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Volume 9 1 @simn Boletim Eletrônico Scalabrini International Migration Network 1 de julho 2015 Conteúdo: Editorial 1 Encíclica Laudato Si “Ser protetores da obra de Deus” 2 Reunião dos Membros da Rede MADE no 3 quadro das Jornadas Europeias de Desenvolvimento 2015 Simpósio Internacional investigou a relação entre 4 religião e migração na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Os Missionários de São Carlos, Scalabrinianos, 5 as Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeu, Scalabrinianas, e as Missionárias Seculares Scalabrinianas se juntam pela Jornada Mundial ONU do Refugiado Fórum: “Políticas Públicas, Migração, Igreja e 5 Sociedade Civil”, em São Marcos, Guatemala Editorial Caros amigos, Na Encíclica Laudato Si, promulgada recentemente pela Santa Sé, o Papa Francisco faz um apelo claro e oportuno para tomar consciência da responsabilidade que nós todos, seres humanos, temos para com o Planeta que nos acolhe. O Papa Francisco também faz referência aos mais pobres, incluindo os migrantes, que, como resultado da “complexa crise socioambiental” pelo mundo, aumentam consideravelmente diante da indiferença generalizada, uma vez que “o interesse econômico chega a prevalecer sobre o bem comum”. Em consonância com a proposta do Papa Francisco e fiéis à inspiração do Bem-aventurado Scalabrini, as três Direções Gerais da Família Scalabriniana juntaram-se para, no Dia Mundial do Refugiado, promovido pelas Nações Unidas, confirmar seu compromisso de trabalhar com e para os migrantes, através de sua ação pastoral e social, especialmente no mundo dos refugiados. Em sua missão de incentivar programas de incidência (advocacy) e desenvolvimento (fundraising) com os diferentes âmbitos e serviços da Congregação dos Missionários de São Carlos, Scalabrinianos, o SIMN também renova seu compromisso de trabalhar incessantemente na promoção da dignidade e dos direitos dos migrantes, refugiados, pessoas deslocadas, marinheiros e suas famílias. Pe. Leonir Chiarello, cs, diretor executivo Pe. Mario Zambiasi, cs, assistente do diretor executivo

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Volume 9 1

@simnBoletim Eletrônico

Scalabrini InternationalMigration Network

1 de julho 2015

Conteúdo:

Editorial 1

Encíclica Laudato Si“Ser protetores da obra de Deus” 2

Reunião dos Membros da Rede MADE no 3 quadro das Jornadas Europeias de Desenvolvimento 2015

Simpósio Internacional investigou a relação entre 4 religião e migração na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Os Missionários de São Carlos, Scalabrinianos, 5 as Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeu, Scalabrinianas, e as Missionárias Seculares Scalabrinianas se juntam pela Jornada Mundial ONU do Refugiado

Fórum: “Políticas Públicas, Migração, Igreja e 5 Sociedade Civil”, em São Marcos, Guatemala

EditorialCaros amigos,

Na Encíclica Laudato Si, promulgada recentemente pela Santa Sé, o Papa Francisco faz um apelo claro e oportuno para tomar

consciência da responsabilidade que nós todos, seres humanos, temos para com o Planeta que

nos acolhe.

O Papa Francisco também faz referência aos mais pobres, incluindo os migrantes, que, como resultado da “complexa crise socioambiental” pelo mundo, aumentam consideravelmente

diante da indiferença generalizada, uma vez que “o interesse econômico chega a prevalecer

sobre o bem comum”.

Em consonância com a proposta do Papa Francisco e fiéis à inspiração do Bem-aventurado Scalabrini, as três Direções Gerais da Família Scalabriniana juntaram-se para, no Dia Mundial do Refugiado, promovido pelas Nações Unidas, confirmar seu compromisso de trabalhar com e para os migrantes, através de sua ação pastoral e social, especialmente no mundo dos refugiados.

