boletim #001 - 24 de junho de 2009

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boletim semanal da Comissão Baixada Santista Pró ConfeCom 24 de junho de 2009 - Boletim #001 + Oficina de Formação aconteceu na Estação da Cidadania, em Santos Sociedade debate políticas de comunicação Organizações da sociedade civil não empresarial articulam conferências mu- nicipais de comunicação nas nove cidades da região metropolitana da Baixada Santis- ta. Entre as entidades que fazem coro pela democratização dos meios de comunicação estão Centro Camará, Educafro, Fórum da Cidadania de Santos, Grupo Praia Limpa, Jornal Percurso, Movimento Novos Praianos, ONG Projeto Zonnarte e Sindicato dos Servidores Públicos de São Vicente. O desafio é dar visibilidade às pautas que tangem as políticas de comunicação para os mais diferentes segmentos da sociedade. Afinal, a comunicação é um direito humano e dela depende a garantia de todos os outros direitos. Entre as ações organizadas pela Comissão, já foi realizada uma oficina de formação na Estação da Cidadania em abril, que contou com a presença de entidades que fazem parte da comissão organizadora nacional da ConfeCom, como o Coletivo Intervozes e a Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária (Abraço). CRÉDITO Comissão prepara Conferências Livres Entre as estratégias definidas para a mobilização da sociedade sobre as políticas de comunicação, estão sendo articuladas Conferências Livres - encontros autogestionados em escolas, sindicatos entre ou- tros, para mobilização para a ConfeCom. Os eixos de discussão propostos pela Comissão da Baixada Santista são Comunicação e Educação; Diversidade Cultural, Propriedade dos Meios e Comunicação Pública. Saiba como organi- zar uma atividade você tam- bém. Página 2 SEM DIPLOMA Sindicato dos Jornalistas perde queda de braço no Supremo Tribunal Federal e ninguém precisa de diploma para execer profissão. Confira opiniões de diplomados sobre o tapa da turma de Gilmar Mendes e o debate sobre o futuro do jornalismo e das comunicações. Páginas 4 e 5 SV realiza primeira Conferência Livre A Escola Estadual Luiz D'Aurea, em São Vicente, sediou a primeira Conferência Li- vre de Comunicação do Estado de São Paulo. Adolescentes entre 12 e 13 anos de- bateram violência na mídia e propostas pa- ra a comunidade como a necessidade de projetos de educomunicação nas escolas e uma rádio para o bairro. Leia na próxima edição matéria completa sobre o evento. ACESSE baixadasantista.pro conferenciasp.org

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Primeiro boletim semanal da Comissão Baixada Santista Pró Conferência de Comunicação

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Page 1: Boletim #001 - 24 de junho de 2009

boletim semanal da Comissão Baixada Santista Pró ConfeCom

24 de junho de 2009 - Boletim #001

+ Oficina de Formação aconteceu na Estação da Cidadania, em Santos

Sociedade debate políticas de comunicação

Organizações da sociedade civil

não empresarial articulam conferências mu-

nicipais de comunicação nas nove cidades

da região metropolitana da Baixada Santis-

ta. Entre as entidades que fazem coro pela

democratização dos meios de comunicação

estão Centro Camará, Educafro, Fórum da

Cidadania de Santos, Grupo Praia Limpa,

Jornal Percurso, Movimento Novos

Praianos, ONG Projeto Zonnarte e Sindicato

dos Servidores Públicos de São Vicente.

O desafio é dar visibilidade às

pautas que tangem as políticas de

comunicação para os mais diferentes

segmentos da sociedade. Afinal, a

comunicação é um direito humano e dela

depende a garantia de todos os outros

direitos.

Entre as ações organizadas pela

Comissão, já foi realizada uma oficina de

formação na Estação da Cidadania em abril,

que contou com a presença de entidades

que fazem parte da comissão organizadora

nacional da ConfeCom, como o Coletivo

Intervozes e a Associação Brasileira de

Radiodifusão Comunitária (Abraço).

CRÉDITO

Comissão prepara

Conferências Livres

Entre as estratégias

definidas para a mobilização da

sociedade sobre as políticas

de comunicação, estão sendo

articuladas Conferências Livres

- encontros autogestionados

em escolas, sindicatos entre ou-

tros, para mobilização para a

ConfeCom.

