boletim jurisprud.ncia 175

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TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO PODER JUDICIÁRIO BOLETIM DE JURISPRUDÊNCIA BOLETIM DE JURISPRUDÊNCIA Nº 1/2010 Nº 1/2008

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TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL

DA 5ª REGIÃO

PODER JUDICIÁRIO

BOLETIM DEJURISPRUDÊNCIA

BOLETIM DEJURISPRUDÊNCIA

Nº 1/2010Nº 1/2008

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GABINETE DO DESEMBARGADOR FEDERALPAULO ROBERTO DE OLIVEIRA LIMA

DIRETOR DA REVISTA

BOLETIM

DE JURISPRUDÊNCIA

DO

TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL

DA 5ª REGIÃO

Recife, 29 de janeiro de 2010

- número 1/2010 -

Administração

Cais do Apolo, s/nº - Recife Antigo C E P: 50.030-908 Recife - PE

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TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL5ª REGIÃO

Desembargadores Federais

LUIZ ALBERTO GURGEL DE FARIA

Presidente

MARCELO NAVARRO RIBEIRO DANTAS

Vice-Presidente

MANOEL DE OLIVEIRA ERHARDT

Corregedor

LÁZARO GUIMARÃES

Diretor da Escola de Magistratura Federal

JOSÉ MARIA LUCENA

GERALDO APOLIANO

MARGARIDA CANTARELLI

FRANCISCO DE QUEIROZ CAVALCANTI

JOSÉ BAPTISTA DE ALMEIDA FILHO

PAULO ROBERTO DE OLIVEIRA LIMADiretor da Revista

PAULO DE TASSO BENEVIDES GADELHA

FRANCISCO WILDO LACERDA DANTAS

VLADIMIR SOUZA CARVALHO

ROGÉRIO DE MENESES FIALHO MOREIRA

Coordenador dos Juizados Especiais Federais

FRANCISCO BARROS DIAS

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Diretora Geral: Sorária Maria Rodrigues Sotero Caio

Supervisão de Coordenação de Gabinetee Base de Dados da Revista:Maria Carolina Priori Barbosa

Supervisão de Pesquisa, Coleta, Revisão e Publicação:Nivaldo da Costa Vasco Filho

Apoio Técnico:Angela Raposo Gonçalves de Melo LarréElizabeth Lins Moura Alves de Carvalho

Diagramação:Gabinete da Revista

Endereço eletrônico: www.trf5.jus.brCorreio eletrônico: [email protected]

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S U M Á R I O

Jurisprudência de Direito Administrativo ..................................... 05

Jurisprudência de Direito Civil ..................................................... 24

Jurisprudência de Direito Constitucional ..................................... 37

Jurisprudência de Direito Penal .................................................. 58

Jurisprudência de Direito Previdenciário ..................................... 75

Jurisprudência de Direito Processual Civil .................................. 89

Jurisprudência de Direito Processual Penal ............................. 117

Jurisprudência de Direito Tributário ........................................... 121

Índice Sistemático ..................................................................... 135

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J U R I S P R U D Ê N C I A

D E

D I R E I T O

A D M I N I S T R A T I V O

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Boletim de Jurisprudência nº 1/2010

ADMINISTRATIVOCONCURSO PÚBLICO-TÉCNICO EM ENFERMAGEM-PERDADA VALIDADE DO CERTAME-POSTERIOR CONTRATAÇÃOTEMPORÁRIA-DIREITO SUBJETIVO À NOMEAÇÃO-INEXIS-TÊNCIA

EMENTA: ADMINISTRATIVO. APELAÇÃO CÍVEL. CONCURSO PÚ-BLICO. TÉCNICO EM ENFERMAGEM. PERDA DA VALIDADE DOCERTAME. POSTERIOR CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA. DIREI-TO SUBJETIVO À NOMEAÇÃO. INEXISTÊNCIA. DESPROVIMENTODO RECURSO.

- Trata-se de apelação interposta por Elaine Batista dos Santos con-tra sentença da lavra do então MM. Juiz Federal Francisco BarrosDias, da 3ª Vara da Seção Judiciária do Rio Grande do Norte, prolatadana Ação Ordinária n° 2007.84.00.009923-2.

- A autora ingressou com uma ação ordinária contra a UniversidadeFederal do Rio Grande do Norte - UFRN, por ter sido aprovada emconcurso público que teve como finalidade o preenchimento de 1(uma) vaga para o cargo de técnico de enfermagem, no ano de 2006,obtendo o 25º lugar na ordem da classificação.

- Antes do término do prazo de validade do referido concurso, aindacom candidatos aprovados, a UFRN promoveu o preenchimento devagas para o cargo de técnico em enfermagem, com contrataçãotemporária, a fim de atuarem no Complexo Hospitalar e de Saúde,órgão vinculado à referida instituição.

- Segundo entendimento jurisprudencial, o candidato aprovado emconcurso público possui mera expectativa de direito a sua nomea-ção. A Administração Pública, por isso, exercendo seu poder discri-cionário sobre os atos que lhe competem, poderá nomear servidorpúblico aprovado em concurso, com base na sua conveniência eoportunidade.

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- Não há que se falar em direito subjetivo à nomeação, quando ocandidato demandante não se classificou dentro do número de va-gas existentes e havia a limitação de criação de cargos públicosefetivos imposta pelo Decreto nº 4.175/2002.

- A contratação temporária de técnicos em enfermagem para suprireventual necessidade no serviço é ato lícito da UFRN, ainda quetenha candidato aprovado em concurso público, pois, além de serdiferente o regime jurídico que regula a contratação celetista e aestatutária, apenas através de lei de iniciativa privativa do Chefe doExecutivo é permitida a criação de cargos públicos, conforme o arti-go 84, inciso XXV, da Constituição Federal.

- Precedente: TRF 5º Região, AC 464446/RN, Primeira Turma, datada decisão: 19/02/2009, DJ: 04/05/2009 - Página: 170, RelatorDesembargador Federal Francisco Cavalcanti, decisão unânime.

- Apelação desprovida.

Apelação Cível nº 450.640-RN

(Processo nº 2007.84.00.009923-2)

Relator: Desembargador Federal José Maria Lucena

(Julgado em 17 de dezembro de 2009, por unanimidade)

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ADMINISTRATIVOCONCURSO PÚBLICO PARA O CARGO DE TÉCNICO DE APOIOESPECIALIZADO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO-ALTE-RAÇÃO DO EDITAL DURANTE A REALIZAÇÃO DO CERTAME,PELA LEI Nº 11.415/2006-CRIAÇÃO DE NOVAS VAGAS-PREEN-CHIMENTO MEDIANTE REMOÇÃO DOS SERVIDORES ANTI-GOS-IMPOSSIBILIDADE

EMENTA: ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO PARA O CAR-GO DE TÉCNICO DE APOIO ESPECIALIZADO DO MINISTÉRIOPÚBLICO DA UNIÃO. ALTERAÇÃO DO EDITAL DURANTE A REA-LIZAÇÃO DO CERTAME, PELA LEI Nº 11.415/2006. CRIAÇÃO DENOVAS VAGAS. PREENCHIMENTO MEDIANTE REMOÇÃO DOSSERVIDORES ANTIGOS. IMPOSSIBILIDADE. PRETERIÇÃO DOSCANDIDATOS JÁ APROVADOS.

- A vaga (única) inicialmente ofertada no concurso que a autora/ape-lada participou, através do Edital nº 18, de 23/10/2006, foi criada pelaLei nº 10.771/03; durante a realização do concurso, no qual a can-didata foi aprovada em 2º lugar, mas antes da homologação do resul-tado final do certame, foi o referido edital modificado, com base naLei nº 11.415/06, que criou novas vagas, para permitir o seu preen-chimento mediante a realização de remoção entre servidores já in-tegrantes da carreira, preterindo, por via oblíqua, os candidatos jáaprovados no concurso, tanto para as vagas para as quais concor-riam, tanto para as dos cargos vagos, quanto para as dos que vies-sem a vagar e ainda as dos cargos a serem criados durante o prazode validade do certame.

- Conforme o art. 28, I, da Lei nº 11.415/06, o concurso de remoçãosó pode ser realizado previamente a concurso de provas ou de pro-vas e títulos das carreiras do MPU, ou anualmente, donde se infereque não poderia a Administração promover remoçãoconcomitantemente a concurso em andamento, “tomando-lhe” asvagas até então existentes.

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- A autora/apelada faz jus à nomeação e posse no cargo para o qualfoi aprovada, dentre as 4 vagas ofertadas no Edital PGR/MPU nº 17/2007, de 13-9-2007 (concurso de remoção), para o Estado de Alagoas,tal como deferido na sentença.

- Apelação e remessa necessária improvidas.

Apelação/Reexame Necessário nº 5.020-CE

(Processo nº 2008.81.02.000432-7)

Relator: Desembargador Federal Geraldo Apoliano

(Julgado em 10 de dezembro de 2009, por maioria)

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ADMINISTRATIVOSERVIDORA DO MPU-CONCURSO DE REMOÇÃO-IMPEDI-MENTO DE PARTICIPAÇÃO DE SERVIDORES QUE SE BENE-FICIARAM DE RELOTAÇÃO-INTERSTÍCIO FIXADO POR FOR-ÇA DA LEI 11.415/2006-INCABIMENTO

EMENTA: ADMINISTRATIVO. SERVIDORA DO MPU. CONCURSODE REMOÇÃO. IMPEDIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DE SERVIDO-RES QUE SE BENEFICIARAM DE RELOTAÇÃO. INTERSTÍCIOFIXADO POR FORÇA DA LEI 11.415/2006. INCABIMENTO.

- Analista Processual do quadro do Ministério Público Federal emPernambuco tem direito de ser removida da Procuradoria da Repú-blica (PR) no Recife para a Procuradoria Regional da República da5ª Região - PRR 5ª Região, na mesma cidade. Inaplicabilidade davedação do § 2º do art. 28 da Lei nº 11.415/2006 (“o servidor removi-do por concurso de remoção deverá permanecer na unidade admi-nistrativa, ou ramo em que foi lotado, pelo prazo mínimo de 2 (dois)anos”), porquanto a autora não teria se beneficiado de remoção an-terior, mas de simples relotação, saindo das unidades da PR dointerior de Pernambuco para a Capital.

- Servidor de concurso atual não pode ser removido/relotado emdetrimento de servidor que tomou posse em face de aprovação emconcurso mais antigo, em virtude deste último possuir mais tempode serviço. Precedentes desta Corte: AC 2005.80.00.003301-0 - 1ªT. - AL - Rel. Des. Fed. Francisco Cavalcanti - DJU 28.03.2008 - p.1378; Segunda Turma. AGTR 91948/PE. Rel. Des. Federal Francis-co Barros Dias. Julg. em 17/02/2009. Publ. DJ 11/03/2009, p. 343.

- Não há perigo de dano irreparável ou de difícil reparação que nãoseja afastado pela decisão de reserva de vaga até o trânsito emjulgado da sentença, inclusive porque a remoção, caso confirmada,se dará entre órgãos do MPF que se encontram na mesma cidade.Ausente o requisito do perigo da demora, sendo improcedente o

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pedido deduzido de antecipação dos efeitos da tutela deduzido naapelação.

- Apelações e remessa oficial improvidas.

Apelação/Reexame Necessário nº 7.555-PE

(Processo nº 2009.83.00.000430-6)

Relatora: Desembargadora Federal Margarida Cantarelli

(Julgado em 17 de novembro de 2009, por unanimidade)

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ADMINISTRATIVOMILITAR-PENSÃO POR MORTE-FILHAS MAIORES DE IDADE-CONTRIBUIÇÃO ADICIONAL DE 1,5 QUE AS HABILITARIA AORECEBIMENTO DO BENEFÍCIO-ATO DE RENÚNCIA AO PAGA-MENTO DA CONTRIBUIÇÃO PRATICADO PELA CURADORA,VIÚVA DO DE CUJUS-INTERESSES CONFLITANTES DACURADORA E DAS AUTORAS, FILHAS MAIORES DO PRIMEI-RO CASAMENTO DO DE CUJUS-CANCELAMENTO DO DIREI-TO DE PERCEPÇÃO DO BENEFÍCIO-IMPOSSIBILIDADE-MA-NUTENÇÃO DA ANULAÇÃO DO ATO DE RENÚNCIA AO PAGA-MENTO DA CONTRIBUIÇÃO

EMENTA: ADMINISTRATIVO. MILITAR. PENSÃO POR MORTE.ARTIGO 31, § 1º, DA MEDIDA PROVISÓRIA 2.131/2000. FILHASMAIORES DE IDADE. CONTRIBUIÇÃO ADICIONAL DE 1,5 (UM EMEIO POR CENTO). ATO DE RENÚNCIA PRATICADO PELACURADORA, VIÚVA DO DE CUJUS. INTERESSES CONFLITAN-TES. CLIMA DE ANIMOSIDADE ENTRE A CURADORA E AS AUTO-RAS, FILHAS MAIORES DO PRIMEIRO CASAMENTO. CANCELA-MENTO DO DIREITO DE PERCEPÇÃO DO BENEFÍCIO. JUROSDE MORA EM DÉBITO DE NATUREZA ALIMENTAR. HONORÁ-RIOS ADVOCATÍCIOS.

- O cerne da presente demanda consiste no ato de renúncia feitopela litisconsorte passiva Sra. Tarcila Barbosa de Oliveira, em nomedo seu esposo curatelado, Sr. Bartolomeu Severiano Oliveira, militarreformado da Aeronáutica, que retirou das autoras, filhas docuratelado, o direito de serem beneficiárias da pensão por morte.

- Consoante sedimentado entendimento pretoriano, a legislação quedisciplina a concessão de pensão por morte é aquela vigente à épo-ca do óbito do seu instituidor. No presente caso, na data do óbito doinstituidor, 27.12.2002 (fl. 15), a legislação da pensão militar permitiaque as filhas maiores de idade se habilitassem ao benefício, desdeque houvesse o recolhimento de uma contribuição adicional.

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- O § 1º do art. 31 da Medida Provisória nº 2.131, de dezembro de2000, alterando as determinações das Leis nºs 3.765/60 e 6.880/80,facultou aos contribuintes da pensão militar a renúncia, em caráterirrevogável, da contribuição que garantia o direito à percepção dapensão militar aos beneficiários.

- Ato de renúncia formulado pela curadora de seu pai, Sra. TarcilaBarbosa de Oliveira, junto ao Segundo Comando Aéreo, em25.06.2001 (fl. 269), nos termos do disposto no § 1º do art. 31 da MP2.131/2000, acarretando a exclusão das autoras, filhas do ex-militarfalecido, do rol de beneficiárias da pensão por morte. Logo, se nãofosse tal ato, as autoras teriam assegurado o seu direito de perce-ber o benefício.

- À vista das cópias dos processos de Curatela e de Regulamenta-ção de Visitas, acostadas às fls. 37/110, infere-se que existia entreas autoras e a esposa, ora viúva, de seu genitor, um clima de hosti-lidade.

- Firma-se a convicção de que o ato de renúncia perpetrado foi pra-ticado por interesse pessoal da esposa/curadora de excluir as auto-ras, filhas do primeiro casamento, do rol de beneficiárias.

- Há de ser mantida a anulação do ato de renúncia feito pela Sra.Tarcila Barbosa de Oliveira, em nome do curatelado Sr. BartolomeuSeveriano Oliveira, militar reformado da Aeronáutica, que retirou dasautoras, filhas do curatelado, o direito de ser beneficiárias da pen-são por morte.

- Consoante entendimento dominante desta colenda Corte e do egré-gio STJ (Súmula 204), os juros de mora em débito previdenciáriodevem ser fixados à razão de 1% (um por cento) ao mês, a partir dacitação válida, por se tratar de dívida de natureza alimentar.

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- Dada a matéria em deslinde e a norma do § 4º do artigo 20 doCPC, deve ser mantido o percentual de 10% (dez por cento) sobre ovalor das parcelas vencidas (Súmula 111 do STJ).

- Remessa oficial e apelação improvidas.

Apelação Cível nº 371.118-PE

(Processo nº 2004.83.00.008701-9)

Relator: Desembargador Federal José Baptista de Almeida Filho

(Julgado em 24 de novembro de 2009, por unanimidade)

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ADMINISTRATIVOCONCESSÃO DE USO-EMPRESAS DE TÁXI AÉREO E MANU-TENÇÃO DE AERONAVES-LICITAÇÃO-AUSÊNCIA DE IMPEDI-MENTO À SUA REALIZAÇÃO

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. ADMINISTRATIVO. CON-CESSÃO DE USO. EMPRESAS DE TÁXI AÉREO E MANUTENÇÃODE AERONAVES. LICITAÇÃO.

- Agravo de Instrumento interposto por UIRAPURU TÁXI AÉREO LTDA.E OUTROS em face de decisão prolatada em sede de mandado desegurança impetrado contra ato do Superintendente da EmpresaBrasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária - INFRAERO no Estadodo Ceará.

- No mandado de segurança, as ora agravantes alegaram, em sínte-se, que: a) desempenham atividades comerciais no setor aéreo e,para tanto, necessitam ocupar áreas aeroportuárias; b) diante dacaducidade dos contratos anteriormente firmados, criou-se uma si-tuação de instabilidade nas empresas que atuam em áreas aero-portuárias; c) a situação de instabilidade decorreu de atitudes arbi-trárias de alguns superintendentes da INFRAERO, no intuito de lici-tar áreas anteriormente ocupadas sob o regime de dispensa de lici-tação.

- Em síntese, pretendem as agravantes que lhes seja deferida liminarpara suspender os procedimentos licitatórios (quatro), a fim de quese resguarde o seu direito de continuar o regular exercício de suasatividades no Aeroporto Internacional Pinto Martins, atendendo-se aosdispositivos das Leis nºs 5.332/67 e 7.565/85 e, ainda, ao interessepúblico demonstrado no Ato Administrativo nº 1236/PR/2009, e, prin-cipalmente, às novas regras de uso e ocupação de áreasaeroportuárias emanadas da ANAC, representadas pela Resoluçãonº 113/2009.

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- É certo que a Resolução da ANAC nº 113, de 22 de setembro de2009, acerca da disponibilização da área aeroportuária, apresentaaparente incompatibilidade com a continuidade da realização daslicitações de que se cuida. Isso porque teria consagrado a desneces-sidade de procedimento licitatório para a concessão e uso das áreasaeroportuárias. Tal, entretanto, não assegura às impetrantes, oraagravantes, a manutenção do status quo, sobretudo sob a ótica queteria sido vedada a licitação. Essa não é a melhor compreensão daquestão submetida ao descortino.

- Em verdade, a nova regulamentação não diz que há proibição delicitar; nem poderia. A Administração sempre pode escolher licitar. Éessa a regra, sobretudo prevista na Constituição Federal. É assimque resta estabelecido, em consequência, na lei ordinária e é a for-ma normal de acesso aos bens, cargos e serviços públicos, contra-tos de concessão de uso e outros que tais. Ora, mesmo nas hipóte-ses em que a legislação prevê a dispensa de licitação não há impe-dimento a que seja realizada, ao alvitre do administrador.

- Ademais, é importante ressaltar que a melhor maneira de resolvereventuais impasses acerca dos interessados é, com efeito, atravésde licitação. A Administração está oferecendo os bens em licitação esó ao seu final se terá um retrato da situação fática. A suspensão dalicitação inviabilizaria, inclusive, a disputa e é através da disputa quea Administração seleciona as melhores propostas, os melhores in-teressados. Nessa senda, os próprios agravantes podem sagrar-sevencedores, o que significa que a pura e simples realização do pro-cesso licitatório não importa necessariamente em prejuízo aos liti-gantes.

- Há, ao contrário, o periculum in mora inverso, dado que a Adminis-tração certamente sofreria um sério gravame ao ser tolhida da rea-lização do certame, o que implicaria posterior necessidade de reiníciodo processo licitatório, a bem de evitar solução de continuidade doserviço público.

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- Agravo de instrumento desprovido.

Agravo de Instrumento nº 101.648-CE

(Processo nº 2009.05.00.090263-3)

Relator: Desembargador Federal Paulo Roberto de Oliveira Lima

(Julgado em 17 de dezembro de 2009, por unanimidade)

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ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVILCONVÊNIOS VOLUNTÁRIOS-TRANSFERÊNCIA DE RECURSOSPARA AÇÕES SOCIAIS-EDUCAÇÃO, SAÚDE E ASSISTÊNCIASOCIAL-MUNICÍPIO INSCRITO NO SIAFI-AUSÊNCIA DE IMPE-DIMENTO À MANUTENÇÃO DE CONVÊNIOS, INCLUSIVE COMA FUNASA, POR SE TRATAR DE PROJETOS DE SANEAMEN-TO BÁSICO

EMENTA: ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DEINSTRUMENTO. CONVÊNIOS VOLUNTÁRIOS. TRANSFERÊNCIADE RECURSOS PARA AÇÕES SOCIAIS. EDUCAÇÃO, SAÚDE EASSISTÊNCIA SOCIAL. MUNICÍPIO INSCRITO NO SIAFI. ART. 25, §3º, LC 101/00. ART. 26, § 2º, CAPUT, LEI 10.522/02. FUNASA. PRO-JETOS DE SENEAMENTO BÁSICO.

- O fato do Município estar incluído em cadastro de restrição a crédi-to não o impede de manter convênios para a promoção de açõessociais ou em faixa de fronteira, com base no art. 25, § 3º, da Lei deResponsabilidade Fiscal e no art. 26, § 2º, Lei 10.522/02.

- A norma é clara ao afirmar que não haverá suspensão de transfe-rências voluntárias (caso dos autos) para execução de ações deeducação, de saúde e de assistência social, mesmo que o entefederado esteja registrado no CADIN ou SIAFI.

- Quanto aos convênios firmados entre o Município de Coremas/PBe a FUNASA, ora agravante, não há dúvidas de que se enquadramna exceção legal, pois são convênios destinados a projetos de sa-neamento básico, os quais representam ações de promoção dasaúde. São estes: sistema de abastecimento de água, melhoriassanitárias domiciliares, melhoria habitacional para controle da doen-ça de chagas e ampliação do sistema de esgotamento sanitário.

- Agravo de instrumento não provido.

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Boletim de Jurisprudência nº 1/2010

Agravo de Instrumento nº 93.993-PB

(Processo nº 2009.05.00.000248-8)

Relator: Desembargador Federal Paulo Gadelha

(Julgado em 10 de novembro de 2009, por unanimidade)

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ADMINISTRATIVOMILITAR LICENCIADO-REINTEGRAÇÃO COMO ADIDO PELOPERÍODO NECESSÁRIO À CONCLUSÃO DE TRATAMENTOMÉDICO DE MOLÉSTIA SURGIDA QUANDO EM ATIVIDADE

EMENTA: ADMINISTRATIVO. MILITAR LICENCIADO. REINTEGRA-ÇÃO COMO ADIDO PELO PERÍODO NECESSÁRIO À CONCLU-SÃO DE TRATAMENTO MÉDICO DE MOLÉSTIA SURGIDA QUAN-DO EM ATIVIDADE. JUROS DE MORA. HONORÁRIOS ADVOCA-TÍCIOS.

- Cuida-se de apelação de sentença que julgou procedente pedidoformulado por militar licenciado, para determinar que o réu procedaà reintegração do autor aos quadros do Exército, na condição deadido, pelo período necessário à conclusão do tratamento, seja pelacura, seja pelo reconhecimento da incapacidade para o serviço ati-vo, por irreversibilidade/definitividade da moléstia ou de suas sequelas,com o pagamento de parcelas vencidas até a data da efetivação datutela antecipada deferida.

- Não há dúvidas de que o autor é portador de neurocisticercose(microcalcificação na parte parietal do crânio), causada por parasita(taenia solium na fase larval), que lhe causa epilepsia secundária. Aorigem de tal moléstia não ficou clara pelas perícias realizadas, in-clusive porque não é de fácil apuração.

- Não divergem as partes de que o apelado necessita de tratamentomédico permanente para controlar as convulsões sofridas em de-corrência da contaminação por parasita, que causa epilepsia se-cundária, moléstia essa que não tem cura nem indicação cirúrgica.Os laudos e depoimentos dos médicos militares ratificam a conclu-são de que o autor terá que levar uma vida calma e sem esforçosfísicos, além de tomar o medicamento controlado por tempoindeterminado.

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Boletim de Jurisprudência nº 1/2010

- Não se aplica ao presente caso a MP nº 2.180/2001, que modificouo artigo art. 1º- F da Lei nº 9.494/97, por se dirigirem tais normas aoscasos em que se trate de condenações impostas à Fazenda Públi-ca para pagamento de verbas remuneratórias devidas a servidorespúblicos, nos processos iniciados após a sua vigência, enquanto apresente lide foi promovida em 19.01.1996. Sendo assim, os jurosde mora devem ser de 1% (um por cento) ao mês, a partir da cita-ção, até o mês de junho de 2009, devendo, a partir do mês seguinte,incidirem na forma do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redaçãodada pela Lei nº 11.960/2009. Apelação e remessa oficial parcial-mente providas neste ponto.

- A despeito do comando excepcionante contido no art. 20, § 4º, doCPC, que autoriza o magistrado a fixar os honorários da sucum-bência em percentuais diversos do estabelecido no § 3º do mesmoartigo – entre o mínimo de 10% e o máximo de 20% –, em “causasde pequeno valor, nas de valor inestimável, naquelas onde não hou-ver condenação ou for vencida a Fazenda Pública”, vem esta 2ª Tur-ma entendendo razoável a taxa de 10% sobre o valor da condena-ção. Reduzi-la a percentuais inferiores a este implicaria em avilta-mento do labor profissional e um estímulo à resistência da ré à ob-servância de jurisprudência emanada desta Corte, como é o caso.

- Apelação e remessa oficial parcialmente providas.

