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Boletim de ConjunturaEconômica

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- Opinião

- Nível de AtividadeNacional

- Política Agrícola

- Política Fiscal

- Inflação

- Política Monetária

- Setor Externo

- Política Cambial

- MercadoFinanceiro

- ConjunturaExterna

- ConjunturaRegional

Agosto - 2003

* Os dados deste boletim são referentes àsinformações disponíveis até o dia 20 deAgosto de 2003.

As dificuldades do crescimento econômico

Os impactos do aumento do dólar sobre ainflação na virada do ano de 2002 para 2003obrigaram o Comitê de Política Monetária –COPOM – a aumentar a taxa de juros. Os juroselevados diminuíram o nível de atividadeeconômica e, com a ajuda da queda do dólar,diminuíram sensivelmente a inflação. Istoposto, abriu-se espaço para a queda dos juros,o que permitirá a recuperação da economia.

Em junho deste ano o COPOM reduziutimidamente a taxa de juros em 0,5%. Emjulho, em 1,5%. A última reunião do Comitêlevou a taxa para 22%, o que representou umaqueda de 2,5%. Não obstante o Brasil apresentea maior taxa de juros real do mundo, dado quea inflação encontra-se próxima a zero, estastrês quedas consecutivas sinalizam que o custodo dinheiro continuará em declínio, com boaschances de terminar o ano em torno de 18%.

O nível de atividade econômica costumaresponder com uma defasagem de quatro a seismeses a uma alteração nos juros. Mesmopequena, uma alteração que indique umadeterminada tendência pode afetar a economiadevido a seus efeitos sobre as expectativas dosagentes. Desta feita, há indícios de que o Brasilretome, ainda neste segundo semestre de 2003,o crescimento econômico. A pergunta que deveser feita é a seguinte: será novamente um fugazsuspiro ou o país crescerá de forma sustentadaa partir de 2004?

Esta questão não encontra respostasprontas ou consensuais, mas este artigo aponta-rá alguns fatores relevantes a serem considera-dos. Primeiro, o Brasil ainda possui umaexpressiva dependência aos capitais externos.Descontados os desembolsos do FMI, as reser-vas internacionais suportam apenas três mesesde importações. Ainda que o país consiga oequilíbrio em transações correntes, as amortiza-ções e os “desinvestimentos” devem se aproxi-mar ao montante de U$ 30 bi. Os financiamen-tos e os investimentos em carteira são incertos,como visto no segundo semestre de 2002. Estesúltimos, inclusive, terão menor interesse nopaís quando os juros caírem. Os investimentosexternos diretos diminuíram sensivelmente,projetando-se U$ 8,3 bi para este ano.

Segundo ponto, caso a necessidade dedólares seja coberta por um novo acordo como FMI, uma possível manutenção do superávitprimário acima de 4% do PIB limitará sobre-maneira o investimento público. Em umcenário de crescimento, isto levará a um novoestrangulamento da infra-estrutura nacional –notadamente energia elétrica e transporte –,dado o desinteresse tradicional do setor privadonestas áreas, visto que o investimento matura-se em prazos elevados e a rentabilidade é pouco

atrativa.O último fator é a sustentabilidade do su-

perávit comercial com o retorno do crescimen-to econômico. Um dos elementos que explicama atual compressão das importações é o baixonível de atividade. Com a economia aquecida,aumenta-se a demanda por importações e dimi-nui-se o excedente exportável. O déficit emtransações correntes aparecerá novamente,aprofundando os desequilíbrios das contasexternas. Caso o dólar volte a aumentar, osimpactos do crescimento na balança comercialserão compensados pela desvalorização do real,mas os efeitos sobre o nível de preços causadospela queda da moeda nacional obrigarão oCOPOM a tornar sua política monetária nova-mente restritiva, dada a ênfase que a inflaçãorecebe por parte da Autoridade Monetária.

Frente a estes condicionantes de curtoprazo do desempenho da economia brasileira,uma alternativa ao quadro atual será o incre-mento do saldo da balança comercial. Esta con-ta do balanço de pagamentos, por importanteque é em reduzir a dependência do país aos ca-pitais externos e ao FMI, não deve ser condici-onada apenas pelas alterações no valor da moe-da estrangeira e pelo nível de atividade econô-mica interno. Faz-se mister uma políticaindustrial focada em setores deficitários na ba-lança comercial e em setores com potencialde inovação. Os possíveis projetos de substitui-ção de importação não devem deixar de focar,também, as exportações. Isto permitiria escalade produção suficiente para evitar barreirascontraproducentes à entrada de concorrentesexternos, como as tarifas de importação.Ressalta-se, entretanto, que a compressão dodispêndio público em muito limitará estaalternativa.

Em paralelo, as negociações comerciaisdevem ser priorizadas. Os países prejudicadospelo protecionismo agrícola do hemisfério nor-te devem lutar, no âmbito da OMC e em outrasesferas, por uma relação menos assimétricaque a atual.

Por outro lado, se o Brasil novamenterecorrer ao FMI em setembro, que o convençaa mostrar o país como um caso de sucessodentre inúmeros fracassos admitidos. Este argu-mento pode tornar as medidas do Fundo maissintonizadas com o desenvolvimento econô-mico que o foram outrora. Assim, haveria maistempo para o Brasil equacionar estruturalmenteo problema do balanço de pagamentos, concili-ando esta tarefa com crescimento econômico.

Cid de Oliva Botelho Júnior *

* Professor do Departamento de Economia eFinanças da Fac. de Economia e Administra-ção da UFJF.

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Nível de AtividadeNacional

Flávio Celestino

Política Agrícola

Geraldo Magela O. F. Júnior

O Agronegócio mais uma vezdesempenhará papel importantíssimopara a economia brasileira, atendendoàs expectativas do início do ano. O Brasildeve terminar 2003 como o maior expor-tador de soja, superando os EUA, assimcomo de carne bovina, ultrapassando aAustrália.

