooperativas inclusive com incentivos fiscais
Em 1966 com a criaccedilatildeo do Decreto-Lei nordm 59 21 de novembro de 1966
(BRASIL 1966) e sua regulamentaccedilatildeo pelo Decreto nordm 60597 de 19 de abril de 1967
(BRASIL 1967) o cooperativismo foi submetido ao controle estatal vindo a perder
incentivos fiscais e liberdade jaacute adquiridas anteriormente Eles foram promulgados no
iniacutecio do regime militar e modernizaram as cooperativas atreladas ao capital que
eliminaram as pequenas cooperativas rurais organizando as cooperativas como
estruturas tecnoloacutegicas de comercializaccedilatildeo e de industrializaccedilatildeo viabilizadas pelo
capital financeiro Em 16 de dezembro de 1971 foi promulgada a Lei nordm 5764
(BRASIL 1971) ainda em vigor que define o regime juriacutedico das cooperativas sua
constituiccedilatildeo e funcionamento sistema de representaccedilatildeo e oacutergatildeos de apoio para tornar
o Sistema de Cooperativas do Brasil viaacutevel (OCB 2018a)
A Constituiccedilatildeo de 1988 no art 174 em seu paraacutegrafo 2 dispotildee que o governo
estimularia a criaccedilatildeo e o desenvolvimento de cooperativas e outras formas de
associativismo Pela Constituiccedilatildeo o Estado natildeo poderia interferir nas cooperativas e
nas organizaccedilotildees da sociedade civil como estaacute no artigo 5ordm em seu inciso XVIII ldquoA
criaccedilatildeo de associaccedilotildees e na forma da lei a de cooperativas independem de
autorizaccedilatildeo sendo vedada a interferecircncia estatal em seu funcionamentordquo (BRASIL
1988) Entretanto nem as modificaccedilotildees proporcionadas pela constituiccedilatildeo e pela lei
conseguiram gerar uma legislaccedilatildeo clara e moderna que permita a alavancagem da
maioria das cooperativas
6 Estrutura Organizacional de Cooperativas
De acordo com a Lei 576471 (BRASIL 1971 Art 3ordm Art 4ordm) as cooperativas
satildeo definidas como
Art 3deg - Celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas que
reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviccedilos para o exerciacutecio de
uma atividade econocircmica de proveito comum sem objetivo de lucro
Art 4deg - As cooperativas satildeo sociedades de pessoas com forma e natureza
juriacutedica proacuteprias de natureza civil natildeo sujeita a falecircncia constituiacutedas para prestar
serviccedilos aos associados
A cooperativa funciona como uma associaccedilatildeo autocircnoma democraacutetica e
coletiva de pessoas que se unem voluntariamente para satisfazer suas
necessidades Por lei eacute caracterizada como uma empresa social e por possuir
natureza juriacutedica proacutepria eacute diferente de outros tipos de sociedades mercantis e suas
peculiaridades podem ser melhor compreendidas atraveacutes de trecircs mecanismos
distintos que a compotildeem (ABREU 2013)
Associativismo O cooperativismo extraiu do associativismo as formas de
reunir as pessoas bem como o modelo de gestatildeo com bases democraacuteticas Os
cooperados satildeo proprietaacuterios e trabalhadores Eacute uma entidade sem fins lucrativos
que pratica o ato cooperativo onde o bem principal eacute a pessoa
Mutualismo Participaccedilatildeo econocircmica dos associados A contribuiccedilatildeo
pessoal passa a ser coletiva ficando agrave disposiccedilatildeo da cooperativa e como regra
geral deve existir o controle da administraccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo interna para
preservaccedilatildeo e desenvolvimento do patrimocircnio coletivo e
Empreendedorismo As cooperativas surgem da junccedilatildeo de pessoas que
visam o desenvolvimento da coletividade tendo sentido econocircmico e os
participantes devem ter conhecimento da aacuterea em que ela estaacute inserida
Haacute basicamente trecircs modelos cooperativistas (AMATO NETO RUFINO
2000)
Consumo destina-se a fornecer aos associados os gecircneros alimentiacutecios e
bens de utilidade pessoal e domeacutestica a preccedilos mais vantajosos do que as demais
empresas
Produccedilatildeo cooperativas operaacuterias de produccedilatildeo ou cooperativas de
trabalhadores destinam-se agrave organizaccedilatildeo autocircnoma dos trabalhadores na produccedilatildeo
de determinados bens e serviccedilos e
Creacutedito Apresentam diversos subtipos especiacuteficos devido as peculiaridades
das regiotildees com ecircxito maior para as organizaccedilotildees dos chamados bancos populares
Para regulamentar esse modelo de sociedade surgiu a Alianccedila Cooperativa
Internacional (ACI) um organismo que tem como funccedilatildeo baacutesica preservar e defender
os princiacutepios das cooperativistas No Brasil o oacutergatildeo maacuteximo de representaccedilatildeo do
cooperativismo a Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Brasil (OCB) eacute uma entidade
que congrega as Cooperativas brasileiras de todos os ramos Nos estados existem as
Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Estado (OCE) e segundo a OCB (2018a) essa
classificaccedilatildeo tem como objetivo organizar accedilotildees viabilizar a economia e conseguir a
competitividade no mercado tradicional
Com a as mudanccedilas de tecnologia e de gestatildeo do mercado seja em qual for
o ramo de atividade da empresa eacute imprescindiacutevel que as cooperativas demonstrem
eficaacutecia na gestatildeo administrativa para natildeo ficar em desvantagem em relaccedilatildeo agraves
demais empresas
O liacuteder cooperativista vem enfrentando modificaccedilotildees constantes no mercado
de trabalho devido principalmente aos avanccedilos tecnoloacutegicos Tradicionalmente o liacuteder
mais eficiente tinha que ser capaz de interpretar os desejos dos cooperados e
transformaacute-la em proposta O novo liacuteder tem que ser perspicaz para tomar a decisatildeo
de forma raacutepida para natildeo perder as oportunidades mas ao mesmo tempo sem ferir
os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo (BIALOSKORSKI NETO 2006)
O autor supracitado cita os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo na
conduccedilatildeo da lideranccedila Contudo natildeo se pode perder de vista que o cooperativismo
se constitui com a presenccedila do capitalismo em seu processo de desenvolvimento
sendo seu objetivo final como organizaccedilatildeo o capital
As cooperativas divergem das empresas mercantis apesar de ambas
concorrerem no mercado Segundo Zylbersztajn (1994) a essecircncia dos princiacutepios
cooperativos por vezes limita seu desenvolvimento O autor defende que elas devem
ser readequadas para que os empreendimentos possam competir em um mundo
globalizado e de constante transformaccedilotildees tecnoloacutegicas Ainda segundo o autor
alguns cuidados devem ser tomados para as cooperativas se manterem no mercado
e devido agrave concorrecircncia com as empresas mercantis a gestatildeo tem que ser cada vez
mais eficiente e enxuta havendo preocupaccedilatildeo com o ambiente e a profissionalizaccedilatildeo
das funccedilotildees
A gestatildeo nas empresas se realiza de diversas formas e na cooperativa a
autogestatildeo eacute uma dessas formas Para natildeo reproduzir a forma tradicional de gestatildeo
todos os envolvidos deveratildeo estar informados e compreenderem o processo
produtivo e de gestatildeo da cooperativa pois a ldquoa planificaccedilatildeo autogerida natildeo consiste
apenas em planejar diferentemente mas em planejar outra coisardquo e assim
mudanccedilas tem que ser implantadas (GUILLERM BOURDET 1975 p 36)
Na empresa tradicional Singer e Souza (2000 p 21) comentam que os
conhecimentos satildeo trazidos pelos teacutecnicos ou executivos e a competecircncia do negoacutecio
ldquo dependeraacute do processo de aprendizado que a operaccedilatildeo do novo empreendimento
oferece a todos os executivosrdquo Nas cooperativas esse conhecimento tem que ser
desenvolvido com accedilotildees implementadas para que todos colaborem para o
desenvolvimento e manutenccedilatildeo da empresa
Em cooperativas autogestionaacuterias a princiacutepio participam do processo de
gestatildeo e produccedilatildeo todos os associados sendo desnecessaacuteria qualquer figura de
controle e gerenciamento da produccedilatildeo na forma tradicional Ela passa a se
autorregular e deixam de existir os conflitos entre os trabalhadores e o proprietaacuterio As
informaccedilotildees e experiecircncias satildeo compartilhadas e natildeo existe concentraccedilatildeo de
informaccedilatildeo e sim democratizaccedilatildeo do conhecimento
Talvez o maior desafio das cooperativas seja conciliar e desenvolver os
princiacutepios da solidariedade aliado com a sua manutenccedilatildeo no mercado Para se
manter no mercado tem que ser competitiva mas sem reproduzir e seguir o modelo
tradicional Nas cooperativas a rotatividade funcional eacute uma estrateacutegia
implementada para a superaccedilatildeo da hierarquia entre trabalho intelectual e braccedilal e
alcanccedilar para os soacutecios-trabalhadores um conhecimento global do processo
produtivo (PEDRINI 2000 p 37)
O rodiacutezio tem sido utilizado nas cooperativas autogestionaacuterias para que os
cooperados percebam o seu valor nas atividades de gestatildeo e participem ativamente
do processo em todas as aacutereas do empreendimento Para que isso ocorra eacute
fundamental que os indiviacuteduos adquiram novos haacutebitos padrotildees e valores
respeitando novas interaccedilotildees sociais culturais e individuais existente em um grupo
que atua solidariamente (OLIVEIRA 2001) As mudanccedilas de comportamento fazem
com que passem a ter consciecircncia de pertencer a um grupo e de ser responsaacutevel por
ele e quando praticam a autogestatildeo para administrar sua cooperativa se sentem
valorizados (RUFINO 2000)
7 Cooperativa de Produccedilatildeo
A cooperativa do ldquoramo de produccedilatildeo aleacutem de transformar trabalhadores em
empreendedores unem o capital (posse dos bens de produccedilatildeo) agrave matildeo de obrardquo
Nessas cooperativas o dono produz e eacute o dono do negoacutecio Assim como em outros
ramos natildeo haacute a busca do lucro ldquomas a melhoria da qualidade do trabalho e a
remuneraccedilatildeo de todosrdquo (OCB 2018a)
De acordo com Singer (2002) na modalidade baacutesica da economia solidaacuteria
suas relaccedilotildees sociais de produccedilatildeo se caracterizam por negar o princiacutepio baacutesico
do capitalismo isto eacute a separaccedilatildeo entre o capital e a posse dos meios de
produccedilatildeo Nesta cooperativa a propriedade dos meios de produccedilatildeo eacute daqueles
que nela trabalham e natildeo haacute proprietaacuterios que natildeo trabalhem na empresa e todos
tecircm o mesmo poder de decisatildeo sobre a empresa solidaacuteria A administraccedilatildeo eacute
feita por soacutecios eleitos para esta funccedilatildeo e que se pautam em decisotildees aprovadas
em assembleias gerais ou por conselhos de delegados eleitos por todos os
soacutecios A finalidade de uma cooperativa de produccedilatildeo natildeo eacute maximizar lucros
mas a quantidade e qualidade de trabalho O excedente anual (chamado
sobras nas cooperativas) tem a destinaccedilatildeo decidida pelos trabalhadores O
capital natildeo eacute remunerado e portanto natildeo haacute lucro e o proacuteprios trabalhadores
(proprietaacuterios) decidem os rumos da cooperativa
O cooperativismo como uma alternativa organizacional pode contribuir para
sanar as limitaccedilotildees de um desenvolvimento calcado em um sistema econocircmico e de
produccedilatildeo capitalista Contudo eacute preciso estar ciente que as organizaccedilotildees
cooperativas concorrem em um mercado competitivo necessitando manter-se com
qualidade de produccedilatildeo e competitiva frente ao mercado
8 Cooperativa de Trabalho
Para OCB (2018b p1) o ldquocooperativismo de trabalho eacute o caminho para
profissionais de perfil empreendedor e colaborativo Especialmente quando percebem
que se unindo a outros profissionais da mesma categoria eles seratildeo muito mais
fortesrdquo Comenta ainda que ldquoesse eacute um ramo bastante abrangente jaacute que as
cooperativas podem atuar em todos os segmentos de atividades econocircmicas
reunindo profissionais para melhorar a remuneraccedilatildeo e as condiccedilotildees de trabalhordquo
Segundo Arauacutejo e Moreira (2001 p79) ldquoas cooperativas de trabalho nascem
do desejo de associaccedilatildeo de um grupo de pessoas em viabilizar uma atividade
produtiva e com isso garantir sua sobrevivecircnciardquo destacando-se pela sua importacircncia
em facilitar o acesso econocircmico e a participaccedilatildeo do mercado
Poreacutem eacute sempre necessaacuterio lembrar que o sucesso de uma cooperativa deve
estar relacionado aos anseios de consumidor Caso contraacuterio a cooperativa natildeo iraacute
prosperar Pereira (2001) comenta que as cooperativas satildeo alternativas para as
pessoas que natildeo possuem emprego assalariado e podem representar uma opccedilatildeo ao
desemprego para os trabalhadores podendo ateacute contribuir para incrementar o niacutevel
geral de emprego Elas surgem como um lugar de promoccedilatildeo do trabalhador com
responsabilidade em todo o processo diferente da empresa privada onde existe os
benefiacutecios de uma atividade sem responsabilidade de sua manutenccedilatildeo da
organizaccedilatildeo no mercado tendo em vista que natildeo eacute ele que toma as decisotildees
Para Furquim (2001 p 23) o cooperativismo ldquoeacute o instrumento mais perfeito
de organizaccedilatildeo da sociedade por ser um sistema de organizaccedilatildeo social e econocircmico
cujo objetivo natildeo eacute o conjunto de pessoas mas o indiviacuteduo atraveacutes do conjunto das
pessoasrdquo uma forma organizativa alternativa uma vez que oferece benefiacutecios agravequeles
que optam pelo trabalho cooperativo
9 Consideraccedilotildees Finais
O conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo eacute
primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas
pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de
inclusatildeo social que permite aos associados concorrer no mercado com as grandes
corporaccedilotildees trazendo benefiacutecios para toda a coletividade envolvida
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BRASIL Decreto-Lei nordm 59 de 21 de novembro de 1966 Define a poliacutetica nacional de
cooperativismo cria o Conselho Nacional do Cooperativismo e daacute outras providecircncias
Diaacuterio Oficial (da) Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF 22 de novembro de
1966 Seccedilatildeo 1 p 13499 Publicaccedilatildeo Original
BRASIL Decreto nordm 979 de 06 de janeiro de 1903 Faculta aos profissionaes da
agricultura e industrias rurais a organizaccedilatildeo de syndicatos para defesa de seus
interesses Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 08 de janeiro de 1903 Seccedilatildeo
1 p 138 Publicaccedilatildeo Original
BRASIL Decreto nordm 1637 de 05 de janeiro de 1907 Crea syndicatos profissionaes e
sociedades cooperativas Diacuteaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 05 de janeiro
de 1907 p 251 Publicaccedilatildeo Original
BRASIL Decreto nordm 17339 de 02 de junho de 1926 Approva o regulamento
destinado a reger a fiscalizaccedilatildeo gratuita da organizaccedilatildeo e funccionamento das Caixas
Raiffeisen e bancos Luzzatti Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 10 de junho
de 1926 Seccedilatildeo 1 p 11747 Publicaccedilatildeo Original
BRASIL Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 Reforma as disposiccedilotildees do
decreto legislativo nordm 1637 de 5 de janeiro de 1907 na parte referente aacutes sociedades
cooperativas Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 23 de dezembro de 1932
Seccedilatildeo 1 p 23386 Publicaccedilatildeo Original
BRASIL Decreto nordm 60597 de 19 de abril de 1967 Regulamenta o Decreto-lei nordm 59
de 21 de novembro de 1966 Diaacuterio Oficial (da) Repuacuteblica Federativa do Brasil
Brasiacutelia DF 24 de abril de 1967 Seccedilatildeo 1 p 4587 Publicaccedilatildeo Original
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de Janeiro RJ 01 de janeiro de 1925 Seccedilatildeo 1 p 105
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Quadro 1 - Fundamentos inerentes ao cooperativismo (OCB 2018a)
Fundamentos Descriccedilatildeo
Liberdade
A democracia se concretiza atraveacutes da liberdade da possibilidade de participaccedilatildeo de escolha e decisatildeo sobre as accedilotildees da cooperativa
assegurando o seu sucesso
Igualdade
Direitos e deveres satildeo iguais para todos Natildeo possuem mais ou menos poder ou benefiacutecio independente do capital investido
Solidariedade A solidariedade eacute imprescindiacutevel onde a ajuda muacutetua permite desenvolver uma economia solidaacuteria e coletiva
Racionalidade O uso da tecnologia e da ciecircncia deve proporcionar emancipaccedilatildeo respeito e dignidade para os cooperados
Fonte Dados da pesquisa
Os princiacutepios do cooperativismo tecircm sua origem no estatuto Rochdale
incluindo-se as revisotildees de 1966 e 1995 feitas pela Alianccedila Cooperativa Internacional
(ACI 2002) Poreacutem a definiccedilatildeo e o modus operandi da sociedade cooperativa
subordinam-se agrave regecircncia da legislaccedilatildeo de cada paiacutes sendo
Princiacutepio da adesatildeo livre e voluntaacuteria satildeo organizaccedilotildees abertas a todos
que querem se associar ou deixar de ser soacutecios bem como usar seus serviccedilos sem
distinccedilatildeo de posiccedilatildeo social racial poliacutetica religiosa ou de gecircnero
Princiacutepio do controle democraacutetico pelos soacutecios satildeo organizaccedilotildees
democraacuteticas geridas pelos soacutecios que participam do planejamento e na tomada de
decisotildees um soacutecio um voto
Princiacutepio da participaccedilatildeo econocircmica dos soacutecios contribuem de forma
igualitaacuteria e controlam de forma democraacutetica a gestatildeo do capital Eles recebem juros
de forma limitada sobre o capital As sobras podem ser utilizadas no desenvolvimento
das cooperativas ou em forma de retorno aos soacutecios de acordo com suas transaccedilotildees
com as cooperativas
Princiacutepio da autonomia e independecircncia como organizaccedilotildees autocircnomas
devem ser controladas por seus membros que devem assegurar o controle
democraacutetico e sua autonomia mesmo quando houver acordo operacional com outras
entidades
Princiacutepio da educaccedilatildeo treinamento e informaccedilatildeo devem proporcionar
educaccedilatildeo e treinamento para os soacutecios para que haja desenvolvimento e crescimento
pessoal
Princiacutepio da cooperaccedilatildeo entre cooperativas devem fortalecer o movimento
cooperativo trabalhando sempre que possiacutevel juntas por meio de estruturas locais
regionais nacionais e internacionais e
Princiacutepio da preocupaccedilatildeo com a comunidade devem trabalhar pelo seu
desenvolvimento sustentaacutevel e de suas comunidades
Satildeo os princiacutepios que datildeo sentido social e democraacutetico a forma de
organizaccedilatildeo das cooperativas onde o capital eacute um instrumento de materializaccedilatildeo dos