Em sua missão de incentivar programas de incidência (advocacy) e desenvolvimento (fundraising) com os diferentes âmbitos e serviços da Congregação dos Missionários de São Carlos, Scalabrinianos, o SIMN também renova seu compromisso de trabalhar incessantemente na promoção da dignidade e dos direitos dos migrantes, refugiados, pessoas deslocadas, marinheiros e suas famílias. Pe. Leonir Chiarello, cs, diretor executivoPe. Mario Zambiasi, cs, assistente do diretor executivo

Volume 9 2

Encíclica Laudato Si“Ser protetores da obra de Deus”

O Papa Francisco, que sempre esteve ao lado dos mais desfavorecidos, contra as desigualdades e a favor de um mundo digno, em sua nova Encíclica “Laudato Si” (Louvado Sejas), recentemente publicada, enfatiza que “Não há duas crises separadas: uma am¬biental e outra social; mas uma única e comple¬xa crise socioambiental. As diretrizes para a solução requerem uma abordagem integral para combater a pobreza, devolver a dignidade aos ex¬cluídos e, simultaneamente, cuidar da natureza”, de que todos somos responsáveis.

O Papa, sobretudo, chama a atenção para a indiferença do homem para com o planeta, o meio ambiente e seus semelhantes. Ao longo do texto, destaca o impacto do homem sobre as alterações climáticas, onde os mais pobres sofrem as piores consequências do abuso a que o ser humano submete a Terra e apela para uma

“conversão ecológica”, uma nova aliança entre o homem e a natureza.

“As Cúpulas mundiais sobre o meio ambiente nos últimos anos não corresponderam às expectativas”, porque “o interesse econômico chega a prevalecer sobre o bem comum”, acrescentou o Papa.

O Secretário Geral da ONU, Ban Ki-moon, salientou que a Laudato Si considera uma “questão moral” as alterações climáticas; houve também reações a favor, vindas do Fundo Mundial para a Natureza e do Greenpeace.

Em sua constante preocupação para com os migrantes, o Papa Francisco se refere à migração de animais e vegetais, devido a mudanças climáticas, que, por sua vez, afetam os recursos produtivos dos mais pobres, forçados a migrar com grande incerteza sobre o futuro de suas vidas e de seus filhos. “É trágico o aumento de emigrantes em fuga da miséria agravada pela degradação ambiental, que, não sendo reconhe¬cidos como refugiados nas convenções interna¬cionais, carregam o peso da sua vida abandonada sem qualquer tutela normativa. Infelizmente, ve¬rifica-se uma indiferença geral perante estas tra¬gédias, que estão acontecendo agora mesmo em diferentes partes do mundo. A falta de reações diante destes dramas dos nossos irmãos e irmãs é um sinal da perda do sentido de responsabilidade pelos nossos semelhantes, sobre o qual se funda toda a sociedade civil”.

Espera-se que o clamor do Papa diante dos excessos que sofreu o nosso planeta e tudo o que nele existe toque a consciência e a sensatez dos líderes sociais e políticos, de modo que as gerações futuras tenham um lugar digno aonde viver.

Volume 9 3

Reunião dos Membros da Rede MADE no quadro das Jornadas Europeias de Desenvolvimento 2015 Bruxelas, 05 de junho de 2015 - Em 05 de junho de 2015, reuniram-se em Bruxelas membros da Rede MADE (por sua sigla em Inglês, Migration and Development Civil Society Network): a Comissão Católica Internacional para as Migrações (ICMC), que coordena o programa MADE; a Rede Internacional de Migração Scalabrini (SIMN), com o apoio da Fundação Scalabrini do Chile, e da Rede Internacional de Migração e Desenvolvimento (INMD), representando o MADE Américas; o Fórum Migração Ásia, representando o MADE Ásia e o Grupo de Trabalho sobre Trabalho e Recrutamento de Migrantes; Caritas Senegal, representando o MADE África; e Cordaid, representando o Grupo de Trabalho sobre a Governança da Migração e Desenvolvimento. A Rede MADE foi criada em 2013 a partir das preocupações de diferentes redes e coalizões da sociedade civil em todo o mundo, e de discussões prévias aos Fóruns Globais sobre Migração e Desenvolvimento (GFMD) de 2011. O objetivo da Rede MADE é fortalecer o trabalho em rede entre organizações da sociedade civil e dos governos na promoção de políticas para proteger a dignidade e o bem-estar dos migrantes e suas comunidades. Esta reunião dos membros da Rede MADE teve lugar no âmbito das Jornadas Europeias do Desenvolvimento 2015 (EDD15, por sua sigla em Inglês), realizadas em Bruxelas, em 3 e 4 de junho de 2015. As Jornadas, estruturadas em mais de 130 sessões com 12 temáticas, tiveram como tema central “nosso mundo, nossa dignidade, nosso futuro.”