Além da safra recorde de grãos,superior a 115 milhões de toneladas, oAgronegócio será o principal responsá-vel pelo superávit comercial (estima-seque o saldo do setor supere os US$ 24bilhões, US$ 4 bilhões a mais que noano de 2002, objetivo este bem palpável,visto que somente nos cinco primeirosmeses do ano o saldo já ultrapassavaUS$ 11 bilhões)1 . É o setor que apresen-tará maior crescimento do PIB, de R$ 424bilhões em 2002, para R$ 446,7 bilhõesem 2003, sendo que somente entrejaneiro e maio deste ano o crescimentoreal atingiu 5,3%2.

Apesar na queda nas cotações dealguns produtos como a soja, que emjulho atingiu a menor cotação dosúltimos seis meses devido às previsõesmetereológicas3, e o açúcar, os volumesde vendas são fabulosos. Somente paraconstatar este fato, a China (maiorcompradora de soja brasileira), importou3,753 milhões de toneladas do produtono primeiro semestre do ano, crescimen-to de 541% em comparação com igualperíodo do ano passado4.

Outros dois produtos que mere-cem destaque devido ao baixo preçooferecido aos produtores são o café e omilho.Os cafeicultores estão retendo aprodução na expectativa de melhora dopreço, que poderá ocorrer no segundosemestre, quando, normalmente, a ofertapor parte dos principais concorrentesapresenta queda e o consumo é aumen-tado para formação de estoques de in-verno.

Os produtores de milho iniciaramo ano com expectativas de manutençãodos bons preços do ano anterior, porém,a boa colheita da safra de invernoconfirmou um cenário bem diferente, jáque, com uma safra recorde de 44milhões de toneladas, provocou umaqueda nos preços deste produto.

Importantes produtos vêm con-quistando e ampliando seus mercados,

A esperada recuperação do nívelde atividade industrial não ocorreu. Nosegundo trimestre, a produção e asvendas industriais voltaram a cair,frustrando as expectativas de retomada.Como resultado, as empresas industriaisviram seus estoques de produtos finaisse acumularem bem acima do nívelplanejado. O ambiente econômicocontinua bastante desfavorável e a fracademanda também dificulta o repasse daelevação dos custos aos preços, for-çando as empresas a reduzirem aindamais suas margens de lucro.

Em junho de 2003, o volume devendas do comércio varejista brasileiro,calculado pelo IBGE 1, caiu 5,37% emrelação a junho de 2002. O setor encerrao primeiro semestre de 2003 com quedade 5,57% sobre o mesmo período do anopassado. É o pior desempenho dos cincosemestres que compõem a série deresultados da Pesquisa Mensal deComércio.

Diante de tais resultados, o setorindustrial vem reduzindo os investi-mentos e em conseqüência o nível deprodução. Segundo a CNI 2 (Confe-deração Nacional da Indústria), emjunho o nível de utilização da capacidadeinstalada atingiu 79,2%, ante 80,2% emjunho de 2002.

Ainda segundo a CNI, informa-ções de pesquisa com empresáriosindicam crescimento dos estoques aolongo do primeiro semestre do ano. Oíndice de confiança do empresárioindustrial recuou para 51,9 em julho,menor patamar da série em 2003,influenciado pelo declínio nas expec-tativas dos empresários e pela piorpercepção das condições atuais. Aindaassim, espera-se, de um modo geral, umamelhoria da situação dos negócios paraos próximos seis meses.

Todos os indicadores que medema expectativa dos executivos industriaisreduziram-se, mas permanecem acima dalinha divisória dos 50 pontos. A exceçãorefere-se ao número de empregados,cujo indicador de 48,1 pontos reflete aexpectativa de uma leve redução noemprego industrial. Os juros altos, odesemprego e os tributos altíssimos, quepoderão crescer com a reforma tributária,são fatores inibidores da demanda.

Segundo o IBGE, os resultados daPesquisa Mensal de Emprego, realizadanas seis maiores regiões metropolitanasdo País, revelaram que a taxa dedesocupação de julho foi de 12,8% daPEA, 0,2 pontos percentuais abaixo doresultado apresentado no mês anterior(13%). Em julho do ano passado estataxa foi de 11,9%. A média desteindicador para o primeiro semestre doano situou-se em 12,2%.

O rendimento médio real recebidopelas pessoas ocupadas nas seisregiões metropolitanas, referente ao mêsde julho deste ano, foi estimado em R$883,00 (cerca de 3,7 salários mínimos).Este rendimento médio está acima doverificado em junho deste ano (R$847,90), mas teve queda de 16,4% emrelação ao de julho do ano passado,quando apresentara rendimento médiomensal de R$ 996,00. A média dorendimento médio real recebido dapopulação ocupada no primeiro semes-tre deste ano situou-se em R$ 863,30.

Diante do quadro recessivo daeconomia, o governo tem tomadomedidas que vão de encontro ao anseiodos mais diversos setores do país, quaissejam: i) redução de 3% na alíquota doImposto sobre Produtos Industria-lizados (IPI) para as montadoras, nointuito de dar novo ânimo ao setorautomobilístico do país; ii) diminuiçãonos depósitos compulsórios e corte de2,5 pontos percentuais na taxa básicade juros, diminuindo o custo de obten-ção de crédito no mercado nacional porparte dos agentes econômicos. Assim,é possível que o ano de 2003 nos reserveboas surpresas.

Ainda nesta direção, o presidenteLuiz Inácio Lula da Silva discutiu, noinício de agosto, com 13 de seusministros, as principais falhas de infra-estrutura que emperram o desenvol-vimento nacional e que são as priori-dades no Orçamento de 2004 e no PlanoPlurianual para os próximos anos de 2004a 2007. Tais planos incluem uma verbagovernamental de R$ 191,4 bilhões quevisam a restabelecer o desenvolvimentoeconômico do país.

