boletim esperança 41

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CAIRBAR SCHUTEL (22/09/1868 a 30/01/1938) Com pouco mais de dez anos de idade, Cairbar Schutel já havia perdido o pai, a mãe e o irmão mais novo. As perdas só não foram mais devastadoras, pois seu avô, um médico alemão, assumiu a responsabilidade pela sua educação. Apesar das portas abertas, o jovem Cairbar preferiu seguir o próprio caminho. Largou os estudos e começou a trabalhar em uma farmácia. Aos dezessete anos de idade, já era um prático respeitado pelo excelente preparo. Sonhando em montar o próprio negócio, mudou-se. Acabou se estabelecendo no povoado do Matão e colaborou decisivamente para elevá- lo à condição de município, tendo sido seu primeiro prefeito e construído, com os próprios recursos, o prédio da Câmara Municipal. Tão logo sentiu que havia cumprido sua missão política, afastou-se. Nessa região, havia um notável médium espírita, que, a despeito de não possuir grande conhecimento doutrinário, impressio- nava pelo elevado cunho espiritual das mensagens recebidas. Interessado, Cairbar estudou a obra de Allan Kardec e, tão logo sentiu-se seguro, fundou o Centro Espírita Amantes da Pobreza, em 15 de julho de 1904. No ano seguinte, fundou o jornal “O Clarim”, em circulação até hoje, um dos mais tradicionais e respeitáveis veículos de divulgação da imprensa espírita. Enfrentou muita perseguição, particular- mente capitaneada pelo padre de sua cidade, que, além do boicote à Farmácia Schutel, pedia às autoridades o fechamento do centro espírita, a proibição da circulação do periódico e a expulsão do “herege”. O delegado aderiu ao movimento e fechou o Amantes da Pobreza. Possuidor de incontestável autoridade moral e coragem singular, Cairbar não se deteve e reabriu o lugar. Falou em plena praça pública. Os representantes da Igreja mobilizaram suas tropas e marcharam pelas ruas, em plena noite, carregando tochas acesas em uma das mãos e armas na outra, enquanto cantavam hinos fúnebres, em claro esforço para intimidar a quem ousasse não acatar seu ponto de vista e, quiçá, abafar a voz do orador espírita. Afirmavam que embora a “liberalíssima” Constituição permi- Continua na página 02 Bole im sp ra ça Informe de Estudos Espíritas, RJ, Ano IV, N. 41 SETEMBRO, 2012 EDITORIAL “Já podeis, da Pátria filhos, ver contente a mãe gentil...” Semana da Pátria não faz tanto tempo assim, se me recordo, essa data era esperada, com ansiedade, por alunos e professores de todas as escolas da cidade. Com que entusiasmo nos preparávamos para o desfile: as fanfarras exuberantes, os alunos em uniforme de gala, as ruas enfeitadas com enormes pavilhões, e o povo que se aglomerava para nos ver passar. Havia, em cada jovem coração, orgulho cívico paixão pela pátria demonstrado pela forma elegante de se postar nas fileiras. Semana da Pátria na rua, um repórter indaga os passantes: “Sabe o significado de 7 de setembro?” – “Mais um feriadãorespondiam alguns; outros apenas sorriam. “Sabe cantar o Hino da Independência?” – insistia ele e recebia sorrisos por resposta. Somos cidadãos livres, isso é ótimo. Bom saber por que somos livres; bom sentir gratidão pelos que lutaram pela nossa atual liberdade; bom honrá-los, pelo menos, com um pouco de cultura cívica. Deus, Pátria, Família: um trinômio importante na vida de cada cidadão que desperta para a consciência de honradez e probidade. Aproximando-se a época das eleições, pensemos num país também livre da ignorância que gera corrupção e desrespeito ao ser humano. “Já raiou a liberdade no horizonte...”. Boa leitura, muita paz! A EQUIPE HOMEOPATIA E ESPIRITISMO PROGRAMAÇÃO DA CASA 2ª Feira (20:00 às 21:00) PALESTRAS DOUTRINÁRIAS: O LIVRO DOS ESPÍRITOS 03/09 Anete Guimarães LIVRE 10/09 Vanessa Bianca Questões 702 e 703 17/09 Jair Cesario Questões 704 e 710 24/09 Neandertal Alves Psicologia da Gratidão 3ª Feira (14:00 às 14:30) O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO 04/09 Cláudia Costa Cap. XV, item 9 11/09 Josué Bezerra Cap. XV, itens 10 18/09 Valdete Bezerra Cap. XVI, itens 1 e 2 25/09 Rafael Rodrigues Cap. XVI, item 3 5ª Feira (19:30 às 21:00) ESTUDO SISTEMATIZADO DA DOUTRINA ESPÍRITA Sábado (8:30 às 15:00) ESCOLA DE ESTUDOS ESPÍRITAS ESPERANÇA BOLETIM ESPERANÇA 41 página 04 BOLETIM ESPERANÇA 41 página 01 Há 02 anos o nosso amigo retornou à Pátria Espiritual. DATAS IMPORTANTES DO MÊS 02/09/1914 Desencarna Albert de Rochas. 03/09/2007 Desencarna Martins Peralva. 05/09/1890 Desencarna Léa Fox, uma das médiuns envolvidas nos fenômenos de Hydesville. 12/09/1876 Nasce Auta de Souza. 22/09/1868 Nasce Cairbar de Souza Schutel. 26/09/1943 Desencarna o Dr. Guillon Ribeiro, ex- presidente da Federação Espírita Brasileira, tradutor das obras de Kardec. É necessário que a violência e a agressividade se diluam na compaixão e no entendimento fraternal, componentes de uma forma de viver mais adequada ao nosso progresso de ordem social, de convivência pacífica e, portanto, de solução da equação da vida espiritual, em nossa caminhada, em direção à Vida maior e a Nosso Pai. É o Evangelho que definitivamente se instalará em nosso coração e em nossa alma; então, começará a Era Nova, no exterior e no interior deste mundo de Amor, que recebemos para gerir nossa construção responsável para uma vida de felicidade. Todos os sofrimentos, que como Humanidade já vivemos, devem constituir nosso inconsciente, transformados: as tragédias e holocaustos do passado serão conteúdos que enriquecerão nossa vida, como experiência para a transformação em sabedoria e amor. Constituirão nosso norte para o futuro, e o Espiritismo realizará a grande transformação social a nos renovar. Seremos, então, uma Humanidade renovada, em nossos direitos mais justos, também nossos deveres melhor compreendidos, em nossa intimidade, e prontos a cumprir o destino de forma inalienável. Somos, no Planeta, muitas almas: 7.000.000 de habitantes deste lado da existência, todos unidos pelas circunstâncias da vida. Todavia, certamente, cada um de nós com objetivos diferentes, mas também um grande número unido pelos ideais de uma vida melhor, de