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editorial B O L E T I M *24 maio 2013 . boletim trimestral . ano 4 À s voltas com a palavra Avaliar… avaliar é um meio indis- pensável à evolução, perceber como estou para saber por onde ir. Avaliar permite determinar um valor ou reconhecer a importância, a grandeza, a intensidade ou mesmo a força. A dimensão do reconhecimento está bem espelhada no texto de S. Lucas quando descreve a cura de dez leprosos, «Um deles, vendo-se curado, voltou, glorificando a Deus em voz alta; caiu aos pés de Jesus com a face em terra e agradeceu-lhe.» (Lc 17, 15-16). A gratidão que brota do reconhecimento traz consigo a alegria autêntica dos filhos de Deus. Avaliar permite ainda identificar as fragilidades ou limitações de tal forma que seja possível transformar em força aquilo que é fraqueza. À semelhança da primavera que em cada ano renova a terra com nova beleza e novo aroma, haja nos nossos grupos tempo para avaliar e espaço para constante renovação. A avaliação é parte constitutiva da execução de qualquer ac- tividade e deve ter o mesmo empenho que a programação e a execução.

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BOLETIM 1

editorial

B O L E T I M *24maio 2013 . boletim trimestral . ano 4

Às voltas com a palavra Avaliar… avaliar é um meio indis-pensável à evolução, perceber como estou para saber por onde ir. Avaliar permite determinar um valor ou reconhecer

a importância, a grandeza, a intensidade ou mesmo a força.A dimensão do reconhecimento está bem espelhada no texto

de S. Lucas quando descreve a cura de dez leprosos, «Um deles, vendo-se curado, voltou, glorificando a Deus em voz alta; caiu aos pés de Jesus com a face em terra e agradeceu-lhe.» (Lc 17, 15-16). A gratidão que brota do reconhecimento traz consigo a alegria autêntica dos filhos de Deus.

Avaliar permite ainda identificar as fragilidades ou limitações de tal forma que seja possível transformar em força aquilo que é fraqueza.

À semelhança da primavera que em cada ano renova a terra com nova beleza e novo aroma, haja nos nossos grupos tempo para avaliar e espaço para constante renovação.

A avaliação é parte constitutiva da execução de qualquer ac-tividade e deve ter o mesmo empenho que a programação e a execução.

BOLETIM 2

Secção OpInIãO

Maturidade de féP.e Luís MigueL Figueiredo rodrigues | [[email protected]]

A educação da fé procura, pela interação entre a graça divina e a ação humana, a profissão de fé viva, explícita e atuante (DGC 66). O que é o

mesmo que fizer uma fé adulta e responsável.A vida adulta é entendida muitas vezes como

uma fase de estabilidade, pelo que essa estabilidade é, ela mesma, uma característica de maturidade.

Um adulto é alguém que já fez uma primeira unifi-cação da sua personalidade. Todas as dimensões da sua personalidade estão harmoniosamente interligadas. Um cristão adulto faz esta harmonização a partir da sua decisão livre de aderir a Jesus Cristo, pela fé. Esta con-versão compromete livremente a cada pessoa que vai adequando a sua conduta na direção daquilo que vai descobrindo como vontade de Deus. A vida do cristão adulto não é fruto de um determinismo circunstancial, mas sim de um permanente exercício de liberdade. Es-colher, em cada caso, de acordo com a vontade de Deus implica o manuseamento de muitas variáveis. Este exercício de discernimento é fruto e gerador de uma personalidade crente equilibrada e madura.

A liberdade e entrega do adulto, geradores de profundas convicções, leva-o a viver com estabilida-de, e não ao sabor dos acontecimentos. A coerência cristã deriva das profundas convicções evangélicas que dão forma a uma fé adulta.

Embora o Cristianismo não se reduza a uma mensagem ou a um conjunto de conhecimentos, o adulto assimilou uma estrutura de conteúdos de fé capaz de dar consistência às atitudes e aos comportamentos.

Este maturidade é fruto de um itinerário de cres-cimento, já realizado, no seio de uma comunidade cristã, acompanhado por um catequista, e onde a sua vida pessoal foi e é relida à luz do Acontecimen-to pascal de Jesus Cristo.

O adulto é, por fim, responsável e sabe-se cons-ciente por todas as dimensões da sua vida e atitu-des, pelo que o seu assumir da vida cristã implica a vivência de uma vocação. A vocação faz de cada cristão responsável por um projeto de vida, fiel à sua identidade de filho de Deus. Este compromis-

BOLETIM 3

Maturidade de féso deriva da sua identificação com o ser e a missão da Igreja, que se traduz no cumprimento da sua responsabilidade eclesial na circunstância e con-dição a que o Senhor o chamou.

Como membro de uma comunidade, o cristão vive em Igreja, comprometido com o Reino de Deus: é um ser socializado. Por isso, é capaz de es-tar inserido no mundo, nos diversos âmbitos – fa-mília, cultura, economia, política e outras –, como seguidor de Jesus Cristo, colaborando com todas as pessoas para a construção de uma sociedade mais justa e fraterna.

Esta maturidade consegue-se mantem-se atra-vés de uma espiritualidade mistagógica, onde cada crente «aprofunda mais o mistério pascal e procu-ra traduzi-lo cada vez mais na vida pela meditação do evangelho, pela participação na Eucaristia e pelo exercício da caridade» (RICA 37).

O adulto é também aquele que vive adaptado à realidade que o circunda e às suas próprias capa-cidades. Esta tomada de consciência dá ao cristão

adulto uma convicção firme da sua humildade, que não é falso comodismo, mas sim o assumir que só com a graça de Deus é capaz de viver a sua fé, fiel e livremente.

Sabe-se criatura diante do Criador, filho de Deus Pai. Reconhece que só em Cristo pode obter a salva-ção e que a sua santificação é resultado da ação do Espírito Santo.

Esta relação com Deus dá ao crente a capaci-dade de perceber a sua própria vida e a história da humanidade integradas na realização de um pro-jecto que não é seu, mas de Deus. É a referência a este projecto que vai dando sentido e significado aos acontecimentos, mesmo aqueles que parecem negativos podem ser assumidos à luz desta visão mais ampla.