Os eixos de discussão

propostos pela Comissão da

Baixada Santista são

Comunicação e Educação;

Diversidade Cultural,

Propriedade dos Meios e

Comunicação Pública.

Saiba como organi-

zar uma atividade você tam-

bém. Página 2

SEM DIPLOMA

Sindicato dos Jornalistas perde queda de braço no Supremo Tribunal

Federal e ninguém precisa de diploma para execer profissão. Confira

opiniões de diplomados sobre o tapa da turma de Gilmar Mendes e o

debate sobre o futuro do jornalismo e das comunicações. Páginas 4 e 5

SV realiza primeira

Conferência Livre

A Escola Estadual Luiz D'Aurea, em São

Vicente, sediou a primeira Conferência Li-

vre de Comunicação do Estado de São

Paulo. Adolescentes entre 12 e 13 anos de-

bateram violência na mídia e propostas pa-

ra a comunidade como a necessidade de

projetos de educomunicação nas escolas

e uma rádio para o bairro. Leia na próxima

edição matéria completa sobre o evento.

ACESSE

baixadasantista.pro

conferenciasp.org

Page 2: Boletim #001 - 24 de junho de 2009

Comissão Baixada Santista Pró

Conferência Nacional de Comunicação

por Isys Remião

A Comissão da Baixada Santista está tra-

balhando para que o debate em torno da

democratização da comunicação e as for-

mulações de propostas para a Conferên-

cia Nacional de Comunicação ocorram em

diversos segmentos da sociedade civil.

Por que fazer uma Conferência de Co-

municação?

Porque é um espaço em que os

cidadãos e cidadãs brasileiras poderão,

pela primeira vez, apresentar suas deman-

das e propostas de diretrizes para políti-

cas públicas de comunicação. As políticas

de comunicação no país têm sido defini-

das, de modo geral, sem a participação de-

mocrática da sociedade, resultando num

cenário de grande concentração dos mei-

os de comunicação e poucos espaços da

participação pública nas discussões sobre

o setor. O espaço público pertence a todos!

Quem pode participar da Conferência?

A Conferência terá representan-

tes do governo e da sociedade civil. Qual-

quer pessoa representante ou não de

algum segmento pode participar, levantan-

do discussões sobre o tema e formulando

propostas.

Como participar das mobilizações para

a Conferência de Comunicação?

A Baixada Santista formou uma

Comissão Pró-Conferência Nacional de

Comunicação, que atua em parceria com

a Comissão Estadual. Estamos

articulando comissões nos nove

municípios da região. Quer participar da

mobilização? Envie um email para

[email protected]

Conferências Livres

São espaços para discussão, for-

mulação de propostas e preparação de de-

legados para as Conferências Municipais e

Regionais.

A partir de junho até 20 de julho

estarão abertas as inscrições para autoges-

tão das conferências livres, ou seja, qual-

quer grupo da sociedade civil ou instituição

pode promover uma conferência livre.

Junte seu grupo. Está na hora de

discutir a mídia que temos e a que quere-

mos! Conheça o temário e as metodologi-

as propostas pela Comissão.

baixadasantista.proconferenciasp.org

Saiba mais e participe dessa dis-

cussão na nossa rede:

http://conferenciacombs.ning.com

Ou através do blog:

http://conferenciacombs.blogspot.com

+ Oficina de Formação aconteceu na Estação da Cidadania, em Santos

+ Oficina de Formação aconteceu

2

24 de junho de 2009 - Boletim #001

EXPEDIENTE

Boletim Semanal da Comissão Baixada Santista Pró ConfeCom

Revisão: Emerson Ribeiro

Diagramação: Carlos Gustavo Yoda e Emerson

Textos: Heitor Reis, Silvio Bergamini, Marcelo Gama, Mariana

Martins, Isys Remião, Leandro Fortes, Ivana Bentes e Yoda

24 de junho de 2009 - #001

produzido em software livre: Scribus

Heitor Reis (*)

Tenho uma razoável percepção

de como anda este país e os setores em

que houve Conferências Nacionais. Um

deles é o da saúde. A considerar a situa-

ção em que se encontra hoje, é difícil

imaginar que as treze conferências deli-

berativas tenham produzido algum efeito

sensível no setor. Mas gostaria de estar

errado e de ser informado, caso haja al-

go em contrário. Nada recebi de volta, du-

as semanas após ter solicitado tal coisa

em algumas listas de discussão.