Apelação Cível nº 395.761-PE

(Processo nº 2006.83.08.000020-6)

Relator: Desembargador Federal Francisco Wildo

(Julgado em 15 de dezembro de 2009, por unanimidade)

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ADMINISTRATIVORESPONSABILIDADE CIVIL-BLOQUEIO DE PAGAMENTO DESEGURO-DESEMPREGO-PESCADOR ARTESANAL-ERRO DERECADASTRAMENTO IMPUTÁVEL À SECRETARIA ESPECIALDE AGRICULTURA E PESCA-DANO MATERIAL CONFIGURADO

EMENTA: ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL. BLO-QUEIO DE PAGAMENTO DE SEGURO-DESEMPREGO. PESCA-DOR ARTESANAL. ERRO DE RECADASTRAMENTO IMPUTÁVELÀ SECRETARIA ESPECIAL DE AGRICULTURA E PESCA. DANOMATERIAL CONFIGURADO. APELAÇÃO IMPROVIDA.

- Apelação interposta pela União contra sentença que a condenouao pagamento de indenização por danos materiais sofridos pelaparte autora, em razão do não recebimento do benefício de seguro-desemprego, na condição de pescador artesanal, no período dedefeso do ano de 2007.

- Hipótese em que a apelante não comprova, nem sequer alega,qualquer fato que justifique o reconhecimento da responsabilidadeexclusiva do autor pelo bloqueio do pagamento de seu seguro-de-semprego.

- A suspensão do benefício decorreu de erro imputável à SecretariaEspecial de Agricultura e Pesca da Presidência da República naParaíba que classificou o autor como praticante de atividade de pes-ca diversa da efetivamente exercida. O equívoco ocasionou o atrasoda emissão da certidão de inscrição do postulante no Registro Geralde Pesca, consistindo esta em requisito indispensável à concessãodo seguro desemprego. A certidão só foi emitida pela SEAP/PR/PBem 28/12/2007 e recebida pelo Ministério do Trabalho no dia 02/01/2008, mais de um ano após o início do período de defeso, o queocasionou o bloqueio do pagamento pelo sistema, mesmo após aliberação administrativa do benefício.

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Boletim de Jurisprudência nº 1/2010

- Reconhecida a responsabilidade da SEAP/PR/PB pela suspensãodo seguro- desemprego, mostra-se devida a condenação da Uniãoao pagamento do valor que o autor deixou de receber no período dedefeso do ano de 2007.

- Apelação improvida.

Apelação Cível nº 471.014-PB

(Processo nº 2008.82.00.000822-6)

Relator: Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira

(Julgado em 3 de dezembro de 2009, por unanimidade)

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CIVIL E ADMINISTRATIVOAÇÃO DE RESSARCIMENTO C/C REPARAÇÃO DE DANOS MO-RAIS-PENSÃO DESCONTADA EM PERCENTUAL INFERIOR AOFIXADO EM ACORDO DE ALIMENTOS-NEGLIGÊNCIA DAUNIÃO-PRAZO PRESCRICIONAL QUINQUENAL-DIREITO AORESSARCIMENTO PARCIALMENTE ACOLHIDO-PRETENSÃOINDENIZATÓRIA PRESCRITA

EMENTA: CIVIL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO DE RESSARCIMEN-TO C/C REPARAÇÃO DE DANOS MORAIS. PENSÃO DESCON-TADA EM PERCENTUAL INFERIOR AO FIXADO EM ACORDO DEALIMENTOS. NEGLIGÊNCIA DA UNIÃO. PRAZO PRESCRICIONALQUINQUENAL. ART. 1º DO DECRETO Nº. 20.910/32. DIREITO AORESSARCIMENTO PARCIALMENTE ACOLHIDO. PRETENSÃOINDENIZATÓRIA PRESCRITA.

- Apelação interposta contra sentença da lavra do MM. Juiz da 5ªVara Federal da Seção Judiciária do Rio Grande do Norte que julgouimprocedente o pleito da parte autora, declarando prescritos os di-reitos à restituição dos valores devidos e à indenização por danosmorais, com fundamento no art. 206, § 3º, V, do Código Civil c/c oart. 10 do Decreto nº 20.910/32.

- Consta que a parte autora teve o seu direito à percepção da pen-são alimentícia prestada pelo seu ex-marido reconhecido pelo Juizde Direito da Comarca de Macaíba/RN, que fixou essa prestação nopatamar de 40% (quarenta por cento) dos “vencimentos” do servi-dor público. Entretanto, por equívoco da Administração, estepercentual incidira sobre o “vencimento básico” do alimentante, oque, por óbvio, resultou em prejuízo à alimentada que teve de supor-tar uma substancial redução dos valores pagos. Considerando quesomente em 2005, quando foi realizado um novo acordo de alimen-tos, o aludido desconto foi regularizado, busca a demandante, en-tão, o ressarcimento das prestações que lhe foram indevidamentesubtraídas, assim como a reparação pelos danos morais do danopor ela suportados.

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- O egrégio Superior Tribunal de Justiça e esta colenda Corte Regio-nal já decidiram que, nas hipóteses de reparação civil contra a Fa-zenda Pública, o prazo prescricional é de cinco anos (art. 1º do De-creto nº 20.910/32) e começa a ser calculado no instante em que seconstata a efetiva ocorrência de lesão a direito. Precedentes: STJ,Segunda Turma, AGREsp 1073796, Relator Ministro HumbertoMartins, DJE - Data: 01/07/2009; TRF5, Primeira Turma, REO471272, Relator Desembargador Federal Francisco Cavalcanti, DJ- Data: 28/08/2009.

- Tendo ocorrido a lesão ao direito da autora em 1988, no primeiromês em que a Administração deixou de pagar a pensão alimentíciada autora nos moldes previstos na decisão juidicial, a pretensãoindenizatória da demandante somente encontraria abrigo na presta-ção jurisdicional até o ano de 1993. Destarte, considerando que apresente demanda foi ajuizada em 2008, o pleito alusivo à indeniza-ção por danos morais resta prescrito.

- Diferente questão se aproxima quando da apreciação da restitui-ção dos valores devidos pela União à parte autora, uma vez que, emse tratando de prestações sucessivas, a prescrição atinge apenasas prestações vencidas antes do quinquênio anterior à propositurada ação. Sendo assim, considerando que a ação foi ajuizada em2008, somente se cabe falar em ressarcimento dos valores com-preendidos entre junho/2003 e fevereiro/2005, eis que em março/2005 ocorreu a regularização da prestação, a partir da fixação denovo acordo de alimentos.

- O ofício que comunicou à Administração a decisão prolatada peloJuiz de Direito da 1ª Vara da Comarca de Macaíba/RN dispunha ex-pressamente que o percentual a ser descontado era de 40% (qua-renta por cento) dos “vencimentos” do servidor público. Desta feita,forçoso é reconhecer que o comportamento lesivo à esfera de direi-tos da autora decorreu unicamente de negligência da Administraçãoque deixou de observar corretamente o mandamento judicial e pas-

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sou a empreender o desconto da prestação sobre o “vencimento”do servidor.

- Apelação parcialmente provida.

Apelação Cível nº 476.764-RN

(Processo nº 2008.84.00.003942-2)

Relator: Desembargador Federal José Maria Lucena

(Julgado em 10 de dezembro de 2009, por unanimidade)

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CIVILEMBARGOS DE TERCEIRO-SEGUNDA COMPRA E VENDA DOIMÓVEL ANTERIOR À CITAÇÃO NA AÇÃO CIVIL PÚBLICA PORIMPROBIDADE ADMINISTRATIVA-ESCRITURA DE COMPRA EVENDA SEM REGISTRO IMOBILIÁRIO-NEGÓCIO ANTERIORAO AJUIZAMENTO DA AÇÃO-REGISTRO DA TRANSAÇÃO APÓSA PRENOTAÇÃO DO GRAVAME-BOA-FÉ DO TERCEIRO ADQUI-RENTE

EMENTA: CIVIL. EMBARGOS DE TERCEIRO. SEGUNDA COM-PRA E VENDA DO IMÓVEL ANTERIOR À CITAÇÃO NA AÇÃO CIVILPÚBLICA POR IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. ESCRITURA DECOMPRA E VENDA SEM REGISTRO IMOBILIÁRIO. NEGÓCIO AN-TERIOR AO AJUIZAMENTO DA AÇÃO. REGISTRO DA TRANSA-ÇÃO APÓS A PRENOTAÇÃO DO GRAVAME. BOA-FÉ DO TER-CEIRO ADQUIRENTE.

- Consta nas Declarações de Ajuste Anual do IRPF, respectivamen-te, do EX2006 AB2005 e EX2007 AB 2006, ambas da compradorade fato que alienou o imóvel ao terceiro, ora embargante/apelado, oimóvel descrito na inicial, como de sua propriedade, com indicação,inclusive, da existência do chamado “contrato de gaveta”, além de,na Declaração de Ajuste Anual do IRPF EX2008 AB 2007, constarexpressa alusão à venda do referido imóvel ora guerreada.

- Restou comprovado nos autos que a compra e venda ora sob exa-me, além de não ter ocorrido diretamente do demandado, posto queo mesmo já havia alienado o bem desde 30.9.05, aconteceu em13.4.07, antes da prenotação da inalienabilidade (31/5/07) e do re-gistro dessa mesma inalienabilidade (8/6/07).

- A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça e desta egrégiaCorte vem adotando o entendimento de que para caracterizar-sefraude à execução não basta apenas o ajuizamento da ação, é ne-cessário que tenha ocorrido a citação válida e a venda de imóvel jápenhorado.

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- A decretação da indisponibilidade de bens sobre o imóvel alienadonão deve prosperar, uma vez que o adquirente (terceiro embargante)demonstrou boa-fé e posse sobre o imóvel adquirido, antes doajuizamento da ação, em respeito aos termos da Súmula 84 do STJ(“É admissível a oposição de embargos de terceiro fundados emalegação de posse advinda de compromisso de compra e venda deimóvel, ainda que desprovido do registro”).

- Apelação improvida.

Apelação Cível nº 487.101-CE

(Processo nº 2008.81.00.005638-3)

Relatora: Desembargadora Federal Margarida Cantarelli

(Julgado em 1º de dezembro de 2009, por unanimidade)

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CIVIL E ADMINISTRATIVOAÇÃO CONTRA COBRANÇA DE TAXAS DE OCUPAÇÃO-TER-RENO OUTRORA TIDO COMO “NÃO DE MARINHA”, SUBME-TIDO A POSTERIOR RECLASSIFICAÇÃO-PROCEDIMENTO AD-MINISTRATIVO EDITALÍCIO-VALIDADE, AINDA QUE TAL DECI-SÃO SEJA SINDICÁVEL JUDICIALMENTE-CERCEAMENTO EMJUÍZO DO DIREITO DE DEFESA-ANULAÇÃO DA SENTENÇAPARA INSTRUÇÃO

EMENTA: CIVIL. ADMINISTRATIVO. AÇÃO CONTRA COBRANÇADE TAXAS DE OCUPAÇÃO. TERRENO OUTRORA TIDO COMO“NÃO DE MARINHA”, SUBMETIDO A POSTERIOR RECLASSI-FICAÇÃO. PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO EDITALÍCIO. VALI-DADE, AINDA QUE TAL DECISÃO SEJA, COMO É, SINDICÁVELJUDICIALMENTE. CERCEAMENTO, PORÉM, EM JUÍZO, DO DI-REITO DE DEFESA. ANULAÇÃO DA SENTENÇA PARA INSTRU-ÇÃO.

- Nada impede que determinado imóvel, outrora tido como “não demarinha”, passasse, mercê de reclassificação, a ser tratado comotal (assim ensejando cobranças de taxas de ocupação); atos admi-nistrativos podem, é cediço, sofrer anulação – inclusive encetadapela própria Administração.

- Na hipótese dos autos, levando-se em consideração a quantidadede imóveis envolvidos na apuração, restava impossível a adoção deintimações pessoais (em relação a todos os proprietários que dese-jassem opor algum tipo de resistência), daí porque finda amplamen-te justificado o expediente da provocação editalícia; procedimentosdo poder público devem ser pautados pela eficiência (CF, art. 37,caput) e celeridade (CF, art. 5º, LXXVIII), sendo certa a necessidadede harmonizá-los à luz da razoabilidade e, claro, da proporcionali-dade, qual formulado in casu.

- Não se olvida, sem embargo, a possibilidade de ser sindicada judi-cialmente a novel classificação; para tanto, e considerando a enor-

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midade de documentos indicando a mudança do tratamento dispen-sado pela Administração ao imóvel controvertido, seria indispensá-vel a realização de perícia, mais ainda porquanto os litigantes pro-testaram pela produção de todos os meios de prova – numa pala-vra: ainda queda saber sobre a linha da maré e o posicionamento doterreno relativamente a ela, donde o equívoco na realização de julga-mento antecipado da lide.

- Sentença anulada, com devolução dos autos à primeira instânciapara reabrir a instrução.

- Apelação e remessa oficial parcialmente providas.

Apelação Cível nº 451.019-RN

(Processo nº 2006.84.00.004127-4)

Relator: Desembargador Federal Paulo Roberto de Oliveira Lima

(Julgado em 17 de dezembro de 2009, por unanimidade)

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CIVILCONTRATO DE FINANCIAMENTO HABITACIONAL-COBERTU-RA SECURITÁRIA-SINISTRO-MORTE DO SEGURADO-DOEN-ÇA PREEXISTENTE-INFRAÇÃO CONTRATUAL-AUSÊNCIA-ILICITUDE DA RECUSA DO AGENTE FINANCEIRO A DAR CUM-PRIMENTO À OBRIGAÇÃO DE QUITAR O SALDO DEVEDORDO FINANCIAMENTO HABITACIONAL

EMENTA: CIVIL. CONTRATO DE FINANCIAMENTO HABITACIONAL.COBERTURA SECURITÁRIA. SINISTRO. MORTE DO SEGURA-DO. DOENÇA PREEXISTENTE. INFRAÇÃO CONTRATUAL. AU-SÊNCIA. ILICITUDE DA RECUSA.

- A Caixa Econômica Federal tem legitimidade passiva para figurarna ação que visa à quitação do imóvel mediante a cobertura do se-guro habitacional, em razão da morte do mutuário. Rejeição da pre-liminar.

- É ilícito o ato do agente financeiro que se recusa a dar cumprimen-to à obrigação de quitar o saldo devedor do financiamento habi-tacional, consubstanciado na preexistência de doença à época daassinatura do contrato, por lhe competir provar a existência de má-fé do mutuário no ato da celebração do pacto, cumprindo-lhe, ainda,investigar sobre o seu estado de saúde para saber se o mesmo éportador, ou não, de doença grave com risco de vida ou de invalidezpermanente. Precedentes.

- Apelações improvidas.

Apelação Cível nº 472.933-RN

(Processo nº 2003.84.00.002593-0)

Relator: Desembargador Federal Vladimir Souza Carvalho

(Julgado em 29 de outubro de 2009, por unanimidade)

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CIVILRESPONSABILIDADE CIVIL-CONSELHO REGIONAL DE MEDI-CINA VETERINÁRIA-INFORMAÇÃO INDEVIDA DO EXERCÍCIOIRREGULAR DA PROFISSÃO-DANOS MORAIS CONFIGURA-DOS-REDUÇÃO DO VALOR DA INDENIZAÇÃO

EMENTA: RESPONSABILIDADE CIVIL. CONSELHO REGIONAL DEMEDICINA VETERINÁRIA. INFORMAÇÃO INDEVIDA DO EXERCÍ-CIO IRREGULAR DA PROFISSÃO. DANOS MORAIS CONFIGURA-DOS. REDUÇÃO DO VALOR DA INDENIZAÇÃO. APELAÇÃO PAR-CIALMENTE PROVIDA.

- Apelação interposta pelo Conselho Regional de Medicina Veteriná-ria de Pernambuco contra sentença que o condenou ao pagamentode indenização por danos morais causados à parte autora, em faceda comunicação indevida à Secretaria de Saúde do exercício irregu-lar da profissão.

- Há de ser mantida a sentença recorrida, no ponto em que reconhe-ce a responsabilidade do apelante pelos danos alegados.

- Para a configuração de danos morais indenizáveis, não é neces-sária a efetiva comprovação do prejuízo suportado pela vítima, sen-do suficiente que o fato suscitado como danoso acarrete ao indiví-duo médio abalo à imagem, sentimento de humilhação, desonra ouconstrangimento. É o que se observa na hipótese dos autos.

- Não há como se negar que a informação indevida enviada à Secre-taria de Saúde sobre o exercício irregular da medicina veterináriaconsiste em fato, por si só, capaz de causar abalo à imagem profis-sional do postulante. Por outro lado, os testemunhos produzidos emjuízo mostram-se suficientes à comprovação da humilhação e doconstrangimento a que foi exposto em seu ambiente de trabalho.

- O fato de o próprio autor ter divulgado o evento danoso aos seuscolegas de profissão não afasta a responsabilidade da autarquia ré

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pelo constrangimento sofrido. Trata-se de hipótese típica de concor-rência culposa da vítima, que, diversamente da culpa exclusiva,enseja apenas a redução do quantum indenizatório.

- No caso de danos morais, o montante da indenização deve sersuficiente para desencorajar a reiteração de condutas ilícitas e lesi-vas por parte do réu e, ao mesmo tempo, amenizar, na medida dopossível, o constrangimento causado ao autor lesado. Por outro lado,não pode se mostrar excessivo diante dos danos efetivamente sofri-dos, sob pena de resultar em enriquecimento ilícito.

- Na espécie, considerando as especificidades do caso apresenta-do, a indenização, fixada pelo juízo de origem em R$ 25.000,00,mostra-se, de fato, excessiva em face dos danos efetivamente so-fridos, devendo ser reduzida para o valor de R$ 6.000,00, este sim,proporcional à repercussão do evento danoso. Nesse ponto, deveser considerada à retratação, ainda que tardia, da autarquia ré, an-tes mesmo do ajuizamento desta ação, esclarecendo que a infor-mação de inexistência do registro profissional do autor decorreu deequívoco cometido por servidor do próprio Conselho Regional deMedicina Veterinária. Também não se pode olvidar a culpa concor-rente do postulante pelo constrangimento e humilhação sofridos emseu ambiente de trabalho, fato que, por consistir em atenuante daresponsabilidade, determina a redução do quantum indenizatório.

- Apelação parcialmente provida.

Apelação Cível nº 475.948-PE

(Processo nº 2007.83.00.013377-8)

Relator: Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira

(Julgado em 17 de dezembro de 2009, por unanimidade)

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CIVILLEILÃO DE JÓIAS DADAS EM PENHOR-AUSÊNCIA DE NOTIFI-CAÇÃO DO DEVEDOR-NECESSIDADE DE INDENIZAÇÃO-OCORRÊNCIA DE DANOS MORAIS E MATERIAIS

EMENTA: CIVIL. LEILÃO DE JÓIAS DADAS EM PENHOR. AUSÊN-CIA DE NOTIFICAÇÃO DO DEVEDOR. NECESSIDADE DE INDE-NIZAÇÃO. DANOS MORAIS E MATERIAIS. MANUTENÇÃO DOSVALORES FIXADOS EM 1ª INSTÂNCIA. APELO DESPROVIDO.

- Num contrato de adesão, leiloar-se as jóias sem noticiar ao deve-dor assemelha-se a um ato de arbitrariedade e ofende o direito cons-titucional à defesa. Até o controvertido Decreto-Lei nº 70/66, em seuart. 31, § 1º, assevera que antes da execução da dívida incumbe aoagente fiduciário promover a notificação do devedor para purgar amora.

- A contextualização dos fatos trazidos a lume nos autos denota quea apelada perdeu de forma antecipada as suas jóias, ficando priva-da do uso e disposição das mesmas por conta de um ato da recor-rente. Embora não se trate de indenização dos lucros cessantes,faz-se mister alguma reparação pela privação da utilização dos bens,como requerido pela autora (“indenização pelos danos materiaissuportados pela autora (...) de 1 (um) salário mínimo para cada peçade jóia indevidamente alienada por mês que a autora ficar privada desua utilização, contados a partir do ato ilícito, corrigidos monetaria-mente até a data da efetiva satisfação da pretensão formulada (...”).Tendo em vista o escopo dos juros compensatórios, nada obsta quesejam eles aplicados aos direitos patrimoniais, diante da peculiarsituação fática exposta. Assim como o gozo e a disposição de umbem são passíveis de indenização, a privação de seu uso deve serigualmente indenizável.

- Revela-se perfeitamente devida uma indenização em favor da re-corrida pela privação do uso dos bens prematuramente leiloados, à

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razão de 1% ao mês sobre o valor da condenação por danos mate-riais, desde a data em que houve o leilão indevido, em 19.08.1999,até a data do efetivo pagamento da indenização, consoante já deci-dido pelo Juízo de primeiro grau.

- Considerando-se a condição patrimonial do ofensor na especi-ficação do valor a ser concedido a título de reparação e as circuns-tâncias fáticas em que se deu a ofensa, além do período em que elaperdurou, tem-se como razoável que a quantia de R$ 10.000,00 (dezmil reais), também já fixada pelo Juízo a quo, haja vista o carátersentimental envergado pelas jóias, tudo a título de danos morais.

- Apelo conhecido, mas desprovido.

Apelação Cível nº 401.132-SE

(Processo nº 2004.85.00.000011-3)

Relator: Desembargador Federal Francisco Barros Dias

(Julgado em 10 de novembro de 2009, por unanimidade)

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CONSTITUCIONAL, ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVILPRELIMINAR DE NULIDADE DO DECISUM POR AUSÊNCIA DEPRODUÇÃO DE PROVA PERICIAL-MANIFESTAÇÃO DO MAGIS-TRADO, NA SENTENÇA, PELA DESNECESSIDADE DE NOVASPROVAS-LIVRE CONVENCIMENTO DO JUIZ-PRELIMINARAFASTADA-SERVIDOR PÚBLICO-VIGILANTE-HORAS EXTRAS,ADICIONAL NOTURNO E REFLEXOS FINANCEIROS-LABOREM JORNADA DE 12 H DE TRABALHO POR 36 H DE DESCAN-SO

EMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. PROCESSUALCIVIL. PRELIMINAR DE NULIDADE DO DECISUM POR AUSÊNCIADE PRODUÇÃO DE PROVA PERICIAL. PARTE QUE, CHAMADA,NÃO ESPECIFICOU AS PROVAS QUE DESEJARIA PRODUZIR.MANIFESTAÇÃO DO MAGISTRADO, NA SENTENÇA, PELA DES-NECESSIDADE DE NOVAS PROVAS. LIVRE CONVENCIMENTODO JUIZ. PRELIMINAR AFASTADA. SERVIDOR PÚBLICO. VIGILAN-TE. HORAS EXTRAS, ADICIONAL NOTURNO E REFLEXOS FINAN-CEIROS. LABOR EM JORNADA DE 12 H DE TRABALHO POR 36 HDE DESCANSO.

- Ausência de comprovação de extrapolação da jornada de trabalhode 40 horas semanais prevista em lei.

- Não cabimento de horas extras.

- Servidor que, além das folgas semanais, tinha mais duas extrasmensais, cada uma correspondente a um dia de serviço (fls. 60/127).

- Não havendo desrespeito à jornada máxima semanal, está a Admi-nistração autorizada a organizar escalas de trabalho, com a inclu-são do final de semana, se houver necessidade, de acordo com aexigência do serviço.

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- Adicional noturno. Precedente.

- Equívoco na sentença. Fundamentação diversa do dispositivo.Necessidade de ajuste.

- Direito ao adicional noturno nos meses de janeiro a dezembro/2003, excluindo-se, tão somente, os meses de abril e julho daqueleano.

- Hipótese de sucumbência recíproca.

- Apelação parcialmente provida.

Apelação Cível nº 436.549-PE

(Processo nº 2005.83.00.006281-7)

Relator: Desembargador Federal Lázaro Guimarães

(Julgado em 10 de novembro de 2009, por unanimidade)

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CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVOSERVIDORA PÚBLICA-PROFESSORA UNIVERSITÁRIA-REPRO-VAÇÃO NO ESTÁGIO PROBATÓRIO-EXONERAÇÃO ANTES DAAQUISIÇÃO DE ESTABILIDADE-CABIMENTO-COMISSÃO AVA-LIADORA-LEGITIMIDADE-CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESAASSEGURADOS-AFASTAMENTOS SEM AUTORIZAÇÃO-COM-PROVAÇÃO PELO EXAME DAS PROVAS DOS AUTOS

EMENTA: CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. SERVIDORAPÚBLICA. PROFESSORA UNIVERSITÁRIA. REPROVAÇÃO NOESTÁGIO PROBATÓRIO. EXONERAÇÃO ANTES DA AQUISIÇÃODE ESTABILIDADE. CABIMENTO. PRECEDENTES DO STJ. CO-MISSÃO AVALIADORA. LEGITIMIDADE. CONTRADITÓRIO E AM-PLA DEFESA ASSEGURADOS. AFASTAMENTOS SEM AUTORIZA-ÇÃO. COMPROVAÇÃO PELO EXAME DAS PROVAS DOS AUTOS.

- Apelação interposta pela UFRN em face de sentença proferida peloMM. Juiz Federal da 3ª Vara da Seção Judiciária do Rio Grande doNorte, que julgou procedentes os pedidos formulados na Ação Ordi-nária nº 2004.84.00.003616-6, por força da teoria do fato consuma-do, para conceder à autora as licenças para acompanhar o trata-mento de saúde do cônjuge, a contar de 2 de janeiro de 2004, por 60(sessenta) dias, com direito à remuneração do cargo efetivo, e li-cença para tratar de assunto particular, com contagem a partir dotérmino da licença antes referida, por seis meses, sem direito à re-muneração. Outrossim, julgou procedente, em parte, os pedidosformulados na Ação Ordinária nº 2004.84.00.007981-5, para anularo Processo Administrativo nº 23077.033392/2003-56, que aprecioue concluiu pela não aprovação da autora no estágio probatório, e,em consequência, determinar a sua imediata reintegração ao corpodocente da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, no cargode Professora do Departamento de Química.

- Hipótese em que a autora alega a existência de nulidades no pro-cedimento administrativo que culminou com sua reprovação no es-tágio probatório, consistentes em: (a) intempestividade no início e

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término do procedimento; (b) ilegitimidade da comissão avaliadora,por conter servidores de centros diversos daquele de sua lotação;(c) cerceamento de defesa, por falta de notificação para que pudes-se produzir os elementos de prova. Aduz, ainda, que a avaliaçãorealizada pela comissão não teria levado em consideração que osafastamentos ocorreram em razão de assuntos científicos, de pes-quisa e para tratamento de saúde, tendo sido devidamente homolo-gados pela UFRN.

