boletim do coati 5ª edição

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ANO 9 / Nº 5 JUNDIAÍ - VÁRZEA PAULISTA - CAMPO LIMPO PAULISTA EDIÇÃO ESPECIAL AO DIA MUNDIAL DA ÁGUA MARÇO E ABRIL DE 2013 Serra do Japi: Reserva hídrica da região de Jundiaí As águas que descem da Serra do Japi podem contribuir no futuro com o aumento de 30% no abastecimento de Jundiaí. A viabilidade deste potencial hídrico é comprovada, porém este recurso está ameaçado pela especulação imobiliária. Nesta edição especial do Dia Mundial da Água, o Boletim do COATI procurou saber sobre os estudos que comprovam a viabilidade deste projeto e que ficou engavetado nos últimos anos. Para isso procuramos informações de como serão as políticas públicas implantadas pela DAE e Prefeitura de Jundiaí para garantir que a área continue preservada. PG 4 e 5 Veículo está pronto para o resgate DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Estudos apontam da necessidade da construção de mais uma represa na zona de conservação da Ermida, como esta localizada no PA11 Fotos: Mauro Utida / Loro Comunicação Foto: Divulgação No último dia 8 de março foi comemorado os 30 anos de tombamento da Serra do Japi, promovido em 1983 pelo Condephaat. Na ocasião, a Secre- taria de Planejamento e Meio Ambiente de Jundiaí anunciou um plano de ações com quatro medidas para aumentar a preservação da área, entre elas a reabertura da cachoeira do Marangaba e do programa de visitas monitoradas. PG 6 Adaptação do veículo adquirido pela ONG COATI por meio da Secretaria de Meio Ambi- ente do Estado está pronto e projeto “Resgate da Vida Marinha”, coordenado pelo núcleo COATI-Juréia, deverá iniciar nos próximos meses. PG 8 30 anos de tombamento da Serra do Japi

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Boletim do Coati com edição especial do dia mundial da água.

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Page 1: Boletim do Coati 5ª edição

ANO 9 / Nº 5 JUNDIAÍ - VÁRZEA PAULISTA - CAMPO LIMPO PAULISTA

EDIÇÃO ESPECIAL AO DIA MUNDIAL DA ÁGUA

MARÇO E ABRIL DE 2013

Serra do Japi:Reserva hídrica da região de Jundiaí

As águas que descem da Serra do Japi podem contribuir no futuro com o aumento de 30% no abastecimento de Jundiaí. A viabilidade deste potencial hídrico é comprovada, porém este recurso está ameaçado pela especulação imobiliária. Nesta

edição especial do Dia Mundial da Água, o Boletim do COATI procurou saber sobre os estudos que comprovam a viabilidade deste projeto e que ficou engavetado nos últimos anos. Para isso procuramos informações de como serão as políticas públicas

implantadas pela DAE e Prefeitura de Jundiaí para garantir que a área continue preservada. PG 4 e 5

Veículo está pronto para o resgate

DISTRIBUIÇÃOGRATUITA

Estudos apontam da necessidade da construção de mais uma represa na zona de conservação da Ermida, como esta localizada no PA11

Fotos: Mauro U

tida / Loro Comunicação

Foto: Divulgação

No último dia 8 de março foi comemorado os 30 anos de tombamento da Serra do Japi, promovido em 1983 pelo Condephaat. Na ocasião, a Secre-taria de Planejamento e Meio Ambiente de Jundiaí anunciou um plano de

ações com quatro medidas para aumentar a preservação da área, entre elas a reabertura da cachoeira do Marangaba e do programa de visitas

monitoradas. PG 6

Adaptação do veículo adquirido pela ONG COATI por meio da Secretaria de Meio Ambi-

ente do Estado está pronto e projeto “Resgate da Vida Marinha”, coordenado pelo núcleo COATI-Juréia, deverá iniciar nos próximos