Quem sabe, pela primeira vez,

poderei constatar que uma Conferência

Nacional produzirá um resultado palpá-

vel, concreto, mensurável, público e no-

tório?

Mas, então, surge um proble-

ma. Se a Confecom - Conferência Nacio-

nal de Comunicação produzir algum

resultado, ele atenderá a que interesse?

Aos empresários, os ditadores da mídia,

que dominam mais de dois terços da Co-

missão Organizadora, através de seus

representantes do poder público e de

seus representantes diretos? Ou ao dos

movimentos sociais, que caíram nesta

armadilha, agora estrangulados ainda

mais, com a redução de 82 % do verba

destinada para este fim?

- lei na íntegra

Conferência de Comunicação e Legislação Participativa

Page 3: Boletim #001 - 24 de junho de 2009

Conferência de Comunicaçãoexpõe conflitos do governo Lula

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por Carlos Gustavo Yoda Quando Gilberto Gil assumiu o Mi-

nistério da Cultura em 2003, o entendimen-to de políticas culturais foi ampliado para um sentido antropológico. Atual ministro, o sociólogo Juca Ferreira, define que “cultura é todo campo simbólico, toda atividade que ultrapasse o limite funcional, que tenha uma carga simbólica e contribua para a subjetivi-dade”. Assim, políticas culturais envolvem um conceito muito mais amplo do que políti-cas públicas para a cultura. Elas são trans-versais a outras políticas e direitos.

Um dos principais entraves para descobrirmos a democracia cultural é formu-lar políticas que promovam e protejam a di-versidade das expressões artísticas e culturais nos meios de comunicação e que alarguem os gargalos de concentração de poder da informação. Teóricos entendem que é impossível dissociar comunicação de cultura. O próprio Ministério da Cultura já propôs algumas políticas que obtiveram sucesso - como o debate de Cultura Digital do Cultura Viva, a ratificação da Conven-ção da Unesco e os Pontos de Mídia Livre -e outros projetos que acabaram massacra-dos pelas grandes empresas midiáticas - no caso a tentativa de regulação do setor audiovisual com o anteprojeto de criação da Ancinav.

Assim, participação de artistas e pensadores do assunto é fundamental na 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) que se aproxima. Além das in-certezas sobre os temas que estarão em pauta e como acontecerão as etapas lo-cais e estaduais (que antecederão o gran-de encontro em Brasília, nos dia 1, 2 e 3 dezembro), a sociedade civil não empresari-al preocupa-se em criar uma arena de deba-tes sem tabus e com a presença dos mais diferentes segmentos sociais. A intenção é que o processo seja marcado não apenas como uma discussão de técnicas e tecnolo-gias, mas que seja uma ampla reflexão so-

bre democracia e a sociedade que queremos.

A Conferência é reivindicada des-de 2006 por entidades como o coletivo Inter-vozes, Conselho Federal de Psicologia e Associação Brasileira de Radiodifusão Co-munitária que formaram em 2007 a Comis-são Nacional Pró-Conferência de Comunicação, estabelecendo diálogo com governo. culminou no anúncio do presiden-te Lula durante o Fórum Social Mundial, em Belém do Pará, afirmando a convoca-ção da Conferência ainda para este ano. Em 16 de abril, o decreto de convocação da Confecom foi publicado e a as entida-des que compõem a comissão organizado-ra foram estabelecidas pelo Ministério das Comunicações (MiniCom), responsável pe-la organização.

Para acompanhar os passos do mi-nistro das Comunicações, Hélio Costa, Lu-la convocou os ministros Luiz Dulci e Franklin Martins (secretarias Geral da Presi-dência e Comunicação Social, respectiva-mente). Durante coletiva de imprensa por ocasião da criação da comissão organizado-ra, Dulci afirmou que não existem temas ta-bus a serem conferidos. Entre os

interesses que estarão em pauta nos dia 1, 2 e 3 de dezembro em Brasília, o minis-tro da Cultura quer afirmar as rádios comu-nitárias e possibilitar a experiência de TVs comunitárias, a regionalização do acesso a exibição e veiculação dos conteúdos e democratizar os meios de comunicação pa-ra que a produção independente tenha acesso aos meios de difusão.

