bls apostila final

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  • 1 | M e d i c i n a - U F R J

    Caros calouros,

    Ns, veteranos, gostaramos primeiramente de

    parabeniz-los pelo ingresso na Faculdade de

    Medicina da UFRJ. Estamos contentes em receb-los.

    Parabns por terem vencido uma das primeiras

    etapas para se formarem mdicos! Agora, mais uma

    etapa se inicia em suas vidas. Estamos aqui para

    orient-los e ajud-los da melhor forma possvel.

    O primeiro passo da carreira acadmica de vocs

    ser estudar disciplinas do Ciclo Bsico. Infelizmente,

    antecipamos que, na M1 e durante o ciclo bsico,

    existem poucos assuntos diretamente ligados prtica

    mdica. Por isso, resolvemos criar o projeto BLS-

    Suporte Bsico de Vida, permitindo a vocs um

    primeiro contato com a prtica mdica.

    Ao final, pedimos que avaliem o projeto e enviem

    suas crticas e sugestes, pois fundamental para

    continuarmos sempre em aperfeioamento. No se

    esqueam que, futuramente, sero vocs quem

    assumiro os cargos que exercemos atualmente.

    Sintam-se em casa e bem-vindos famlia fundo,

    Projeto BLS 2012.1

    Veteranos da Faculdade de

    Medicina/ UFRJ

    O que o Suporte Bsico de Vida

    O BLS, como o prprio nome sugere, consiste em

    um conjunto de aes e medidas iniciais que

    aplicamos a uma vtima fora do ambiente hospitalar,

    com o intuito de preservar sua vida e evitar o

    agravamento de leses.

    Assim, o socorrista deve:

    - (1) identificar urgncias clnicas e/ou traumticas;

    - (2) manter e monitorar a viabilidade dos rgos

    vitais; e, como j foi dito,

    - (3) no gerar novas leses e evitar o

    agravamento das j existentes.

    O servio de urgncia deve ser acionado (192:

    SAMU / 193: Bombeiros). O socorro aplicado

    enquanto se aguarda a chegada do servio de

    urgncia (que realizar o transporte do acidentado at

    o hospital).

    Um BLS rpido e bem executado melhora muito as

    chances de sobrevivncia do acidentado.

    Nas prximas pginas, voc aprender melhor

    acerca dos procedimentos e tcnicas utilizados em

    diversas situaes, e que podem garantir um suporte

    de vida adequado. A nvel didtico, dividiremos o

    nosso curso em 5 reas:

    1) BLS em Parada Cardiorrespiratria (PCR);

    2) Obstruo Vias Areas e Corpos Estranhos;

    3) Fraturas e Queimaduras;

    4) Convulso e Parto; e

    5) Hemorragias e Feridas.

  • 2 | M e d i c i n a - U F R J

    Informaes gerais sobre o BLS e conselhos da faculdade que voc precisa saber

    Avaliando a Primeira Assertiva

    Preste bastante ateno nisso:

    [1] Cerca de 70% das pessoas sentem-se des-

    preparadas para agir durante uma emergncia

    cardaca, pois no sabem como administrar

    Ressuscitao Cardiopulmonar (RCP)

    Podem at existir profissionais da rea de sade e

    colegas (estudantes de Medicina), infelizmente, que

    no se sentem capazes de aplicar a RCP.

    Cabe a voc decidir se seu dever, como futuro

    mdico, conhecer as tcnicas e se aprimorar no

    sentido de poder salvar vidas em situaes de

    emergncia, mesmo sendo da M1. S fazendo o

    currculo da M1, este conhecimento est longe de ser

    alcanado. A matria bastante carregada em

    Biologia Celular, temas de laboratrio, e possui

    poucos assuntos mdicos.

    A UFRJ muito rica: possui vrias ligas que

    abordam vrios temas mdicos, professores

    excelentes. Mas nada ir at voc. Como veteranos,

    queremos aconselhar vocs a buscarem, por iniciativa

    prpria, a participarem de ligas, confirmar presena

    em palestras do interesse de vocs, estudar assuntos

    mdicos. Estamos aqui, no projeto, para tentar

    transmitir a vocs o conhecimento mnimo necessrio

    que precisam saber e dar a oportunidade de terem um

    primeiro contato com a Medicina.

    Vdeo recomendado:

    - FAA A RCP! Antigo comercial da Ass. Americana do Corao

    Link: http://www.blsufrj.com.br/video1.php

    Avaliando a Segunda Assertiva

    [2] A cada minuto decorrido, diminui em 10%

    as chances de sobrevivncia e, em dez

    minutos, a chance de salvamento mnima.