meses. PG 8

30 anos de tombamento da Serra do Japi

Page 2: Boletim do Coati 5ª edição

Esta edição especial do Boletim do Coati ao Dia Mundial da Água pretende reto-mar as discussões sobre os projetos que envolvem o enorme potencial hídrico da Serra do Japi e que foram ignorados pelo governo anterior.O principal técnico que estudou o as-sunto até o momento foi o saudoso engenheiro Milton Takeo, ex-diretor de Operações da DAE, que faleceu em 2011. Seus estudos comprovam que a bacia do ribeirão Caxambu, localizada na zona de conservação da Ermida, deve ser pro-tegida para garantir o abastecimento futuro da população de Jundiaí. Porém, eles foram substituídos por projetos de ocupação imobiliária de condomínios de luxo e hotéis nos últimos anos.A ONG Coati ao longo de seus 20 anos de luta pela preservação da Serra do Japi acompanhou de perto este processo e acredita que é muito mais interessante para a população e futuras gerações de Jundiaí, preservar esta área do que per-mitir a instalação de meia dúzia de ho-téis naquela região para atender uma minoria, colocando em risco a conserva-ção da vida silvestre e toda a sua biodi-versidade.Nosso foco é conscientizar a população e o atual governo de que a Serra é um pa-trimônio que deve ser preservado para garantir benefícios coletivos a médio e longo prazo. Além de apontamentos técnicos relacionados ao planejamento

ambiental e ao crescimento sustentável, acreditamos que este argumento por si só já é o bastante para barrar o fantasma da especulação imobiliária que assom-bra o Japy.Para entender melhor esta situação bus-camos informações das principais autori-dades do assunto: Aray Martinho, diretor de Mananciais da DAE e Domênico Tre-maroli, gerente regional da Cetesb, am-bos concordaram que a vocação hídrica da Serra não pode ser menosprezada. Esta é a primeira edição do ano, volta-mos com cara nova e com a mesma von-tade de contribuir com a preservação do meio ambiente e uma forma de vida sus-tentável. Boa leitura!

A ONG está de site novo!!!

O novo site da ONG Coati entrou no ar em fevereiro, após ser reformulado com objetivo de ampliar a comunicação e divulgação de notícias relacio-nadas ao meio ambiente na internet. A página ganhou um layout claro e objetivo como forma da facilitar a navegação, seguindo a tendência predominante na web: simplicidade na forma e valorização do conteúdo. Agora, além do informativo Boletim do Coati e a página do Facebook, a ONG Coati conta com um canal a mais de comunicação para poder di-vulgar denúncias de agressões ao meio ambiente. Acessa lá: www.coati.org.br/.

Eleita Nova Diretoria Para Biênio 2013/2014

Os novos conselheiros e diretores dos núcleos Jundiaí, Minas e Juréia para o biênio 2013/2014 foram eleitos no dia 15 de dezembro último, por meio de uma Assembleia Geral. O primeiro trabalho dos novos conselheiros e diretores da entidade foi à aprovação da criação do novo núcleo, o COATI--ABCD, que irá atuar na região de Santo André, São Bernardo, São Caetano e Diadema. O núcleo terá como diretor André Luiz de Jesus. Entre no nos-so site e conheça quem são os nossos novos representantes.

Livro retrata novas descobertas biológicas na Serra do Japi

Durante as comemorações de 30 anos de Tombamento da Serra do Japi realizado no jardim do Museu Histórico e Cultural Solar o Barão no dia 8 de março, ocorreu o lançamento do livro “Novos Olhares, novos Saberes sobre a Serra do Japi: Ecos da Biodiversidade”. O evento contou com a presença dos organizadores, o zoólogo João Vanconcellos Neto e técnica ambiental Patrícia Regina Polli, e dos colaboradores Nilda de Jesus, Luciana Moretti e Osmar Francisco da Silva.Com 628 páginas, o livro é farto em informações científicas a respeito dos animais e das plantas da área. Ele representa o maior esforço de divulgação de descobertas bio-lógicas desde o clássico “História Natural da Serra do Japi”, publica-do em 1992 por nomes como Aziz Ab´Saber, Hermógenes Freitas Lei-tão e Patrícia Morelato, entre ou-tros. Desta vez, o esforço envolveu 46 pesquisadores de 15 institui-ções universidades. Os exemplares já podem ser adquiridos na Editora CRV.

