boletim - edoc.ufam.edu.br · 0,0% 2,0% 4,0% 6,0% 8,0% 10,0% 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41...

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0,0% 2,0% 4,0% 6,0% 8,0% 10,0% 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 Óbitos por 100 pacientes (%) dias desde paciente 1o. Letalidade BOLETIM ODS ATLAS AMAZONAS é uma publicação periódica do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia – PPGCASA. EQUIPE TÉCNICA: Prof.º Henrique dos Santos Pereira, Phd (Coordenador geral da pesquisa), Prof.º Danilo Egle Santos Barbosa, Phd (Coordenador técnico), Prof.ª Dr.ª Suzy Cristina Pedroza da Silva (Pesquisadora colaboradora), Bruno Cordeiro Lorenzi (Pesquisador colaborador).CONVIDADO: Jesem Douglas Yamall Orellana, Mestre em Saúde Pública e pesquisador na Fundação Oswaldo Cruz. ESPECIAL COVID-19 Especial n.º 1, abril-2020 | ISSN: 2675-0384 Editora da Universidade Federal do Amazonas ODS ATLAS AMAZONAS Em destaque no mapa, Manaus (3091), Manacapuru (405), Parintins (145), Iranduba (115), Itacoatiara (115), Maués (85), Tabatinga (83), Coari (70), Careiro Castanho (69) e Carauari (66), sendo 4 deles localizados na Região Metropolitana de Manaus, epicentro da epidemia no Estado. ANÁLISE O valor máximo de letalidade, definido pelo número de mortes sobre casos confirmados, foi atingido no dia 19 de abril (38º dia da pandemia no AM), desde então essa taxa vem caindo muito lentamente, ficando próxima a 8%. É uma tendência, porém, desconsidera relatos de possíveis subnotificações a partir do aumento significativo no número de óbitos registrados em Manaus nas últimas 2 semanas. Para medir o ritmo do surto utilizamos o tempo de duplicação, este indicador, após um rápido período inicial de aceleração, se ampliou. No entanto, na última quinzena, a taxa voltou a cair, dando sinal de aceleração da disseminação da pandemia. CLIQUE NO MAPA E VISUALIZE DADOS DE ÓBITOS EM CADA MUNICÍPIO. Boletim Suposições sobre a dinâmica da epidemia, na escala estadual, tendem a ser pouco precisas e extremamente dependentes de um conjunto de dados e informações desconhecidas nos mais diferentes cenários que compõe essa complexa realidade. Além disso, os resultados diários que temos para casos confirmados de COVID-19 representam, muito provavelmente, o dia do seu lançamento no sistema e não necessariamente o dia em que a amostra foi coletada e, menos ainda, a data de início dos primeiros sintomas ou de exposição a possível fonte de infecção. Este é um ponto chave para entender a dinâmica de uma doença infecciosa com alto potencial de dispersão e com crescimento claramente exponencial. Se tivéssemos rastreamento efetivo e oportuno de casos em Manaus, o primeiro caso de COVID-19 teria sido diagnosticado no dia 13 de março ou dias/semanas atrás? Jesem Douglas Yamall Orellana Mestre em Saúde Pública Pesquisador na Fundação Oswaldo Cruz [email protected] Amazonas se aproxima dos 5 mil casos e no interior o vírus está em 77% das cidades 0 2 4 6 8 10 12 0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 intervalo de duplicação (dias) dia desde paciente 1o. Tempo para duplicar o número de casos Série1 6 por Média Móvel (Série1)

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Page 1: Boletim - edoc.ufam.edu.br · 0,0% 2,0% 4,0% 6,0% 8,0% 10,0% 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 Óbitos por 100 pacientes (%) dias desde paciente 1o. Letalidade BOLETIM

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dias desde paciente 1o.

Letalidade

BOLETIM ODS ATLAS AMAZONAS é uma publicação periódica do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia – PPGCASA. EQUIPE TÉCNICA: Prof.º Henrique dos Santos Pereira, Phd (Coordenador geral da pesquisa), Prof.º Danilo Egle Santos Barbosa, Phd (Coordenador técnico), Prof.ª Dr.ª Suzy Cristina Pedroza da Silva (Pesquisadora colaboradora), Bruno Cordeiro Lorenzi (Pesquisador colaborador).CONVIDADO: Jesem Douglas Yamall Orellana, Mestre em Saúde Pública e pesquisador na Fundação Oswaldo Cruz.

ESPECIALCOVID-19

Especial n.º 1, abril-2020 | ISSN: 2675-0384Editora da Universidade Federal do Amazonas

ODS ATLAS AMAZONAS

Em destaque no mapa, Manaus (3091), Manacapuru (405), Parintins (145), Iranduba (115), Itacoatiara (115), Maués (85), Tabatinga (83), Coari (70), Careiro Castanho (69) e Carauari (66), sendo 4 deles localizados na Região Metropolitana de Manaus, epicentro da epidemia no Estado.

ANÁLISE

O valor máximo de letalidade, definido pelo número de mortes sobre casos confirmados, foi atingido no dia 19 de abril (38º dia da pandemia no AM), desde então essa taxa vem caindo muito lentamente, ficando próxima a 8%. É uma tendência, porém, desconsidera relatos de possíveis subnotificações a partir do aumento significativo no número de óbitos registrados em Manaus nas últimas 2 semanas.

Para medir o ritmo do surto utilizamos o tempo de duplicação, este indicador, após um rápido período inicial de aceleração, se ampliou. No entanto, na última quinzena, a taxa voltou a cair, dando sinal de aceleração da disseminação da pandemia.

CLIQUE NO MAPA E VISUALIZE DADOS DE ÓBITOS EM CADA MUNICÍPIO.