Iniciadas em 2006 pelo Conselho da União Europeia, as Jornadas Europeias de Desenvolvimento, que atraem anualmente cerca de 5.000 participantes de mais de 140 países, fomentam o intercâmbio de conhecimentos, o pensamento criativo e a inovação, facilitando reuniões, redes e troca de ideias que ajudam a melhorar o impacto e a eficácia da cooperação internacional.

Nesta ocasião, a Comissão Europeia incluiu a migração como um dos principais tópicos sob o tema de “Nosso Futuro”, reconhecendo que a mobilidade humana forja o futuro do desenvolvimento e reduz a pobreza. Os membros da Rede MADE também organizaram uma sessão especial para refletir sobre as principais iniciativas na promoção dos direitos humanos dos migrantes.

O Pe. Leonir Chiarello, diretor executivo do SIMN, no final da reunião, salientou “a importância da participação do SIMN em outras instâncias da rede, como da rede MADE, na promoção de uma governança ética das migrações a nível mundial, baseada na dignidade das pessoas migrantes e a responsabilidade compartilhada entre os atores sociais e políticos dos países de origem, trânsito, destino e retorno dos migrantes”.

Volume 9 4

Simpósio Internacional investigou a relação entre religião e migração na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

São Paulo, Brasil - 11 de junho de 2015 –Durante os dias 8, 9 e 10 de junho de 2015, realizou-se o Simpósio Internacional sobre Religião e Migração, organizado pelo Centro de Estudos Migratórios/Missão Paz, conjuntamente com o Programa de Estudos de Pós-graduação em Estudos Religiosos da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) e do Instituto Internacional de Migração Scalabrini, de Roma. O tema principal foi “A mobilidade humana e identidades religiosas.” Este simpósio foi transmitido ao vivo pela Rádio Web Migrantes Espanhol e Português.

Entre os muitos temas discutidos, esteve o da “Religião e Migração”, apresentado pelo Pe. Fabio Baggio, da Pontifícia Universidade Urbaniana, de Roma, e o da “Imigração no Brasil: os números e os desafios sociais e éticos”, pelo Pe. Paolo Parise, do Centro de Estudos Migratórios/Missão de Paz dos Scalabrinianos; “Os haitianos no Brasil: os quadros de sobrevivência, temas e significados”; “O processo migratório haitiano no Brasil: panorama numérico, rotas e destinos” com Wellington da Silva Barros e Welder Marchini, da Pontifícia Universidade Católica São Paulo; “Relatos de histórias de vida”, com Renan Carletti, PUC-SP; “Pentecostalismo haitianono Brasil”, com Edin Abumanssur, PUC-SP.

Considerando que a religiosidade é uma realidade aberta e plural, a forma como os migrantes e os pastores veem a participação religiosa permite reconhecer o fluxo de práticas, ideias e vários cultos, que, a partir da perspectiva de pastores e líderes religiosos, permitiu a expansão da rede missionária e do trabalho social, comprometido e em conjunto

No último dia do Simpósio, foram tratados os temas: “Religião e imigração: estado da questão”, com Frank Usarski, PUC-SP. “Os Nômades de Deus: diálogos inter-religiosos a partir da sobrevivência humana”. Com o rabino Michel Shelesinger, da Congregação Israelita Paulista, o Sheik Mohamad Al Bukai, da União das Organizações Islâmicas e o Pe. Alejandro Cifuentes, da Missão Paz. Depois foi realizado um relato de experiências pastorais com emigrantes e imigrantes: “Os emigrantes brasileiros na região da Nova Inglaterra “; “Os imigrantes mexicanos em San Diego e Phoenix”; e “A Igreja Católica no Brasil e a problemática da migração”, com o Pe. Mário Geremia, do Serviço Pastoral dos Migrantes.

Miguel AhumadaRádio Migrantes

Volume 9 5

Os Missionários de São Carlos, Scalabrinianos, as Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeu, Scalabrinianas, e as Missionárias Seculares Scalabrinianas se juntam pela Jornada Mundial ONU do Refugiado

As Direções Gerais dos três Institutos da Família Scalabriniana, por ocasião do Dia Mundial dos Refugiados, criada pela Organização das Nações Unidas, juntaram-se na defesa dos “muitos irmãos e irmãs que procuram refúgio longe de sua terra natal, em busca de um lar onde possam viver sem medo, para que tenham respeitada a sua dignidade”. Estas palavras do Papa, consideradas inconvenientes por aqueles que controlam determinadas artimanhas mesquinhas, são para nós, ao contrário, o resultado dos princípios cristãos mais básicos: tornar-se próximo dos últimos, partilhar concretamente a criação na qual todos nos movemos, cada um com suas esperanças e expectativas.