um contexto melhor, de plena vigência dos valores éticos e morais, pois encontramos neles a esperança e a certeza da realização, em nossa intimidade, do mundo melhor, o qual todos devemos compartilhar responsavelmente em sua formação. Como podemos perceber, existem fronteiras, fronteiras geográficas entre as nações expressões das fronteiras íntimas de alma a alma , temos alfândegas, as diversidades dos idiomas, que ainda representam barreiras de certa forma. Devemos nos utilizar da linguagem do pensamento para nos darmos as mãos, fraternalmen- te, utilizando também a língua auxiliar o Esperanto que modificará o orgulho do ser humano, orgulho de raça, de cor, de cultura, de origem ancestral. E, mediante a conquista da expressão única, através da qual todos nos entenderemos, estaremos reunidos sob a árvore da Solidariedade. (Continua no próximo Boletim.) Salvador Javier Gamarra E ASSIM, NASCEU NOSSO GRUPO... Com nossa mudança para a Bélgica, muita falta nos fazia aqueles encontros no Caminho da Esperança: um verdadeiro deleite as palavras, na prosa do Geraldo, querido e saudoso amigo. Os conselhos e chamados da Ana, nos alertando para nossos compromissos com a espiritualidade. Senhora discreta, olhar penetrante, mas transparecendo uma enorme meiguice no fundo; espírito que aprendi a amar como uma benfeitora. As tão esperadas palestras da Anete, sempre nos ensinando a usar a razão e trazendo novidades a cada tema. Quanta saudade do ambiente de paz, típico de grupos bem dirigidos espiritualmente. Apesar de já falar o francês, desembarquei prestes a dar à luz, com três crianças que não entendiam uma só palavra desse idioma. E meu marido, um típico belga das Ardenas profundas, calado, extremamente observador, acostumado, com seus 40 anos, à solidão por motivos que não vem ao caso descrever. Senti um frio na barriga, em minha primeira tentativa de falar com Deus, uma dificuldade enorme, devido à atmosfera psíquica que pairava naquele ambiente, onde muitas guerras haviam deixado suas marcas. Após as medidas legais, já com o nascimento de meu quarto filho, Antoine, senti a necessidade de procurar o Espiritismo naquela região, sem nenhum êxito, pois estávamos num terreno curioso, com uma população oficialmente católica, constrangida a aceitar esta religião como passaporte à vida social, porém extremamente mística, guardando comportamentos de seus ancestrais celtas. Este povo, que parece se perder entre o Estado e sua identidade distante em algum lugar do passado, luta penosamente para assumir sua essência divina. E eu, que depois de dois anos ou mais de lágrimas e soluços de saudades da minha Terra Brasilis, comecei a lutar pela minha própria sobrevivência. Entre romances e livros de Allan Kardec, Léon Dennis, Camille Flammarion e outros, fui me deixando impregnar pelos sentimentos destes espíritos que me chamavam de retorno ao palco deixado há séculos atrás. Desprendia-me do corpo e encontrava-me com eles e tantos outros amigos, como Ana, Geraldo, Divaldo Franco, minha mãe e minha irmã Claudia. Mas também visitava as zonas umbralinas resgatando desafetos. Foram anos de mergulho em meu próprio ser. Passados oito anos, já morando na Região de Auby-Sur-Semois, lugar apaixonante, que me atraía e ainda atrai misteriosamente, onde construímos nossa casa. Posso, para deleite do leitor, tentar criar as imagens que de minha mente nunca se apagarão. Entre bosques, Auby se encontra sobre um vale. No fundo desse vale, a encantadora Semois, banhada pelas águas sedutoras do rio de mesmo nome, convidando os viajantes a desfrutar da paisagem. Numa região das Ardenas, em meio ao campo verde, envolvida de florestas de coníferas e árvores nativas, onde a fauna se faz presente em torno de nós, rica de veados, gazelas, javalis, lebres, cegonhas e tantos outros animaizinhos e pássaros formosos, nosso vilarejo possui pouco mais de trezentos habitantes e a convivência é agradável. Auby esconde ruínas celtas, em seus bosques, as quais descobri em minhas explorações, sempre acompanhada de meus amigos, Godó e Tainá, dois cães Golden Retriever. Foi nesta paisagem aprazível que vários Espíritos locais vieram ao meu encontro enlaçando-me, pouco antes de tudo começar a tomar forma. Neste período, eu era constantemente levada a uma universida- de espiritual, durante meu desprendimento, e esse local parecia muito com Nosso Lar. Até então, eu não percebia bem o que estava aconte- cendo, nem a trama na qual estava sendo envolvida, até que uma conhecida médica me convida para assistir a um Congresso de Medicina e Espiritualidade. Apesar de não ter aceitado o convite, ela me telefona pedindo para ceder a minha casa, convidando o Presidente da União Espírita Belga, Sr. Jean-Paul Evrard, para falar de Espiritismo. Feliz da vida, eu aceitei prontamente, abrindo minha casa para vinte e uma pessoas ouvirem falar sobre o Espiritismo, dentre as quais, sete eram jovens entre quinze e dezessete anos. Muito embora sendo espírita e podendo lhes falar, deixei que as coisas corressem assim, pois sabia que o terreno era árido. Claro que, pressentindo o compromisso que batia à minha porta, conversei previamente com o Luc, meu marido, sobre a vontade de abrir um grupo de estudos filosóficos espíritas. Ele respondeu sim, sem saber exatamente o que eu estaria abraçando. Tornei a dizer: “Mas... será para sempre, não haverá volta, você topa?” Prontamente, ele disse sim. Assim, nasceu, em nossa residência, o Centre Philosophique Spirite “Nosso Lar”, o primeiro e único na Região das Ardenas Belgas, que teve como benfeitores encarnados, Geraldo e Ana Guimarães, Anete Guimarães, Divaldo Franco e o queridíssimo amigo Nestor Masotti, que tanto me orientou, para que eu não perdesse a calma e a perseverança. Márcia Alves NESTE BOLETIM Capa EDITORIAL PENSA CAIRBAR SCHUTEL Página 02 CAIRBAR SCHUTEL (continuação) CONSEQUÊNCIAS DO TRABALHO NO BEM COLUNA DO CAMINHO LIBERDADE Página 03 MENSAGEM DO MÊS ESTUDANDOOLIVRODOSMÉDIUNSXI EXPEDIENTE ANIVERSARIANTES DO MÊS Página 04 EASSIM,NASCEUNOSSO GRUPO HOMEOPATIA E ESPIRITISMO PROGRAMAÇÃO DA CASA DATASIMPORTANTESDO MÊS

