bnds relatorio_consolidado aeroporto guarulhos

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  • 5/25/2018 BNDS Relatorio_consolidado Aeroporto Guarulhos

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    Rio de Janeiro, 25 de janeiro de 2010

    1aedio

    Estudo do Setor de Transporte

    Areo do Brasil

    Relatrio consolidado

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    222

    Este trabalho foi realizado com recursos do Fundo de Estruturao de Projetos do BNDES

    (FEP), no mbito da Chamada Pblica BNDES/FEP No. 03/2008.Disponvel com mais detalhes em .

    O contedo desta publicao de exclusiva responsabilidade dos autores, norefletindo, necessariamente, a opinio do BNDES. permitida a reproduo total ou

    parcial dos artigos desta publicao, desde que citada a fonte.

    Dados internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

    (Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

    Estudo do Setor de Transporte Areo do Brasil:

    Relatrio Consolidado. Rio de Janeiro:

    McKinsey & Company, 2010.

    Bibliografia

    ISBN 978-85-63579-00-3

    CDD 380

    Autoria e edio de McKinsey & Company

    Trabalho realizado com a consultoria tcnica de:

    FIPE Fundao Instituto de Pesquisas Econmicas

    ITA Instituto Tecnolgico de Aeronutica (em convnio de cooperao tcnica com a Fundao

    Casimiro Montenegro Filho)

    TozziniFreire Advogados

    McKinsey & Company, Inc. do Brasil Consultoria Ltda.Rua Alexandre Dumas, 1711 10. Andar04717-004 So Paulo SP BrasilTel.: +55 11 5189-1400www.mckinsey.com

    1. EdioJaneiro de 2010

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    333

    CONSIDERAES IMPORTANTES

    O relatrio, as anlises e as concluses aqui apresentadas tm como base informaes que no

    foram geradas pela McKinsey&Company, e no estavam, portanto, sujeitas nossa verificao

    independente. A McKinsey acredita que tais informaes so confiveis , mas no garante que tais

    informaes sejam completas e precisas sob todos os aspectos1. O presente relatrio no constitui

    opinio jurdica, tributria, contbil ou aconselhamento a respeito de aspectos de segurana.

    As anlises e concluses contidas neste relatrio baseiam-se em premissas, parte das quaisdesenvolvemos com contribuio do ITA, da FIPE-USP e de rgos e empresas atuantes no setor.

    Tais premissas podem ou no estar corretas, pois foram baseadas em fatores e eventos sujeitos a

    incertezas. Desta forma, os resultados futuros podem ser substancialmente diferentes de quaisquer

    previses ou estimativas contidas nas anlises. As anl ises contidas neste relatrio foram

    realizadas pela McKinsey&Company no perodo compreendido entre junho de 2009 e janeiro de

    2010. A McKinsey&Company no assume a obrigao de atualizar o presente relatrio.

    Finalmente, entendemos que a escolha dos objetivos de poltica pblica uma deciso de governo.

    Desta forma, compete aos gestores pblicos decidir, dentre as recomendaes apresentadas, quais

    dessas melhor atendem aos interesses da sociedade.

    1 O CD anexo contm bases de dados e informaes relevantes utilizadas neste estudo.

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    Apresentao

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    O Estudo do Setor de Transporte Areo do Brasil o resultado de umaavaliao independente que traz diagnsticos do setor e recomendaes para oshorizontes de 2014, 2020 e 2030. O trabalho foi desenvolvido pela McKinsey& Company do Brasil com recursos do Fundo de Estruturao de Projetos do

    BNDES (FEP).

    O FEP um instrumento criado pelo BNDES com a finalidade de contribuirpara a formulao de polticas pblicas e fomentar a realizao deinvestimentos estruturantes. Seus recursos destinam-se ao custeio de pesquisascientficas, prospeco de projetos e estudos de viabilidade.

    A McKinsey & Company do Brasil foi selecionada por meio da ChamadaPblica BNDES/FEP n 03/2008 e contou com as colaboraes da FundaoCasimiro de Montenegro Filho, ligada ao Instituto Tecnolgico da Aeronutica- ITA, do TozziniFreire Advogados e da Fundao Instituto de PesquisasEconmicas - FIPE.

    Esse estudo chega em um momento em que o setor de aviao civil tem diante desi o desafio de superar obstculos decorrentes de seu vigoroso crescimento naltima dcada. Seu contedo foi sistematizado em trs dimenses fundamentaise inter-relacionadas:

    (i) Infraestrutura:avaliao de capacidade dos principais aeroportosbrasileiros em contraponto com as projees de demanda at 2030,buscando identificar e estimar as necessidades de investimentos. Foi

    realizada uma ampla pesquisa de Origem e Destino (O/D) nos 32 principaisaeroportos do pas, fornecendo bases para um melhor entendimento dademanda atual por transportes areos no Brasil;

    (ii) Competio:avaliao das condies do setor com foco na administraoaeroporturia e oferta de servios areos. Tambm foi objeto de anlisea abrangncia da malha area e a criao de mecanismos que permitam acriao e o desenvolvimento de linhas de baixa e mdia densidades; e

    (iii) Governana:avaliao jurdica e institucional, visando identificarlacunas, sobreposies e oportunidades de aprimoramento na estrutura

    organizacional e regulatria do setor.

    O contedo do estudo no reflete necessariamente opinies do BNDES. Asinformaes produzidas so pblicas e tm por objetivo fomentar o debatesobre esses temas e permitir a avaliao de alternativas para o desenvolvimentodo setor de aviao civil.

    Comit de Seleo do FEP

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    Sumrio

    Executivo

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    7/380

    Foto: iStockphoto.com/sharply_done

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    Foto:iStockphoto.c

    om/sharply_

    done

    Introduo e Diagnstico do SetorAreo do Brasil

    A aviao civil brasileira passoupor inmeras transformaes desde 1927, ano dovoo inaugural da primeira empresa de aviao civil do Brasil. De um mercado incipiente, na

    dcada de 20, em que a constituio de empresas areas era livre e a regulao praticamente

    inexistente, o Pas passou a ter um setor com empresas de porte e com marco regulatrio

    definido, contando, inclusive, com uma agncia reguladora dedicada (a Agncia Nacional de

    Aviao Civil ANAC, criada em 2005).

    Hoje, no mercado brasileiro, so realizadas mais de 50 milhes de viagens por ano, nmero que cresceu

    expressiva taxa de 10% ao ano entre 2003 e 2008, na esteira da melhoria da economia como um todo

    (crescimento do PIB de 4,7% ao ano no perodo) e da incluso de passageiros das classes B e C. J no

    segundo semestre de 2009, apesar da crise financeira global, observou-se forte retomada da demanda

    por servios areos no mercado domstico e incio de retomada no mercado internacional, gerando um

    trfego anual acumulado no mesmo patamar de 2008.

    Atualmente, a disponibilidade de aeroportose a cober tura da malha area domstica mostram-se,

    de maneira geral, adequadas, com distribuio que espelha a da populao. As companhias areas

    nacionais mais representativas encontram-se financeiramente saudveis e possuem relevantes planos

    de expanso. Nos ltimos anos, o gradual processo de liberalizao tarifria promovido pela ANAC

    tornou o setor mais dinmico e competitivo, e esse aumento de competitividade trouxe benefcios aos

    passageiros, que viram o preo mdio por quilmetro voado baixar 48% entre 2003 e 2008. Alm disso,

    o Brasil um dos poucos pases com indstria aeronutica relevante. A Embraer, historicamente um dos

    principais exportadores brasileiros, retoma agora as vendas para o mercado interno.

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    Foto: Acervo Infraero

    Sumrio executivo 9

    FONTE: IBGE; ANAC; anlise da equipe

    4,7

    1,7

    1997-2002 2003-2008

    Crescimento do PIB%, ao ano

    Preo da passagemR$/passageiro.km (ajustado a valores de hoje)

    Crescimentodo PIB

    Reduo dopreo depassagem

    Aumento dacompetio

    Liberao tarifria 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008

    0,470,46

    0,48

    0,390,35

    0,27

    0,32

    0,3

    0

    0,5

    0,4

    Preo0,26

    0,470,50

    0,6

    0,45 0,46

    0%

    -48%

    Crescimento de10% a.a. dademanda a partirde 2003

    Apesar de todos esses avanos, o crescimento recente trouxe uma srie de desafios. A infraestrutura

    aeroporturia, em sua grande parte a cargo da Infraero, empresa que administra os aeroportos

    responsveis por mais de 95% do trfego areo civil, no cresceu no mesmo ritmo da demanda. Dos

    20 principais aeroportos nacionais, 13 j apresentam gargalos nos terminais de passageiros, comconsequente reduo no nvel de servio prestado aos usurios, sendo o caso mais crtico o de So

    Paulo, principal hubdo Pas, com cerca de 25% do trfego total. O sistema de pista e ptio tambm

    encontra limitaes. Congonhas, aeroporto de maior movimento de voos domsticos do Brasil, que

    at novembro de 2009 era o nico do Pas a ter limitao da oferta de slotspara pousos e decolagens,

    recentemente foi acompanhado pelo aeroporto de Guarulhos, que no mais poder receber voos

    adicionais em determinados horrios.

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    Sumrio executivo10

    Limitado

    (2020)

    O crescimento acelerado trouxe para a infraestrutura

    aeroporturia desafios de capacidade j em 2009

    FONTE: ITA; DECEA; anlise da equipe

    Com restries hoje

    Necessidade de investimento at 2030

    Capacidade atual suficiente at 2030Utilizao na hora-pico para pista/ptio e no ano para TPS

    1 Considera mesmo nvel de crescimento tanto para aviao geral quanto para aviao regular2 No considera equipamento para movimentao de passageiros (p.ex., nibus, escada) que pode afetar o nvel de servio percebido pelo passageiro

    Aeroporto

    RJ

    BH

    Dem

    ais

    SP

    Pista ITA Ptio2 TPSPista DECEA

    (2020) Confins

    (2030) Saturado (2030) Braslia (2030) (2030) (2030) Porto Alegre

    (2030) Curitiba

    (2020) Saturado (2030) Salvador

    Galeo (2030) (2030) Saturado Santos Dumont

    (2030) (2014) Pampulha

    (2030) (2030) Recife

    (2030) Fortaleza

    (2020) Manaus

    Saturado Natal

    (2030) Saturado Cuiab

    Saturado (2014) Congonhas (2020) (2014) Viracopos

    (2030) Saturado Goinia

    (2014) Belm

    (2030) Saturado Vitria

    Saturado Florianpolis

    Lado ar1 Lado terra

    (2030) Saturado (2030)

    Saturado

    Saturado

    Saturado

    (2020)

    (2014)

    (2030)

    (2030)

    (2014)

    (2020)

    Saturado

    (2030)

    (2014)

    Saturado

    Saturado

    (2014)

    Saturado

    (2030)

    Saturado

    Saturado

    Saturado Guarulhos

    ( ) Ano limite para saturao

    Combinando-se o crescimento esperado da demanda para os prximos 10 anos (mdia de 5% ao ano, no

    cenrio base, ou at 7% ao ano, em um cenrio mais otimista), com o fato de o parque aeroporturio j

    mostrar limitaes e de a Infraero ter expandido capacidade em um ritmo abaixo do planejado, tem-se a

    dimenso do desafio a ser vencido. Alm disso, em 2014 e 2016, o Brasil sediar dois eventos esportivos

    internacionais de grande porte a Copa do Mundo e as Olimpadas aumentando a presso sobre a

    infraestrutura.