É também à luz deste projecto amplo e global, que tem Deus como origem e meta, que o adulto en-contra resposta e sentido para as grandes perguntas existenciais que reiteradamente atormentam o ser humano.

BOLETIM 4

Secção OpInIãO

antónio JoaquiM gaLvão

Formação (Filosofia) Cristã de Adultos – I“Todo aquele que ouviu e aprendeu do Pai, vem a

Mim” (Jo 6, 45).

Não é fácil traduzir em palavras a mensagem que pretendemos comunicar com «Formação (Filosofia) Cristã de Adultos». Contudo, vamos

tentar simplificar: o cristão adulto vive o que diz.

Conta-se que um dia, saindo do convento, S. Fran-cisco encontrou Frei Junípero. Era um frade simples e bom de quem S. Francisco gostava muito. Disse-lhe S. Francisco:

– Frei Junípero, venha comigo, vamos pregar.Respondeu-lhe Frei Junípero:– Meu pai, sabe que tenho pouca imaginação.

Como poderei falar às pessoas?S. Francisco insistia e Frei Junípero obedeceu.Passaram pela cidade rezando em silêncio por

todos os que trabalhavam nas oficinas e nos campos. Sorriram às crianças, especialmente às mais pobres. Trocaram algumas palavras com os idosos, acaricia-ram os doentes e ajudaram uma mulher a transpor-tar uns cântaros cheios de água.

Depois de terem atravessado a cidade, S. Francis-co disse:

– Frei Junípero, são horas de regressarmos ao convento.

– E a nossa pregação? Perguntou Frei Junípero.S. Francisco, sorrindo, respondeu:– Já a fizemos… Já a fizemos…

Moral da história: a melhor maneira de comuni-car uma mensagem não é a palavra, mais ou menos bonita, que pronunciamos mas a linguagem que ir-radia da nossa forma de viver.

Certamente, todos têm presente na memória a atitude simples do Papa Francisco, na varanda do Va-ticano, que se ajoelhou e pediu a bênção do povo. Logo vieram comentários de que na América Latina isso é comum fazer-se…

Para nós, é importante perceber que para comu-nicar a Boa Nova de Jesus é preciso que o exemplo de vida irradie simplicidade e muita felicidade por-que Ele é Amor.

É este exemplo de vida que irradia a autoridade

de Deus, que nos liberta na alegria e prazer de viver que gostaríamos que fosse a «Filosofia» de vida de todo o cristão.

Mais que uma questão de formação académica, de conhecimentos científicos e tudo o mais com o seu inestimável valor, gostaríamos de propor uma «filoso-fia de serviço». Talvez por defeito de «formação», já que profissionalmente tivemos que «obrigar» tantos a su-pervalorizarem o conhecimento académico, para o po-rem ao serviço dos outros, que hoje pensamos que sem uma consciencialização do que somos e para quê que somos, o conhecimento académico é capaz de «entrar por um ouvido e sair pelo outro»! Parece-nos que o me-lhor serviço que prestamos se distingue pela qualidade da relação humana com que o prestamos.

Provavelmente uma grande parte dos leitores destas palavras se recordam que ainda há pouco tempo… quem não «tinha jeito para estudar» ia servir. Servir era desvalorizado e não sei se hoje não continua a ser… «não quer estudar vai trabalhar (ser-vir)», esquecendo que todos servimos e somos servi-dos! Não conheço nada de mais digno do que servir os outros! “O Filho do Homem não veio para ser ser-vido, mas para servir e dar a Sua vida pelo resgate de muitos” (Mt 20, 28). Nada mais digno do que servir os outros, servindo a humanidade. Jesus Cristo, depois de Simão Pedro responder, à pergunta «e vós quem dizeis que Eu sou?», que era «o Cristo, o Filho de Deus vivo» disse-lhe: ”És feliz, Simão, filho de Jonas, porque não foram a carne nem o sangue quem to revelou, mas Meu Pai que está nos céus» e acrescentou: «Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a Minha Igreja» (Mt 16, 15-18). É da Igreja de Jesus Cristo que falamos e é na Igreja de Jesus que nos movimentamos como pedras vivas que servem e são servidas, conscientes de que «importa mais obedecer a Deus do que aos homens» (Act 5, 29). Sem entrarmos em grandes teo-logias, todos sabemos que servir em Igreja é um dos atos mais dignos e ao alcance de qualquer pessoa. Então escolher, decidir servir a (em) Igreja é optar por caminhar com os demais no caminho da salva-ção. Santo Agostinho diz-nos que “ninguém poderá alcançar a salvação e a vida eterna se não tiver Cristo como cabeça. E ninguém poderá ter Cristo como ca-beça, se não fizer parte do seu corpo, que é a Igreja”. A Igreja nascida do coração aberto na cruz.

BOLETIM 5

Formação (Filosofia) Cristã de Adultos – INão sabemos precisar quantos «artigos» e outras

formas de comunicação já proferimos como respon-sáveis do «Departamento Arquidiocesano da Forma-ção Crista de Adultos»! Muitos dirão:

– É só «palavreado» não se vê nada de concreto. Onde estão as ações, os programas, os encontros… Os «conhecimentos académicos» para a formação de adultos?

Aqui reside o fundamental da nossa questão: achamos que é preciso ajudar e dar às pessoas o ne-cessário para levarem a cabo as suas missões, é ne-cessário formar.

Por outro lado não há nada pior que dizer à pes-soa que venha, isto é fácil, dizem-se umas coisas e depois logo se vê… Se gostares ficas, se não gosta-res vais embora!

Jesus disse: «Vinde ver» (Jo 1, 39). Na carta aos Efé-sios, S. Paulo diz-nos: “nenhuma palavra má saia da vos-sa boca, mas só a que seja boa para edificar”(4, 29).