    Por esse motivo, at leigos podem iniciar os

    procedimentos de BLS para salvar a vtima. Vocs,

    como futuros mdicos, podem fazer mais do que

    pensam.

    Todos os procedimentos sero ensinados na teoria

    e prtica. Tenha sempre em mente que a RCP precisa

    ser iniciada o mais rapidamente possvel. Voc no

    pode perder tempo. NUNCA SE ESQUEA:

    Grfico: Paciente apresentou PCR

    (x) = tempo decorrido sem socorro

    (y) = chance de sobrevivncia da vtima

    Faa o treinamento de modo que o BLS (e RCP)

    seja assimilado e prontamente executado por

    voc, de maneira correta, rpida e eficiente.

    Leia esse fragmento de uma matria do Terra:

    [3] Na Noruega, por exemplo, um programa nas escolas de ensino bsico instrui crianas de dez a 12

    anos a realizar a reanimao cardaca. Estas, por sua

    vez, repassam o aprendizado aos pais e familiares. O

    objetivo que todos os noruegueses saibam. Isso, em

    um pas em que o socorro demora de cinco a seis

    minutos para chegar. Em So Paulo ou Rio, com o

    trnsito, sem dvida, o resgate leva mais que seis

    minutos. Terra online sade (modificado)

    At adolescentes podem fazem a RCP. O ideal seria

    que toda a populao brasileira aprendesse, mas

    sabemos que isso est muito longe de acontecer.

    [1], [2], [3]: http://saude.terra.com.br/noticias/0,,OI4719909-EI16563,00-

    Massagem+cardiaca+pode+salvar+vidas+Saiba+como+fazer.html

  • 3 | M e d i c i n a - U F R J

    Dados estatsticos de PCR

    A partir de uma parada cardaca, ocorre tambm

    parada respiratria em seguida. Ou o contrrio.

    (varia de 3 a 5 minutos; h divergncia do tempo

    exato pelos pesquisadores).

    Paradas cardacas so mais comuns do que se

    pensa e podem ocorrer com qualquer pessoa. Estima-

    se, segundo a American Heart Association (AHA), que

    cerca de 300.000 paradas cardacas ocorrem

    anualmente fora de um centro mdico, sendo 80%

    delas em casa. Muitas das vtimas apresentam-se

    sadias e sem doenas cardacas conhecidas.

    E no Brasil, assim como em todo o mundo, a parada

    cardaca aparece como uma das principais causas de

    morte, principalmente quando causada por Infarto

    Agudo do Miocrdio (IAM).

    Explicando melhor a Parada Cardaca e IAM

    Parada Cardaca e IAM a mesma coisa?

    No a mesma coisa: O IAM causa a Parada

    Cardaca.

    Alm de fazer com que o sangue circule pelo corpo,

    o corao tambm precisa de sangue para o prprio

    funcionamento de clulas musculares.

    O Infarto Agudo do Miocrdio ocorre quando o

    suprimento sanguneo que chega at parte do

    msculo cardaco interrompido. Assim, o tecido

    morre e, dependo da extenso do infarto, o corao

    pode parar de funcionar, ocorrendo uma Parada

    Cardaca. A Parada Cardaca pode ter vrias causas.

    Na maioria dos casos, ocorre por IAM.

    Uma das principais causas de IAM a formao de

    placas de gordura ao longo do vaso (ateromas), que,

    juntamente com um cogulo, pode obstruir a

    passagem do sangue (aterotrombose oclusiva).

    Fatores de Risco para IAM

    Segundo os dados de 2011-2012 da AHA, entre os

    fatores de risco que auxiliam no diagnstico esto:

    - Diabetes mellitus

    - Dislipidemias (colesterol alto)

    - Hipertenso Arterial

    - Sobrepeso e obesidade

    - Sedentarismo

    - Fumo

    - Deficincias nutricionais

    Portanto, estar familiarizado com os fatores de risco

    e procedimentos pertinentes durante uma parada

    cardaca essencial para qualquer pessoa e,

    principalmente, para o profissional da sade.