    312

    194

    146

    111

    5,6% a.a.

    2030E2020E2014E2009E

    +35

    A demanda por transporte areo deve seguir crescendo rapidamente

    Demanda de passageiros nos 20 principais aeroportos

    Milhes PAX/ano

    FONTE: Projeo de demanda ITA; anlise da equipe

    257(7,3%a.a.)

    155(2,5%a.a.)

    Cenrio Otimista

    Cenrio Pessimista

    1 Cenrio base assume Index (Cresc % PAX/Cresc % PIB real) de 1,25 (Mdia das projees globais 1,25, enquanto China, melhor caso, 1,64)

    2 Equivale a 1,42 x Cresc % PIB real3 Equivale a 1,00 x Cresc % PIB real

    165 (7,0%a.a.2)

    128(1,7%a.a.3)

    530(7,4%a.a.)

    214(2,9%a.a.)

    Projeo top-down para o cenrio base1

    5,1% a.a.

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    Foto: Acervo Infraero

    Sumrio executivo 11

    No mdio e longo prazo (at 2030),dado o crescimento projetado, sero necessriosinvestimentos para aumentar a capacidade atual em 2,4 vezes (de 130 milhes para 310 milhes de

    passageiros ao ano, ou o equivalente a nove aeroportos de Guarulhos). Limitar a capacidade significa

    no somente deixar passageiros desatendidos, com reflexos adversos na economia, mas regredir em

    muitas das conquistas recentes do setor, como a maior competio, que permitiu a reduo dos preos

    aos passageiros e incremento do uso do modal areo.

    O Brasil precisa mais que dobrar a capacidade de seus principais aeroportos at

    2030

    129

    172

    273

    23

    39

    30E

    312

    20E

    195

    14E

    146

    17

    2009E

    111

    98

    13

    4710

    126

    OutrosBH

    7

    Bra-

    slia

    RJ

    27

    SP

    36

    Total

    DomsticoInternacional

    FONTE: Infraero; ITA; anlise da equipe

    CGH

    GRU

    VCP

    20,5

    12,0

    3,5

    8,5

    18,0

    SDU

    GIG

    1 Capacidade operacional dos aeroportos em 2009

    Projeo de demanda Capacidade1 dos aeroportos

    Milhes PAX/ano

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    12/380

    Sumrio executivo12

    Ao mesmo tempo em que a expansoda infraestrutura aeroporturiadesponta comoa necessidade de ao mais importante e imediata, existem, em paralelo, outras oportunidades de

    atuao no setor, para que o Pas possa atingir seu pleno potencial. Por exemplo, a combinao de

    investimentos em ptio com aperfeioamentos no controle de trfego areo, em certa medida, poderia

    diminuir o tempo necessrio de viagem, permitindo rotas com traado mais direto, progresso de subida

    e descida mais eficiente e menores circuitos de espera para aproximao para pouso. Menor tempo de

    voo implica menor consumo de combustvel, menores custos operacionais e impacto ambiental positivo.

    Os procedimentos requeridos para a importao de peas de reposio obriga as companhias areas a

    um carregamento de estoque mais elevado.

    Reduzir as barreiras estruturais e custos evitveis poderia levar a uma

    reduo de ~11 a 15% nos custos no setor areo brasileiro domstico

    FONTE: Entrevistas com linhas areas; relatrios anuais TAM e Gol; HOTRAN; ANAC; anlise da equipe

    -70-50

    -20

    -120

    -250-210

    Impostos sobre combustveis

    Paridade de preo do combustvel

    Custos atuais 12.020

    10.68010.170

    -240

    Regime (burocracia) deimportao

    Limitao do tempo de voo deaerovirios -110-90

    Restries de infraestruturaaeroporturia e aeronutica

    -30

    Custos potenciais

    -510

    Imposto de importao -120

    -830

    -100

    Tempo de turnaround deaeronaves

    Tributos sobre receitas -140

    -300

    Impacto da reduo de barreiras estruturais e custos evitveis nos custos do setor areo domsticoR$ milhes/ano, base 2008

    Uma grande

    parte da

    reduo de

    custos evitveis

    resultaria da

    reduo de

    restries de

    infraestrutura

    aeroporturia e

    aeronutica

    A maior partedo potencial

    viria apenas da

    reduo de

    desperdcio com

    custos evitveis

    5,6 a 6,7

    5,6 a 8,7

    2,0 a 2,5

    1,7 a 2,1

    1,0 a 1,2

    0,8 a 1,0

    4,2 a 6,9

    0,7 a 0,9

    0,4 a 0,6

    0,2 a 0,3

    11,1 a 15,4

    ESTIMATIVA

    Reduo percentual(%)

    Eliminaodec

    ustos

    evitveis

    Barreirasestruturais

    O diferencial de alquotas de ICMS sobre combustveis por exemplo, 25% no Estado de SP, contra

    3% em MG e 4% no RJ, leva as empresas areas prtica de tankering, isto , o carregamento decombustvel alm do tecnicamente necessrio com todos os custos envolvidos a partir dos locais

    de menor alquota. A remoo desses e de outros custos evitveis e barreiras estruturais atravs da

    disponibilizao de reas para estacionamento de aeronaves, maior flexibilizao do regime de horrios

    de trabalho dos aerovirios e maior rapidez no processo de turnaround, entre outros representaria

    uma reduo de custo ao sistema da ordem de R$ 2 a 3 bilhes por ano. Garantido o nvel adequado

    de competio no setor, essa economia seria equivalente a algo como 10% de reduo no preo por

    quilmetro voado. Extrapolados esses nmeros para 2030, seriam cerca de 25 milhes de passageiros

    adicionais por ano em funo dessa otimizao.

  • 5/25/2018 BNDS Relatorio_consolidado Aeroporto Guarulhos

    13/380

    Foto:AcervoInfraero

    Sumrio executivo 13

    No que tange atribuiode papise responsabilidades e arquitetura (incluindo

    hierarquia e sistema de freios e contrapesos),

    observou-se que a estrutura de governana

    do setor apresenta pontos passveis de

    aprimoramento. Por exemplo, no est claro

    qual entidade responsvel pelo planejamento

    de longo prazo e coordenao do setor como

    um todo, incluindo servios de transporte areo,

    infraestrutura aeroporturia e controle de trfego

    areo, algo primordial tendo em vista a intensa

    interao entre esses trs componentes.

    De fato, esta necessidade de coordenao vai

    alm das atividades internas do setor areo:

    ao contrrio do Brasil, onde o rgo regulador

    da aviao civil est vinculado ao Ministrio

    da Defesa, a quase totalidade dos pases

    analisados neste estudo tem rgo regulador

    ligado ao Ministrio dos Transportes ou da

    Indstria/Desenvolvimento, para facilitar o

    planejamento integrado da matriz de transportes.

    No que concerne boa prtica de alocao das

    funes de regulao, execuo e fiscalizao

    para rgos distintos, foi identificada uma

    oportunidade de aperfeioamento na atribuio

    de responsabilidades quanto ao controle de

    trfego areo, uma vez que atualmente essas

    trs funes esto sob a responsabilidade de

    um mesmo rgo, o DECEA (Departamento de

    Controle do Espao Areo).

    Na questo de incentivos, verificou-se que o Pas

    ainda carece de um processo efetivo de definio

    de metas e acompanhamento de resultados com

    relao s operaes da Infraero e do DECEA.

    Alm disso, constatou-se um baixo grau de

    coordenao entre a empresa e as autoridades

    atuantes nos aeroportos (Polcia Federal, Receita

    Federal, ANVISA - Agncia Nacional de Vigilncia

    Sanitria, entre outros), o que gera estresse

    adicional na infraestrutura existente.

    Em suma, pode-se afirmar que o Brasil possui

    um setor areo dinmico, funcional e com

    alto potencial de crescimento mas que, como

    qualquer outro, em qualquer pas, possui

    desafios e oportunidades de aprimoramento. No

    caso brasileiro, principalmente em infraestrutura.

  • 5/25/2018 BNDS Relatorio_consolidado Aeroporto Guarulhos

    14/380

    Foto:AcervoInfraero

    Para recomendar aes de melhoria, no basta estar ciente do ponto de partida (isto

    , do diagnstico do setor), preciso ter uma viso de onde se deseja chegar. Estabelecer essa

    viso para o setor implica necessariamente definir os objetivos a serem atingidos. Tais objetivos

    encerram decises de poltica pblica muitas vezes concorrentes entre si. Por exemplo, optar

    por ter aeroportos em um nmero maior de municpios implica adicionar aeroportos por vezes

    deficitrios; assim sendo, uma maior cobertura da infraestrutura teria como contraponto um

    maior custo total do sistema, forosamente transferido, em ltima instncia, aos passageiros

    e/ou contribuintes.

    Ao longo deste estudo, foi possvel compilar, com base na interao com agentes polticos, rgos

    reguladores e representantes de empresas e entidades atuantes no setor, uma potencial viso para o

    setor areo brasileiro para o ano de 2030, dentre a infinidade de vises possveis. De igual modo, com

    razovel grau de consenso, foram mapeados os objetivos de poltica pblica relacionados a tal viso.

    A viso desejada a de que o setor areo brasileiroatinja seu "pleno potencial", gerando significativobenefcio social. Para comear, o diferencial de utilizao do modal areo no Pas com relao a

    mercados maduros seria gradativamente vencido. Em 20 anos, o volume de passageiros seria quase

    triplicado, atingindo mais de 310 milhes por ano, e a intensidade de utilizao do modal areo chegaria

    a mais que o dobro da atual (de 0,3 para 0,7 viagem/habitante por ano). No intuito de melhorar a

    acessibilidade no Pas, at 800 mil passageiros anuais seriam originados em reas remotas, atualmente

    no servidas, para as quais o modal areo se mostra como o nico de fato vivel. O setor geraria mais

    de 500 mil novos empregos diretos e indiretos. Alm disso, o parque de aeronaves de transporte regular

    seria aumentado em mais 400 a 600 unidades, das quais uma parcela significativa seria fabricada no

    Brasil. O conjunto de aeroportos da regio metropolitana de So Paulo seria o principal hubna Amrica

    Latina, e o Pas contaria ainda com hubsinternacionais no Rio de Janeiro e em cidades do Nordeste. Os

    aeroportos brasileiros operariam sem gargalos significativos, com bom nvel de servio aos passageiros.