objetivos propostos e natildeo um elemento determinante de sua constituiccedilatildeo
5 As Leis que Regem o Cooperativismo no Brasil
Diante de princiacutepios do cooperativismo as organizaccedilotildees cooperativas podem
optar por quaisquer ramos de trabalho e produccedilatildeo (OCB 2018a) No entanto tem que
se observar as regras estabelecidas por lei O primeiro decreto que faz menccedilatildeo ao
cooperativismo eacute o nordm 979 de 06 de janeiro de 1903 (BRASIL 1903) permitindo aos
sindicatos a organizaccedilatildeo de caixas rurais de creacutedito bem como cooperativas
agropecuaacuterias e de consumo
Ainda segundo a OCB (2018a) surgiram Leis e Decretos com a finalidade de
regulamentar a atividade cooperativa como o Decreto nordm 1637 de 05 de janeiro de
1907 (BRASIL 1907) onde haacute o reconhecimento por parte do Governo da utilidade
das cooperativas mas sem ainda tornar sua forma juriacutedica distinta de outras
organizaccedilotildees A Lei nordm 4948 de 21 de dezembro de 1925 (BRASIL 1925) bem como
o Decreto nordm 17339 de 02 de junho de 1926 (BRASIL 1926) fazem alusatildeo
especificamente das Caixas Rurais Raiffeisen e dos Bancos Populares Luzzatti Jaacute o
Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 (BRASIL 1932) apresenta as
caracteriacutesticas das cooperativas e consagra as postulaccedilotildees doutrinaacuterias do sistema
no entanto foi revogado em 1934 sendo restabelecido em 1938 Em 1943 foi
novamente revogado para ressurgir em 1945 permanecendo em vigor ateacute 1966
Apesar de todos os transtornos esta foi uma fase de liberdade para formaccedilatildeo e
funcionamento de cooperativas inclusive com incentivos fiscais
Em 1966 com a criaccedilatildeo do Decreto-Lei nordm 59 21 de novembro de 1966
(BRASIL 1966) e sua regulamentaccedilatildeo pelo Decreto nordm 60597 de 19 de abril de 1967
(BRASIL 1967) o cooperativismo foi submetido ao controle estatal vindo a perder
incentivos fiscais e liberdade jaacute adquiridas anteriormente Eles foram promulgados no
iniacutecio do regime militar e modernizaram as cooperativas atreladas ao capital que
eliminaram as pequenas cooperativas rurais organizando as cooperativas como
estruturas tecnoloacutegicas de comercializaccedilatildeo e de industrializaccedilatildeo viabilizadas pelo
capital financeiro Em 16 de dezembro de 1971 foi promulgada a Lei nordm 5764
(BRASIL 1971) ainda em vigor que define o regime juriacutedico das cooperativas sua
constituiccedilatildeo e funcionamento sistema de representaccedilatildeo e oacutergatildeos de apoio para tornar
o Sistema de Cooperativas do Brasil viaacutevel (OCB 2018a)
A Constituiccedilatildeo de 1988 no art 174 em seu paraacutegrafo 2 dispotildee que o governo
estimularia a criaccedilatildeo e o desenvolvimento de cooperativas e outras formas de
associativismo Pela Constituiccedilatildeo o Estado natildeo poderia interferir nas cooperativas e
nas organizaccedilotildees da sociedade civil como estaacute no artigo 5ordm em seu inciso XVIII ldquoA
criaccedilatildeo de associaccedilotildees e na forma da lei a de cooperativas independem de
autorizaccedilatildeo sendo vedada a interferecircncia estatal em seu funcionamentordquo (BRASIL
1988) Entretanto nem as modificaccedilotildees proporcionadas pela constituiccedilatildeo e pela lei
conseguiram gerar uma legislaccedilatildeo clara e moderna que permita a alavancagem da
maioria das cooperativas
6 Estrutura Organizacional de Cooperativas
De acordo com a Lei 576471 (BRASIL 1971 Art 3ordm Art 4ordm) as cooperativas
satildeo definidas como
Art 3deg - Celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas que
reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviccedilos para o exerciacutecio de
uma atividade econocircmica de proveito comum sem objetivo de lucro
Art 4deg - As cooperativas satildeo sociedades de pessoas com forma e natureza
juriacutedica proacuteprias de natureza civil natildeo sujeita a falecircncia constituiacutedas para prestar
serviccedilos aos associados
A cooperativa funciona como uma associaccedilatildeo autocircnoma democraacutetica e
coletiva de pessoas que se unem voluntariamente para satisfazer suas
necessidades Por lei eacute caracterizada como uma empresa social e por possuir
natureza juriacutedica proacutepria eacute diferente de outros tipos de sociedades mercantis e suas
peculiaridades podem ser melhor compreendidas atraveacutes de trecircs mecanismos
distintos que a compotildeem (ABREU 2013)
Associativismo O cooperativismo extraiu do associativismo as formas de
reunir as pessoas bem como o modelo de gestatildeo com bases democraacuteticas Os
cooperados satildeo proprietaacuterios e trabalhadores Eacute uma entidade sem fins lucrativos
que pratica o ato cooperativo onde o bem principal eacute a pessoa
Mutualismo Participaccedilatildeo econocircmica dos associados A contribuiccedilatildeo
pessoal passa a ser coletiva ficando agrave disposiccedilatildeo da cooperativa e como regra
geral deve existir o controle da administraccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo interna para
preservaccedilatildeo e desenvolvimento do patrimocircnio coletivo e
Empreendedorismo As cooperativas surgem da junccedilatildeo de pessoas que
visam o desenvolvimento da coletividade tendo sentido econocircmico e os
participantes devem ter conhecimento da aacuterea em que ela estaacute inserida
Haacute basicamente trecircs modelos cooperativistas (AMATO NETO RUFINO
2000)
Consumo destina-se a fornecer aos associados os gecircneros alimentiacutecios e
bens de utilidade pessoal e domeacutestica a preccedilos mais vantajosos do que as demais
empresas
Produccedilatildeo cooperativas operaacuterias de produccedilatildeo ou cooperativas de
trabalhadores destinam-se agrave organizaccedilatildeo autocircnoma dos trabalhadores na produccedilatildeo
de determinados bens e serviccedilos e
Creacutedito Apresentam diversos subtipos especiacuteficos devido as peculiaridades
das regiotildees com ecircxito maior para as organizaccedilotildees dos chamados bancos populares
Para regulamentar esse modelo de sociedade surgiu a Alianccedila Cooperativa
Internacional (ACI) um organismo que tem como funccedilatildeo baacutesica preservar e defender
os princiacutepios das cooperativistas No Brasil o oacutergatildeo maacuteximo de representaccedilatildeo do
cooperativismo a Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Brasil (OCB) eacute uma entidade
que congrega as Cooperativas brasileiras de todos os ramos Nos estados existem as
Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Estado (OCE) e segundo a OCB (2018a) essa
classificaccedilatildeo tem como objetivo organizar accedilotildees viabilizar a economia e conseguir a
competitividade no mercado tradicional
Com a as mudanccedilas de tecnologia e de gestatildeo do mercado seja em qual for
o ramo de atividade da empresa eacute imprescindiacutevel que as cooperativas demonstrem
eficaacutecia na gestatildeo administrativa para natildeo ficar em desvantagem em relaccedilatildeo agraves
demais empresas
O liacuteder cooperativista vem enfrentando modificaccedilotildees constantes no mercado
de trabalho devido principalmente aos avanccedilos tecnoloacutegicos Tradicionalmente o liacuteder
mais eficiente tinha que ser capaz de interpretar os desejos dos cooperados e
transformaacute-la em proposta O novo liacuteder tem que ser perspicaz para tomar a decisatildeo
de forma raacutepida para natildeo perder as oportunidades mas ao mesmo tempo sem ferir
os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo (BIALOSKORSKI NETO 2006)
O autor supracitado cita os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo na
conduccedilatildeo da lideranccedila Contudo natildeo se pode perder de vista que o cooperativismo
se constitui com a presenccedila do capitalismo em seu processo de desenvolvimento
sendo seu objetivo final como organizaccedilatildeo o capital
As cooperativas divergem das empresas mercantis apesar de ambas
concorrerem no mercado Segundo Zylbersztajn (1994) a essecircncia dos princiacutepios
cooperativos por vezes limita seu desenvolvimento O autor defende que elas devem
ser readequadas para que os empreendimentos possam competir em um mundo
globalizado e de constante transformaccedilotildees tecnoloacutegicas Ainda segundo o autor
alguns cuidados devem ser tomados para as cooperativas se manterem no mercado
e devido agrave concorrecircncia com as empresas mercantis a gestatildeo tem que ser cada vez
mais eficiente e enxuta havendo preocupaccedilatildeo com o ambiente e a profissionalizaccedilatildeo
das funccedilotildees
A gestatildeo nas empresas se realiza de diversas formas e na cooperativa a
autogestatildeo eacute uma dessas formas Para natildeo reproduzir a forma tradicional de gestatildeo
todos os envolvidos deveratildeo estar informados e compreenderem o processo
produtivo e de gestatildeo da cooperativa pois a ldquoa planificaccedilatildeo autogerida natildeo consiste
apenas em planejar diferentemente mas em planejar outra coisardquo e assim
mudanccedilas tem que ser implantadas (GUILLERM BOURDET 1975 p 36)
Na empresa tradicional Singer e Souza (2000 p 21) comentam que os
conhecimentos satildeo trazidos pelos teacutecnicos ou executivos e a competecircncia do negoacutecio
ldquo dependeraacute do processo de aprendizado que a operaccedilatildeo do novo empreendimento
oferece a todos os executivosrdquo Nas cooperativas esse conhecimento tem que ser
desenvolvido com accedilotildees implementadas para que todos colaborem para o
desenvolvimento e manutenccedilatildeo da empresa
Em cooperativas autogestionaacuterias a princiacutepio participam do processo de
gestatildeo e produccedilatildeo todos os associados sendo desnecessaacuteria qualquer figura de
controle e gerenciamento da produccedilatildeo na forma tradicional Ela passa a se
autorregular e deixam de existir os conflitos entre os trabalhadores e o proprietaacuterio As
informaccedilotildees e experiecircncias satildeo compartilhadas e natildeo existe concentraccedilatildeo de
informaccedilatildeo e sim democratizaccedilatildeo do conhecimento
Talvez o maior desafio das cooperativas seja conciliar e desenvolver os
princiacutepios da solidariedade aliado com a sua manutenccedilatildeo no mercado Para se
manter no mercado tem que ser competitiva mas sem reproduzir e seguir o modelo
tradicional Nas cooperativas a rotatividade funcional eacute uma estrateacutegia
implementada para a superaccedilatildeo da hierarquia entre trabalho intelectual e braccedilal e
alcanccedilar para os soacutecios-trabalhadores um conhecimento global do processo
produtivo (PEDRINI 2000 p 37)
O rodiacutezio tem sido utilizado nas cooperativas autogestionaacuterias para que os
cooperados percebam o seu valor nas atividades de gestatildeo e participem ativamente
do processo em todas as aacutereas do empreendimento Para que isso ocorra eacute
fundamental que os indiviacuteduos adquiram novos haacutebitos padrotildees e valores
respeitando novas interaccedilotildees sociais culturais e individuais existente em um grupo
que atua solidariamente (OLIVEIRA 2001) As mudanccedilas de comportamento fazem
com que passem a ter consciecircncia de pertencer a um grupo e de ser responsaacutevel por
ele e quando praticam a autogestatildeo para administrar sua cooperativa se sentem
valorizados (RUFINO 2000)
7 Cooperativa de Produccedilatildeo
A cooperativa do ldquoramo de produccedilatildeo aleacutem de transformar trabalhadores em
empreendedores unem o capital (posse dos bens de produccedilatildeo) agrave matildeo de obrardquo
Nessas cooperativas o dono produz e eacute o dono do negoacutecio Assim como em outros
ramos natildeo haacute a busca do lucro ldquomas a melhoria da qualidade do trabalho e a
remuneraccedilatildeo de todosrdquo (OCB 2018a)
De acordo com Singer (2002) na modalidade baacutesica da economia solidaacuteria
suas relaccedilotildees sociais de produccedilatildeo se caracterizam por negar o princiacutepio baacutesico
do capitalismo isto eacute a separaccedilatildeo entre o capital e a posse dos meios de
produccedilatildeo Nesta cooperativa a propriedade dos meios de produccedilatildeo eacute daqueles
que nela trabalham e natildeo haacute proprietaacuterios que natildeo trabalhem na empresa e todos
tecircm o mesmo poder de decisatildeo sobre a empresa solidaacuteria A administraccedilatildeo eacute
feita por soacutecios eleitos para esta funccedilatildeo e que se pautam em decisotildees aprovadas
em assembleias gerais ou por conselhos de delegados eleitos por todos os
soacutecios A finalidade de uma cooperativa de produccedilatildeo natildeo eacute maximizar lucros
mas a quantidade e qualidade de trabalho O excedente anual (chamado
sobras nas cooperativas) tem a destinaccedilatildeo decidida pelos trabalhadores O
capital natildeo eacute remunerado e portanto natildeo haacute lucro e o proacuteprios trabalhadores
(proprietaacuterios) decidem os rumos da cooperativa
O cooperativismo como uma alternativa organizacional pode contribuir para
sanar as limitaccedilotildees de um desenvolvimento calcado em um sistema econocircmico e de
produccedilatildeo capitalista Contudo eacute preciso estar ciente que as organizaccedilotildees
cooperativas concorrem em um mercado competitivo necessitando manter-se com
qualidade de produccedilatildeo e competitiva frente ao mercado
8 Cooperativa de Trabalho
Para OCB (2018b p1) o ldquocooperativismo de trabalho eacute o caminho para
profissionais de perfil empreendedor e colaborativo Especialmente quando percebem
que se unindo a outros profissionais da mesma categoria eles seratildeo muito mais
fortesrdquo Comenta ainda que ldquoesse eacute um ramo bastante abrangente jaacute que as
cooperativas podem atuar em todos os segmentos de atividades econocircmicas
reunindo profissionais para melhorar a remuneraccedilatildeo e as condiccedilotildees de trabalhordquo
Segundo Arauacutejo e Moreira (2001 p79) ldquoas cooperativas de trabalho nascem
do desejo de associaccedilatildeo de um grupo de pessoas em viabilizar uma atividade
produtiva e com isso garantir sua sobrevivecircnciardquo destacando-se pela sua importacircncia
em facilitar o acesso econocircmico e a participaccedilatildeo do mercado
Poreacutem eacute sempre necessaacuterio lembrar que o sucesso de uma cooperativa deve
estar relacionado aos anseios de consumidor Caso contraacuterio a cooperativa natildeo iraacute
prosperar Pereira (2001) comenta que as cooperativas satildeo alternativas para as
pessoas que natildeo possuem emprego assalariado e podem representar uma opccedilatildeo ao
desemprego para os trabalhadores podendo ateacute contribuir para incrementar o niacutevel
geral de emprego Elas surgem como um lugar de promoccedilatildeo do trabalhador com
responsabilidade em todo o processo diferente da empresa privada onde existe os
benefiacutecios de uma atividade sem responsabilidade de sua manutenccedilatildeo da
organizaccedilatildeo no mercado tendo em vista que natildeo eacute ele que toma as decisotildees
Para Furquim (2001 p 23) o cooperativismo ldquoeacute o instrumento mais perfeito
de organizaccedilatildeo da sociedade por ser um sistema de organizaccedilatildeo social e econocircmico
cujo objetivo natildeo eacute o conjunto de pessoas mas o indiviacuteduo atraveacutes do conjunto das
pessoasrdquo uma forma organizativa alternativa uma vez que oferece benefiacutecios agravequeles
que optam pelo trabalho cooperativo
9 Consideraccedilotildees Finais
O conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo eacute
primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas
pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de
inclusatildeo social que permite aos associados concorrer no mercado com as grandes
corporaccedilotildees trazendo benefiacutecios para toda a coletividade envolvida
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16 de dezembro de 1971
BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 870 de 1ordm de janeiro de 2019 Estabelece a
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Princiacutepio da cooperaccedilatildeo entre cooperativas devem fortalecer o movimento
cooperativo trabalhando sempre que possiacutevel juntas por meio de estruturas locais
regionais nacionais e internacionais e
Princiacutepio da preocupaccedilatildeo com a comunidade devem trabalhar pelo seu
desenvolvimento sustentaacutevel e de suas comunidades
Satildeo os princiacutepios que datildeo sentido social e democraacutetico a forma de
organizaccedilatildeo das cooperativas onde o capital eacute um instrumento de materializaccedilatildeo dos
objetivos propostos e natildeo um elemento determinante de sua constituiccedilatildeo
5 As Leis que Regem o Cooperativismo no Brasil
Diante de princiacutepios do cooperativismo as organizaccedilotildees cooperativas podem
optar por quaisquer ramos de trabalho e produccedilatildeo (OCB 2018a) No entanto tem que
se observar as regras estabelecidas por lei O primeiro decreto que faz menccedilatildeo ao
cooperativismo eacute o nordm 979 de 06 de janeiro de 1903 (BRASIL 1903) permitindo aos
sindicatos a organizaccedilatildeo de caixas rurais de creacutedito bem como cooperativas
agropecuaacuterias e de consumo
Ainda segundo a OCB (2018a) surgiram Leis e Decretos com a finalidade de
regulamentar a atividade cooperativa como o Decreto nordm 1637 de 05 de janeiro de
1907 (BRASIL 1907) onde haacute o reconhecimento por parte do Governo da utilidade
das cooperativas mas sem ainda tornar sua forma juriacutedica distinta de outras
organizaccedilotildees A Lei nordm 4948 de 21 de dezembro de 1925 (BRASIL 1925) bem como
o Decreto nordm 17339 de 02 de junho de 1926 (BRASIL 1926) fazem alusatildeo
especificamente das Caixas Rurais Raiffeisen e dos Bancos Populares Luzzatti Jaacute o
Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 (BRASIL 1932) apresenta as
caracteriacutesticas das cooperativas e consagra as postulaccedilotildees doutrinaacuterias do sistema
no entanto foi revogado em 1934 sendo restabelecido em 1938 Em 1943 foi
novamente revogado para ressurgir em 1945 permanecendo em vigor ateacute 1966
Apesar de todos os transtornos esta foi uma fase de liberdade para formaccedilatildeo e
funcionamento de cooperativas inclusive com incentivos fiscais
Em 1966 com a criaccedilatildeo do Decreto-Lei nordm 59 21 de novembro de 1966
(BRASIL 1966) e sua regulamentaccedilatildeo pelo Decreto nordm 60597 de 19 de abril de 1967
(BRASIL 1967) o cooperativismo foi submetido ao controle estatal vindo a perder
incentivos fiscais e liberdade jaacute adquiridas anteriormente Eles foram promulgados no
iniacutecio do regime militar e modernizaram as cooperativas atreladas ao capital que
eliminaram as pequenas cooperativas rurais organizando as cooperativas como
estruturas tecnoloacutegicas de comercializaccedilatildeo e de industrializaccedilatildeo viabilizadas pelo
capital financeiro Em 16 de dezembro de 1971 foi promulgada a Lei nordm 5764
(BRASIL 1971) ainda em vigor que define o regime juriacutedico das cooperativas sua
constituiccedilatildeo e funcionamento sistema de representaccedilatildeo e oacutergatildeos de apoio para tornar
o Sistema de Cooperativas do Brasil viaacutevel (OCB 2018a)