    Sinais e Sintomas Clssicos do IAM

    Geralmente duram mais que 15 minutos:

    - Dor em aperto no peito (sensao de peso),

    previsivelmente piorada com esforo. Desta forma,

    o paciente que est infartando sente sua dor aumentar

    quando um esforo produzido;

    - Desconforto na nuca, pescoo e braos;

    - Respirao ofegante (dispnia);

    - Sudorese intensa (diaforese);

    - Pulso fraco e rpido;

    - Nuseas e vertigem que duram mais que 15 minutos

    - Em alguns casos, observa-se dor na regio

    epigstrica (no se preocupem, ser visto na clnica)

    OBSERVAO: no necessrio que o paciente

    relate ou apresente TODOS esses sintomas; s

    vezes, apenas alguns so relatados pelo mesmo.

    Conforme o paciente apresenta um maior nmero de

    sintomas mencionados aqui, maior a probabilidade

    de ser uma dor tipicamente cardaca.

    Introduo ao Suporte Bsico de Vida

    O Suporte Bsico de Vida (Basic Life Support - BLS)

    consiste na realizao de aes seqenciais

    essenciais no atendimento inicial da vtima que visam

    a manuteno da vida atravs de procedimentos

    acessveis tanto ao profissional de sade quanto ao

    cidado, at que a vtima receba assistncia

    especializada e suporte avanado. Este atendimento

    deve ser de urgncia, ou seja, o mais rpido possvel

    para evitar agravos e/ou de emergncia quando se

    visa recuperar e/ou manter os sinais vitais da vtima

    sob risco de morte.

  • 4 | M e d i c i n a - U F R J

    O maior objetivo em realizar a Reanimao Cardio-

    pulmonar (RCP) prover oxignio ao crebro e

    corao at que o tratamento adequado restaure os

    batimentos cardacos normais, ou que permita o

    tempo necessrio para a chegada de uma equipe de

    Suporte Avanado de Vida.

    Quando o incio da RCP for retardado, a chance

    de sobrevida prejudicada e o tecido cerebral

    sofre danos irreversveis, resultando em morte ou

    seqela neurolgica severa ou permanente.

    importante lembrar que o atendimento bsico

    pode, e deve ser efetuado por qualquer pessoa, desde

    que possua um treinamento, de forma que seja

    possvel ajudar e, sobretudo, no piorar o estado da

    vtima.

    BLS para Adultos (!)- Como Proceder

    PASSO 1: Avaliao da Segurana de Cena e

    Responsividade da Vtima

    Priorize a segurana aplicando a Regra dos 3 S:

    - Scene (cena): avaliar o local onde a vtima se encontra.

    - Security (segurana): o socorrista deve prezar pela prpria segurana antes de decidir tomar

    qualquer atitude em relao a uma vtima com

    potencial Parada Cardiorrespiratria (PCR). Sob

    condies adversas, deve aguardar ou providenciar o

    acesso seguro vtima e, se possvel, retir-la do

    ambiente de perigo.

    - Situation (situao): o socorrista deve avaliar o que de fato aconteceu, a cinemtica do trauma, o

    nmero, estado e responsividade da vtima (pela

    manobra Shake and Shout).

    Verificando a responsividade pela Manobra

    Shake and Shout

    Para verificar a responsividade, encoste nos ombros

    da vtima de forma enftica e pergunte, chame-a em

    tom audvel Voc est bem?. Voc no est

    procurando uma resposta, mas sim algum tipo de

    reao contraes das plpebras, movimento

    muscular, virar-se para o som e assim por diante. Se

    no houver resposta, a vtima no est responsiva.

    Observe a figura ao

    lado. Ao executar a

    manobra, uma vtima

    consciente pode

    levantar subitamente

    e, assustada, acabar

    ferindo o socorrista.

    Por isso, este deve

    manter um dos ps

    no cho enquanto a

    outra perna est em flexo de quadril, permitindo que

    se levante rapidamente caso seja necessrio.

    Verificando o pulso

    Avalie o pulso da A. cartida comum.

    ATENO: O pulso perifrico pode no ser

    palpvel! NO palpe o pulso da A. radial.

    O pulso tambm pode ser realizado na A. femoral (regio da virilha); mas as pessoas podem ficar assustadas e achar que voc est abusando da vtima. ATENO: no demore mais que 10 segundos checando o pulso.

  • 5 | M e d i c i n a - U F R J

    PASSO 2: Chamar o Servio Mdico de

    Emergncia

    Uma vez percebida a situao de emergncia, ou

    seja, quando a vtima est inconsciente e sem

    respirao ou apresentando respirao anormal, o

    socorrista deve acionar, ou pedir que outro acione o

    servio mdico de emergncia.

    Ligando para o nmero

    193, o socorrista aciona o

    Corpo de Bombeiros, caso

    esteja em ambiente

    externo, como praias, ruas

    ou estacionamentos.

