boletim aproximação - ed. 06 2015 - campanha nacional: todos pela uab

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Instuições de ensino superior públicas de todo o país integram a Universidade Aberta do Brasil (UAB). O projeto do governo federal leva cursos de graduação e de especialização, através da modalidade de educação a distância, para cidades pequenas, muitas vezes, de dicil acesso e, quase sempre, longe dos municípios onde há uma universidade. Os pólos de apoio presencial estão presentes em 800 cidades espalhadas por todo o território nacional. Só no Paraná, são 13 mil alunos atendidos pelas sete universidades estaduais. Essa democrazação do ensino superior, porém, está ameaçada. Isso porque, o governo federal, movido pela crise econômica que o país vem sofrendo, cortou as verbas de custeio da UAB pela metade Para tentar reverter a redução orçamentária, o Fórum Nacional dos Cordenadores da UAB, organizou uma campanha nacional em favor da educação a distância, pública e gratuita. A mobilização e o corte de recursos é o tema da entrevista com Maria Aparecida Crissi Knüppel, coordenadora do Núcleo de Educação a Distância da Unicentro (Nead) e presidente do segmento das instuições estaduais do Fórum Nacional dos Coordenadores da UAB. Aproximação - De onde surgiu a campanha em favor da UAB? MAK - Essa ideia surgiu na 8ª Reunião Ordinária do Fórum de Coordenadores UAB, realizada em Brasília, no mês de julho. Ela é reflexo da necessidade que senmos de nos mobilizarmos, nacionalmente, em favor da educação a distância devido aos problemas que ela vem enfrentando. Aproximação - O que movou a campanha? MAK - A UAB, desde 2014, vem sofrendo um congenciamento dos seus recursos. Isso tem dificultado que as instuições de ensino superior mantenham os seus cursos e realizem o ingresso de novos alunos. 2014 foi um ano dicil e em 2015 nós estamos enfrentando uma situação ainda pior. Falta perenidade de vagas para novos estudantes no sistema. Aproximação - Quais ações fazem parte desta campanha? MAK - Esta campanha tem o objevo de sensibilizar, não somente quem está inserido no sistema - alunos, professores e tutores -, mas também o poder público em relação aos benecios que a EaD proporciona as mais diversas regiões do país, a pessoas que jamais teriam acesso ao ensino superior, quer por falta de tempo ou por estar em regiões longínquas onde não existem universidades. O sistema UAB vai completar dez anos e nós acreditamos que ele não pode ser Em favor da Educação a Distância apenas um programa de governo, ele precisa ser uma políca de estado que perpasse qualquer governo e busque consolidar modelos de educação mais flexíveis. A EaD colabora para isso usando, principalmente, as tecnologias da informação e da comunicação em favor da sociedade. Então, é preciso invesr na convergência entre o ensino presencial e a EaD para que, cada vez mais, nossa população tenha acesso não apenas aos cursos de graduação mas também a cursos de formação connuada, tão necessários ao desenvolvimento social e econômico de um país. Aproximação - O Fórum de Coordenadores UAB protocolou um pedido de Audiência Pública na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, em Brasília. Como será essa audiência? MAK - Sim, o pedido foi apreciado e foi aceito. Estamos apenas aguardando o comunicado oficial da data em que se realizará essa audiência pública. Além da parcipação dos deputados federais, também convidaremos a diretoria de educação básica e a presidência da Capes e, ainda, os presidentes das endades representantes de reitores das universidades federais, estaduais e dos instutos federais. Aproximação - Qual é o lugar da Ead e da UAB na Unicentro? MAK - A EaD na Unicentro também fará dez anos. Ela nasceu por meio de cursos de aperfeiçoamento. Gradavamente, ela foi se inserindo na legislação instucional e, hoje, nós podemos dizer que a modalidade está, de fato, instucionalizada desse ponto de vista. Mas, a EaD ainda precisa percorrer um longo caminho na convergência com o ensino presencial. Hoje, nós falamos muito mais em cursos híbridos; o modelo de atuação da EaD no presencial e avidades presenciais no modelo de EaD. Aqui na Unicentro é preciso caminhar um pouco mais em relação a isso. Vemos também que a EaD foi ganhando espaço e que hoje ela é bem aceita por todos os nossos docentes e alunos que veem na modalidade um modelo de atuação na sociedade, que trabalha com bastante qualidade e que tem preocupação com o ensino, com o desenvolvimento do aluno. Paulanamente ela veio crescendo e angindo a maturidade. Atualmente, temos 19 cursos, entre especializações e graduações e penso que chegamos ao nosso limite. Tendo entre 4 e 5 mil alunos no sistema angimos a meta que havíamos colocado no nosso PDI (Plano de Desenvolvimento Instucional). Pela estrutura que temos, o plano, agora, é tentar manter esse número de alunos. Justamente, este ano não será possível por conta desse rearranjo orçamentário que vemos. Devido a isso, estamos com 3.200 alunos. Por isso, reafirmo que precisamos consolidar esse sistema de educação. Aproximação - Quantas pessoas trabalham na equipe do Nead e estão, direta ou indiretamente, envolvidas com EaD na Unicentro? MAK - Nós temos uma média, entre professores, tutores e colaboradores, de 300 pessoas que trabalham conosco nos nossos cursos e nas nossas equipes. Aproximação - Qual a importancia da UAB para o Brasil, devido à interiorização do ensino e a sua capilaridade? MAK - Não há dúvida, ninguém diria que a Universidade Aberta do Brasil não tem importância! Ela teve um começo um pouco dicil, mas, agora, já se consolidou e não há retorno. Não Maria Aparecida Crissi Knüppel “Não há como voltar atrás. Nós trabalhamos na perspectiva da construção de conhecimento em que as tecnologias são ferramentas para isso. Não, necessariamente, a tecnologia vai produzir o conhecimento, mas podemos utilizar essa tecnologia em favor do conhecimento de maneira equilibrada, tendo o homem como o centro desse processo”.