- “Adquire estabilidade o servidor após exercer efetivamente por 3(três) anos cargo provido mediante concurso público, razão por que,transcorrido esse prazo, não mais se cogita de avaliação de de-sempenho em estágio probatório, exceto se houver justificativa plau-sível para a demora da Administração. Inteligência do art. 41 da Cons-tituição Federal” (STJ, RMS 24.602/MG, Rel. Ministro Arnaldo EstevesLima, Quinta Turma, julgado em 11/09/2008, DJe 01/12/2008).

- Considerando que a autora foi exonerada em 16.08.2004, confor-me Portaria nº 442/2004, não transcorreu o prazo de três anos ne-cessário à aquisição da estabilidade (nomeação em 25.01.2002).

- Conforme disposto na Resolução nº 172/94 - CONSEPE, de 8 denovembro de 1994, “a avaliação de desempenho prevista no art. 2ºserá realizada por comissão de três professores, de classe supe-rior ou igual à do avaliado constituída pelo departamento do interes-sado”.

- No caso em exame, a comissão foi integrada por três professoresde classe igual ou superior à autora e foi constituída pelo Diretor doCentro de Ciências Exatas e da Terra atendendo à solicitação doChefe do Departamento de Química. Ademais, não há previsão le-gal no sentido de que os professores integrantes da comissão de-vam pertencer ao mesmo departamento do servidor avaliado.

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- Conforme restou comprovado nos autos, a Universidade utilizoutodos os meios possíveis para intimar a autora, não logrando êxitoem decorrência de ela ter se ausentado do Brasil sem que lhe tives-se sido concedida licença pela Administração e sem comunicar onovo endereço e pelo fato de a procuradora por ela nomeada ter seesquivado de apor ciência dos atos. Dessa forma, é de ser rejeitadaa alegação de cerceamento de defesa por falta de intimação.

- Quanto aos afastamentos da autora sem a devida autorização,ressalte-se que, em depoimento prestado em juízo, o Chefe do De-partamento de Química à época da avaliação afirmou ”que além deensinar, a autora desenvolvia trabalhos de pesquisa; que em diver-sas ocasiões a autora requereu afastamento para desenvolver pes-quisas no exterior, porém sem a documentação adequada e semque houvesse a manifestação administrativa; [...] que de três a qua-tro vezes conversou reservadamente e pessoalmente com a autoraa respeito da necessidade de apresentação de documentos para osrequerimentos de licenças de pesquisa no exterior; que a advertên-cia era verbal e não era documentada, em razão do não deferimentoda licença; que reitera a avaliação em torno da assiduidade da auto-ra como ruim, bem como os motivos que foram ausências não au-torizadas para tratamento de saúde e pesquisa; [...]”.

- Da mesma forma, corrobora a conclusão da Comissão de Avalia-ção o depoimento da própria autora em juízo, que afirmou: “que nãoinformava o endereço de residência em São Paulo, EUA ou ondemais estivesse, pois nunca fora solicitada; que quando retornou porforça da liminar repassou todos os endereços ao Departamento deQuímica; que recorda alguns professores que cobriram suas aulas,como o professor Ademir, Joana Darque e outro que não se recordao nome; que a cobertura das aulas ocorria tanto com o conhecimen-to do departamento de maneira formal quanto por maneira informal,através de mera comunicação entre os professores; que a cobertu-ra de aulas de maneira informal ocorria por períodos semanais ouquinzenais; que, desde janeiro de 2004, está trabalhando nos EUA,

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inicialmente como técnica e em seguida como farmacêutica naempresa Colonial Real Care; [...]”.

- Outrossim, consta dos autos documento que goza de fé públicaatestando os afastamentos da autora sem a devida concordânciada chefia, documento este datado de 08.12.2003, ou seja, em mo-mento anterior ao gozo das licenças autorizadas por decisão judi-cial.

- De acordo com o parecer proferido pela Professora Elza Maria doSocorro Dutra, o que pode ser confirmado pelo exame do currículoda autora acessado na internet, embora afastada da Universidadecom licenças para tratamento de saúde, a autora continuou execu-tando projetos de pesquisa, participando de congressos e produzin-do diversos artigos científicos.

- Conforme petição colacionada aos autos pela UFRN, a autora en-trou em exercício no dia 2 de outubro de 2006, em cumprimento àdecisão judicial, mas, tão logo entrou em exercício, afastou-se no-vamente de suas atividades acadêmicas e sem a devida autoriza-ção, encontrando-se já em 27 de novembro de 2006 com 50 dias defaltas não justificadas.

- É de ser mantida a sentença apenas no que se refere à procedên-cia do pedido formulado na Ação Ordinária nº 2004.84.00.003616-6,referente à concessão à autora de licenças para acompanhar o tra-tamento de saúde do cônjuge, a contar de 2 de janeiro de 2004, por60 (sessenta) dias, com direito à remuneração do cargo efetivo, elicença para tratar de assunto particular, com contagem a partir dotérmino da licença antes referida, por seis meses, sem direito à re-muneração, tendo em vista que as referidas licenças foram goza-das com base em decisão judicial proferida nos autos do AGTR nº56792-RN.

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- Apelação provida e remessa oficial parcialmente provida.

Apelação/Reexame Necessário nº 1.494-RN

(Processo nº 2004.84.00.007981-5)

Relator: Juiz Francisco Cavalcanti

(Julgado em 5 de novembro de 2009, por unanimidade)

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CONSTITUCIONAL, ADMINISTRATIVO E AMBIENTALCONSTRUÇÃO DE HOTEL (PARTE DE EMPREENDIMENTOMAIOR, CUJAS UNIDADES SERÃO LICENCIADAS INDIVIDUAL-MENTE)-EMBARGO DA OBRA-LICENCIAMENTO AMBIENTAL-EXPEDIÇÃO PELO ÓRGÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE-COMPETÊNCIA-FISCALIZAÇÃO-ATUAÇÃO SUPLETIVA DOENTE AMBIENTAL FEDERAL-ATO ADMINISTRATIVO-FUNDA-MENTAÇÃO-INFORMAÇÃO TÉCNICA EXPEDIDA PELO MINISTÉ-RIO PÚBLICO FEDERAL-DESPACHO DO PRÓPRIO PARQUETREVOGANDO PARCIALMENTE RECOMENDAÇÃO DE SUS-TAÇÃO DE LICENCIAMENTO-DUNAS E PLANÍCIE DE DEFLA-ÇÃO-EQUIPAMENTOS TURÍSTICOS EM ÁREA DE PRESERVA-ÇÃO PERMANENTE-DISCUSSÃO-ENUNCIADO MINISTERIALINTERPRETATIVO POSTERIOR À LICENÇA AMBIENTAL DEINSTALAÇÃO-DIREITO LÍQUIDO E CERTO-CONFIGURAÇÃO

EMENTA: CONSTITUCIONAL, ADMINISTRATIVO E AMBIENTAL.MANDADO DE SEGURANÇA. CONSTRUÇÃO DE HOTEL (PARTEDE EMPREENDIMENTO MAIOR, CUJAS UNIDADES SERÃO LI-CENCIADAS INDIVIDUALMENTE). EMBARGO DA OBRA. LICEN-CIAMENTO AMBIENTAL. EXPEDIÇÃO PELO ÓRGÃO ESTADUALDO MEIO AMBIENTE. COMPETÊNCIA. FISCALIZAÇÃO. ATUAÇÃOSUPLETIVA DO ENTE AMBIENTAL FEDERAL. ATO ADMINISTRATI-VO. FUNDAMENTAÇÃO. INFORMAÇÃO TÉCNICA EXPEDIDA PELOMINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL. DESPACHO DO PRÓPRIOPARQUET REVOGANDO PARCIALMENTE RECOMENDAÇÃO DESUSTAÇÃO DE LICENCIAMENTO. DUNAS E PLANÍCIE DE DEFLA-ÇÃO. EQUIPAMENTOS TURÍSTICOS EM ÁREA DE PRESERVA-ÇÃO PERMANENTE. DISCUSSÃO. ENUNCIADO MINISTERIALINTERPRETATIVO POSTERIOR À LICENÇA AMBIENTAL DE INS-TALAÇÃO. DIREITO LÍQUIDO E CERTO. CONFIGURAÇÃO. DES-PROVIMENTO DA APELAÇÃO.

- Apelação interposta contra sentença de concessão da segurança,nos termos da qual se invalidou ato administrativo de embargo pro-movido pela autarquia ambiental federal, garantindo-se a continuida-de de obra de construção de hotel na praia do Cumbuco, no Municí-pio de Caucaia, Fortaleza/CE.

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- Em sede de mandado de segurança, o direito, para ser chanceladojudicialmente, deve ser líquido e certo, e, assim, passível de com-provação a partir, simplesmente, da juntada dos elementosprobatórios com a petição inicial, não se admitindo dilação probatóriano âmbito do writ. Por isso que a análise que ora se empreenderatentará a esse limite.

- O hotel cuja construção foi embargada corresponde apenas à pri-meira parte de um empreendimento de grande porte (resorts, con-domínios, instalações para comércio e colégio, campo de golfe etc.),destinado à exploração de atividade turística. Contudo, a implanta-ção do aludido empreendimento se dará, segundo as própriasimpetrantes, com distintas subunidades que terão licenciamentoambiental de instalação independente e individualizado, ou seja, cadaparcela isolada demandará licenciamento ambiental de instalaçãoindividualmente. Portanto, este mandado de segurança tem objetoespecífico, que deve ser realçado: debate sobre a CONSTRUÇÃOUNICAMENTE DE HOTEL.

- O início da construção do hotel é marcado pela expedição da Li-cença de Instalação nº 41, de 05.05.2008, pelo órgão ambiental es-tadual, com validade de um ano. Ocorre que, em 10.12.2008, o ór-gão ambiental federal procedeu ao embargo da obra. É certo que,neste mandado de segurança, houve o deferimento de liminar, paragarantir o prosseguimento da construção, em 18.12.2008. Entretan-to, o IBAMA interpôs agravo de instrumento, tendo sido concedido oefeito suspensivo postulado, em 01.06.2009. Desde, então, vedou-se qualquer continuação da obra.

- Não procede o argumento de incompetência para licenciar doIBAMA, porquanto, neste caso, a mencionada autarquia, ao embargarao obra, não agiu como entidade responsável pelo licenciamentoambiental, mas no exercício de seu poder – na lei ambiental ditosupletivo – de fiscalização.

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- Nos termos do art. 10 da Lei n° 6.938/81, com a redação dada pelaLei nº 7.804/89, “a construção, instalação, ampliação e funciona-mento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursosambientais, considerados efetiva e potencialmente poluidores, bemcomo os capazes, sob qualquer forma, de causar degradaçãoambiental, dependerão de prévio licenciamento de órgão estadualcompetente, integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente –SISNAMA, e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e RecursosNaturais Renováveis - IBAMA, em caráter supletivo, sem prejuízo deoutras licenças exigíveis. Outrossim, de acordo com o § 4º do art.10 da mesma norma legal, compete ao IBAMA o licenciamento, nocaso de atividades e obras com significativo impacto ambiental, deâmbito nacional ou regional. Segundo o Parecer nº 312/CONJUR/MMA/2004, lavrado pelo Consultor Jurídico do Ministério do MeioAmbiente, “Não cabe aos Municípios e Estados pedir autorização àUnião para exercerem o poder de polícia administrativa, para organi-zarem seus serviços administrativo-ambientais ou para utilizaremos instrumentos da política nacional do meio ambiente, entre os quaisse inclui o licenciamento ambiental”. No documento, lê-se: “o licen-ciamento ambiental tem por fundamento compatibilizar a proteçãodo meio ambiente com o desenvolvimento econômico sustentável,tendo sua análise focada nos impactos ambientais da atividade ouempreendimento, não na titularidade dos bens afetados”. Nele seassentou, ainda: “Portanto, não basta que a atividade licenciada atinjaou se localize em bem da União para que fique caracterizada a com-petência do IBAMA para efetuar o licenciamento ambiental. Olicenciamento ambiental dá-se em razão da abrangência do impac-to ao meio ambiente e não em virtude da titularidade do bem atingi-do”.

- In casu, está materializada a competência do órgão ambiental es-tadual para a efetivação do licenciamento ambiental, o que, contudo,não impede ao IBAMA o cumprimento do seu dever de fiscalização,do qual pode decorrer embargo de obra. Frise-se que é competên-cia comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-pios proteger o meio ambiente. Nesse sentido, é de se ressaltar

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precedente recente do STJ: “O nosso pacto federativo atribuiu com-petência aos entes da Federação para a proteção do meio ambien-te, o que se dá mediante o poder de polícia administrativa (art. 78 doCTN). Esse poder envolve vários aspectos, entre eles, o poder depermitir o desempenho de certa atividade (desde que acorde comas determinações normativas) e de sancionar as condutas contrá-rias à norma. Anote-se que a contrariedade à norma pode ser ante-rior ou superveniente à outorga da licença, portanto a aplicação dasanção não está necessariamente vinculada àquele ato administra-tivo. Isso posto, não há que se confundir a competência do IBAMA delicenciar (caput do art. 10 da Lei nº 6.938/1981) com sua competên-cia para fiscalizar (§ 3º do mesmo artigo). Assim, diante da omissãodo órgão estadual de fiscalização, mesmo que outorgante da licen-ça ambiental, o IBAMA pode exercer seu poder de polícia administra-tiva, quanto mais se a atividade desenvolvida pode causar danoambiental em bem da União. Precedente citado: REsp 588.022-SC,DJ 5/4/2004. AgRg no REsp 711.405-PR, Rel. Min. Humberto Martins,julgado em 28/4/2009”. (Notícia veiculada no Informativo nº 0392/2009). Precedente também desta Turma (AC 454503/PB, j. em18.06.2009).

- É certo que o ato administrativo de embargo, formalmente, nãocarece de fundamentação (reporta-se, explicitamente, à InformaçãoTécnica 204/2007 do MPF e ao Parecer Técnico 010/2008 do IBAMA).Entretanto, tal fundamentação, substancialmente, não é suficientepara descaracterizar o direito líquido e certo dos impetrantes à con-tinuidade das obras do aludido hotel.

- Quanto à informação técnica expedida pelo Parquet nº 204, de 2007,cabe referenciar que o próprio Ministério Público Federal exarou des-pacho, em 02.04.2008, revogando, parcialmente, recomendação suade sustação de licenciamento ambiental do empreendimento. En-tendeu a autoridade ministerial que deveria ser mantida a paralisa-ção, enquanto não satisfeitas as exigências consignadas naquelainformação técnica (resumidas no Parecer Técnico nº 010/2008 do

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IBAMA), para a regularização do licenciamento ambiental do empre-endimento como um todo, salvo no que diz respeito, exatamente, aohotel em questão, porquanto a única observação que tinha sido apos-ta em relação àquela obra específica havia sido a dúvida no tocanteà definição da linha de preamar médio. Do Parquet a observação deque a referida incerteza, naquele momento, já havia sido esclarecidae, pois, não seria impediente da continuidade das obras do hotel, emvista, inclusive, de eventual hipótese de aforamento. Disse mais oMPF que correta estaria a assertiva dos empreendedores no senti-do de que a obra não estaria localizada em área de dunas (qualifica-da como de preservação permanente), mas sim em planície de de-flação, com tratamento jurídico diferenciado, mormente diante dasjá antigas e significativas interferências humanas naquele ambiente,com plantio de vegetação exótica interferente da dinâmica ambiental,bem como ante a percepção de que a movimentação eólica no sítiodescaracterizaria a essencialidade da região de implantação do ho-tel para as dunas. De todas essas razões, decorreu decisão minis-terial garantidora da continuidade do licenciamento ambiental – e,portanto, permissiva do prosseguimento das obras, se licenciadasfossem –, MAS APENAS EM RELAÇÃO AO HOTEL, mantida a sus-pensão do licenciamento quanto aos demais equipamentos e insta-lações do empreendimento. Daí se vê a ausência substantiva debase de sustentação do embargo procedido pelo IBAMA.

- Ademais, o IBAMA assevera que o hotel estaria em área de preser-vação permanente, haja vista que não se poderia enxergar a planíciede deflação isolada do campo de duna, que, em verdade, seria cons-tituído de duas partes, quais sejam: as dunas propriamente ditas,com sua mobilidade natural (salvo quando fixada por vegetação), ea planície de deflação, como corredor dos ventos movimentadoresda sedimentação formadora das dunas. Aduz, ainda, que a Resolu-ção CONAMA nº 341/2003, que autorizava a utilização de área dedunas para fins de instalação de empreendimentos turísticos, teriasido revogada pela Resolução CONAMA nº 369/2006, que não trariamais tal possibilidade, autorizando o uso da área mencionada,restritivamente, apenas para fins de utilidade pública. E, em defesa

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dessas teses, a autarquia invoca enunciado interpretativo (nº 2/2008)exarado pelo próprio Ministério Público. Ocorre que não há comoacatar essas assertivas, porquanto o aludido enunciado data de04.12.2008, ocasião em que já havia sido expedida a licença de ins-talação (de 05.05.2008), inclusive tida por regular – repita-se, APE-NAS NO PERTINENTE AO HOTEL – pelo Parquet. Em outros ter-mos, não se poderia fazer prevalecer ato administrativo de feiçãonormativa sobre atos administrativos expedidos anteriormente, soba interpretação que se entendia correta.

- Configurado direito líquido e certo, correta a sentença que conce-deu a segurança pleiteada.

- Desprovimento da apelação.

Apelação Cível nº 476.894-CE

(Processo nº 2008.81.00.016430-1)

Relator: Juiz Francisco Cavalcanti

(Julgado em 26 de novembro de 2009, por unanimidade)

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CONSTITUCIONALINCIDENTE DE INCONSTITUCIONALIDADE ACOLHIDO PELASEGUNDA TURMA DO TRF 5ª REGIÃO-IMPUGNAÇÃO DA LEIDO MUNICÍPIO DO RECIFE Nº 16.866/2003, QUE TORNA OBRI-GATÓRIO QUE A CONCESSIONÁRIA DE TELEFONIA FIXA NOMUNICÍPIO DO RECIFE, RESPONSÁVEL PELA EMISSÃO DAFATURA TELEFÔNICA, FORNEÇA INFORMAÇÕES DETALHA-DAS REFERENTES AOS “PULSOS” EFETUADOS PELO CON-SUMIDOR-COMPETÊNCIA PRIVATIVA DA UNIÃO PARA LEGIS-LAR SOBRE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES

EMENTA: CONSTITUCIONAL. INCIDENTE DE INCONSTITUCIONA-LIDADE ACOLHIDO PELA SEGUNDA TURMA DO TRF 5ª REGIÃO.IMPUGNAÇÃO DA LEI DO MUNICÍPIO DO RECIFE Nº 16.866/2003,QUE TORNA OBRIGATÓRIO QUE A CONCESSIONÁRIA DE TE-LEFONIA FIXA NO MUNICÍPIO DO RECIFE, RESPONSÁVEL PELAEMISSÃO DA FATURA TELEFÔNICA, FORNEÇA INFORMAÇÕESDETALHADAS REFERENTES AOS “PULSOS” EFETUADOS PELOCONSUMIDOR. RESERVA DE PLENÁRIO. COMPETÊNCIA DAUNIÃO PARA ORGANIZAR OS SERVIÇOS DE TELECOMUNICA-ÇÕES. COMPETÊNCIA PRIVATIVA DA UNIÃO PARA LEGISLARSOBRE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES. CONSTITUIÇÃOFEDERAL, ART. 21, XI, E 22, IV.

- Incidente de inconstitucionalidade acolhido pela Segunda Turmadeste Tribunal sobre a Lei do Município do Recife nº 16.866/2003,que torna obrigatório que a concessionária de telefonia fixa no Muni-cípio do Recife, responsável pela emissão da fatura telefônica, for-neça informações detalhadas referentes aos “pulsos” efetuados peloconsumidor. Reserva de plenário.

- Lei municipal que invade a competência da União de organizar osserviços de telecomunicações e a sua disciplina legislativa privativasobre a matéria ofende os artigos 21, XI, e 22, IV, da ConstituiçãoFederal/88.

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- Incidente que se julga procedente para declarar a inconstitucio-nalidade dos dispositivos da Lei do Município do Recife nº 16.866/2003.

Incidente de Inconstitucionalidade na Apelação Cível nº 425.962-PE

(Processo nº 2003.83.00.027085-5/01)

Relator: Desembargador Federal José Baptista de Almeida Filho

(Julgado em 16 de dezembro de 2009, por unanimidade)

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CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVOAUTORIZAÇÃO PARA OFERTA DE ENSINO MÉDIO E FUNDA-MENTAL À DISTÂNCIA POR ENTIDADE DE ENSINO SUPERIORAUTORIZADA PELO MEC-INDEFERIMENTO POR AUTORIDA-DE ESTADUAL-INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL

EMENTA: CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. MANDADO DESEGURANÇA. AUTORIZAÇÃO PARA OFERTA DE ENSINO MÉDIOE FUNDAMENTAL À DISTÂNCIA POR ENTIDADE DE ENSINO SU-PERIOR AUTORIZADA PELO MEC. INDEFERIMENTO POR AUTO-RIDADE ESTADUAL. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL.

- Se a impetrante – entidade particular de ensino superior – se en-contra autorizada pela Portaria nº 683/2006 do MEC, para a ofertade cursos superiores à distância, não se vislumbra nenhuma dele-gação de serviço público federal apta a firmar a competência destaJustiça.

- A incompetência se torna mais evidente quando, no caso concreto,se pretende autorização de autoridades estaduais para essa ofertaem respeito a cursos de níveis fundamental e médio, que se inserena competência prioritária do Estado, na forma do art. 211, § 3º, daCF/88.

- É de curial sabença que a competência para a impetração de man-dado de segurança se fixa a partir da categoria da autoridade apon-tada por coatora. Em se tratando de autorização negada por autori-dade estadual, ainda que em respeito a atuação de funcionamentode entidade de ensino superior, em assunto da competênciaprioritária do Estado-Membro, na forma do § 3º do art. 211 da CF/88,não se identifica interesse jurídico da União apto a firmar a compe-tência desta Justiça Federal.

- Agravo improvido. Decisão mantida por seus próprios fundamen-tos.

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Agravo de Instrumento nº 75.624-CE

(Processo nº 2007.05.00.015702-5)

Relator: Desembargador Federal Francisco Wildo

(Julgado em 15 de dezembro de 2009, por unanimidade)

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CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVOCONCURSO PÚBLICO-DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL-APRESENTAÇÃO DE DIPLOMA DE CONCLUSÃO DE CURSOSUPERIOR APENAS NA POSSE-LIMINAR DEFERIDA-CONCUR-SO HOMOLOGADO QUASE DOIS ANOS ANTES DO PEDIDODE NOMEAÇÃO-DECADÊNCIA

EMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. CONCURSOPÚBLICO. DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL. APRESENTAÇÃODE DIPLOMA DE CONCLUSÃO DE CURSO SUPERIOR APENASNA POSSE. LIMINAR DEFERIDA. CONCURSO HOMOLOGADOQUASE DOIS ANOS ANTES DO PEDIDO DE NOMEAÇÃO. DECA-DÊNCIA.

- Embora tenha sido autorizado, no Processo nº 2006.42.00.000135-1,que o candidato permanecesse no concurso, independentementeda apresentação de diploma ou de certidão de conclusão de cursode bacharel em Direito, ao autor não pode ser deferida a nomeaçãose os candidatos aprovados em seu concurso foram nomeados em17.7.2006.

- A parte pretende receber tratamento diferenciado, este consistenteno aguardo, pela Administração, de sua graduação para lhe dar pos-se juntamente com os concorrentes do concurso posterior, o que éinadmissível. Pode o candidato nomeado, quando muito, dispor doprazo legal para a investidura no cargo e, também, para entrar emexercício. Em situações excepcionais, até se admite o pedido co-nhecido como “final de fila”, mas, no presente caso, não há nenhumindicativo nesse sentido, tampouco no plano da alegação.

- O candidato deve assumir o risco de sua empreitada, não cabendotranspor para a Administração a adoção de esforços excepcionaissomente para atendê-lo individualmente em detrimento dos princí-pios próprios do concurso público, sob pena de quebra ao princípioda isonomia.

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- Como se não bastasse, o pedido de posse dirigido à Administra-ção data do ano de 2008, sendo certo que o ajuizamento da ação sedeu em 3.6.2008, ao passo que a homologação do concurso ocor-reu via edital de 4.7.2006, publicado no DOU de 6.7.2006 (fl. 40),superando, pois, em muito, os cento e oitenta dias de validade docertame (item 17.6.).

- Precedentes do Superior Tribunal de Justiça (REsp 743542 - Mi-nistro Nilson Naves; EDMS 9594 -Ministro Paulo Medina; MS 6134 -Ministro Felix Fischer).

- Apelo improvido.

Apelação Cível nº 469.737-SE

(Processo nº 2008.85.00.003137-1)

Relator: Desembargador Federal Maximiliano Cavalcanti (Con-vocado)

(Julgado em 3 de dezembro de 2009, por unanimidade)

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CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVOAÇÃO EXPROPRIATÓRIA-AUSÊNCIA DE CONTESTAÇÃO DAPARTE EXPROPRIADA-APLICAÇÃO DA REGRA PREVISTA NOCPC, ART. 319 – REVELIA-IMPOSSIBILIDADE

EMENTA: CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO EXPRO-PRIATÓRIA. AUSÊNCIA DE CONTESTAÇÃO DA PARTE EXPRO-PRIADA. APLICAÇÃO DA REGRA PREVISTA NO ART. 319 DOCPC – REVELIA. IMPOSSIBILIDADE.

- Imprescindibilidade da realização de perícia avaliatória para que seatenda ao ditame constitucional da justa indenização.

- Nulidade da sentença que homologou o preço ofertado sem aanuência da parte expropriada e sem a realização de perícia judicial.

- Precedente.

- Apelação provida.