    Ou pode tambm acionar o

    SAMU, ligando para 192,

    quando a emergncia ocorre

    em ambiente fechados,

    como residncias ou locais

    de trabalho.

    Ao acionar esses servios, o socorrista (ainda que

    leigo) deve informar corretamente o endereo do local

    onde se encontra, com referncias adequadas; tipo de

    emergncia (desmaio, queda, etc.); condio das

    vtimas e do ambiente ao redor; e o nome e telefone

    para contato. ATENO: no desligue o telefone

    at a confirmao e permisso do atendente.

    PASSO 3: A Seqncia da Vida

    Elos de Sobrevivncia pra Adultos

    Uma vez que a vtima esteja inconsciente e sem

    pulso, o socorrista deve iniciar as manobras de

    ressuscitao cardiopulmonar. Caso a vtima no

    respire ou apresente respirao insuficiente ou

    afogante (chamado gasping), o socorrista tambm

    deve assumir que haja parada cardaca.

    Antigamente era utilizado, em parada

    cardiorrespiratria, a sequncia ABC. Todavia, as

    pessoas perdiam tempo demais verificando as

    Vias Areas e Respirao. A cada minuto, a

    chance de sobrevivncia diminui em 10%.

    Por isso, a partir de 2010, a American Heart

    Association mudou a seqncia para C-A-B.

    Antes de comearmos a falar sobre a letra C

    (Circulation Compresses Torcicas), voc

    precisa saber como Posicionar suas Mos para

    efetuar a massagem cardaca. Para isso, voc precisa

    saber a Anatomia da regio.

    Posicionamento das Mos

    Anatomia do osso esterno (veja melhor no Anexo I-

    pgina 46 dessa apostila):

    O posicionamento correto das mos sobre o trax

    da vtima essencial para se evitar a ocorrncia de

    leses internas decorrentes das compresses

    torcicas e para a perfeita efetividade da manobra.

    Suas mos devem ficar sobre a extremidade inferior

    do esterno. Devem ser posicionadas 2 dedos acima

    do processo xifide; isso fica, aproximadamente,

    na linha intermamilar. Trace uma linha imaginria

    entre os mamilos, o ponto mdio localiza-se no exato

    local que sua mo dever posicionar-se para as

    compresses torcicas. Nesse ponto, o esterno

    flexvel possvel comprimi-lo sem fratur-lo.

    Coloque o calcanhar da mo (loja tenar e

    hipotenar) no esterno com a outra mo por cima, com

    os dedos de ambas as mos apontando na direo

    oposta sua. Entrelace os dedos ou estenda-os,

    mantendo-os afastados do trax da vtima (veja as

    figuras na prxima pgina).

  • 6 | M e d i c i n a - U F R J

    - S a loja tenar e hipotenar da mo (em

    vermelho na figura da mo, esquerda) devem

    estar encostados no esterno. Assim a fora de

    seu corpo est sendo aplicada sobre uma menor

    rea (P=F/A). Logo, maior a presso.

    - A loja tenar e hipotenar da mo devem ser

    colocadas 2 dedos acima do processo xifide ou

    na linha intermamilar, como indicam as figuras.

    - Uma compresso torcica mal realizada (fora do

    esterno) pode gerar complicaes: fratura de

    costelas. As costelas fraturadas podem lacerar

    diferentes rgos internos, como mostram as

    figuras acima. Portanto, conhea a anatomia!

    - Pode ser que, durante as compresses

    torcicas, voc oua barulhos relativos

    fratura de costelas. No se assuste! melhor

    o paciente vivo com as costelas fraturadas do

    que morto com as costelas inteiras.

  • 7 | M e d i c i n a - U F R J

    Visto como posicionar suas mos, faa o C-A-B:

    1) Circulation (compresses torcicas):

    Essa manobra consiste em imprimir fora e presso

    de maneira rtmica sobre a metade inferior do externo,

    criando um fluxo sanguneo devido ao aumento da

    presso intratorcica e a compresso direta do

    corao, permitindo assim o aporte de oxignio para o

    crebro e para o miocrdio.

    Para a realizao eficaz das compresses,

    necessrio que a vtima encontre-se deitada em

    uma superfcie rgida e o socorrista deve

    posicionar-se ao lado da vtima, ajoelhando-se caso

    esteja deitada no cho ou de p ao seu lado, se ela

    estiver em uma maca.

    Os braos do socorrista devem estar estendidos

    frente do tronco, ficando perpendiculares a ele.