A nossa perspetiva é repensar a finalidade com que fazemos as coisas. Repensar bem se não esta-mos «perdidos» em querer chamar os de fora esque-cendo os que estão dentro. “Quando chegou o dia de Pentecostes, encontravam-se todos reunidos no mesmo lugar. Subitamente ressoou, vindo do céu, um som comparável ao de forte rajada de vento (…) Todos ficaram cheios de Espírito Santo e começaram a falar outras línguas, conforme o Espírito lhes inspi-rava que se exprimissem” (Act 2, 1-4). Preocupa-nos a orientação e a missão de “ide, pois, ensinai em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo ensinando-as a cumprir tudo quanto vos tenho mandado. E eu esta-rei sempre convosco, até ao fim do mundo” (Mt, 28, 19-20). Temos, graças a Deus, muito boas pessoas a fazerem unidade na Igreja. Pessoas que não precisam de um «esquema» rigoroso, mas de uma orientação para o ensino, deixando que a decisão seja de cada um, ou seja, que servir é uma escolha, uma vocação. Como diz a canção: Move-me, meu Deus, para Ti, que não me movam as teias deste mundo, não! Move-me, atrai-me para Ti, desde o meu profundo.

No mais profundo não devemos colocar os nossos interesses mesmo que intrínsecos à ativida-de que realizamos. O nosso Deus é Deus de Amor. Se cada qual não fizer o seu encontro com Jesus Cristo,como poderá assumir o projeto que Deus tem

para ele, para a sua realização plena? Estamos a viver o Ano da Fé, a nível diocesano a Fé Professada. Para o próximo ano viveremos o ano da Fé celebrada.

Que as nossas celebrações, em especial a Santa Eu-caristia, “dom demasiado grande para admitir ambigui-dades e reduções” (João Paulo II, A Igreja Vive da Euca-ristia), seja o fundamento da nossa comunhão. Que as nossas celebrações nos identifiquem com Jesus. Que o Seu alimento seja a força da nossa União, do nosso pen-sar com Ele e de O ensinarmos amando-nos. Que eu, tu, nós vivamos de maneira digna a nossa vocação.

Todos sabemos que temos bons investigadores que como professores deixam muito a desejar, que ser boa zeladora não significa ser boa catequista, ser boa catequista não significa ser boa ministra extraordinária da comunhão, ser grande intelectual não significa ser muito sociável…etc… etc! Na Igreja há lugar para to-dos e todos somos convidados. Todos somos chama-dos a evangelizar: “Sereis meus amigos se fizerdes o que vos digo” (Jo 15,14). Eu, tu, nós que somos Igreja, não podemos ficar indiferentes ao pedido do Mestre. Todos somos chamados a anunciar a Pessoa de Jesus Cristo. Isso só acontecerá, parece-nos a nós, se estiver-mos verdadeiramente comprometidos a proclamar que Jesus é o Senhor, a tornar presente a Igreja de Je-sus, em todos os lugares e em todas as circunstâncias. Queremos, mais do que propor este ou aquele esque-ma, criar condições de confiança para as pessoas se munirem das ferramentas que lhes permitam levar a cabo as suas missões no sentido de lhes reconhecer o trabalho e de lhes dar responsabilidade. Para além disso, estamos disponíveis para ajudar neste e naquele caso concreto para esta ou aquela comunidade. A comu-nidade é que é a responsável pela formação dos seus membros. É a comunidade que educa e só educando o meio ambiente humano, cumprindo o seu «papel» e sua «função», será verdadeira família onde todos sere-mos irmãos. Enquanto nas comunidades paroquiais os conselhos pastorais não «funcionarem» será provavel-mente bem mais difícil. A «teoria» e o «fundamento» é o mesmo, Jesus Cristo, mas o contexto e a realidade po-dem ser diferentes. Propomos assim que cada agente pastoral faça uma caminhada de fé ajudado pelo seu orientador espiritual na sua comunidade e, se precisar da nossa colaboração, não hesite em contactar-nos: [email protected] ou 965632101.

Antes de entregarmos esta ou aquela tarefa a uma pessoa, rezemos ao Espírito Santo para que nos ilumine e, em conjunto, possamos estabelecer a re-lação que é necessária para que Deus por nosso in-termédio entre no coração daqueles a quem damos testemunho e todos possamos dizer: o adulto vive o que diz porque ouviu e aprendeu do Pai.

BOLETIM 6

Secção OpInIãO

Segundo o Sínodo para a nova Envangelização é urgente anunciar de novo Cristo onde a luz da fé se debilitou, onde o fogo de Deus, à seme-

lhança dum fogo em brasas, pede para ser reavivado a fim de se tornar chama viva que dá luz e calor a toda a casa. A nova Evangelização diz respeito a toda a vida da Igreja. Todavia, a catequese deve ser um lu-gar privilegiado para comunicar Cristo, é necessário continuar a investir numa catequese adequada, na preparação para o Batismo, para a Confirmação e a Eucaristia. As crianças, adolescentes e jovens preci-sam de crescer na experiência de fé, entendida como profunda relação com Jesus, como escuta interior da sua voz que ressoa dentro de nós (cf. Homilia do en-cerramento do Sínodo para a Nova Evangelização, 2012). Este itinerário faz-se no âmbito de comunida-des cristãs que vivem uma intensa atmosfera de fé, um generoso testemunho de adesão ao Evangelho, uma paixão missionária que induz a pessoa à doa-ção total de si mesma pelo Reino de Deus, alimen-tada pela receção dos sacramentos, especialmente a Eucaristia, e por uma fervorosa vida de oração (cf. Mensagem do Santo Padre, Papa Bento VI, para o 50º Dia Mundial de Oração pelas Vocações). Portanto, é fundamental fomentar uma escuta atenta e prolon-gada da Palavra de Deus, bem como, um contacto permanente com a Eucaristia. Estes são dois pila-res fundamentais para que um cristão cresça na fé. Como consequência desta vivência enraizada em Cristo Jesus, florescerão as vocações que a Igreja tan-to precisa: como é a vocação ao matrimónio, à vida consagrada, ao sacerdócio, à vida laical e missionária, a vocação à santidade…

Tal com aconteceu outrora, também hoje, “Jesus, o Ressuscitado passa pelas estradas da nossa vida e chama muitos a segui-Lo. E este apelo pode chegar em qualquer momento. Jesus repete também hoje: «Vem e segue-Me!» (Mc 10,21). Para acolher este convite, é preciso deixar de escolher por si mesmo o próprio caminho. Segui-Lo significa entranhar a própria vontade na vontade de Jesus, dar-Lhe verda-deiramente a precedência, antepô-Lo a tudo o que faz parte da nossa vida: família, trabalho, interesses

pessoais, nós mesmos. Significa entregar-Lhe a pró-pria vida, viver com Ele em profunda intimidade, por Ele entrar em comunhão com o Pai no Espírito Santo e, consequentemente, com os irmãos e irmãs” (Men-sagem do Santo Padre, Papa Bento VI, para o 50º Dia Mundial de Oração pelas Vocações).