Fontes:1- Instituto Brasileiro de Geografia eEstatística, acessado 21/08/032- Confederação Nacional da Indústria,acessado em 15/08/03

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como é o caso do frango e das máquinasagrícolas. O primeiro, ampliou suasvendas para o Oriente Médio (destaquepara Arábia Saudita) e conquistounovos mercados principalmente nospaíses da União Européia, como Ale-manha e Inglaterra, com possibilidadesde recuperar parte do mercado russo,com a revisão das cotas imposta háalguns meses. Já no caso das máquinasagrícolas, seu volume de exportaçõespraticamente dobrou no primeirosemestre de 2003 em relação ao mesmoperíodo do ano anterior, sendo osprincipais importadores países da África,da Ásia e Oriente Médio5.

Outros produtos também sãorelevantes, como é o caso do arroz, dotomate e da batata (que teve queda noseu preço em 31,65% na 3ª quadrissema-na de julho devido a condições favorá-veis de clima para colheita nos maisimportantes pólos produtores dosestados da Região Sudeste do País), porcomporem a cesta de alimentação básicadas famílias.

O tomate, que no início do anoatingiu a maior cotação da história(devido a problemas climáticos), foiconsiderado um dos vilões da inflação,porém, nas últimas semanas, têmapresentado quedas significativas nospreços (na 1ª quadrissemana de agostoa queda foi de 41,13%). Já o arroz teveaumento na 3ª quadrissemana de julhode 11,82% e o governo acabou, emacordo com os parceiros do MERCO-SUL, diminuindo a TEC do produto, quecaiu mais de 10%, com um limite deimportação de 500 mil toneladas6.

No que diz respeito aos alimentostransgênicos, o impasse continua.Nestas primeiras semanas de agosto, adiscussão ampliou, graças a uma liminarconcedida pelo Tribunal RegionalFederal da 1ª Região derrubando a sen-tença que impedia a produção e vendade variedades de soja transgênica.Ainda nestes dias, são esperadosrecursos judiciais do Ministério PúblicoFederal e do Idec contra esta decisão.

Fontes:1- Revista Futuros Agronegócios, Julho,20032- Revista Isto É, 20/08/033- Gazeta Mercantil, 07/08/034- Ministério do Desenvolvimento Indústriae Comércio Exterior, 30/07/035- SECEX, 30/07/036- Gazeta Mercantil, 12/08/03

Política Fiscal*

Flávio Celestino

De acordo com o Banco Centraldo Brasil 1, no mês de junho o resultadoprimário do setor público registrou umsuperávit de R$ 3 bilhões.

No acumulado no ano, o superávitatingiu R$ 40 bilhões (5,41% do PIB),comparado a R$ 28,9 bilhões (4,66% doPIB) em igual período de 2002 e R$ 34,5bilhões constantes no acordo com oFundo Monetário Internacional para oprimeiro semestre.

Perdurando tais resultados, ogoverno não deverá encontrar dificul-dades para cumprir a meta de superávitprimário para este ano, fixada em 4,25%do PIB em 2003.

Os juros nominais apropriadospelo critério de competência totalizaramR$ 9 bilhões em junho, ante R$ 14,1bilhões registrados em maio. Contribuí-ram para essa queda as operações deswap cambial, que apresentaram resul-tado favorável de R$ 2,6 bilhões no mês,ante o resultado desfavorável de R$ 392milhões registrados em maio. Alémdisso, destaca-se o impacto da reduçãoda taxa selic efetiva mensal e da quedano IGP-M.

O montante de juros nomi-naisapropriados atingiu R$ 74,3 bilhões(10% do PIB) no acumulado no ano eR$ 142 bilhões (9,85% do PIB) noacumulado nos últimos doze meses.

As necessidades de financiamen-to do setor público no conceito nominal(abrange o resultado primário e os jurosnominais apropriados) totalizaram R$ 5,9bilhões em junho.

No acumulado no ano, o totaldessas necessidades atingiu R$ 34,3bilhões (4,6% do PIB), comparativa-mente a R$ 17,4 bilhões (2,8% do PIB)em igual período de 2002.

Quanto às fontes de finan-ciamento do setor público para junho(R$ 5,9 bilhões), a dívida mobiliáriaapresentou expansão de R$ 11,5 bilhões,enquanto a dívida bancária, a basemonetária e os financiamentos externosforam contracionistas em R$ 3,3 bilhões,R$ 1,3 bilhão e R$ 1,4 bilhão, respec-tivamente.

Em junho, a dívida mobiliáriafederal fora do Banco Central, avaliadapela posição de carteira, alcançou R$

669,4 bilhões (43,3 % do PIB), valor querepresenta acréscimo de R$ 8,7 bilhões(1,3%) em relação ao mês anterior. Ascolocações líquidas de R$ 1,7 bilhão e aincorporação de juros foram os prin-cipais fatores para a obtenção desseresultado.

Motivada pela apreciação do realfrente ao dólar (3,2%) e resgates deNBC-E, a participação dos títulosindexados a câmbio continuou suatrajetória de queda, passando de 13,4%em maio para 12,6% em junho, enquantoa participação dos títulos vinculados àtaxa selic elevou-se de 62,6% para62,7%; a dos títulos prefixados passoude 3% para 4,2%, devido às colocaçõeslíquidas de LTN. Considerando-se asoperações de swap, a participaçãocambial em junho atingiu 27,1% e avinculada à selic 48,2%.

Em junho, a estrutura de ven-cimento da dívida mobiliária em mercadoregistrou R$ 119,2 bilhões (17,7% dototal) com vencimento até dezembro de2003; R$ 186,7 bilhões (27,7% do total)em 2004 e R$ 369,1 bilhões (54,7% dototal) a partir de janeiro de 2005.