  • 5/25/2018 BNDS Relatorio_consolidado Aeroporto Guarulhos

    15/380

    Sumrio executivo 15

    Com base nos ganhos de produtividade e na melhor utilizao dos ativos, o sistema de administrao

    aeroporturia seria autossuficiente, com receitas em nvel adequado tanto para custear suas operaes

    correntes como para financiar a expanso de sua capacidade, sem injeo de recursos pblicos. Do

    mesmo modo, as companhias areas nacionais operariam com alto nvel de eficincia, e os passageiros

    se beneficiariam de tais ganhos de produtividade, por meio da reduo do preo das passagens areas.

    Viso 2030 para o setor areo

    Brasil se aproximando intensidade de usodo modal areo dospases desenvolvidos

    Gerao de mais de500 mil empregos

    diretos e indiretos noPas

    Cerca de 450-600novas encomendas deaeronaves, sendocerca de 170-200 daEmbraer

    RMSP como principalhubna Amrica Latina

    At 800 mil PAX/anoatendidos em regiesremotas

    Impacto geral positivona economia

    Atendimento dademanda extra daCopa 2014 eOlimpadas 2016

    Potenciais externalidadespositivas adicionais

    Brasil a pleno potencial

    Aviao civil com planejamento integradocom outros modais (i.e. vinculada aoMinistrio dos Transportes)

    Efetiva coordenao e planejamento do setorcomo um todo

    Novo marco regulatrio do setor, comlegislao clara e organizada em um nmeromnimo de diplomas consolidadores

    Controle de trfego areo civil regulado efiscalizado pela ANAC

    Sistema de incentivos, com metas clarasnorteadas pelos objetivos de poltica pblica

    Governana

    Maior utilizao do modal areo, triplicandoo volume atual de passageiros, 310 milhes

    PAX; 0,7 viagem/hab/ano Principais aeroportos do Pas operando sem

    gargalos crticos

    RMSP, principal hubna Amrica Latina,

    oferecendo nvel de servio B/C

    2 novos hubsinternacionais: RJ e Nordeste

    Guarulhos, Viracopos e Galeo com acessoferrovirio rpido

    Controle de trfego areo civil de classemundial

    Infraestrutura

    Mercado competitivo, sem barreiras deentrada significativas, com novas rotasdomsticas e internacionais

    Cias. areas operando com alto nvel deeficincia, com repasse destes ganhos aospassageiros

    Reduo de 50% na lacuna de yield

    2 vezes mais aeroportos com rotas regulares

    Eliminao das barreiras estruturais e custosevitveis

    Serviosareos

    Papel relevante da iniciativa privada naadministrao de aeroportos

    Eficincia operacional de classe mundial

    Receitas comerciais = 40-50% do total

    Sistema autossuficienteAdministrao

    aeroporturia

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    Foto: Acervo Infraero

    Sumrio executivo16

    As vises de futuro para o setor dependem fundamentalmente do

    crescimento da economia brasileira e da capacidade do Pas de

    remover suas barreiras estruturais e custos evitveis

    FONTE: Anlise da equipe

    Crescimento PIB

    Barreirasestruturais

    +Custos

    evitveis

    Baixo Mdio-Alto

    Mantidos

    Removidos

    Brasil a plenopotencial

    Situao atual

    Novo patamar

    Novo patamar

    180-230150-180

    100-150 150-200

    ILUSTRATIVO

    Milhes de viagens/ano

    Viso para 2030

    Atingir esse pleno potencial envolve uma srie de requisitos e objetivos de poltica pblica subjacentes.

    Em primeiro lugar, seria necessrio eliminar custos evitveis e barreiras estruturais atualmente

    identificados no sistema, com o aprimoramento do controle de trfego areo e investimento macioem infraestrutura. Do ponto de vista de governana, seria preciso caminhar para um planejamento

    integrado no apenas das atividades-chave do setor areo, mas deste com os outros modais. Quanto

    administrao aeroporturia, seria necessrio atingir um nvel de operaes de classe mundial, e elevar

    consideravelmente a participao das receitas comerciais no total das receitas aeroporturias. Para

    tanto, o papel da iniciativa privada seria relevante. No que se refere prestao de servios areos, o

    rgo regulador deveria continuar atuando na garantia de um mercado competitivo, sem barreiras de

    entrada significativas, propiciando ganhos de eficincia e assegurando seu repasse aos passageiros.

  • 5/25/2018 BNDS Relatorio_consolidado Aeroporto Guarulhos

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    Foto: Acervo Infraero

    Sumrio executivo 17

    Como visto,este estudo no trata apenas de questes que podem ser abordadas no cur tssimoprazo, mas inclui pontos que exigem maturao e um maior nvel de esforo. Em contrapartida, 20 anos

    representam um horizonte de tempo suficiente para solucionar tais questes e, como prmio, o setor

    areo do Brasil poder se transformar em referncia mundial.

    Principais desafios e recomendaes para o setor

    Governana

    Infraestrutura

    Administraoaeroporturia

    Servios areos

    Principais desafios

    Resolver gargalos crticos de curto prazo(13 dos 20 principais aeroportos)

    Construir capacidade para atender demandanatural at 2014/16 (desafio superior ao deCopa e Olimpadas)

    Possibilitar crescimento do setor at 2030(~3x demanda atual)

    Garantir requisitos mnimos de conveninciapara passageiros

    Viabilizar execuo de obras, superandodificuldades experimentadas pela Infraero

    Aumentar utilizao dos aeroportos comoativos e sua eficincia operacional

    Evitar possvel aumento de preos nos

    prximos anos dada a limitao decapacidade

    Atender regies remotas do Pas(economicamente inviveis)

    Aviao civil no deveria ser foco doMinistrio da Defesa

    No existe rgo planejador do sistema Controle de trfego areo e aviao civil no

    operam de forma otimizada

    Recomendaes

    Implementar aes emergenciais mapeadas Iniciar/Finalizar obras mais importantes: Guarulhos,

    Viracopos, Braslia, Confins, dentre outros Implementar plano de investimentos de longo prazo

    (R$ 25-34 bilhes) Implementar acesso rpido a Guarulhos, Viracopos e

    Galeo

    Aumentar participao da iniciativa pr ivada, p.ex.,atravs de concesses

    Estabelecer os incentivos e mecanismos de cobranacorretos

    Fazer ajustes na gesto de slotse eliminar custosevitveis

    Subvencionar rotas de baixa e mdia densidade (seobjetivo de governo)

    No longo prazo, transferir governana da aviao civilpara Ministrio dos Transportes

    Estabelecer rgo planejador Reestruturar controle de trfego areo; planej-lo

    coordenadamente com o restante do setor

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    Foto:iStockphoto.c

    om/Okea

    Recomendaes

    A partir do diagnstico do setor,e considerando a viso estabelecida para 2030, comseus respectivos objetivos de poltica pblica, foram traadas recomendaes para o setor para

    os prximos vinte anos. As recomendaes do estudo foram organizadas nos seguintes temas:

    infraestrutura, servios de transporte areo e administrao aeroporturia, e governana.

    Infraestrutura

    A expanso da infraestrutura existente se configura como a necessidade mais premente dosetor. Para solucionar os gargalos identificados, sero necessrios investimentos da ordem

    de R$ 25 a 34 bilhes, distribudos ao longo dos prximos 20 anos. Recomenda-se que tais

    investimentos sejam estruturados em trs frentes:

    Aes emergenciais para o ano de 2010:13 dos 20 principais aeroportos brasileiros possuem

    gargalos imediatos que precisam ser solucionados no curtssimo prazo. Para esses aeroportos, foi

    identificada uma srie de medidas distribudas em trs grupos: pequenas obras e investimentos (por

    exemplo, aumento no comprimento das esteiras de raio-X), melhorias operacionais (como a intensificao

    do uso do autoatendimento) e medidas regulatrias (por exemplo, pequenos ajustes no HOTRAN).

    Medidas estruturantes:para os 20 principais aeroportos so necessrios investimentos de maior

    porte para poder atender demanda projetada. Os investimentos permeiam todos os componentes dos

    aeroportos, incluindo terminais de passageiros e sistemas de pista e ptio. No entanto, a maior lacuna

    est em terminais de passageiros, que demandaro mais de 60% dos investimentos totais. Outro

    fator importante a ser considerado o tempo tpico de finalizao de investimentos aeroporturios

    no Brasil (que pode chegar a trs ou quatro anos, nos casos mais otimistas) o que significa que, para

    alguns aeroportos, poderiam ser implementadas solues transitrias, como mdulos operacionais

    provisrios (MOPs).

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    Foto:AcervoInfraero

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    Medidas pontuais para eventos (Copa do Mundo e Olimpadas):os aeroportos a serem mais

    utilizados durante a Copa de 2014 e as Olimpadas de 2016 exigem ateno especial. Alm dos

    investimentos j planejados para receber a demanda natural dos anos de 2014 e 2016, ser necessrioum planejamento e adoo de medidas operacionais especficas para absorver o volume de passageiros

    adicional gerado pelos eventos. Recomenda-se a instituio de um Escritrio (para ambos os eventos)

    responsvel por planejar e coordenar a execuo das medidas pontuais. Um exemplo de medida pontual

    a gesto dinmica de slotse rotas antes e durante a Copa, de forma a definir os voos em funo dos jogos.

    O desafio da expanso de

    capacidade especialmente notrio no casode So Paulo, que hoje conta com trs aeroportos

    relevantes para a aviao regular e concentra a

    maior parte do trfego areo brasileiro, sendo o

    principal hubdo Pas. Nesse sentido, os gargalos

    presentes nos principais aeroportos do Estado

    impactam no apenas o nvel de servio da

    maior terminal do Pas (Guarulhos, Congonhas e

    Viracopos), mas tambm o do restante da malha

    area, dado o "efeito cascata" de eventuaisatrasos e cancelamentos. Para abordar essa

    questo, recomenda-se a implementao com

    prioridade absoluta de cerca de 20 aes

    emergenciais, nos trs aeroportos da terminal,

    com especial destaque para Guarulhos, cuja

    situao a mais crtica. Para o mdio e longo

    prazo, recomenda-se foco na expanso da

    base de ativos existentes, incrementando as

    capacidades de Guarulhos (para pelo menos

    35 milhes de passageiros por ano) e de

    Viracopos, conforme seu plano diretor (para

    cerca de 60 milhes de passageiros por ano) em

    2030. Congonhas oferece alguma oportunidade

    de expanso, que poderia ser buscada desde

    que mantidos os padres requeridos de

    segurana. A construo de um novo aeroporto

    para a aviao regular no se apresentacomo uma alternativa atrativa no momento,

    pois implicaria maior diviso de demanda e,

    portanto, pior configurao econmica de hub,

    embora a construo de tal aeroporto possa ser

    considerada para aviao geral. Finalmente,

    vale destacar a necessidade de se implementar

    acessos ferrovirios rpidos aos aeroportos de

    So Paulo.