A Constituiccedilatildeo de 1988 no art 174 em seu paraacutegrafo 2 dispotildee que o governo
estimularia a criaccedilatildeo e o desenvolvimento de cooperativas e outras formas de
associativismo Pela Constituiccedilatildeo o Estado natildeo poderia interferir nas cooperativas e
nas organizaccedilotildees da sociedade civil como estaacute no artigo 5ordm em seu inciso XVIII ldquoA
criaccedilatildeo de associaccedilotildees e na forma da lei a de cooperativas independem de
autorizaccedilatildeo sendo vedada a interferecircncia estatal em seu funcionamentordquo (BRASIL
1988) Entretanto nem as modificaccedilotildees proporcionadas pela constituiccedilatildeo e pela lei
conseguiram gerar uma legislaccedilatildeo clara e moderna que permita a alavancagem da
maioria das cooperativas
6 Estrutura Organizacional de Cooperativas
De acordo com a Lei 576471 (BRASIL 1971 Art 3ordm Art 4ordm) as cooperativas
satildeo definidas como
Art 3deg - Celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas que
reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviccedilos para o exerciacutecio de
uma atividade econocircmica de proveito comum sem objetivo de lucro
Art 4deg - As cooperativas satildeo sociedades de pessoas com forma e natureza
juriacutedica proacuteprias de natureza civil natildeo sujeita a falecircncia constituiacutedas para prestar
serviccedilos aos associados
A cooperativa funciona como uma associaccedilatildeo autocircnoma democraacutetica e
coletiva de pessoas que se unem voluntariamente para satisfazer suas
necessidades Por lei eacute caracterizada como uma empresa social e por possuir
natureza juriacutedica proacutepria eacute diferente de outros tipos de sociedades mercantis e suas
peculiaridades podem ser melhor compreendidas atraveacutes de trecircs mecanismos
distintos que a compotildeem (ABREU 2013)
Associativismo O cooperativismo extraiu do associativismo as formas de
reunir as pessoas bem como o modelo de gestatildeo com bases democraacuteticas Os
cooperados satildeo proprietaacuterios e trabalhadores Eacute uma entidade sem fins lucrativos
que pratica o ato cooperativo onde o bem principal eacute a pessoa
Mutualismo Participaccedilatildeo econocircmica dos associados A contribuiccedilatildeo
pessoal passa a ser coletiva ficando agrave disposiccedilatildeo da cooperativa e como regra
geral deve existir o controle da administraccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo interna para
preservaccedilatildeo e desenvolvimento do patrimocircnio coletivo e
Empreendedorismo As cooperativas surgem da junccedilatildeo de pessoas que
visam o desenvolvimento da coletividade tendo sentido econocircmico e os
participantes devem ter conhecimento da aacuterea em que ela estaacute inserida
Haacute basicamente trecircs modelos cooperativistas (AMATO NETO RUFINO
2000)
Consumo destina-se a fornecer aos associados os gecircneros alimentiacutecios e
bens de utilidade pessoal e domeacutestica a preccedilos mais vantajosos do que as demais
empresas
Produccedilatildeo cooperativas operaacuterias de produccedilatildeo ou cooperativas de
trabalhadores destinam-se agrave organizaccedilatildeo autocircnoma dos trabalhadores na produccedilatildeo
de determinados bens e serviccedilos e
Creacutedito Apresentam diversos subtipos especiacuteficos devido as peculiaridades
das regiotildees com ecircxito maior para as organizaccedilotildees dos chamados bancos populares
Para regulamentar esse modelo de sociedade surgiu a Alianccedila Cooperativa
Internacional (ACI) um organismo que tem como funccedilatildeo baacutesica preservar e defender
os princiacutepios das cooperativistas No Brasil o oacutergatildeo maacuteximo de representaccedilatildeo do
cooperativismo a Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Brasil (OCB) eacute uma entidade
que congrega as Cooperativas brasileiras de todos os ramos Nos estados existem as
Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Estado (OCE) e segundo a OCB (2018a) essa
classificaccedilatildeo tem como objetivo organizar accedilotildees viabilizar a economia e conseguir a
competitividade no mercado tradicional
Com a as mudanccedilas de tecnologia e de gestatildeo do mercado seja em qual for
o ramo de atividade da empresa eacute imprescindiacutevel que as cooperativas demonstrem
eficaacutecia na gestatildeo administrativa para natildeo ficar em desvantagem em relaccedilatildeo agraves
demais empresas
O liacuteder cooperativista vem enfrentando modificaccedilotildees constantes no mercado
de trabalho devido principalmente aos avanccedilos tecnoloacutegicos Tradicionalmente o liacuteder
mais eficiente tinha que ser capaz de interpretar os desejos dos cooperados e
transformaacute-la em proposta O novo liacuteder tem que ser perspicaz para tomar a decisatildeo
de forma raacutepida para natildeo perder as oportunidades mas ao mesmo tempo sem ferir
os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo (BIALOSKORSKI NETO 2006)
O autor supracitado cita os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo na
conduccedilatildeo da lideranccedila Contudo natildeo se pode perder de vista que o cooperativismo
se constitui com a presenccedila do capitalismo em seu processo de desenvolvimento
sendo seu objetivo final como organizaccedilatildeo o capital
As cooperativas divergem das empresas mercantis apesar de ambas
concorrerem no mercado Segundo Zylbersztajn (1994) a essecircncia dos princiacutepios
cooperativos por vezes limita seu desenvolvimento O autor defende que elas devem
ser readequadas para que os empreendimentos possam competir em um mundo
globalizado e de constante transformaccedilotildees tecnoloacutegicas Ainda segundo o autor
alguns cuidados devem ser tomados para as cooperativas se manterem no mercado
e devido agrave concorrecircncia com as empresas mercantis a gestatildeo tem que ser cada vez
mais eficiente e enxuta havendo preocupaccedilatildeo com o ambiente e a profissionalizaccedilatildeo
das funccedilotildees
A gestatildeo nas empresas se realiza de diversas formas e na cooperativa a
autogestatildeo eacute uma dessas formas Para natildeo reproduzir a forma tradicional de gestatildeo
todos os envolvidos deveratildeo estar informados e compreenderem o processo
produtivo e de gestatildeo da cooperativa pois a ldquoa planificaccedilatildeo autogerida natildeo consiste
apenas em planejar diferentemente mas em planejar outra coisardquo e assim
mudanccedilas tem que ser implantadas (GUILLERM BOURDET 1975 p 36)
Na empresa tradicional Singer e Souza (2000 p 21) comentam que os
conhecimentos satildeo trazidos pelos teacutecnicos ou executivos e a competecircncia do negoacutecio
ldquo dependeraacute do processo de aprendizado que a operaccedilatildeo do novo empreendimento
oferece a todos os executivosrdquo Nas cooperativas esse conhecimento tem que ser
desenvolvido com accedilotildees implementadas para que todos colaborem para o
desenvolvimento e manutenccedilatildeo da empresa
Em cooperativas autogestionaacuterias a princiacutepio participam do processo de
gestatildeo e produccedilatildeo todos os associados sendo desnecessaacuteria qualquer figura de
controle e gerenciamento da produccedilatildeo na forma tradicional Ela passa a se
autorregular e deixam de existir os conflitos entre os trabalhadores e o proprietaacuterio As
informaccedilotildees e experiecircncias satildeo compartilhadas e natildeo existe concentraccedilatildeo de
informaccedilatildeo e sim democratizaccedilatildeo do conhecimento
Talvez o maior desafio das cooperativas seja conciliar e desenvolver os
princiacutepios da solidariedade aliado com a sua manutenccedilatildeo no mercado Para se
manter no mercado tem que ser competitiva mas sem reproduzir e seguir o modelo
tradicional Nas cooperativas a rotatividade funcional eacute uma estrateacutegia
implementada para a superaccedilatildeo da hierarquia entre trabalho intelectual e braccedilal e
alcanccedilar para os soacutecios-trabalhadores um conhecimento global do processo
produtivo (PEDRINI 2000 p 37)
O rodiacutezio tem sido utilizado nas cooperativas autogestionaacuterias para que os
cooperados percebam o seu valor nas atividades de gestatildeo e participem ativamente
do processo em todas as aacutereas do empreendimento Para que isso ocorra eacute
fundamental que os indiviacuteduos adquiram novos haacutebitos padrotildees e valores
respeitando novas interaccedilotildees sociais culturais e individuais existente em um grupo
que atua solidariamente (OLIVEIRA 2001) As mudanccedilas de comportamento fazem
com que passem a ter consciecircncia de pertencer a um grupo e de ser responsaacutevel por
ele e quando praticam a autogestatildeo para administrar sua cooperativa se sentem
valorizados (RUFINO 2000)
7 Cooperativa de Produccedilatildeo
A cooperativa do ldquoramo de produccedilatildeo aleacutem de transformar trabalhadores em
empreendedores unem o capital (posse dos bens de produccedilatildeo) agrave matildeo de obrardquo
Nessas cooperativas o dono produz e eacute o dono do negoacutecio Assim como em outros
ramos natildeo haacute a busca do lucro ldquomas a melhoria da qualidade do trabalho e a
remuneraccedilatildeo de todosrdquo (OCB 2018a)
De acordo com Singer (2002) na modalidade baacutesica da economia solidaacuteria
suas relaccedilotildees sociais de produccedilatildeo se caracterizam por negar o princiacutepio baacutesico
do capitalismo isto eacute a separaccedilatildeo entre o capital e a posse dos meios de
produccedilatildeo Nesta cooperativa a propriedade dos meios de produccedilatildeo eacute daqueles
que nela trabalham e natildeo haacute proprietaacuterios que natildeo trabalhem na empresa e todos
tecircm o mesmo poder de decisatildeo sobre a empresa solidaacuteria A administraccedilatildeo eacute
feita por soacutecios eleitos para esta funccedilatildeo e que se pautam em decisotildees aprovadas
em assembleias gerais ou por conselhos de delegados eleitos por todos os
soacutecios A finalidade de uma cooperativa de produccedilatildeo natildeo eacute maximizar lucros
mas a quantidade e qualidade de trabalho O excedente anual (chamado
sobras nas cooperativas) tem a destinaccedilatildeo decidida pelos trabalhadores O
capital natildeo eacute remunerado e portanto natildeo haacute lucro e o proacuteprios trabalhadores
(proprietaacuterios) decidem os rumos da cooperativa
O cooperativismo como uma alternativa organizacional pode contribuir para
sanar as limitaccedilotildees de um desenvolvimento calcado em um sistema econocircmico e de
produccedilatildeo capitalista Contudo eacute preciso estar ciente que as organizaccedilotildees
cooperativas concorrem em um mercado competitivo necessitando manter-se com
qualidade de produccedilatildeo e competitiva frente ao mercado
8 Cooperativa de Trabalho
Para OCB (2018b p1) o ldquocooperativismo de trabalho eacute o caminho para
profissionais de perfil empreendedor e colaborativo Especialmente quando percebem
que se unindo a outros profissionais da mesma categoria eles seratildeo muito mais
fortesrdquo Comenta ainda que ldquoesse eacute um ramo bastante abrangente jaacute que as
cooperativas podem atuar em todos os segmentos de atividades econocircmicas
reunindo profissionais para melhorar a remuneraccedilatildeo e as condiccedilotildees de trabalhordquo
Segundo Arauacutejo e Moreira (2001 p79) ldquoas cooperativas de trabalho nascem
do desejo de associaccedilatildeo de um grupo de pessoas em viabilizar uma atividade
produtiva e com isso garantir sua sobrevivecircnciardquo destacando-se pela sua importacircncia
em facilitar o acesso econocircmico e a participaccedilatildeo do mercado
Poreacutem eacute sempre necessaacuterio lembrar que o sucesso de uma cooperativa deve
estar relacionado aos anseios de consumidor Caso contraacuterio a cooperativa natildeo iraacute
prosperar Pereira (2001) comenta que as cooperativas satildeo alternativas para as
pessoas que natildeo possuem emprego assalariado e podem representar uma opccedilatildeo ao
desemprego para os trabalhadores podendo ateacute contribuir para incrementar o niacutevel
geral de emprego Elas surgem como um lugar de promoccedilatildeo do trabalhador com
responsabilidade em todo o processo diferente da empresa privada onde existe os
benefiacutecios de uma atividade sem responsabilidade de sua manutenccedilatildeo da
organizaccedilatildeo no mercado tendo em vista que natildeo eacute ele que toma as decisotildees
Para Furquim (2001 p 23) o cooperativismo ldquoeacute o instrumento mais perfeito
de organizaccedilatildeo da sociedade por ser um sistema de organizaccedilatildeo social e econocircmico
cujo objetivo natildeo eacute o conjunto de pessoas mas o indiviacuteduo atraveacutes do conjunto das
pessoasrdquo uma forma organizativa alternativa uma vez que oferece benefiacutecios agravequeles
que optam pelo trabalho cooperativo
9 Consideraccedilotildees Finais
O conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo eacute
primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas
pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de
inclusatildeo social que permite aos associados concorrer no mercado com as grandes
corporaccedilotildees trazendo benefiacutecios para toda a coletividade envolvida
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o Decreto nordm 17339 de 02 de junho de 1926 (BRASIL 1926) fazem alusatildeo
especificamente das Caixas Rurais Raiffeisen e dos Bancos Populares Luzzatti Jaacute o
Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 (BRASIL 1932) apresenta as
caracteriacutesticas das cooperativas e consagra as postulaccedilotildees doutrinaacuterias do sistema
no entanto foi revogado em 1934 sendo restabelecido em 1938 Em 1943 foi
novamente revogado para ressurgir em 1945 permanecendo em vigor ateacute 1966
Apesar de todos os transtornos esta foi uma fase de liberdade para formaccedilatildeo e
funcionamento de cooperativas inclusive com incentivos fiscais
Em 1966 com a criaccedilatildeo do Decreto-Lei nordm 59 21 de novembro de 1966
(BRASIL 1966) e sua regulamentaccedilatildeo pelo Decreto nordm 60597 de 19 de abril de 1967
(BRASIL 1967) o cooperativismo foi submetido ao controle estatal vindo a perder
incentivos fiscais e liberdade jaacute adquiridas anteriormente Eles foram promulgados no
iniacutecio do regime militar e modernizaram as cooperativas atreladas ao capital que
eliminaram as pequenas cooperativas rurais organizando as cooperativas como
estruturas tecnoloacutegicas de comercializaccedilatildeo e de industrializaccedilatildeo viabilizadas pelo
capital financeiro Em 16 de dezembro de 1971 foi promulgada a Lei nordm 5764
(BRASIL 1971) ainda em vigor que define o regime juriacutedico das cooperativas sua
constituiccedilatildeo e funcionamento sistema de representaccedilatildeo e oacutergatildeos de apoio para tornar
o Sistema de Cooperativas do Brasil viaacutevel (OCB 2018a)
A Constituiccedilatildeo de 1988 no art 174 em seu paraacutegrafo 2 dispotildee que o governo
estimularia a criaccedilatildeo e o desenvolvimento de cooperativas e outras formas de
associativismo Pela Constituiccedilatildeo o Estado natildeo poderia interferir nas cooperativas e
nas organizaccedilotildees da sociedade civil como estaacute no artigo 5ordm em seu inciso XVIII ldquoA
criaccedilatildeo de associaccedilotildees e na forma da lei a de cooperativas independem de
autorizaccedilatildeo sendo vedada a interferecircncia estatal em seu funcionamentordquo (BRASIL
1988) Entretanto nem as modificaccedilotildees proporcionadas pela constituiccedilatildeo e pela lei
conseguiram gerar uma legislaccedilatildeo clara e moderna que permita a alavancagem da
maioria das cooperativas
6 Estrutura Organizacional de Cooperativas
De acordo com a Lei 576471 (BRASIL 1971 Art 3ordm Art 4ordm) as cooperativas
satildeo definidas como
Art 3deg - Celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas que
reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviccedilos para o exerciacutecio de
uma atividade econocircmica de proveito comum sem objetivo de lucro
Art 4deg - As cooperativas satildeo sociedades de pessoas com forma e natureza
juriacutedica proacuteprias de natureza civil natildeo sujeita a falecircncia constituiacutedas para prestar
serviccedilos aos associados
A cooperativa funciona como uma associaccedilatildeo autocircnoma democraacutetica e
coletiva de pessoas que se unem voluntariamente para satisfazer suas
necessidades Por lei eacute caracterizada como uma empresa social e por possuir
natureza juriacutedica proacutepria eacute diferente de outros tipos de sociedades mercantis e suas
peculiaridades podem ser melhor compreendidas atraveacutes de trecircs mecanismos
distintos que a compotildeem (ABREU 2013)
Associativismo O cooperativismo extraiu do associativismo as formas de
reunir as pessoas bem como o modelo de gestatildeo com bases democraacuteticas Os
cooperados satildeo proprietaacuterios e trabalhadores Eacute uma entidade sem fins lucrativos
que pratica o ato cooperativo onde o bem principal eacute a pessoa
Mutualismo Participaccedilatildeo econocircmica dos associados A contribuiccedilatildeo
pessoal passa a ser coletiva ficando agrave disposiccedilatildeo da cooperativa e como regra
geral deve existir o controle da administraccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo interna para
preservaccedilatildeo e desenvolvimento do patrimocircnio coletivo e
Empreendedorismo As cooperativas surgem da junccedilatildeo de pessoas que
visam o desenvolvimento da coletividade tendo sentido econocircmico e os
participantes devem ter conhecimento da aacuterea em que ela estaacute inserida
Haacute basicamente trecircs modelos cooperativistas (AMATO NETO RUFINO
2000)
Consumo destina-se a fornecer aos associados os gecircneros alimentiacutecios e
bens de utilidade pessoal e domeacutestica a preccedilos mais vantajosos do que as demais
empresas
Produccedilatildeo cooperativas operaacuterias de produccedilatildeo ou cooperativas de
trabalhadores destinam-se agrave organizaccedilatildeo autocircnoma dos trabalhadores na produccedilatildeo
de determinados bens e serviccedilos e
Creacutedito Apresentam diversos subtipos especiacuteficos devido as peculiaridades
das regiotildees com ecircxito maior para as organizaccedilotildees dos chamados bancos populares
Para regulamentar esse modelo de sociedade surgiu a Alianccedila Cooperativa
Internacional (ACI) um organismo que tem como funccedilatildeo baacutesica preservar e defender
os princiacutepios das cooperativistas No Brasil o oacutergatildeo maacuteximo de representaccedilatildeo do
cooperativismo a Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Brasil (OCB) eacute uma entidade
que congrega as Cooperativas brasileiras de todos os ramos Nos estados existem as
Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Estado (OCE) e segundo a OCB (2018a) essa
classificaccedilatildeo tem como objetivo organizar accedilotildees viabilizar a economia e conseguir a
competitividade no mercado tradicional
Com a as mudanccedilas de tecnologia e de gestatildeo do mercado seja em qual for
o ramo de atividade da empresa eacute imprescindiacutevel que as cooperativas demonstrem
eficaacutecia na gestatildeo administrativa para natildeo ficar em desvantagem em relaccedilatildeo agraves