A dívida líquida do setor públicoalcançou R$ 856,4 bilhões (55,4% do PIB)em junho, comparado a um montante deR$ 858,4 bilhões (55,18% do PIB) emmaio.

No ano esta apresentou reduçãocorrespondente a 1,1% do PIB, sendoque as necessidades de financiamentocontribuíram com um acréscimo corres-pondente a 2,2% do PIB; a variação deparidade da cesta de moedas quecompõem a dívida externa líquida por0,37% do PIB; o reconhecimento dedívidas, por 0,1% do PIB; o efeito docrescimento do PIB por de 0,46% do PIB;e o impacto da apreciação cambialrespondeu por redução de 4,3% do PIB.

Em junho, a dívida bruta dogoverno federal (Governo Federal, INSS,governos estaduais e governos munici-pais) alcançou R$ 1.170,5 bilhões (75,7%do PIB), ante R$ 1.165,3 bilhões (74,9%do PIB) registrados em maio.

Fontes:1- www.bcb.gov.br, acessado em 19/08/03

* Este artigo é um resumo das notas paraimprensa do Banco Central.

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Inflação

Adriana Inhudes G.da Cruz

Política Monetária

Adriana Inhudes G.da Cruz

Os índices de inflação no primeirosemestre de 2003 apresentaram quedasignificativa. Após aproximar-se dos40% anuais, a inflação parece ter sidodebelada com a redução e estabilidadeda cotação do dólar, aliadas à políticamonetária restritiva implementada pelonovo governo nos seus primeiros mesesde mandato.

Embora durante o primeiro semes-tre o IPCA tenha tido uma trajetória dequeda, o Banco Central manteve a políti-ca monetária restritiva tendo em vista,dentre outras coisas, a observação donúcleo de inflação do IPCA (calculadopor exclusão de preços monitorados evariações sazonais) que sinalizava certapersistência da inflação. Entretantoagora a inflação parece controlada, oque pode abrir espaço para uma políticamonetária menos restritiva e facilitar aretomada do crescimento econômico1.

O IPCA registrou deflação emjunho de 0,15%, com destaque para oitem transportes que mais contribuiupara a queda do índice2. O IGP-M medi-do pela Fundação Getúlio Vargas tam-bém mostrou deflação nos últimos trêsmeses chegando a 1% em junho3. O IGP-M responde de forma mais imediata àsoscilações do dólar pelo fato de que ospreços no atacado participam com 60%no seu cálculo, e são mais sensíveis às

variações da moeda norte-americana.Quando comparados ao mês

anterior, nota-se pequena elevação dosíndices de inflação em julho. Algunsreajustes de preços controlados, comoenergia e telefone, forçaram a alta nosíndices neste mês e deverá repercutirainda nos próximos meses. Entretanto,o mercado foi surpreendido de maneirapositiva uma vez que era esperado umimpacto maior sobre os índices deinflação do que o de fato ocorrido.

Parte considerável da inflaçãoanual, até agora, foi provocada pelospreços controlados pelo governo, e comos reajustes no início do segundosemestre é provável que essa situaçãose confirme. O impacto da queda dospreços livres, que sentem diretamente oefeito da alta dos juros, é em parteanulado no índice geral pelos aumentosdos preços monitorados.

Não obstante, a política demanutenção da taxa Selic em patamarelevado mostrou eficácia no controle dainflação, ao mesmo tempo em quediminuiu a atividade econômica eaumentou o desemprego ao desestimularconsumo e investimento.

O CMN definiu metas de inflaçãomais flexíveis para 2004 e 2005. Para 2004a meta central foi fixada em 5,5% e para2005 em 4,5%, com intervalo de tolerânciade 2,5 pontos percentuais nos doiscasos. Isso permite uma flexibilidademaior na condução da política mone-tária4.

O Banco Central já não temexpectativas de alcançar a meta ajustadapara 2003 de 8,5%, de maneira que a

O governo Lula vem sendobastante criticado pela sua políticaeconômica. A manutenção da taxa Selicem 26,5%, mesmo com a queda dainflação no início do ano, deixou váriossetores da sociedade insatisfeitos.

A justificativa para a manutençãodo nível dos juros era que existia umcomponente persistente na inflação,indicado principalmente pelo núcleo deinflação do IPCA que demonstravaresistência à queda nos preços1.

Em junho, após meses de políticamonetária restritiva, o Banco Centralcomeçou a baixar juros. A estabilidadeno mercado financeiro, a tramitação dasreformas previdenciária e tributária noCongresso e a queda na atividade eco-nômica e no emprego foram fatores quecontribuíram para que o governo desseinício à redução gradativa dos juros.

Porém o principal fator foi oarrefecimento da inflação. A deflação doúltimo mês fez com que os juros reaisatingissem patamares bastante eleva-dos. Além disso, uma vez que o BancoCentral não espera alcançar a meta de2003, já vem levando em consideraçãotambém a meta de inflação de 2004,menos ambiciosa que a deste ano. O

Índices de Preços

-2%

-1%

0%

1%

2%

3%

4%

5%

6%

Mar/02

Mai/02

Jul/02Set/02

Nov/02

Jan/03

Mar/03

Mai/03

Jul/03

IGP-M IPCA

política monetária tem sido conduzidajá levando em consideração a meta de2004. Apesar disso o mercado apostaque, afastada a possibilidade dechoques externos e mantido o ritmo dequeda nos preços, a inflação ficará bempróxima da meta ajustada para este ano.

Para 2004 e 2005 as estimativas dogoverno já convergem para os valoresestipulados. É interessante ao governoo cumprimento destes, pois garante acredibilidade do regime de metas deinflação brasileiro, enfatizando a neces-sidade de se estabelecerem metas condi-zentes com a realidade da economia dopaís.