O convite para “pedir perdão pelas pessoas e instituições que fecham a porta para essas pessoas”, dirigido pelo Papa Francisco, ontem, durante a audiência da quarta-feira, leva-nos a reiterar que muitas pessoas ainda são deixadas às margens por “lógicas” do poder e por interesses que já não mais podemos tolerar. Neste caso específico e bem evidente nos meios de comunicação, a Europa deve assumir imediatamente as suas responsabilidades: está em jogo sua própria dignidade no panorama mundial, mas acima de tudo está em questão a vida de milhares das pessoas envolvidas. Responder com repatriações forçadas para países que não garantem os direitos fundamentais, com a repetição de situações “limbo”, sem assumir as responsabilidades, ou através da construção de muros, antigos e novos, mostra que os critérios egoístas, as visões míopes e as instrumentalizações aberrantes, indignas da natureza humana, estão dirigindo nossa história.

João Batista Scalabrini, fundador e inspirador de nossa Família Scalabriniana, viu a imigração como um direito natural da pessoa, insistindo sobre o valor cultural e profético da imigração rumo a um mundo mais humano e solidário. Em mais esta ocasião comemorativa, criada pela ONU, a Família Scalabriniana confirma o seu compromisso junto à humanidade migrante, através de sua ação pastoral e social, e especialmente agora para com o mundo dos refugiados.

Nosso desejo é continuar a construir pontes onde, ao invés, fecham-se portas e alimenta-se o ódio, e a cooperar com qualquer pessoa que respeite e incentive o outro, onde, no entanto, permite-se que cresçam indiferença e negligência.

Pe. Alessandro Gazzola, csIr. Neusa de Fátima Mariano, mscsAdelia Firetti, mssRoma, 19 de junho de 2015

307 East 60th St.New York, NY 10022Tel. (212) 913 0207www.simn-global.org

Fórum: “Políticas Públicas, Migração, Igreja e Sociedade Civil”, em São Marcos, Guatemala

Tecún Umán, Guatemala - 21 de junho de 2015 - Durante os dias 18 e 19 de junho de 2015, em São Marcos, Guatemala, foi realizado o fórum-seminário diocesano: “Políticas Públicas, Migração, Igreja e Sociedade Civil”, coordenado pelo Pe. Ademar Barilli, c.s., delegado diocesano da Pastoral da Mobilidade Humana da Diocese de São Marcos e diretor da Casa del Migrante de Tecun Uman, Guatemala, contando com a participação de especialistas no campo da mobilidade humana e representantes de organismos do governo, da sociedade civil e eclesiásticas, entre elas Dom Carlos Enrique Trinidad Gomez, Bispo de São Marcos, e o governador departamental de São Marcos.

Durante os dois dias, foi feita uma análise do contexto sócio-político e dos movimentos sociais na Guatemala; a realidade migratória na América Central e México como países de trânsito de migrantes, os efeitos na migração do plano de fronteira sul, implementado pelo governo mexicano; e os programas e atividades que a Igreja promove junto com organismos da sociedade civil e do governo.O Pe. Flor Maria Rigoni, diretor da Casa del Migrante de Tapachula, México, representando a Rede Internacional de Migração Scalabrini (SIMN, em inglês), fez uma exposição preocupante sobre a situação de vulnerabilidade por que passam as vítimas do tráfico de pessoas na fronteira México-Guatemala. O Pe. Barilli apresentou o tema: Realidade e desafios das Políticas Migratórias atuais.

“A América Central é um território de chegada, passagem e origem de migrantes, portanto vive-se uma realidade complexa que requer toda a atenção necessária. Nós, os Missionários de São Carlos, Scalabrinianos, fieis à nossa missão, dedicamos nossos esforços para que seja respeitada a integridade dos migrantes e que sejam tratados com dignidade durante sua viagem por este território”, declarou o Pe. Barilli no final do evento.