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Page 1: Boletim esperança 41

CAIRBAR SCHUTEL (22/09/1868 a 30/01/1938)

Com pouco mais de dez anos de idade, Cairbar Schutel já havia perdido o pai, a mãe e o irmão mais novo. As perdas só não foram mais devastadoras, pois seu avô, um médico alemão, assumiu a responsabilidade pela sua educação. Apesar das portas abertas, o jovem Cairbar preferiu seguir o próprio caminho. Largou os estudos e começou a trabalhar em uma farmácia. Aos dezessete anos de idade, já era um prático respeitado pelo excelente preparo. Sonhando em montar o próprio negócio, mudou-se. Acabou se estabelecendo no povoado do Matão e colaborou decisivamente para elevá-lo à condição de município, tendo sido seu primeiro prefeito e construído, com os próprios recursos, o prédio da Câmara Municipal. Tão logo sentiu que havia cumprido sua missão política, afastou-se.

Nessa região, havia um notável médium espírita, que, a despeito de não possuir grande conhecimento doutrinário, impressio-nava pelo elevado cunho espiritual das mensagens recebidas. Interessado, Cairbar estudou a obra de Allan Kardec e, tão logo sentiu-se seguro, fundou o Centro Espírita Amantes da Pobreza, em 15 de julho de 1904. No ano seguinte, fundou o jornal “O Clarim”, em circulação até hoje, um dos mais tradicionais e respeitáveis veículos de divulgação da imprensa espírita.

Enfrentou muita perseguição, particular-mente capitaneada pelo padre de sua cidade, que, além do boicote à Farmácia Schutel, pedia às autoridades o fechamento do centro espírita, a proibição da circulação do periódico e a expulsão do “herege”. O delegado aderiu ao movimento e fechou o “Amantes da Pobreza”.

Possuidor de incontestável autoridade moral e coragem singular, Cairbar não se deteve e reabriu o lugar. Falou em plena praça pública. Os representantes da Igreja mobilizaram suas tropas e marcharam pelas ruas, em plena noite, carregando tochas acesas em uma das mãos e armas na outra, enquanto cantavam hinos fúnebres, em claro esforço para intimidar a quem ousasse não acatar seu ponto de vista e, quiçá, abafar a voz do orador espírita. Afirmavam que embora a “liberalíssima” Constituição permi-

Continua na página 02

Bole im sp ra ça Informe de Estudos Espíritas, RJ, Ano IV, N. 41 SETEMBRO, 2012

EDITORIAL

“Já podeis, da Pátria filhos, ver contente

a mãe gentil...”

Semana da Pátria – não faz tanto

tempo assim, se me recordo, essa data era

esperada, com ansiedade, por alunos e

professores de todas as escolas da cidade.

Com que entusiasmo nos

preparávamos para o desfile: as fanfarras

exuberantes, os alunos em uniforme de gala,

as ruas enfeitadas com enormes pavilhões, e

o povo que se aglomerava para nos ver

passar. Havia, em cada jovem coração,

orgulho cívico – paixão pela pátria –

demonstrado pela forma elegante de se

postar nas fileiras.

Semana da Pátria – na rua, um

repórter indaga os passantes: “Sabe o

significado de 7 de setembro?” – “Mais um

feriadão” – respondiam alguns; outros

apenas sorriam. – “Sabe cantar o Hino da

Independência?” – insistia ele e recebia

sorrisos por resposta.

Somos cidadãos livres, isso é

ótimo. Bom saber por que somos livres; bom

sentir gratidão pelos que lutaram pela nossa

atual liberdade; bom honrá-los, pelo menos,

com um pouco de cultura cívica.

Deus, Pátria, Família: um trinômio

importante na vida de cada cidadão que

desperta para a consciência de honradez e

probidade.

Aproximando-se a época das

eleições, pensemos num país também livre

da ignorância que gera corrupção e

desrespeito ao ser humano. “Já raiou a

liberdade no horizonte...”.

Boa leitura, muita paz!

A EQUIPE

HOMEOPATIA E ESPIRITISMO

PROGRAMAÇÃO DA CASA

2ª Feira (20:00 às 21:00)

PALESTRAS DOUTRINÁRIAS: O LIVRO DOS ESPÍRITOS

03/09 – Anete Guimarães LIVRE 10/09 – Vanessa Bianca Questões 702 e 703

17/09 – Jair Cesario Questões 704 e 710

24/09 – Neandertal Alves Psicologia da Gratidão

3ª Feira (14:00 às 14:30)

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

04/09 – Cláudia Costa Cap. XV, item 9

11/09 – Josué Bezerra Cap. XV, itens 10

18/09 – Valdete Bezerra Cap. XVI, itens 1 e 2

25/09 – Rafael Rodrigues Cap. XVI, item 3

5ª Feira (19:30 às 21:00)

ESTUDO SISTEMATIZADO DA DOUTRINA ESPÍRITA

Sábado (8:30 às 15:00)

ESCOLA DE ESTUDOS ESPÍRITAS ESPERANÇA

BOLETIM ESPERANÇA 41 – página 04 BOLETIM ESPERANÇA 41 – página 01

Há 02 anos o nosso amigo retornou à Pátria Espiritual.

DATAS IMPORTANTES DO MÊS 02/09/1914 – Desencarna Albert de Rochas.

03/09/2007 – Desencarna Martins Peralva.

05/09/1890 – Desencarna Léa Fox, uma das médiuns

envolvidas nos fenômenos de Hydesville.

12/09/1876 – Nasce Auta de Souza.

22/09/1868 – Nasce Cairbar de Souza Schutel.

26/09/1943 – Desencarna o Dr. Guillon Ribeiro, ex-

presidente da Federação Espírita Brasileira, tradutor das obras de Kardec.