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    Foto: Acervo Infraero

    Sumrio executivo20

    Administrao aeroporturia

    No que tange administrao aeroporturia, as recomendaes buscam basicamente evitargargalos de infraestrutura, assegurando que a capacidade seja expandida com um mnimo de

    antecipao em relao ao crescimento da demanda, e atingir melhor utilizao dos ativos

    aeroporturios, implicando reduo nos custos totais do sistema. As recomendaes foram

    organizadas nos seguintes tpicos: expanso da capacidade, utilizao dos ativos existentes,

    sistemas de gesto e tarifas.

    A garantia da expanso da capacidade do sistema de aeroportos deve ser um dos principais objetivos

    dos gestores pblicos. Para isso, devem ser consideradas tanto alternativas para melhor capacitao da

    Infraero (como sua reestruturao organizacional), quanto aumento da participao privada na construo

    e operao de aeroportos. Tal participao privada pode ser viabilizada por meio de diversos modelos,

    cada qual apresentando vantagens e desvantagens e implicando maior ou menor grau de manuteno do

    escopo de atuao da estatal. Uma forma de incrementar a participao privada, preservando ao mximo

    o alcance atual da Infraero, seria transferir a empresas a construo e operao de componentes de

    aeroportos (por exemplo, novos terminais de passageiros), com reverso do bem ao patrimnio pblico

    aps o perodo de contrato. Outra possibilidade para trazer maior participao privada ao setor seriaconceder os aeroportos atuais Infraero e promover a abertura de seu capital, transformando-a em

    sociedade de economia mista. Ainda outra opo, desta vez com maior grau de ruptura em relao ao

    modelo atual, seria partir para as concesses de aeroportos para a iniciativa privada, de forma individual

    ou em "blocos". Como mencionado, cada uma destas opes apresenta vantagens e desvantagens, bem

    como diferentes caractersticas quanto a necessidades de mudana no arcabouo regulatrio, impacto

    nas operaes da Infraero e no oramento pblico e tempo necessrio para implementao.

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    Sumrio executivo 21

    Independentemente da soluo encontrada para a expanso da capacidade do sistema, necessrio

    garantir uma melhor utilizao dos ativos existentes. No caso brasileiro, nota-se subutilizao dos

    aeroportos como ativos, seja pela menor representatividade das receitas comerciais nas receitas totaisdos aeroportos (cerca de 20% no Brasil contra 40% de mdia mundial), seja pelo menor nvel de eficincia

    operacional em relao a referncias mundiais, seja pelo atraso na concluso de obras, gerando reas

    vazias nos aeroportos. Dentre os mecanismos possveis para a resoluo do problema esto a criao

    de incentivos e metas para aumento na gerao das receitas comerciais, a capacitao das equipes

    que operam o cho de aeroporto, e o aumento da participao da iniciativa privada nas operaes

    aeroporturias (por exemplo, arrendamento da rea comercial de um aeroporto a empresa particular, em

    troca de execuo de determinado investimento naquele ativo como um terminal de passageiros).

    Alm disso, preciso implementar sistemas de gesto de desempenhopara os aeroportos atuais,

    criando metas e incentivos para que os administradores aeroporturios atinjam os objetivos do setor

    (melhor utilizao dos ativos, maior eficincia operacional e adequado nvel de servio). A ttulo de

    exemplo, no Reino Unido, o operador aeroporturio bonificado ou onerado em funo do alcance ou

    no de nveis de servio pr-estabelecidos pelo regulador (como tempos mdios e mximos de fila,

    disponibilidade e conservao de mobilirio e de recursos para conforto do passageiro, entre outros).

    Finalmente, no que diz respeito a tarifas, o rgo regulador deve construir um modelo tarifrio einstituir processo de revises peridicas das tarifas, balanceando o objetivo de transferir os ganhos de

    produtividade para o usurio com a necessidade de atrair investimento para o setor.

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    Sumrio executivo22

    Servios de transporte areo

    Com relao aos servios de transporte areo, pode-se afirmar que asrecomendaes, em linhas gerais, pautam-se por garantir o prosseguimento das iniciativas

    que tm tornado o setor mais eficiente, assegurando a retomada da expanso da malha area

    e permitindo a transferncia de ganhos de eficincia aos passageiros, por meio de menores

    preos. Para isso, segue um resumo das principais recomendaes, divididas em regulao

    domstica, regulao internacional e mecanismos de viabilizao de rotas de baixa densidade.

    O direcionamento atual da regulao domstica,de implementar regras de liberalizao tarifria

    e livre acesso a rotas internas por empresas nacionais, deve ser mantido. Alm disso, dado seu

    impacto na dinmica competitiva, o rgo regulador deveria visar ao mximo remoo dos gargalos

    de infraestrutura e eliminao de custos evitveis do setor. Uma das alavancas possveis para

    desengargalamento continuar a aplicao da regulao de forma a otimizar a utilizao dos ativos

    existentes, por exemplo, liberando reas e slotsno utilizados ou subutilizados. No caso de custos

    evitveis, um exemplo seria a reviso das normas de execuo de controle de trfego areo para verificar

    a possibilidade de otimizao de traado de rotas e de sequenciamento de aproximao, em consonncia

    com a devida expanso de infraestrutura de pista e ptio, e desde que preservada a segurana de voo.

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    Sumrio executivo 23

    Em termos de regulao internacional, incluindo os acordos bilaterais e a poltica de cus abertos,

    novamente a recomendao manter o curso atual. O rgo regulador deveria avanar nos acordos

    para permitir liberdade tarifria e compartilhamento (code share), desde que as empresas areas dopas acordante atendam requisitos de segurana, e prosseguir com a poltica atual de flexibilizar acordos

    existentes, sempre que as companhias areas brasileiras possuam melhor posicionamento competitivo

    em relao s do pas signatrio. A cabotagem, isto , o transporte domstico, por companhias

    estrangeiras, de passageiros originados dentro do Brasil, deveria continuar proibida, uma vez que, no

    mnimo, traz risco de descontinuidade de servio, pois pode representar quebra no balanceamento

    econmico das rotas das companhias areas nacionais sem contrapartida pelo pas estrangeiro.

    Tendo em vista as dimenses continentais do Brasil, e o diferente grau de acessibilidade dos mais de5 mil municpios brasileiros, para muitos dos quais o modal areo se mostra como nica alternativa

    vivel, os objetivos de poltica pblica poderiam compreender a instituio de mecanismos de

    viabilizao de rotas de baixa densidade. Se for este o caso, recomenda-se a adoo de um

    modelo de gesto consolidado de rotas subvencionadas em operador privado, com critrios objetivos

    de elegibilidade de municpios, co-participao financeira das cidades e Estados beneficiados,

    restrio oramentria e total transparncia nos custos e benefcios atingidos pelo programa.

    Especialmente, a exemplo do que ocorre em outros pases, um dos principais objetivos a ser almejado

    a transformao das rotas antes dependentes de subsdios em rotas plenamente autossuficientes de

    modo que, passado algum tempo, o programa deixe de ser necessrio.

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    Sumrio executivo24

    Governana

    As recomendaes quanto governanado setor foram divididas nos seguintestpicos: atribuio de papis e responsabilidades, gesto e incentivos, coordenao de operaes

    e arcabouo regulatrio, que compreende normas de direito material e direito procedimental.

    No que concerne atribuio de papis e responsabilidades, as recomendaes so prioritariamente

    direcionadas a promover a coordenao e o planejamento integrado no setor (incluindo infraestrutura,

    servios de transporte areo e controle de trfego areo) e solucionar a concentrao de funes de

    regulao, fiscalizao e execuo em uma mesma entidade. Para tanto, como medida imediata, a

    SAC (Secretaria de Aviao Civil), do Ministrio da Defesa, poderia receber a atribuio de tais funes

    coordenativas e de planejamento de longo prazo. Devido inegvel interao do controle de trfego areo

    com os demais componentes da aviao civil, e no intuito de eliminar a atual concentrao de funes

    exercidas pelo DECEA, a regulao do controle de trfego areo civil passaria a ser responsabilidade da

    ANAC. Dessa forma, considerando a inviabilidade de submisso de rgo executivo militar agncia

    reguladora civil, uma vez que operam com diferentes sistemas de hierarquia, deveria ser considerada a

    transferncia da execuo do controle de trfego areo civil para empresa pblica dedicada. No haveria

    qualquer mudana no controle de trfego areo militar, e todas as questes de segurana nacional seriamobservadas. Por fim, no mdio a longo prazo, aps criteriosa avaliao das implicaes organizacionais

    emergentes, deveria ser considerada a migrao das atividades de aviao civil do Ministrio da Defesa

    para o Ministrio do Transportes, com a correspondente transferncia do vnculo da ANAC daquele para

    este Ministrio.

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    Sumrio executivo 25

    Com relao a gesto e incentivos, observou-se uma possibilidade de aprimoramento ao se instituir um

    sistema de metas e acompanhamento de desempenho das atividades de administrao aeroporturia

    e controle de trfego areo, realizadas atualmente pela Infraero e pelo DECEA. Isso poderia ser feito viacontrato de gesto ou de concesso ou via mera institucionalizao de procedimento de estabelecimento

    de objetivos quantitativos e qualitativos e posterior avaliao de resultados.

    Quanto coordenao de operaes, recomenda-se a criao, potencialmente por meio de decreto

    presidencial, de uma coordenadoria de operaes em aeroportos, composta por representantes da

    ANAC, Infraero, Polcia Federal, Receita Federal, ANVISA e demais rgos pblicos com atuao

    aeroporturia. Respeitadas a hierarquia e repartio de atribuies entre diversos rgos, cada aeroporto

    deveria contar com uma autoridade de coordenao, inspirada nas airport authorities de outros pases.

    Finalmente, considerando o arcabouo regulatrio, foi identificada a necessidade de efetuar uma srie

    de ajustes normativos, tanto nas normas superiores quanto nas normas inferiores, para suprir lacunas e

    conflitos pontuais em questes de direito material e direito processual/ procedimental, incluindo aqueles

    advindos de revogaes tcitas que suscitam dvidas de interpretao. No mdio prazo, uma vez que as

    demais mudanas de governana tiverem sido implementadas, seria ideal ter a organizao e consolidao

    das normas do setor, de muitos normativos esparsos para poucos diplomas legais consolidados.