Fontes:1- www.bcb.gov.br, acessado em 18/07/032- www.ibge.gov.br, acessado em 20/08/033- www.fgv.br, acessado em 20/08/034- www.bcb.gov.br, acessado em 20/08/03

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Setor Externo

Nilton César de O. Pimentel

No que diz respeito às contasexternas, a situação tem se apresentadoabsolutamente controlável. A balançacomercial, até o presente momento,apresenta um superávit acumulado noano de US$ 13,493 bilhões1, ultrapassan-do assim, em incompletos oito meses,todo o montante acumulado nestamesma conta durante todo o ano de 2002.

Cabe ressaltar que os três últimosmeses já contabilizados, ou seja, maio,junho e julho, apresentaram resultadosmuito expressivos, todos acima de US$2 bilhões. Porém, não seguindo o ritmodos últimos meses, agosto vem apresen-tando um desempenho menor, tendoacumulado até o presente momento aquantia de US$ 1,039 bilhão, deixandoassim uma perspectiva de quebra dosconsecutivos superávits acima dos US$2 bilhões.

Com relação às demais contas, asituação também se apresenta calma,como o caso das transações correntes,que apresenta até junho um superávitacumulado de US$ 472 milhões, sendoque no mesmo período do ano anterioressa mesma conta apresentava umdéficit de US$ 8,335 bilhões2. Estes mon-tantes representam uma evolução parao padrão de comportamento das contasbrasileiras. Porém, não se pode deixarde ressaltar que tal resultado é conse-qüência de um câmbio desvalorizado,com expressivos resultados na balançacomercial, resultados estes capazes de

cobrir, em alguns determinados meses,o histórico déficit mensal da balança deserviços que neste ano, até o mês dejunho, já acumula um déficit de US$11,103 bilhões.

Quanto aos investimentos exter-nos, estes não apresentam resultadostão expressivos como os esperados aoinício do ano. A conta capital e financei-ra apresenta, até o mês de junho, um su-perávit de US$ 7,610 bilhões, sendo queos investimentos diretos até o mesmomês apresentam um superávit de US$2,845 bilhões, ou seja, bem aquém dasexpectativas, que para o ano giravam emtorno de US$ 11 bilhões. Os investimen-tos em carteira acumulam no período dejaneiro a junho deste ano um superávitde US$ 3,901 bilhões, não apresentandotambém bom desempenho.

As reservas internacionais acu-muladas até junho são da ordem de US$47,956 bilhões2, apresentando um cresci-mento com relação a maio de 10,57%.Em meio a estes resultados anteriormen-te mencionados, temos um saldo globaldo balanço de pagamentos acumulado,até junho deste ano, de US$ 8,968bilhões, ou seja, superior em aproximada-mente 67% do montante acumulado nomesmo período do ano anterior. Por fim,dada a possibilidade de o país enfrentarum cenário adverso ainda este ano, umnovo acordo com o FMI em setembro ébastante provável. Descontadas dasreservas internacionais a parte referenteaos empréstimos do Fundo, há coberturapara apenas três meses de importações,valor baixo em casos de crise.

0200400600800

1000120014001600180020002200240026002800

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Balan a Comercial 02 Balan a Comercial 03

Fontes:1- www.mdic.gov.br, acessado em 19/08/032- www.bcb.gov.br, acessado em 18/08/03

Balança Comercial 2002/2003 - Em Milhares

Min. do Des. Ind. e Comércio

estabelecimento de metas de inflaçãomais flexíveis para 2004 e 2005, comintervalos de tolerância, deu maiorliberdade para a autoridade monetária2.

Agora o que se critica é oconservadorismo da equipe econômica,que vem realizando cortes pequenos nataxa Selic. O que se alega é haver espaçopara reduções maiores sem ameaças àestabilidade de preços, e que pequenoscortes não aumentam o volume decrédito de forma significativa.

Houve redução da taxa básica dejuros em junho e julho, respectivamentede 0,5 e 1,5 ponto percentual. Na reuniãode agosto o COPOM (Comitê de PolíticaMonetária) surpreendeu os analistas domercado ao diminuir a taxa Selic em 2,5%,fazendo com que a taxa agora esteja em22% ao ano. Eles esperavam quedamenos acentuada, embora apóiem adecisão.

O governo tem agido de váriasformas na tentativa de diminuir o custodo dinheiro ao tomador final, principal-mente o de baixa renda. Além da reduçãode juros, lançou pacote de incentivo aomicrocrédito com taxas de juros reduzi-das. O objetivo é diminuir o spread ban-cário (custo ao tomador menos custode captação) a partir principalmente daredução da inadimplência, na medida emque facilita a execução pelos bancos dedébitos que por ventura não tenhamsido liquidados.

No início de agosto houve redu-ção dos depósitos compulsórios de 60%para 45% dos depósitos à vista. Alémdisso, os bancos continuarão tendo querecolher mais 8% dos depósitos noBanco Central, porém esses continuarãoa ser remunerados pela taxa Selic.Somados os dois então o compulsóriocaiu de 68% para 53%.

Com essa redução o BC estimaque cerca de 8 bilhões de reais serão in-jetados na economia3. Os bancos já co-meçaram a reagir às medidas do gover-no, reduzindo juros de forma moderada,levando a uma diminuição do spread3.O mais importante no momento é que osagentes econômicos recuperem o otimis-mo no cenário macroeconômico do paíse voltem a consumir e investir, para queos objetivos de política econômica quede fato importam - crescimento e redu-ção do desemprego - sejam atingidos.

Fontes:1- www.bcb.gov.br, acessado em 18/07/032- www.bcb.gov.br, acessado em 18/08/033- www.bcb.gov.br, acessado em 20/08/03

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* Dados parciais

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Política Cambial

Nilton César de O. Pimentel

MercadoFinanceiroCristina Vidigal C. Miranda

O comportamento da moeda norte-americana nos últimos tempos tem semostrado tranqüilo, sem muitos sobres-saltos. As variações têm sido comumen-te provocadas em função dos vencimen-tos de dívidas cambiais, discussõessobre as expectativas das reformas ealgumas influências do mercado externo.