demais empresas
O liacuteder cooperativista vem enfrentando modificaccedilotildees constantes no mercado
de trabalho devido principalmente aos avanccedilos tecnoloacutegicos Tradicionalmente o liacuteder
mais eficiente tinha que ser capaz de interpretar os desejos dos cooperados e
transformaacute-la em proposta O novo liacuteder tem que ser perspicaz para tomar a decisatildeo
de forma raacutepida para natildeo perder as oportunidades mas ao mesmo tempo sem ferir
os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo (BIALOSKORSKI NETO 2006)
O autor supracitado cita os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo na
conduccedilatildeo da lideranccedila Contudo natildeo se pode perder de vista que o cooperativismo
se constitui com a presenccedila do capitalismo em seu processo de desenvolvimento
sendo seu objetivo final como organizaccedilatildeo o capital
As cooperativas divergem das empresas mercantis apesar de ambas
concorrerem no mercado Segundo Zylbersztajn (1994) a essecircncia dos princiacutepios
cooperativos por vezes limita seu desenvolvimento O autor defende que elas devem
ser readequadas para que os empreendimentos possam competir em um mundo
globalizado e de constante transformaccedilotildees tecnoloacutegicas Ainda segundo o autor
alguns cuidados devem ser tomados para as cooperativas se manterem no mercado
e devido agrave concorrecircncia com as empresas mercantis a gestatildeo tem que ser cada vez
mais eficiente e enxuta havendo preocupaccedilatildeo com o ambiente e a profissionalizaccedilatildeo
das funccedilotildees
A gestatildeo nas empresas se realiza de diversas formas e na cooperativa a
autogestatildeo eacute uma dessas formas Para natildeo reproduzir a forma tradicional de gestatildeo
todos os envolvidos deveratildeo estar informados e compreenderem o processo
produtivo e de gestatildeo da cooperativa pois a ldquoa planificaccedilatildeo autogerida natildeo consiste
apenas em planejar diferentemente mas em planejar outra coisardquo e assim
mudanccedilas tem que ser implantadas (GUILLERM BOURDET 1975 p 36)
Na empresa tradicional Singer e Souza (2000 p 21) comentam que os
conhecimentos satildeo trazidos pelos teacutecnicos ou executivos e a competecircncia do negoacutecio
ldquo dependeraacute do processo de aprendizado que a operaccedilatildeo do novo empreendimento
oferece a todos os executivosrdquo Nas cooperativas esse conhecimento tem que ser
desenvolvido com accedilotildees implementadas para que todos colaborem para o
desenvolvimento e manutenccedilatildeo da empresa
Em cooperativas autogestionaacuterias a princiacutepio participam do processo de
gestatildeo e produccedilatildeo todos os associados sendo desnecessaacuteria qualquer figura de
controle e gerenciamento da produccedilatildeo na forma tradicional Ela passa a se
autorregular e deixam de existir os conflitos entre os trabalhadores e o proprietaacuterio As
informaccedilotildees e experiecircncias satildeo compartilhadas e natildeo existe concentraccedilatildeo de
informaccedilatildeo e sim democratizaccedilatildeo do conhecimento
Talvez o maior desafio das cooperativas seja conciliar e desenvolver os
princiacutepios da solidariedade aliado com a sua manutenccedilatildeo no mercado Para se
manter no mercado tem que ser competitiva mas sem reproduzir e seguir o modelo
tradicional Nas cooperativas a rotatividade funcional eacute uma estrateacutegia
implementada para a superaccedilatildeo da hierarquia entre trabalho intelectual e braccedilal e
alcanccedilar para os soacutecios-trabalhadores um conhecimento global do processo
produtivo (PEDRINI 2000 p 37)
O rodiacutezio tem sido utilizado nas cooperativas autogestionaacuterias para que os
cooperados percebam o seu valor nas atividades de gestatildeo e participem ativamente
do processo em todas as aacutereas do empreendimento Para que isso ocorra eacute
fundamental que os indiviacuteduos adquiram novos haacutebitos padrotildees e valores
respeitando novas interaccedilotildees sociais culturais e individuais existente em um grupo
que atua solidariamente (OLIVEIRA 2001) As mudanccedilas de comportamento fazem
com que passem a ter consciecircncia de pertencer a um grupo e de ser responsaacutevel por
ele e quando praticam a autogestatildeo para administrar sua cooperativa se sentem
valorizados (RUFINO 2000)
7 Cooperativa de Produccedilatildeo
A cooperativa do ldquoramo de produccedilatildeo aleacutem de transformar trabalhadores em
empreendedores unem o capital (posse dos bens de produccedilatildeo) agrave matildeo de obrardquo
Nessas cooperativas o dono produz e eacute o dono do negoacutecio Assim como em outros
ramos natildeo haacute a busca do lucro ldquomas a melhoria da qualidade do trabalho e a
remuneraccedilatildeo de todosrdquo (OCB 2018a)
De acordo com Singer (2002) na modalidade baacutesica da economia solidaacuteria
suas relaccedilotildees sociais de produccedilatildeo se caracterizam por negar o princiacutepio baacutesico
do capitalismo isto eacute a separaccedilatildeo entre o capital e a posse dos meios de
produccedilatildeo Nesta cooperativa a propriedade dos meios de produccedilatildeo eacute daqueles
que nela trabalham e natildeo haacute proprietaacuterios que natildeo trabalhem na empresa e todos
tecircm o mesmo poder de decisatildeo sobre a empresa solidaacuteria A administraccedilatildeo eacute
feita por soacutecios eleitos para esta funccedilatildeo e que se pautam em decisotildees aprovadas
em assembleias gerais ou por conselhos de delegados eleitos por todos os
soacutecios A finalidade de uma cooperativa de produccedilatildeo natildeo eacute maximizar lucros
mas a quantidade e qualidade de trabalho O excedente anual (chamado
sobras nas cooperativas) tem a destinaccedilatildeo decidida pelos trabalhadores O
capital natildeo eacute remunerado e portanto natildeo haacute lucro e o proacuteprios trabalhadores
(proprietaacuterios) decidem os rumos da cooperativa
O cooperativismo como uma alternativa organizacional pode contribuir para
sanar as limitaccedilotildees de um desenvolvimento calcado em um sistema econocircmico e de
produccedilatildeo capitalista Contudo eacute preciso estar ciente que as organizaccedilotildees
cooperativas concorrem em um mercado competitivo necessitando manter-se com
qualidade de produccedilatildeo e competitiva frente ao mercado
8 Cooperativa de Trabalho
Para OCB (2018b p1) o ldquocooperativismo de trabalho eacute o caminho para
profissionais de perfil empreendedor e colaborativo Especialmente quando percebem
que se unindo a outros profissionais da mesma categoria eles seratildeo muito mais
fortesrdquo Comenta ainda que ldquoesse eacute um ramo bastante abrangente jaacute que as
cooperativas podem atuar em todos os segmentos de atividades econocircmicas
reunindo profissionais para melhorar a remuneraccedilatildeo e as condiccedilotildees de trabalhordquo
Segundo Arauacutejo e Moreira (2001 p79) ldquoas cooperativas de trabalho nascem
do desejo de associaccedilatildeo de um grupo de pessoas em viabilizar uma atividade
produtiva e com isso garantir sua sobrevivecircnciardquo destacando-se pela sua importacircncia
em facilitar o acesso econocircmico e a participaccedilatildeo do mercado
Poreacutem eacute sempre necessaacuterio lembrar que o sucesso de uma cooperativa deve
estar relacionado aos anseios de consumidor Caso contraacuterio a cooperativa natildeo iraacute
prosperar Pereira (2001) comenta que as cooperativas satildeo alternativas para as
pessoas que natildeo possuem emprego assalariado e podem representar uma opccedilatildeo ao
desemprego para os trabalhadores podendo ateacute contribuir para incrementar o niacutevel
geral de emprego Elas surgem como um lugar de promoccedilatildeo do trabalhador com
responsabilidade em todo o processo diferente da empresa privada onde existe os
benefiacutecios de uma atividade sem responsabilidade de sua manutenccedilatildeo da
organizaccedilatildeo no mercado tendo em vista que natildeo eacute ele que toma as decisotildees
Para Furquim (2001 p 23) o cooperativismo ldquoeacute o instrumento mais perfeito
de organizaccedilatildeo da sociedade por ser um sistema de organizaccedilatildeo social e econocircmico
cujo objetivo natildeo eacute o conjunto de pessoas mas o indiviacuteduo atraveacutes do conjunto das
pessoasrdquo uma forma organizativa alternativa uma vez que oferece benefiacutecios agravequeles
que optam pelo trabalho cooperativo
9 Consideraccedilotildees Finais
O conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo eacute
primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas
pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de
inclusatildeo social que permite aos associados concorrer no mercado com as grandes
corporaccedilotildees trazendo benefiacutecios para toda a coletividade envolvida
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cooperativismo cria o Conselho Nacional do Cooperativismo e daacute outras providecircncias
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agricultura e industrias rurais a organizaccedilatildeo de syndicatos para defesa de seus
interesses Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 08 de janeiro de 1903 Seccedilatildeo
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sociedades cooperativas Diacuteaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 05 de janeiro
de 1907 p 251 Publicaccedilatildeo Original
BRASIL Decreto nordm 17339 de 02 de junho de 1926 Approva o regulamento
destinado a reger a fiscalizaccedilatildeo gratuita da organizaccedilatildeo e funccionamento das Caixas
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de 1926 Seccedilatildeo 1 p 11747 Publicaccedilatildeo Original
BRASIL Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 Reforma as disposiccedilotildees do
decreto legislativo nordm 1637 de 5 de janeiro de 1907 na parte referente aacutes sociedades
cooperativas Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 23 de dezembro de 1932
Seccedilatildeo 1 p 23386 Publicaccedilatildeo Original
BRASIL Decreto nordm 60597 de 19 de abril de 1967 Regulamenta o Decreto-lei nordm 59
de 21 de novembro de 1966 Diaacuterio Oficial (da) Repuacuteblica Federativa do Brasil
Brasiacutelia DF 24 de abril de 1967 Seccedilatildeo 1 p 4587 Publicaccedilatildeo Original
BRASIL Lei nordm 4984 de 31 de dezembro de 1925 Orccedila a Receita Geral da Repuacuteblica
dos Estados Unidos do Brasil para o exerciacutecio de 1926 Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio
de Janeiro RJ 01 de janeiro de 1925 Seccedilatildeo 1 p 105
BRASIL Lei nordm 5764 de 16 de dezembro de 1971 Define a poliacutetica nacional do
cooperativismo institui o regime juriacutedico das sociedades cooperativas e daacute outras
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16 de dezembro de 1971
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nas organizaccedilotildees da sociedade civil como estaacute no artigo 5ordm em seu inciso XVIII ldquoA
criaccedilatildeo de associaccedilotildees e na forma da lei a de cooperativas independem de
autorizaccedilatildeo sendo vedada a interferecircncia estatal em seu funcionamentordquo (BRASIL
1988) Entretanto nem as modificaccedilotildees proporcionadas pela constituiccedilatildeo e pela lei
conseguiram gerar uma legislaccedilatildeo clara e moderna que permita a alavancagem da
maioria das cooperativas
6 Estrutura Organizacional de Cooperativas
De acordo com a Lei 576471 (BRASIL 1971 Art 3ordm Art 4ordm) as cooperativas
satildeo definidas como
Art 3deg - Celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas que
reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviccedilos para o exerciacutecio de
uma atividade econocircmica de proveito comum sem objetivo de lucro
Art 4deg - As cooperativas satildeo sociedades de pessoas com forma e natureza
juriacutedica proacuteprias de natureza civil natildeo sujeita a falecircncia constituiacutedas para prestar
serviccedilos aos associados
A cooperativa funciona como uma associaccedilatildeo autocircnoma democraacutetica e
coletiva de pessoas que se unem voluntariamente para satisfazer suas
necessidades Por lei eacute caracterizada como uma empresa social e por possuir
natureza juriacutedica proacutepria eacute diferente de outros tipos de sociedades mercantis e suas
peculiaridades podem ser melhor compreendidas atraveacutes de trecircs mecanismos
distintos que a compotildeem (ABREU 2013)
Associativismo O cooperativismo extraiu do associativismo as formas de
reunir as pessoas bem como o modelo de gestatildeo com bases democraacuteticas Os
cooperados satildeo proprietaacuterios e trabalhadores Eacute uma entidade sem fins lucrativos
que pratica o ato cooperativo onde o bem principal eacute a pessoa
Mutualismo Participaccedilatildeo econocircmica dos associados A contribuiccedilatildeo
pessoal passa a ser coletiva ficando agrave disposiccedilatildeo da cooperativa e como regra
geral deve existir o controle da administraccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo interna para
preservaccedilatildeo e desenvolvimento do patrimocircnio coletivo e
Empreendedorismo As cooperativas surgem da junccedilatildeo de pessoas que
visam o desenvolvimento da coletividade tendo sentido econocircmico e os
participantes devem ter conhecimento da aacuterea em que ela estaacute inserida
Haacute basicamente trecircs modelos cooperativistas (AMATO NETO RUFINO
2000)
Consumo destina-se a fornecer aos associados os gecircneros alimentiacutecios e
bens de utilidade pessoal e domeacutestica a preccedilos mais vantajosos do que as demais
empresas
Produccedilatildeo cooperativas operaacuterias de produccedilatildeo ou cooperativas de
trabalhadores destinam-se agrave organizaccedilatildeo autocircnoma dos trabalhadores na produccedilatildeo
de determinados bens e serviccedilos e
Creacutedito Apresentam diversos subtipos especiacuteficos devido as peculiaridades
das regiotildees com ecircxito maior para as organizaccedilotildees dos chamados bancos populares
Para regulamentar esse modelo de sociedade surgiu a Alianccedila Cooperativa
Internacional (ACI) um organismo que tem como funccedilatildeo baacutesica preservar e defender
os princiacutepios das cooperativistas No Brasil o oacutergatildeo maacuteximo de representaccedilatildeo do
cooperativismo a Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Brasil (OCB) eacute uma entidade
que congrega as Cooperativas brasileiras de todos os ramos Nos estados existem as
Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Estado (OCE) e segundo a OCB (2018a) essa
classificaccedilatildeo tem como objetivo organizar accedilotildees viabilizar a economia e conseguir a
competitividade no mercado tradicional
Com a as mudanccedilas de tecnologia e de gestatildeo do mercado seja em qual for
o ramo de atividade da empresa eacute imprescindiacutevel que as cooperativas demonstrem
eficaacutecia na gestatildeo administrativa para natildeo ficar em desvantagem em relaccedilatildeo agraves
demais empresas
O liacuteder cooperativista vem enfrentando modificaccedilotildees constantes no mercado
de trabalho devido principalmente aos avanccedilos tecnoloacutegicos Tradicionalmente o liacuteder
mais eficiente tinha que ser capaz de interpretar os desejos dos cooperados e
transformaacute-la em proposta O novo liacuteder tem que ser perspicaz para tomar a decisatildeo
de forma raacutepida para natildeo perder as oportunidades mas ao mesmo tempo sem ferir
os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo (BIALOSKORSKI NETO 2006)
O autor supracitado cita os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo na
conduccedilatildeo da lideranccedila Contudo natildeo se pode perder de vista que o cooperativismo
se constitui com a presenccedila do capitalismo em seu processo de desenvolvimento
sendo seu objetivo final como organizaccedilatildeo o capital
As cooperativas divergem das empresas mercantis apesar de ambas
concorrerem no mercado Segundo Zylbersztajn (1994) a essecircncia dos princiacutepios
cooperativos por vezes limita seu desenvolvimento O autor defende que elas devem
ser readequadas para que os empreendimentos possam competir em um mundo
globalizado e de constante transformaccedilotildees tecnoloacutegicas Ainda segundo o autor
alguns cuidados devem ser tomados para as cooperativas se manterem no mercado
e devido agrave concorrecircncia com as empresas mercantis a gestatildeo tem que ser cada vez
mais eficiente e enxuta havendo preocupaccedilatildeo com o ambiente e a profissionalizaccedilatildeo
das funccedilotildees
A gestatildeo nas empresas se realiza de diversas formas e na cooperativa a
autogestatildeo eacute uma dessas formas Para natildeo reproduzir a forma tradicional de gestatildeo
todos os envolvidos deveratildeo estar informados e compreenderem o processo
produtivo e de gestatildeo da cooperativa pois a ldquoa planificaccedilatildeo autogerida natildeo consiste
apenas em planejar diferentemente mas em planejar outra coisardquo e assim
mudanccedilas tem que ser implantadas (GUILLERM BOURDET 1975 p 36)
Na empresa tradicional Singer e Souza (2000 p 21) comentam que os
conhecimentos satildeo trazidos pelos teacutecnicos ou executivos e a competecircncia do negoacutecio
ldquo dependeraacute do processo de aprendizado que a operaccedilatildeo do novo empreendimento
oferece a todos os executivosrdquo Nas cooperativas esse conhecimento tem que ser
desenvolvido com accedilotildees implementadas para que todos colaborem para o
desenvolvimento e manutenccedilatildeo da empresa
Em cooperativas autogestionaacuterias a princiacutepio participam do processo de
gestatildeo e produccedilatildeo todos os associados sendo desnecessaacuteria qualquer figura de
controle e gerenciamento da produccedilatildeo na forma tradicional Ela passa a se
autorregular e deixam de existir os conflitos entre os trabalhadores e o proprietaacuterio As
informaccedilotildees e experiecircncias satildeo compartilhadas e natildeo existe concentraccedilatildeo de
informaccedilatildeo e sim democratizaccedilatildeo do conhecimento
Talvez o maior desafio das cooperativas seja conciliar e desenvolver os
princiacutepios da solidariedade aliado com a sua manutenccedilatildeo no mercado Para se
manter no mercado tem que ser competitiva mas sem reproduzir e seguir o modelo
tradicional Nas cooperativas a rotatividade funcional eacute uma estrateacutegia
implementada para a superaccedilatildeo da hierarquia entre trabalho intelectual e braccedilal e
alcanccedilar para os soacutecios-trabalhadores um conhecimento global do processo
produtivo (PEDRINI 2000 p 37)
O rodiacutezio tem sido utilizado nas cooperativas autogestionaacuterias para que os
cooperados percebam o seu valor nas atividades de gestatildeo e participem ativamente
do processo em todas as aacutereas do empreendimento Para que isso ocorra eacute
fundamental que os indiviacuteduos adquiram novos haacutebitos padrotildees e valores
respeitando novas interaccedilotildees sociais culturais e individuais existente em um grupo
que atua solidariamente (OLIVEIRA 2001) As mudanccedilas de comportamento fazem
com que passem a ter consciecircncia de pertencer a um grupo e de ser responsaacutevel por