“O Brasil é muito resistente em mudar a legislação. Até hoje, não conse-guimos regulamentar o capítulo da comuni-cação na Constituição, como está previsto. Os interesses são muito grandes e pode-ros. Mas o povo brasileiro vai conseguir fa-zer isso”, acredita o ministro Juca Ferreira. O Ministro da Cultura refere-se aos artigos 221 a 224 da Constituição que afirma, en-tre outros pontos, que “os meios de comu-nicação não podem ser objeto de monopólio ou oligopólio” e que a programa-ção de radiodifusores deve atender princí-pios como preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informati-vas; promoção da cultura nacional e regio-nal e estímulo à produção independente.

- Leia na íntegra

Blog da Petrobras provoca debate sobre jornalismo e acesso à informaçãopor Mariana Martins

A decisão da Petrobras de criar um blog para disponibilizar diretamente in-formações e comentar a cobertura feita so-bre si neste momento de turbulência por

que passa a empresa agitou a pauta da mí-dia brasileira na última semana. Debates envolvendo ética no jornalismo, liberdade de imprensa e expressão, acesso à informa-ção e direito à comunicação pautaram as discussões tanto da grande mídia comerci-al quanto dos veículos alternativos e blogs de jornalistas renomados.

O blog “ Fatos e Dados” foi criado pela Petrobras, segundo o próprio, para apresentar fatos e dados recentes sobre a empresa e posicionamentos acerca de questões relativas à Comissão Parlamen-tar de Inquérito (CPI) criada em 15 de maio para investigar supostas fraudes da esta-tal. A página eletrônica, que foi ao ar pela primeira vez no último dia 2 e tem tido uma

média de mais de 20 mil acessos por dia, passou a divulgar também as respostas da-das pela empresa às perguntas feitas pe-los veículos de comunicação.

Foi justamente a abertura dessas informações que gerou forte reação e pro-vocou calorosos debates. Acusada por jor-nais como Folha de São Paulo, O Globo e O Estado de São Paulo de quebrar a confi-dencialidade das perguntas envidas pelos jornalistas e também de prejudicar o traba-lho da imprensa com a publicação anteci-pada de perguntas e respostas, a Petrobras justifica a iniciativa pelos equívo-cos das edições feitas pelos jornais.

- leia mais

baixadasantista.proconferenciasp.org

Page 4: Boletim #001 - 24 de junho de 2009

PÉSSIMA NOTÍCIA

por Marcelo GamaHá tempos o judiciário, aqui

representado pelo Supremo Tribunal Federal, é defensor dos endinheirados. A classe dos jornalistas diplomados jamais se mobilizou por conta disso.

Há tempos Gilmar Mendes achincalha o País, vide, para ser

econômico, o caso Daniel Dantas. Tampouco houve levante por parte da imprensa diplomada. As minguadas vozes contrárias ao presidente do STF, como a de Mino Carta (jornalista fodão, que jamais pisou em uma faculdade), foram devidamente enquadradas. Mendes os processou. E eles ficaram sozinhos.

Há tempos o ensino superior de baixa qualidade vem espalhando seus tentáculos, trazendo consigo milhares de diplomas de jornalismo a serem comprados. Onde estava a dita Imprensa?

Bastava a metade dos formandos que fez juras de amor ao compromisso com a verdade durante a colação de grau cumprir essa promessa. Teríamos, então,

um judiciário um pouco mais sério, menos faculdades caça-níqueis e o mínimo de respeito à profissão que exercem.

A morte do diploma coroa a apatia de uma geração dominada por pretensos jornalistas que, com a mesma desfaçatez de Gilmar Mendes, atropela os fatos para manter seus empregos. Esconde crimes, estatísticas, imagens. Cria falsos heróis. Convenhamos, os patrões levaram tempo demais para perceber que não precisam de universitários para escrever o que mandam.

Lamente-se pelo jornalismo, cada vez mais raro por estas bandas. Pelos diplomados, não.

+ Sindicatos promoveram vigília no Supremo Tribunal Federal

4 24 de junho de 2009 - Boletim #001

por Leandro FortesO fim da obrigatoriedade do diplo-

ma para o exercício do jornalismo é uma derrota para a sociedade brasileira, não esta que discute alegremente conceitos de liberdade de expressão e acredita nas flo-res vencendo o canhão, mas outra, excluí-da da discussão sobre os valores e os defeitos da chamada “grande imprensa”. São os milhões de brasileiros informados por esquemas regionais de imprensa, aí in-cluídos jornais, rádios, emissoras de TV e sites de muitas das capitais brasileiras, cu-jo único controle de qualidade nas reda-ções era exercido pela necessidade do diploma e a vigilância nem sempre eficien-te, mas necessária, dos sindicatos sobre o cumprimento desse requisito.