É necessário que a violência e a agressividade se diluam na compaixão e no entendimento fraternal, componentes de uma forma de viver mais adequada ao nosso progresso de ordem social, de convivência pacífica e, portanto, de solução da equação da vida espiritual, em nossa caminhada, em direção à Vida maior e a Nosso Pai.

É o Evangelho que definitivamente se instalará em nosso coração e em nossa alma; então, começará a Era Nova, no exterior e no interior deste mundo de Amor, que recebemos para gerir nossa construção responsável para uma vida de felicidade.

Todos os sofrimentos, que como Humanidade já vivemos, devem constituir nosso inconsciente, transformados: as tragédias e holocaustos do passado serão conteúdos que enriquecerão nossa vida, como experiência para a transformação em sabedoria e amor. Constituirão nosso norte para o futuro, e o Espiritismo realizará a grande transformação social a nos renovar.

Seremos, então, uma Humanidade renovada, em nossos direitos mais justos, também nossos deveres melhor compreendidos, em nossa intimidade, e prontos a cumprir o destino de forma inalienável.

Somos, no Planeta, muitas almas: 7.000.000 de habitantes deste lado da existência, todos unidos pelas circunstâncias da vida. Todavia, certamente, cada um de nós com objetivos diferentes, mas também um grande número unido pelos ideais de uma vida melhor, de um contexto melhor, de plena vigência dos valores éticos e morais, pois encontramos neles a esperança e a certeza da realização, em nossa intimidade, do mundo melhor, o qual todos devemos compartilhar responsavelmente em sua formação.

Como podemos perceber, existem fronteiras, fronteiras geográficas entre as nações – expressões das fronteiras íntimas de alma a alma –, temos alfândegas, as diversidades dos idiomas, que ainda representam barreiras de certa forma. Devemos nos utilizar da linguagem do pensamento para nos darmos as mãos, fraternalmen-te, utilizando também a língua auxiliar – o Esperanto – que modificará o orgulho do ser humano, orgulho de raça, de cor, de cultura, de origem ancestral. E, mediante a conquista da expressão única, através da qual todos nos entenderemos, estaremos reunidos sob a árvore da Solidariedade. (Continua no próximo Boletim.)

Salvador Javier Gamarra

E ASSIM, NASCEU NOSSO GRUPO...

Com nossa mudança para a Bélgica, muita falta nos fazia aqueles encontros no Caminho da Esperança: um verdadeiro deleite as palavras, na prosa do Geraldo, querido e saudoso amigo. Os conselhos e chamados da Ana, nos alertando para nossos compromissos com a espiritualidade. Senhora discreta, olhar penetrante, mas transparecendo uma enorme meiguice no fundo; espírito que aprendi a amar como uma benfeitora. As tão esperadas palestras da Anete, sempre nos ensinando a usar a razão e trazendo novidades a cada tema. Quanta saudade do ambiente de paz, típico de grupos bem dirigidos espiritualmente.

Apesar de já falar o francês, desembarquei prestes a dar à luz, com três crianças que não entendiam uma só palavra desse idioma. E meu marido, um típico belga das Ardenas profundas, calado, extremamente observador, acostumado, com seus 40 anos, à solidão por motivos que não vem ao caso descrever.

Senti um frio na barriga, em minha primeira tentativa de falar com Deus, uma dificuldade enorme, devido à atmosfera psíquica que pairava naquele ambiente, onde muitas guerras haviam deixado suas marcas.

Após as medidas legais, já com o nascimento de meu quarto filho, Antoine, senti a necessidade de procurar o Espiritismo naquela região, sem nenhum êxito, pois estávamos num terreno curioso, com uma população oficialmente católica, constrangida a aceitar esta religião como passaporte à vida social, porém extremamente mística, guardando comportamentos de seus ancestrais celtas.

Este povo, que parece se perder entre o Estado e sua identidade distante em algum lugar do passado, luta penosamente para assumir sua essência divina. E eu, que depois de dois anos ou mais de lágrimas e soluços de saudades da minha Terra Brasilis, comecei a lutar pela minha própria sobrevivência.

Entre romances e livros de Allan Kardec, Léon Dennis, Camille Flammarion e outros, fui me deixando impregnar pelos sentimentos destes espíritos que me chamavam de retorno ao palco deixado há séculos atrás. Desprendia-me do corpo e encontrava-me com eles e tantos outros amigos, como Ana, Geraldo, Divaldo Franco, minha mãe e minha irmã Claudia. Mas também visitava as zonas umbralinas resgatando desafetos. Foram anos de mergulho em meu próprio ser.

Passados oito anos, já morando na Região de Auby-Sur-Semois, lugar apaixonante, que me atraía e ainda atrai misteriosamente, onde construímos nossa casa. Posso, para deleite do leitor, tentar criar as imagens que de minha mente nunca se apagarão. Entre bosques, Auby se encontra sobre um vale. No fundo desse vale, a encantadora Semois, banhada pelas águas sedutoras do rio de mesmo nome, convidando os viajantes a desfrutar da paisagem.

Numa região das Ardenas, em meio ao campo verde, envolvida de florestas de coníferas e árvores nativas, onde a fauna se faz presente em torno de nós, rica de veados, gazelas, javalis, lebres, cegonhas e tantos outros animaizinhos e pássaros formosos, nosso vilarejo possui pouco mais de trezentos habitantes e a convivência é agradável.

Auby esconde ruínas celtas, em seus bosques, as quais descobri em minhas explorações, sempre acompanhada de meus amigos, Godó e Tainá, dois cães Golden Retriever.

Foi nesta paisagem aprazível que vários Espíritos locais vieram ao meu encontro enlaçando-me, pouco antes de tudo começar a tomar forma. Neste período, eu era constantemente levada a uma universida-de espiritual, durante meu desprendimento, e esse local parecia muito com Nosso Lar. Até então, eu não percebia bem o que estava aconte-cendo, nem a trama na qual estava sendo envolvida, até que uma conhecida médica me convida para assistir a um Congresso de Medicina e Espiritualidade. Apesar de não ter aceitado o convite, ela me telefona pedindo para ceder a minha casa, convidando o Presidente da União Espírita Belga, Sr. Jean-Paul Evrard, para falar de Espiritismo.