Compete à comunidade cristã (pároco, pais, ca-tequistas, etc.) serem mediadores de Jesus Cristo, no despertar e no incentivar as crianças e jovens na des-coberta na vontade de Deus para cada um(a). Pois, só na medida em que se é fiel ao projeto de Deus, é que há uma plena realização pessoal e comunitária. Por isso, não nos cansemos de repetir as palavras do Papa Bento XVI: “Amados jovens, não tenhais medo de seguir Jesus Cristo e de percorrer os caminhos exigentes e corajosos da caridade e do compromis-so generoso. Sereis felizes por servir, sereis testemu-nhas daquela alegria que o mundo não pode dar” (Mensagem do Santo Padre para o 50º dia Mundial de oração pelas Vocações).

Evangelização, fé e Vocaçõesir. rosa carreira | PastoraL vocacionaL

BOLETIM 7

Secção pOnTES DOS ARCIpRESTADOS

Barcelos

Dia Arciprestal do Catequista

Realizou-se no dia 16 de Fevereiro , mais um dia arciprestal do catequista, em Eugénia.

Este ano, o tema trabalho neste encontro foi” A FÉ DO CATEQUISTA”. O encontro teve inicio pelas 9:00 horas, e começado pelo acolhimento dos catequistas seguindo-se a oração da manhã.

Realizou-se um plenário sobre a catequese IN-TERGERACIONAL, orientado e realizado pelo Pe. Vasco Gonçalves da Diocese de Viana do Castelo, sendo o mesmo um dos mentores deste projeto. No qual o Sr. Pe. Vasco realçou a importância deste projeto para a catequese e família , como o elo en-tre os filhos e a Igreja. Também apelou a que as co-munidades adiram a esta proposta, como futuro e a fortalecer a ligação entre a família e catequese .

Seguindo-se os diversos atelier , sobre os temas: COMO DESPERTAR A FÉ NA CATEQUESE; COMO VIVER A FÉ NA COMUNIDADE; CREDO PASSO A PASSO;LECTIO DIVINA e ainda o CHUVA DE IDEIAS que teve como objetivo redescobrir o porquê das várias dificuldades de “trazer/chamar” as crianças para a Eucaristia.

Momento de Oração

No dia 23 de Fevereiro, realizou-se mais um encontro de oração em todo o Arciprestado, para marcar o inicio da caminhada da Qua-

resma. Este encontro foi realizado em simultâneo em todas as zonas de catequese , para assim poderem estar todos os catequistas em oração e meditação.

Cortejo Bíblico

No dia 17 de Março, a equipa de catequese (ECA) com a colaboração das paróquia do Arciprestado, realizaram um cortejo Bíblico,

inserido na semana Bíblica da cidade de Barcelos. Esta atividade extra ao plano, foi um culminar de

um apelo do Sr. Prior Abílio Cardoso. O cortejo teve como missão levar o Arciprestado a fazer união entre catequese e família, uma vez que os vários quadros representados tiveram a colaboração de catequistas, catequizados e pais, num total de 900 pessoas en-volvidas. No cortejo Bíblico, foram representados dos

vários momentos da vida da Igreja, desde o Antigo Testamento, Novo Testamento e os documentos da Igreja. A nível da resposta das paróquias , foi muito positivo, no qual estavam representado cerca de 65/70 paróquias das 89 do Arciprestado.

A equipa “ECA”, realçou a boa vontade de todos os envolvidos, desde a preparação das paróquias e zonas, até a colaboração do clero. O coordenador Pedro Mendes, aproveitou para agradecer aos co-ordenadores paroquias em nome da equipa, todo o trabalho por eles realizados.

Encontro de reflexão/recoleção

No dia 6 de Abril, realiza-se no seminário Espí-rito Santo, Silva. O momento de reflexão para todos os catequistas do Arciprestado. Este

momento vai ser animado pelo Pe. Leonel Claro, com o tema de base A FÉ, FORÇA DA PALAVRA.

BOLETIM 8

Secção pOnTES DOS ARCIpRESTADOS

Dia Arciprestal de Catequista

No dia 26 de Janeiro, realizou-se o Dia Arciprestal de Catequista em Cabecei-ras de Basto com o tema “caminha-

mos em cristo, firmes na Fé”. Foi com uma conferência intitulada “A Fé

que Professamos” proferida pelo Sr. Bispo D. António Moiteiro, que se iniciou este dia, após a qual se seguiram um conjunto de 4 ateliers com os seguintes temas: Creio em Deus Pai Criador, Creio no filho redentor, Creio no Espí-rito de Amor, Creio em Igreja.

Após o período de formação houve lugar para uma pequeno lanche convívio entre ca-tequistas terminando o dia com a celebração da eucaristia.

Cabeceiras

de Basto

Celoricode Basto

No dia 16 de fevereiro os catequistas do Arci-prestado de Celorico de Basto foram convida-dos a deixar o barulho e a agitação do mundo

que os rodeia e entrar no íntimo de si próprios para refletir a sério sobre as razões da sua missão, sob a orientação do P. Luís Miguel Figueiredo Rodrigues. Foi um encontro de formação e oração, passando pela reflexão, pelos cânticos e pelo convívio salutar entre todos.

No dia 20 de abril, os catequistas das diferen-tes paróquias do Arciprestado de Celorico de Basto foram desafiados a viver uma tarde di-

ferente, para celebrar o Dia Arciprestal do Catequista. Após o acolhimento, os catequistas participaram nos quatro ateliês, subordinados aos temas “Ao serviço da Palavra”, “Catequese e experiência”, “Diálogos e in-timidades” e “Acolher”

O dia culminou com a celebração da eucaristia, terminando com um lanche. A experiência deste dia, vai ficar, sem dúvida alguma, na lembrança de todos os presentes.

BOLETIM 9

Os catequistas das diferentes paróquias do Arciprestado de V. N. Famalicão viveram uma tarde diferente no passado dia 26 de

Janeiro, pois, no contexto do Encontro Arciprestal de Catequistas, foram desafiados a professar a Fé junto das diferentes pessoas que foram encon-trando na cidade.