Apelação Cível nº 486.301-PE

(Processo nº 2009.05.00.096461-4)

Relator: Desembargador Federal Frederico Wildson da SilvaDantas (Convocado)

(Julgado em 15 de dezembro de 2009, por unanimidade)

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J U R I S P R U D Ê N C I A

D E

D I R E I T O P E N A L

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PENAL E PROCESSUAL PENALDECISÃO QUE RATIFICOU OS ATOS PROCESSUAIS PRATICA-DOS POR JUIZ INCOMPETENTE-ATOS DE INSTRUÇÃO PRO-CESSUAL-AUSÊNCIA DE PREJUÍZO À DEFESA

EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMEN-TAL. DECISÃO QUE RATIFICOU OS ATOS PROCESSUAIS PRA-TICADOS POR JUIZ INCOMPETENTE. ART. 567 DO CPP. ATOSDE INSTRUÇÃO PROCESSUAL. AGRAVO REGIMENTAL IMPRO-VIDO.

- O presente agravo regimental visa à reforma da decisão de fls.368/273, que ratificou os atos processuais praticados por Juiz in-competente, quais sejam, o novo interrogatório do acusado, ocorri-do em 06.05.09 (fls. 349), e a apresentação de nova defesa prévia,em 12.05.09 (fls. 305/337), por não terem natureza decisória.

- É de se observar que, mesmo em hipóteses de incompetênciaabsoluta, como é a situação dos autos, a jurisprudência do STF en-tende pela possibilidade de ratificação dos atos instrutórios, e seposiciona, inclusive, no sentido de ratificar os atos decisórios. Pre-cedentes: HC 88262/SP, Relator Min. GILMAR MENDES, 08/08/2006;RE 464894 AgR, Relator Min. EROS GRAU, 24/06/2008, p. 1025.

- Mais ainda, o aproveitamento do ato de interrogatório e da apresen-tação da defesa prévia não trouxe, nem trará, qualquer prejuízo àdefesa. Veja-se que o denunciado não indicou quaisquer vícios ocor-ridos em tais atos capazes de invalidá-los, sustentando apenas queseriam nulos porque praticados no Juízo de Primeiro Grau, quandoeste já não era mais competente.

- Importante destacar que o próprio Regimento Interno desta CorteRegional, em seu art. 173, parágrafo 2º, prevê a possibilidade de serdelegada a realização do interrogatório ou outro ato da instrução aoJuiz de Primeira Instância, o que facilita a instrução processual, dada

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a dificuldade de acesso à sede do Tribunal, por vezes existente. Dessemodo, caso anulado o interrogatório e delegado tal ato à PrimeiraInstância, o que efetivamente ocorrerá é a sua realização por Magis-trado que não realizará o julgamento do feito, podendo, inclusive,acontecer perante o Juiz Federal que já o realizou anteriormente.

- Agravo regimental improvido.

Agravo Regimental na Ação Penal nº 29-CE

(Processo nº 2006.81.00.006467-0/01)

Relator: Desembargador Federal Manoel de Oliveira Erhardt

(Julgado em 9 de dezembro de 2009, por unanimidade)

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PENAL E PROCESSUAL PENALVENDA DE ARMAMENTO E MUNIÇÃO DESACOMPANHADA DASFORMALIDADES LEGAIS-HABEAS CORPUS-PRISÃO EM FLA-GRANTE-DECISÃO DENEGATÓRIA DE LIBERDADE PROVISÓ-RIA-PRESENÇA DE INDÍCIOS DA AUTORIA E DA MATERIALI-DADE DO CRIME-REQUISITOS DO ART. 312 DO CPP-RES-GUARDO DA ORDEM PÚBLICA E NECESSIDADE DE ASSEGU-RAR A APLICAÇÃO DA LEI PENAL-INEXISTÊNCIA-INTERDIÇÃODA EMPRESA-INVIABILIDADE DE REITERAÇÃO DA CONDUTA-APREENSÃO DOS PRODUTOS EXISTENTES NO EMPREEN-DIMENTO-ORDEM CONCEDIDA

EMENTA: PENAL. PROCESSO PENAL. VENDA DE ARMAMENTOE MUNIÇÃO DESACOMPANHADA DAS FORMALIDADES LEGAIS.ART. 17 DA LEI Nº 10.826/03. HABEAS CORPUS. PRISÃO EM FLA-GRANTE. DECISÃO DENEGATÓRIA DE LIBERDADE PROVISÓ-RIA. PRESENÇA DE INDÍCIOS DA AUTORIA E DA MATERIALIDADEDO CRIME. REQUISITOS DO ART. 312 DO CPP. RESGUARDODA ORDEM PÚBLICA E NECESSIDADE DE ASSEGURAR A APLI-CAÇÃO DA LEI PENAL. INEXISTÊNCIA. INTERDIÇÃO DA EMPRE-SA. INVIABILIDADE DE REITERAÇÃO DA CONDUTA. APREENSÃODOS PRODUTOS EXISTENTES NO EMPREENDIMENTO. ORDEMCONCEDIDA.

- A materialidade do crime encontra respaldo no lançamento irregu-lar de informações no SICOVEM, indicando a reiterada venda dearmamento e munições despida das formalidades exigidas pela Leinº 10.826/03 e regulamentos, pois foi operacionalizada grande quan-tidade de vendas em curto lapso (98 vendas em 2 horas), sem queos “compradores” ostentassem os requisitos necessários para tan-to.

- Sobre a autoria, o paciente testificou, por ocasião de seu interroga-tório, na fase policial, ostentar a qualidade de responsável pela lojaPESCA E CAÇA, a despeito da propriedade da loja restar registradano nome de sua esposa.

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- A ofensa à ordem pública restaria presente na viabilidade de o réudar continuidade à reiteração da conduta criminosa, isso consentâneocom a doutrina do Prof. Eugênio Pacelli de Oliveira: No Brasil, ajurisprudência, ao longo desses anos, tem se mostrado ainda umpouco vacilante, embora já dê sinais de ter optado pelo entendimen-to da noção de ordem pública como risco ponderável da repetiçãoda ação delituosa objeto do processo (in Curso de Processo Penal,7ª edição, Ed. Del Rey, pág. 436).

- Revela-se estreme de dúvidas a inviabilidade de o acusado reiterara prática das vendas ilegais de armamento e munição, pois o em-preendimento – utilizado para tanto – resta inativo, isso em razão deintervenção administrativa, tanto do Ministério da Defesa (exercidaatravés do Exército Brasileiro e em nome do Chefe do Estado-Maiorda 7ª Região Militar), quanto pela Secretaria da Fazenda do Estadode Pernambuco.

- Tentar direcionar o sentido de proteção da ordem pública em razãoda repercussão do crime implicaria admitir que a gravidade do cri-me em tese, e por si só, justificaria o afastamento de princípios jurí-dicos caros ao regime democrático de direito, tais como o da isono-mia e o da inocência. Ademais, na etapa processual presente, nãohá sequer indícios de que o paciente seria responsável por abaste-cer (com armamentos e munições) o crime local, argumento utiliza-do no decisum atacado. Precedentes citados: STF, HC98866/RS,Rel. Ministro Cezar Peluso, Segunda Turma, unânime, Dje. 16.10.2009,pág. 560; STJ, HC 50326, Rel. Ministro Gilson Dipp, Quinta Turma,unânime, Dje. 10.4.2006, pág. 258; TRF 5ª Região, HC 3570/PE,Rel. Desembargador Federal Rogério Fialho, Primeira Turma, unâ-nime, Dje. 10.9.2009, pág. 142.

- Igualmente, a busca do resguardo da instrução processual revela-se imotivada, bem assim destituída de plausibilidade. A interdição daempresa, bem assim a apreensão dos produtos controlados exis-tentes revelam a plena colheita da prova, a qual já se encontra acon-

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dicionada pela Administração Pública, pelo que não se faz crível aviabilidade de qualquer ato de ingerência do paciente na atividadeprobatória.

- O cárcere cautelar, é sabido, constitui medida excepcional, tão sóviável quando delineadas as situações estampadas no art. 312 doCPP, inexistes no presente caso.

Ordem de habeas corpus concedida, albergando ao paciente liber-dade provisória, mediante termo de compromisso e de compareci-mento obrigatório a todos os atos processuais.

Habeas Corpus nº 3.760-PE

(Processo nº 2009.05.00.111807-3)

Relator: Desembargador Federal José Maria Lucena

(Julgado em 3 de dezembro de 2009, por maioria)

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PENALESTELIONATO-JUÍZA CLASSISTA-PROVA DA RELAÇÃO DE EM-PREGO E DA SINDICALIZAÇÃO-REQUISITOS DA CLT, ART. 661-AUSÊNCIA DE PROVA DA AUTORIA E DA MATERIALIDADE DOILÍCITO-PROVAS DOCUMENTAL E TESTEMUNHAL FAVORÁ-VEIS ÀS RÉS

EMENTA: PENAL. ESTELIONATO. JUÍZA CLASSISTA. PROVA DARELAÇÃO DE EMPREGO E DA SINDICALIZAÇÃO. REQUISITOSDO ART. 661 DA CLT. AUSÊNCIA DE PROVA DA AUTORIA E DAMATERIALIDADE DO ILÍCITO. PROVAS DOCUMENTAL E TESTE-MUNHAL FAVORÁVEIS ÀS RÉS. APELAÇÃO IMPROVIDA.

- O art. 661, f, da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT exigia,para a eleição de juiz classista, que o candidato tivesse exercido aprofissão pelo mínimo de dois anos e que fosse afiliado ao sindicatoda categoria.

- Alegação de que as apeladas, sendo uma juíza classista e a outrarepresentante do sindicato, teriam forjado a relação de emprego e adeclaração de sindicalizada para que a juíza classista obtivesse oreferido cargo.

- Prova documental e testemunhal mediante a apresentação da car-teira profissional e do depoimento do então diretor presidente daempresa à época dos fatos, atestando a relação de emprego daentão juíza com a empresa ligada ao ramo de confecções, por maisde 20 (vinte) anos.

- Prova documental da sindicalização da juíza, que exerceu cargosno Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Vestuário do Estadoda Paraíba, também por mais de 20 (vinte) anos.

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- Coapelada que, ao certificar a condição de sindicalizada da entãojuíza classista não agiu com falsidade, limitando-se a atestar fatoefetivamente existente, agindo no regular desempenho do seu ofí-cio.

- Ausência de prova da autoria e materialidade do ilícito. Inexistênciadas elementares subjetivas e objetivas necessárias à perfectibilizaçãodo tipo penal, no que tange à emissão de certidão falsa de sindica-lização, a fim de possibilitar a outrem a obtenção de cargo de juizclassista - Código Penal, art. 171, § 3°.

- Apelação criminal improvida.

Apelação Criminal nº 4.151-PB

(Processo nº 2000.05.00.033411-1)

Relator: Desembargador Federal Geraldo Apoliano

(Julgado em 10 de dezembro de 2009, por unanimidade)

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PENAL E PROCESSUAL PENALTRÁFICO INTERNACIONAL DE ENTORPECENTES-SENTEN-ÇA-PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE-SUBSTITUIÇÃO POR SAN-ÇÕES RESTRITIVAS DE DIREITOS-IMPOSSIBILIDADE-REGI-ME INICIAL DE CUMPRIMENTO DA PENA ABERTO-INADMIS-SIBILIDADE

EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. TRÁFICO INTERNA-CIONAL DE ENTORPECENTES (ARTS. 35 E 40, I, DA LEI Nº 11.343,DE 23 DE AGOSTO DE 2006). SENTENÇA. PENA PRIVATIVA DELIBERDADE. SUBSTITUIÇÃO POR SANÇÕES RESTRITIVAS DEDIREITOS. REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DA PENA. ABER-TO. INADMISSIBILIDADE.

- A substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direi-tos, prevista no art. 44, § 2º, do Código Penal, com redação da Leinº 9.714, de 25 de novembro de 1998 – Lei das Penas Alternativas –, não se aplica aos crimes de tráfico de entorpecentes, porquantoequiparáveis aos crimes hediondos, cuja política de repressão cri-minal é incompatível com as penas restritivas de direitos (art. 2º daLei nº 8.072, de 25 de julho de 1990).

- A declaração de inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei no8.072, de 25 de julho de 1990, pelo plenário do STF, não afastou oúnico óbice à substituição da pena privativa de liberdade pela restritivade direitos ao condenado pela prática de crimes hediondos ou peloscrimes a ele equiparados. O que se definiu nesse julgado foi, ape-nas, a possibilidade de o condenado pela prática desses crimes pro-gredir de regime prisional de cumprimento da pena.

- Atualmente, o art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.072, de 1990, comredação da Lei nº 11.464, de 28 de março de 2007, fixou os parâ-metros para progressão do regime prisional para os crimes hedion-dos ou para os crimes a eles equiparados, que será inicialmentefechado.

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- A Lei n° 11.343, de 2006, vedou expressamente a aplicação daspenas alternativas ao condenado pelo crime de tráfico ilícito de en-torpecentes e drogas afins (arts. 33, § 4º, e 44).

- Ademais, o apelante é estrangeiro e não possui residência no país.

- Segundo o Supremo Tribunal Federal, a norma contida no art. 44,caput, da Lei 11.343/2006, ao expressamente estabelecer a proibi-ção da conversão, apenas explicita regra que era implícita no siste-ma jurídico brasileiro quanto à incompatibilidade do regime legal detratamento em matéria de crimes hediondos e a eles equiparadoscom o regime pertinente aos outros crimes (HC nº 97.843/SP).Conforme, ainda, o STF, o regime inicial fechado é imposto por leinos casos de crimes hediondos, não dependendo da pena aplicada.Assim, não há qualquer ilegalidade na fixação de referido regime, jáque o paciente foi condenado pela prática de crime de tráfico dedrogas. (HC nº 91.360/SP).

- Para o Superior Tribunal de Justiça, após a vigência da Lei 11.464/07, que, alterando a Lei 8.072/90, impôs o regime fechado como oinicial para todos os condenados pela prática de tráfico ilícito de en-torpecentes, independentemente do quantum de pena aplicado, alémde vedar expressamente a substituição da pena privativa de liber-dade por restritiva de direito; dest’arte, o aresto hostilizado, ao elegero regime prisional mais gravoso para o início do cumprimento dareprimenda imposta aos pacientes, nada mais fez do que seguirexpressa determinação legal (art. 2º, § 1º, da Lei 8.072/90) (HC138.829/MG).

- Precedentes de todas as Turmas deste TRF: 1ª Turma, ACR nº6.239; 2ª Turma, ACR 5.705; 3ª Turma, HC nº 3.539; 4ª Turma, ACRnº 6.118.

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- Apelação provida, para fixar o regime prisional fechado para iníciode cumprimento da pena, nos termos do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072,de 1990, e negar ao condenado a substituição da pena privativa deliberdade por sanções restritivas de direitos, nos termos do art. 44da Lei nº 11.343, de 2006.

Apelação Criminal nº 6.964-RN

(Processo nº 2008.84.00.012654-9)

Relator: Juiz Francisco Cavalcanti

(Julgado em 12 de novembro de 2009, por unanimidade)

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PENAL E PROCESSUAL PENALCRIME DE APROPRIAÇÃO DE RENDA PÚBLICA-AÇÃO PRATI-CADA, À ÉPOCA, POR PREFEITO MUNICIPAL-DEMONSTRA-ÇÃO DA MATERIALIDADE E DA AUTORIA DELITIVAS-CONDE-NAÇÃO QUE SE IMPÕE-PENA COMPATÍVEL COM O CASOCOTEJADO

EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. CRIME DE APRO-PRIAÇÃO DE RENDA PÚBLICA. AÇÃO PRATICADA, À ÉPOCA,POR PREFEITO MUNICIPAL. DEMONSTRAÇÃO DA MATERIALI-DADE E DA AUTORIA DELITIVAS. CONDENAÇÃO QUE SE IMPÕE.PENA COMPATÍVEL COM O CASO COTEJADO. IMPROVIMENTODO APELO.

- Provado nos autos, inclusive de modo documental, que, às véspe-ras do exaurimento do mandato eletivo, foram sacados, da contabancária do município, valores federais postos à sua disposição (con-vênios para a área de saúde, p. ex.), tudo a mando do então prefeito(que admitiu expressamente o fato), é manifesta a incidência danorma contida no Decreto-Lei nº 201, art. 1º.

- O cometimento do crime resta caracterizado, ainda mais porquenão se fez apresentar qualquer justificativa plausível para a medida,nem se fez apontar uma única ação pública (pagamento, obra) quejustificasse o expediente heterodoxo; de mais a mais, as alardeadasdificuldades de acesso aos documentos, quiçá comprobatórios dasdespesas públicas realizadas pós-saque, não foram demonstradas.

- Houve, enfim, os saques pelo prefeito, e eles não corresponderama qualquer gasto público regular.

- A pena privativa de liberdade aplicada ao apelante (cinco anos depena-base, tornados definitivos) mostra-se proporcional ao casoconcreto; a exasperação da pena, ainda em primeira fase dadosimetria, funda-se no alto grau de culpabilidade do agente (dolo),

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revelador de uma personalidade capaz de cometer o gesto reprová-vel narrado, fazendo-o do modo mais primário possível (saque dire-to na conta), sem temer quem quer que fosse, e sem receio de vir acausar os danos mais graves à saúde da população (o dinheiro teriaesta destinação).

- A condenação criminal à reparação cível ex-delito, por outro lado,dada com supedâneo já na redação do art. 387, VI, do CPP, não éexorbitante; a devolução da quantia (pouco mais de cem mil reais)mostra-se ajustada: a uma, que este foi o valor, sim, apropriado pelorecorrente; a duas, que o fato de haver a condenação criminal nãosignifica, como quer o apelo, o fato de haver risco de duplo paga-mento (pagar em execução cível a partir do título extrajudicial, pagarmercê de condenação criminal).

- Apelação improvida.

Apelação Criminal nº 6.899-AL

(Processo nº 2005.05.00.033164-8)

Relator: Desembargador Federal Paulo Roberto de Oliveira Lima

(Julgado em 10 de dezembro de 2009, por unanimidade)

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PENAL E PROCESSUAL PENALINSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM SISTEMA DE INFORMA-ÇÕES-PRELIMINARES REJEITADAS-AUTORIA E MATERIALI-DADE EVIDENCIADAS ATRAVÉS DE ROBUSTO ACERVOPROBATÓRIO-DOSIMETRIA DA PENA IRRETOCÁVEL-CONFIR-MAÇÃO DO VEREDICTO CONDENATÓRIO EM TODOS OSSEUS TERMOS

EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO. INSER-ÇÃO DE DADOS FALSOS EM SISTEMA DE INFORMAÇÕES (ART.313-A DO CÓDIGO PENAL). PRELIMINARES REJEITADAS. AUTO-RIA E MATERIALIDADE EVIDENCIADAS ATRAVÉS DE ROBUSTOACERVO PROBATÓRIO. DOSIMETRIA DA PENA IRRETOCÁVEL.CONFIRMAÇÃO DO VEREDICTO CONDENATÓRIO, EM TODOSOS SEUS TERMOS.

- Prejudiciais de mérito rechaçadas. Persecução criminal instaura-da por denúncia que narra, minuciosamente, os fatos criminosos,preenchendo, destarte, todos os requisitos legais. Por outro lado, adecisão de indeferir pedido de perícia, na fase do hoje revogado art.499 do Código de Processo Penal, tomou por base a intempestividadedo pleito da defesa, encontrando-se, outrossim, inserida no livre con-vencimento do magistrado, que lhe permite indeferir a produção dasprovas que entender protelatórias ou inúteis para o deslinde da cau-sa.

- Inatacável conjunto probatório a comprovar que o réu, valendo-sedo cargo de diretor de divisão de pagamento de universidade fede-ral, efetuou a elevada quantidade de duzentos e sessenta e três lan-çamentos de rubricas irregulares nos contracheques dos corréus,para posterior divisão do produto dos crimes, dando causa, destarte,a prejuízo ao erário público da ordem de cento e cinquenta mil reais.

- Dosimetria da pena cominada em estrita consonância com o sis-tema trifásico, albergado no diploma repressor pátrio (art. 68 doCódigo Penal), e em patamar perfeitamente compatível com o con-

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siderável grau de censura reclamado pelos atos perpetrados pelorecorrente (oito anos de reclusão), o mesmo podendo ser dito emrelação à pena de multa, arbitrada no módico valor de oito saláriosmínimos.

- Apelo improvido.

Apelação Criminal nº 6.603-PE

(Processo nº 2006.83.00.001681-2)

Relator: Desembargador Federal Vladimir Souza Carvalho

(Julgado em 10 de dezembro de 2009, por unanimidade)

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PENAL E PROCESSUAL PENALHABEAS CORPUS-CRIME CONTRA A HONRA DE AUTORIDA-DES PÚBLICAS EM RAZÃO DE SUAS FUNÇÕES-AÇÃO PENALPÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO DO OFENDI-DO-ADITAMENTO À DENÚNCIA-VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOSDO JUIZ NATURAL E DA DISTRIBUIÇÃO-INOCORRÊNCIA-CO-NEXÃO ENTRE OS FATOS-DENEGAÇÃO DA ORDEM

EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS.CRIME CONTRA A HONRA DE AUTORIDADES PÚBLICAS EM RA-ZÃO DE SUAS FUNÇÕES. AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONA-DA À REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO. ADITAMENTO À DENÚN-CIA. VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DO JUIZ NATURAL E DA DIS-TRIBUIÇÃO. INOCORRÊNCIA. CONEXÃO ENTRE OS FATOS.DENEGAÇÃO DA ORDEM.

- É do Ministério Público a legitimidade ativa ad causam parapropositura de ação penal pública condicionada à representação, enão do ofendido, que se restringe a autorizar o início da persecuçãopenal mediante o oferecimento da representação. Diferencia-se,portanto, o juízo de oportunidade e conveniência da instauração daação penal, que é exercido pelo ofendido, da legitimação para a suapropositura, que, em se tratando de ação penal pública, sempre seráconferida ao Ministério Público.

- Não há que se falar, portanto, em litisconsórcio ativo facultativo,quando o Parquet Federal é o único que detém legitimidade para apropositura da ação penal em tela, bem como para o posterior adita-mento da inicial.

- Nenhuma ilegalidade subsiste no aditamento formulado pelo Minis-tério Público Federal, que buscou, tão somente, incluir novos fatosna denúncia, que antes se viu impedido de incluir, por não se encon-trar autorizado pelos respectivos ofendidos.

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- Não há que se falar em ofensa ao princípio do juiz natural, nem dadistribuição, ante a evidente conexão entre os fatos narrados na de-núncia e os constantes de seu posterior aditamento, que recomen-dam a unidade do julgamento.

- Ordem denegada.

Habeas Corpus nº 3.789-CE

(Processo nº 2009.05.00.120954-6)

Relator: Desembargador Federal Rubens de Mendonça Canuto(Convocado)

(Julgado em 12 de janeiro de 2010, por unanimidade)

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J U R I S P R U D Ê N C I A

D E

D I R E I T O

P R E V I D E N C I Á R I O

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PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVILCONCESSÃO DE APOSENTADORIA ESPECIAL-REQUISITOSNÃO PREENCHIDOS-RECONHECIMENTO DE TEMPO DE SER-VIÇO ESPECIAL-EXPOSIÇÃO AO AGENTE FÍSICO RUÍDO ACI-MA DOS LIMITES LEGAIS-COMPROVAÇÃO RELATIVA A PARTEDO PERÍODO-ANTECIPAÇÃO DE TUTELA DEFERIDA-CANCE-LAMENTO

EMENTA: PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CONCES-SÃO DE APOSENTADORIA ESPECIAL. REQUISITOS NÃO PRE-ENCHIDOS. RECONHECIMENTO DE TEMPO DE SERVIÇO ES-PECIAL. EXPOSIÇÃO AO AGENTE FÍSICO RUÍDO ACIMA DOS LI-MITES LEGAIS. COMPROVAÇÃO RELATIVA A PARTE DO PERÍO-DO. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA DEFERIDA. CANCELAMENTO.

- A Lei nº 8.213/91, na sua redação original, assegurou a aposenta-doria especial aos profissionais que, por um determinado período detempo, estivessem sujeitos a condições especiais, prejudiciais àsaúde ou à integridade física, dispensando-se, contudo, a compro-vação efetiva da exposição do segurado à ação nociva dos agentescausadores da insalubridade, da periculosidade e da penosidade daatividade profissional. O art. 292 do Decreto nº 611, de 21.07.92, queregulamentou os Benefícios da Previdência Social, inclusive, esta-beleceu que, para efeito de concessão de aposentadoria especial,até a promulgação da lei que dispusesse sobre as atividades preju-diciais à saúde e à integridade física, fossem considerados os Ane-xos I e II do Decreto nº 83.080/79 e o Anexo do Decreto nº 53.831/64,os quais vigoraram até 05.03.97, data da edição do Decreto nº 2172,que instituiu o novo regulamento dos Benefícios da Previdência So-cial.

- Somente após a edição da Lei nº 9.032, de 28.04.95, o legisladorordinário passou a condicionar o reconhecimento do tempo de ser-viço em condições especiais à comprovação da exposição efetivaaos agentes nocivos à saúde e à integridade física do segurado,para fins de aposentadoria especial.

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- A jurisprudência pátria tem entendido ser cabível a concessão dobenefício de aposentadoria especial, mesmo não estando a ativida-de inscrita em regulamento, mas desde que atendidos os requisitoslegais e que seja constatado, através de perícia judicial, que a ativi-dade exercida pelo segurado é perigosa, insalubre ou penosa.

- O rol das profissões sujeitas a condições prejudiciais à saúde e àintegridade física e que conferem o direito ao benefício de aposenta-doria especial não é taxativo, mas meramente exemplificativo.

- Na hipótese dos autos, não restou devidamente comprovado o exer-cício pela parte autora de atividades profissionais com exposição,de forma permanente e habitual, ao agente físico ruído, acima doslimites legais, durante todo o período postulado. Analisando atenta-mente a descrição das atividades desempenhadas pelo requerente,tanto no formulário DSS-8030, quanto no laudo pericial, verifica-seque o período em que a função exercida era de Agente de Reservas,cuja prestação do serviço se dava em sala privativa do Setor deReserva do Aeroporto de Fortaleza, a exposição ao ruído nos limitesalegados inviabilizaria a própria atividade, especialmente os conta-tos telefônicos entre o funcionário e os clientes.