Feliz da vida, eu aceitei prontamente, abrindo minha casa para vinte e uma pessoas ouvirem falar sobre o Espiritismo, dentre as quais, sete eram jovens entre quinze e dezessete anos. Muito embora sendo espírita e podendo lhes falar, deixei que as coisas corressem assim, pois sabia que o terreno era árido.

Claro que, pressentindo o compromisso que batia à minha porta, conversei previamente com o Luc, meu marido, sobre a vontade de abrir um grupo de estudos filosóficos espíritas. Ele respondeu sim, sem saber exatamente o que eu estaria abraçando. Tornei a dizer: “Mas... será para sempre, não haverá volta, você topa?” – Prontamente, ele disse sim. Assim, nasceu, em nossa residência, o Centre Philosophique Spirite “Nosso Lar”, o primeiro e único na Região das Ardenas Belgas, que teve como benfeitores encarnados, Geraldo e Ana Guimarães, Anete Guimarães, Divaldo Franco e o queridíssimo amigo Nestor Masotti, que tanto me orientou, para que eu não perdesse a calma e a perseverança.

Márcia Alves

NESTE BOLETIM Capa

EDITORIAL

PENSA

CAIRBAR SCHUTEL

Página 02

CAIRBAR SCHUTEL (continuação)

CONSEQUÊNCIAS DO TRABALHO NO BEM

COLUNA DO CAMINHO

LIBERDADE

Página 03

MENSAGEM DO MÊS

ESTUDANDO O LIVRO DOS MÉDIUNS XI

EXPEDIENTE

ANIVERSARIANTES DO MÊS

Página 04

E ASSIM, NASCEU NOSSO GRUPO

HOMEOPATIA E ESPIRITISMO

PROGRAMAÇÃO DA CASA

DATAS IMPORTANTES DO MÊS

Page 2: Boletim esperança 41

No capítulo III deste livro, Kardec classifica as manifestações dos

Espíritos como inteligentes a partir da premissa de Descartes (1596-1650): “Não há nenhuma coisa existente da qual não se possa perguntar qual é a causa.” Dessa forma, o Codificador elaborou um pensamento similar, porém, com o entendimento anterior, ampliou a ideia quando atribui que em todo efeito inteligente há que se ter uma causa inteligente.

Neste trecho do livro, o professor de Lyon, também menciona sete atributos para que se considere o fenômeno como inteligente. Desse modo, necessariamente, a manifestação deverá ser eloquente, espirituosa, sábia, denotando ato livre e voluntário, intenção e capacidade de responder a um pensamento.

Como podemos notar, não se deve atribuir a qualquer manifestação incomum a classificação de inteligente, visto o grau de acuidade com que Kardec criteriosamente elaborou os princípios acima citados. Assim, “O Livro dos Médiuns” continua sendo a base de todo estudioso dos fenômenos espíritas.

E você, caro leitor, já refletiu sobre o rigor científico com que devemos observar as manifestações espíritas?

André Laucas

COLUNA DO CAMINHO

NOTÍCIAS PÓS-FEIRÃO 2012 O 22º Feirão Pró-Mansão do Caminho é, como todos

os anos, uma realização do Grupo Espírita Caminho da Esperança, por ocasião da estada de uma semana de Divaldo Pereira Franco no Rio de Janeiro. A nossa Casa torna-se palco de intensa mobilização envolvendo a todos os tarefeiros e os visitantes que, pouco a pouco, vão chegando, trazendo na bagagem uma boa dose de disposição para colaborarem nas múltiplas atividades adredemente definidas.

Este ano, além dos costumeiros hóspedes do Caminho da Esperança, como o Dr. Javier Gamarra e sua eficiente equipe de Curitiba, Maria e Dra. Rose; a dinâmica dupla Nyce e Sonia, de Porto Alegre; a distinta e sempre presente Toninha, de Rio Verde de Goiás, tivemos a grata satisfação de hospedar a nossa amável Kattya e seu esposo, de Recife, assim como a alegre caravana de Buritama (SP), liderada pelo confrade Rui e a confreira Sonia. Destacamos ainda os companheiros Granella e José Aparecido, de São Paulo, cuja contribuição foi efetivamente muito expressiva.

Ao término do Feirão, resta um sentimento de grande saudade quando todos se vão, deixando para trás o vazio daquelas presenças tão intensas e agradáveis. A vida toma seu ritmo de normalidade até o próximo ano, quando tudo recomeça com a mesma energia.

VISITA: Ter a oportunidade de conhecer a Mansão do

Caminho em Salvador é uma bênção. Foi essa a impressão dos companheiros Cláudia Passarelli, Marcia Alves, Helena Alves e Rafael Laucas, por ocasião da visita que fizeram, em comemoração aos 60 anos desse santuário de amor e luz, a convite do próprio Divaldo Franco.

tisse essa aberração, eles não o permitiriam. Afeito ao confronto de ideias, Cairbar registrou mentalmente as acusações feitas e voltou à praça para falar a quem lhe quisesse ouvir, desfazendo, um a um, os argumentos de seus detratores. A hediondez dos ataques promovidos foi tão grande que, entre os habitantes do lugar, os mais cultos tomaram seu partido. Apesar de católicos, entendiam que ele tinha o direito de se expressar. Assombrado com a reação, o padre dispersou a tropa de choque que havia convocado. Nesse confronto, posicionaram-se em lados opostos a razão e a emoção descontrolada, o pensamento livre e os dogmas, a sintonia de sentimentos nobres e o fanatismo religioso, o debate democrático e a truculência opressora, a coragem e a covardia, a verdade e a ilusão. (Continua no próximo Boletim.) "Se a questão é excessivamente complexa, espere mais um dia, mais uma semana, o tempo que for necessário, a fim de solucioná-lo. O tempo não passa em vão!"

André Luiz - Agenda Cristã

CONSEQUÊNCIAS DO TRABALHO NO BEM

Os tímidos se escondem – não têm coragem de se mostrar e, embora afetados, disfarçam.

Os envergonhados se afastam – não querem contaminar o lugar e as pessoas.

Os arrependidos se excluem – não se sentem dignos de novas oportunidades.

Os covardes não têm força íntima para assumir posturas e postergam.

Os orgulhosos desdenham – o seu valor é maior que o mundo, tornando-se impossível dividir com o outro.