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    Foto:AcervoInfraero

    Concluso

    O setor areo apresentadestacada contribuio para o desenvolvimento e

    crescimento sustentado do Pas. De fato, as viagens areas, alm de desempenharem um

    papel reconhecido na integrao nacional e no estmulo de negcios entre as regies, tambm

    promovem a insero internacional do Brasil e dos brasileiros nos fluxos comerciais e culturais.

    O setor areo nacional dinmico e eficiente, e apresentou crescimento significativo nos ltimos

    anos, mas pode almejar nveis superiores de crescimento futuro.

    Esperamos que o presente Estudo do Setor de Transporte Areo do Brasil fornea elementos para

    possibilitar que o pleno potencial do setor seja atingido. Estamos confiantes na concretizao da viso de

    20 anos para o setor e esperamos que, em 2030, todos os benefcios sociais advindos do seu crescimento

    sejam atingidos, tornando o setor areo brasileiro uma referncia para outros pases no mundo.

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    Setor areo brasileiro

    AIAB Associao das Indstrias Aeroespaciais do Brasil

    ANAC Agncia Nacional de Aviao Civil

    ANP Agncia Nacional de PetrleoARN Aeronave

    CBA Cdigo Brasileiro de Aeronutica

    CEMAL Centro de Medicina Aeroespacia l

    CENIPA Centro de Investigao e Preveno de Acidentes Aeronuticos

    CGNA Centro de Gerenciamento de Navegao Area

    CINDACTA Centro Integrado de Defesa Area e Controle de Trfego Areo

    COMAER Comando da Aeronutica

    CONAC Conselho de Aviao Civil

    CONIT Conselho Nacional de Integrao de Polticas de Transpor te

    COTAER Comisso Tcnica de Coordenao das Atividades Areas

    CTA Comando Geral de Tecnologia Aeroespacial

    DAESP Departamento Aerovirio do Estado de So Paulo

    DECEA Departamento de Controle do Espao Areo

    Embratur Instituto Brasileiro de Turismo

    FAB Fora Area Brasileira

    HOTRAN Horrio de Transpor te

    IAC Instituto de Aviao CivilInfraero Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroporturia

    ITA Instituto Tecnolgico de Aeronutica

    MD Ministrio da Defesa

    MOP Mdulos Operacionais Provisrios

    Mov. ARN Movimentos de aeronave

    Mov. PAX Movimentos de passageiros

    QAV Querosene de aviao

    PROFAA Programa Federal de Auxlio a Aeroportos

    RMRJ Regio Metropolitana do Rio de Janeiro

    RMSP Regio Metropolitana de So Paulo

    SAC Secretar ia de Aviao Civil

    SGTC Sistema de Gerenciamento de Torre de Controle de Aerdromo

    SIPAER Sistema de Investigao e Preveno de Acidentes Aeronuticos

    SNEA Sindicato Nacional das Empresas Aerovirias

    TAV Trem de Alta Velocidade

    TECA Terminal de Carga

    TMA RJ Terminal-RJ (inclui os aeroportos de Santos Dumont e Galeo)TMA SP Terminal-SP (inclui os aeroportos de Congonhas, Guarulhos e Viracopos)

    TPS Terminal de Passageiros

    Lista de abreviaturas e siglas

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    rgos internacionais

    AAI Airports Authority of India(Autoridade de Aeroportos da ndia)

    ACI Airports Council International (Conselho Internacional de Aeroportos)

    AdP Aroports de Paris

    AENA Aeropuertos Espaoles y Navegacin Area (Aeroportos Espanhis e Navegao Area da Espanha)

    AsA Airservices Australia

    ATMB Air Traffic Management Bureau of China (Agncia de Trfego Areo de Aviao Civil da China)

    ATSB Australian Transport Safety Bureau(Bureau de Segurana de Transporte da Austr lia)

    BAA British Airports Authority(Autoridade Aeroporturia Britnica)

    BFU Federal Bureau of Aircraft Accident Investigation (Bureau de Investigao de Acidentes da Alemanha)

    BMVBS Federal Ministry of Transport, Building and Urban Development (Ministrio dos Transportes, Desenvolvimentoe Assuntos Urbanos da Alemanha)

    CA A Civil Aviation Authority(Autoridade de Aviao Civil do Reino Unido)

    CA A Civil Aviation Authority (Autor idade de Aviao Civil do Reino Unido)

    CAAC General Administration of Civil Aviation of China(Administrao da Aviao Civil da China)

    CASA Civil Aviation Safety Authority(Autoridade de Segurana da Aviao Civil da Austrlia)

    CIAIACComisin de Investigacin de Accidentes e Incidentes de Aviacin Civil(Comisso de Investigao deAcidentes e Incidentes de Aviao Civil da Espanha)

    CONAMA Comisin Nacional Del Mdio Ambiente (Comisso Nacional do Meio Ambiente do Chile)

    DFS Deutsche Flugsicherung(Departamento de Controle de Trfego Areo da Alemanha)

    DGAC Direccin General de Aeronutica Civil de Chile(Diretoria Geral de Aviao Civil do Chile)

    DGAC Direccin General de Aviacin Civil (Diretoria Geral de Aviao Civil da Espanha)

    DITRDLGDepartment of Infrastructure, Transport, Regional Development and Local Government(Departamento deInfraestrutura, Transporte, Desenvolvimento Regional e Governo Local da Austrlia)

    DLR German Aerospace Center(Departamento de Aviao e Espao Areo da Alemanha)

    DoT Department of Transportation(Departamento de Transpor tes dos Estados Unidos)

    EASA European Aviation Safety Agency(Agncia Europeia para a Segurana da Aviao)

    EIA US Energy Information Administration(Administrao de Informaes sobre Energia dos Estados Unidos)FAA Federal Aviation Administration(Administrao da Aviao Federal dos Estados Unidos)

    FHKD Airport Coordination Federal Republic of Germany (Coordenao de Aeropor tos da Alemanha)

    Fraport Frankfurt Airports

    FWAG Flughafen Wien AG(Autoridade Aeroporturia de Viena)

    IATA International Air TransportAssociation(Associao Internaciona l de Transporte Areo)

    ICAO International Civil Aviation Organization(Organizao da Aviao Civil Internacional)

    JAC Junta de Aeronutica Civil(Junta de Aviao Civil)

    LBA Luftfahrt-Bundesamt(Administrao Federal de Aviao da Alemanha)NATS National Air Traffic Services(Agncia de Trfego Areo do Reino Unido)

    NTSB National Transportation Safety Board (Conselho Nacional de Segurana do Transporte dos Estados Unidos)

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    3030

    CdigoICAO

    CdigoIATA

    Cidade UF Nome

    SBGR GRU SO PAULO SP Guarulhos - Governador Andr Franco Montoro

    SBSP CGH SO PAULO SP Congonhas

    SBGL GIG RIO DE JANEIRO RJ Galeo - Antnio Carlos Jobim

    SBBR BSB BRASLIA DF Pres. Juscelino Kubitschek

    SBSV SSA SALVADOR BA Deputado Lus Eduardo Magalhes

    SBCF CNF BELO HORIZONTE MG Tancredo Neves

    SBPA POA PORTO ALEGRE RS Salgado Filho

    SBRF REC RECIFE PE Guararapes - Gilberto Freyre

    SBCT CWB CURITIBA PR Afonso Pena

    SBRJ SDU RIO DE JANEIRO RJ Santos Dumont

    SBFZ FOR FORTALEZA CE Pinto Martins

    SBBE BEL BELM PA Val de Cans

    SBFL FLN FLORIANPOLIS SC Herclio Luz

    SBEG MAO MANAUS AM Eduardo Gomes

    SBVT VIX VITRIA ES Eurico de Aguiar Salles

    SBNT NAT NATAL RN Augusto Severo

    SBGO GYN GOINIA GO Santa Genoveva

    SBCY CGB CUIAB MT Marechal Rondon

    SBKP CPQ CAMPINAS SP Viracopos

    SBMO MCZ MACEI AL Zumbi dos Palmares

    SBSL SLZ SO LUS MA Marechal Cunha Machado

    SBCG CGR CAMPO GRANDE MS Campo Grande

    SBAR AJU AR ACAJU SE Santa MariaSBBH PLU BELO HORIZONTE MG Pampulha - Carlos Drummond de Andrade

    SBMQ MCP MACAP AP Macap

    SBTE THE TERESINA PI Senador Petrnio Portella

    SBJP JPA JOO PESSOA PB Pres. Castro Pinto

    SBPV PVH PORTO VELHO RO Governador Jorge Teixeira de Oliveira

    SBRB RBR RIO BRANCO AC Presidente Mdici

    SBPJ PWM PALMAS TO Brigadeiro Lysias Rodrigues

    SBBV BVB BOA VISTA RR Boa Vista

    SBPS BPS PORTO SEGURO BA Porto Seguro

    Tabela de cdigos dos 32 aeroportosabordados na Pesquisa O/D

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    baco (no contexto dosetor areo)

    Ferramenta para dimensionamento de capacidade de aeroportos pela FAA.

    rea de captao Refere-se a uma regio (metropolitana ou no) que congrega a demanda atendida por um

    ou mais aeroportos.

    rea de perdimento rea do terminal de cargas reservada carga de perdimento.

    rea de transio rea do Plano Bsico de Zona de Proteo de Aerdromos na regio lateral pistade pouso e s reas de aproximao no prolongamento das duas cabeceiras que seestendem em rampa a par tir dos limites laterais da faixa de pista e da par te das reas deaproximao at atingirem o desnvel de 45 m em relao elevao do aerdromo.

    Ataero Adicional de Tarifas Aeroporturias.

    Box Posies de estacionamento.

    Brownfield Empreendimento existente, j em operao (neste caso, refere-se a aeroportosexistentes).

    Cabeceira de pista Ponto da pista de pouso interceptado pelo plano de aproximao da aeronave em pouso.

    Cabeceira virtual Refere-se ao ponto da pista interceptado pelo plano de aproximao da aeronave empouso para que as pistas estejam decaladas e compor tem o operao segregada depousos e decolagens.

    Cabotagem Para fins deste estudo, so voos realizados por uma companhia area estrangeira adeterminado pas entre duas cidades dentro daque le pas.

    Calo e descalo Entende-se por calo da aeronave o momento exato aps a aeronave entrar em repousona posio de estacionamento no qual ela calada. Por descalo, entende-se omomento em que retirado o calo antes de a aeronave deixar a posio.

    Capatazia Atividade de movimentao e manuseio de carga nas instalaes de uso pblico, comoos terminais de carga.

    Carga de perdimento Carga que no teve pagamento total ou parcial de impostos ou que foi abandonada peloproprietr io e tambm objeto de aes de apreenso pelas fiscalizaes aduaneiras.

    Catering Ato de reabastecer o avio com alimentos e outros itens que sero utilizados no serviode bordo durante o voo.