- Restou comprovado o caráter especial apenas dos períodos deserviço prestados nos pátios e pistas do aeroporto, com exposiçãoao ruído em patamares acima do limite legal, cuja atividade desen-volvida, inclusive, se equipara à dos aeroviários, prevista no item2.4.1 do Anexo ao Decreto nº 53.831/64 como perigosa.

- Uma vez considerada especial apenas parte dos períodos postula-dos, inviabilizada fica a concessão da aposentadoria especial, nostermos do art. 57 da Lei nº 8.213/91, por insuficiência de tempo deserviço. De igual modo, também não é possível a concessão daaposentadoria integral por tempo de contribuição, de acordo com aredação permanente do § 7º do art. 201 da CF/88, porquanto o mon-

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tante final obtido com a soma do tempo comum e do período espe-cial, após a devida conversão, é inferior aos 35 anos exigidos.

- Reconhecido o direito do autor ao cômputo qualificado do tempode serviço apenas relativamente aos períodos de 17.05.93 a 01.10.98e de 08.01.99 a 09.02.05, que deverão ser adicionados ao restantedo tempo comum, após a devida conversão, para fins de aposenta-doria, com a cessação dos efeitos da antecipação de tutela conce-dida.

- Apelação do INSS e remessa obrigatória parcialmente providas.

Apelação/Reexame Necessário nº 5.392-CE

(Processo nº 2007.81.00.015757-2)

Relator: Desembargador Federal José Maria Lucena

(Julgado em 3 de dezembro de 2009, por unanimidade)

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PREVIDENCIÁRIOPENSÃO POR MORTE-MORTE PRESUMIDA-TRABALHADORRURAL-PRECARIEDADE DOS MEIOS DE PROVA-IMPOSSIBI-LIDADE DE CONCESSÃO DA PENSÃO À AUTORA

EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. MORTEPRESUMIDA. TRABALHADOR RURAL. PRECARIEDADE DOSMEIOS DE PROVA.

- Para a concessão do benefício pensão por morte, em face do fale-cimento de trabalhador rural, é necessária a comprovação do efeti-vo exercício da atividade rural, ainda que de forma descontínua.

- Os meios de prova carreados aos autos não foram suficientespara firmar o convencimento acerca da comprovação da qualidadede rurícola do falecido segurado, a justificar o reconhecimento dodireito da autora à pensão previdenciária.

- Depreende-se das peças colacionadas nos autos a declaração damorte presumida do cônjuge da autora, reconhecida por meio desentença judicial (fls.12/13v).

- Além do mais, consta nos autos que o marido da autora desempe-nhou atividade urbana (fls. 36/37) no período de 1993. Assim, dianteda inexistência de um mínimo de prova material que comprove queo seu marido desempenhou atividade rural nos meses anteriores aoseu óbito, não há como se dar procedência à pretensão da autora.

- Havendo dúvida quanto à comprovação dos fatos constitutivos dodireito, a demanda deve ser julgada em desfavor daquele a quemcabia o ônus da prova.

- Apelação improvida.

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Apelação Cível nº 488.803-CE

(Processo nº 2000.81.00.037877-6)

Relatora: Desembargadora Federal Margarida Cantarelli

(Julgado em 15 de dezembro de 2009, por unanimidade)

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PREVIDENCIÁRIOAPOSENTADORIA COM PROVENTOS INTEGRAIS-TEMPO DESERVIÇO ESPECIAL-RUÍDO E SOLDAGEM E CORTE DE ME-TAIS DA CALDEIRARIA-DEMONSTRADA A EXPOSIÇÃO, DEMODO HABITUAL E PERMANENTE, A FUNGOS, PESTICIDAS,INSETICIDAS AGRÍCOLAS, SUBACETATO DE CHUMBO EORGANO FOSOFORADO-RECONHECIMENTO DA ESPECIALI-DADE-TEMPO DE SERVIÇO SUFICIENTE PARA A CONCESSÃODE APOSENTADORIA-REQUISITO ETÁRIO CUMPRIDO EM 10/03/2008

EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA COM PROVEN-TOS INTEGRAIS. TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL. LEI Nº 8.213/91. DECRETO Nº 53.831/64. RUÍDO E SOLDAGEM E CORTE DEMETAIS DA CALDEIRARIA. DEMONSTRADA A EXPOSIÇÃO, DEMODO HABITUAL E PERMANENTE, A FUNGOS, PESTICIDAS, IN-SETICIDAS AGRÍCOLAS, SUBACETATO DE CHUMBO E ORGANOFOSOFORADO. RECONHECIMENTO DA ESPECIALIDADE. TEM-PO DE SERVIÇO SUFICIENTE PARA A CONCESSÃO DE APO-SENTADORIA. REQUISITO ETÁRIO CUMPRIDO EM 10/03/2008.TERMO INICIAL DA CONDENAÇÃO FIXADO NESTA DATA. FIXA-ÇÃO DA TAXA DE JUROS EM 1% AO MÊS. NATUREZA ALIMEN-TAR DA DÍVIDA. REDUÇÃO DA VERBA HONORÁRIA PARA 5% DOVALOR DA CONDENAÇÃO ANTE A SINGELEZA DA QUESTÃO.AFASTAR CONDENAÇÃO DA AUTARQUIA EM DESPESAS PRO-CESSUAIS. ISENÇÃO. LEIS 8.620/93 E 9.289/96.

- O autor laborou em condições prejudiciais à saúde, nos períodosde 27/09/1976 a 10/03/1978, 06/10/1980 a 15/09/1981 e 03/01/1983a 28/04/1995, respectivamente, nos ramos de fabricação de tecidose de açúcar e álcool, exposto a ruídos superiores a 90 dB, à agres-sividade da cal e de fumos metálicos, em caldeiraria, e poeira deareia e cimento, em laboratório de produção de fungos, em ativida-des classificadas como insalubres, códigos 1.1.6, 2.5.3 e 1.2.10 doAnexo II do Decreto nº 53.831/94, de modo que tem direito à conver-são destes períodos especiais em tempo comum, pelo multiplicador“1,4”, nos termos da Lei 9.032/95.

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- Quanto ao período posterior a 28/04/1995, as informações conti-das no laudo técnico e Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPPcomprovam que o ora apelado exerceu atividades laborativas emcondições prejudiciais à saúde, em laboratório, no controle de pra-gas agrícolas, em atividades que o expunham, de modo habitual epermanente, a fungos, pesticidas, inseticidas agrícolas, subacetatode chumbo e organo fosoforado, no período de 29/04/1995 a 04/11/2002. Logo, há que se reconhecer a sua especialidade.

- A conversão em tempo de serviço comum do período laborado emcondições especiais somente era possível relativamente à atividadeexercida até 28 de maio de 1998, em face do disposto no art. 28 daLei nº 9.711/98. Contudo, tendo em vista que o egrégio STJ tem fir-mado o posicionamento de que “exercida a atividade em condiçõesespeciais, ainda que posteriores a maio de 1998, ao segurado as-siste o direito à conversão do tempo de serviço especial em co-mum, para fins de aposentadoria” (REsp 1108945/RS. Dje: 03/08/2009. Min. Jorge Mussi. T5. Unânime), considerei especial o períodopleiteado pelo recorrente até 04/11/2002.

- Assim, computando o tempo de serviço do postulante, conformeas anotações de sua CTPS, e com a devida conversão do tempoespecial em comum (pelo multiplicador 1,4), até a data do requeri-mento administrativo, conta-se mais de 37 anos, constituindo tem-po de serviço suficiente para a concessão da pleiteada aposentado-ria, mesmo com o acréscimo do alcunhado “pedágio”. O requisitoetário, no entanto, só se cumpriu em 10/03/2008, vez que o recorri-do nasceu em 10/03/1955, de modo que somente faz jus à aposen-tadoria pleiteada a partir daquela data.

- Fixação dos juros de mora no percentual de 1% (um por cento) aomês, a partir da citação válida (Súmula nº 204 do STJ), em face docaráter alimentar da dívida, consoante jurisprudência firmada no STJ.

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- Redução da verba honorária, fixada na origem em 10% (dez porcento), ao percentual de 5% (cinco por cento) sobre o valor das par-celas vencidas, nos termos da Súmula nº 111 do STJ.

- O autor litigou sob o pálio da justiça gratuita, pelo que não adiantoudespesas processuais, logo não há que se falar em condenaçãonas custas processuais da autarquia ré, que é isenta (art. 8º, § 1º,da Lei nº 8.620/93 e art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96).

- Apelação e remessa oficial parcialmente providas.

Apelação/Reexame Necessário nº 1.458-AL

(Processo nº 2007.80.00.000347-5)

Relator: Desembargador Federal José Baptista de Almeida Filho

(Julgado em 24 de novembro de 2009, por unanimidade)

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PREVIDENCIÁRIOAMPARO SOCIAL-BENEFÍCIO ASSISTENCIAL SUSPENSO SOBO FUNDAMENTO DA INEXISTÊNCIA DE INCAPACIDADE PARAA VIDA INDEPENDENTE E PARA O TRABALHO-AUTOR POR-TADOR DE OSTEOARTROSE FACETARIA IRREVERSÍVEL,ALEM DE SURDEZ PROFUNDA BILATERAL-LAUDO MÉDICOPERICIAL DO JUÍZO CONCLUSIVO PELA INCAPACIDADE DE-FINITIVA DO AUTOR-REQUISITOS PREENCHIDOS-DIREITO AORESTABELECIMENTO DO BENEFÍCIO

EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. AMPARO SOCIAL. ART. 203, V, DACF/88. LEI Nº 8.742/93. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL SUSPENSOSOB O FUNDAMENTO DA INEXISTÊNCIA DE INCAPACIDADE PARAA VIDA INDEPENDENTE E PARA O TRABALHO (FL. 46). AUTORPORTADOR DE OSTEOARTROSE FACETARIA IRREVERSÍVEL,ALEM DE SURDEZ PROFUNDA BILATERAL. LAUDO MÉDICOPERICIAL DO JUÍZO CONCLUSIVO PELA INCAPACIDADE DEFINI-TIVA DO AUTOR (FLS. 102/106). DECLARAÇÃO SOBRE A COM-POSIÇÃO DO GRUPO E RENDA FAMILIAR (FLS. 122). DECLARA-ÇÃO DO CENTRO DE REFERÊNCIA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL(FL. 123). REQUISITOS PREENCHIDOS. TERMO A QUO DO BE-NEFÍCIO. DATA DA SUSPENSÃO INDEVIDA. PARCELAS ATRASA-DAS DEVIDAMENTE CORRIGIDAS, NOS TERMOS DO MANUALDE CÁLCULOS DA JUSTIÇA FEDERAL, E ACRESCIDA DE JUROSDE MORA DE 1% AO MÊS, A CONTAR DA CITAÇÃO. HONORÁ-RIOS ADVOCATÍCIOS. SÚMULA Nº 111 DO STJ.

- É devido o pagamento do amparo social ao portador de deficiênciaque comprove não possuir meios de prover sua manutenção ou detê-la provida por sua família. Inteligência do art. 203, V, da CF/88,regulamentada pela Lei nº 8.742/93 e pelo Decreto nº 1.744/95.

- Comprovado nos autos, através do laudo médico pericial (fls. 102/106), bem como da declaração sobre a composição do grupo e darenda familiar do autor (fls. 122) e da declaração do centro de refe-rência da assistência social (fls. 123), que o autor preenche os re-

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quisitos necessários ao restabelecimento do amparo social, deveser mantida a parte da sentença que julgou procedente o pedido.

- Considerando que o benefício foi suspenso indevidamente, em faceda permanência das condições incapacitantes do autor, o termo aquo do benefício deve ser a data da suspensão indevida.

- As parcelas atrasadas devem ser monetariamente corrigidas, nostermos do Manual de Cálculos da Justiça Federal, e acrescidas dejuros de mora de 1% ao mês, a contar da citação.

- Os honorários advocatícios arbitrados no percentual de 10% (dezpor cento) devem incidir, apenas, sobre as prestações vencidas,nos termos da Súmula nº 111 do STJ.

- Apelação do INSS improvida. Remessa oficial parcialmente provi-da, para determinar que os honorários advocatícios incidam, ape-nas, sobre as prestações vencidas, nos termos da Súmula nº 111do STJ.

Apelação/Reexame Necessário nº 8.114-CE

(Processo nº 2006.81.00.002971-1)

Relator: Desembargador Federal Paulo Gadelha

(Julgado em 10 de novembro de 2009, por maioria)

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PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVILAÇÃO DECLARATÓRIA-RECONHECIMENTO DE TEMPO DESERVIÇO URBANO PRESTADO SOB REGIME CELETISTA-INÍ-CIO DE PROVA MATERIAL CORROBORRADA POR PROVA TES-TEMUNHAL-ILEGITIMIDADE PASSIVA DA UNIÃO-RECOLHI-MENTO DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS-DESNE-CESSIDADE-ÔNUS DO EMPREGADOR

EMENTA: PREVIDENCIÁRIO E PROCESSO CIVIL. AÇÃO DECLA-RATÓRIA. RECONHECIMENTO DE TEMPO DE SERVIÇO URBA-NO PRESTADO SOB REGIME CELETISTA. SÚMULA Nº 242/STJ.INÍCIO DE PROVA MATERIAL CORROBORRADA POR PROVATESTEMUNHAL. ILEGITIMIDADE PASSIVA DA UNIÃO. RECOLHI-MENTO DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. DESNE-CESSIDADE. ÔNUS DO EMPREGADOR.

- Trata-se de ação declaratória com o objetivo de reconhecer tempode serviço urbano (01.04.66 a 17.01.71), quando ainda celetista, exer-cido na Delegacia do Ministério da Agricultura e Abastecimento parafins previdenciários.

- O uso da ação declaratória para se buscar reconhecimento detempo de serviço urbano ou rural, para fins previdenciários, é possí-vel, conforme preceitua a Súmula 242 do STJ: “Cabe ação declara-tória para reconhecimento de tempo de serviço para fins previden-ciários”.

- Para a comprovação do tempo de serviço de atividade urbana, ésuficiente o início razoável de prova material, corroborado por depo-imentos testemunhais, nos termos do art. 55, § 3º, da Lei nº 8.213/91. No caso, os recibos de pagamento durante todo o período traba-lhado, o balancete do Ministério da Aeronáutica e a documentaçãoacerca da atividade desempenhada pelo autor são início razoável deprova material e estão corroborados por depoimentos testemunhais,não contraditados, que guardam coerência com os fatos alegados

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na peça vestibular. Na espécie, deve-se prestigiar o valor das pro-vas testemunhais, pois foram colhidas de pessoas das quais nãoforam suscitadas quaisquer dúvidas quanto à integridade e quemostraram ser conhecedoras da causa e contemporâneas aos fa-tos narrados.

- O segurado não está obrigado ao recolhimento das contribuiçõesprevidenciárias relativas ao período que se quer ter reconhecido(01.04.66 a 17.01.71), haja vista tratar-se de obrigação do emprega-dor. Se este não cumpriu com o dever que lhe cabia, deve arcarsozinho com o ônus de sua irresponsabilidade, não sendo lícito trans-ferir ao demandante qualquer prejuízo por tal fato. Na hipótese, peladocumentação acostada aos autos e pelos depoimentos testemu-nhais colhidos, tenho que a parte autora, ora apelada, não labutavacomo autônomo, mas sim como empregado. É que, em face dassupracitadas provas, verifica-se que estão presentes todos os ele-mentos do contrato de trabalho, quais sejam: a subordinação,pessoalidade, onerosidade e continuidade, de forma que o apeladonão poderia ser responsável pelo recolhimento das exações securi-tárias.

- A contagem e a certificação de tempo de serviço prestado sob oregime celetista é atribuição do INSS que detém, por isso, a legitimi-dade exclusiva para figurar no polo passivo da ação. Destarte, reco-nheço de ofício a ilegitimidade passiva ad causam da União, paraextinguir o processo sem exame do mérito, nos termos do art. 267,VI, do CPC.

- Precedentes dos egrégios TRFs da 1ª, 4ª e 5ª Regiões e do colendoSTJ.

- Apelação da União prejudicada.

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- Apelação do INSS improvida.

Apelação Cível nº 370.628-PE

(Processo nº 2005.05.00.036566-0)

Relator: Desembargador Federal Francisco Wildo

(Julgado em 15 de dezembro de 2009, por unanimidade)

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J U R I S P R U D Ê N C I A

D E

D I R E I T O

P R O C E S S U A L C I V I L

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PROCESSUAL CIVILSUSPENSÃO DE TUTELA ANTECIPADA-FORNECIMENTO GRA-TUITO DE MEDICAMENTO-LESÃO À SAÚDE PÚBLICA-EFEI-TO MULTIPLICADOR-INOCORRÊNCIA

EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INOMINADO. SUSPEN-SÃO DE TUTELA ANTECIPADA. FORNECIMENTO GRATUITO DEMEDICAMENTO. LESÃO À SAÚDE PÚBLICA. EFEITO MULTIPLI-CADOR. INOCORRÊNCIA.

- A teor do art. 4º da Lei nº 8.437/92, a suspensão de liminares profe-ridas contra o Poder Público somente é concedida quando ficar de-monstrado que, do cumprimento imediato desse provimento judicial,ocorrerá ofensa a manifesto interesse público/flagrante ilegitimida-de e grave lesão à ordem, à saúde, à segurança ou à economiapúblicas.

- Hipótese em que não restou evidenciado acentuado gravame àsaúde pública, oriundo do fornecimento da medicação.

- Ausentes os pressupostos legais para o deferimento do pedido e oefeito multiplicador resultante da execução da decisão que se pre-tende sustar, cuja mera presunção de ocorrência não assegura aconcessão da medida extrema, deve subsistir a decisão agravada.

- Agravo regimental improvido.

Agravo Regimental na Suspensão de Liminar nº 4.062-CE

(Processo nº 2009.05.00.065580-0/01)

Relator: Desembargador Federal Luiz Alberto Gurgel de Faria

(Julgado em 14 de outubro de 2009, por unanimidade)

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PROCESSUAL CIVILAÇÃO RESCISÓRIA-EXECUÇÃO EXTRAJUDICIAL-VIOLAÇÃO ALITERAL DISPOSIÇÃO DE LEI E ERRO DE FATO-INEXISTÊN-CIA-LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ NÃO CONFIGURADA-IMPROCE-DÊNCIA DA RESCISÓRIA

EMENTA: AÇÃO RESCISÓRIA. EXECUÇÃO EXTRAJUDICIAL. DLNº 70/66. VIOLAÇÃO A LITERAL DISPOSIÇÃO DE LEI E ERRO DEFATO. INEXISTÊNCIA. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ NÃO CONFIGURA-DA.

- Antes da entrada em vigor da Lei nº 10.325/01, que deu nova reda-ção ao art. 530 do CPC, eram admissíveis embargos infringentescontra acórdão confirmatório de sentença.

- Mero equívoco na proclamação do julgamento, posteriormente re-tificado pela Turma Julgadora, não configura “erro de fato” apto arescindir o acórdão.

- Havendo no Decreto-Lei nº 70/66 previsão de procedimentos paraa realização da notificação do devedor, torna-se despicienda a apli-cação subsidiária do CPC.

- A nulidade da notificação por irregularidades formais está condicio-nada à ocorrência de prejuízo injusto, que, na hipótese, não ocorreu,pois o devedor, notificado por edital, tomou ciência inequívoca dovencimento da dívida e do leilão extrajudicial do imóvel hipotecado,bem assim do prazo assinalado para a purgação da mora.

- A jurisprudência pátria pacificou o entendimento segundo o qual aexecução extrajudicial disciplinada no DL nº 70/66 guarda plena con-formidade com a ordem constitucional e legal.

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- Litigância de má-fé não caracterizada.

- Improcedência da ação rescisória e da medida cautelar incidentalnº 2.197/PE.

Ação Rescisória nº 5.190-PE

(Processo nº 2005.05.00.012547-7)

Relator: Desembargador Federal Marcelo Navarro

(Julgado em 16 de dezembro de 2009, por unanimidade)

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PROCESSUAL CIVILAÇÃO RESCISÓRIA-JUIZ PROLATOR DA SENTENÇA CONFIR-MADA PELO ACÓRDÃO RESCINDENDO-IMPEDIMENTO INEXIS-TENTE

EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO RESCISÓRIA. JUIZ PRO-LATOR DA SENTENÇA CONFIRMADA PELO ACÓRDÃO RESCIN-DENDO. IMPEDIMENTO INEXISTENTE.

- Julgado que declara a nulidade de acórdão rescisório do qual par-ticipara o prolator da sentença que deu origem ao provimento objetoda rescisória.

- A norma do art. 134, III, do CPC, que veda ao membro de Tribunalexercer suas funções no mesmo processo no qual já haja proferidojuízo decisório em instância anterior, não se aplica aos julgamentosprolatados em ações rescisórias, porquanto estas inauguram rela-ções processuais novas, distintas daquelas que originaram as deci-sões rescindendas.

- Pretensão inicial acolhida, para rescindir o acórdão que, indevida-mente, declarou a nulidade do primeiro julgamento proferido na ARnº 296/CE, restabelecendo os efeitos deste, de modo a se ter comorescindido, por sua vez, o acórdão da Segunda Turma deste Tribu-nal que, em desacordo com a orientação firmada pelo STF, possibi-litou a servidores públicos federais verem reajustados, em 84.32%,os respectivos vencimentos do mês de abril/90.

Ação Rescisória nº 4.269-CE

(Processo nº 2002.05.00.008025-0)

Relator: Desembargador Federal Manoel de Oliveira Erhardt

(Julgado em 16 de dezembro de 2009, por unanimidade)

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PROCESSUAL CIVILEMBARGOS DE DECLARAÇÃO-ACÓRDÃO PROFERIDO EMAÇÃO RESCISÓRIA-AUSÊNCIA DE CITAÇÃO DE TODOS OSRÉUS NO PROCESSO ORIGINÁRIO-NULIDADE ABSOLUTA-PROCEDÊNCIA DO PEDIDO RESCISÓRIO-ALEGAÇÃO DEOMISSÃO-INEXISTÊNCIA

EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.ACÓRDÃO PROFERIDO EM AÇÃO RESCISÓRIA. AUSÊNCIA DECITAÇÃO DE TODOS OS RÉUS NO PROCESSO ORIGINÁRIO.NULIDADE ABSOLUTA. PROCEDÊNCIA DO PEDIDO RESCISÓ-RIO. ALEGAÇÃO DE OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. REDISCUSSÃODA MATÉRIA. IMPOSSIBILIDADE.

- Os embargos declaratórios possuem abrangência limitada aoscasos em que haja obscuridade ou contradição na sentença ou noacórdão, ou quando for omitido ponto sobre o qual se devia pronun-ciar o Juiz ou o Tribunal (art. 335 do CPC).

- São incabíveis embargos de declaração utilizados com a indevidafinalidade de instaurar uma nova discussão sobre a controvérsia ju-rídica já apreciada.

- Inexistindo omissão no julgado, conhece-se mas nega-se provi-mento aos embargos declaratórios.

Embargos de Declaração na Ação Rescisória nº 6.189-PB

(Processo nº 2009.05.00.007334-3/01)

Relator: Desembargador Federal Manoel de Oliveira Erhardt

(Julgado em 16 de dezembro de 2009, por unanimidade)

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PROCESSUAL CIVILEMBARGOS INFRINGENTES-SFH-CONTRATO DE MÚTUOHABITACIONAL-FORMA DE AMORTIZAÇÃO DO SALDO DEVE-DOR-PREVALÊNCIA DO VOTO VENCIDO

EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS INFRINGENTES.SFH. CONTRATO DE MÚTUO HABITACIONAL. FORMA DE AMOR-TIZAÇÃO DO SALDO DEVEDOR. PREVALÊNCIA DO VOTO VEN-CIDO. RECURSO PROVIDO.

- A sistemática procedimental adequada de amortização do saldodevedor de contrato de mútuo firmado entre o mutuário e a CEF éaquela que, primeiro, corrige o saldo devedor, para depois procederao abatimento do valor pago pelo mutuário. Precedentes destacolenda Corte Regional: EINFAC 351.206-CE, Rel. Des. FederalPAULO ROBERTO DE OLIVEIRA LIMA, DJU 11.06.07, p. 426; AC318.005-SE, Rel. Des. Fed. LUIZ ALBERTO GURGEL, DJU 07.03.05,p. 664; AC 338.278-PE, Rel. Des. Fed. UBALDO ATAÍDE, DJU18.01.05, p. 342.

- O Tribunal da Cidadania já firmou orientação no sentido de que osistema de prévio reajuste e posterior amortização do saldo deve-dor não fere a comutatividade das obrigações pactuadas no ajuste,uma vez que, de um lado, deve o capital emprestado ser remunera-do pelo exato prazo em que ficou à disposição do mutuário, e, deoutro, restou convencionado no contrato que a primeira parcela serápaga no mês seguinte ao do empréstimo do capital. (STJ, REsp467.440-SC, Rel. Min. NANCY ANDRIGHI, DJU 17.05.04).

- Embargos infringentes opostos pela CEF providos.

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Embargos infringentes na Apelação Cível nº 432.134-AL

(Processo nº 2004.80.00.000834-4/01)

Relator: Desembargador Federal Manoel de Oliveira Erhardt

(Julgado em 16 de dezembro de 2009, por maioria)

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PROCESSUAL CIVILAÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO-APRESEN-TAÇÃO DE BILHETE PREMIADO NA MEGA-SENA-OBRIGAÇÃODE FAZER-INEXISTÊNCIA-CONVERSÃO EM PERDAS E DA-NOS-IMPOSSIBILIDADE

EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃODE DOCUMENTO. APRESENTAÇÃO DE BILHETE PREMIADO NAMEGA-SENA. OBRIGAÇÃO DE FAZER. INEXISTÊNCIA. CONVER-SÃO EM PERDAS E DANOS. IMPOSSIBILIDADE. INTELIGÊNCIADO ART. 359, I, DO CPC.

- A ação cautelar exibitória de documento, da qual o presente agravode instrumento é incidental, é meramente preparatória de uma açãoprincipal, não podendo resultar em obrigação de fazer, mas emsimples declaração da presunção de veracidade do fato alegado peloautor/agravado, in casu, consubstanciado na inexistência de umúnico bilhete acertador das 6 apostas do Concurso nº 397 da Mega-Sena.