Tecendo a fieira da fragilidade humana e reconhecendo a difi-culdade de vencer os impedimentos da sombra da ignorância, muitas vezes, o homem desiste de lutar. O combate fica maior por-que ele perde o foco, o objetivo, o controle de como proceder e sua área de ação se torna difusa, não lhe permitindo encontrar a alegria.

Qualquer tarefa empreendedora, seja individual ou conjunta, é nobre, por essa razão, importa mais tentar e equivocar-se do que nada realizar.

A Casa Espírita tem, entre outras, a função de reunir pessoas distintas, para que possam, através da sua interação em torno dos preceitos evangélicos, aliados aos postulados dos Espíritos, produzir verdadeiros fenômenos de execução no Bem. Referimo-nos ao Feirão Pró-Mansão do Caminho.

O resultado dessa obra de amor, realizada pelos companheiros, surpreende o homem comum. Cada um dos membros, esquecido de si mesmo, dos seus sofrimentos e desgostos, entrega-se de corpo e alma, vibrando positivamente no decurso dos dias que antecedem o grande evento.

O valor da aglutinação de forças objetivando o bem significa a reunião de pessoas que formam um todo, dispensando o personalismo, para dar lugar ao grupo de trabalho. Dores são esquecidas, problemas deixam de existir por um tempo, dando ao sofredor um alívio para a reconstituição de suas energias.

O Bem, por si só, é pleno, mas, quando o homem se submete à excelência das forças organizadoras de grandes realizações, algo de dentro dele escapa para impermeabilizá-lo das sombras avassaladoras e destrutivas. Ele respira a essência das fragrâncias divinas, dignifica-se e passa a sagrar-se importante não para os outros, mas para si mesmo. Cresce e alegra-se. Influi seus pares e todos cantam hosanas ao Senhor!

Eis aqui o registro de nossa gratidão por podermos conviver, durante um domingo por ano, com a plêiade sublime dos Espíritos Superiores que acompanham o querido Semeador de Estrelas, sob a orientação de Jesus.

Vanessa Bianca

DIREÇÃO DA INSTITUIÇÃO

Presidente: Luiz Carlos Bezerra

Vice-presidente: Ricardo Drummond

Secretários: Vanessa Bianca e Rafael Laucas

EXPEDIENTE

Direção do Jornal: Rafael Rodrigues

Secretária: Regina Celia Campos

Revisora: Giannina Laucas

Colaboradores:

Ana Guimarães Eugenia Maria

Rita Pontes Marcia Alves

Vanessa Bianca André Laucas

BOLETIM ESPERANÇA 41 – página 02 BOLETIM ESPERANÇA 41 – página 03

ESTUDANDO O LIVRO DOS MÉDIUNS XI

CAPÍTULO III – ITENS 65 E 66

MENSAGEM DO MÊS

Quando setembro vier... Há sempre a expectativa de uma coisa diferente, como se o ar ficasse mais leve e as pessoas mais receptivas e felizes. Aqui no Brasil, as diferenças entre as estações do ano são muito poucas, todavia as plantas percebem as ligeiras nuanças e se alegram, e os pássaros lhes fazem companhia.

Foi na primavera que conheci a senhora L., uma doce velhinha a quem eu chamava nona. Sua bondade, ternura e carinho encantavam a solidão da jovem estudante de dezoito anos, cujos sonhos permeavam entre quadras poéticas aliadas a páginas literárias e a realidade da frieza dos números do curso de Contabilidade.

Ela descansava na cadeira de balanço, banhada pelo brilho opalino de um luar de setembro. Sentada no tapete, os livros esquecidos ao meu lado, eu a ouvia, presa à sua voz cantada com forte sotaque italiano. As palavras escorriam-lhe dos lábios, secundadas por lágrimas que refletiam a luz das estrelas.

– Ah! filha, nem sempre o sorriso reflete o que nos vai à alma – dizia ela –, trago no coração um espinho que fere, sem, todavia, consumir.

– Se lhe apraz contar, nona, porém não a quero constranger; fique em paz. – Sim – ela respondeu com voz neutra –, trago guardada comigo essa dor e preciso me libertar dela antes de morrer. – Ninguém morre, nona, a senhora vai continuar a viver e a ser feliz. Ela sorriu um sorriso triste que me fez brotar lágrimas solidárias. – Agirei como penitente, correndo o risco de que não mais me queiras bem. – Impossível, nona – sorri com vontade de chorar. Camponesa forte, decidida, criou um clã em torno de si, que governava com mãos de ferro. Eis resumida sua narrativa: – “Fiquei viúva muito cedo, com filhos para educar. Possuía, no entanto, uma fraqueza dentro de mim: o meu filho caçula a

quem amava com um egoísmo atroz. Os filhos se foram casando e eu os conservava ao meu lado, trabalhando na fazenda. Era autoritária e todos me temiam.”

“Quando minha nora engravidou, teve necessidade do auxílio de uma serviçal para o trabalho doméstico. Contratou uma jovenzinha de uns treze ou quatorze anos. Aí começou o drama: meu caçula encantou-se pela garota e me pediu permissão para namorá-la. Claro que não permiti.”

“Acreditei que tudo havia passado, quando, certa noite, ao retornar do campo, encontrei a família reunida. Já havia dito ao meu filho que preferia vê-lo morto a casado com aquela criatura.”

– “Mãe – disse meu filho –, autoriza-me a casar, ela está grávida e eu sou o responsável.” – “Nunca! Nunca! – redargui, enquanto avançava para a menina, agredindo-a violentamente.” – “Prefiro vê-lo morto, morto, está ouvindo?” – “Mãe – gritou ele –, é isso que deseja? Pois seja feita a sua vontade.” “Retirou a mão escondida nas costas e expôs a arma que trazia. Alucinada, o vi levar o revólver à têmpora. Todos ficaram

paralisados de terror, e eu corri e me joguei no poço. Durante muito tempo fiquei inconsciente, depois me tiraram de lá.” “Mais tarde, tomei conhecimento da extensão do drama que provoquei induzida pelo egoísmo: meu filho morreu, em

consequência, minha nora perdeu o bebê e nunca mais engravidou, e a menina desapareceu, jamais soubemos de seu paradeiro.” A noite estendia, no empíreo, seu manto de estrelas; a lua, muda testemunha dos dramas do mundo, realizava seu périplo

pela noite calma; e o vento, em brando rocio, trazia até nós o perfume bom de terra molhada e de rosas recém-abertas. Ergui-me, tomei as mãos encarquilhadas e beijei-as com ternura. Jamais deixaria de amá-la, como sabia, igualmente, o

quanto aquela dor a iria acicatar, até que o tempo, doce mensageiro de Deus, a viesse abençoar com o esquecimento e a chance de ressarcir, em outras reencarnações, o débito contraído.