Ano 9 – Nº 5 – Março de 2013Tiragem: 5 mil exemplaresJornalista Responsável: Mauro Utida (MTB 54971-SP)Editoração e Arte: Loro ComunicaçãoImpressão: Lauda EditoraTelefone: (11) 4522-2497 / 9 8941-0650Internet: www.coati.org.br

Sobre o CoatiO Centro de Orientação Ambiental Terra Integrada (Coati) é uma organização não-gover-namental (ONG) ambientalista sem fins lucrativos e sem vínculos partidários e foi funda-da em 1992. Seus principais objetivos são a defesa do meio ambiente e preservação das espécies, educação ambiental e valorização humana, promoção e incremento de estudos, pesquisas, propostas, programas e mobilização popular pacífica para fins específicos de melhoria das condições ambientais e da qualidade de vida.

FILIE-SE AO COATI!!!

Um sonho possívelEDITORIAL NOTAS

2 BOLETIM DO COATIwww.coati.org.brMarço/Abril de 2013

Opinião Uma coruja da espécie Strix huhula, também conhecida popularmente como coruja-preta, foi encontrada no km 115 da rodovia Dom Pedro I em Itatiba. A ave rara foi encaminhada ao zoológico de Paulínia.

Page 3: Boletim do Coati 5ª edição

Rio Jundiaí passa de classe 4 para 3 com EstaçãoMelhora ocorrerá com início do Sistema de Afastamento e Tratamento dos Esgotos de Campo Limpo e Várzea

Fotos: Divulgação

Fotos: Mauro U

tida / Loro Comunicação

Fotos: Mauro U

tida / Loro Comunicação

3BOLETIM DO COATI

www.coati.org.br Março/Abril de 2013

Com a implantação do Sistema de Afasta-mento e Tratamento dos Esgotos de Campo Limpo Paulista e Várzea Paulista o rio Jundiaí deve passar de classe 4 para classe 3 já no pri-meiro ano de funcionamento da rede. A me-lhoria da qualidade das águas do rio Jundiaí faz parte do Plano de Reenquadramento de Corpos d’Água, promovido pelo Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Ca-pivari e Jundiaí (CBH-PCJ), em parceria com a Cobrape (Companhia Brasileira de Projetos e Empreendimentos).De acordo com a Sabesp (Companhia de Sa-neamento Básico do Estado de São Paulo) a estação de tratamento de esgotos de Várzea e Campo Limpo está em fase de ajustes de máquinas e testes de equipamentos. “A pre-visão de inauguração é no primeiro semestre deste ano”, informa. Foram investidos R$ 113 milhões com a im-plantação de todo o sistema de esgotamento

sanitário. A estação está instalada na margi-nal direita do rio Jundiaí, na divisa entre Vár-zea e Jundiaí.O gerente regional da Cetesb (Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental), Domê-nico Tremaroli, explica que o rio é classificado como classe 2 até o córrego Pinheirinho em Várzea, dali ele passa para classe 4. “Temos a esperança de recuperação do rio Jundiaí e es-pero que nos próximos anos ele tenha uma melhora bastante significativa”, diz.Ele informa que apensar do rio Jundiaí estar em estado degradado no percurso entre Vár-zea e Jundiaí, já é possível encontrar peixes na parte baixa a partir de Itupeva. “O rio Jun-diaí conseguiu recuperar sinais vitais impor-tantes. Quando começar a retirada da matéria orgânica pela estação de tratamento de Vár-zea Paulista, haverá uma melhorara significa-tiva em todas as sete cidades da bacia”, diz. Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA)

os corpos d’água são divididos por cinco clas-ses de enquadramento: desde a “classe espe-cial”, que é uma qualidade excelente e de uso mais exigente até a “classe 4”, qualidade ruim e usos menos exigentes. A Sabesp informa que o sistema é suficiente para atender o crescimento das cidades.