ele e quando praticam a autogestatildeo para administrar sua cooperativa se sentem
valorizados (RUFINO 2000)
7 Cooperativa de Produccedilatildeo
A cooperativa do ldquoramo de produccedilatildeo aleacutem de transformar trabalhadores em
empreendedores unem o capital (posse dos bens de produccedilatildeo) agrave matildeo de obrardquo
Nessas cooperativas o dono produz e eacute o dono do negoacutecio Assim como em outros
ramos natildeo haacute a busca do lucro ldquomas a melhoria da qualidade do trabalho e a
remuneraccedilatildeo de todosrdquo (OCB 2018a)
De acordo com Singer (2002) na modalidade baacutesica da economia solidaacuteria
suas relaccedilotildees sociais de produccedilatildeo se caracterizam por negar o princiacutepio baacutesico
do capitalismo isto eacute a separaccedilatildeo entre o capital e a posse dos meios de
produccedilatildeo Nesta cooperativa a propriedade dos meios de produccedilatildeo eacute daqueles
que nela trabalham e natildeo haacute proprietaacuterios que natildeo trabalhem na empresa e todos
tecircm o mesmo poder de decisatildeo sobre a empresa solidaacuteria A administraccedilatildeo eacute
feita por soacutecios eleitos para esta funccedilatildeo e que se pautam em decisotildees aprovadas
em assembleias gerais ou por conselhos de delegados eleitos por todos os
soacutecios A finalidade de uma cooperativa de produccedilatildeo natildeo eacute maximizar lucros
mas a quantidade e qualidade de trabalho O excedente anual (chamado
sobras nas cooperativas) tem a destinaccedilatildeo decidida pelos trabalhadores O
capital natildeo eacute remunerado e portanto natildeo haacute lucro e o proacuteprios trabalhadores
(proprietaacuterios) decidem os rumos da cooperativa
O cooperativismo como uma alternativa organizacional pode contribuir para
sanar as limitaccedilotildees de um desenvolvimento calcado em um sistema econocircmico e de
produccedilatildeo capitalista Contudo eacute preciso estar ciente que as organizaccedilotildees
cooperativas concorrem em um mercado competitivo necessitando manter-se com
qualidade de produccedilatildeo e competitiva frente ao mercado
8 Cooperativa de Trabalho
Para OCB (2018b p1) o ldquocooperativismo de trabalho eacute o caminho para
profissionais de perfil empreendedor e colaborativo Especialmente quando percebem
que se unindo a outros profissionais da mesma categoria eles seratildeo muito mais
fortesrdquo Comenta ainda que ldquoesse eacute um ramo bastante abrangente jaacute que as
cooperativas podem atuar em todos os segmentos de atividades econocircmicas
reunindo profissionais para melhorar a remuneraccedilatildeo e as condiccedilotildees de trabalhordquo
Segundo Arauacutejo e Moreira (2001 p79) ldquoas cooperativas de trabalho nascem
do desejo de associaccedilatildeo de um grupo de pessoas em viabilizar uma atividade
produtiva e com isso garantir sua sobrevivecircnciardquo destacando-se pela sua importacircncia
em facilitar o acesso econocircmico e a participaccedilatildeo do mercado
Poreacutem eacute sempre necessaacuterio lembrar que o sucesso de uma cooperativa deve
estar relacionado aos anseios de consumidor Caso contraacuterio a cooperativa natildeo iraacute
prosperar Pereira (2001) comenta que as cooperativas satildeo alternativas para as
pessoas que natildeo possuem emprego assalariado e podem representar uma opccedilatildeo ao
desemprego para os trabalhadores podendo ateacute contribuir para incrementar o niacutevel
geral de emprego Elas surgem como um lugar de promoccedilatildeo do trabalhador com
responsabilidade em todo o processo diferente da empresa privada onde existe os
benefiacutecios de uma atividade sem responsabilidade de sua manutenccedilatildeo da
organizaccedilatildeo no mercado tendo em vista que natildeo eacute ele que toma as decisotildees
Para Furquim (2001 p 23) o cooperativismo ldquoeacute o instrumento mais perfeito
de organizaccedilatildeo da sociedade por ser um sistema de organizaccedilatildeo social e econocircmico
cujo objetivo natildeo eacute o conjunto de pessoas mas o indiviacuteduo atraveacutes do conjunto das
pessoasrdquo uma forma organizativa alternativa uma vez que oferece benefiacutecios agravequeles
que optam pelo trabalho cooperativo
9 Consideraccedilotildees Finais
O conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo eacute
primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas
pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de
inclusatildeo social que permite aos associados concorrer no mercado com as grandes
corporaccedilotildees trazendo benefiacutecios para toda a coletividade envolvida
Referecircncias
ABREU MABA O cooperativismo de creacutedito e as soluccedilotildees financeiras para os
pequenos negoacutecios In SANTOS CA (Coord) Pequenos negoacutecios desafios e
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Acesso em 10 mai 2018
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qualificaccedilatildeo da matildeo-de-obra na construccedilatildeo civil In CONGRESSO DE TECNOLOGIA
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centralidade do mundo do trabalho Satildeo Paulo Cortecircs 1998
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trabalho Satildeo Paulo Boitempo 2009
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BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 Diaacuterio Oficial (da)
Repuacuteblica Federativa do Brasil Casa Civil Brasiacutelia 05 de outubro de 1988
BRASIL Decreto-Lei nordm 59 de 21 de novembro de 1966 Define a poliacutetica nacional de
cooperativismo cria o Conselho Nacional do Cooperativismo e daacute outras providecircncias
Diaacuterio Oficial (da) Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF 22 de novembro de
1966 Seccedilatildeo 1 p 13499 Publicaccedilatildeo Original
BRASIL Decreto nordm 979 de 06 de janeiro de 1903 Faculta aos profissionaes da
agricultura e industrias rurais a organizaccedilatildeo de syndicatos para defesa de seus
interesses Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 08 de janeiro de 1903 Seccedilatildeo
1 p 138 Publicaccedilatildeo Original
BRASIL Decreto nordm 1637 de 05 de janeiro de 1907 Crea syndicatos profissionaes e
sociedades cooperativas Diacuteaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 05 de janeiro
de 1907 p 251 Publicaccedilatildeo Original
BRASIL Decreto nordm 17339 de 02 de junho de 1926 Approva o regulamento
destinado a reger a fiscalizaccedilatildeo gratuita da organizaccedilatildeo e funccionamento das Caixas
Raiffeisen e bancos Luzzatti Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 10 de junho
de 1926 Seccedilatildeo 1 p 11747 Publicaccedilatildeo Original
BRASIL Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 Reforma as disposiccedilotildees do
decreto legislativo nordm 1637 de 5 de janeiro de 1907 na parte referente aacutes sociedades
cooperativas Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 23 de dezembro de 1932
Seccedilatildeo 1 p 23386 Publicaccedilatildeo Original
BRASIL Decreto nordm 60597 de 19 de abril de 1967 Regulamenta o Decreto-lei nordm 59
de 21 de novembro de 1966 Diaacuterio Oficial (da) Repuacuteblica Federativa do Brasil
Brasiacutelia DF 24 de abril de 1967 Seccedilatildeo 1 p 4587 Publicaccedilatildeo Original
BRASIL Lei nordm 4984 de 31 de dezembro de 1925 Orccedila a Receita Geral da Repuacuteblica
dos Estados Unidos do Brasil para o exerciacutecio de 1926 Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio
de Janeiro RJ 01 de janeiro de 1925 Seccedilatildeo 1 p 105
BRASIL Lei nordm 5764 de 16 de dezembro de 1971 Define a poliacutetica nacional do
cooperativismo institui o regime juriacutedico das sociedades cooperativas e daacute outras
providecircncias Diaacuterio Oficial [da] Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF Brasiacutelia
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organizaccedilatildeo baacutesica dos oacutergatildeos da Presidecircncia da Repuacuteblica e dos Ministeacuterios Diaacuterio
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ZYLBERSZTAJN D Organizaccedilatildeo de cooperativas desafios e tendecircncias Revista de
Administraccedilatildeo v 29 n 3 p 23-32 1994
6 Estrutura Organizacional de Cooperativas
De acordo com a Lei 576471 (BRASIL 1971 Art 3ordm Art 4ordm) as cooperativas
satildeo definidas como
Art 3deg - Celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas que
reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviccedilos para o exerciacutecio de
uma atividade econocircmica de proveito comum sem objetivo de lucro
Art 4deg - As cooperativas satildeo sociedades de pessoas com forma e natureza
juriacutedica proacuteprias de natureza civil natildeo sujeita a falecircncia constituiacutedas para prestar
serviccedilos aos associados
A cooperativa funciona como uma associaccedilatildeo autocircnoma democraacutetica e
coletiva de pessoas que se unem voluntariamente para satisfazer suas
necessidades Por lei eacute caracterizada como uma empresa social e por possuir
natureza juriacutedica proacutepria eacute diferente de outros tipos de sociedades mercantis e suas
peculiaridades podem ser melhor compreendidas atraveacutes de trecircs mecanismos
distintos que a compotildeem (ABREU 2013)
Associativismo O cooperativismo extraiu do associativismo as formas de
reunir as pessoas bem como o modelo de gestatildeo com bases democraacuteticas Os
cooperados satildeo proprietaacuterios e trabalhadores Eacute uma entidade sem fins lucrativos
que pratica o ato cooperativo onde o bem principal eacute a pessoa
Mutualismo Participaccedilatildeo econocircmica dos associados A contribuiccedilatildeo
pessoal passa a ser coletiva ficando agrave disposiccedilatildeo da cooperativa e como regra
geral deve existir o controle da administraccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo interna para
preservaccedilatildeo e desenvolvimento do patrimocircnio coletivo e
Empreendedorismo As cooperativas surgem da junccedilatildeo de pessoas que
visam o desenvolvimento da coletividade tendo sentido econocircmico e os
participantes devem ter conhecimento da aacuterea em que ela estaacute inserida
Haacute basicamente trecircs modelos cooperativistas (AMATO NETO RUFINO
2000)
Consumo destina-se a fornecer aos associados os gecircneros alimentiacutecios e
bens de utilidade pessoal e domeacutestica a preccedilos mais vantajosos do que as demais
empresas
Produccedilatildeo cooperativas operaacuterias de produccedilatildeo ou cooperativas de
trabalhadores destinam-se agrave organizaccedilatildeo autocircnoma dos trabalhadores na produccedilatildeo
de determinados bens e serviccedilos e
Creacutedito Apresentam diversos subtipos especiacuteficos devido as peculiaridades
das regiotildees com ecircxito maior para as organizaccedilotildees dos chamados bancos populares
Para regulamentar esse modelo de sociedade surgiu a Alianccedila Cooperativa
Internacional (ACI) um organismo que tem como funccedilatildeo baacutesica preservar e defender
os princiacutepios das cooperativistas No Brasil o oacutergatildeo maacuteximo de representaccedilatildeo do
cooperativismo a Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Brasil (OCB) eacute uma entidade
que congrega as Cooperativas brasileiras de todos os ramos Nos estados existem as
Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Estado (OCE) e segundo a OCB (2018a) essa
classificaccedilatildeo tem como objetivo organizar accedilotildees viabilizar a economia e conseguir a
competitividade no mercado tradicional
Com a as mudanccedilas de tecnologia e de gestatildeo do mercado seja em qual for
o ramo de atividade da empresa eacute imprescindiacutevel que as cooperativas demonstrem
eficaacutecia na gestatildeo administrativa para natildeo ficar em desvantagem em relaccedilatildeo agraves
demais empresas
O liacuteder cooperativista vem enfrentando modificaccedilotildees constantes no mercado
de trabalho devido principalmente aos avanccedilos tecnoloacutegicos Tradicionalmente o liacuteder
mais eficiente tinha que ser capaz de interpretar os desejos dos cooperados e
transformaacute-la em proposta O novo liacuteder tem que ser perspicaz para tomar a decisatildeo
de forma raacutepida para natildeo perder as oportunidades mas ao mesmo tempo sem ferir
os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo (BIALOSKORSKI NETO 2006)
O autor supracitado cita os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo na
conduccedilatildeo da lideranccedila Contudo natildeo se pode perder de vista que o cooperativismo
se constitui com a presenccedila do capitalismo em seu processo de desenvolvimento
sendo seu objetivo final como organizaccedilatildeo o capital
As cooperativas divergem das empresas mercantis apesar de ambas
concorrerem no mercado Segundo Zylbersztajn (1994) a essecircncia dos princiacutepios
cooperativos por vezes limita seu desenvolvimento O autor defende que elas devem
ser readequadas para que os empreendimentos possam competir em um mundo
globalizado e de constante transformaccedilotildees tecnoloacutegicas Ainda segundo o autor
alguns cuidados devem ser tomados para as cooperativas se manterem no mercado
e devido agrave concorrecircncia com as empresas mercantis a gestatildeo tem que ser cada vez
mais eficiente e enxuta havendo preocupaccedilatildeo com o ambiente e a profissionalizaccedilatildeo
das funccedilotildees
A gestatildeo nas empresas se realiza de diversas formas e na cooperativa a
autogestatildeo eacute uma dessas formas Para natildeo reproduzir a forma tradicional de gestatildeo
todos os envolvidos deveratildeo estar informados e compreenderem o processo
produtivo e de gestatildeo da cooperativa pois a ldquoa planificaccedilatildeo autogerida natildeo consiste
apenas em planejar diferentemente mas em planejar outra coisardquo e assim
mudanccedilas tem que ser implantadas (GUILLERM BOURDET 1975 p 36)
Na empresa tradicional Singer e Souza (2000 p 21) comentam que os
conhecimentos satildeo trazidos pelos teacutecnicos ou executivos e a competecircncia do negoacutecio
ldquo dependeraacute do processo de aprendizado que a operaccedilatildeo do novo empreendimento
oferece a todos os executivosrdquo Nas cooperativas esse conhecimento tem que ser
desenvolvido com accedilotildees implementadas para que todos colaborem para o
desenvolvimento e manutenccedilatildeo da empresa
Em cooperativas autogestionaacuterias a princiacutepio participam do processo de
gestatildeo e produccedilatildeo todos os associados sendo desnecessaacuteria qualquer figura de
controle e gerenciamento da produccedilatildeo na forma tradicional Ela passa a se
autorregular e deixam de existir os conflitos entre os trabalhadores e o proprietaacuterio As
informaccedilotildees e experiecircncias satildeo compartilhadas e natildeo existe concentraccedilatildeo de
informaccedilatildeo e sim democratizaccedilatildeo do conhecimento
Talvez o maior desafio das cooperativas seja conciliar e desenvolver os
princiacutepios da solidariedade aliado com a sua manutenccedilatildeo no mercado Para se
manter no mercado tem que ser competitiva mas sem reproduzir e seguir o modelo
tradicional Nas cooperativas a rotatividade funcional eacute uma estrateacutegia
implementada para a superaccedilatildeo da hierarquia entre trabalho intelectual e braccedilal e
alcanccedilar para os soacutecios-trabalhadores um conhecimento global do processo
produtivo (PEDRINI 2000 p 37)
O rodiacutezio tem sido utilizado nas cooperativas autogestionaacuterias para que os
cooperados percebam o seu valor nas atividades de gestatildeo e participem ativamente
do processo em todas as aacutereas do empreendimento Para que isso ocorra eacute
fundamental que os indiviacuteduos adquiram novos haacutebitos padrotildees e valores
respeitando novas interaccedilotildees sociais culturais e individuais existente em um grupo
que atua solidariamente (OLIVEIRA 2001) As mudanccedilas de comportamento fazem
com que passem a ter consciecircncia de pertencer a um grupo e de ser responsaacutevel por
ele e quando praticam a autogestatildeo para administrar sua cooperativa se sentem
valorizados (RUFINO 2000)
7 Cooperativa de Produccedilatildeo
A cooperativa do ldquoramo de produccedilatildeo aleacutem de transformar trabalhadores em
empreendedores unem o capital (posse dos bens de produccedilatildeo) agrave matildeo de obrardquo
Nessas cooperativas o dono produz e eacute o dono do negoacutecio Assim como em outros
ramos natildeo haacute a busca do lucro ldquomas a melhoria da qualidade do trabalho e a
remuneraccedilatildeo de todosrdquo (OCB 2018a)
De acordo com Singer (2002) na modalidade baacutesica da economia solidaacuteria
suas relaccedilotildees sociais de produccedilatildeo se caracterizam por negar o princiacutepio baacutesico
do capitalismo isto eacute a separaccedilatildeo entre o capital e a posse dos meios de
produccedilatildeo Nesta cooperativa a propriedade dos meios de produccedilatildeo eacute daqueles
que nela trabalham e natildeo haacute proprietaacuterios que natildeo trabalhem na empresa e todos
tecircm o mesmo poder de decisatildeo sobre a empresa solidaacuteria A administraccedilatildeo eacute
feita por soacutecios eleitos para esta funccedilatildeo e que se pautam em decisotildees aprovadas
em assembleias gerais ou por conselhos de delegados eleitos por todos os
soacutecios A finalidade de uma cooperativa de produccedilatildeo natildeo eacute maximizar lucros
mas a quantidade e qualidade de trabalho O excedente anual (chamado
sobras nas cooperativas) tem a destinaccedilatildeo decidida pelos trabalhadores O
capital natildeo eacute remunerado e portanto natildeo haacute lucro e o proacuteprios trabalhadores
(proprietaacuterios) decidem os rumos da cooperativa
O cooperativismo como uma alternativa organizacional pode contribuir para
sanar as limitaccedilotildees de um desenvolvimento calcado em um sistema econocircmico e de
produccedilatildeo capitalista Contudo eacute preciso estar ciente que as organizaccedilotildees
cooperativas concorrem em um mercado competitivo necessitando manter-se com
qualidade de produccedilatildeo e competitiva frente ao mercado
8 Cooperativa de Trabalho
Para OCB (2018b p1) o ldquocooperativismo de trabalho eacute o caminho para
profissionais de perfil empreendedor e colaborativo Especialmente quando percebem
que se unindo a outros profissionais da mesma categoria eles seratildeo muito mais
fortesrdquo Comenta ainda que ldquoesse eacute um ramo bastante abrangente jaacute que as
cooperativas podem atuar em todos os segmentos de atividades econocircmicas
reunindo profissionais para melhorar a remuneraccedilatildeo e as condiccedilotildees de trabalhordquo
Segundo Arauacutejo e Moreira (2001 p79) ldquoas cooperativas de trabalho nascem
do desejo de associaccedilatildeo de um grupo de pessoas em viabilizar uma atividade
produtiva e com isso garantir sua sobrevivecircnciardquo destacando-se pela sua importacircncia
em facilitar o acesso econocircmico e a participaccedilatildeo do mercado
Poreacutem eacute sempre necessaacuterio lembrar que o sucesso de uma cooperativa deve
estar relacionado aos anseios de consumidor Caso contraacuterio a cooperativa natildeo iraacute
prosperar Pereira (2001) comenta que as cooperativas satildeo alternativas para as