O governo tem adotado a posturade não rolar toda a dívida vincenda ecom isso conseguido segurar a cotaçãoem patamares que são de seu interesse,tanto para não desestimular as exporta-ções quanto para manter as importaçõesainda a níveis não muito atraentes. Deve-se lembrar também que o fato de o gover-no não rolar o total das dívidas temtambém um caráter de redução da parcelade dívida atrelada àquela moeda.

A moeda estrangeira durante omês de agosto tem oscilado na faixa dosR$ 3,00 e chegou a atingir picos de R$3,07, porém, agora se mantém pratica-mente estável sendo cotada em tornode R$ 3 novamente. No início de julhoseu comportamento apresentava umaleve tendência de baixa, no entanto,alguns boatos como o de que o Ministroda Fazenda, Antonio Palocci, estaria porabandonar o cargo somado a algumasespeculações acerca das reformas,fizeram com que ela interrompesse atrajetória de queda e passasse a elevarum pouco, chegando aos patamaresatuais e, aparentemente, se estabili-zando.

Fala-se agora em um novo pata-

mar para a moeda norte-americana. Essepatamar estaria girando na casa dos trêsreais e, acredita-se, não seria tão preju-dicial à balança comercial quanto ospatamares registrados durante o mês dejulho, no qual a moeda chegou a atingiro valor de R$ 2,82. Segundo alguns ana-listas do mercado, o dólar abaixo dosR$ 2,90 já começa a prejudicar os saldoscomerciais.

Este valor prejudicial para os sal-dos da balança está longe de ser umconsenso entre os mais diversos ana-listas, porém, percebe-se sempre umacoerência nos diversos raciocínios.Pode-se notar já neste mês a provávelinfluência das baixas taxas registradasda moeda, pois o saldo comercial já co-meça a apresentar valores mais baixosque os atingidos anteriormente.

Um outro fator relevante que jus-tifica a queda da cotação em algunsmomentos é o fato das empresas brasi-leiras, diferentemente do ano anterior,estarem conseguindo captar recursosexternos a taxas atraentes, confirman-do, assim, a credibilidade que está sen-do dada ao país. Existem vários exem-plos de captações consideráveis no ex-terior de empresas, que foram realizadasno decorrer deste ano, como uma ocor-rida no dia 13 de agosto deste ano, daordem de US$ 400 milhões por parte doBradesco. Essa mereceu uma atençãoespecial por ter sido uma securitizaçãocom o vencimento mais longo realizadopor uma instituição financeira1, tendocomo prazo um período de sete anos eratificando a credibilidade externa emnossas instituições.

Fonte:1- Valor Econômico, 13/08/03

SisbacenPTAX800

O início deste ano foi caracteriza-do por grandes oscilações e nervosismono mercado financeiro, principalmentedevido às incertezas políticas. Contudo,com o passar do tempo, as expectativasforam melhorando, as empresas voltarama captar recursos no exterior, tendo seusprazos de vencimentos cada vez maisalongados e os investidores restaurarama confiança na solvência do setor públi-co.

Esta queda do nervosismointerno também ajudou o governo, quejá conseguiu captar duas vezes recursosno exterior, realizando emissões debônus soberanos. Ambas as operaçõesforam consideradas um sucesso, sendoa demanda bem superior à oferta.

Nestes últimos meses, o mercadobrasileiro desvinculou-se um pouco dosmercados internacionais, principalmentedos norte-americanos, e passou a darmais importância ao cenário interno, oque ajudou a reduzir as grandesoscilações sofridas pela Bovespa –Bolsa de Valores de São Paulo.

Contudo, o início das discussõesda Reforma da Previdência e as váriaspressões que o governo vem sofrendode diversas lideranças reduziu um poucoo ânimo dos investidores, o que causoualgumas perdas ao Ibovespa, mas nadaque lembrasse o grande nervosismoocorrido em meados do ano passado.

Com isto, e também acompanhan-do o comportamento dos Treasuries –títulos do Tesouro dos EUA –, os C-Bonds devolveram um pouco dosganhos registrados nos últimos meses.Os Treasuries estão ficando mais bara-tos, o que aumenta suas rentabilidades.Dessa forma, a demanda por títulos dadívida brasileira desvia-se para os papéisnorte-americanos, e os C-Bonds, que jáchegaram a ser cotados acima de 92%do seu valor de face, estão, atualmente,girando em torno de 86%1.

Refletindo esta queda dos títulosda dívida externa brasileira, o risco Brasil– calculado pela agência norte-america-na JP Morgan – vem sofrendo grandesoscilações, voltando a ultrapassar os 900pontos, mas já se encontra em queda.

Alguns fatores econômicos, comoa queda do depósito compulsório tam-bém trouxeram boas perspectivas para

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Conjuntura Externa

Cristina Vidigal C. Miranda

a Bovespa, assim como a queda dosíndices de preços que vem ocorrendonos últimos três meses, pois trazemconsigo a perspectiva de queda aindamaior na taxa de juros Selic, o que pode-ria trazer um novo ânimo à economia.

Além destes, também foram impor-tantes as melhoras nas contas governa-mentais, a estabilidade do dólar e a boasafra agrícola.

O cenário econômico é muitoimportante e bastante analisado pelosinvestidores uma vez que eles agemdiretamente sobre os resultados dasempresas, podendo trazer ganhos ouperdas aos acionistas.

Dessa forma, a divulgação dosresultados corporativos, essencialmen-te na segunda semana de agosto, foiacompanhada de perto pelo mercado,quando foram divulgados os númerosde importantes empresas como a Valedo Rio Doce, a CSN, a Embraer, a Petro-brás e o Banco do Brasil.