O rio Jundiaí é o principal ma-nancial para o abastecimento em Campo Limpo Paulista e Várzea Paulista. A estação de tratamen-to de água da Sabesp em Cam-po Limpo faz a captação em um ponto classe 2 do. A estação tem capacidade de vazão de 480 li-tros por segundo, sendo que 125 l/s segue para Várzea Paulista. Em Campo Limpo a cidade também utiliza o manancial do córrego Mãe Rosa. Os mananciais dos córregos Gua-

peva, Mursa e Moinho também integram o sistema de abasteci-mento de Várzea, quue também é beneficiada por um acordo en-tre Sabesp e a DAE para o forne-cimento da água de Jundiaí. No acordo consta que a DAE se com-prometeria a fornecer a quanti-dade de 50 mil m³/mês de água, podendo chegar até 260 mil m³/mês, dependendo da necessida-de do município. A Sabesp decla-ra que não houve investimentos em 2012.

Região

Rio abastece Campo Limpo e Várzea

O bagre Jundiá é o peixe que deu nome ao rio. Na língua tupi, Jundiá significa bagre e “y” significa rio”. Em alguns trechos do rio Jundiaí já é possível constatar novamente a presença da espécie.

Rio começa a dar sinais vitais em Itupeva

A captação em Campo Limpo é feita em um ponto onde o rio é classe 2

Page 4: Boletim do Coati 5ª edição

A Serra do Japi contém a maior reserva de água da região e estudos revelam seu potencial hídrico comofundamental para o abastecimento do futuro de Jundiaí

“Embora a qualidade das águas que abastecem a população de Jundiaí sejam de ótima qualidade, não te-mos uma oferta abundante. Chegará uma hora que teremos que recorrer ao Ribeirão Caxambu”. A previsão é de uma das principais autoridades do assunto, Domênico Tremaroli, gerente regional da Cetesb (Compa-nhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental) e presidente do Condema (Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente). Ela também reforça a proposta da ONG Coati pela preser-vação de todo o território de gestão da Serra do Japi para que seja criado um reservatório de água límpida.Para quem não conhece, a bacia do ribeirão Caxambu está localizada na área de conservação da Ermida, na Serra do Japi, e sua disponibilidade para o abastecimento futuro de Jun-diaí foi comprovada. Segundo o dire-tor de Mananciais da DAE S.A., Aray Martinho, o Caxambu tem capacida-de para aumentar de 7% para 30% o abastecimento da cidade através das águas que descem da Serra do Japi. Atualmente dois afluentes da Serra abastecem uma pequena parcela da população: Padre Simplício, na re-

gião do Eloy Chaves e o Moiséis, no bairro da Malota.“Já temos a outorga para captar a água da bacia do ribeirão Caxambu, porém a escala de investimento é grande e o DAE não possui recursos para isso. No momento precisamos proteger a área através de ações in-tegradas e eficazes entre prefeitura e proprietários, baseado na legisla-ção de Uso e Ocupação do Solo. Caso contrário, se não cuidarmos, este po-tencial de 30% pode cair para 10%”, alerta Martinho.Os estudos da bacia do ribeirão Ca-xambu foram concebidos pelo saudo-so engenheiro Milton Takeo, que fa-leceu em outubro de 2011. Na época era diretor de Operações da DAE S.A. e seus estudos apontaram um impor-tante potencial de capacitação de água do Japi na região do bairro Er-mida. O projeto constitui na constru-ção de uma barragem e represa das águas do ribeirão Caxambu naquela região. Como último ato, Takeo criou a diretoria de Mananciais na DAE.Porém, a administração anterior op-tou por uma política que privilegiou a especulação imobiliária da zona de conservação da Ermida nos últimos

anos, colocando em risco a viabiliza-ção dos estudos promovidos por Mil-ton Takeo. Prova disso são os pedi-dos de diretrizes na prefeitura pelos proprietários da Fazenda Ermida e Ribeirão das Pedras para instalação de condomínios residenciais de alto padrão, em áreas da zona de conser-vação que são apontadas como fun-damentais para a represa. ÁGUAS DA SERRA