pessoas que natildeo possuem emprego assalariado e podem representar uma opccedilatildeo ao
desemprego para os trabalhadores podendo ateacute contribuir para incrementar o niacutevel
geral de emprego Elas surgem como um lugar de promoccedilatildeo do trabalhador com
responsabilidade em todo o processo diferente da empresa privada onde existe os
benefiacutecios de uma atividade sem responsabilidade de sua manutenccedilatildeo da
organizaccedilatildeo no mercado tendo em vista que natildeo eacute ele que toma as decisotildees
Para Furquim (2001 p 23) o cooperativismo ldquoeacute o instrumento mais perfeito
de organizaccedilatildeo da sociedade por ser um sistema de organizaccedilatildeo social e econocircmico
cujo objetivo natildeo eacute o conjunto de pessoas mas o indiviacuteduo atraveacutes do conjunto das
pessoasrdquo uma forma organizativa alternativa uma vez que oferece benefiacutecios agravequeles
que optam pelo trabalho cooperativo
9 Consideraccedilotildees Finais
O conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo eacute
primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas
pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de
inclusatildeo social que permite aos associados concorrer no mercado com as grandes
corporaccedilotildees trazendo benefiacutecios para toda a coletividade envolvida
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sociedades cooperativas Diacuteaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 05 de janeiro
de 1907 p 251 Publicaccedilatildeo Original
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destinado a reger a fiscalizaccedilatildeo gratuita da organizaccedilatildeo e funccionamento das Caixas
Raiffeisen e bancos Luzzatti Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 10 de junho
de 1926 Seccedilatildeo 1 p 11747 Publicaccedilatildeo Original
BRASIL Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 Reforma as disposiccedilotildees do
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Seccedilatildeo 1 p 23386 Publicaccedilatildeo Original
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de 21 de novembro de 1966 Diaacuterio Oficial (da) Repuacuteblica Federativa do Brasil
Brasiacutelia DF 24 de abril de 1967 Seccedilatildeo 1 p 4587 Publicaccedilatildeo Original
BRASIL Lei nordm 4984 de 31 de dezembro de 1925 Orccedila a Receita Geral da Repuacuteblica
dos Estados Unidos do Brasil para o exerciacutecio de 1926 Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio
de Janeiro RJ 01 de janeiro de 1925 Seccedilatildeo 1 p 105
BRASIL Lei nordm 5764 de 16 de dezembro de 1971 Define a poliacutetica nacional do
cooperativismo institui o regime juriacutedico das sociedades cooperativas e daacute outras
providecircncias Diaacuterio Oficial [da] Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF Brasiacutelia
16 de dezembro de 1971
BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 870 de 1ordm de janeiro de 2019 Estabelece a
organizaccedilatildeo baacutesica dos oacutergatildeos da Presidecircncia da Repuacuteblica e dos Ministeacuterios Diaacuterio
Oficial [da] Repuacuteblica Federativa do Brasil Secretaacuteria-Geral Brasiacutelia DF 01 de
janeiro de 2019
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Zahar 1975
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Cooperativismotabid80Defaultaspxgt Acesso em 14 jun 2020
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desenvolvimento perifeacuterico dependente o caso brasileiro In LOUREIRO MR (Org)
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Contexto 2001
ZYLBERSZTAJN D Organizaccedilatildeo de cooperativas desafios e tendecircncias Revista de
Administraccedilatildeo v 29 n 3 p 23-32 1994
Produccedilatildeo cooperativas operaacuterias de produccedilatildeo ou cooperativas de
trabalhadores destinam-se agrave organizaccedilatildeo autocircnoma dos trabalhadores na produccedilatildeo
de determinados bens e serviccedilos e
Creacutedito Apresentam diversos subtipos especiacuteficos devido as peculiaridades
das regiotildees com ecircxito maior para as organizaccedilotildees dos chamados bancos populares
Para regulamentar esse modelo de sociedade surgiu a Alianccedila Cooperativa
Internacional (ACI) um organismo que tem como funccedilatildeo baacutesica preservar e defender
os princiacutepios das cooperativistas No Brasil o oacutergatildeo maacuteximo de representaccedilatildeo do
cooperativismo a Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Brasil (OCB) eacute uma entidade
que congrega as Cooperativas brasileiras de todos os ramos Nos estados existem as
Organizaccedilatildeo das Cooperativas do Estado (OCE) e segundo a OCB (2018a) essa
classificaccedilatildeo tem como objetivo organizar accedilotildees viabilizar a economia e conseguir a
competitividade no mercado tradicional
Com a as mudanccedilas de tecnologia e de gestatildeo do mercado seja em qual for
o ramo de atividade da empresa eacute imprescindiacutevel que as cooperativas demonstrem
eficaacutecia na gestatildeo administrativa para natildeo ficar em desvantagem em relaccedilatildeo agraves
demais empresas
O liacuteder cooperativista vem enfrentando modificaccedilotildees constantes no mercado
de trabalho devido principalmente aos avanccedilos tecnoloacutegicos Tradicionalmente o liacuteder
mais eficiente tinha que ser capaz de interpretar os desejos dos cooperados e
transformaacute-la em proposta O novo liacuteder tem que ser perspicaz para tomar a decisatildeo
de forma raacutepida para natildeo perder as oportunidades mas ao mesmo tempo sem ferir
os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo (BIALOSKORSKI NETO 2006)
O autor supracitado cita os princiacutepios democraacuteticos do cooperativismo na
conduccedilatildeo da lideranccedila Contudo natildeo se pode perder de vista que o cooperativismo
se constitui com a presenccedila do capitalismo em seu processo de desenvolvimento
sendo seu objetivo final como organizaccedilatildeo o capital
As cooperativas divergem das empresas mercantis apesar de ambas
concorrerem no mercado Segundo Zylbersztajn (1994) a essecircncia dos princiacutepios
cooperativos por vezes limita seu desenvolvimento O autor defende que elas devem
ser readequadas para que os empreendimentos possam competir em um mundo
globalizado e de constante transformaccedilotildees tecnoloacutegicas Ainda segundo o autor
alguns cuidados devem ser tomados para as cooperativas se manterem no mercado
e devido agrave concorrecircncia com as empresas mercantis a gestatildeo tem que ser cada vez
mais eficiente e enxuta havendo preocupaccedilatildeo com o ambiente e a profissionalizaccedilatildeo
das funccedilotildees
A gestatildeo nas empresas se realiza de diversas formas e na cooperativa a
autogestatildeo eacute uma dessas formas Para natildeo reproduzir a forma tradicional de gestatildeo
todos os envolvidos deveratildeo estar informados e compreenderem o processo
produtivo e de gestatildeo da cooperativa pois a ldquoa planificaccedilatildeo autogerida natildeo consiste
apenas em planejar diferentemente mas em planejar outra coisardquo e assim
mudanccedilas tem que ser implantadas (GUILLERM BOURDET 1975 p 36)
Na empresa tradicional Singer e Souza (2000 p 21) comentam que os
conhecimentos satildeo trazidos pelos teacutecnicos ou executivos e a competecircncia do negoacutecio
ldquo dependeraacute do processo de aprendizado que a operaccedilatildeo do novo empreendimento
oferece a todos os executivosrdquo Nas cooperativas esse conhecimento tem que ser
desenvolvido com accedilotildees implementadas para que todos colaborem para o
desenvolvimento e manutenccedilatildeo da empresa
Em cooperativas autogestionaacuterias a princiacutepio participam do processo de
gestatildeo e produccedilatildeo todos os associados sendo desnecessaacuteria qualquer figura de
controle e gerenciamento da produccedilatildeo na forma tradicional Ela passa a se
autorregular e deixam de existir os conflitos entre os trabalhadores e o proprietaacuterio As
informaccedilotildees e experiecircncias satildeo compartilhadas e natildeo existe concentraccedilatildeo de
informaccedilatildeo e sim democratizaccedilatildeo do conhecimento
Talvez o maior desafio das cooperativas seja conciliar e desenvolver os
princiacutepios da solidariedade aliado com a sua manutenccedilatildeo no mercado Para se
manter no mercado tem que ser competitiva mas sem reproduzir e seguir o modelo
tradicional Nas cooperativas a rotatividade funcional eacute uma estrateacutegia
implementada para a superaccedilatildeo da hierarquia entre trabalho intelectual e braccedilal e
alcanccedilar para os soacutecios-trabalhadores um conhecimento global do processo
produtivo (PEDRINI 2000 p 37)
O rodiacutezio tem sido utilizado nas cooperativas autogestionaacuterias para que os
cooperados percebam o seu valor nas atividades de gestatildeo e participem ativamente
do processo em todas as aacutereas do empreendimento Para que isso ocorra eacute
fundamental que os indiviacuteduos adquiram novos haacutebitos padrotildees e valores
respeitando novas interaccedilotildees sociais culturais e individuais existente em um grupo
que atua solidariamente (OLIVEIRA 2001) As mudanccedilas de comportamento fazem
com que passem a ter consciecircncia de pertencer a um grupo e de ser responsaacutevel por
ele e quando praticam a autogestatildeo para administrar sua cooperativa se sentem
valorizados (RUFINO 2000)
7 Cooperativa de Produccedilatildeo
A cooperativa do ldquoramo de produccedilatildeo aleacutem de transformar trabalhadores em
empreendedores unem o capital (posse dos bens de produccedilatildeo) agrave matildeo de obrardquo
Nessas cooperativas o dono produz e eacute o dono do negoacutecio Assim como em outros
ramos natildeo haacute a busca do lucro ldquomas a melhoria da qualidade do trabalho e a
remuneraccedilatildeo de todosrdquo (OCB 2018a)
De acordo com Singer (2002) na modalidade baacutesica da economia solidaacuteria
suas relaccedilotildees sociais de produccedilatildeo se caracterizam por negar o princiacutepio baacutesico
do capitalismo isto eacute a separaccedilatildeo entre o capital e a posse dos meios de
produccedilatildeo Nesta cooperativa a propriedade dos meios de produccedilatildeo eacute daqueles
que nela trabalham e natildeo haacute proprietaacuterios que natildeo trabalhem na empresa e todos
tecircm o mesmo poder de decisatildeo sobre a empresa solidaacuteria A administraccedilatildeo eacute
feita por soacutecios eleitos para esta funccedilatildeo e que se pautam em decisotildees aprovadas
em assembleias gerais ou por conselhos de delegados eleitos por todos os
soacutecios A finalidade de uma cooperativa de produccedilatildeo natildeo eacute maximizar lucros
mas a quantidade e qualidade de trabalho O excedente anual (chamado
sobras nas cooperativas) tem a destinaccedilatildeo decidida pelos trabalhadores O
capital natildeo eacute remunerado e portanto natildeo haacute lucro e o proacuteprios trabalhadores
(proprietaacuterios) decidem os rumos da cooperativa
O cooperativismo como uma alternativa organizacional pode contribuir para
sanar as limitaccedilotildees de um desenvolvimento calcado em um sistema econocircmico e de
produccedilatildeo capitalista Contudo eacute preciso estar ciente que as organizaccedilotildees
cooperativas concorrem em um mercado competitivo necessitando manter-se com
qualidade de produccedilatildeo e competitiva frente ao mercado
8 Cooperativa de Trabalho
Para OCB (2018b p1) o ldquocooperativismo de trabalho eacute o caminho para
profissionais de perfil empreendedor e colaborativo Especialmente quando percebem
que se unindo a outros profissionais da mesma categoria eles seratildeo muito mais
fortesrdquo Comenta ainda que ldquoesse eacute um ramo bastante abrangente jaacute que as
cooperativas podem atuar em todos os segmentos de atividades econocircmicas
reunindo profissionais para melhorar a remuneraccedilatildeo e as condiccedilotildees de trabalhordquo
Segundo Arauacutejo e Moreira (2001 p79) ldquoas cooperativas de trabalho nascem
do desejo de associaccedilatildeo de um grupo de pessoas em viabilizar uma atividade
produtiva e com isso garantir sua sobrevivecircnciardquo destacando-se pela sua importacircncia
em facilitar o acesso econocircmico e a participaccedilatildeo do mercado
Poreacutem eacute sempre necessaacuterio lembrar que o sucesso de uma cooperativa deve
estar relacionado aos anseios de consumidor Caso contraacuterio a cooperativa natildeo iraacute
prosperar Pereira (2001) comenta que as cooperativas satildeo alternativas para as
pessoas que natildeo possuem emprego assalariado e podem representar uma opccedilatildeo ao
desemprego para os trabalhadores podendo ateacute contribuir para incrementar o niacutevel
geral de emprego Elas surgem como um lugar de promoccedilatildeo do trabalhador com
responsabilidade em todo o processo diferente da empresa privada onde existe os
benefiacutecios de uma atividade sem responsabilidade de sua manutenccedilatildeo da
organizaccedilatildeo no mercado tendo em vista que natildeo eacute ele que toma as decisotildees
Para Furquim (2001 p 23) o cooperativismo ldquoeacute o instrumento mais perfeito
de organizaccedilatildeo da sociedade por ser um sistema de organizaccedilatildeo social e econocircmico
cujo objetivo natildeo eacute o conjunto de pessoas mas o indiviacuteduo atraveacutes do conjunto das
pessoasrdquo uma forma organizativa alternativa uma vez que oferece benefiacutecios agravequeles
que optam pelo trabalho cooperativo
9 Consideraccedilotildees Finais
O conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo eacute
primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas
pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de
inclusatildeo social que permite aos associados concorrer no mercado com as grandes
corporaccedilotildees trazendo benefiacutecios para toda a coletividade envolvida
Referecircncias
ABREU MABA O cooperativismo de creacutedito e as soluccedilotildees financeiras para os
pequenos negoacutecios In SANTOS CA (Coord) Pequenos negoacutecios desafios e
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Petroacutepolis 2002 Disponiacutevel em lthttpscooperativismodecreditocoopbr
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Acesso em 10 mai 2018
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trabalho Satildeo Paulo Boitempo 2009
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Associaccedilatildeo de Trabalho novas formas de participaccedilatildeo Organizaccedilotildees amp Sociedade
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BIALOSKORSKI NETO S Aspectos Econocircmicos das Cooperativas Belo Horizonte
Mandamentos 2006
BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 Diaacuterio Oficial (da)
Repuacuteblica Federativa do Brasil Casa Civil Brasiacutelia 05 de outubro de 1988
BRASIL Decreto-Lei nordm 59 de 21 de novembro de 1966 Define a poliacutetica nacional de
cooperativismo cria o Conselho Nacional do Cooperativismo e daacute outras providecircncias
Diaacuterio Oficial (da) Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF 22 de novembro de
1966 Seccedilatildeo 1 p 13499 Publicaccedilatildeo Original
BRASIL Decreto nordm 979 de 06 de janeiro de 1903 Faculta aos profissionaes da
agricultura e industrias rurais a organizaccedilatildeo de syndicatos para defesa de seus
interesses Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 08 de janeiro de 1903 Seccedilatildeo
1 p 138 Publicaccedilatildeo Original
BRASIL Decreto nordm 1637 de 05 de janeiro de 1907 Crea syndicatos profissionaes e
sociedades cooperativas Diacuteaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 05 de janeiro
de 1907 p 251 Publicaccedilatildeo Original
BRASIL Decreto nordm 17339 de 02 de junho de 1926 Approva o regulamento
destinado a reger a fiscalizaccedilatildeo gratuita da organizaccedilatildeo e funccionamento das Caixas
Raiffeisen e bancos Luzzatti Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 10 de junho
de 1926 Seccedilatildeo 1 p 11747 Publicaccedilatildeo Original
BRASIL Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 Reforma as disposiccedilotildees do
decreto legislativo nordm 1637 de 5 de janeiro de 1907 na parte referente aacutes sociedades
cooperativas Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 23 de dezembro de 1932
Seccedilatildeo 1 p 23386 Publicaccedilatildeo Original
BRASIL Decreto nordm 60597 de 19 de abril de 1967 Regulamenta o Decreto-lei nordm 59
de 21 de novembro de 1966 Diaacuterio Oficial (da) Repuacuteblica Federativa do Brasil
Brasiacutelia DF 24 de abril de 1967 Seccedilatildeo 1 p 4587 Publicaccedilatildeo Original
BRASIL Lei nordm 4984 de 31 de dezembro de 1925 Orccedila a Receita Geral da Repuacuteblica
dos Estados Unidos do Brasil para o exerciacutecio de 1926 Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio
de Janeiro RJ 01 de janeiro de 1925 Seccedilatildeo 1 p 105
BRASIL Lei nordm 5764 de 16 de dezembro de 1971 Define a poliacutetica nacional do
cooperativismo institui o regime juriacutedico das sociedades cooperativas e daacute outras
providecircncias Diaacuterio Oficial [da] Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF Brasiacutelia
16 de dezembro de 1971
BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 870 de 1ordm de janeiro de 2019 Estabelece a
organizaccedilatildeo baacutesica dos oacutergatildeos da Presidecircncia da Repuacuteblica e dos Ministeacuterios Diaacuterio
Oficial [da] Repuacuteblica Federativa do Brasil Secretaacuteria-Geral Brasiacutelia DF 01 de
janeiro de 2019
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mais eficiente e enxuta havendo preocupaccedilatildeo com o ambiente e a profissionalizaccedilatildeo
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produtivo e de gestatildeo da cooperativa pois a ldquoa planificaccedilatildeo autogerida natildeo consiste
apenas em planejar diferentemente mas em planejar outra coisardquo e assim
mudanccedilas tem que ser implantadas (GUILLERM BOURDET 1975 p 36)
Na empresa tradicional Singer e Souza (2000 p 21) comentam que os
conhecimentos satildeo trazidos pelos teacutecnicos ou executivos e a competecircncia do negoacutecio
ldquo dependeraacute do processo de aprendizado que a operaccedilatildeo do novo empreendimento
oferece a todos os executivosrdquo Nas cooperativas esse conhecimento tem que ser
desenvolvido com accedilotildees implementadas para que todos colaborem para o
desenvolvimento e manutenccedilatildeo da empresa
Em cooperativas autogestionaacuterias a princiacutepio participam do processo de
gestatildeo e produccedilatildeo todos os associados sendo desnecessaacuteria qualquer figura de
controle e gerenciamento da produccedilatildeo na forma tradicional Ela passa a se
autorregular e deixam de existir os conflitos entre os trabalhadores e o proprietaacuterio As
informaccedilotildees e experiecircncias satildeo compartilhadas e natildeo existe concentraccedilatildeo de
informaccedilatildeo e sim democratizaccedilatildeo do conhecimento
Talvez o maior desafio das cooperativas seja conciliar e desenvolver os
princiacutepios da solidariedade aliado com a sua manutenccedilatildeo no mercado Para se