Esta iniciativa, realizada no Arciprestado pelo 6º ano consecutivo e subordinada ao tema “Catequis-ta, reacende a chama da Fé”, em consonância com o “Ano da Fé” e com a temática proposta pela nossa Arquidiocese de Braga para este ano pastoral, “Fé Professada”, iniciou às 14h00, com a concentração e acolhimento dos catequistas participantes junto à Igreja Matriz Velha.

De seguida, os cerca de 500 catequistas presen-tes encheram completamente a Igreja durante uma pequena celebração de Envio. No início da mesma, o Assistente da Equipa Arciprestal de Catequese, o P.e António Loureiro, saudou e felicitou os catequistas pela sua presença e enfatizou a importância de “rea-cenderem a chama da Fé, ‘incendiando’ as suas vidas e as vidas dos outros com a mesma”! Assim, partindo da passagem do Evangelho em que Pedro professa a sua Fé, afirmando que Jesus é “o Messias, o Filho de Deus vivo”, os catequistas foram desafiados a tam-bém eles professarem a Fé, respondendo à pergunta de Jesus, “E vós, quem dizeis que Eu sou?”.

Assim, os catequistas foram enviados dois a dois, para as diferentes ruas da cidade, levando consigo uma flor e uma vela acesa durante a celebração, a partir do Círio Pascal. A flor, sinal visível da alegria de crer em Jesus Cristo, deveria ser oferecida a uma pessoa com quem se cruzassem na cidade. Em con-trapartida, quem recebeu a flor deixou, por escrito, o seu testemunho ou uma mensagem pessoal sobre como acolheu e foi tocado pelo gesto, numa etique-ta presa à vela dos catequistas. Deste modo, a cha-ma da Fé, depois de anunciada e levada aos outros como penhor de alegria, ficou enriquecida pelo tes-temunho partilhado.

Vila Nova

de Famalicão

Encontro Arciprestal desafiou catequistas de Famalicão a professar a Fé nas ruas da cidade

Terminada esta dinâmica, os catequistas ruma-ram ao Centro Cívico e Pastoral de Famalicão (junto à Igreja Nova Matriz), onde, depois de formarem com as suas velas a palavra Fé, às 16h00 foi tempo de rea-lizar uma pausa para o lanche.

A segunda parte do encontro, às 16h30, foi con-duzida pelo P.e Jorge Vilaça, que interpelou os cate-quistas, questionando-os se “para reacendermos a Fé, não precisaremos de reacender a dúvida”. O sacer-dote enfatizou que “não devemos ter medo das per-guntas e das respostas”, pois “a dúvida é um caminho e um espaço para a Fé”. Ao concluir a sua apresenta-ção o orador lembrou que “quem pensa a sua Fé tem dúvidas e que estas nem sempre têm resposta”. No entanto, essa “ausência de resposta, conduz à con-fiança e à Fé”, referindo ainda que a Fé implica que “se coloquem as verdadeiras perguntas e que escu-temos de Jesus as verdadeiras respostas”.

No final do encontro os catequistas puderam ainda rezar todos juntos, em uníssono, uma oração impressa numa pagela distribuída, como recordação deste dia, a todos os presentes.

BOLETIM 10

Secção pOnTES DOS ARCIpRESTADOS

Retiro em tempo quaresmal (arciprestal)

Vila do Conde

Póvoa de Varzim

Encontros descentralizados de “Formação permanente”

Há semelhanças dos anos anteriores, realiza-ram-se encontros de formação permanente, destinados a todos os catequistas do arci-

prestado. Estes encontros tiveram lugar em três zo-nas do Arciprestado, Aver-o-mar, Rates e Caxinas e decorreram nos passados dias 26 de Janeiro, 09 e 23 de Fevereiro, respetivamente em cada uma daquelas paróquias. O desdobramento permitiu uma maior participação dos catequistas, dada a proximidade às suas paróquias e o facto de ser possível a opção por qualquer uma das datas referidas.

Os encontros, que contaram com a presença de 347 catequistas, foram orientados pelo res-ponsável arquidiocesano da Catequese, P. Luís Miguel Figueiredo.

Os catequistas presentes tiveram a oportunida-de de, em “ano da Fé”, refletirem sobre o anúncio da Palavra de Deus e transmissão da Fé, aos seus cate-quizandos. Foram momentos de enriquecimento e crescimento pessoal, que certamente se refletirão na ação de fazer catequese

No fim de semana de 15 a 17 de Março, rea-lizou-se o retiro arciprestal, o qual decorreu no convento de Montariol e

contou com a participação de 22 cate-quistas, provenientes de 09 paróquias do arciprestado de Vila do Conde/Pó-voa de Varzim.

O retiro foi orientado pelo Frei Bruno, sacerdote da comunidade de Montariol, e constituiu-se como uma oportunidade de fazer uma paragem, para podermos ter um “encontro” íntimo com Deus e, especialmente na pessoa de Jesus, de forma a melhor podermos testemunhar esse mesmo Jesus.

Todos os participantes se sentiram gratificados pela experiência, ficando com vontade de repetir.

BOLETIM 11

Vieira

do Minho

A fé que nos gloriamos de professar

Catequese de D. António Moiteiro no arciprestado de Vieira do Minho

D. António Moiteiro, que na tarde de 14 de Outubro de 2012 presidiu à abertura do Ano da Fé no Arciprestado de Vieira do

Minho, abrindo a Porta do Santuário da Senhora da Fé, no Monte de Santa Cecília (Cantelães), voltou à sede do mesmo Arciprestado, na tarde de 9 de Mar-ço, para refletir, com os cristãos das suas 22 paró-quias, sobre o dom da «Fé que nos orgulhamos de professar».

Como fundamento e argumento da tese da ra-dicação da Fé no encontro e no conhecimento da pessoa de Jesus Cristo, D. António evocou o discurso de Pedro na manhã de Pentecostes, respondendo aos chefes dos judeus, que questionavam os após-tolos sobre a origem do poder taumatúrgico que demonstravam com os prodígios que realizavam: «é em nome de Jesus Nazareno, que vós crucificastes e Deus ressuscitou dos mortos; não há salvação em nenhum outro» (cf. Act 4, 10. 12).