- É de ser reformada a decisão a quo que, em decorrência da au-sência de apresentação pela ré do documento pretendido pelo au-tor, determinou a conversão da obrigação de fazer em perdas e da-nos, tendo fixado, a este título, o valor do prêmio líquido do certame,objeto de discussão na ação principal.

- Agravo de instrumento provido.

- Embargos de declaração e agravo regimental interpostos contra adecisão liminar prejudicados.

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Agravo de Instrumento nº 99.725-PE

(Processo nº 2009.05.00.071121-9/02)

Relator: Desembargador Federal Lázaro Guimarães

(Julgado em 10 de novembro de 2009, por unanimidade)

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PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVOPRELIMINAR DE INTEMPESTIVIDADE QUE SE AFASTA PELAAUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO PESSOAL DA UNIÃO-EXIGÊNCIA DOPAGAMENTO ANTECIPADO DE MULTA PARA OBTENÇÃO DOLICENCIAMENTO ANUAL DE VEÍCULOS-IMPOSSIBILIDADE-LOCAL DA INFRAÇÃO IDENTIFICADO APENAS POR SUACODIFICAÇÃO-INVALIDADE

EMENTA: PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. APELAÇÃOCÍVEL. PRELIMINAR DE INTEMPESTIVIDADE AFASTADA PELAAUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO PESSOAL DA UNIÃO. ART. 6º DA LEI Nº9.028/95. EXIGÊNCIA DO PAGAMENTO ANTECIPADO DE MULTAPARA OBTENÇÃO DO LICENCIAMENTO ANUAL DE VEÍCULOS.IMPOSSIBILIDADE. LOCAL DA INFRAÇÃO IDENTIFICADO APENASPOR SUA CODIFICAÇÃO. RESOLUÇÃO Nº 146/2003 DO CONTRAN.

- Ofensa aos princípios constitucionais da ampla defesa e do devidoprocesso legal.

- Anulação do auto de infração, e, consequentemente, da multainfligida ao apelado e dos pontos aplicados em sua carteira de habi-litação.

- Apelação e remessa oficial improvidas.

Apelação Cível nº 437.415-CE

(Processo nº 2006.81.00.010303-0)

Relator: Desembargador Federal Lázaro Guimarães

(Julgado em 29 de novembro de 2009, por unanimidade)

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PROCESSUAL CIVILAÇÃO CIVIL PÚBLICA-HINO NACIONAL-GRAVAÇÃO E DIVUL-GAÇÃO EM RITMO DE FORRÓ, EM DESCONFORMIDADE COMAS PRESCRIÇÕES DA LEI Nº 5.700/71-POSSIBILIDADE-AUSÊN-CIA DE TRATAMENTO DESONROSO AO SÍMBOLO PÁTRIO

EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. HINO NA-CIONAL. GRAVAÇÃO E DIVULGAÇÃO EM RITMO DE FORRÓ, EMDESCONFORMIDADE COM AS PRESCRIÇÕES DA LEI Nº 5.700/71. POSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE TRATAMENTO DESONROSOAO SÍMBOLO PÁTRIO. IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO.

- Ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público Federal, compedido de condenação dos réus na obrigação de se absterem depromover ou de praticar quaisquer atos de propagação e/ou de exe-cução da faixa nº 14 do CD “Forró Pirata”, no qual o Hino NacionalBrasileiro foi gravado em ritmo de forró, e a veiculação da referidafaixa nos meios televisivos, radiofônicos e em shows ao vivo, o queofenderia as prescrições da Lei nº 5.700/71.

- O Hino Nacional é um dos símbolos da República Federativa doBrasil (art. 13, § 1º, da Carta Republicana de 1988) e expressão dasoberania nacional, tendo a sua forma de execução regulada pelaLei nº 5.700/71, que no art. 2º prescreve: “Consideram-se padrõesdos símbolos nacionais os modelos compostos de conformidadecom as especificações e regras básicas estabelecidas na presenteLei”.

- Contudo, a liberdade de expressão dos cidadãos, prevista no art.5º, IX, da Carta Magna, somente deve ser restringida quando tiverpor objetivo a realização de um relevante interesse estatal, devendoser harmonizada com os demais valores constitucionalizados, den-tre os quais, os símbolos nacionais.

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- Se o objetivo da norma que proíbe a gravação do hino com arranjosdiferentes é evitar o tratamento desrespeitoso ao Hino Nacional, oque não ocorreu no caso concreto, pois o objetivo dos apelantes, aocontrário de denegrir ou atacar o símbolo do Estado Brasileiro, é ode homenageá-lo, não se pode considerar as suas respectivas con-dutas ofensivas ao referido símbolo nacional.

- Por outro lado, sendo o ritmo “forró” reconhecido como elementoda cultura nacional – tanto que a Lei nº 11.176/2005 instituiu o 13 dedezembro como o “Dia Nacional do Forró” – e tendo grande aceita-ção em vários dos muitos segmentos da sociedade brasileira, cer-tamente contribuirá para a divulgação e a sedimentação do HinoNacional, tal como ocorreu com o Hino de Pernambuco, gravadoem ritmo popular, pelo intérprete Alceu Valença.

- Apelação e remessa necessária improvidas.

Apelação Cível nº 448.066-CE

(Processo nº 2008.05.00.043574-1)

Relator: Desembargador Federal Geraldo Apoliano

(Julgado em 3 de dezembro de 2009, por unanimidade)

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PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIOSIMPLES-EXCLUSÃO-REPETIÇÃO DE INDÉBITO-DIREITO DAAUTORA-HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS-REDUÇÃO

EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. SIMPLES. EXCLU-SÃO. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.REDUÇÃO.

- Trata-se de apelações interpostas por P&A EMPREENDIMENTOSLTDA. e pela FAZENDA NACIONAL em face de sentença que julgouprocedente em parte o pedido formulado na inicial, condenando aFazenda Nacional na repetição do indébito, nos termos do dispostono art. 165, I, do CTN, após o trânsito em julgado, relativo ao tributopago a maior no período de junho a dezembro de 2002, devidamenteatualizado pela taxa SELIC, com incidência a partir de 26 de setem-bro de 2002 – data da comunicação da exclusão do SIMPLES pelapessoa jurídica –, além dos honorários advocatícios, fixados em 10%sobre o valor a ser apurado.

- No caso dos autos, a empresa/apelante, ao dar início às suas ativi-dades, em 26 de abril de 2002, optou pelo sistema SIMPLES para orecolhimento dos tributos federais.

- Ocorre que, após os dois primeiros meses, a empresa/apelanteextrapolou o limite legal da receita bruta para enquadramento e per-manência no SIMPLES (Lei nº 9.317/96), o que a levou a requerer asua exclusão do referido sistema, em 26.09.2002, passando, a par-tir de 2003, a declarar e recolher os tributos federais com base nolucro presumido.

- Colhe-se da documentação acostada aos autos que, embora aempresa ao comunicar a sua exclusão tenha utilizado o código dealteração cadastral indevido, a Receita Federal, de ofício, corrigiu talequívoco e promoveu, em dezembro de 2005, a exclusão da empre-

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sa do SIMPLES com efeitos retroativos à data do início das ativida-des da empresa/apelante.

- Nesse sentido, observa-se que o MM. Juiz a quo laborou em acertoao reconhecer o direito da autora à repetição do indébito relativo aotributo pago a maior no período de junho a dezembro de 2002, por-quanto tendo a Administração Fazendária, ao retificar o ato de exclu-são da autora do SIMPLES, conferido efeitos retroativos à data doinício das atividades da empresa, afigura-se, a toda evidência, razo-ável que a restituição compreenda o período em que a empresa re-colheu indevidamente os tributos federais com base no regime doSIMPLES (junho a dezembro de 2002), sob pena de enriquecimentosem causa da União.

- De outra parte, não merece acolhimento o pedido de restituiçãodos valores supostamente recolhidos a título de multa e juros, umavez que os Darf’s acostados pela empresa/apelante às fls. 43, aocontrário do que se alega, trata-se, conforme os respectivos códi-gos da receita, de valores recolhidos referentes a Pis/Faturamentoe IRPJ/Lucro Presumido, e não a multa e juros.

- No que se refere ao termo a quo para a correção dos valores pelataxa Selic, deve ser aquele fixado na sentença, qual seja, a data desolicitação de exclusão do SIMPLES.

- Quanto aos honorários advocatícios, considerando que a causanão oferece maior complexidade, mostra-se razoável a redução dopercentual de 10% para 5% (cinco por cento) sobre o valor a serapurado.

- Apelação da parte autora improvida.

- Apelação da Fazenda Nacional parcialmente provida.

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Apelação Cível nº 408.508-RN

(Processo nº 2006.84.00.004256-4)

Relator: Juiz Francisco Cavalcanti

(Julgado em 15 de outubro de 2009, por maioria)

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PROCESSUAL CIVILEXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE-REESTRUTURAÇÃO DACARREIRA DE POLICIAL FEDERAL-ABSORÇÃO DO PERCEN-TUAL DE 3,17%-DILAÇÃO PROBATÓRIA-NECESSIDADE-OBRI-GAÇÃO DE PAGAR-ATO ATENTATÓRIO À DIGNIDADE DA JUS-TIÇA-NÃO CARACTERIZAÇÃO

EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVI-DADE. REESTRUTURAÇÃO DA CARREIRA DE POLICIAL FEDE-RAL. LEI Nº 9.266/96. MP Nº 2.225-45/01 (ART. 10). ABSORÇÃODO PERCENTUAL DE 3,17%. DILAÇÃO PROBATÓRIA. IMPOSSI-BILIDADE. OBRIGAÇÃO DE PAGAR. ATO ATENTATÓRIO À DIGNI-DADE DA JUSTIÇA. NÃO CARACTERIZAÇÃO.

- Segundo defende a União Federal, a obrigação contida no títuloexequendo encontra-se parcialmente adimplida, pois o resíduo de3,17% deveria ser abatido quando da reestruturação da carreira dospoliciais federais, promovida pela Lei nº 9.266/96, em observânciaàs disposições da Medida Provisória nº 2.225-45/01 (art. 10).

- Observa-se, de início, que a União Federal, ao ensejo da propositurada execução promovida pela Federação Nacional dos Policiais Fe-derais, manifestou expressamente a sua concordância quanto aosvalores objeto da execução, fundada em parecer de seu órgão téc-nico, não opondo embargos à execução, conforme faz certa a cópiada petição de fls. 151/153, ressalvando apenas a eventual ocorrên-cia de litispendência.

- De outra banda, o pedido feito ao final de “reconhecer a existênciade adimplemento nos termos aqui apresentados ou, pelo menos,determinar que o juízo de primeiro grau afira a existência dareestruturação mencionada”, está destituído de qualquer documen-tação ou prova, não sendo comprovável de imediato, reclamando,em razão disso, dilação probatória.

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- Ao opor-se à execução mediante a via da exceção de pré-execu-tividade, o executado não dispõe da amplitude cognitiva própria dosembargos à execução, ficando limitado em suas alegações às ma-térias que são demonstráveis de plano, sem a necessidade de pro-dução de provas.

- Não se pode abstrair o fato de que a apreciação da matéria atinenteà incidência da Lei nº 9.266/96 e da Medida Provisória nº 2.225-45/01 (art. 10), no curso da presente execução, impõe à União Federalo ônus processual de, ao admitir-se a reestruturação nos cargos,demonstrar que cumpriu parcialmente a sua obrigação em relaçãoa cada exequente, mediante a apresentação de cálculos que deemsuporte a sua tese. Nesse contexto, há que se demonstrar que opercentual de 3,17% foi absorvido pela reestruturação ocorrida nacarreira, ou, quando nada, deveria a agravante requerer que a con-tadoria do juízo assim constatasse, o que também seria incabível nopresente incidente.

- No que tange à condenação por ato atentatório à dignidade da jus-tiça, com base no art. 600, inciso III, e 601, caput, do CPC, a premis-sa adotada foi a de que estaria havendo resistência injustificada auma ordem judicial emanada pela Quarta Turma deste Tribunal, quan-do do julgamento do AGTR nº 67092/AL. Porém, a decisão no referi-do agravo de instrumento assegurou a incorporação do percentualde 3,17% em favor dos servidores beneficiários no processo origi-nário nº 2000.80.00.006181-0, consubstanciando, assim, típica obri-gação de fazer. Assim, a obrigação decorrente da determinação ju-dicial proferida naquele julgamento e a ser cumprida pelo ente públi-co era a de que fosse implantado o percentual de 3,17%, não haven-do, contudo, notícias nos autos dando conta de seu descumprimento.

- Agravo parcialmente provido apenas para excluir a condenaçãoimposta por ato atentatório à justiça.

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Agravo de Instrumento nº 101.038-AL

(Processo nº 2009.05.00.089541-0)

Relator: Desembargador Federal José Baptista de Almeida Filho

(Julgado em 24 de novembro de 2009, por unanimidade)

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PROCESSUAL CIVILSFH-SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO-CADASTRO DE PROTEÇÃOAO CRÉDITO-RETIRADA DA INSCRIÇÃO DO NOME DO MU-TUÁRIO-APLICAÇÃO DE PRECEDENTE DO STJ EXARADO EMSEDE DE RECURSOS REPETITIVOS-PREENCHIMENTO DOSREQUISITOS NECESSÁRIOS

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. SFH. SUSPENSÃO DAEXECUÇÃO. CADASTRO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. RETI-RADA DA INSCRIÇÃO DO NOME DO MUTUÁRIO. APLICAÇÃO DEPRECEDENTE DO STJ EXARADO EM SEDE DE RECURSOSREPETITIVOS. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS NECESSÁ-RIOS. PROVIMENTO DO AGRAVO.

- Agravo de instrumento interposto por mutuário do SFH contra aCAIXA, onde pleiteia a suspensão da execução e a retirada de seunome dos cadastros de proteção ao crédito e autorização para de-positar em Juízo o encargo mensal do financiamento no valor queentende devido (R$ 280,63).

- O valor que o mutuário pretende depositar é equivalente ao quepagou a título de encargo mensal ao término do prazo de amortiza-ção. O valor do encargo mensal cobrado pelo agente financeiro,decorrente do refinanciamento do saldo devedor residual, é de R$7.796,67.

- É evidente a impossibilidade de um servidor público civil federal(categoria consignada no contrato) adimplir mensalmente a quantiade R$ 7.796,67, o que impede o cumprimento do objetivo do contra-to, qual seja, a aquisição da moradia e implica desequilíbrio entre aspartes.

- O contrato não prevê o refinanciamento do saldo devedor. Ao con-trário, prevê que, uma vez pagas todas as prestações, o agente fi-nanceiro dará quitação ao devedor, de quem mais nenhuma impor-

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tância poderá exigir com base no contrato. Dessarte, são indevidoso refinanciamento do saldo devedor residual e a cobrança de encar-gos mensais decorrentes desse refinanciamento.

- Ainda que assim não se entendesse, por não ter o agente financei-ro cobrado FCVS do mutuário, verifica-se na planilha de evolução dofinanciamento a prática de anatocismo, o qual é vedado em qual-quer periodicidade no SFH (decisão do STJ em sede de recursosrepetitivos: REsp 1.070.297-PR, Segunda Seção, Rel. Min. LuisFelipe Salomão, pub. DJe de 18.09.09).

- O saldo devedor residual indevidamente inflado pelo anatocismofoi a base de cálculo para o agente financeiro gerar a prestação deR$ 7.796,67, a título de refinanciamento da dívida. Dessa forma, tan-to a prestação como o saldo devedor cobrados pelo agente financei-ro estão indevidamente majorados, tornando-se, via de consequência,indevidas sua cobrança e execução.

- O STJ se pronunciou, em sede de recursos repetitivos, sobre osrequisitos necessários para suspensão da execução e para retiradado nome dos mutuários dos cadastros de proteção ao crédito: REsp1067237/SP, Segunda Seção, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, DJe23/09/2009.

- No que tange à suspensão da execução, o precedente acima dis-pensa o depósito de valores incontroversos, como se segue: “Emse tratando de contratos celebrados no âmbito do Sistema Finan-ceiro da Habitação, a execução extrajudicial de que trata o Decreto-Lei nº 70/66, enquanto perdurar a demanda, poderá ser suspensa,uma vez preenchidos os requisitos para a concessão da tutelacautelar, independentemente de caução ou do depósito de valoresincontroversos, desde que: a) exista discussão judicial contestandoa existência integral ou parcial do débito; b) essa discussão estejafundamentada em jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça oudo Supremo Tribunal Federal (fumus boni iuris)”.

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- In casu, há ação revisional do contrato em tramitação na vara deorigem desta cautelar, onde, dentre os pedidos, pretende-se expur-gar o anatocismo. A prática de anatocismo, como acima menciona-do, é reconhecida como ilegal pelo STJ. Há, portanto, plausibilidadede sucesso nesse pedido (fumus boni iuris). Esses dois requisitos(existência de ação revisional e fumaça do bom direito) bastam paraa suspensão da execução, conforme se depreende do mencionadoprecedente do STJ.

- Esse mesmo precedente do STJ (REsp 1067237/SP) exige o de-pósito de valores controversos para fins de retirada do nome domutuário dos cadastros de proteção ao crédito, como se segue: “Ain-da que a controvérsia seja relativa a contratos celebrados no âmbitodo Sistema Financeiro da Habitação, ‘a proibição da inscrição/ma-nutenção em cadastro de inadimplentes, requerida em antecipaçãode tutela e/ou medida cautelar, somente será deferida se, cumulati-vamente: I) houver ação fundada na existência integral ou parcial dodébito; II) ficar demonstrado que a alegação da cobrança indevidase funda na aparência do bom direito e em jurisprudência consolida-da do STF ou STJ; III) for depositada a parcela incontroversa ou pres-tada a caução fixada conforme o prudente arbítrio do juiz’”.

- No caso, o autor quer depositar em juízo o valor que entende devi-do a título de encargo mensal do financiamento, o que se consubs-tancia no terceiro requisito para retirada do seu nome dos cadastrosde proteção ao crédito, além dos outros dois já presentes (existên-cia de ação revisional e fumaça do bom direito).

- Por fim, além de todos esses argumentos, há de se considerarque a não suspensão da execução implicará, com o término da exe-cução, extinção da ação revisional sem análise do mérito (por perdade objeto ou de interesse de agir), o que caracteriza perda da efe-tividade do processo bem como violação ao princípio da inafas-tabilidade da jurisdição.

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- Deferido o pedido de justiça gratuita para o mutuário.

- Agravo provido.

Agravo de Instrumento nº 95.776-RN

(Processo nº 2009.05.00.023074-6)

Relator: Desembargador Federal Paulo Gadelha

(Julgado em 10 de novembro de 2009, por unanimidade)

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PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIOPENSÃO POR MORTE INDEFERIDA ADMINISTRATIVAMENTEPOR IRREGULARIDADE NA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO ORI-GINÁRIO-AUSÊNCIA DA CONDIÇÃO DE ARRIMO DE FAMÍLIA DODE CUJUS À ÉPOCA-REQUISITO QUE NÃO MAIS SUBSISTE-DIREITO DO SUPLICANTE À PENSÃO

EMENTA: PROCESSO CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO PORMORTE INDEFERIDA ADMINISTRATIVAMENTE POR IRREGULA-RIDADE NA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO ORIGINÁRIO. AUSÊN-CIA DA CONDIÇÃO DE ARRIMO DE FAMÍLIA DO DE CUJUS ÀÉPOCA. ISONOMIA CONSTITUCIONAL. APELAÇÃO IMPROVIDA.

- O art. 295 do Decreto 83.080/79, vigente ao tempo em que a extin-ta implementou todos os requisitos para a concessão do benefício,dispunha que “A aposentadoria por invalidez é devida ao chefe ouarrimo da unidade familiar, bem como ao trabalhador rural que nãofaz parte de qualquer unidade familiar nem tem dependentes”.

- A despeito de ser inerente à Administração Pública a prerrogativade rever seus atos a qualquer tempo, importante sopesar o caráterestritamente legal com o fim social da norma jurídica em sentidoamplo, sobremodo quando a cessação de um benefício se dá já navigência de um novo ordenamento jurídico-constitucional não recep-tivo ao vício que poderia fulminar o direito em questão.

- Não obstante o de cujus tenha alcançado a concessão do benefí-cio de aposentadoria por invalidez como segurada especial em01.11.1981, sua cessação, em razão de óbito, se deu apenas em1996, já sob a égide de uma nova Constituição Federal, que temcomo um dos pilares de suporte o Princípio da Isonomia. Logo, des-de 5 de outubro de 1988 restou extinta a figura do “chefe ou arrimode família”, por não mais se admitir quaisquer formas desiguais detratamento entre homens e mulheres com escopo discriminatório,como se verifica no dispositivo em comento.

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- Entender em sentido diverso é, no mínimo, insensato e extrema-mente injusto, até mesmo considerando que, caso o de cujus hou-vesse requerido sua aposentadoria após a Constituição de 1988,certamente tê-la-ia deferida, por inocorrência de qualquer óbice aoseu direito, já que o único motivo alegado para a negativa da pensãopleiteada, qual seja, a não caracterização da extinta como arrimo daunidade familiar, não mais subsiste.

- Ressalte-se ainda que o suplicante estava separado de fato de suaprimeira esposa, conforme se depreende do excerto contido na sen-tença declaratória que afirma terem sido seus filhos citados para sepronunciarem, tendo os mesmos concordado com o pedido.

- Deve ser reconhecido o direito do suplicante ao benefício de pen-são por morte, não merecendo reparo a sentença de primeiro grau.

- Remessa oficial e apelação improvidas.

Apelação/Reexame Necessário nº 4.330-RN

(Processo nº 2008.84.01.000852-5)

Relator: Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira

(Julgado em 10 de dezembro de 2009, por unanimidade)

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PROCESSUAL CIVILAÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE-COMPROVAÇÃO DAPOSSE INDIRETA-POSSIBILIDADE-AUSÊNCIA DE NECESSIDA-DE DE COMPROVAÇÃO DA POSSE DIRETA

EMENTA: PROCESSO CIVIL. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DEPOSSE. COMPROVAÇÃO DA POSSE INDIRETA. POSSIBILIDA-DE.

- Hipótese de apelação interposta contra sentença que, em sede deação de reintegração de posse, extinguiu o feito sem julgamento domérito, em face do apelante não ter se desincumbido do ônus deprovar a sua posse anterior aos réus, nos termos de art. 927, I, doCPC, tendo se limitado a comprovar o domínio do terreno.

- A ação de reintegração de posse é o meio processual colocado àdisposição do possuidor quanto este tiver sofrido esbulho. Assim, acausa de pedir da ação é a proteção da posse.

- O proprietário de um bem, além de ser titular desse direito, ainda étitular do direito possessório, o que implica em se afirmar que, sen-do molestado por atos de turbação ou esbulho em sua propriedade,por mero possuidor, deve buscar o instituto da ação possessóriapara proteger o direito possessório, o qual está contido no direito depropriedade. Nunca se valer de uma petitória para proteger sua pos-se, pois esta é que está em perigo e não o seu direito de proprieda-de.

- Não se deve confundir o direito possessório como conteúdo dodireito de propriedade quando se tem os dois direitos sobre o mes-mo bem. Por isso, o direito de propriedade deve ser invocado peloseu titular quando pleiteia a proteção da posse, apenas como pres-suposto, a fim de que possa o juiz entender que o mesmo é real-mente possuidor, pois é titular do direito de propriedade que pressu-põe aquele.

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- Tendo o INSS juntado aos autos documentos que comprovam apropriedade do bem, mostra-se suficiente a prova para legitimar oajuizamento da ação possessória, tendo em conta que a disputa emjuízo refere-se à posse e este comprovou que a possui, por ser otitular do domínio esbulhado.

- Não há que se falar em necessidade de prova da posse direta,primeiro, em face do dispositivo legal não exigir, segundo, em razãodo proprietário ser possuidor do bem, na pior das hipóteses, de for-ma indireta.

- “O egrégio STJ, através de sua Quarta Turma, ao julgar o REsp nº143707/RJ, cujo Relator foi o Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira,in DJU de 02.03.1998, assim se pronunciou sobre essa questão dedireito, senão vejamos: a aquisição da posse se dá também pelacláusula constituti inserida em escritura pública de compra e vendade imóvel, o que autoriza o manejo dos interditos possessórios peloadquirente, mesmo que nunca tenha exercido atos de posse diretasobre o bem”. (TRF 5, 1ª Turma, AC 332995, Relator DesembargadorFederal José Maria Lucena, DJ - Data: 30/01/2008 – Página: 583 -Nº: 21)

- Em que pese estar expresso no art. 920 do CPC o princípio dafungibilidade dos processos possessórios, deve o mesmo ser es-tendido aos casos de ações possessórias e petitórias, pois, na rea-lidade, não é o nomen juris que define a sua natureza jurídica, massim a relação jurídica trazida para proteção do Judiciário.

- Apelação provida para determinar o retorno dos autos ao Juízo aquo para fins de prosseguimento do processo, por não ter havido atriangularização da relação jurídica processual.

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Apelação Cível nº 477.130-PE

(Processo nº 2009.83.00.005185-0)

Relator: Desembargador Federal Francisco Barros Dias

(Julgado em 1º de dezembro de 2009, por unanimidade)

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J U R I S P R U D Ê N C I A

D E

D I R E I T O

P R O C E S S U A L P E N A L

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PROCESSUAL PENALHABEAS CORPUS-PRISÃO PREVENTIVA-LEGALIDADE-TRÁFI-CO DE ENTORPECENTES-SENTENÇA CONDENATÓRIA APÓSIMPETRAÇÃO DO WRIT-PACIENTE PRESO DURANTE TODA AINSTRUÇÃO PROCESSUAL-PRISÃO PREVENTIVA-MANUTEN-ÇÃO-DENEGAÇÃO DA ORDEM

EMENTA: HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA. LEGALIDA-DE. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. SENTENÇA CONDENATÓ-RIA APÓS IMPETRAÇÃO DO WRIT. PACIENTE PRESO DURAN-TE TODA A INSTRUÇÃO PROCESSUAL. PRISÃO PREVENTIVA.MANUTENÇÃO. DENEGAÇÃO DA ORDEM.