A Serra do Japi é a maior reserva de água de Jundiaí e região. Além de abastecer 7% da população de Jun-diaí, as águas que descem por este patrimônio ecológico é a única fonte para abastecer Cabreúva e Itupeva. Indaiatuba, Itu e Salto também con-somem a água da Serra. No caso de Cabreúva e Indaiatuba o abastecimento é feito através do ri-beirão Piraí, que também beneficia Salto e Itu, por meio de uma barra-gem. Cabreúva também utiliza o ri-beirão Guaxinduva. Cabreúva e Itu são apontadas como regiões com grande dificuldade de abastecimento e existem projetos para o aproveita-mento do ribeirão Jundiuvira.

Fotos: Divulgação

“A água da Serra do Japi é altamente preservada, prova disso é a rica fauna aquática encontrada nos ribeirões. É uma biodiversidade com uma caracte-rística única comparada a outros lugares”João Vasconcellos Neto, zoólogo e professor da Unicamp.

4 BOLETIM DO COATIwww.coati.org.brMarço/Abril de 2013

Especial Não há como esquecer o saudoso geógrafo e professor Aziz Ab’Saber que esteve à frente do Condephaat (Conselho Estadual de Defesa do Patrimônio) na época do tom-bamento em 1983. Aziz faleceu no ano passado.

Page 5: Boletim do Coati 5ª edição

As águas do Jundiaí-Mirim são res-ponsáveis pelo abastecimento de 93% da cidade, que consome uma média de 1.500 l/s. Manter a boa qua-lidade deste rio que está no meio de uma mancha urbana é um dos prin-cipais desafios a ser administrado pe-las instituições ligadas ao tema. De acordo com o diretor de Manan-ciais da DAE, Aray Martinho, qual-quer problema no Jundiaí-Mirim coloca em risco o abastecimento da cidade. Ele explica que a vazão deste rio é de 1.700 l/s no período de chuvas e de 400 l/s durante os meses de es-

tiagem. Para ele a represa da DAE é a grande salva-dora de Jundiaí, pois é responsá-vel por manter o controle do nível de abastecimen-to do município.“Quando o nível da represa baixa até o nível crítico automaticamen-

te é acionado o bombeamento do rio Atibaia, com capacidade para 1.200 l/s”, diz Martinho sobre o recurso uti-lizado durante a estiagem concebido pelos Comitês das Bacias Hidrográ-ficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (CBH-PCJ).O diretor de Mananciais da DAE reve-la que a outorga do rio Atibaia vence-rá em 2014 e a DAE já está providen-ciando o processo para renovação do contrato. “A renovação é fundamen-tal, pois todos os anos recorremos ao rio Atibaia, não podemos abrir mão deste contrato”.

A represa da DAE garante o controle no abastecimento da cidade

Jundiaí-Mirim abastece 90% de Jundiaí Análise d`águaA ONG Coati realizou a análise das águas do rio Atibaia (coletada no pon-to de captação) e do ribei-rão da Ermida (coletada na bica do PA 11) e os re-sultados comprovam que a água do Atibaia é infe-rior ao da Serra do Japi. O laudo analisado pelo la-boratório Acqualab neste mês indica que os colifor-mes fecais na água do rio Atibaia ultrapassam os limites máximos permiti-dos. Para o diretor administra-tivo da ONG COATI, Fábio Campos, o planejamento hídrico da cidade deve ser discutido com a participa-ção da comunidade. “Um conselho público com esta finalidade seria um bom caminho para discutir o potencial hídrico da Serra do Japi para o abasteci-mento da cidade”.