Reforçando o seu argumento com o exemplo dos desencantados e reencantados discípulos de Emaús e com o exemplo paradigmático de Tomé, retomou, como referência para todos os que se encontram à porta da Fé e fazem a pergunta, como fizeram os ouvintes do discurso de Pedro - «que havemos de fa-zer»? (Act 3, 37) – a resposta que ouviram da boca do príncipe dos Apóstolos: «Convertei-vos e peça cada um o Baptismo em nome de Jesus Cristo, para a re-missão dos seus pecados; recebereis, então, o dom do espírito santo» (Act 3, 38).

O ponto de partida e o segredo da abertura da «Porta da Fé» e da superação da sua alegada «crise» é o encontro e a descoberta de Jesus ressuscitado.

Depois de sondar o mistério da Fé cristã, D. Antó-nio Moiteiro ocupou-se do «símbolo» da mesma Fé, da qual comungam e que igualmente professam as incontáveis gerações de crentes, «filhos de Abraão», discípulos de Jesus. O «símbolo da Fé» ou aquilo em

que acreditamos (Credo) não é independente daqui-lo que celebramos (Sacramentos) nem daquilo que rezamos (Pai Nosso) nem daquilo que vivemos (Man-damentos e Bem-Aventuranças).

Duas questões colocaram os participantes ao ora-dor: a «crise» da Fé refletida no esvaziamento das Igre-jas e significado da obra de Joseph Ratzinger/ Bento XVI, Jesus de Nazaré. Porque se esvaziam as Igrejas e porque escreveu Bento XVI o seu Jesus de Nazaré?.

Como pistas de resposta a estas questões, tal-vez devêssemos evocar o nº 19 da Gaudium et Spes, em que emergem como causas da referida «crise» o mau testemunho dos crentes, «por faltas na sua vida religiosa, moral e social» e o défice da sua formação cristã, fautor de «negligência na cultura da sua fé» e de «exposição defeituosa da doutrina».

“É por isso que, na génese do ateísmo, os próprios crentes podem ter uma parte não pequena, na medi-da em que, pela negligência na cultura da sua fé, pela exposição defeituosa da doutrina e também por faltas na sua vida religiosa, moral e social, se pode dizer deles que ocultam, em vez de revelarem, o rosto autêntico de Deus e da religião” (Gaudium et Spes, 19).

Cinquenta anos depois do Concílio, afigura-se-nos como evidente que o diagnóstico da atual «crise da fé», a causalidade desta crise e a terapia que se impõe para a mesma não diferem substantivamente da avaliação que a magna assembleia do Vaticano II então fez da vida religiosa e da pastoral da Igreja. Que significam os movimentos da «nova evangelização» e do «átrio dos gentios», promovidos pelos dois últi-mos Sumos Pontífices senão a necessidade de obviar à «negligência na cultura da fé» e à «exposição de-feituosa da doutrina», défices estes muito agravados pelo mau testemunho de não poucos crentes?

O juízo que a Gaudium et Spes fez no seu n.º 19 não pode deixar indiferentes os agentes da cateque-se e da pastoral, em geral.

BOLETIM 12

Secção pOnTES DOS ARCIpRESTADOS

Catequistas de Vieira do Minho em Retiro no Sameiro

Não é fácil ser catequista, mesmo sabendo ou precisamente porque sabemos que o grande e único «Catequista» é Jesus.

Os catequistas são simplesmente discípulos e simples «prestadores de serviços», sem serem «ser-vos», pois o servo não sabe o que faz o seu Senhor. Os catequistas, como todos os discípulos de Jesus, têm a dignidade de ser chamados, pelo único «Catequista», como «amigos».

Não é fácil ser, mas é muito digno e muito nobre ser catequista!

Mas, para o ser, para poder ser porta-voz e tes-temunha do seu Senhor, para poder «evangelizar», precisa ele primeiro de se sentir «evangelizado».

No Retiro que fizeram, nos dias 15 a 17 de Março, no «Centro de Espiritualidade da Congregação da Divina Providência e sagrada Família», sob o olhar maternal da Senhora do Sameiro, o grupo de 12 ca-tequistas de Vieira do Minho sentiu e reconheceu o quão necessárias são ações de formação, de comu-nhão, de iluminação e de celebração da Fé, como esta!

O tema geral dos Encontros de Iluminação e de Reflexão foi o mesmo que a Igreja propôs para cele-brar o cinquentenário do Vaticano II e o 20.º aniver-sário do Catecismo da Igreja Católica: a Porta da Fé.

A epígrafe escolhida pela excelente orientadora, a simpática hospitaleira e eficaz comunicadora Irmã Graça, foi: «Recomendo-te que reacendas o dom de Deus que se encontra em ti» (2 Tm 1, 6).

O objetivo geral proposto pela orientadora foi o de «repassar a história da nossa fé» (PF 11), sinó-nimo de «redescobrir quem é o Deus em quem eu acredito».

E a Irmã Graça foi desfiando para os muito aten-tos e sedentos ouvintes a identidade do Deus da fé cristã, Deus de Abraão, de Isaac, de Jacob, sobretudo de Jesus Cristo! Deus da fé cristã, de que o ícone ou símbolo do Credo é ponto de encontro e de comu-nhão das incontáveis gerações de crentes que, pelos séculos dos séculos, se vão inscrevendo no coração de Deus.

E a Irmã Graça começou por remeter-se com os seus ouvintes ao princípio de todos os princípios, à fonte de todas as fontes, ao genoma divino de Deus-Amor, que se vai revelando, até á expressão máxima da Encarnação do Seu Filho Unigénito e Primogé-nito. O mistério da revelação de Deus, recordou a Irmã Graça, não é o limite do nosso conhecimento, aquilo que não podemos conhecer, mas aquilo que Deus nos deu a conhecer. Não é o que o homem não pode conhecer, mas o que Deus deu a conhecer ao homem. Deus é Graça, cuidado e carinho do Pai que vela e embala os seus filhos e que, como Bom Pastor e como Pai bondoso, magnânimo e misericordioso, procura incessantemente a ovelha perdida e espera ansiosamente o filho que «estava morto e reviveu, estava perdido e foi encontrado» e que é festiva-mente acolhido na casa do Pai. O Deus em quem o catequista acredita e procura comunicar aos seus catequizandos é Pai, é Criador, é Luz, é Caminho, é Amigo, é essencialmente Amor. Por isso, os catequis-tas cantaram com a Irmã Graça: «Deus é Amor: atreve-te a viver por amor. Deus é Amor. Nada há a temer». E a guia do Retiro viajou com o grupo de catequistas pelo Antigo Testamento, mostrando um Deus atento à fadiga humana (Ex 20, 5), solidário com o sofrimen-to do seu povo (Nm 20, 16), um Deus que «muda de ideias» perante a insistência da oração (Gn 18), que age como Pai bondoso, durante a espera e depois do reencontro (Lc 15, 11-32).