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Nesta edição: entrevista ping-pong com a professora Maria Aparecida Crissi Knüppel, falando sobre a atuação do Nead na Unicentro e também um breve histórico da EaD na instituição.

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Page 1: Boletim Aproximação - Ed. 06 2015 - Campanha Nacional: Todos pela UAB

Instituições de ensino superior públicas de todo o país integram a Universidade Aberta do Brasil (UAB). O projeto do governo federal leva cursos de graduação e de especialização, através da modalidade de educação a distância, para cidades pequenas, muitas vezes, de difícil acesso e, quase sempre, longe dos municípios onde há uma universidade. Os pólos de apoio presencial estão presentes em 800 cidades espalhadas por todo o território nacional. Só no Paraná, são 13 mil alunos atendidos pelas sete universidades estaduais. Essa democratização do ensino superior, porém, está ameaçada. Isso porque, o governo federal, movido pela crise econômica que o país vem sofrendo, cortou as verbas de custeio da UAB pela metade Para tentar reverter a redução orçamentária, o Fórum Nacional dos Cordenadores da UAB, organizou uma campanha nacional em favor da educação a distância, pública e gratuita. A mobilização e o corte de recursos é o tema da entrevista com Maria Aparecida Crissi Knüppel, coordenadora do Núcleo de Educação a Distância da Unicentro (Nead) e presidente do segmento das instituições estaduais do Fórum Nacional dos Coordenadores da UAB.

Aproximação - De onde surgiu a campanha em favor da UAB?

MAK - Essa ideia surgiu na 8ª Reunião Ordinária do Fórum de Coordenadores UAB, realizada em Brasília, no mês de julho. Ela é reflexo da necessidade que sentimos de nos mobilizarmos, nacionalmente, em favor da educação a distância devido aos problemas que ela vem enfrentando.

Aproximação - O que motivou a campanha?

MAK - A UAB, desde 2014, vem sofrendo um contigenciamento dos seus recursos. Isso tem dificultado que as instituições de ensino superior mantenham os seus cursos e realizem o ingresso de novos alunos. 2014 foi um ano difícil e em 2015 nós estamos enfrentando uma situação ainda pior. Falta perenidade de vagas para novos estudantes no sistema.

Aproximação - Quais ações fazem parte desta campanha?