Boletim

Suposições sobre a dinâmica da epidemia, na escala estadual, tendem a ser pouco precisas e extremamente

dependentes de um conjunto de dados e informações desconhecidas nos mais diferentes cenários que compõe essa complexa realidade. Além disso, os resultados diários que temos para casos confirmados de COVID-19 representam, muito provavelmente, o dia do seu lançamento no sistema e não necessariamente o dia em que a amostra foi coletada e, menos ainda, a data de início dos primeiros sintomas ou de exposição a possível fonte de infecção. Este é um ponto chave para entender a dinâmica de uma doença infecciosa com alto potencial de dispersão e com crescimento claramente exponencial. Se tivéssemos rastreamento efetivo e oportuno de casos em Manaus, o primeiro caso de COVID-19 teria sido diagnosticado no dia 13 de março ou dias/semanas atrás?

Jesem Douglas Yamall Orellana

Mestre em Saúde Pública Pesquisador na Fundação Oswaldo Cruz [email protected]

Amazonas se aproxima dos 5 mil casos e no interior o vírus está em 77% das cidades

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dia desde paciente 1o.

Tempo para duplicar o número de casos

Série1 6 por Média Móvel (Série1)

Page 2: Boletim - edoc.ufam.edu.br · 0,0% 2,0% 4,0% 6,0% 8,0% 10,0% 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 Óbitos por 100 pacientes (%) dias desde paciente 1o. Letalidade BOLETIM

Jesem Douglas Yamall Orellana

Mestre em Saúde Pública e Pesquisador na Fundação Oswaldo Cruz [email protected]

CORONAVÍRUS NO AMAZONAS

Previsão de casos 13.038 (entre 7.400 e 18.600) data de 97% do total 05 de junho.

ODS ATLAS AMAZONAS Campus Universitário Senador Arthur Virgílio Av. General Rodrigo Otávio, 6.200 – Setor Sul Laboratório Multitemático – FCA-269080-900 – Coroado-I – Manaus-AM Email: [email protected]

at l a s o d s a m a zo n a s . u fa m .e d u . b r

LEIA A ENTREVISTA NA ÍNTEGRA

CLIQUE NO MAPA E VISUALIZE DADOS DE OUTROS MUNICÍPIOS.

SOBRE OS CHAMADOS GRUPOS DE RISCO E AS VULNERABILIDADES SOCIOECONÔMICAS DE FATO HÁ INDÍCIOS DE QUE SÃO OS MAIS AFETADOS PELA PANDEMIA, COMO ESSAS DESIGUALDADES DEVEM SER ENFRENTADAS?

Os mais vulneráveis para COVID-19 são velhos conhecidos em epidemiologia de doenças infecciosas respiratórias, como idosos, pessoas com comorbidades, incluindo

doenças como diabetes, hipertensão e doenças que afetam o sistema de defesa (imunológico) ou ainda grupos que vivem em situação de pobreza ou pobreza extrema, como indígenas, pessoas em situação de rua, imigrantes ou mesmo desempregados ou famílias com renda inferior a dois mil reais. Este talvez seja um importante aspecto no Amazonas, estado marcado por forte desigualdade socioeconômica, a qual pode estar sendo determinante, inclusive, na capacidade de prevenção, de acesso a serviços de saúde e de recuperação desses grupos, em caso de adoecimento moderado ou grave por COVID-19, por exemplo. O auxílio emergencial, a duras penas fornecido pelo governo federal, por certo, está auxiliando a mitigar os efeitos da epidemia em curto prazo, assim como outras estratégias de alcance mais imediato. Mas, no médio e longo prazo, a solução passa por políticas contundentes e efetivas de inclusão social e de acesso a serviços de saúde por parte das camadas historicamente invisíveis de países como o Brasil. No caso específico da saúde, sem dúvida, passa pelo aperfeiçoamento, fortalecimento e alcance do Sistema Único de Saúde (SUS) e não do seu escancarado estrangulamento, como temos visto nos últimos anos.

Previsão de óbitos 591 (entre 471 e 781) data de 97% do total 18 de maio

PREVISÕES

Curva logística prevê pico em meados de maioForam calculadas simulações probabilísticas e que não consideram

variáveis realistas, exceto pela série histórica que contribuiu para a previsão de comportamento da curva. Os modelos devem ser atualizados

diariamente, considerando-se que a propagação da doença é influenciada por mudanças provocadas a partir de medidas governamentais e de

comportamentos de distanciamento social das populações.

Para ajuste de curvas de crescimento assintótico aos dados registrados empregou-se o programa PAST (Hammer, Ø., Harper, D.A.T., and P. D. Ryan, 2001. PAST: Paleontological Statistics Software Package for Education and Data Analysis. Palaeontologia Electronica 4(1): 9pp. ), versão 3.24, através das funções Model>Nonlinear fit> function logistic, considerando os dados de novos casos e de obtidos acumulados até 28 de abril.

Parintins foi a segunda cidade do AM a registrar um casoO mapa apresenta, por meio de uma escala de cores, em quantos dias houve

registro do coronavírus em cidades do interior após a primeira notificação que aconteceu no dia 13 de março de 2020 em Manaus. Destacam-se as 6 primeiras cidades, excetuando-se a capital, que notificaram os primeiros casos de acordo

com a quantidade de dias, são elas: Parintins (9), Santo Antônio do Içá (13), Boca do Acre (13), Manacapuru (14), Anori e Itacoatiara (16)

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dias desde paciente 1o.

Modelo logístico para novos casos

Casos acumulados 30Abr Curva logística

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Dias desde pacinente 1o.

Modelo logístico para óbitos

óbitos no AM 30Abr Curva logística