- No caso dos autos, o paciente foi preso em flagrante, no AeroportoInternacional dos Guararapes, no dia 07.09.2009, nos termos do art.33 c/c art. 40, I, da Lei nº 11.343/2006, por transportar substânciasentorpecentes no interior de sua cavidade intestinal.

- Após a impetração do presente habeas corpus, foi prolatada sen-tença na qual se condenou o paciente ora designado a 3 (três) anos,10 (dez) meses e 20 (vinte dias) de reclusão, em regime inicialmen-te fechado, pela prática do crime previsto no art. 33, caput, c/c art.40, I, da Lei nº 11.343/2006. Em que pese a prolação de nova deci-são, no caso, sentença condenatória, mister é a continuação do pre-sente writ, embora agora tendo como ato coator a decisão do ma-gistrado singular, que no teor da sentença manteve a prisão preven-tiva.

- Inicialmente, vale registrar que as circunstâncias de o paciente terbons antecedentes, residência fixa e ser primário, por si sós, nãoimpedem a segregação cautelar. Precedente do STJ: HC 83.334 -(2007/0116121-5) - 6ª T. - Rel. Paulo Gallotti - DJe 10.11.2008 - p.1402.

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- No caso vertente, o paciente permaneceu preso durante toda ainstrução criminal, sendo-lhe negada a liberdade provisória, tendoem vista a violação ao art. 44, caput, da Novel Lei de Tóxicos, éincabível a concessão de liberdade provisória ao réu preso em fla-grante pelo cometimento, em tese, do crime de tráfico de drogas,uma vez que aludido dispositivo legal veda a concessão do benefí-cio aos delitos praticados na vigência da Lei nº 11.343/2006, sendocerto que o fundamento legal é, por si só, motivo suficiente para anegativa do benefício, mesmo após a edição e entrada em vigor daLei nº 11.464/2007.

- Considerando a gravidade dos fatos em questão, que envolvemameaça concreta à sociedade e a ausência de residência nestacapital do condenado, verifica-se que permanecem os motivos quelevaram à prisão cautelar do ora condenado, quais sejam: garantiada ordem pública e aplicação da Lei Penal. Acrescente-se que ocondenado aguardou preso a instrução criminal e ainda que lhe foiaplicado o regime fechado como o regime inicial de cumprimento dapena.

- Parecer do Ministério Público Federal: “E não se diga que a condu-ta do paciente não revela periculosidade e nem ameaça à paz so-cial, ao fundamento de que ele foi usado para o tráfico internacional,na condição de ‘mula’. É que, não bastasse tratar-se de uma quadri-lha que, como se viu, opera entre o Brasil e a Europa, é, como sesabe, graças às ‘mulas’, cotidianamente presas nos aeroportos domundo inteiro e tal como até mesmo retratado algumas vezes nocinema, que o tráfico internacional de drogas se estende cada vezmais, possui uma grande mobilidade e extensão, já que intermediá-rios das operações ilícitas e, sobretudo, os grandes chefes da dro-ga, jamais executam essa tarefa de fazê-la circular mundo afora,até chegar às mãos do consumidor final. Por outro lado, admitir apouca importância do papel dessas ‘mulas’ no comércio das drogasilícitas é, datissima venia, além de um equívoco, o mesmo quedesconsiderar como penalmente relevantes algumas das condutas

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incriminadas no artigo 33 da Lei n° 11.343/2006, sob a desarrazoadaalegação de que os praticantes de algumas das referidas condutasseriam simples ‘vítimas’ do sistema. (...) resta caracterizada a pre-sença de uma organização criminosa, da qual o paciente faz parte,ainda que na condição de ‘mula’, valendo destacar, inclusive, o modusoperandi da quadrilha, que, ao transportar drogas dentro do própriocorpo, dificulta a persecução penal, tanto que poderia ter chegadoao destino final, se não fosse o seu nervosismo, que, aliás, chamoua atenção das autoridades, tal como se observa do auto de prisãoem flagrante (...)”.

- Ordem de habeas corpus denegada.

Habeas Corpus nº 3.771-SE

(Processo nº 2009.05.00.112475-9)

Relator: Desembargador Federal Francisco Barros Dias

(Julgado em 15 de dezembro de 2009, por unanimidade)

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J U R I S P R U D Ê N C I A

D E

D I R E I T O

T R I B U T Á R I O

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TRIBUTÁRIOCPD-EN-CERTIDÃO POSITIVA COM EFEITO DE NEGATIVAPRETENDIDA POR MUNICÍPIO-OBRIGAÇÃO DE ENTREGA DAGFIP-GUIA DE RECOLHIMENTO DO FGTS E INFORMAÇÕESÀ PREVIDÊNCIA SOCIAL-AUSÊNCIA DE ENTREGA EM ALGUNSMESES E ENTREGA IRREGULAR EM OUTROS-IMPOSSIBILI-DADE DE EXPEDIÇÃO

EMENTA: TRIBUTÁRIO. CPD-EN-CERTIDÃO POSITIVA COMEFEITO DE NEGATIVA PRETENDIDA POR MUNICÍPIO. OBRIGA-ÇÃO DE ENTREGA DA GFIP-GUIA DE RECOLHIMENTO DO FGTSE INFORMAÇÕES À PREVIDÊNCIA SOCIAL. AUSÊNCIA DE EN-TREGA EM ALGUNS MESES E ENTREGA IRREGULAR EM OU-TROS. IMPOSSIBILIDADE DE EXPEDIÇÃO.

- A Administração Fazendária deixou de fornecer a CPD-EN comfundamento na ausência da entrega da GFIP em alguns meses, assimcomo pela presença de divergências no preenchimento da guia emoutros meses.

- A entrega da GFIP configura uma obrigação tributária acessóriaautônoma, que, uma vez não adimplida, impede a expedição de qual-quer documento comprobatório de inexistência de débitos, mesmoem se tratando de Municipalidade, conforme preconiza o art. 1°, §9°, do Decreto n° 2.803/98, que regulamenta o art. 32 da Lei 8.212/91.

- A entrega da referida guia com o preenchimento irregular das infor-mações fiscais torna inadimplente o contribuinte, mesmo em se tra-tando de Municipalidade, uma vez que “a apresentação de Declara-ção de Débitos e Créditos Tributários Federais - DCTF, de Guia deInformação e Apuração do ICMS - GIA, ou de outra declaração des-sa natureza, prevista em lei, é modo de constituição do crédito tribu-tário, dispensando, para isso, qualquer outra providência por partedo Fisco” (STJ, REsp 962.379/RS, Rel. Min. Teori Albino Zavascki,DJe 28/10/2008-Recurso Repetitivo).

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- Apelação da Fazenda Nacional e remessa necessária providas.

Apelação/Reexame Necessário nº 2.271-CE

(Processo nº 2007.81.00.012685-0)

Relator: Desembargador Federal Geraldo Apoliano

(Julgado em 10 de dezembro de 2009, por unanimidade)

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TRIBUTÁRIOOPERAÇÕES DE IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO-INTERPOSI-ÇÃO FRAUDULENTA DE PESSOA-AUTO DE INFRAÇÃO-LAU-DO PERICIAL-DEMONSTRAÇÃO SUFICIENTE

EMENTA: TRIBUTÁRIO. OPERAÇÕES DE IMPORTAÇÃO E EX-PORTAÇÃO. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA DE PESSOA. AUTODE INFRAÇÃO. LAUDO PERICIAL. DEMONSTRAÇÃO SUFICIEN-TE.

- A interposição fraudulenta de pessoa, prevista pelo art. 23, V, § 3º,do Decreto-Lei nº 1.455/76, deve considerar um período significativoda vida econômica da pessoa jurídica e não apenas operações indi-viduais.

- No caso, o procedimento de fiscalização e o laudo pericial produzi-do em juízo indicam a assimetria entre a movimentação financeirada empresa, o saldo negativo em conta-corrente e o saldo positivoem livro caixa, levando à conclusão de irrealidade da escrituração e“estouro de caixa”. Tais elementos são indicativos da interposiçãofraudulenta, que não se confunde com omissão de receita ou ilícitosdecorrentes das operações de câmbio junto ao BACEN.

- O simples fato de ser o perito administrador de empresas e nãocontador não indica a impossibilidade de, utilizando-se de metodologiae critérios objetivos, apreciar questões concernentes à movimenta-ção financeira e mercantil de empresa.

- Legitimidade de imposição de multa de 100% (cem por cento) so-bre o valor aduaneiro das mercadorias, que, no caso, substitui apena de perdimento e não tem função ou caráter confiscatórios.

- Apelação improvida.

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Boletim de Jurisprudência nº 1/2010

Apelação Cível nº 489.729-CE

(Processo nº 2005.81.00.015469-0)

Relatora: Desembargadora Federal Margarida Cantarelli

(Julgado em 15 de dezembro de 2009, por unanimidade)

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TRIBUTÁRIO, ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVILAÇÃO CAUTELAR PREPARATÓRIA-ÁLCOOL CARBURANTEVENDA COMPULSÓRIA À PETROBRÁS-INEXIGIBILIDADE DECERTIDÕES DE REGULARIDADE FISCAL (FGTS E INSS)-INEXISTÊNCIA DE CONTRATO ADMINISTRATIVO PROPRIA-MENTE DITO-FUMUS BONI IURIS E PERICULUM IN MORA-CARACTERIZAÇÃO

EMENTA: TRIBUTÁRIO E ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL.AÇÃO CAUTELAR PREPARATÓRIA. ÁLCOOL CARBURANTE.VENDA COMPULSÓRIA À PETROBRÁS. INEXIGIBILIDADE DECERTIDÕES DE REGULARIDADE FISCAL (FGTS E INSS). INEXIS-TÊNCIA DE CONTRATO ADMINISTRATIVO PROPRIAMENTE DITO.FUMUS BONI IURIS E PERICULUM IN MORA. CARACTERIZA-ÇÃO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. IMPROVIMENTO DOS APE-LOS E DA REMESSA OFICIAL.

- A aquisição de álcool destinado à formação de estoques de segu-rança pela Petrobrás compreende um munus público em favor daUnião, que exige a providência, e daí a legitimidade deste último entepara – também – figurar no polo passivo da presente lide, na qual sediscute a regularidade da venda condicionada à apresentação decertidões de regularidade com o INSS e com o FGTS.

- A Primeira Turma desta Corte Regional, em caso análogo (AC Nº101611-PE, Rel. Castro Meira, DJ 16.03.2001, pág. 671, PrimeiraTurma, por unanimidade), já se manifestou no sentido da impossibi-lidade de se reclamar dos industriais produtores de álcool que apre-sentem à Petrobrás, por ocasião das vendas destinadas à forma-ção de estoques de segurança, as certidões de regularidade fiscais(FGTS e INSS).

No caso sub examine, não há que se falar em contrato administrati-vo efetuado por livre manifestação de vontade, uma vez que a em-presa, por determinação legal, mediante tabela de preços e sem

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licitação, está obrigada a fornecer álcool carburante à Petróleo Bra-sileiro S/A - Petrobrás, que fixa unilateralmente quotas e preços es-tabelecidos; aparência do bom direito mais que demonstrada anteos argumentos supracitados.

- Por outro lado, o periculum in mora também resta caracterizado,uma vez que o indeferimento do pleito da requerente, mantendo aimpossibilidade das vendas até o trânsito em julgado da ação princi-pal, poderá acarretar-lhe graves prejuízos (não vende a outrem por-que não pode; não vende à Petrobrás porque não consegue).

- Apelações e remessa oficial improvidas.

Apelação Cível nº 392.734-PE

(Processo nº 2006.05.00.041845-0)

Relator: Desembargador Federal Paulo Roberto de Oliveira Lima

(Julgado em 12 de novembro de 2009, por unanimidade)

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TRIBUTÁRIOEXECUÇÃO FISCAL-TRIBUTO-EXISTÊNCIA DE OUTROS DÉ-BITOS INSCRITOS EM DÍVIDA ATIVA-VALOR CONSOLIDADOPOR SUJEITO PASSIVO SUPERIOR A R$ 10.000,00-IMPOSSI-BILIDADE DE SE APLICAR A REMISSÃO PREVISTA NA MEDIDAPROVISÓRIA Nº 449/08-ANULAÇÃO DA SENTENÇA-RETORNODOS AUTOS À ORIGEM PARA O REGULAR PROSSEGUIMEN-TO DA EXECUÇÃO FISCAL

EMENTA: TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. TRIBUTO. EXISTÊN-CIA DE OUTROS DÉBITOS INSCRITOS EM DÍVIDA ATIVA. VALORCONSOLIDADO POR SUJEITO PASSIVO SUPERIOR A R$10.000,00 (DEZ MIL REAIS). IMPOSSIBILIDADE DE SE APLICAR AREMISSÃO PREVISTA NA MEDIDA PROVISÓRIA Nº 449/08. APE-LAÇÃO PROVIDA. ANULAÇÃO DA SENTENÇA. RETORNO DOSAUTOS À ORIGEM PARA O REGULAR PROSSEGUIMENTO DAEXECUÇÃO FISCAL.

- A remissão de débitos inscritos em dívida ativa deverá observar osrequisitos contidos no art. 14 da Medida Provisória nº 449, de 3 dedezembro de 2008.

- Logo, para fins de extinção do processo por força da remissão,não basta o magistrado verificar se o valor da execução fiscal é igualou inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais), devendo aferir ainda arespectiva data de seu vencimento, bem como se o devedor possuioutros débitos que, consolidados, ultrapassem o limite legal.

- Ora, inexistindo nos autos prova suficiente para aferição dos requi-sitos legais, não pode o magistrado extinguir a execução sem antesdar ao exequente a oportunidade de trazer ao processo os dadosnecessários à perfeita compreensão da situação fiscal do devedor.

- Com efeito, antes de extinguir a presente execução fiscal com baseno disposto na medida provisória acima mencionada, deveria o juiz

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de origem, por cautela, ter intimado previamente a UNIÃO (FAZEN-DA NACIONAL), a fim de constatar se haveria ou não outros débitosfiscais inscritos em dívida ativa em nome do(a) executado(a), demodo que o valor consolidado por sujeito passivo estivesse, de fato,nos termos das disposições do art. 14, anteriormente transcrito.

- Por outro lado, após a interposição dos aclaratórios pela UNIÃO(FAZENDA NACIONAL), tornou-se possível a constatação de que ovalor consolidado inscrito em dívida ativa, de responsabilidade do(a)executado(a), supera o limite previsto no artigo suso referido, motivopelo qual não se mostra apropriada a extinção da execução fiscalpromovida pelo magistrado a quo.

- Precedentes desta Corte.

- Apelação provida para anular a sentença, determinando-se o retor-no dos autos à origem a fim de que a execução fiscal possa terregular prosseguimento.

Apelação Cível nº 480.707-CE

(Processo nº 2000.81.00.033804-3)

Relator: Desembargador Federal Paulo Gadelha

(Julgado em 3 de novembro de 2009, por unanimidade)

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TRIBUTÁRIOIMPORTAÇÃO-DIREITOS ANTIDUMPING-DESEMBARAÇO ADU-ANEIRO-DEPÓSITO PRÉVIO-SANÇÃO POLÍTICA-IMPOSSIBILI-DADE

EMENTA: TRIBUTÁRIO. IMPORTAÇÃO. DIREITOS ANTIDUMPING.DESEMBARAÇO ADUANEIRO. DEPÓSITO PRÉVIO. SANÇÃOPOLÍTICA. IMPOSSIBILIDADE.

- Mandado de segurança objetivando liberar mercadoria importada,que se encontra retida no Porto de Pécem, no Estado do Ceará,objeto de aplicação de direito antidumping, por estar a empresa im-portadora discutindo a matéria, isto é, a não aplicação do direitoantidumping, em processo administrativo.

- Inexistência de qualquer direito, visto que a discussão na esferaadministrativa não é suficiente para criar o direito da liberação.

- Inaplicação ao caso das sanções políticas condenadas pelasSúmulas 343 e 547 do Supremo Tribunal Federal, por não se cuidaro direito antidumping de tributo, de taxa, de contribuição de melhoria,de contribuições sociais, nem, enfim, de empréstimo. Seria o verda-deiro caos se a discussão na esfera administrativa se tornasse emdireito para permitir a liberação de mercadoria alienígena, sobre aqual foi aplicado o direito antidumping.

- Improvimento do recurso.

Apelação Cível nº 464.706-CE

(Processo nº 2007.81.00.017506-9)

Relator: Desembargador Federal Vladimir Souza Carvalho

(Julgado em 29 de outubro de 2009, por unanimidade)

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TRIBUTÁRIOPIS E COFINS-REVENDEDORA DE AUTOPEÇAS E ACESSÓ-RIOS PARA VEÍCULOS-REGIME MONOFÁSICO-BENEFÍCIO FIS-CAL PARA DETERMINADOS SETORES ECONÔMICOS-CRE-DITAMENTO-BENEFÍCIO QUE NÃO ALCANÇA AS REVENDO-RAS-IMPOSSIBILIDADE DE EXTENSÃO DO BENEFÍCIO FISCAL

EMENTA: TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. REVENDEDORA DEAUTOPEÇAS E ACESSÓRIOS PARA VEÍCULOS. REGIME MONO-FÁSICO. LEI 10.485/2002. LEIS NºS 10.637/02 E 10.833/03. ART. 17DA LEI 11.033/04 - BENEFÍCIO FISCAL PARA DETERMINADOSSETORES ECONÔMICOS. CREDITAMENTO. BENEFÍCIO QUENÃO ALCANÇA AS REVENDORAS. IMPOSSIBILIDADE DE EXTEN-SÃO DO BENEFÍCIO FISCAL.

- Ação ajuizada por revendedora de autopeças e acessórios paraveículos que visa ao aproveitamento dos créditos de PIS e COFINScom fundamento no art. 17 da Lei nº 11.033/2004.

- A Lei nº 10.485/2002 instituiu o regime monofásico de incidênciadas contribuições PIS e COFINS, concentrando-se a cobrança dascontribuições em uma única etapa.

- O regime não-cumulativo, já previsto constitucionalmente para oIPI e o ICMS, foi instituído para o PIS e a COFINS através da EC nº42, de 16.12.03, que introduziu o § 12º no art. 195 da CF/88.

- A legislação atual reguladora do PIS e da COFINS, Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, prevê o regime de não-cumulatividade aplicá-vel às empresas que apuram o imposto de renda com base no lucroreal, e este regime passou a coexistir com o regime anterior aplicá-vel as demais empresas (regime monofásico).

- Como forma de incremento para alguns setores econômicos, a Lei11.033/2004 trouxe benefício fiscal em forma de manutenção de cré-ditos escriturais para futuro aproveitamento.

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- O benefício do artigo 17 da Lei 11. 033/2004 refere-se aos créditosvinculados às vendas efetuadas com alíquota zero do PIS e COFINS,e somente se justifica no caso de os bens adquiridos estarem sujei-tos ao efetivo pagamento das contribuições, situação estranha aosrevendedores de produtos tributados pelo sistema monofásico.

- Conforme demonstrado na inicial, a revendedora está sujeita aoregime monofásico e, inexistindo neste regime o sistema de com-pensação entre créditos e débitos próprio do regime não-cumulati-vo, não há, sequer, que se falar em débito que justifique o surgimentode um crédito.

- A configuração estrutural do sistema de incidência monofásica porsi só inviabiliza a concessão de crédito, não pairando quaisquer dú-vidas quanto à inviabilidade de utilização do benefício previsto no art.16 da Lei 11.033/2005.

- Portanto, revendedores de produtos tributados pelo sistemamonofásico não fazem jus ao benefício fiscal previsto no art. 17 daLei 11.033/2004, razão pela qual não é autorizado ao Judiciário es-tender os efeitos do benefício legal.

- Apelação improvida.

Apelação Cível nº 487.850-PE

(Processo nº 2009.83.00.010112-9)

Relator: Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira

(Julgado em 17 de dezembro de 2009, por unanimidade)

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TRIBUTÁRIOCONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA-CONSTRUÇÃO CIVIL-RE-TENÇÃO DE 11%-OBRIGATORIEDADE-LEI Nº 8.212/91, ART. 31

EMENTA: TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.CONSTRUÇÃO CIVIL. RETENÇÃO DE 11%. ARTIGO 31 DA LEI Nº8.212/91. AGRAVO DE INSTRUMENTO IMPROVIDO.

- Cuida-se de agravo de instrumento em face da decisão do MM.Juízo a quo, que indeferiu a liminar requestada, que pretendia a de-terminação judicial de que a Impetrada, ora agravada, se abstivessede efetuar quaisquer retenções a título de contribuições previden-ciárias por ocasião dos pagamentos referentes à execução de obrasem regime de empreitada.

- Verifica-se pela leitura dos artigos 30 e 31 da Lei de Custeio doInstituto Nacional do Seguro Social (8.212/91) que a retenção de im-portâncias devidas a título de contribuição previdenciária, pelo ramoda construção civil no País, é admitida, com a finalidade precípua degarantir o cumprimento dessas obrigações.

- O intuito do legislador foi afastar a solidariedade tributária passivaadotada no dispositivo revogado pela Lei nº 9.711/98, estabelecendoa responsabilidade por substituição, consoante a previsão contidano art. 128 do CTN e no art. 150, § 7º, da Constituição.

- Não pretendeu criar nova contribuição social, nem modificar a basede cálculo e a alíquota das contribuições previdenciárias. Apenasempregou uma técnica de definição do sujeito passivo indireto, mo-tivado pela necessidade de combater a sonegação das contribui-ções previdenciárias.

- Verifica-se, mais, que o legislador optou pelo uso da técnica tribu-tária da responsabilização por substituição, sem restringir a incidên-

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cia das contribuições com base nas diferenças relativas à naturezados contratos, quer de cessão de mão-de-obra, quer de construçãode obra certa (empreitada), e sem que tal fato detenha o condão dedesnaturar o instituto da responsabilidade solidária a cujo regime sesujeitam os contratos de obra certa.

- Assim sendo, a questão ora em exame refoge ao âmbito da dife-renciação entre contrato de cessão de mão-de-obra e contrato deobra certa (empreitada), já que o próprio legislador assim não deter-minou para fins de incidência da hipótese tributária.

- Agravo de instrumento improvido.

Agravo de Instrumento nº 99.888-CE

(Processo nº 2009.05.00.076831-0)

Relator: Desembargador Federal Francisco Barros Dias

(Julgado em 17 de novembro de 2009, por unanimidade)

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Í N D I C E

S I S T E M Á T I C O

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ADMINISTRATIVO

Apelação Cível nº 450.640-RNCONCURSO PÚBLICO-TÉCNICO EM ENFERMAGEM-PERDA DAVALIDADE DO CERTAME-POSTERIOR CONTRATAÇÃO TEMPO-RÁRIA-DIREITO SUBJETIVO À NOMEAÇÃO-INEXISTÊNCIARelator: Desembargador Federal José Maria Lucena................. 06

Apelação/Reexame Necessário nº 5.020-CECONCURSO PÚBLICO PARA O CARGO DE TÉCNICO DE APOIOESPECIALIZADO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO-ALTERA-ÇÃO DO EDITAL DURANTE A REALIZAÇÃO DO CERTAME PELALEI Nº 11.415/2006-CRIAÇÃO DE NOVAS VAGAS-PREENCHIMEN-TO MEDIANTE REMOÇÃO DOS SERVIDORES ANTIGOS-IMPOS-SIBILIDADERelator: Desembargador Federal Geraldo Apoliano .................... 08

Apelação/Reexame Necessário nº 7.555-PESERVIDORA DO MPU-CONCURSO DE REMOÇÃO-IMPEDIMEN-TO DE PARTICIPAÇÃO DE SERVIDORES QUE SE BENEFICIA-RAM DE RELOTAÇÃO-INTERSTÍCIO FIXADO POR FORÇA DA LEI11.415/2006-INCABIMENTORelatora: Desembargadora Federal Margarida Cantarelli ........... 10

Apelação Cível nº 371.118-PEMILITAR-PENSÃO POR MORTE-FILHAS MAIORES DE IDADE-CONTRIBUIÇÃO ADICIONAL DE 1,5 QUE AS HABILITARIA AO RE-CEBIMENTO DO BENEFÍCIO-ATO DE RENÚNCIA AO PAGAMEN-TO DA CONTRIBUIÇÃO PRATICADO PELA CURADORA, VIÚVA DODE CUJUS-INTERESSES CONFLITANTES DA CURADORA E DASAUTORAS, FILHAS MAIORES DO PRIMEIRO CASAMENTO DO DECUJUS-CANCELAMENTO DO DIREITO DE PERCEPÇÃO DOBENEFÍCIO-IMPOSSIBILIDADE-MANUTENÇÃO DA ANULAÇÃO DOATO DE RENÚNCIA AO PAGAMENTO DA CONTRIBUIÇÃORelator: Desembargador Federal José Baptista de Almeida Filho.. 12

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Agravo de Instrumento nº 101.648-CECONCESSÃO DE USO-EMPRESAS DE TÁXI AÉREO E MANUTEN-ÇÃO DE AERONAVES-LICITAÇÃO-AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTOÀ SUA REALIZAÇÃORelator: Desembargador Federal Paulo Roberto de Oliveira Lima.. 15

Agravo de Instrumento nº 93.993-PBCONVÊNIOS VOLUNTÁRIOS-TRANSFERÊNCIA DE RECURSOSPARA AÇÕES SOCIAIS-EDUCAÇÃO, SAÚDE E ASSISTÊNCIA SO-CIAL-MUNICÍPIO INSCRITO NO SIAFI-AUSÊNCIA DE IMPEDIMEN-TO À MANUTENÇÃO DE CONVÊNIOS, INCLUSIVE COM A FUNASA,POR SE TRATAR DE PROJETOS DE SANEAMENTO BÁSICORelator: Desembargador Federal Paulo Gadelha ....................... 18

Apelação Cível nº 395.761-PEMILITAR LICENCIADO-REINTEGRAÇÃO COMO ADIDO PELO PE-RÍODO NECESSÁRIO À CONCLUSÃO DE TRATAMENTO MÉDI-CO DE MOLÉSTIA SURGIDA QUANDO EM ATIVIDADERelator: Desembargador Federal Francisco Wildo .................... 20