MAK - Esta campanha tem o objetivo de sensibilizar, não somente quem está inserido no sistema - alunos, professores e tutores -, mas também o poder público em relação aos benefícios que a EaD proporciona as mais diversas regiões do país, a pessoas que jamais teriam acesso ao ensino superior, quer por falta de tempo ou por estar em regiões longínquas onde não existem universidades. O sistema UAB vai completar dez anos e nós acreditamos que ele não pode ser

Em favor da Educação a Distância

apenas um programa de governo, ele precisa ser uma política de estado que perpasse qualquer governo e busque consolidar modelos de educação mais flexíveis. A EaD colabora para isso usando, principalmente, as tecnologias da informação e da comunicação em favor da sociedade. Então, é preciso investir na convergência entre o ensino presencial e a EaD para que, cada vez mais, nossa população tenha acesso não apenas aos cursos de graduação mas também a cursos de formação continuada, tão necessários ao desenvolvimento social e econômico de um país.

Aproximação - O Fórum de Coordenadores UAB protocolou um pedido de Audiência Pública na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, em Brasília. Como será essa audiência?

MAK - Sim, o pedido foi apreciado e foi aceito. Estamos apenas aguardando o comunicado oficial da data em que se realizará essa audiência pública. Além da participação dos deputados federais, também convidaremos a diretoria de educação básica e a presidência da Capes e, ainda, os presidentes das entidades representantes de reitores das universidades federais, estaduais e dos institutos federais.

Aproximação - Qual é o lugar da Ead e da UAB na Unicentro?

MAK - A EaD na Unicentro também fará dez anos. Ela nasceu por meio de cursos de aperfeiçoamento. Gradativamente, ela foi se inserindo na legislação institucional e, hoje, nós podemos dizer que a modalidade está, de fato, institucionalizada desse ponto de vista. Mas, a EaD ainda precisa percorrer um longo caminho na convergência com o ensino presencial. Hoje, nós falamos muito mais em cursos híbridos; o modelo de atuação

da EaD no presencial e atividades presenciais no modelo de EaD. Aqui na Unicentro é preciso caminhar um pouco mais em relação a isso. Vemos também que a EaD foi ganhando espaço e que hoje ela é bem aceita por todos os nossos docentes e alunos que veem na modalidade um modelo de atuação na sociedade, que trabalha com bastante qualidade e que tem preocupação com o ensino, com o desenvolvimento do aluno. Paulatinamente ela veio crescendo e atingindo a maturidade. Atualmente, temos 19 cursos, entre especializações e graduações e penso que chegamos ao nosso limite. Tendo entre 4 e 5 mil alunos no sistema atingimos a meta que havíamos colocado no nosso PDI (Plano de Desenvolvimento Institucional). Pela estrutura que temos, o plano, agora, é tentar manter esse número de alunos. Justamente, este ano não será possível por conta desse rearranjo orçamentário que tivemos. Devido a isso, estamos com 3.200 alunos. Por isso, reafirmo que precisamos consolidar esse sistema de educação.

Aproximação - Quantas pessoas trabalham na equipe do Nead e estão, direta ou indiretamente, envolvidas com EaD na Unicentro?

MAK - Nós temos uma média, entre professores, tutores e colaboradores, de 300 pessoas que trabalham conosco nos nossos cursos e nas nossas equipes.

Aproximação - Qual a importancia da UAB para o Brasil, devido à interiorização do ensino e a sua capilaridade?

MAK - Não há dúvida, ninguém diria que a Universidade Aberta do Brasil não tem importância! Ela teve um começo um pouco difícil, mas, agora, já se consolidou e não há retorno. Não

Maria Aparecida Crissi Knüppel

“Não há como voltar atrás. Nós trabalhamos na perspectiva da construção de conhecimento em que as tecnologias são ferramentas para isso. Não, necessariamente, a tecnologia vai produzir o conhecimento, mas podemos utilizar essa tecnologia em favor do conhecimento de maneira equilibrada, tendo o homem como o centro desse processo”.

Page 2: Boletim Aproximação - Ed. 06 2015 - Campanha Nacional: Todos pela UAB

A Linha do Tempo da Educação a Distância na UnicentroA história da UAB se confunde com a

própria história da educação a distância dentro da Unicentro. Após alguns projetos iniciais envolvendo a EaD, em 2005 foi criado o Núcleo de Educação a Distância da Unicentro, o Nead, que justamente em seu primeiro ano já passou a ofertar cursos promovidos pela Universidade Aberta do Brasil.