Cumprindo o propósito de «repassar a história da nossa fé», a Irmã Graça deteve-se com os catequis-tas nas três primeiras «estações» do Credo e do que significam para o crente: Creio em Deus Pai…Creio em Jesus Cristo…Creio no Espírito Santo…Crer no amor paternal de Deus e ser «espelho» desse amor para o «próximo», para todo o «próximo», criança ou adulto, pode ser uma primeira exigência do primeiro ato de fé do Credo. Crer em Jesus Cristo, dobrar os joelhos perante o mistério da Encarnação de Deus, «comprimido» no seio da Virgem Maria, no seio da Humanidade, nas espécies do Pão e do Vinho, sinais do Seu Corpo e Sangue, significa reconhecer que a

BOLETIM 13

Vieira

do Minho

morada definitiva do homem é o coração de deus! Por tudo isto, com a Irmão Graça, os catequistas can-taram: «Foi por amor / que um dia Alguém / Numa cruz, deu a vida por mim. / Passou na terra fazendo o bem / e amou, amou até ao fim». Crer no Espírito Santo, que gerou o Verbo de Deus no seio de Maria, crer no Espírito Santo que, desde o princípio, paira sobre o Mundo, é confiar na virtude, na energia vital dos seus dons; Ele é a alma da Igreja e de toda a Evangeliza-ção, catequética, pastoral, sacramental.

E a Irmã Graça ilustrou admiravelmente a expo-sição do tema escolhido com os sublimes episódios bíblicos do Filho Pródigo e da Samaritana. E o exercí-cio hermenêutico e prático que os catequistas foram induzidos a fazer, com a ajuda da Irmã Graça, sobre estes dois textos, deixou gravados na alma dos parti-cipantes no Retiro vincos indeléveis de luz e de calor certamente projetados na vida e na comunicação da Fé, festivamente celebrada, no termo de um tríduo de convivência humana e espiritual inolvidável.

BOLETIM 14

1. No seguimento da última Visita ad limina Apos-tolorum, os bispos de Portugal decidiram promover um amplo movimento de auscultação junto do Povo de Deus em ordem à revitalização do tecido pasto-ral da Igreja em Portugal. A recente eleição do Papa Francisco e as linhas pastorais que já nos traçou são para nós um alento de esperança a «viver a doce e reconfortante alegria de evangelizar».

2. Foram muitos e todos igualmente importantes os contributos que recebemos, pelo que não pode-mos deixar de expressar a todas as pessoas envolvi-das neste processo o nosso grande apreço e a nossa mais profunda gratidão. Reunidos e compulsados todos os contributos recebidos, fazemos agora o elenco dos apelos mais insistentemente repetidos, alguns dos quais já assimilados na vida das nossas comunidades eclesiais. Pedia-se:

a) uma Igreja permanentemente em estado de oração, formação, renovação e missão, cada vez mais atenta a todas as pessoas e aos sinais dos tempos;

b) uma Igreja mais dinâmica e participativa, dis-cipular e missionária, próxima e acolhedora, ao estilo de Jesus, Bom Pastor, e das primeiras comunidades cristãs admiravelmente retratadas nos Atos dos Apóstolos (Act 2,42 47; 4,32 35; 5,12 15);

c) uma Igreja intensamente marcada pela prática da caridade fraterna, que não fique à espera das pes-soas, mas que vá ao seu encontro;

d) uma Igreja que se faça companheira de via-gem dos jovens, sempre atenta aos seus sonhos, anseios e problemas, tendo em conta que os jovens procuram a Igreja, não para se divertirem, mas para se alimentarem interiormente;

e) uma Igreja que sinta, viva, partilhe e se empe-nhe a ajudar a resolver os inúmeros problemas que hoje assolam as famílias;

f ) uma Igreja que busque sempre o empenho e a participação de todos, sacerdotes, diáconos, consa-grados e leigos, para juntos auscultarmos e seguir-mos os rumos que Deus nos quiser indicar.

3. Estes elementos recolhidos e agora postos em realce viram-se verificados e confirmados pelo Inquérito levado a efeito pela Universidade Cató-lica Portuguesa, sobre «Identidades Religiosas em Portugal – Representações, Valores e Práticas», que chamou a nossa atenção para uma certa desafeição e quebra de laços de pertença à Igreja de uma parte da população portuguesa, com particular incidência nos jovens.

4. A recente realização do Sínodo dos Bispos, em Roma, pediu insistentemente muito maior empenho, dedicação e carinho na transmissão da fé, mãos nas mãos, de modo a que nos tornemos cristãos convic-tos e credíveis, bem assentes sobre o único funda-mento que é Jesus Cristo (1 Cor 3,11). Pediu também um olhar novo, atento, comovido e evangelizador para este mundo que Deus criou e ama, e que é sua plantação dileta (Is 61,3).

5. Também não podemos descurar que os cami-nhos que agora se abrem à Igreja em Portugal vêm à luz no contexto do Ano da Fé, do cinquentenário do Concílio Vaticano II e da caminhada para o centená-rio das Aparições de Nossa Senhora em Fátima.