Outros RecursosJundiaí não possui outra alternativa significativa para o abastecimento da população. A água subterrânea em Jundiaí é escassa e inviável para o abastecimento público. A DAE tam-bém pretende investir em projetos de reuso da água de indústrias para o abastecimento, além de intensificar os trabalhos contra perdas de água tratada pelas tubulações.

FALA AI !

“Jundiaí tem um importante déficit hídrico porque a quantidade de água produzida na bacia do Jundiaí-Mirim e na Serra do Japi é insuficiente para abastecer toda a cidade, por isso rece-bemos reforço do rio Atibaia.” - Flávio Gramolelli, diretor de Meio Ambiente.

“Vamos trabalhar ao máximo para preservar a área da bacia do ribeirão Caxambu, pois pretendemos retomar o projeto do Milton Takeo. Porém no momento não temos condições fi-nanceiras de captar a água de lá” – Jamil Yatim, presidente da DAE S.A.

5BOLETIM DO COATIwww.coati.org.br Março/Abril de 2013

Page 6: Boletim do Coati 5ª edição

Há 30 anos a Serra do Japi era tombadaIJundiaí comemora a data e anuncia quatro ações, como a reestruturação e abertura da cachoeira Morangaba

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

6 BOLETIM DO COATIwww.coati.org.brMarço/Abril de 2013

Cidade

No último dia 8 de março foi comemorado três dé-cadas de tombamento da Serra do Japi, considerada a lei mais importante para a proteção da área como um todo. Na ocasião, o prefeito de Jundiaí, Pedro Bigardi (PCdoB), anunciou um plano com quatro ações para ampliação da preservação da reserva biológica (Rebio). São elas: criação do Centro de Refe-rência Ambiental (CRA); criação da Fundação Ser-ra do Japi; reestruturação e abertura da Cachoeira Morangaba e a criação de sistema de monitoria am-biental. Bigardi acredita que al-gumas ações deste plano podem iniciar ainda neste primeiro semestre. A nova regulamentação de moni-

tores ambientais para as trilhas na Reserva Bioló-gica e também no Parque de Morangaba está pre-vista para ser apresentado dia 5 de junho, quando se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente. “A discussão será aberta, por meio de audiências públicas para envolver toda a população”, infor-ma.Atualmente, a Rebio tem 20,7 milhões de m² e é parte dos 91,4 milhões de m² tombados em Jundiaí pelo Condephaat (Con-selho Estadual de Defesa do Patrimônio) em 1983, de um total de 191,4 mi-lhões de metros quadra-dos compartilhados com Cabreúva, Cajamar e Pi-rapora do Bom Jesus. Ou seja, abrange 22,6% da

área tombada em Jundiaí ou 10,8% da área tomba-da integral nas quatro ci-dades. A orientação de Bigardi sobre o aumento da área da Reserva Biológica Mu-nicipal (Rebio), na Serra do Japi, é iniciar estudos para definir critérios de prioridade na ampliação da reserva municipal, cria-da por lei em 1991. Além dos mecanismos de proteção compostos pela Reserva Biológica e o tombamento, há também o Território de Gestão da Serra, que “cercou” a área tombada com zonas de conservação na Ermida, Malota e Terra Nova, cria-da por lei municipal em 2004. Atualmente esta lei, a 417, está em processo de revisão.

Revisão da Lei 417 será retomada do zero pelo governo de Pedro Bigardi, através da Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente. O prefeito de Jundiaí diz convocará novas audiências públicas para elaborar o projeto que criou três zonas de amortecimento (Malota, Ermida e Terra Nova). Bigardi diz que pretende encaminhar o pro-jeto de lei para votação na Câmara ainda neste primeiro semestre.