manter no mercado tem que ser competitiva mas sem reproduzir e seguir o modelo
tradicional Nas cooperativas a rotatividade funcional eacute uma estrateacutegia
implementada para a superaccedilatildeo da hierarquia entre trabalho intelectual e braccedilal e
alcanccedilar para os soacutecios-trabalhadores um conhecimento global do processo
produtivo (PEDRINI 2000 p 37)
O rodiacutezio tem sido utilizado nas cooperativas autogestionaacuterias para que os
cooperados percebam o seu valor nas atividades de gestatildeo e participem ativamente
do processo em todas as aacutereas do empreendimento Para que isso ocorra eacute
fundamental que os indiviacuteduos adquiram novos haacutebitos padrotildees e valores
respeitando novas interaccedilotildees sociais culturais e individuais existente em um grupo
que atua solidariamente (OLIVEIRA 2001) As mudanccedilas de comportamento fazem
com que passem a ter consciecircncia de pertencer a um grupo e de ser responsaacutevel por
ele e quando praticam a autogestatildeo para administrar sua cooperativa se sentem
valorizados (RUFINO 2000)
7 Cooperativa de Produccedilatildeo
A cooperativa do ldquoramo de produccedilatildeo aleacutem de transformar trabalhadores em
empreendedores unem o capital (posse dos bens de produccedilatildeo) agrave matildeo de obrardquo
Nessas cooperativas o dono produz e eacute o dono do negoacutecio Assim como em outros
ramos natildeo haacute a busca do lucro ldquomas a melhoria da qualidade do trabalho e a
remuneraccedilatildeo de todosrdquo (OCB 2018a)
De acordo com Singer (2002) na modalidade baacutesica da economia solidaacuteria
suas relaccedilotildees sociais de produccedilatildeo se caracterizam por negar o princiacutepio baacutesico
do capitalismo isto eacute a separaccedilatildeo entre o capital e a posse dos meios de
produccedilatildeo Nesta cooperativa a propriedade dos meios de produccedilatildeo eacute daqueles
que nela trabalham e natildeo haacute proprietaacuterios que natildeo trabalhem na empresa e todos
tecircm o mesmo poder de decisatildeo sobre a empresa solidaacuteria A administraccedilatildeo eacute
feita por soacutecios eleitos para esta funccedilatildeo e que se pautam em decisotildees aprovadas
em assembleias gerais ou por conselhos de delegados eleitos por todos os
soacutecios A finalidade de uma cooperativa de produccedilatildeo natildeo eacute maximizar lucros
mas a quantidade e qualidade de trabalho O excedente anual (chamado
sobras nas cooperativas) tem a destinaccedilatildeo decidida pelos trabalhadores O
capital natildeo eacute remunerado e portanto natildeo haacute lucro e o proacuteprios trabalhadores
(proprietaacuterios) decidem os rumos da cooperativa
O cooperativismo como uma alternativa organizacional pode contribuir para
sanar as limitaccedilotildees de um desenvolvimento calcado em um sistema econocircmico e de
produccedilatildeo capitalista Contudo eacute preciso estar ciente que as organizaccedilotildees
cooperativas concorrem em um mercado competitivo necessitando manter-se com
qualidade de produccedilatildeo e competitiva frente ao mercado
8 Cooperativa de Trabalho
Para OCB (2018b p1) o ldquocooperativismo de trabalho eacute o caminho para
profissionais de perfil empreendedor e colaborativo Especialmente quando percebem
que se unindo a outros profissionais da mesma categoria eles seratildeo muito mais
fortesrdquo Comenta ainda que ldquoesse eacute um ramo bastante abrangente jaacute que as
cooperativas podem atuar em todos os segmentos de atividades econocircmicas
reunindo profissionais para melhorar a remuneraccedilatildeo e as condiccedilotildees de trabalhordquo
Segundo Arauacutejo e Moreira (2001 p79) ldquoas cooperativas de trabalho nascem
do desejo de associaccedilatildeo de um grupo de pessoas em viabilizar uma atividade
produtiva e com isso garantir sua sobrevivecircnciardquo destacando-se pela sua importacircncia
em facilitar o acesso econocircmico e a participaccedilatildeo do mercado
Poreacutem eacute sempre necessaacuterio lembrar que o sucesso de uma cooperativa deve
estar relacionado aos anseios de consumidor Caso contraacuterio a cooperativa natildeo iraacute
prosperar Pereira (2001) comenta que as cooperativas satildeo alternativas para as
pessoas que natildeo possuem emprego assalariado e podem representar uma opccedilatildeo ao
desemprego para os trabalhadores podendo ateacute contribuir para incrementar o niacutevel
geral de emprego Elas surgem como um lugar de promoccedilatildeo do trabalhador com
responsabilidade em todo o processo diferente da empresa privada onde existe os
benefiacutecios de uma atividade sem responsabilidade de sua manutenccedilatildeo da
organizaccedilatildeo no mercado tendo em vista que natildeo eacute ele que toma as decisotildees
Para Furquim (2001 p 23) o cooperativismo ldquoeacute o instrumento mais perfeito
de organizaccedilatildeo da sociedade por ser um sistema de organizaccedilatildeo social e econocircmico
cujo objetivo natildeo eacute o conjunto de pessoas mas o indiviacuteduo atraveacutes do conjunto das
pessoasrdquo uma forma organizativa alternativa uma vez que oferece benefiacutecios agravequeles
que optam pelo trabalho cooperativo
9 Consideraccedilotildees Finais
O conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo eacute
primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas
pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de
inclusatildeo social que permite aos associados concorrer no mercado com as grandes
corporaccedilotildees trazendo benefiacutecios para toda a coletividade envolvida
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Mandamentos 2006
BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 Diaacuterio Oficial (da)
Repuacuteblica Federativa do Brasil Casa Civil Brasiacutelia 05 de outubro de 1988
BRASIL Decreto-Lei nordm 59 de 21 de novembro de 1966 Define a poliacutetica nacional de
cooperativismo cria o Conselho Nacional do Cooperativismo e daacute outras providecircncias
Diaacuterio Oficial (da) Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF 22 de novembro de
1966 Seccedilatildeo 1 p 13499 Publicaccedilatildeo Original
BRASIL Decreto nordm 979 de 06 de janeiro de 1903 Faculta aos profissionaes da
agricultura e industrias rurais a organizaccedilatildeo de syndicatos para defesa de seus
interesses Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 08 de janeiro de 1903 Seccedilatildeo
1 p 138 Publicaccedilatildeo Original
BRASIL Decreto nordm 1637 de 05 de janeiro de 1907 Crea syndicatos profissionaes e
sociedades cooperativas Diacuteaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 05 de janeiro
de 1907 p 251 Publicaccedilatildeo Original
BRASIL Decreto nordm 17339 de 02 de junho de 1926 Approva o regulamento
destinado a reger a fiscalizaccedilatildeo gratuita da organizaccedilatildeo e funccionamento das Caixas
Raiffeisen e bancos Luzzatti Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 10 de junho
de 1926 Seccedilatildeo 1 p 11747 Publicaccedilatildeo Original
BRASIL Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 Reforma as disposiccedilotildees do
decreto legislativo nordm 1637 de 5 de janeiro de 1907 na parte referente aacutes sociedades
cooperativas Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 23 de dezembro de 1932
Seccedilatildeo 1 p 23386 Publicaccedilatildeo Original
BRASIL Decreto nordm 60597 de 19 de abril de 1967 Regulamenta o Decreto-lei nordm 59
de 21 de novembro de 1966 Diaacuterio Oficial (da) Repuacuteblica Federativa do Brasil
Brasiacutelia DF 24 de abril de 1967 Seccedilatildeo 1 p 4587 Publicaccedilatildeo Original
BRASIL Lei nordm 4984 de 31 de dezembro de 1925 Orccedila a Receita Geral da Repuacuteblica
dos Estados Unidos do Brasil para o exerciacutecio de 1926 Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio
de Janeiro RJ 01 de janeiro de 1925 Seccedilatildeo 1 p 105
BRASIL Lei nordm 5764 de 16 de dezembro de 1971 Define a poliacutetica nacional do
cooperativismo institui o regime juriacutedico das sociedades cooperativas e daacute outras
providecircncias Diaacuterio Oficial [da] Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF Brasiacutelia
16 de dezembro de 1971
BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 870 de 1ordm de janeiro de 2019 Estabelece a
organizaccedilatildeo baacutesica dos oacutergatildeos da Presidecircncia da Repuacuteblica e dos Ministeacuterios Diaacuterio
Oficial [da] Repuacuteblica Federativa do Brasil Secretaacuteria-Geral Brasiacutelia DF 01 de
janeiro de 2019
CASTEL R As metamorfoses da questatildeo social uma crocircnica do salaacuterio Petroacutepolis
Vozes 1998
DAL ROSSO S (Org) Trabalho na Capital Brasiacutelia Ministeacuterio do Trabalho e
Emprego 2011
ENGELS F Do Socialismo Utoacutepico ao Socialismo Cientiacutefico Satildeo Paulo Global 1980
FURQUIM M C A A cooperativa como alternativa de trabalho Satildeo Paulo LTR
2001
GUILLERM A BOURDET Y Autogestatildeo uma mudanccedila radical Rio de Janeiro
Zahar 1975
LEITE MP POSTUMA A C Reestruturaccedilatildeo produtiva e qualificaccedilatildeo reflexotildees
sobre a experiecircncia brasileira Satildeo Paulo em Perspectiva v 10 n 1 p 63-76 1996
MORAES NETO B R Marx Taylor Ford as forccedilas produtivas em discussatildeo Satildeo
Paulo Brasiliense 1991
OCB Organizaccedilatildeo das Cooperativas Brasileiras Desenvolvimento de
CooperativasRamos do Cooperativismo Brasiacutelia 2018a Disponiacutevel
emlthttpwwwbrasilcooperativocombrDesenvolvimentodeCooperativasRamosdo
Cooperativismotabid80Defaultaspxgt Acesso em 14 jun 2020
OCB Organizaccedilatildeo das Cooperativas Brasileiras Empreendedorismo Coletivo
Brasiacutelia 2018b Disponiacutevel em lthttpswwwsomoscooperativismo coopbrramo-
trabalhogt Acesso em 14 jun 2020
OLIVEIRA PS (Org) O luacutedico na cultura solidaacuteria Satildeo Paulo Hucitec 2001
PEDRINI DM Bruscor uma experiecircncia que aponta caminhos In
SINGER P SOUZA A (Org) A economia solidaacuteria no Brasil a autogestatildeo como
resposta ao desemprego Satildeo Paulo Contexto 2000 p31-48
PEREIRA A F Cooperativas mudanccedilas oportunidades e desafios Brasiacutelia Estaccedilatildeo
Graacutefica para OIT 2001
PERROT M Os problemas da matildeo de obra industrial In PIMENTEL D et al (Org)
Sociologia do trabalho organizaccedilatildeo do trabalho industrial Lisboa Ediccedilotildees A Regra
do Jogo 1985 p 15-56
RUFINO S A gestatildeo em empresas autogestionaacuterias dilemas e desafios In
SIMPOacuteSIO DE ENGENHARIA DE PRODUCcedilAtildeO 8 2000 Bauru Anais Bauru
UNESP 2000
SCHNEIDER JE O cooperativismo agriacutecola na dinacircmica social do
desenvolvimento perifeacuterico dependente o caso brasileiro In LOUREIRO MR (Org)
Cooperativas agriacutecolas e capitalismo no Brasil Satildeo Paulo Cortez 1981 p11-40
SINGER P A recente ressurreiccedilatildeo da economia solidaacuteria no Brasil In SANTOS B
S (Org) Produzir para viver os caminhos da produccedilatildeo capitalista Rio de Janeiro
Civilizaccedilatildeo Brasileira 2002 p81-129
SINGER P SOUZA A R (Orgs) A economia solidaacuteria no Brasil a autogestatildeo como
resposta ao desemprego Satildeo Paulo Contexto 2000
SINGER P A Globalizaccedilatildeo e desemprego diagnoacutestico e alternativas 5ed Satildeo Paulo
Contexto 2001
ZYLBERSZTAJN D Organizaccedilatildeo de cooperativas desafios e tendecircncias Revista de
Administraccedilatildeo v 29 n 3 p 23-32 1994
ele e quando praticam a autogestatildeo para administrar sua cooperativa se sentem
valorizados (RUFINO 2000)
7 Cooperativa de Produccedilatildeo
A cooperativa do ldquoramo de produccedilatildeo aleacutem de transformar trabalhadores em
empreendedores unem o capital (posse dos bens de produccedilatildeo) agrave matildeo de obrardquo
Nessas cooperativas o dono produz e eacute o dono do negoacutecio Assim como em outros
ramos natildeo haacute a busca do lucro ldquomas a melhoria da qualidade do trabalho e a
remuneraccedilatildeo de todosrdquo (OCB 2018a)
De acordo com Singer (2002) na modalidade baacutesica da economia solidaacuteria
suas relaccedilotildees sociais de produccedilatildeo se caracterizam por negar o princiacutepio baacutesico
do capitalismo isto eacute a separaccedilatildeo entre o capital e a posse dos meios de
produccedilatildeo Nesta cooperativa a propriedade dos meios de produccedilatildeo eacute daqueles
que nela trabalham e natildeo haacute proprietaacuterios que natildeo trabalhem na empresa e todos
tecircm o mesmo poder de decisatildeo sobre a empresa solidaacuteria A administraccedilatildeo eacute
feita por soacutecios eleitos para esta funccedilatildeo e que se pautam em decisotildees aprovadas
em assembleias gerais ou por conselhos de delegados eleitos por todos os
soacutecios A finalidade de uma cooperativa de produccedilatildeo natildeo eacute maximizar lucros
mas a quantidade e qualidade de trabalho O excedente anual (chamado
sobras nas cooperativas) tem a destinaccedilatildeo decidida pelos trabalhadores O
capital natildeo eacute remunerado e portanto natildeo haacute lucro e o proacuteprios trabalhadores
(proprietaacuterios) decidem os rumos da cooperativa
O cooperativismo como uma alternativa organizacional pode contribuir para
sanar as limitaccedilotildees de um desenvolvimento calcado em um sistema econocircmico e de
produccedilatildeo capitalista Contudo eacute preciso estar ciente que as organizaccedilotildees
cooperativas concorrem em um mercado competitivo necessitando manter-se com
qualidade de produccedilatildeo e competitiva frente ao mercado
8 Cooperativa de Trabalho
Para OCB (2018b p1) o ldquocooperativismo de trabalho eacute o caminho para
profissionais de perfil empreendedor e colaborativo Especialmente quando percebem
que se unindo a outros profissionais da mesma categoria eles seratildeo muito mais
fortesrdquo Comenta ainda que ldquoesse eacute um ramo bastante abrangente jaacute que as
cooperativas podem atuar em todos os segmentos de atividades econocircmicas
reunindo profissionais para melhorar a remuneraccedilatildeo e as condiccedilotildees de trabalhordquo
Segundo Arauacutejo e Moreira (2001 p79) ldquoas cooperativas de trabalho nascem
do desejo de associaccedilatildeo de um grupo de pessoas em viabilizar uma atividade
produtiva e com isso garantir sua sobrevivecircnciardquo destacando-se pela sua importacircncia
em facilitar o acesso econocircmico e a participaccedilatildeo do mercado
Poreacutem eacute sempre necessaacuterio lembrar que o sucesso de uma cooperativa deve
estar relacionado aos anseios de consumidor Caso contraacuterio a cooperativa natildeo iraacute
prosperar Pereira (2001) comenta que as cooperativas satildeo alternativas para as
pessoas que natildeo possuem emprego assalariado e podem representar uma opccedilatildeo ao
desemprego para os trabalhadores podendo ateacute contribuir para incrementar o niacutevel
geral de emprego Elas surgem como um lugar de promoccedilatildeo do trabalhador com
responsabilidade em todo o processo diferente da empresa privada onde existe os
benefiacutecios de uma atividade sem responsabilidade de sua manutenccedilatildeo da
organizaccedilatildeo no mercado tendo em vista que natildeo eacute ele que toma as decisotildees
Para Furquim (2001 p 23) o cooperativismo ldquoeacute o instrumento mais perfeito
de organizaccedilatildeo da sociedade por ser um sistema de organizaccedilatildeo social e econocircmico
cujo objetivo natildeo eacute o conjunto de pessoas mas o indiviacuteduo atraveacutes do conjunto das
pessoasrdquo uma forma organizativa alternativa uma vez que oferece benefiacutecios agravequeles
que optam pelo trabalho cooperativo
9 Consideraccedilotildees Finais
O conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo eacute
primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas
pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de
inclusatildeo social que permite aos associados concorrer no mercado com as grandes
corporaccedilotildees trazendo benefiacutecios para toda a coletividade envolvida
Referecircncias
ABREU MABA O cooperativismo de creacutedito e as soluccedilotildees financeiras para os
pequenos negoacutecios In SANTOS CA (Coord) Pequenos negoacutecios desafios e
perspectivas serviccedilos financeiros Brasiacutelia Sebrae 2013 p187-200
ACI Alianccedila Cooperativa Internacional Os 7 princiacutepios do cooperativismo Nova
Petroacutepolis 2002 Disponiacutevel em lthttpscooperativismodecreditocoopbr
cooperativismohistoria-do-cooperativismoos-7-principios-do-cooperativismogt
Acesso em 10 mai 2018
AMATO NETO J RUFINO S Cooperativas de trabalho uma soluccedilatildeo para a
qualificaccedilatildeo da matildeo-de-obra na construccedilatildeo civil In CONGRESSO DE TECNOLOGIA
2 2000 Satildeo Paulo Anais Satildeo Paulo FATEC 2000
ANTUNES RLC Adeus ao trabalho Ensaio sobre as metamorfoses e a
centralidade do mundo do trabalho Satildeo Paulo Cortecircs 1998
ANTUNES RLC Os sentidos do trabalho ensaio sobre a afirmaccedilatildeo e a negaccedilatildeo do
trabalho Satildeo Paulo Boitempo 2009
ARAUacuteJO MAD MOREIRA CAL Gerenciamento das pessoas em uma
Associaccedilatildeo de Trabalho novas formas de participaccedilatildeo Organizaccedilotildees amp Sociedade
v8 n 22 p 75-90 2001
BIALOSKORSKI NETO S Aspectos Econocircmicos das Cooperativas Belo Horizonte
Mandamentos 2006
BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 Diaacuterio Oficial (da)
Repuacuteblica Federativa do Brasil Casa Civil Brasiacutelia 05 de outubro de 1988
BRASIL Decreto-Lei nordm 59 de 21 de novembro de 1966 Define a poliacutetica nacional de
cooperativismo cria o Conselho Nacional do Cooperativismo e daacute outras providecircncias
Diaacuterio Oficial (da) Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF 22 de novembro de
1966 Seccedilatildeo 1 p 13499 Publicaccedilatildeo Original
BRASIL Decreto nordm 979 de 06 de janeiro de 1903 Faculta aos profissionaes da
agricultura e industrias rurais a organizaccedilatildeo de syndicatos para defesa de seus
interesses Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 08 de janeiro de 1903 Seccedilatildeo
1 p 138 Publicaccedilatildeo Original
BRASIL Decreto nordm 1637 de 05 de janeiro de 1907 Crea syndicatos profissionaes e
sociedades cooperativas Diacuteaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 05 de janeiro
de 1907 p 251 Publicaccedilatildeo Original
BRASIL Decreto nordm 17339 de 02 de junho de 1926 Approva o regulamento
destinado a reger a fiscalizaccedilatildeo gratuita da organizaccedilatildeo e funccionamento das Caixas
Raiffeisen e bancos Luzzatti Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 10 de junho
de 1926 Seccedilatildeo 1 p 11747 Publicaccedilatildeo Original
BRASIL Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 Reforma as disposiccedilotildees do
decreto legislativo nordm 1637 de 5 de janeiro de 1907 na parte referente aacutes sociedades
cooperativas Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 23 de dezembro de 1932
Seccedilatildeo 1 p 23386 Publicaccedilatildeo Original
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de 21 de novembro de 1966 Diaacuterio Oficial (da) Repuacuteblica Federativa do Brasil
Brasiacutelia DF 24 de abril de 1967 Seccedilatildeo 1 p 4587 Publicaccedilatildeo Original