    Check-in Registro que cada passageiro deve realizar no balco da companhia area antes doembarque, quando a companhia despacha as bagagens e entrega o car to de embarqueao passageiro. Atualmente, o passageiro pode realizar o check-in eletrnico pela internetou em terminais de autoatendimento, dirigindo-se ao balco da companhia apenas paradespachar a bagagem.

    Code share Ocorre quando duas (ou mais) companhias areas vendem passagens para um mesmovoo operado por uma delas, cada uma com seu prprio cdigo para o voo.

    Condies IFR(Instrument Flight Rules Regras de Voo porInstrumentos)

    Ocorrem quando o teto de nuvens est ent re 500 e 1.000 ps e/ou a visibilidade depelo menos 1 milha (~1,6 km), mas menor que 3 milhas (~4,8 km).

    Condies VFR (VisualFlight Rules Regras deVoo Visual)

    Ocorrem quando o teto de nuvens est ao menos 1.000 ps acima do nvel do solo e avisibilidade de pelo menos 3 milhas (~4,8 km).

    Decalagem dascabeceiras

    Consiste em deslocar as cabeceiras de pistas paralelas na direo do eixo da pista emsentidos opostos a fim de distanciar os planos de aproximao para pouso das aeronaves

    e, dessa forma, reduzir a interferncia da esteira de turbulncia de uma aeronavesobre a outra. A decalagem pode ser real, quando as cabeceiras fsicas das pistas sodeslocadas, ou virtual, quando as pistas em si no sofrem intervenes.

    Glossrio

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    Dia-pico Dia-pico se refere ao dia do ms-pico em que ocor reu a maior movimentao acumuladade aeronaves.

    Dual-till Modelo de receitas aeroporturias em que as tarifas aeronuticas e as receitas

    comerciais so consideradas de forma separada (apenas as tarifas aeropor turias soregulamentadas, gerando incentivos para o operador aeroporturio maximizar suasreceitas comerciais).

    Etapa mdia de voo Somatrio dos quilmetros percor ridos pelo conjunto de voos considerado dividido pelonmero de voos do conjunto.

    Global Navigation Satelite

    System (GNSS)Termo genrico para sistemas de navegao por satlite que permitem georrefernciacom cobertura global.

    Greenfield Empreendimento novo, a ser construdo (no caso do presente estudo, refere-se aaeroportos novos).

    Hora-pico Hora-pico se refere ao intervalo de uma hora do dia-pico em que ocorreu a maiormovimentao de aeronaves.

    Hub Aeropor to que concentra o trfego de passageiros em conexo domstica ouinternacional de determinada regio ou pas.

    Hub economics Economias obtidas por meio do uso de um hub, que permite interligar uma maiorquantidade de cidades com um nmero de voos menor do que seria possvel apenas comvoos diretos.

    Instrument Landing

    System (ILS)Consiste em um sistema de aproximao de aeronaves para pouso que faz uso do auxliode instrumentos eletrnicos e visuais de preciso.

    LAJI ou EBIT Lucros Antes dos Juros e Impostos (EBIT, na sigla em ingls, Earnings Before Interest andTax).

    Legacy Carriers Empresas areas tradicionais, tambm conhecidas como Mainstream carriers.

    Load factor Nvel de ocupao mdio dos avies de uma companhia area, calculado pela razoentre passageiros-quilmetros pagos e assentos-quilmetros disponveis.

    Long haul Voos com durao de mais de 6 horas.

    Low Cost Carriers (LCCs) Companhias areas que oferecem baixas tarifas quando comparadas mdia domercado, em troca da eliminao de servios tradicionais (p.ex., alimentao) aospassageiros. Baseiam sua estratgia em elevada eficincia operaciona l.

    Mainstream carrier Ver Legacy Carriers.

    Malha area Conjunto de rotas areas regulares existente em determinado pas ou regio.

    Market share Refere-se a proporo do total do mercado.

    Matriz O/D Matriz Origem/Destino.

    Medium haul Voos com durao entre 3 e 6 horas.

    Meio-fio Componente do terminal de passageiros reser vado ao embarque e desembarque depassageiros em ou de automveis o prprio terminal (calada em frente ao terminal).

    Ms-pico Ms-pico se refere ao ms do ano em que ocorreu a maior movimentao acumulada deaeronaves.

    NextGen Next Generation Air Transportation System(programa de modernizao atualmente emfase de implementao pela FAA nos Estados Unidos).

    Operaes de toque-arremetida

    Termo que se refere ao procedimento de uma aeronave que decola imediatamentedepois de pousar.

    Passageiro Unidade de contagem de passageiro do ponto de vista da companhia area elatranspor ta um passageiro de uma origem para um destino em uma rota.

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    PAX Unidade de contagem de movimento de passageiro em aeroporto. Do ponto de vista doaeroporto, refere-se a passageiros embarcando, desembarcando e em conexo. Umpassageiro em um voo domst ico direto, por exemplo, ser contado duas vezes (uma vezno aeroporto de origem, outra no aeroporto de destino). Dessa forma, um passageiro

    em conexo ser contado "n" vezes, por outro lado, um passageiro em voo internacionaldireto ser contabilizado no Brasil apenas uma vez.

    Pista de txi Pista geralmente pavimentada usada pelas aeronaves para taxiar de/para a pista depouso.

    Tarifas ajustadas PPP Tarifas ajustadas Purchasing Power Parity (Paridade do Poder de Compra).

    Price caps Limites superiores e regulamentados de preos.

    Regio de aproximao rea do Plano Bsico de Zona de Proteo de Aerdromos que se estendem em rampa,no sentido do prolongamento do eixo da pista (mais detalhes na Porta ria 1.141 da ANAC).

    Renda de monoplio

    (monopoly rent)

    Retorno obtido graas a uma vantagem nica para a produo de um bem ou prestaode um servio, por exemplo, receitas decorrentes do uso de recursos escassos, cujo uso restrito a determinada empresa.

    Runway End Safety Area

    (RESA)rea ao final da pista de pouso para reduzir o risco de danos a uma aeronave quetransponha a pista.

    Short haul Voos com durao de at 3 horas.

    Single-till Diferentemente do modelo dual-tillde receitas aeroporturias, neste modelo as tarifasaeronuticas e receitas comerciais do aeropor to so consideradas em conjunto e ambasso regulamentadas.

    Sloteamento Ato de distribuir slotsem um aeroporto (usado em geral em relao a aeroportos comrestrio de capacidade).

    Slots Denominao dada s parties de tempo em um intervalo de uma hora durante as quaisapenas uma operao de pouso ou de decolagem permitida.

    Subordinao Subordinao hierrquica dos Ministrios e Secretarias em relao ao Presidente daRepblica e ao governo central.

    Tankering Carregamento de combust vel alm do tecnicamente necessrio a partir dos locais demenor alquota.

    Taxiar Movimentar o avio no sistema pista-ptio do aerdromo a fim de prepar-lo paradecolagem, ou aps o pouso.

    Taxiway (TWY) Pista de txi.

    Take-Off Run Available

    (TORA)

    Consiste no comprimento da pista de pouso disponvel e apropriado para a corrida

    terrestre da aeronave. Na maioria dos casos, corresponde ao comprimento fsico dopavimento da pista de pouso.

    Transelevador Equipamento controlado por softwarepara manipulao automtica de cargas em umarmazm.

    Turnaround Encadeamento de procedimentos em srie e/ou em paralelo que ocorrem desde ocalo at o descalo da aeronave. Entre tais procedimentos, esto o desembarque eembarque de passageiros, descarregamento e carregamento de bagagem e carga ereabastecimento da aeronave.

    Vinculao Controle exercido pelo governo, seus Ministrios e Secretarias sobre suas autarquias,agncias reguladoras, sociedades de economia mista, empresas pblicas, fundaes econsrcios pblicos.

    VPLValor Presente Lquido (conceito de Finanas).

    Way points Indica pontos assinalados em rota para se fazer verificao se a aeronave est na rotacorreta.

    Yield Mtrica de preo mdio frequentemente adotada no setor, calculada pela razo dareceita por passageiro-quilmetro transportado.

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    3434 ndice

    1. INTRODUO ................................................................................................................. 38

    1.1. Objetivos e produtos finais do Estudo do Setor Areo do Brasil ........................................ 38

    1.2. Metodologia e plano de trabalho ................................................................................. 40

    2. VISO E OBJETIVOS PARA O SETOR ................................................................................ 52

    2.1. Diagnstico sumarizado do setor ............................................................................... 53

    2.2. Viso para o setor ..................................................................................................... 67

    2.3. Objetivos para o setor ............................................................................................... 69

    3. INFRAESTRUTURA AEROPORTURIA ............................................................................. 86

    3.1. Introduo ............................................................................................................... 86

    3.2. Caracterizao dos 20 aeroportos estudados ............................................................. 87

    3.3. Metodologia de clculo de capacidade aeroporturia ................................................... 89

    3.4. Metodologia da projeo de demanda de passageiros e aeronaves .............................. 102

    3.5. Sumrio das concluses da pesquisa O/D ................................................................. 108

    3.6. Viso geral dos 20 principais aeroportos brasileiros ....................................................119

    3.7. Recomendaes para infraestrutura aeroporturia no Brasil ........................................ 133

    3.8. Infraestrutura So Paulo ......................................................................................... 153

    3.9. Consideraes sobre eventos .................................................................................. 198

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    4. ADMINISTRAO AEROPORTURIA E SERVIOS AREOS (COMPETIO) ....................204

    4.1. Diagnstico do setor areo brasileiro Anlise ECP .................................................... 204

    4.2. Modelo de administrao aeroporturia ................................................................... 232

    4.3. Modelo de servios de transporte areo.................................................................... 257

    4.4. Modelo de subveno a rotas de baixa/mdia densidade ........................................... 274

    5. GOVERNANA E ARCABOUO JURDICO-REGULATRIO ..............................................296

    5.1. Introduo .............................................................................................................296

    5.2. Panorama de modelos de governana internacionais ................................................. 299

    5.3. Diagnstico da governana e do arcabouo jurdico-regulatriodo setor de aviao civil no Brasil ............................................................................. 336

    5.4. Recomendaes para o modelo de governana do setor de aviao civil brasileiro ......... 356

    REFERNCIAS ................................................................................................................. 374

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    Introduo1.

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    Foto:iStockphoto.c

    om/sharply_

    done

    1.1. Objetivos e produtos finais do Estudo do Setor Areo do Brasil

    O setor de transporte areo contribui de forma relevante para o desenvolvimento e ocrescimento sustentado do Pas. As viagens areas, alm de terem reconhecido papel naintegrao nacional e na induo de negcios entre regies, tambm representam um

    importante insumo produtivo de grande parte das corporaes, com relevante impacto naeficincia das cadeias produtivas de diversos setores da indstria brasileira. Alm disso,pode-se dizer que o setor promove uma maior insero internacional do Brasil em termosde fluxos comerciais e culturais, bem como possui influncia sobre as contas externas,por meio de receitas auferidas e de despesas realizadas em moeda internacional. Nocontexto nacional, a aviao regular sustenta um pilar fundamental para a promoo doturismo, transporte de pessoas e distribuio de cargas.