Para regularizar a visita-ção à Serra do Japi, que está parada há dois anos, a Secretaria de Planeja-mento e Meio Ambiente pretende reestruturar o espaço da cachoeira Mo-rangaba e criar o sistema de monitoria ambiental, para a abertura de trilhas para visitas monitoradas. O programa de visitação a trilhas e cachoeiras da Rebio foi criado através de decreto em 2001, mas extinto pela antiga administração, que ex-cluiu os monitores que

trabalharam no local por 11 anos e atendiam uma média de três mil visitan-tes por ano. O diretor de Meio Am-biente, Flávio Gramolelli, explica que a intenção é aproveitar os estudos de trilhas existentes. O dire-tor lembra também que mais de 80% do territó-rio da Serra do Japi é de propriedade particular e apenas a área da cacho-eira Morangaba e Rebio são públicas, o que difi-culta o acesso por todo o território.

A Prefeitura de Jundiaí iniciou o projeto de controle populacional de capivaras do município. O traba-lho inclui diagnóstico e mapeamento das áreas habitadas por estes animais silvestres e tem o objetivo de diminuir a transmissão da febre maculosa para o ser humano por meio de carrapatos. O manejo acontecerá em parceria com o Governo do Estado.

Morangaba voltará a abrir

O tombamento garantiu a preservação da biodiversidade da Serra

Atualmente, a Rebio tem 20,7 milhões de m² e é parte dos 91,4 milhões de m² tombados em Jundiaí pelo Condephaat

Page 7: Boletim do Coati 5ª edição

Muita emoção e aventura com o Coati Adventure

PROGRAMAÇÃO

Eco Pedal na JuréiaQuando: de 19 a 21 de abril (saída as 22h)Onde: Trilhas da Estação EcológicaItatins-Juréia (10 vagas)Quanto: Pacote é de R$ 380,00*

Passeio fotográfico em MunhozQuando: 1º de maio (Saída 7hs)Onde: Em Munhoz, sul de Minas Gerais.Quanto: R$ 130,00** Pacotes incluem hospedagem, trans-porte e alimentação.

O COATI Adventure foi criado em fevereiro por um grupo de aven-tureiros da ONG COATI com o ob-jetivo de consolidar o trabalho de educação ambiental e ecoturismo pela entidade.O braço da ONG de ecoturismo oferece pacotes que proporcio-nam muita emoção e aventura em contato com a natureza pe-las mais belas paisagens da Mata Atlântica, incluindo a Serra do Japi (Jundiaí), Serra da Mantiquei-ra (Munhoz-MG), e Estação Ecoló-gica Itatins-Juréia (Peruíbe). Os roteiros ecológicos incluem passeios de canoa na Vila Barra do Una, descer corredeiras por raf-ting, bóia cross em Munhoz, além de escaldas, rapel, tirolesa, arbo-rismo e muitas outras opções ofe-recidas pelo núcleo COATI-Minas. Todos os roteiros são realizados com muita curtição e segurança, por monitores treinados e capaci-

tados. “Os monitores do Coati-Adventu-re são capacitados pela Abeta (As-sociação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aven-tura)”, afirma o diretor de Ecoturis-mo da ONG COATI, Fábio Patelli.

PARCERIAS / Os roteiros do CO-ATI Adventure também contam com parcerias de empresas que oferecem o que há de melhor em turismo de aventura. Em Munhoz, por exemplo, a entidade possui parcerias com outras operadoras de ecoturismo, além de restauran-tes e pousadas.O pagamento dos passeios pode ser financiado através do siste-ma Mercado Pago, pela internet. Também é possível optar pelo pagamento do seguro, através da empresa Eco Trip, que garante a cobertura de todas as atividades por um valor atrativo.

Maiores informações com o diretor de Ecoturismo Fábio Patelli pelo telefone: (11) 9 9537-0770 ou pelo e-mail: [email protected].