Vale destacar o resultado da Net,que registrou seu primeiro lucro líquidodesde sua fundação em 1994. A Compa-nhia contabilizou um lucro de R$ 31,5milhões2, sendo este derivado da fortemelhora operacional, reflexo, principal-mente, da renegociação de contratos eda forte valorização do real no período.

O fluxo de investimentos estran-geiros na Bovespa durante os primeirosoito dias do mês de agosto atingiu R$204,7 milhões3, mostrando o otimismodo mercado em relação aos indicadoreseconômicos, principalmente, as reformasestruturais no Congresso.

Assim, pode-se dizer que a Boves-pa saiu da maré de desvalorizaçõesocorridas no final do ano passado,quando o Ibovespa chegou a ser cotadoabaixo de 9.000 pontos. Atualmente, oIbovespa está numa “maré de otimismo”,sendo negociado acima de 14.000pontos4.

Mas deve-se salientar que asreformas estruturais e a volta do cresci-mento econômico são importantes fato-res para o mercado. Caso estes demorema acontecer, pode ocorrer uma nova crisede nervosismo, gerando perdas nasBolsas e em outros investimentos.

Fontes:1- www.assetline.com.br, acesso em 15/08/032- www.cvm.gov.br, acesso em 09/08/033- www.bovespa.com.br, acesso em 13/08/03

A economia norte-americana vemsofrendo os efeitos de uma desacele-ração econômica desde 2001, entretanto,alguns indicadores econômicos recen-tes mostram boas perspectivas futuraspara o país, indicando a retomada de umcrescimento sustentável.

O PNB – Produto Nacional Bruto– do país cresceu neste segundo trimes-tre a uma taxa anualizada de 2,4%1, bas-tante superior às expectativas do merca-do. Apenas o consumo é responsávelpor aproximadamente 2/3 deste índice.

Dessa forma, torna-se relevanteanalisar o comportamento da confiançado consumidor. De acordo com a Univer-sidade de Michigan, este índice atingiu90,9 pontos em julho1, bem superior aospatamares alcançados durante a guerracontra o Iraque.

Os juros básicos da economiaforam reduzidos a 1% ao ano, sendo estaa menor taxa nominal desde 19582. Dessaforma, o Banco Central norte-americanoestá buscando alternativas para estimu-lar o consumo.

Os índices de preços, tanto aoprodutor quanto ao consumidor, apósapresentarem deflação – um sinal dedeterioração econômica – já voltaram aregistrar taxas positivas, sendo que oCPI – Índice de Preço ao Consumidor –do mês de julho foi de 0,2%3.

A taxa de desemprego, quechegou a atingir 6,4% em junho, recuoue ficou em 6,2% no mês de julho3. Alémdisso, o número de pedidos de auxílio-desemprego vem se mantendo abaixodos 400 mil3 pedidos, sendo que acimadesde patamar considera-se umasituação crítica. Esta queda reflete aredução no índice de desemprego e umbom desempenho da economia.

Um outro indicador que tambémestá mostrando o retomada econômicaé a Sondagem Industrial e de Serviçoscalculada pelo ISM – Instituto paraGestão da Oferta. O ISM Serviçosregistrou 65,1 pontos em julho. Já o ISMIndustrial atingiu 51,8 pontos em julho1.Para estes indicadores, uma taxa acimade 50 pontos indica expansão, caso con-trário é caracterizado como contração.

Analisando estes e outros indica-

EUA

dores, há perspectiva de uma voltaconsistente do crescimento econômicojá neste segundo semestre, o que épositivo para outras economias como oJapão, a Zona do Euro e o Brasil.

Os países que compõem a Zonado Euro continuam apresentando sinaisde fragilidade econômica.

Em junho, o Banco Central Euro-peu reduziu a taxa de juros, passando-apara 2% ao ano4, a fim de estimular aeconomia. Contudo, há alguns analistasafirmando ser necessário mais cortespara estimular a economia da região, oque pode ocorrer se a economia nãomostrar sinais de reaquecimento.

A inflação que sempre foi umapreocupação da Comissão Européia estáse mantendo no nível exigido de 2% aoano4.

A taxa de desemprego reflete aestagnação econômica, atingindopatamares de 8,9% em junho4. Alémdisso, não há perspectivas de melhorasdo desemprego enquanto a economianão voltar a crescer.

O Japão continua apresentandouma situação delicada, dependendo daretomada do crescimento econômicoglobal para impulsionar sua recupe-ração.

Um indicador que surpreendeu oseconomistas foi o comportamento doPIB, o qual cresceu a uma taxa anualizadade 2,3%5 neste segundo trimestre, sendoeste o seu sexto trimestre consecutivode alta.

Além disso, de acordo com ogoverno japonês, o gasto empresarialelevou-se em 1,3% neste segundotrimestre. Os investimentos e os preçosdas ações também apresentaram umasignificativa melhora, levando o governoa melhorar suas avaliações econômicas.

Dessa forma, espera-se umamelhora neste segundo semestre, massão necessários ressalvas, uma vez quea economia japonesa está fortementerelacionada ao cenário mundial.

Zona do Euro

Japão

Fontes:1- www.economagic.com, acesso em 02/08/032- www.federalreserve.gov, acesso em 13/08/033- www.bls.gov, acesso em 16/08/034- europa.eu.int/comm/eurostat, acesso em13/08/035- www.boj.or.jp, acesso em 13/08/03

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Expediente

Universidade Federal de Juiz de ForaReitora:

Maria Margarida M. Salomão

Faculdade de Economia e AdministraçãoDiretor:

José Humberto V. Lima Júnior

Coordenação do Curso de CiênciasEconômicas:

Lourival Bastista de Oliveira Jr.