Oh! Gentil primavera, que borda de flores os jardins, os campos, as florestas, floresça também o coração humano, para que o perfume do bem nos torne melhores.

Ana Guimarães *GUIMARÃES, Ana Jaicy. Revista Cultura Espírita, ICEB, Rio de Janeiro, ano 3, n.30, set. 2011.

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LIBERDADE

O desenvolvimento da personalidade de qualquer pessoa passa pelo seu modo de se posicionar diante das situações com que se defronta, a todo o instante, desde quando nasce. A isso se junta a bagagem que traz de vidas anteriores, reunindo experiências de toda ordem, positivas ou negativas.

Para uma criança chegar à fase adulta em condições de desen-volver seu potencial pleno e a capacidade produtiva para a sua evolução espiritual, é preciso muito mais do que uma educação rígi-da, disciplinadora e capacitadora. É preciso aprender com liberdade.

Se a criança recebe uma educação castradora e cheia de compromissos, desde a pré-infância, como poderá pensar e agir com responsabilidade quando crescer? Como poderá assumir posições de liderança de forma justa e socialmente comprometida? Como poderá desenvolver sua própria personalidade, se não tem nem tempo para isso?

Uma das causas de tantos desajustes, na sociedade atual, é a falta de compreensão do verdadeiro sentido da encarnação, confundido, corriqueiramente, com o “se dar bem na vida” e conseguir bons empregos.

Para aprender a agir e não simplesmente executar tarefas ou comandar grupos de trabalho, qualquer pessoa precisa exercitar sua liberdade desde a infância, num treinamento próprio e com pessoas da sua idade, o que nós chamamos brincar. Mas isso acontece cada vez menos, como mostram diversos estudos e pesquisas sobre o assunto.

Além do excesso de tarefas, outros fatores contribuem para que a criança brinque cada vez menos, como o isolamento em casa ou nos apartamentos, por falta de segurança e o envolvimento excessivo com computador e televisão. Nos primeiros anos, principalmente, a criança deve ser estimulada pelos pais, mas isso também acontece cada vez menos, pelas imposições do dia a dia.

A esperança é que as crianças e os adolescentes de hoje se tornem pais menos preocupados com os valores impostos pelo consumismo e passem a contribuir para o verdadeiro desenvolvimento de seus filhos, na sua caminhada evolutiva.

Nós, espíritas, sabemos muito bem que a vida não é somente a luta pelo sucesso e conforto material. Daí a nossa responsabilidade maior nesse processo de envolvimento em busca de um destino melhor para os nossos filhos, a quem Kardec qualificou de nova

geração. Eugenia Maria

ANIVERSARIANTES DO MÊS

02/09 – Luís Filipe

04/09 – Giannina Laucas

06/09 – Tomaz Eliziario

11/09 – Guto Alfradique

13/09 – Sâmia Laucas

22/09 – Claudia Passarelli

22/09 – Marcos Oliveira

29/09 – Rafael Laucas

Page 3: Boletim esperança 41

HOMEOPATIA E ESPIRITISMO III

A nossa moderna civilização criou hecatombes. É uma civilização agressiva, belicosa, que conquista gradualmente o espaço, estabelece processos tecnológicos admiráveis e diminui as distâncias geográficas. Mas as lutas fratricidas continuam: vidas são arrancadas com violência, em todas as latitudes; a arrogância ainda impera; decisões desrespeitosas à lei e à ordem em diversos países recrudescem; a injustiça, de mãos dadas com a pobreza das condições de vida e da alma dos seres, ainda longe de estar reunida sob a bandeira branca e neutra da paz.

É a influência do materialismo na cultura que ainda impera, causando sofrimento e nos leva aos abismos do suicídio.

As nações continuam mantendo exércitos que defendem os símbolos nacionais. São dizimadas, nessa conceituação, milhões de vidas humanas, através da invenção e manutenção de armas de elevado poder destrutivo; assim é a moderna agressividade.

O medo grassa em nós e, na nossa ignorância, nos armamos, continuando ela, a ignorância, persistindo a fome, as enfermidades, a exploração do homem por outro homem e ainda o trabalho escravo.

Em todas as nações, em todas as partes, nossos filhos e filhas são roubados, desaparecem e, à noite, instala-se esse percalço na família; centenas de criaturas desaparecem todos os dias nas grandes cidades.

Subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, nosso padrão de sofrimento, deste ponto de vista, é o mesmo.

Existem conjunturas íntimas e coletivas que podem tornar-se terríveis e que causam desespero, conforme o ambiente que se processa no mundo entre as nações tecnologicamente mais avançadas; pode dar-se o medo ao extermínio, em função de uma invasão e/ou ocupação de guerra, que atinge a Humanidade como um todo, seja qual for o lugar onde o acontecimento se deu.

Arsenais plenos de armamentos que podem destruir o Planeta e

a dor manifestada em outras expressões estão presentes em nossa vida individual e coletiva.

Desemprego. Alucinações. Revoltas e perturbações de ordem racial na sociedade. Há sociedades e grupos minoritários em revolta, que condicionam paroxismos de vingança e abalam as bases das civilizações mais fragilizadas, pois nos encontramos, até agora, no meio dos interesses pessoais subalternos e egoístas, no meio das paixões que ainda não alcançamos transformar.

Esses povos, o que afirmam ser? – Dizem ser cristãos, materialistas, muçulmanos, budistas, diversos, no entanto, nivelados na ferocidade, afirmam ter alcançado o ápice do processo civilizatório.

E os cárceres no mundo todo, como estão? – Repletos de criaturas que discordam dos que temporariamente estão atrelados ao poder ou que simplesmente são criaturas apenas neutras.

Os direitos humanos não são ainda respeitados suficientemente.

A ecologia continua agredida desviando o equilíbrio da Natureza.

O despautério permanece engendrando lemas de dignidade inexistentes.

O paternalismo deprimente, por falta de amor, ao lado da crueldade insana são máscaras afiveladas às faces.