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dos Estados Unidos do Brasil para o exerciacutecio de 1926 Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio
de Janeiro RJ 01 de janeiro de 1925 Seccedilatildeo 1 p 105
BRASIL Lei nordm 5764 de 16 de dezembro de 1971 Define a poliacutetica nacional do
cooperativismo institui o regime juriacutedico das sociedades cooperativas e daacute outras
providecircncias Diaacuterio Oficial [da] Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF Brasiacutelia
16 de dezembro de 1971
BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 870 de 1ordm de janeiro de 2019 Estabelece a
organizaccedilatildeo baacutesica dos oacutergatildeos da Presidecircncia da Repuacuteblica e dos Ministeacuterios Diaacuterio
Oficial [da] Repuacuteblica Federativa do Brasil Secretaacuteria-Geral Brasiacutelia DF 01 de
janeiro de 2019
CASTEL R As metamorfoses da questatildeo social uma crocircnica do salaacuterio Petroacutepolis
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Emprego 2011
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2001
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Zahar 1975
LEITE MP POSTUMA A C Reestruturaccedilatildeo produtiva e qualificaccedilatildeo reflexotildees
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Paulo Brasiliense 1991
OCB Organizaccedilatildeo das Cooperativas Brasileiras Desenvolvimento de
CooperativasRamos do Cooperativismo Brasiacutelia 2018a Disponiacutevel
emlthttpwwwbrasilcooperativocombrDesenvolvimentodeCooperativasRamosdo
Cooperativismotabid80Defaultaspxgt Acesso em 14 jun 2020
OCB Organizaccedilatildeo das Cooperativas Brasileiras Empreendedorismo Coletivo
Brasiacutelia 2018b Disponiacutevel em lthttpswwwsomoscooperativismo coopbrramo-
trabalhogt Acesso em 14 jun 2020
OLIVEIRA PS (Org) O luacutedico na cultura solidaacuteria Satildeo Paulo Hucitec 2001
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SINGER P SOUZA A (Org) A economia solidaacuteria no Brasil a autogestatildeo como
resposta ao desemprego Satildeo Paulo Contexto 2000 p31-48
PEREIRA A F Cooperativas mudanccedilas oportunidades e desafios Brasiacutelia Estaccedilatildeo
Graacutefica para OIT 2001
PERROT M Os problemas da matildeo de obra industrial In PIMENTEL D et al (Org)
Sociologia do trabalho organizaccedilatildeo do trabalho industrial Lisboa Ediccedilotildees A Regra
do Jogo 1985 p 15-56
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SIMPOacuteSIO DE ENGENHARIA DE PRODUCcedilAtildeO 8 2000 Bauru Anais Bauru
UNESP 2000
SCHNEIDER JE O cooperativismo agriacutecola na dinacircmica social do
desenvolvimento perifeacuterico dependente o caso brasileiro In LOUREIRO MR (Org)
Cooperativas agriacutecolas e capitalismo no Brasil Satildeo Paulo Cortez 1981 p11-40
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S (Org) Produzir para viver os caminhos da produccedilatildeo capitalista Rio de Janeiro
Civilizaccedilatildeo Brasileira 2002 p81-129
SINGER P SOUZA A R (Orgs) A economia solidaacuteria no Brasil a autogestatildeo como
resposta ao desemprego Satildeo Paulo Contexto 2000
SINGER P A Globalizaccedilatildeo e desemprego diagnoacutestico e alternativas 5ed Satildeo Paulo
Contexto 2001
ZYLBERSZTAJN D Organizaccedilatildeo de cooperativas desafios e tendecircncias Revista de
Administraccedilatildeo v 29 n 3 p 23-32 1994
7 Cooperativa de Produccedilatildeo
A cooperativa do ldquoramo de produccedilatildeo aleacutem de transformar trabalhadores em
empreendedores unem o capital (posse dos bens de produccedilatildeo) agrave matildeo de obrardquo
Nessas cooperativas o dono produz e eacute o dono do negoacutecio Assim como em outros
ramos natildeo haacute a busca do lucro ldquomas a melhoria da qualidade do trabalho e a
remuneraccedilatildeo de todosrdquo (OCB 2018a)
De acordo com Singer (2002) na modalidade baacutesica da economia solidaacuteria
suas relaccedilotildees sociais de produccedilatildeo se caracterizam por negar o princiacutepio baacutesico
do capitalismo isto eacute a separaccedilatildeo entre o capital e a posse dos meios de
produccedilatildeo Nesta cooperativa a propriedade dos meios de produccedilatildeo eacute daqueles
que nela trabalham e natildeo haacute proprietaacuterios que natildeo trabalhem na empresa e todos
tecircm o mesmo poder de decisatildeo sobre a empresa solidaacuteria A administraccedilatildeo eacute
feita por soacutecios eleitos para esta funccedilatildeo e que se pautam em decisotildees aprovadas
em assembleias gerais ou por conselhos de delegados eleitos por todos os
soacutecios A finalidade de uma cooperativa de produccedilatildeo natildeo eacute maximizar lucros
mas a quantidade e qualidade de trabalho O excedente anual (chamado
sobras nas cooperativas) tem a destinaccedilatildeo decidida pelos trabalhadores O
capital natildeo eacute remunerado e portanto natildeo haacute lucro e o proacuteprios trabalhadores
(proprietaacuterios) decidem os rumos da cooperativa
O cooperativismo como uma alternativa organizacional pode contribuir para
sanar as limitaccedilotildees de um desenvolvimento calcado em um sistema econocircmico e de
produccedilatildeo capitalista Contudo eacute preciso estar ciente que as organizaccedilotildees
cooperativas concorrem em um mercado competitivo necessitando manter-se com
qualidade de produccedilatildeo e competitiva frente ao mercado
8 Cooperativa de Trabalho
Para OCB (2018b p1) o ldquocooperativismo de trabalho eacute o caminho para
profissionais de perfil empreendedor e colaborativo Especialmente quando percebem
que se unindo a outros profissionais da mesma categoria eles seratildeo muito mais
fortesrdquo Comenta ainda que ldquoesse eacute um ramo bastante abrangente jaacute que as
cooperativas podem atuar em todos os segmentos de atividades econocircmicas
reunindo profissionais para melhorar a remuneraccedilatildeo e as condiccedilotildees de trabalhordquo
Segundo Arauacutejo e Moreira (2001 p79) ldquoas cooperativas de trabalho nascem
do desejo de associaccedilatildeo de um grupo de pessoas em viabilizar uma atividade
produtiva e com isso garantir sua sobrevivecircnciardquo destacando-se pela sua importacircncia
em facilitar o acesso econocircmico e a participaccedilatildeo do mercado
Poreacutem eacute sempre necessaacuterio lembrar que o sucesso de uma cooperativa deve
estar relacionado aos anseios de consumidor Caso contraacuterio a cooperativa natildeo iraacute
prosperar Pereira (2001) comenta que as cooperativas satildeo alternativas para as
pessoas que natildeo possuem emprego assalariado e podem representar uma opccedilatildeo ao
desemprego para os trabalhadores podendo ateacute contribuir para incrementar o niacutevel
geral de emprego Elas surgem como um lugar de promoccedilatildeo do trabalhador com
responsabilidade em todo o processo diferente da empresa privada onde existe os
benefiacutecios de uma atividade sem responsabilidade de sua manutenccedilatildeo da
organizaccedilatildeo no mercado tendo em vista que natildeo eacute ele que toma as decisotildees
Para Furquim (2001 p 23) o cooperativismo ldquoeacute o instrumento mais perfeito
de organizaccedilatildeo da sociedade por ser um sistema de organizaccedilatildeo social e econocircmico
cujo objetivo natildeo eacute o conjunto de pessoas mas o indiviacuteduo atraveacutes do conjunto das
pessoasrdquo uma forma organizativa alternativa uma vez que oferece benefiacutecios agravequeles
que optam pelo trabalho cooperativo
9 Consideraccedilotildees Finais
O conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo eacute
primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas
pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de
inclusatildeo social que permite aos associados concorrer no mercado com as grandes
corporaccedilotildees trazendo benefiacutecios para toda a coletividade envolvida
Referecircncias
ABREU MABA O cooperativismo de creacutedito e as soluccedilotildees financeiras para os
pequenos negoacutecios In SANTOS CA (Coord) Pequenos negoacutecios desafios e
perspectivas serviccedilos financeiros Brasiacutelia Sebrae 2013 p187-200
ACI Alianccedila Cooperativa Internacional Os 7 princiacutepios do cooperativismo Nova
Petroacutepolis 2002 Disponiacutevel em lthttpscooperativismodecreditocoopbr
cooperativismohistoria-do-cooperativismoos-7-principios-do-cooperativismogt
Acesso em 10 mai 2018
AMATO NETO J RUFINO S Cooperativas de trabalho uma soluccedilatildeo para a
qualificaccedilatildeo da matildeo-de-obra na construccedilatildeo civil In CONGRESSO DE TECNOLOGIA
2 2000 Satildeo Paulo Anais Satildeo Paulo FATEC 2000
ANTUNES RLC Adeus ao trabalho Ensaio sobre as metamorfoses e a
centralidade do mundo do trabalho Satildeo Paulo Cortecircs 1998
ANTUNES RLC Os sentidos do trabalho ensaio sobre a afirmaccedilatildeo e a negaccedilatildeo do
trabalho Satildeo Paulo Boitempo 2009
ARAUacuteJO MAD MOREIRA CAL Gerenciamento das pessoas em uma
Associaccedilatildeo de Trabalho novas formas de participaccedilatildeo Organizaccedilotildees amp Sociedade
v8 n 22 p 75-90 2001
BIALOSKORSKI NETO S Aspectos Econocircmicos das Cooperativas Belo Horizonte
Mandamentos 2006
BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 Diaacuterio Oficial (da)
Repuacuteblica Federativa do Brasil Casa Civil Brasiacutelia 05 de outubro de 1988
BRASIL Decreto-Lei nordm 59 de 21 de novembro de 1966 Define a poliacutetica nacional de
cooperativismo cria o Conselho Nacional do Cooperativismo e daacute outras providecircncias
Diaacuterio Oficial (da) Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF 22 de novembro de
1966 Seccedilatildeo 1 p 13499 Publicaccedilatildeo Original
BRASIL Decreto nordm 979 de 06 de janeiro de 1903 Faculta aos profissionaes da
agricultura e industrias rurais a organizaccedilatildeo de syndicatos para defesa de seus
interesses Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 08 de janeiro de 1903 Seccedilatildeo
1 p 138 Publicaccedilatildeo Original
BRASIL Decreto nordm 1637 de 05 de janeiro de 1907 Crea syndicatos profissionaes e
sociedades cooperativas Diacuteaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 05 de janeiro
de 1907 p 251 Publicaccedilatildeo Original
BRASIL Decreto nordm 17339 de 02 de junho de 1926 Approva o regulamento
destinado a reger a fiscalizaccedilatildeo gratuita da organizaccedilatildeo e funccionamento das Caixas
Raiffeisen e bancos Luzzatti Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 10 de junho
de 1926 Seccedilatildeo 1 p 11747 Publicaccedilatildeo Original
BRASIL Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 Reforma as disposiccedilotildees do
decreto legislativo nordm 1637 de 5 de janeiro de 1907 na parte referente aacutes sociedades
cooperativas Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 23 de dezembro de 1932
Seccedilatildeo 1 p 23386 Publicaccedilatildeo Original
BRASIL Decreto nordm 60597 de 19 de abril de 1967 Regulamenta o Decreto-lei nordm 59
de 21 de novembro de 1966 Diaacuterio Oficial (da) Repuacuteblica Federativa do Brasil
Brasiacutelia DF 24 de abril de 1967 Seccedilatildeo 1 p 4587 Publicaccedilatildeo Original
BRASIL Lei nordm 4984 de 31 de dezembro de 1925 Orccedila a Receita Geral da Repuacuteblica
dos Estados Unidos do Brasil para o exerciacutecio de 1926 Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio
de Janeiro RJ 01 de janeiro de 1925 Seccedilatildeo 1 p 105
BRASIL Lei nordm 5764 de 16 de dezembro de 1971 Define a poliacutetica nacional do
cooperativismo institui o regime juriacutedico das sociedades cooperativas e daacute outras
providecircncias Diaacuterio Oficial [da] Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF Brasiacutelia
16 de dezembro de 1971
BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 870 de 1ordm de janeiro de 2019 Estabelece a
organizaccedilatildeo baacutesica dos oacutergatildeos da Presidecircncia da Repuacuteblica e dos Ministeacuterios Diaacuterio
Oficial [da] Repuacuteblica Federativa do Brasil Secretaacuteria-Geral Brasiacutelia DF 01 de
janeiro de 2019
CASTEL R As metamorfoses da questatildeo social uma crocircnica do salaacuterio Petroacutepolis
Vozes 1998
DAL ROSSO S (Org) Trabalho na Capital Brasiacutelia Ministeacuterio do Trabalho e
Emprego 2011
ENGELS F Do Socialismo Utoacutepico ao Socialismo Cientiacutefico Satildeo Paulo Global 1980
FURQUIM M C A A cooperativa como alternativa de trabalho Satildeo Paulo LTR
2001
GUILLERM A BOURDET Y Autogestatildeo uma mudanccedila radical Rio de Janeiro
Zahar 1975
LEITE MP POSTUMA A C Reestruturaccedilatildeo produtiva e qualificaccedilatildeo reflexotildees
sobre a experiecircncia brasileira Satildeo Paulo em Perspectiva v 10 n 1 p 63-76 1996
MORAES NETO B R Marx Taylor Ford as forccedilas produtivas em discussatildeo Satildeo
Paulo Brasiliense 1991
OCB Organizaccedilatildeo das Cooperativas Brasileiras Desenvolvimento de
CooperativasRamos do Cooperativismo Brasiacutelia 2018a Disponiacutevel
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resposta ao desemprego Satildeo Paulo Contexto 2000 p31-48
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desenvolvimento perifeacuterico dependente o caso brasileiro In LOUREIRO MR (Org)
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ZYLBERSZTAJN D Organizaccedilatildeo de cooperativas desafios e tendecircncias Revista de
Administraccedilatildeo v 29 n 3 p 23-32 1994
8 Cooperativa de Trabalho
Para OCB (2018b p1) o ldquocooperativismo de trabalho eacute o caminho para
profissionais de perfil empreendedor e colaborativo Especialmente quando percebem
que se unindo a outros profissionais da mesma categoria eles seratildeo muito mais
fortesrdquo Comenta ainda que ldquoesse eacute um ramo bastante abrangente jaacute que as
cooperativas podem atuar em todos os segmentos de atividades econocircmicas
reunindo profissionais para melhorar a remuneraccedilatildeo e as condiccedilotildees de trabalhordquo
Segundo Arauacutejo e Moreira (2001 p79) ldquoas cooperativas de trabalho nascem
do desejo de associaccedilatildeo de um grupo de pessoas em viabilizar uma atividade
produtiva e com isso garantir sua sobrevivecircnciardquo destacando-se pela sua importacircncia
em facilitar o acesso econocircmico e a participaccedilatildeo do mercado
Poreacutem eacute sempre necessaacuterio lembrar que o sucesso de uma cooperativa deve
estar relacionado aos anseios de consumidor Caso contraacuterio a cooperativa natildeo iraacute
prosperar Pereira (2001) comenta que as cooperativas satildeo alternativas para as
pessoas que natildeo possuem emprego assalariado e podem representar uma opccedilatildeo ao
desemprego para os trabalhadores podendo ateacute contribuir para incrementar o niacutevel
geral de emprego Elas surgem como um lugar de promoccedilatildeo do trabalhador com
responsabilidade em todo o processo diferente da empresa privada onde existe os
benefiacutecios de uma atividade sem responsabilidade de sua manutenccedilatildeo da
organizaccedilatildeo no mercado tendo em vista que natildeo eacute ele que toma as decisotildees
Para Furquim (2001 p 23) o cooperativismo ldquoeacute o instrumento mais perfeito
de organizaccedilatildeo da sociedade por ser um sistema de organizaccedilatildeo social e econocircmico
cujo objetivo natildeo eacute o conjunto de pessoas mas o indiviacuteduo atraveacutes do conjunto das
pessoasrdquo uma forma organizativa alternativa uma vez que oferece benefiacutecios agravequeles
que optam pelo trabalho cooperativo
9 Consideraccedilotildees Finais
O conhecimento dos processos que envolvem o trabalho cooperativo eacute
primordial para o cooperativismo diminuir as desigualdades existentes provocadas
pela concorrecircncia e exploraccedilatildeo de matildeo-de-obra surgindo como uma forma de
inclusatildeo social que permite aos associados concorrer no mercado com as grandes
corporaccedilotildees trazendo benefiacutecios para toda a coletividade envolvida
Referecircncias
ABREU MABA O cooperativismo de creacutedito e as soluccedilotildees financeiras para os
pequenos negoacutecios In SANTOS CA (Coord) Pequenos negoacutecios desafios e
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BRASIL Decreto-Lei nordm 59 de 21 de novembro de 1966 Define a poliacutetica nacional de
cooperativismo cria o Conselho Nacional do Cooperativismo e daacute outras providecircncias
Diaacuterio Oficial (da) Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF 22 de novembro de
1966 Seccedilatildeo 1 p 13499 Publicaccedilatildeo Original
BRASIL Decreto nordm 979 de 06 de janeiro de 1903 Faculta aos profissionaes da
agricultura e industrias rurais a organizaccedilatildeo de syndicatos para defesa de seus
interesses Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 08 de janeiro de 1903 Seccedilatildeo
1 p 138 Publicaccedilatildeo Original
BRASIL Decreto nordm 1637 de 05 de janeiro de 1907 Crea syndicatos profissionaes e
sociedades cooperativas Diacuteaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 05 de janeiro
de 1907 p 251 Publicaccedilatildeo Original
BRASIL Decreto nordm 17339 de 02 de junho de 1926 Approva o regulamento
destinado a reger a fiscalizaccedilatildeo gratuita da organizaccedilatildeo e funccionamento das Caixas
Raiffeisen e bancos Luzzatti Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 10 de junho
de 1926 Seccedilatildeo 1 p 11747 Publicaccedilatildeo Original
BRASIL Decreto nordm 22239 de 19 de dezembro de 1932 Reforma as disposiccedilotildees do
decreto legislativo nordm 1637 de 5 de janeiro de 1907 na parte referente aacutes sociedades
cooperativas Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio de Janeiro RJ 23 de dezembro de 1932
Seccedilatildeo 1 p 23386 Publicaccedilatildeo Original
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dos Estados Unidos do Brasil para o exerciacutecio de 1926 Diaacuterio Official da Uniatildeo Rio
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cooperativismo institui o regime juriacutedico das sociedades cooperativas e daacute outras
providecircncias Diaacuterio Oficial [da] Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia DF Brasiacutelia
16 de dezembro de 1971
BRASIL Medida Provisoacuteria nordm 870 de 1ordm de janeiro de 2019 Estabelece a
organizaccedilatildeo baacutesica dos oacutergatildeos da Presidecircncia da Repuacuteblica e dos Ministeacuterios Diaacuterio
Oficial [da] Repuacuteblica Federativa do Brasil Secretaacuteria-Geral Brasiacutelia DF 01 de
janeiro de 2019
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Zahar 1975
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PEDRINI DM Bruscor uma experiecircncia que aponta caminhos In
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Seccedilatildeo 1 p 23386 Publicaccedilatildeo Original
BRASIL Decreto nordm 60597 de 19 de abril de 1967 Regulamenta o Decreto-lei nordm 59
de 21 de novembro de 1966 Diaacuterio Oficial (da) Repuacuteblica Federativa do Brasil
Brasiacutelia DF 24 de abril de 1967 Seccedilatildeo 1 p 4587 Publicaccedilatildeo Original
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de Janeiro RJ 01 de janeiro de 1925 Seccedilatildeo 1 p 105
BRASIL Lei nordm 5764 de 16 de dezembro de 1971 Define a poliacutetica nacional do
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