Tenho ouvido, há anos, como con-tinuei ouvindo, hoje, quando o STF decidiu por oito votos a um acabar com a obrigato-riedade do diploma, essa lengalenga inter-minável sobre os riscos que a liberdade de expressão sofria com a restrição legal a candidatos a jornalistas sem formação aca-dêmica específica. Esse discurso enviesa-do de paixão patronal, adulado aqui e ali por jornalistas dispostos a se sintonizar com os sempre citados países do Primeiro Mundo que não exigem diploma, gerou uma percepção falaciosa, para dizer o mí-nimo, de que para ser jornalista basta ape-nas ter jeito para a coisa, saber escrever, ser comunicativo ou, como citou um des-ses ministros do STF, “ter olho clínico”. Foi baseado nesse amontoado de bobagens, dentro de uma anti-percepção da realida-de do ofício, que se votou contra o diplo-ma no Supremo.

Conheço e respeito alguns (pou-cos) jornalistas, excelentes jornalistas, que sempre defenderam o fim do diploma, e não porque foram cooptados pelo patrona-to, mas por se fixarem em bons exemplos e na própria e bem sucedida experiência.

São jornalistas de outros tempos, de ou-tras redações, de outra e mais complexa realidade brasileira, mais rica, em vários sentidos, de substância política e social. Não é o que vivemos hoje. Não por acaso, e em tom de deboche calculado, o minis-tro Gilmar Mendes, que processa jornalis-tas que o criticam e crê numa imprensa controlada, comparou jornalistas a cozi-nheiros e costureiros ao declarar seu voto pelo fim da obrigatoriedade do diploma. É uma maneira marota de comemorar o fim da influência dos meios acadêmicos de es-querda, historicamente abrigados nas fa-culdades de jornalismo, na formação dos repórteres brasileiros.

Sem precisar buscar jornalistas formados, os donos dos meios de comuni-cação terão uma farta pescaria em mar aberto. Muito da deficiência dessa discus-são vem do fato de que ela foi feita sem-pre pelo olhar da mídia graúda, dos jornalões, dos barões da imprensa e de seus porta-vozes bem remunerados. Eu,

que venho de redações pequenas e mal amanhadas da Bahia, fico imaginando co-mo é que essa resolução vai repercutir nas redações dos pequenos jornais do interior do Brasil, estes já contaminados até a me-dula pelos poderes políticos locais. Arrisco um palpite: serão infestados por jagunços, capangas, cabos eleitorais e familiares.

O fim da obrigatoriedade do diplo-ma vai, também, potencializar um fenôme-no que já provoca um estrago razoável na composição das redações dos grandes veí-culos de comunicação: a proliferação e a expansão desses cursinhos de trainee, fá-bricas de monstrinhos competitivos e dou-trinados para fazer tudo-o-que-seu-mestre-mandar. Ao invés de termos viabilizado a melhoria dos cursos de jornalismo, de ter-mos criado condições para que os grandes jornalistas brasileiros se animassem a dar aulas para os jovens aspirantes a repórte-res, chegamos a esse abismo no fundo do qual se comemora uma derrota.

De minha parte, acho uma pena.

Agora doeu, né?

Page 5: Boletim #001 - 24 de junho de 2009

por Silvio Bergamini

Para adicionar opinião e argu-

mentos. Hoje a profissão COMUNICA-

DOR é dividida principalmente entre

jornalistas, publicitários e os relações pú-

blicas. Os editores também enquadram-

se como comunicadores.

Das quatro profissões duas tem o

respeito legal e o amparo ao trabalho: jorna-

listas e relações públicas.

Os publicitários não tem profissão

regulamentada. Por esta razão "qualquer

um" cria, planeja, define comunicação. São

dois aspectos para a publicidade. A ética du-

vidosa de muitos dos francos atiradores, e

temos visto como é terrível a falta de ética

no segmento e a perda financeira dos anun-

ciantes.

Engenheiros, veterinários, adminis-

tradores de empresas, todos querem meter

o bedelho na comunicação publicitária e na

propaganda. Até pessoas não formadas e

que sequer possuem segundo grau, primei-

ro grau.