6. Considerado atentamente todo o processo e o seu enquadramento eclesial, a Igreja em Portugal propõe-se trilhar em comunhão, num só coração e numa só alma, os seguintes rumos:

A) Primado da graça e nova mentalidade

Formar comunidades assentes no primado da graça, da contemplação, da comunhão e da oração, sabendo todos bem, pastores e fiéis leigos, que o essencial da vivência cristã e dos frutos pastorais na vida da comunidade não depende tanto do nosso esforço de programação e da multiplicação

Promover a Renovação da Pastoral da Igreja em Por tugal

Nota Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa

BOLETIM 15

dos nossos passos e afazeres, mas depende sobre-tudo da transformação da nossa mente e da con-versão do nosso coração operadas pela ação da graça de Jesus Cristo, que disse: «Sem mim, nada podeis fazer» (Jo 15,5). Neste sentido, queremos intensificar a oração pessoal e comunitária, dar a todas as ações litúrgicas a dignidade que lhes é devida, valorizar a celebração dos sacramentos da Eucaristia e da Reconciliação, criar grupos de escu-ta e partilha da Palavra de Deus.

B) Comunhão para a missão

Formar comunidades que sejam autênticas es-colas de vivência da fé e da comunhão, gerando entre todos os seus membros laços de fidelidade, de proximidade e de confiança, que se traduzam no serviço humilde da caridade fraterna. É este o caminho para avivar o sentido de pertença à comunidade e para fortalecer os laços da comu-nhão, que é a primeira forma de missão, de acordo com a Palavra de Jesus, Bom Pastor: «Nisto todos saberão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros» (Jo 13,35). De acordo também com a forma de viver das primeiras comunidades cristãs.

C) Missão de todos para todos

Os dois rumos anteriores abrem necessaria-mente para um terceiro: a missão como empenho da comunidade toda e de todos os seus membros. Torna-se, de facto, necessário que todos os itinerá-rios de catequese e de formação cristã assumam esta perspectiva missionária como elemento cen-tral quer a nível de conteúdos quer de método. Isto significa que o chamamento à santidade, ao seguimento de Jesus Cristo, ao serviço na Igreja e à missão são uma única realidade a promover des-de a iniciação cristã, continuando com os jovens, e envolvendo as famílias, os adultos, a comunidade inteira.

D) Testemunhar a fé revitalizada

Este processo de revitalização do tecido pastoral da Igreja em Portugal continua a requerer o envolvi-mento de todos os bispos, sacerdotes, consagrados e fiéis leigos, rezando e trabalhando lado a lado, para juntos sentirmos a alegria de sermos discípulos de Jesus Cristo, todos enviados e empenhados em fazer novos discípulos através da transmissão da nossa fé pelo testemunho de vida e pela palavra. A palavra que dizemos tem de ser viva, saboreada e saboro-sa (Cl 4,6), cheia de Cristo e de esperança activa. O testemunho que damos tem de ser sem disfarces e sem estratégias, humilde, atento, comovido, próximo e acolhedor, profético e evangelizador, que deixe ver, à imagem de Jesus, Bom Pastor, uma Igreja que não se fecha sobre si, mas que sai de si, para o átrio deste mundo que Deus ama.

E) Fomentar iniciativas de iniciação cristã e de formação

É notório que, no mundo em que nos é dado vi-ver, os indicadores que sinalizam os caminhos para a fé se encontram cada vez mais rarefeitos, sendo maiores as dificuldades sentidas no seio da família e das organizações eclesiais para a transmissão da fé às novas gerações. Impõe-se, portanto, uma aposta mais intensa e dinâmica na iniciação cristã das crian-ças e jovens, bem como no catecumenato de adultos. Prioritária é também a formação da vivência cristã de todos, particularmente dos agentes pastorais e dos líderes cristãos, que os leve a preparar-se, cada vez mais e melhor, para a missão e a nela se empenhar.

F) Comprometidos com as iniciativas pastorais em curso

Várias dioceses têm em curso a preparação ou realização de um Sínodo diocesano. Múltiplas inicia-tivas pastorais estão em andamento no âmbito do Ano da Fé, do recente Sínodo dos Bispos sobre a

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BOLETIM 16

centro cultural e pastoral da arquidioceserua de S. Domingos, 94 B • 4710-435 Braga • tel. 253 203 180 • fax 253 203 190 [email protected] • www.diocese-braga.pt/catequese

impressão: empresa do diário do minho, lda.

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promoção da nova evangelização, das celebrações do 50.º aniversário da abertura do Concílio Vaticano II e da preparação do centenário das Aparições de Nossa Senhora em Fátima. Os aspetos acima postos em realce não vêm anular os projetos já em anda-mento; antes, podem valorizá-los e potenciá-los, e, porventura, provocar uma partilha fraterna mais in-tensa de todas as coisas boas que já se estão a fazer.

G) A ter sempre diante dos olhos e no coração

Escuta bem, com toda a atenção, Igreja em Portugal:

— reúne-te à volta de Jesus, aprende a rezar e, com Jesus e como Jesus, vai com alegria e ousadia sempre renovadas à procura e ao encontro dos teus filhos e filhas;

— reveste-te sem ostentação nem riquezas, mas com humildade e verdade e com a ternura de Jesus Cristo;

— acolhe e vive o Evangelho como uma graça recebida, transmite-o com amor e fidelidade, e não como um produto para publicitar ou para colocar no mercado;

— põe todo o esmero a preparar e oferecer, com carinho, verdadeiros itinerários de iniciação e de for-mação cristã para crianças, adolescentes jovens e adultos;

— redobra o teu empenho na preparação dos candidatos ao sacerdócio;

— fica sempre atenta e vigilante e sê persistente em tudo o que diz respeito à formação permanente dos teus sacerdotes;

— reconhece os consagrados pela riqueza dos seus carismas como membros ativos e indispensá-veis no crescimento e na ação do Povo de Deus;

— cuida também da formação dos fiéis leigos, com especial atenção aos mais comprometidos na vida da Igreja e da sociedade, e estimula-os a serem verdadeiros discípulos de Jesus e seus missionários apaixonados e felizes no coração do mundo;

— vela sempre, com afeto maternal, por todos os teus filhos e filhas, e nunca deixes que se transfor-mem em meros funcionários, perdendo o ardor e o primeiro amor.

Maria, Mãe da Igreja e nossa Mãe, Senhora de Fá-tima, ícone do primado da graça e da oração, do ser-viço humilde que gera laços de comunhão e de mis-são, sê nossa companheira nos caminhos que agora nos propomos percorrer para sabermos melhor levar Cristo aos nossos irmãos e os nossos irmãos a Cristo.

Fátima, 11 de Abril de 2013