Coordenação do Núcleo de PesquisasEconômicas:

Ricardo da Silva Freguglia

Coordenação do Grupo de ConjunturaEconômica:

Cid de Oliva Botelho Júnior

Professores responsáveis: - Cid de Oliva Botelho Júnior:

Setor ExternoPolítica CambialMercado FinanceiroConjuntura Externa

- Lúcio R. L. Sá Fortes:Nível de Atividade NacionalPolítica FiscalInflaçãoPolítica Monetária

- Fernanda Vilhena:Conjuntura Regional

- Márcia R. Medeiros:Política Agrícola

ConjunturaRegional

Fernanda Vilhena

Visite nossa Home-Page:http://www.nupe.ufjf.br

Telefone: (32) 3229-3530

O valor da cesta básica1 em Juizde Fora aumentou 0,89% em maio nacomparação com abril de 2003, o que in-dica que os consumidores estão compro-metendo uma fração maior de sua rendapara satisfazer suas necessidades bási-cas de alimentação. Realmente, o valorda cesta básica em abril deste ano erade R$ 120,05, o que permitia que 54,16%do rendimento líquido (salário mínimoapós os descontos do INSS) do consu-midor juizforano fosse destinado a aqui-sição da cesta básica. Já em maio, a cestabásica aumentou para R$ 121,12, comum percentual de 54,64% do rendimentolíquido sendo utilizado para adquiri-la .

A mesma tendência de aumentoapresentou o Custo Unitário Básico(CUB) da Construção Civil2, que cresceu3,37% na comparação de maio a junhodeste ano. A mão-de-obra contribui paraeste, pois apresentou acréscimo de3,85% e os materiais também aumentaram2,98% neste período.

Em relação ao nível de atividadeeconômica do município, percebe-semelhora no indicador de pedidos de fa-lência3. Isso porque, enquanto no pri-meiro semestre do ano passado, contabi-lizou-se um total de fechamento de 28empresas, no primeiro semestre de 2003registraram-se 5 falências, o que repre-senta queda de 82,14% neste indicador.

O nível de emprego4 em Juiz deFora melhorou em maio de 2003, já quehouve criação de 90 novos postos detrabalho neste mês em relação ao mêsanterior, reflexo do saldo positivo nasadmissões (2850) em relação às demis-sões (2760).

Porém, o emprego na região conti-nua registrando queda no acumulado atéo mês de maio de 2003, sendo esta de161 postos de trabalho. Os setores quemais contribuíram para este cenário,foram o comércio, a indústria de transfor-mação e a construção civil, que elimina-ram, respectivamente, 454, 172 e 98postos de trabalho nos primeiros cincomeses de 2003. A queda acumulada noemprego só não foi maior porque houveexpansão significativa do emprego nosetor serviços, que gerou 608 novospostos de trabalho.

Espera-se, no entanto, uma possí-vel melhora na contratação do setor de

construção civil com a inauguração doPrograma de Arrendamento Residencial(PAR) Popular pela Caixa EconômicaFederal5. A cidade poderá ser beneficia-da, pois o Sindicato das Indústrias daConstrução Civil de Juiz de Fora (Sin-duscon) já submeteu quatro projetospara avaliação. Tais empreendimentospoderão amenizar o problema do desem-prego neste setor na região.

Além disso, o início das obras deconstrução da Hidrelétrica de Picada, nomunicípio de Torreões, poderá gerar1000 empregos diretos durante toda aobra que tem previsão para ser finalizadaem agosto de 2005. Esse investimentotem orçamento previsto de R$ 116 mi-lhões e beneficiará a empresa Paraibunade Metais, que poderá expandir suaprodução de zinco, duplicando o volumeatual.

Também está previsto para pou-cos meses o início da obra da Adutora eEstação de Tratamento de Água doreservatório de Chapéu D’Uvas, queresolverá o problema de abastecimentode água no município de Juiz de Fora. Oinvestimento será realizado com R$ 10,2milhões do BDMG e os R$ 6 milhõesnecessários para finalização da obratentarão ser obtidos junto ao BDMG.

Também é esperado impacto posi-tivo no emprego devido à construçãode um Complexo Hospitalar pelo Hospi-tal Monte Sinai. A previsão é de um in-vestimento de R$ 50 milhões para amplia-ção da unidade atual e construção demais dois edifícios destinados a clínicase consultórios médicos. Os recursosserão financiados pelo BNDES e aexpectativa é que com a conclusão doempreendimento, em 18 meses, sejamgerados até 1000 postos de trabalho.

As empresas do município de Juizde Fora poderão ser beneficiadas com oinício do funcionamento na cidade doEscritório de Soluções Integradas deDesenvolvimento (SID) que interagecom instituições de fomento obtendolinhas de financiamento em condiçõesfavoráveis.

Em relação às Finanças Munici-pais de Juiz de Fora, espera-se aumentosignificativo (de até 50%) na arrecada-ção de ISS. Tal fato é decorrente daaprovação de lei que ampliou de 100para 210 os itens de cobrança obrigatóriado imposto. Isso seria importante paracompensar as perdas no repasse doFundo de Participação dos Municípios(FPM).

A Prefeitura de Juiz de Fora repas-sou no dia 21 de agosto R$ 490 mil para

Fontes:1- Boletim CPS, Junho/20032- Boletim CPS, Junho/20033- Boletim CPS, Julho/20034- Boletim CPS, Julho/20035- Tribuna de Minas – vários números

a empresa DaimlerChrysller em Juiz deFora. Esta quantia é referente à obrigaçãocontratual que prevê pagamento de0,67% sobre o preço bruto de cada auto-móvel produzido na cidade para financia-mento de capital de giro. A prefeituratem questionado esta cláusula, pois ale-ga que a empresa não tem gerado empre-go e nem dividendos para o município.A alegação é que este montante estariasendo melhor alocado se fosse destina-do para outras iniciativas.