Se o ensino é deficiente no primei-

ro e segundo grau pode-se perceber a ra-

zão da falta de ética, de técnica, de

respeito ao dinheiro do anunciante. Anunci-

ante é comércio, é geração de empregos e

riquezas. Na mão de verdadeiros esteliona-

tários, oportunistas, escroques, temos as-

sim a riqueza social severamente

comprometida.

Jornalistas são regulamentados

faz décadas. Evidentemente donos de jor-

nais, políticos (ah, esses...), empresários

de vocação duvidosa, querem liberdade pa-

ra NÃO PAGAR, para NÃO OBEDECER PA-

DRÕES ÉTICOS, PARA NÃO TER EM

SUAS REDAÇÕES ALGUÉM COMPROME-

TIDO COM O LEITOR E NÃO COM O CAI-

XA. Para que a BOA TÉCNICA jornalística

confunda-se com interesses econômicos co-

mo AQUELES QUE CRIARAM REVISTAS

de puro "merchandising" disfarçadas de jor-

nalismo.

Diploma sim. Evidentemente. Qual

o argumento contra? Falta de liberdade de

expressão? Não é. Não mesmo. A constitui-

ção garante liberdade de expressão. A qual-

quer um. Basta identificar-se. Mas querem

impingir à sociedade falsos repórteres, fal-

sos redatores noticiosos, falsos produtores

de matérias jornalísticas para assim fazer

com que a propaganda enganosa, a propa-

ganda política, a propaganda disfarçada se-

ja lida como verdade pela sociedade.

Diploma sim. O coração de

estudante, aquele que enfrenta polícia que

intimida dentro do Campus da

Universidade, que se rebela e cria

MOVIMENTOS COMBATIVOS, que reage

às balas e às bombas com flores, leva, até

sua morte, o grito de liberdade e de defesa

da comunidade.

Diploma sim. Pois escroques que

invadem a publicidade invadirão as

redações quando patrões, políticos

malfeitores, interesses corporativistas

escusos atacarem o sagrado direito do

jovens de tornarem-se JORNALISTAS.

Midialivristas de to-

do o Brasil e uma

quantidade significati-

va de professores e es-

tudantes de

Comunicação são A FA-

VOR da formação superi-

or em Jornalismo, em

Rádio e TV, em Publicida-

de, em Cinema e em TODAS as

habilitações de Comunicação e

ao mesmo tempo CONTRA a exigência corpo-

rativa do Diploma APENAS para exercer a pro-

fissão de jornalista, o que "exclui" as demais

habilitações do exercício desta profissão e exclui

os fazedores de mídia e midialivristas vindos dos

mais diferentes campos do conhecimento e com a

mais diversa formação.

Por que a FENAJ e outras entidades corporati-

vas não esclarecem que o fim da exigência de Diplo-

ma para trabalhar em jornalismo não significa o fim

do Ensino Superior em Jornalismo? Que os Cursos

de Comunicação e de Jornalismo não vão acabar

com o fim dessa exigência? Que centenas de Cursos

Superiores extremamente bem sucedidos e disputa-

dos, inclusive no campo da Comunicação (como Publici-

DIPLOMA LIVRE

dade) não tem exigência de diploma para exercer a

profissão e são um sucesso com enorme demanda?

Ao invés de esclarecer que são duas coisas

distintas, confundem a todos! É a pedagogia da de-

sinformação e do "medo", a pedagogia da "reserva

de mercado" para UM único grupo de profissionais,

os "jornalistas", tirando a oportunidade e a emprega-

bilidade de tantos outros jovens formados em Comu-

nicação e não reconhecendo a potência da Mídia

Livre.

Nada justifica esta "excepcionalidade"

no cenário das mídias digitais! A não ser....o

corporativismo.

A exigência do diploma pode acabar na

quarta-feira mesmo (o Supremo Tribunal Federal in-

cluiu na pauta da sessão de quarta-feira, dia 10 de ju-

nho, o julgamento do Recurso Extraordinário RE

511961 que extingue a exigência de diploma para

exercer jornalismo) que os Cursos de Comunicação

e a habilitação em jornalismo e a formação superior

NÃO vão acabar!

A Comunicação e o jornalismo são importan-

tes demais para serem "exclusivas" de um grupo de

"profissionais". A Comunicação e o jornalismo hoje

são um "direito" de todos, que devem ser exercidos

por qualquer brasileiro, com ou sem diploma.