O primeiro curso ofertado pela parceria entre UAB e Unicentro foi o curso de graduação em Ciências Biológicas, que está hoje em sua

Uma produção do Setor de Comunicação Social do Núcleo de Educação a Distância (Nead) da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) Edição 06 – Outubro de 2015Aldo Nelson Bona - Reitor; Osmar Ambrósio de Souza - Vice-reitor; Maria Aparecida Crissi Knüppel - Diretora do Nead / UAB; Jamile Santinelo - Coordenadora Adjunta UAB; Ariane Carla Pereira, Júlio Stanczyk, Luiz Carlos Knüppel Jr, Marcio Fernandes - Setor de Comunicação Social do Nead; Espencer Gandra e Luís Gustavo Luz - Designers do NeadContato: [email protected] - Para ver este e outros boletins no seu computador ou tablet acesse: http://issuu.com/neadunicentro.

só por causa da interiorização e da capilaridade, o que faz com que ela atinja regiões muito remotas e pessoas mais simples que não teriam condições de se deslocar ou pagar uma universidade particular. Isso só já é um ganho maravilhoso para quem acredita na educação desse país e em uma educação pública de qualidade. Mas, além disso, ela vem contribuindo para que o ensino presencial seja repensado. Hoje, a UAB tem muitos grupos de pesquisa, muitas publicações analisando o próprio sistema e a EaD. Estas análises têm mostrado a necessidade da inserção das tecnologias da informação e da comunicação na educação. Atualmente, nós temos um outro universo de alunos muito motivados pelo uso de tantas ferramentas que temos a disposição, tantos textos multimodais, tantas mídias. Acho que a EaD tem saído na frente em relação a isso, já utilizando e auxiliando o ensino presencial - não só no universo do ensino superior, mas também na educação básica - a trabalhar com

o universo dessas tecnologias. Por isso, repito: não há como voltar atrás. Nós trabalhamos na perspectiva da construção de conhecimento em que as tecnologias são ferramentas para isso. Não, necessariamente, a tecnologia vai produzir o conhecimento, mas podemos utilizar essa tecnologia em favor do conhecimento de maneira equilibrada, tendo o homem como o centro desse processo. A EaD vem contribuindo bastante em relação a tudo isso, é um novo pensar sobre o modelo educacional que temos.

Aproximação - A campanha em favor da UAB começou no dia 24 de agosto, quanto tempo ela irá durar?

MAK - A nossa intenção é que a campanha tenha um apelo maior nos dois primeiros meses, mas ela poderá continuar aberta. A tendência é não fechar. Queremos que, durante esses dois meses, tenhamos uma discussão maior a partir dessa

campanha dentro das nossas universidades e, também, com a sociedade civil sobre a EaD. Mais do que a assinatura da petição, o que é muito bom, há também a imprensa discutindo a questão. o incentivo ao debate dentro das nossas universidades, nos conselhos superiores dessas instituições, no nossos polos de educação a distância, nos municípios que recebem a UAB. Quer dizer, todo mundo está discutindo esse assunto, ele está em pauta e isso faz com que a EaD entre na agenda política. Ela está de alguma maneira sendo inserida, quer no âmbito municipal, estadual ou federal. É isso que nós buscamos. A sociedade civil precisa saber, claramente, qual é o papel da EaD na agenda nacional.

Quer aderir a campanha em favor da EaD? Então, procure nos buscadores da internet pela “Petição em favor da Universidade Aberta do Brasil” e colabore com a sua assinatura.

segunda oferta. De lá para cá, outros 22 cursos de graduação e especialização foram ofertados pela Unicentro nesta modalidade, atingindo pouco mais de 11 mil pessoas.

Nestes dez anos, o Nead também possibilitou com que quase cinco mil alunos pudessem realizar o sonho de se formar ou concluir suas especializações. Apesar dos números positivos, a preocupação agora é com o futuro, já que a crise financeira do país pode afetar o sistema e impossibilitar que novos alunos ingressem.

Segundo editais já aprovados, em 2016, a Unicentro poderia abrir mais 1835 vagas para os cursos já em andamento, contudo, devido ao arrocho pelo qual passa o sistema de educação pública do Brasil, nenhuma destas vagas deve ser aberta.

Para a coordenação do Núcleo de Educação a Distância da Unicentro, o não preenchimento destas vagas poderia causar o fim do programa em muitas universidades e estagnar o crescimento da EaD no país, além é claro de inviabilizar o acesso de milhares de pessoas a cursos de graduação e especialização.

Cursos ofertados pelo Nead/Unicentro - Linha do tempo