Nas asas da História, podemos percorrer os continentes de nosso planeta e verificar que, há pouco tempo, os vencedores das guerras fratricidas se banqueteavam com os despojos dos inimigos que lhe caíam nas mãos, alimentando-se de suas carnes, no sofrido solo da África negra.

Milhares de seres humanos assassinados nos campos de concentração da Ásia atormentada.

Incontáveis existências humanas internadas em manicômios, enclausuradas ou enviadas a internamentos em regiões inóspitas da Europa exaurida.

Grande número de cidadãos desaparece; somem de seus lares nas Américas que ainda não escreveram história, mas que são chamadas, assinaladas para a Fraternidade Futura, muito embora existam ditaduras cruéis. Por outro lado, constata-se o crescente número de delinquentes e infelizes, sendo que as prisões são insuficientes para contê-los. E o que acontece aos opositores dos regimes do Novo Mundo? – São perseguidos ou encerrados nessas prisões.

Será que somos diferentes de alguns conquistadores e bárbaros do passado?

Alarico, Gêngis Khan, Átila, Alexandre, Júlio César, Nabucodonosor, Xerxes, Assurbanipal, Ciro II, estes passaram temerários e odiados, admirados ou infelizes, foram vencidos pela morte, nivelados no pó do túmulo.

Mas outros que se dediquem à Guerra e à destruição também passarão, à medida que as luzes do Evangelho, as luzes do Espiritismo, as luzes do Esperanto, diluírem as sombras densas do ódio, da prepotência, da animalidade primitiva, que teimam, persistem em predominar na consciência.

O porvir que se insinua já nos mostra, embora as lutas ásperas do momento atual, a Homeopatia, com sua dinamização energética idêntica à força vital, e que vem acompanhando a Humanidade e, não sendo compreendida desde Hipócrates até Hahnemann e dele até os dias de hoje, será escolhida com seu conceito do Similia Similibus Curantur, acompanhando o progresso da nova Humanidade, que já terá vencido a violência e avançado para um mundo melhor: O REINO DE DEUS, que se estabelecerá na Terra conforme a previsão de Jesus.

O Evangelho dulcificando as almas, equacionando os enigmas do comportamento, amparando o homem, facultará que o Esperanto, esse Evangelho de Idiomas, una as criaturas numa só linguagem.

E a Homeopatia ou Espiritismo da Medicina que, por identificar que os males físicos e psíquicos procedem do Espírito encarnado, cuidará do corpo de da mente dos homens, restabelecendo na Terra o paraíso perdido, conforme a concepção de Milton e que Allan Kardec registrou do Espírito São Luís, em resposta à questão no 1018, de O Livro dos Espíritos:

– Poderá jamais implantar-se na Terra o reino do bem? – “O bem reinará na Terra, quando, entre os Espíritos que

a vêm habitar, os bons predominarem porque então, farão que aí reinem o amor e a justiça, fontes do bem e da felicidade. Por meio do progresso moral e praticando as leis de Deus é que o homem atrairá para a Terra dos bons Espíritos e dela afastará os maus. Estes, porém, não a deixarão, senão quando saí estejam banidos o orgulho e o egoísmo.”

“Predita foi a transformação da Humanidade e vos avizinhais do momento em que se dará, momento cuja chegada apressam todos os homens que auxiliam o progresso. Essa transformação se verificará por meio da encarnação de Espíritos melhores, que constituirão na Terra uma geração nova. Então, os Espíritos dos maus que a morte vai ceifando dia a dia, e todos os que tentem deter a marcha das coisas serão daí excluídos, pois que viriam a estar deslocados entre os homens de bem, cuja felicidade perturbariam.”

Dr. Salvador Javier Gamarra *

– Poderá jamais implantar-se na Terra o reino do bem?

– “O bem reinará na Terra, quando, entre os Espíritos que a vêm habitar, os bons predominarem porque então, farão que aí reinem o amor e a justiça, fontes do bem e da felicidade. Por meio do progresso moral e praticando as leis de Deus é que o homem atrairá para a Terra dos bons Espíritos e dela afastará os maus. Estes, porém, não a deixarão, senão quando saí estejam banidos o orgulho e o egoísmo.”

“Predita foi a transformação da Humanidade e vos avizinhais do momento em que se dará, momento cuja chegada apressam todos os homens que auxiliam o progresso. Essa transformação se verificará por meio da encarnação de Espíritos melhores, que constituirão na Terra uma geração nova. Então, os Espíritos dos maus que a morte vai ceifando dia a dia, e todos os que tentem deter a marcha das coisas serão daí excluídos, pois que viriam a estar deslocados entre os homens de bem, cuja felicidade perturbariam.”

Dr. Salvador Javier Gamarra

RESPOSTAS DE AMIGO

Juca Muniz Jamais te diga inútil

E deixa a ideia do azar,

Cada pessoa no mundo

Tem um dom a partilhar. * Escuta!... O céu nota e vê

O teu passo hora por hora.

Deus necessita de ti

Onde te encontras agora. *

Prova na escola da vida,

Ensino que vai e vem...

Desânimo não resolve,

Nem auxilia a ninguém. * Felicidade, a rigor,

Tal qual se busca entender;

É a gente dar-se, de todo,

Ao que se deve fazer. * Quer-se paz e alegria

Ouve este aviso comum:

Não desistas do trabalho,

Nem guardes remorso algum. * O que tens, seja alegria,

Saúde, corpo doente.

Encargo, inércia, penúria,

Tudo começa na mente. * Qualquer recurso no tempo,

Alegria, luz e paz,

Treva, aflição, amargura,

Vem daquilo que se faz. * Trabalha. Nada reclames.

Desajustes passarão.

Serviço silencioso

É base de promoção.

Do cap. 17 do livro Diálogo dos Vivos, de

autoria de Francisco Cândido Xavier, J. Herculano Pires e Espíritos diversos.

PENSA Antes de maldizer a própria sorte, Pensa nos tristes de alma consumida, Que vagueiam nas lágrimas da vida, Sem migalhas de amor que os

reconforte. Que a retaguarda escura nos exorte! Contemplemos a noite indefinida Dos que seguem sem pão e sem

guarida, Entre a dor e a aflição, a treva e a

morte!... Pensa e traze ao que choram no

caminho A fatia de luz do teu carinho, Pelas mãos da bondade, terna e boa... E encontrarás no pranto da amargura A fonte cristalina que te apura E a presença do Céu que te abençoa.

Auta de Souza