Apelação Cível nº 471.014-PBRESPONSABILIDADE CIVIL-BLOQUEIO DE PAGAMENTO DESEGURO-DESEMPREGO-PESCADOR ARTESANAL-ERRO DERECADASTRAMENTO IMPUTÁVEL À SECRETARIA ESPECIAL DEAGRICULTURA E PESCA-DANO MATERIAL CONFIGURADORelator: Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira ........... 22

CIVIL

Apelação Cível nº 476.764-RNAÇÃO DE RESSARCIMENTO C/C REPARAÇÃO DE DANOS MO-RAIS-PENSÃO DESCONTADA EM PERCENTUAL INFERIOR AOFIXADO EM ACORDO DE ALIMENTOS-NEGLIGÊNCIA DA UNIÃO-PRAZO PRESCRICIONAL QUINQUENAL-DIREITO AO RESSAR-CIMENTO PARCIALMENTE ACOLHIDO-PRETENSÃO INDENIZA-TÓRIA PRESCRITARelator: Desembargador Federal José Maria Lucena................. 25

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Apelação Cível nº 487.101-CEEMBARGOS DE TERCEIRO-SEGUNDA COMPRA E VENDA DOIMÓVEL ANTERIOR À CITAÇÃO NA AÇÃO CIVIL PÚBLICA PORIMPROBIDADE ADMINISTRATIVA-ESCRITURA DE COMPRA EVENDA SEM REGISTRO IMOBILIÁRIO-NEGÓCIO ANTERIOR AOAJUIZAMENTO DA AÇÃO-REGISTRO DA TRANSAÇÃO APÓS APRENOTAÇÃO DO GRAVAME-BOA-FÉ DO TERCEIRO ADQUI-RENTERelatora: Desembargadora Federal Margarida Cantarelli ........... 28

Apelação Cível nº 451.019-RNAÇÃO CONTRA COBRANÇA DE TAXAS DE OCUPAÇÃO-TERRE-NO OUTRORA TIDO COMO “NÃO DE MARINHA”, SUBMETIDO APOSTERIOR RECLASSIFICAÇÃO-PROCEDIMENTO ADMINISTRA-TIVO EDITALÍCIO-VALIDADE, AINDA QUE TAL DECISÃO SEJASINDICÁVEL JUDICIALMENTE-CERCEAMENTO EM JUÍZO DO DI-REITO DE DEFESA-ANULAÇÃO DA SENTENÇA PARA INSTRU-ÇÃORelator: Desembargador Federal Paulo Roberto de Oliveira Lima.. 30

Apelação Cível nº 472.933-RNCONTRATO DE FINANCIAMENTO HABITACIONAL-COBERTURASECURITÁRIA-SINISTRO-MORTE DO SEGURADO-DOENÇAPREEXISTENTE-INFRAÇÃO CONTRATUAL-AUSÊNCIA-ILICITUDEDA RECUSA DO AGENTE FINANCEIRO A DAR CUMPRIMENTO ÀOBRIGAÇÃO DE QUITAR O SALDO DEVEDOR DO FINANCIAMEN-TO HABITACIONALRelator: Desembargador Federal Vladimir Souza Carvalho ....... 32

Apelação Cível nº 475.948-PERESPONSABILIDADE CIVIL-CONSELHO REGIONAL DE MEDICI-NA VETERINÁRIA-INFORMAÇÃO INDEVIDA DO EXERCÍCIO IRRE-GULAR DA PROFISSÃO-DANOS MORAIS CONFIGURADOS-RE-DUÇÃO DO VALOR DA INDENIZAÇÃORelator: Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira ........... 33

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Apelação Cível nº 401.132-SELEILÃO DE JÓIAS DADAS EM PENHOR-AUSÊNCIA DE NOTIFI-CAÇÃO DO DEVEDOR-NECESSIDADE DE INDENIZAÇÃO-OCOR-RÊNCIA DE DANOS MORAIS E MATERIAISRelator: Desembargador Federal Francisco Barros Dias .......... 35

CONSTITUCIONAL

Apelação Cível nº 436.549-PEPRELIMINAR DE NULIDADE DO DECISUM POR AUSÊNCIA DEPRODUÇÃO DE PROVA PERICIAL-MANIFESTAÇÃO DO MAGIS-TRADO, NA SENTENÇA, PELA DESNECESSIDADE DE NOVASPROVAS-LIVRE CONVENCIMENTO DO JUIZ-PRELIMINAR AFAS-TADA-SERVIDOR PÚBLICO-VIGILANTE-HORAS EXTRAS, ADI-CIONAL NOTURNO E REFLEXOS FINANCEIROS-LABOR EM JOR-NADA DE 12 H DE TRABALHO POR 36 H DE DESCANSORelator: Desembargador Federal Lázaro Guimarães ................. 38

Apelação/Reexame Necessário nº 1.494-RNSERVIDORA PÚBLICA-PROFESSORA UNIVERSITÁRIA-REPRO-VAÇÃO NO ESTÁGIO PROBATÓRIO-EXONERAÇÃO ANTES DAAQUISIÇÃO DE ESTABILIDADE-CABIMENTO-COMISSÃO AVALIA-DORA-LEGITIMIDADE-CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA AS-SEGURADOS-AFASTAMENTOS SEM AUTORIZAÇÃO-COMPRO-VAÇÃO PELO EXAME DAS PROVAS DOS AUTOSRelator: Desembargador Federal Francisco Cavalcanti ............. 40

Apelação Cível nº 476.894-CECONSTRUÇÃO DE HOTEL (PARTE DE EMPREENDIMENTOMAIOR, CUJAS UNIDADES SERÃO LICENCIADAS INDIVIDUAL-MENTE)-EMBARGO DA OBRA-LICENCIAMENTO AMBIENTAL-EX-PEDIÇÃO PELO ÓRGÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE-COM-PETÊNCIA-FISCALIZAÇÃO-ATUAÇÃO SUPLETIVA DO ENTEAMBIENTAL FEDERAL-ATO ADMINISTRATIVO-FUNDAMENTAÇÃO-INFORMAÇÃO TÉCNICA EXPEDIDA PELO MINISTÉRIO PÚBLICOFEDERAL-DESPACHO DO PRÓPRIO PARQUET REVOGANDOPARCIALMENTE RECOMENDAÇÃO DE SUSTAÇÃO DE LICEN-

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CIAMENTO-DUNAS E PLANÍCIE DE DEFLAÇÃO-EQUIPAMENTOSTURÍSTICOS EM ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE-DIS-CUSSÃO-ENUNCIADO MINISTERIAL INTERPRETATIVO POSTE-RIOR À LICENÇA AMBIENTAL DE INSTALAÇÃO-DIREITO LÍQUIDOE CERTO-CONFIGURAÇÃORelator: Desembargador Federal Francisco Cavalcanti ............. 45

Incidente de Inconstitucionalidade na Apelação Cível nº 425.962-PEINCIDENTE DE INCONSTITUCIONALIDADE ACOLHIDO PELA SE-GUNDA TURMA DO TRF 5ª REGIÃO-IMPUGNAÇÃO DA LEI DOMUNICÍPIO DO RECIFE Nº 16.866/2003, QUE TORNA OBRIGATÓ-RIO QUE A CONCESSIONÁRIA DE TELEFONIA FIXA NO MUNICÍ-PIO DO RECIFE, RESPONSÁVEL PELA EMISSÃO DA FATURATELEFÔNICA, FORNEÇA INFORMAÇÕES DETALHADAS REFE-RENTES AOS “PULSOS” EFETUADOS PELO CONSUMIDOR-COMPETÊNCIA PRIVATIVA DA UNIÃO PARA LEGISLAR SOBRESERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕESRelator: Desembargador Federal José Baptista de Almeida Filho .. 51

Agravo de Instrumento nº 75.624-CEAUTORIZAÇÃO PARA OFERTA DE ENSINO MÉDIO E FUNDAMEN-TAL A DISTÂNCIA POR ENTIDADE DE ENSINO SUPERIOR AUTO-RIZADA PELO MEC-INDEFERIMENTO POR AUTORIDADE ESTA-DUAL-INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERALRelator: Desembargador Federal Francisco Wildo .................... 53

Apelação Cível nº 469.737-SECONCURSO PÚBLICO-DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL-APRE-SENTAÇÃO DE DIPLOMA DE CONCLUSÃO DE CURSO SUPERI-OR APENAS NA POSSE-LIMINAR DEFERIDA-CONCURSO HOMO-LOGADO QUASE DOIS ANOS ANTES DO PEDIDO DE NOMEA-ÇÃO-DECADÊNCIARelator: Desembargador Federal Maximiliano Cavalcanti (Convoca-do) ............................................................................................... 55

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Apelação Cível nº 486.301-PEAÇÃO EXPROPRIATÓRIA-AUSÊNCIA DE CONTESTAÇÃO DA PAR-TE EXPROPRIADA-APLICAÇÃO DA REGRA PREVISTA NO CPC,ART. 319 – REVELIA-IMPOSSIBILIDADERelator: Desembargador Federal Frederico Wildson da Silva Dantas(Convocado)................................................................................ 57

PENAL

Agravo Regimental na Ação Penal nº 29-CEDECISÃO QUE RATIFICOU OS ATOS PROCESSUAIS PRATICA-DOS POR JUIZ INCOMPETENTE-ATOS DE INSTRUÇÃO PRO-CESSUAL-AUSÊNCIA DE PREJUÍZO À DEFESARelator: Desembargador Federal Manoel de Oliveira Erhardt..... 59

Habeas Corpus nº 3.760-PEVENDA DE ARMAMENTO E MUNIÇÃO DESACOMPANHADA DASFORMALIDADES LEGAIS-HABEAS CORPUS-PRISÃO EM FLA-GRANTE-DECISÃO DENEGATÓRIA DE LIBERDADE PROVISÓ-RIA-PRESENÇA DE INDÍCIOS DA AUTORIA E DA MATERIALIDADEDO CRIME-REQUISITOS DO ART. 312 DO CPP-RESGUARDO DAORDEM PÚBLICA E NECESSIDADE DE ASSEGURAR A APLICA-ÇÃO DA LEI PENAL-INEXISTÊNCIA-INTERDIÇÃO DA EMPRESA-INVIABILIDADE DE REITERAÇÃO DA CONDUTA-APREENSÃODOS PRODUTOS EXISTENTES NO EMPREENDIMENTO-ORDEMCONCEDIDARelator: Desembargador Federal José Maria Lucena................. 61

Apelação Criminal nº 4.151-PBESTELIONATO-JUÍZA CLASSISTA-PROVA DA RELAÇÃO DE EM-PREGO E DA SINDICALIZAÇÃO-REQUISITOS DA CLT, ART. 661-AUSÊNCIA DE PROVA DA AUTORIA E DA MATERIALIDADE DO ILÍ-CITO-PROVAS DOCUMENTAL E TESTEMUNHAL FAVORÁVEIS ÀSRÉSRelator: Desembargador Federal Geraldo Apoliano .................... 64

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Boletim de Jurisprudência nº 1/2010

Apelação Criminal nº 6.964-RNTRÁFICO INTERNACIONAL DE ENTORPECENTES-SENTENÇA-PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE-SUBSTITUIÇÃO POR SANÇÕESRESTRITIVAS DE DIREITOS-IMPOSSIBILIDADE-REGIME INICIALDE CUMPRIMENTO DA PENA ABERTO-INADMISSIBILIDADERelator: Desembargador Federal Francisco Cavalcanti ............. 66

Apelação Criminal nº 6.899-ALCRIME DE APROPRIAÇÃO DE RENDA PÚBLICA-AÇÃO PRATICA-DA, À ÉPOCA, POR PREFEITO MUNICIPAL-DEMONSTRAÇÃO DAMATERIALIDADE E DA AUTORIA DELITIVAS-CONDENAÇÃO QUESE IMPÕE-PENA COMPATÍVEL COM O CASO COTEJADORelator: Desembargador Federal Paulo Roberto de Oliveira Lima.. 69

Apelação Criminal nº 6.603-PEINSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM SISTEMA DE INFORMAÇÕES-PRELIMINARES REJEITADAS-AUTORIA E MATERIALIDADE EVI-DENCIADAS ATRAVÉS DE ROBUSTO ACERVO PROBATÓRIO-DOSIMETRIA DA PENA IRRETOCÁVEL-CONFIRMAÇÃO DO VE-REDICTO CONDENATÓRIO EM TODOS OS SEUS TERMOSRelator: Desembargador Federal Vladimir Souza Carvalho ....... 71

Habeas Corpus nº 3.789-CEHABEAS CORPUS-CRIME CONTRA A HONRA DE AUTORIDADESPÚBLICAS EM RAZÃO DE SUAS FUNÇÕES-AÇÃO PENAL PÚBLI-CA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO-ADITA-MENTO À DENÚNCIA-VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DO JUIZ NA-TURAL E DA DISTRIBUIÇÃO-INOCORRÊNCIA-CONEXÃO ENTREOS FATOS-DENEGAÇÃO DA ORDEMRelator: Desembargador Federal Rubens de Mendonça Canuto (Con-vocado) ....................................................................................... 73

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PREVIDENCIÁRIO

Apelação/Reexame Necessário nº 5.392-CECONCESSÃO DE APOSENTADORIA ESPECIAL-REQUISITOSNÃO PREENCHIDOS-RECONHECIMENTO DE TEMPO DE SERVI-ÇO ESPECIAL-EXPOSIÇÃO AO AGENTE FÍSICO RUÍDO ACIMA DOSLIMITES LEGAIS-COMPROVAÇÃO RELATIVA A PARTE DO PERÍO-DO-ANTECIPAÇÃO DE TUTELA DEFERIDA-CANCELAMENTORelator: Desembargador Federal José Maria Lucena................. 76

Apelação Cível nº 488.803-CEPENSÃO POR MORTE-MORTE PRESUMIDA-TRABALHADORRURAL-PRECARIEDADE DOS MEIOS DE PROVA-IMPOSSIBILI-DADE DE CONCESSÃO DA PENSÃO À AUTORARelatora: Desembargadora Federal Margarida Cantarelli ........... 79

Apelação/Reexame Necessário nº 1.458-ALAPOSENTADORIA COM PROVENTOS INTEGRAIS-TEMPO DESERVIÇO ESPECIAL-RUÍDO E SOLDAGEM E CORTE DE METAISDA CALDEIRARIA-DEMONSTRADA A EXPOSIÇÃO, DE MODOHABITUAL E PERMANENTE, A FUNGOS, PESTICIDAS, INSETICI-DAS AGRÍCOLAS, SUBACETATO DE CHUMBO E ORGANOFOSOFORADO-RECONHECIMENTO DA ESPECIALIDADE-TEM-PO DE SERVIÇO SUFICIENTE PARA A CONCESSÃO DE APO-SENTADORIA-REQUISITO ETÁRIO CUMPRIDO EM 10/03/2008Relator: Desembargador Federal José Baptista de Almeida Filho.. 81

Apelação/Reexame Necessário nº 8.114-CEAMPARO SOCIAL-BENEFÍCIO ASSISTENCIAL SUSPENSO SOBO FUNDAMENTO DA INEXISTÊNCIA DE INCAPACIDADE PARA AVIDA INDEPENDENTE E PARA O TRABALHO-AUTOR PORTADORDE OSTEOARTROSE FACETARIA IRREVERSÍVEL, ALEM DE SUR-DEZ PROFUNDA BILATERAL-LAUDO MÉDICO PERICIAL DO JUÍZOCONCLUSIVO PELA INCAPACIDADE DEFINITIVA DO AUTOR-RE-QUISITOS PREENCHIDOS-DIREITO AO RESTABELECIMENTODO BENEFÍCIORelator: Desembargador Federal Paulo Gadelha ....................... 84

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Boletim de Jurisprudência nº 1/2010

Apelação Cível nº 370.628-PEAÇÃO DECLARATÓRIA-RECONHECIMENTO DE TEMPO DE SER-VIÇO URBANO PRESTADO SOB REGIME CELETISTA-INÍCIO DEPROVA MATERIAL CORROBORRADA POR PROVA TESTEMU-NHAL-ILEGITIMIDADE PASSIVA DA UNIÃO-RECOLHIMENTO DASCONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS-DESNECESSIDADE-ÔNUSDO EMPREGADORRelator: Desembargador Federal Francisco Wildo .................... 86

PROCESSUAL CIVIL

Agravo Regimental na Suspensão de Liminar nº 4.062-CESUSPENSÃO DE TUTELA ANTECIPADA-FORNECIMENTO GRA-TUITO DE MEDICAMENTO-LESÃO À SAÚDE PÚBLICA-EFEITOMULTIPLICADOR-INOCORRÊNCIARelator: Desembargador Federal Luiz Alberto Gurgel de Faria ... 90

Ação Rescisória nº 5.190-PEAÇÃO RESCISÓRIA-EXECUÇÃO EXTRAJUDICIAL-VIOLAÇÃO ALITERAL DISPOSIÇÃO DE LEI E ERRO DE FATO-INEXISTÊNCIA-LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ NÃO CONFIGURADA-IMPROCEDÊNCIA DARESCISÓRIARelator: Desembargador Federal Marcelo Navarro .................... 91

Ação Rescisória nº 4.269-CEAÇÃO RESCISÓRIA-JUIZ PROLATOR DA SENTENÇA CONFIRMA-DA PELO ACÓRDÃO RESCINDENDO-IMPEDIMENTO INEXISTEN-TERelator: Desembargador Federal Manoel de Oliveira Erhardt..... 93

Embargos de Declaração na Ação Rescisória nº 6.189-PBEMBARGOS DE DECLARAÇÃO-ACÓRDÃO PROFERIDO EMAÇÃO RESCISÓRIA-AUSÊNCIA DE CITAÇÃO DE TODOS OSRÉUS NO PROCESSO ORIGINÁRIO-NULIDADE ABSOLUTA-PRO-CEDÊNCIA DO PEDIDO RESCISÓRIO-ALEGAÇÃO DE OMISSÃO-INEXISTÊNCIARelator: Desembargador Federal Manoel de Oliveira Erhardt..... 94

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Boletim de Jurisprudência nº 1/2010

Embargos infringentes na Apelação Cível nº 432.134-ALEMBARGOS INFRINGENTES-SFH-CONTRATO DE MÚTUOHABITACIONAL-FORMA DE AMORTIZAÇÃO DO SALDO DEVE-DOR-REVALÊNCIA DO VOTO VENCIDORelator: Desembargador Federal Manoel de Oliveira Erhardt..... 95

Agravo de Instrumento nº 99.725-PEAÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO-APRESENTA-ÇÃO DE BILHETE PREMIADO NA MEGA-SENA-OBRIGAÇÃO DEFAZER-INEXISTÊNCIA-CONVERSÃO EM PERDAS E DANOS-IM-POSSIBILIDADERelator: Desembargador Federal Lázaro Guimarães ................. 97

Apelação Cível nº 437.415-CEPRELIMINAR DE INTEMPESTIVIDADE QUE SE AFASTA PELA AU-SÊNCIA DE INTIMAÇÃO PESSOAL DA UNIÃO-EXIGÊNCIA DO PA-GAMENTO ANTECIPADO DE MULTA PARA OBTENÇÃO DOLICENCIAMENTO ANUAL DE VEÍCULOS-IMPOSSIBILIDADE-LOCALDA INFRAÇÃO IDENTIFICADO APENAS POR SUA CODIFICAÇÃO-INVALIDADERelator: Desembargador Federal Lázaro Guimarães ................. 99

Apelação Cível nº 448.066-CEAÇÃO CIVIL PÚBLICA-HINO NACIONAL-GRAVAÇÃO E DIVULGA-ÇÃO EM RITMO DE FORRÓ, EM DESCONFORMIDADE COM ASPRESCRIÇÕES DA LEI Nº 5.700/71-POSSIBILIDADE-AUSÊNCIADE RATAMENTO DESONROSO AO SÍMBOLO PÁTRIORelator: Desembargador Federal Geraldo Apoliano .................. 100

Apelação Cível nº 408.508-RNSIMPLES-EXCLUSÃO-REPETIÇÃO DE INDÉBITO-DIREITO DAAUTORA-HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS-REDUÇÃORelator: Desembargador Federal Francisco Cavalcanti ........... 102

Agravo de Instrumento nº 101.038-ALEXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE-REESTRUTURAÇÃO DACARREIRA DE POLICIAL FEDERAL-ABSORÇÃO DO PERCEN-

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Boletim de Jurisprudência nº 1/2010

TUAL DE 3,17%-DILAÇÃO PROBATÓRIA-NECESSIDADE-OBRI-GAÇÃO DE PAGAR-ATO ATENTATÓRIO À DIGNIDADE DA JUSTI-ÇA-NÃO CARACTERIZAÇÃORelator: Desembargador Federal José Baptista de Almeida Filho..105

Agravo de Instrumento nº 95.776-RNSFH-SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO-CADASTRO DE PROTEÇÃOAO CRÉDITO-RETIRADA DA INSCRIÇÃO DO NOME DO MUTUÁ-RIO-APLICAÇÃO DE PRECEDENTE DO STJ EXARADO EM SEDEDE RECURSOS REPETITIVOS-PREENCHIMENTO DOS REQUI-SITOS NECESSÁRIOSRelator: Desembargador Federal Paulo Gadelha ..................... 108

Apelação/Reexame Necessário nº 4.330-RNPENSÃO POR MORTE INDEFERIDA ADMINISTRATIVAMENTEPOR IRREGULARIDADE NA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO ORI-GINÁRIO-AUSÊNCIA DA CONDIÇÃO DE ARRIMO DE FAMÍLIA DODE CUJUS À ÉPOCA-REQUISITO QUE NÃO MAIS SUBSISTE-DI-REITO DO SUPLICANTE À PENSÃORelator: Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira ......... 112

Apelação Cível nº 477.130-PEAÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE-COMPROVAÇÃO DAPOSSE INDIRETA-POSSIBILIDADE-AUSÊNCIA DE NECESSIDA-DE DE COMPROVAÇÃO DA POSSE DIRETARelator: Desembargador Federal Francisco Barros Dias ........ 114

PROCESSUAL PENAL

Habeas Corpus nº 3.771-SEHABEAS CORPUS-PRISÃO PREVENTIVA-LEGALIDADE-TRÁFI-CO DE ENTORPECENTES-SENTENÇA CONDENATÓRIA APÓSIMPETRAÇÃO DO WRIT-PACIENTE PRESO DURANTE TODA AINSTRUÇÃO PROCESSUAL-PRISÃO PREVENTIVA-MANUTEN-ÇÃO-DENEGAÇÃO DA ORDEMRelator: Desembargador Federal Francisco Barros Dias ........ 118

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TRIBUTÁRIO

Apelação/Reexame Necessário nº 2.271-CECPD-EN-CERTIDÃO POSITIVA COM EFEITO DE NEGATIVA PRE-TENDIDA POR MUNICÍPIO-OBRIGAÇÃO DE ENTREGA DA GFIP-GUIA DE RECOLHIMENTO DO FGTS E INFORMAÇÕES À PREVI-DÊNCIA SOCIAL-AUSÊNCIA DE ENTREGA EM ALGUNS MESES EENTREGA IRREGULAR EM OUTROS-IMPOSSIBILIDADE DE EX-PEDIÇÃORelator: Desembargador Federal Geraldo Apoliano .................. 122

Apelação Cível nº 489.729-CEOPERAÇÕES DE IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO-INTERPOSI-ÇÃO FRAUDULENTA DE PESSOA-AUTO DE INFRAÇÃO-LAUDOPERICIAL-DEMONSTRAÇÃO SUFICIENTERelatora: Desembargadora Federal Margarida Cantarelli ......... 124

Apelação Cível nº 392.734-PEAÇÃO CAUTELAR PREPARATÓRIA-ÁLCOOL CARBURANTE VEN-DA COMPULSÓRIA À PETROBRÁS-INEXIGIBILIDADE DE CERTI-DÕES DE REGULARIDADE FISCAL (FGTS E INSS)-INEXISTÊNCIADE CONTRATO ADMINISTRATIVO ROPRIAMENTE DITO-FUMUSBONI IURIS E PERICULUM IN MORA-CARACTERIZAÇÃORelator: Desembargador Federal Paulo Roberto de Oliveira Lima.126

Apelação Cível nº 480.707-CEEXECUÇÃO FISCAL-TRIBUTO-EXISTÊNCIA DE OUTROS DÉBI-TOS INSCRITOS EM DÍVIDA ATIVA-VALOR CONSOLIDADO PORSUJEITO PASSIVO SUPERIOR A R$ 10.000,00-IMPOSSIBILIDADEDE SE APLICAR A REMISSÃO PREVISTA NA MEDIDA PROVISÓ-RIA Nº 449/08-ANULAÇÃO DA SENTENÇA-RETORNO DOS AUTOSÀ ORIGEM PARA O REGULAR PROSSEGUIMENTO DA EXECU-ÇÃO FISCALRelator: Desembargador Federal Paulo Gadelha ..................... 128

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Boletim de Jurisprudência nº 1/2010

Apelação Cível nº 464.706-CEIMPORTAÇÃO-DIREITOS ANTIDUMPING-DESEMBARAÇO ADUA-NEIRO-DEPÓSITO PRÉVIO-SANÇÃO POLÍTICA-IMPOSSIBILIDA-DERelator: Desembargador Federal Vladimir Souza Carvalho ..... 130

Apelação Cível nº 487.850-PEPIS E COFINS-REVENDEDORA DE AUTOPEÇAS E ACESSÓ-RIOS PARA VEÍCULOS-REGIME MONOFÁSICO-BENEFÍCIO FIS-CAL PARA DETERMINADOS SETORES ECONÔMICOS-CREDI-TAMENTO-BENEFÍCIO QUE NÃO ALCANÇA AS REVENDORAS-IMPOSSIBILIDADE DE EXTENSÃO DO BENEFÍCIO FISCALRelator: Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira ......... 131

Agravo de Instrumento nº 99.888-CECONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA-CONSTRUÇÃO CIVIL-RETEN-ÇÃO DE 11%-OBRIGATORIEDADE-LEI Nº 8.212/91, ART. 31Relator: Desembargador Federal Francisco Barros Dias ........ 133