5

baixadasantista.proconferenciasp.org

por Ivana Bentes

Diploma sim. Evidentemente

MANIFESTAÇÃO

- A Regional de Santos, Baixada Sa-

ntista e Vale do Ribeira promoveu na

segunda-feira (22), às 19 horas, na

Câmara de Vereadores de Santos,

uma grande manifestação contra a -

decisão do STF. Não fique de braços

cruzados e lute em favor do diploma.

Regional de Santos,

Baixada Santista e Vale

do Ribeira

Sindicato dos Jornalistas

Profissionais no Estado

de São Paulo

"

Page 6: Boletim #001 - 24 de junho de 2009

Regionalização da publicidade

gera reações da grande mídia

por Mariana MartinsA estratégia do governo federal

para os investimentos em publicidade

governamental vem provocando intensos

debates no último mês. A divulgação do

crescimento de 961% dos meios de

comunicação utilizados para a veiculação

de anúncios, sem acréscimo expressivo

no valor gasto por outras gestões, foi

recebida de forma crítica pela grande

mídia comercial e de maneira

esperançosa por veículos de menore

porte.

Em matéria publicada na Folha

de São Paulo no dia 31 de maio,

Fernando Rodrigues expôs de forma

minuciosa o movimento de pulverização

dos investimentos em propaganda

promovido pela Secretaria de

Comunicação Social do governo

(Secom). Em 2008, o governo divulgou

peças publicitárias em 5.297 veículos,

sendo 2.597 rádios e 297 TVs, número

muito superior aos 499 meios de

comunicação que recebiam recursos para

fins de promoção em 2003. Nesse

período, o número de municípios

atingidos pelos anúncios do Executivo

Federal cresceu de 182 para 1.149.

O texto explicita a orientação

editorial do jornal ao realizar uma

comparação inoportuna entre a

publicidade das empresas privadas e do

governo federal para sugerir uma

desproporção na estratégia desse último.

Junto a uma coluna de Fernando Barros

e Silva, editor de Brasil do mesmo jornal,

a reportagem gerou repercussão entre

jornalistas e meios de comunicação.

Barros e Silva apelidou a política

de “bolsa-mídia” e acusou-a de “compra

de mídia de segundo e terceiro escalões”.

+ Em 2008, o governo divulgou peças publicitárias em 5297 veículos

6

24 de junho de 2009 - Boletim #001

São Vicente - dia 22

Conferência Livre na Escola Estadual Luiz D'Aurea -

São Vicente - Rua 8, 119 - informações: 3566-1259

Rio de Janeiro - dia 22

Audiência Pública na Assembléia Legislativa com o

apoio da Comissão de Cultura da Alerj

Brasília - dia 23

Audiência Pública sobre a Conferência Nacional e

Distrital

Fortaleza - dia 25

Debate no Sindicato dos Jornalistas do Ceará

Belém - dia 26

Audiência Pública na Assembléia Legislativa do

Pará sobre a realização da 1ª ConfeCom Estadual

São Paulo - dia 27

Seminário “Propostas concretas para a

democratização dos meios de comunicação”

Porto Alegre - dia 24 a 27

10º Fórum Internacional de Software Livre

O editor da Folha de S. Paulo sugere uma

relação entre o movimento de

diversificação dos investimentos

publicitários e a avaliação popular do

presidente da república, afirmando que

“essa mídia de cabresto que se consolidou

no segundo mandato ajuda a entender e a

difundir a popularidade do presidente. E

talvez explique, no novo mundo virtual, o

governismo subalterno de certos blogs que

o lulismo pariu por aí”.

Governo rebate críticas

Segundo Ottoni Fernandes

Júnior, subchefe-executivo da Secom, a

estratégia de pulverização e

regionalização das campanhas do

governo federal não é nova e é colocada

em prática desde a gestão do ex-ministro

Luiz Gushiken, que dirigiu a pasta até

2005.

Para Fernandes Júnior, a

regionalização da distribuição das verbas

publicitárias é um movimento natural e a

comparação do investimento em

propaganda do governo com o de

empresas privadas é um erro. “A função

das propagadas de um e de outro

[governo e empresas privadas] é

completamente diferente. As empresas

têm foco na venda dos seus produtos, no

consumo, e o nosso foco são nos direitos

e deveres do cidadão.”

- confira na íntegra

AGENDA da SEMANA