    Alm de mudanas regulamentares e institucionais, o setor tem passado por grandestransformaes tecnolgicas (por exemplo, instrumentao, tamanho de aeronaves) e dedemanda. Notadamente, o aumento da renda mdia da populao e a reduo dos preos

    cobrados dos usurios levaram a uma forte expanso da demanda (10% de crescimentoao ano no trfego de passageiros nos aeroportos da Infraero, entre 2003 e 2008), elevandoo transporte areo condio de modal preferencial para o transporte de passageiros alonga distncia no Pas. Apesar da recente crise financeira internacional, h expectativade manuteno de crescimento econmico, o que refora o aumento do uso de transportede passageiros por este modal, assim como o recrudescimento do volume de transporte decarga area e da aviao executiva.

    Contudo, o crescimento da demanda no foi acompanhado por um crescimento daoferta de infraestrutura. Alm disso, ainda existem oportunidades para modernizar oarcabouo regulatrio do setor, com objetivo de ampliar os investimentos necessrios e

    prover maior eficincia ao sistema.

    Nesse sentido, o objetivo do estudo fornecer elementos para o aperfeioamento do setorareo brasileiro e o planejamento de aes do Estado. Para tanto, foram abordadas trsdimenses fundamentais e inter-relacionadas:

    A Infraestrutura aeroporturia, avaliando os gargalos da infraestrutura existente,incluindo a Terminal So Paulo, e uma pesquisa de origem e destino real nos 32 principaisaeroportos do Pas, para comparar oferta e demanda.

    As condies de Competiodo setor, incluindo administrao aeroporturia,competio em servios de transporte areoe abrangncia da malha aeroviria brasileira,

    incluindo aviao em linhas de baixa e mdia densidade. O sistema de Governanavigente, mapeando e identificando lacunas e sobreposies nos

    rgos, entidades e no arcabouo jurdico-regulatrioque compem a estrutura do setor.

    1. Introduo

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    Introduo 39

    Para essas trs dimenses, so apresentados um diagnstico da situao, identificao dosgargalos e recomendaes de curto, mdio e longo prazos. Especificamente, os produtosfinais deste estudo incluem:

    Infraestrutura Aeroporturia Brasil

    - Pesquisa de Origem e Destino (O/D) e plano de pesquisa;

    - Matriz O/D do Brasil, com base em pesquisa;

    - Projees de demanda para 2010, 2014, 2020 e 2030;

    - Consolidao por aeroporto da oferta disponvel, com as informaes deinfraestrutura fsica, de investimentos e de movimento de passageiros, aeronaves ecarga disponveis;

    - Lista de aes emergenciais a serem consideradas para diminuio dos gargalos nosaeroportos pertinentes incluindo, se cabvel, aes de gerenciamento da demanda;

    - Projees das necessidades de investimento em infraestrutura aeroporturia e deacessos virios essenciais para os principais aeroportos brasileiros;

    - Conjunto de medidas para otimizar as operaes do sistema de transporte areobrasileiro.

    Infraestrutura Aeroporturia Terminal So Paulo (TMA-SP)

    - Consolidao por aeroporto dos dados bsicos de viabilidade dos cenrios erecomendao preliminar referente ao novo aeroporto;

    - Lista de gargalos e potenciais aes emergenciais para aeroportos TMA-SP;

    - Mapa com a distribuio da demanda area potencial dentro da RMSP (RegioMetropolitana de So Paulo) versuscapacidade atual de cada aeroporto ecapacidade potencial;

    - Projeo da capacidade instalada para a TMA-SP para 2014, 2020 e 2030, paracada cenrio;

    - Proposta de aprimoramentos e elaborao de estimativas de necessidades deinvestimentos para 2014, 2020 e 2030, relacionando as implicaes e necessidades;

    - Conjunto de medidas para otimizar as operaes do sistema aeroporturio da TMA-SP;

    - Administrao aeroporturia e servios areos (Competio);

    - Conjunto de recomendaes de como utilizar a competio em servios areoscomo mecanismo para atingir os objetivos definidos de poltica para o setor;

    - Recomendaes sobre mecanismos, polticas e medidas para otimizar a coberturada malha;

    - Avaliao dos mecanismos de regulao e fiscalizao utilizados para assegurar acontinuidade, regularidade e pontualidade do servio de transporte areo.

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    Introduo40

    Governana e arcabouo jurdico-regulatrio

    - Panorama de modelos jurdico-regulatrios e entendimento de suas aplicaes emoutros pases;

    - Descrio das funes e instrumentos regulatrios dos rgos do sistemaregulatrio brasileiro atual, relacionando leis e normativos relevantes;

    - Diagnstico das principais lacunas e sobreposies de funes e instrumentos doatual arcabouo jurdico-regulatrio;

    - Recomendao de nova estrutura regulatria para o setor, descrevendo osprincipais rgos, funes e instrumentos;

    - Tabelas de-para descrevendo mudanas nos rgos, funes e instrumentos dosistema;

    - Sugesto de mudanas necessrias em leis e normativos, incluindo o CBA (CdigoBrasileiro de Aeronutica), indicando pontos de melhoria para se ter uma legislaomais clara e hierarquizada.

    1.2. Metodologia e plano de trabalho

    Para atingir os objetivos e produtos finais definidos para este estudo, adotou-se umametodologia baseada na diviso das principais atividades em quatro frentes de trabalho:

    Alinhamento geral: foram conduzidas reunies sobre os principais temas abordados noestudo para alinhar as partes interessadas e criar consenso ao redor de uma viso de longoprazo e de objetivos de poltica pblica para o setor de transporte areo. Os resultadospreliminares do trabalho foram discutidos ao longo do desenvolvimento do estudo, deforma a identificar pontos de melhoria e permitir a elaborao deste relatrio final, com oMinistro da Defesa e com representantes do Ministrio da Defesa, da Agncia Nacionalde Aviao Civil (ANAC), do Ministrio da Fazenda, do Ministrio do Planejamento, daCasa Civil, da Infraero e do Departamento de Controle do Trfego Areo (DECEA).

    Infraestrutura aeroporturia: foram elaboradas diretrizes de investimento nainfraestrutura brasileira, incluindo detalhamento especfico para a TMA-SP. Essa frenteenvolveu o mapeamento da capacidade instalada, levando em conta a identificao degargalos e medidas de otimizao da capacidade (por exemplo, ganhos de eficincia

    operacional), vis--visa demanda histrica e projetada. Alm disso, realizou a primeirapesquisa Origem/Destino do Brasil para servios de transporte areo regular.

    Administrao aeroporturia e servios areos (competio): foram desenvolvidaspropostas de aes, medidas e polticas relativas administrao aeroporturia,condies de competio em servios areos e abrangncia da malha aeroviria,visando a atingir os objetivos de poltica pblica em consenso, identificados na frente dealinhamento geral.

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    Introduo 41

    Governana e arcabouo jurdico-regulatrio: foram desenvolvidas propostas de ajustesou medidas para readequao da Governana e do arcabouo jurdico-regulatriodo setor, incluindo identificao das lacunas do modelo atual em relao s melhores

    prticas internacionais. Toda a anlise e recomendao quanto a mudanas tcnicasdo arcabouo jurdico-regulatrio foi elaborada pela banca TozziniFreire Advogados,membro da equipe deste estudo.

    O Quadro 1-1 ilustra cada uma das frentes de trabalho descritas acima.

    Quadro 1-1 Metodologia

    Metodologia

    Alinhamento geral

    Preparao deplano e materialde comunicao

    Reunies de alinhamento e validaoDefinio domodus operandi

    Governana e arcabouo jurdico-regulatrio

    Refinamentodas diretrizes

    Definies dediretrizes demudana noarcabouo jurdico-regulatrio

    Desenvolvimento depropostas de ajustes domodelo jurdico-regulatrio

    Identificao delacunas esobreposies domodelo brasileiro

    Mapeamento deestruturas deGovernana e modelos

    jurdico-regulatrios

    Avaliao daabrangncia damalha aeroviriabrasileira

    Avaliao das condies decompetio em servios areos

    Avaliao do atual modelo deadministrao aeroporturio

    Administrao aeroporturia e servios areos (Competio)

    Infraestrutura aeroporturia (Inclui Terminal So Paulo)

    Pesquisa de O/D no restante da malhaPesquisa de O/D nos principais aeroportos

    Mapeamento dainfraestrutura atual(oferta)

    Identificao degargalos e aesemergenciais

    Projees dedemanda

    Anlise das alternativas deotimizao do sistema enecessidades de investimento

    FONTE: Anlise da equipe

    Especificamente para a definio dos modelos de administrao aeroporturia, de

    servios areos e de governana, foi utilizada uma abordagem comumente empregadapela McKinsey para a definio de modelos de regulao. Nessa abordagem, soconsiderados primordialmente trs fatores para a construo do modelo (Quadro 1-2):

    Viso e objetivos de poltica pblica:englobam as aspiraes para o setor no longo prazoe os consequentes objetivos que precisam ser realizados para alcanar as aspiraes.Vale destacar, contudo, que a escolha dos objetivos de poltica pblica uma decisode governo, dessa forma, este estudo no buscou apresentar uma recomendao sobrequais objetivos adotar. O trabalho realizado procurou expor e avaliar alternativas paraa definio dos objetivos, explicitando quais deles eram conflitantes e apontando asimplicaes das escolhas, de modo a balizar as decises a serem tomadas pelo governo.

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    Introduo42

    Exemplos internacionais:para cada modelo avaliado foram estudados os principais casosno mundo, em que as alternativas j foram testadas. Para cada modelo so, portanto,trazidos os aprendizados de sucessos e insucessos dos exemplos internacionais.

    Atual contexto e ponto de partida do Brasil: a situao atual de governana,administrao aeroporturia e servios areos foi detalhada de forma a estabelecer umponto de partida para os diagnsticos e recomendaes.

    Quadro 1-2 Abordagem para definio de modelos de governana, administrao aeroporturia e servios areos

    FONTE: Anlise da equipe

    A definio de potenciais modelos para o setor de transporte areo civil do

    Brasil deve ser direcionada por trs elementos-chave

    Atual contexto eponto de partidado Brasil

    Viso e objetivos da

    poltica pblica parao setor

    ExemplosinternacionaisInsights

    Aprendizados

    Modelo deadministraoaeroporturia

    Modelo de

    servios detransporte

    areo

    Governana e arcabouo jurdico-regulatrio Papis, responsabilidades e hierarquia Gesto e incentivos Coordenao de operaes Arcabouo regulatrio

    1.2.1. Alinhamento geral

    O alinhamento geral visou a alavancar as prprias discusses do estudo para buscarum consenso sobre a viso de longo prazo e os objetivos de poltica pblica para o setorde transporte areo, bem como a alinhar as diversas partes interessadas em torno dasmedidas a serem adotadas. Para tanto, a frente de alinhamento geral definiu o modusoperandi deste projeto, planejando e conduzindo uma agenda de reunies e entrevistaspara alinhamento e validao com os rgos impactados, alm de preparar o plano ematerial de comunicao para implementar as recomendaes do estudo.