7BOLETIM DO COATI

www.coati.org.br Março/Abril de 2013

Ação É isso aí. A campanha do Greenpeace para tornar o Ártico um santuário internacional, com o apoio de mais de 2,7 milhões de pessoas, conseguiu paralisar o programa para perfurar e explorar petróleo no extremo norte do planeta da gigante Shell. Pelo menos por enquanto. O santuário internacional pretende deixar o Ártico livre da exploração de petróleo e da pesca industrial predatória. www.salveoartico.org.br

Page 8: Boletim do Coati 5ª edição

Por meio do convênio firmado com a Secretaria de Meio Am-biente do Estado de São Paulo e parcerias com as Prefeituras de Ilha Comprida e Cananéia e Ins-tituto Gremar, o núcleo COATI--Juréia adquiriu uma viatura para resgate de animais marinhos. O projeto conta com a adaptação de veículo para captura e trans-porte dos animais e deve iniciar no primeiro semestre deste ano.Está previsto um seminário em Cananéia para apresentação do projeto e entrega oficial do veí-culo. A data deve ser anunciada em breve. A bióloga do COATI-Juréia, Danie-la Ferro de Godoy, informa que

anualmente diversos animais são encontrados vivos nas praias que abrangem Iguape, Ilha Comprida, Cananéia e Ilha do Cardoso, lito-ral sul do Estado, com destaque para pinguins, lobo-marinhos e tartarugas. “Por vezes esses animais estão apenas descan-sando, mas, na maioria dos ca-sos, são

encontrados debilitados, doen-tes e emalhados, necessitando ser encaminhados para um local adequado, onde receberão os cuidados necessários”, explica ela.O Instituto Gremar, no Guarujá, é o centro de reabilitação mais pró-

ximo. O veículo será fundamenta-al neste projeto. Ele é apropriado para minimizar o stress do animal e a alta taxa de mortalidade no transporte. A previsão é que a equipe do CO-ATI atenda 50 animais por ano, porém parte deles não precisa-rá de transporte. Inicialmente a equipe será formada por cinco profissionais, entre biólogos, ve-terinários, educadores ambien-tais, além de voluntários. O grupo também elaborou ma-teriais informativos e educativos referentes às condutas a serem adotadas pela população, além de cartilhas para a conscientiza-ção nas escolas.

A aquisição do veículo Doblo Cargo foi adqui-rido por meio de uma emenda parlamentar de RS 60 mil do então deputado estadual Pedro Bi-gardi (PCdoB), atual prefeito de Jundiaí.

O projeto Resgate da Vida Marinha conta com a importante parceria com o Insti-tuto Gremar, no Guarujá. A entidade é pioneira na Baixada Santista e auxiliará às ações do núcleo COATI-Juréia. Segundo a veterinária res-ponsável do Gremar, Maria-na Zillio, os principais ani-mais atendidos no CRAM (Centro de Resgate de Ani-mais Marinhos), que se lo-caliza na Ilha de Arvoredos, são as tartarugas marinhas e aves residentes, além de pin-guins, no inverno. Segundo ela, o CRAM, que funciona

como uma espécie de hospital de ani-mais marinhos, não têm patrocínios e conta apenas com ações voluntárias. O gasto mensal atinge R$ 30 mil.

Resgate da Vida Marinha inicia neste semestreProjeto coordenado pelo núcleo COATI-Juréia atua na região que abrange as Ilhas de Cananéia, Ilha Comprida e Cardoso

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

8 BOLETIM DO COATIwww.coati.org.brMarço/Abril de 2013

Sustentabilidade O WWF-Brasil promove no país o movimento global Hora do Planeta. No dia 23 de março, das 20h30 às 21h30, milhões de pessoas vão apagar as luzes em um ato simbólico contra o aquecimento global e os problemas ambientais que a humanidade enfrenta.

Animais são tratados no Instituto Gremar

As ilhas de Cananéia, Ilha Comprida e Cardoso possuem uma rica fauna de animais marinhos, como espécies de tartarugas