    Foi fundamental trazer para o debate os grandes objetivos de poltica pblica para o setorareo, permitindo uma discusso aberta e concreta sobre prioridades e escolhas possveis.Um alinhamento bsico em torno desses objetivos serviu de premissa para a avaliao das

    propostas tcnicas e das alavancas para atuar sobre o setor. Nesse contexto, a McKinseyatuou como uma entidade de opinio independente, desenvolvendo alternativas efacilitando o alinhamento das diversas partes interessadas, de forma neutra e imparcial,para que fosse alcanada a soluo de melhor tcnica.

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    Introduo 43

    Diversas entidades pblicas e privadas envolvidas no setor participaram dessa discusso:

    Governo:Ministrio da Defesa, SAC, ANAC, DECEA, Infraero, BNDES;

    Companhias areas: TAM, Gol, Azul, Trip, Lder, TAM Executiva; Operadores e investidores em infraestrutura:A-Port, Invepar, AG Concesses,

    Aeropuertos de Mxico (Advent), Aroport de Paris (AdP);

    Entidades de classe: IATA, ANAV.

    1.2.2. Infraestrutura

    A frente de infraestrutura objetivou avaliar a situao da infraestrutura aeroporturiainstalada nos 20 principais aeroportos do Brasil, com destaque especfico para a TerminalSo Paulo, de maneira a identificar gargalos e eventuais solues. Para tanto, foi avaliadaa capacidade de movimentao de aeronaves e passageiros nos diversos componentes

    dos aeroportos, ou seja, pista, ptio e terminal de passageiros. Essas capacidadesforam comparadas demanda atual e futura, estimadas por um modelo de projeo dedemanda que considerou as evolues previstas para a economia brasileira e o ambientecompetitivo do setor. Dessa forma, foi possvel avaliar gargalos que demandam aesemergenciais (curto prazo) e necessidades de investimento em pista, ptio, terminal depassageiros e acessos virios no mdio-longo prazo.

    Alm disso, foram avaliados os principais terminais de carga do Pas em seuscomponentes de importao e exportao. Para esses foram desenvolvidasrecomendaes especficas luz de possveis configuraes futuras.

    Finalmente, foi desenvolvida, pela primeira vez de maneira abrangente, uma PesquisaOrigem/Destino no Brasil. Este estudo deixa como legado no apenas uma primeirarodada de anlises resultantes da pesquisa, mas principalmente a base de dados completada pesquisa realizada, seu plano de pesquisa (que permite replicar o esforo no futuro) e aMatriz Origem/Destino do setor areo do Brasil.

    As atividades dessa frente foram realizadas sob duas perspectivas: o Pas como um todo(17 aeroportos, excluindo-se a TMA-SP) e, com maior nvel de detalhe, a TMA-SP. Emlinhas gerais, os esforos desenvolvidos na frente de infraestrutura aeroporturia podemser divididos em cinco etapas principais:

    Mapeamento da infraestrutura atual: incluiu coleta e consolidao de dados dainfraestrutura aeroporturia instalada e seus investimentos recentes para determinarestimativas de capacidade de pista, ptio, e terminais de passageiros e de carga. Para isso,alavancou-se o conhecimento tcnico do ITA1(Instituto Tecnolgico de Aeronutica) quepossui experincia em inmeros estudos de natureza similar e conta com um banco dadosabrangente.

    Identificao de gargalos e aes emergenciais: com a determinao da capacidadeinstalada, e com base nos dados de trfego coletados, foram identificados gargalosde curto prazo. Alm disso, foram realizadas visitas in locoa todos os 20 aeroportosavaliados no estudo que, em conjunto com a aplicao de ferramentas derivadasdo conceito de manufatura enxuta (lean manufacturing), permitiram diagnosticar

    algumas oportunidades de melhoria na operao dos aeroportos. Em ltima

    1 As competncias tcnicas do ITA foram disponibilizadas a este estudo por meio de Convnio de Cooperao Tcnico-

    Cientfica, firmado entre a McKinsey e a Fundao Casimiro Montenegro Filho.

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    instncia, essas oportunidades traduziram-se em uma lista de aes emergenciais paracada aeroporto.

    Projees de demanda:foram desenvolvidos dois modelos de projeo de demanda

    de servios de transporte areo:top-downe bottom-up. Estes modelos, em conjuntocom os dados da pesquisa O/D, permitiram avaliar trs cenrios de crescimentopara o setor (pessimista, base e otimista). Foram consultados especialistasinternacionais em modelagem e ferramentas proprietrias especficas para o setor,com a superviso e apoio do ITA, que possui experincia em projeo de demanda.Outras ferramentas incluram o banco de dados do HOTRAN e softwaresdetratamento de dados como o SIG.

    Anlise de alternativas de otimizao do sistema e necessidades de investimento:foramprojetadas as necessidades de investimento em pista, ptio e terminal de passageirospara os anos de 2009, 2014, 2020 e 2030. Alm disso, no caso da TMA-SP, foram

    desenvolvidas alternativas de viso de longo prazo e possibilidades de otimizao dosistema aeroporturio, de forma a balizar a construo de cenrios de investimento.

    Pesquisa O/D: a pesquisa teve como objetivo principal caracterizar a demanda peloservio de transporte areo no Brasil, com nfase nas origens, destinos intermediriose finais dos passageiros que circulam pelos principais aeroportos do Pas. O principalproduto final dessa pesquisa foi, portanto, a Matriz Origem/Destino do setor areo. Apesquisa se baseou em levantamento de dados, por meio de entrevistas diretas e aplicaode questionrios estruturados. A seleo da populao amostrada seguiu procedimentosque visam aleatoriedade da pesquisa, abrangendo todos os horrios e voos domsticosdos aeroportos selecionados. Aps o processo de preparao do questionrio da pesquisae aplicao de um piloto no aeroporto de Guarulhos, as pesquisas foram executadas

    nos 32 principais aeroportos do Pas. Dada a importncia e tempo necessrio paraexecuo da pesquisa, foi desenvolvido um planejamento detalhado para execuoda mesma em conjunto com a FIPE/USP, uma das principais instituies de pesquisa eensino de economia do Pas, responsvel por elaborar para o Ministrio do Turismo epara a EMBRATUR os principais indicadores das caractersticas e dos fluxos de turistasdomsticos e internacionais no Brasil.

    1.2.3. Administrao aeroporturia e servios areos (competio)

    A frente de competio buscou aprimorar o modelo de administrao aeroporturia,visando a uma maior eficincia nos aeroportos e a efetiva realizao dos investimentosnecessrios na infraestrutura do setor, e o modelo de servios de transporte areo buscoupromover a competio entre os prestadores de servios, sem perder de vista a sadeeconmica do setor, bem como aperfeioar a cobertura da malha area, inclusive nombito de linhas de baixa e mdia densidade.

    As atividades dessa frente foram realizadas em trs etapas:

    Avaliao do modelo de administrao aeroporturia: nessa etapa, compararam-seaspectos como acessibilidade ao servio, expanso do sistema, receita pblica, subsdioscruzados entre aeroportos, subsdios cruzados entre servios, papel do governo, estruturade propriedade, papel da iniciativa privada, modelos de concesso, estrutura de tarifas,impostos, e nvel de servios relevantes do modelo brasileiro em relao aos demais

    existentes no mundo. Alm disso, foram identificados os potenciais aeroportos deconexo (hubs) do Brasil, avaliando-se o alcance de polticas alternativas utilizadas emoutros pases e nos aeroportos brasileiros.

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    Avaliao das condies de competio em servios areos:essa etapa incluiu anlise dosprincipais fatores dos mercados brasileiro e internacional que moldam a competio dosprestadores de servios. Para isso, utilizamos modelos de nossa propriedade para anlise

    de precificao e sade econmica de companhias areas, comparando a carga tributriado Brasil com a de outros pases. Alm disso, avaliaram-se possveis impactos de polticasde liberalizao domstica e internacional (poltica de cus abertos).

    Avaliao da abrangncia da malha:por meio da coleta de dados do HOTRAN, emadio aos dados da pesquisa O/D, foi possvel realizar o tratamento dos dados emsoftwares especializados para avaliar a abrangncia da malha e, alm disso, entender arelao entre competio e cobertura da malha e estimar o mercado potencial de linhas debaixa e mdia densidade.

    1.2.4. Governana e arcabouo jurdico-regulatrio

    Esta frente mapeou a atual governana do setor (papis, responsabilidades e hierarquia),bem como o atual arcabouo jurdico-regulatrio brasileiro, propondo ajustes em ambospara que haja a clareza e a transparncia necessrias para fomentar o investimento e amodernizao do setor.

    As atividades dessa frente foram organizadas em quatro etapas:

    Mapeamento de estruturas de governana e modelos jurdico-regulatrios: nessa etapa,foram avaliadas diferentes estruturas de Governana e modelos jurdico-regulatrios dosetor areo no mundo, bem como a evoluo do arcabouo jurdico-regulatrio brasileirocom o mapeamento da estrutura, identificao de funes e instrumentos regulatrios.

    Identificao de lacunas e sobreposies do modelo brasileiro: com base no mapeamentodas funes e instrumentos, seguiu-se comparao do modelo atual do Pas com outrosmodelos para identificar lacunas e sobreposies de funes e instrumentos do atualmodelo brasileiro.

    Desenvolvimento de propostas de ajustes do modelo regulatrio: Nessa etapa, foramidentificados os fruns e mecanismos de coordenao, avaliando-se sua real utilizao.Alm disso, foram propostas alternativas de reorganizao dos rgos, funes einstrumentos do atual modelo, com base em casos relevantes de reforma de modelosregulatrios no Brasil e em outros pases.

    Definies de diretrizes de mudana no arcabouo jurdico-regulatrio: nessa etapa,

    foram identificadas as mudanas necessrias ao arcabouo jurdico-regulatrio paraapoiar o funcionamento do modelo regulatrio recomendado.

    Com base na definio do modelo regulatrio, foram apresentadas recomendaesde mudanas na governana e no arcabouo jurdico-regulatrio do setor em quatrodimenses, incluindo os pontos necessrios para obter uma legislao mais clara ehierarquizada:

    Papis, responsabilidades e hierarquia;

    Gesto e incentivos;

    Coordenao de operaes;

    Arcabouo regulatrio.

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    Para apoiar a definio das recomendaes jurdico-regulatrias,