    Deve posicionar suas mos uma sobre a outra,

    tendo por cima a mo dominante. Nessa posio,

    deve-se posicionar a loja tenar e hipotenar sobre a

    metade inferior do osso esterno, ou entre os mamilos

    (linha intermamilar) da vtima, como j foi explicado.

    A aplicao correta e eficaz da manobra implica

    deprimir o esterno aproximadamente 5

    centmetros e permitir que ele volte totalmente,

    sem fletir (dobrar) os cotovelos.

    A fora deve ser gerada na coluna lombar e

    somente transmitida aos braos. O ritmo de

    compresses torcicas de alta eficincia

    (depresso torcica entre 4 e 5 cm) deve ser de,

    no mnimo, 100 por minuto. O ciclo de 30

    compresses (em 18-23 segundos), seguidas de duas

    ventilaes.

    Os ombros do socorrista devem estar na linha do

    nariz da vtima, em um ngulo de aproximadamente

    90 graus com o cho, como ilustra a figura a seguir.

    2) Airways (abertura das vias areas):

    As manobras de abertura de vias areas devem ser

    realizadas de maneira rpida e eficiente, para que a

    interrupo das compresses torcicas seja mnima,

    uma vez que essas so prioridade no BLS do adulto.

    Caso no haja suspeita de leso cervical (regio

    do pescoo) ou cranioenceflica, deve-se realizar a

    abertura das vias areas usando a manobra Head-

    tilt Chin-lift, que a maneira mais simples de abrir

    as vias areas.

  • 8 | M e d i c i n a - U F R J

    Manobra Head-tilt Chin-lift (inclinao da

    cabea elevao do queixo)

    Consiste em apoiar a palma de uma das mos sobre

    a testa da vtima, fazendo presso para trs, enquanto

    os dedos da outra se apiam no queixo, elevando a

    mandbula.

    Se voc estiver em dvida se h leso cervical,

    ento considere que h leso cervical. Nos casos

    de leso cervical, no utilize a Head-tilt Chin-lift;

    utilize a manobra Jaw-Thrust.

    Manobra Jaw-Thrust (anteriorizao e trao

    da mandbula)

    Essa tcnica tem como vantagem o fato de no

    mobilizar a coluna cervical, visto que promove a

    desobstruo das vias areas por projetar a

    mandbula anteriormente, deslocando tambm a

    lngua.

    Como desvantagem, esta manobra mais difcil de

    ser realizada. Precisamos supervision-lo

    pessoalmente para ter certeza que voc est fazendo-

    a corretamente. Ser abordada na aula prtica do

    projeto.

    Executar da seguinte forma:

    1) Apoiar a regio tenar da mo sobre a regio

    zigomtica da vtima, bilateralmente, estando

    posicionado na sua "cabeceira";

    2) Colocar a ponta dos dedos mdio, anelar e mnimo

    atrs do ngulo da mandbula, bilateralmente,

    exercendo fora suficiente para desloc-Ia

    anteriormente (voc utilizar a articulao temporo-

    mandibular para fazer esse procedimento);

    3) Apoiar os dedos indicadores na regio mentoniana,

    imediatamente abaixo do lbio inferior, e promover a

    abertura da boca.

    3) Breathing (respirao com boa ventilao):

    Uma vez iniciadas as compresses, deve-se realizar

    a manobra de ventilao. O socorrista deve inclinar-se

    sobre a vtima, abrindo suas vias areas.

    Depois, deve inspirar normalmente e colocar os

    lbios ao redor da boca da vtima, vedando-a

    totalmente. Deve-se fechar completamente as

    narinas da vtima, apertando em formato de

    pina.

    Uma ventilao correta requer expirao lenta, com

    durao de 1 segundo, assegurando-se que o trax da

    vtima expanda-se a cada respirao. O tempo de

    expirao no deve ser maior que 2 segundos, para

    evitar que o aumento da presso intratorcica reduza

    o retorno venoso para o corao e diminua o dbito

    cardaco. Alm disso, um grande volume de ar pode

    resultar em expanso gstrica, ocasionando refluxo e

    possvel broncoaspirao do contedo gstrico.

  • 9 | M e d i c i n a - U F R J

    O ciclo 30:2 (30 compresses : 2 respiraes)

    deve ser mantido at que:

    - O Desfribrilador Externo Automtico (DEA) esteja

    disponvel;

    - A vtima mostre reao, sinais de vida;

    - A equipe de resgate chegue e assuma o controle da

    situao;

    - O socorrista atinja o cansao extremo, ficando

    impossibilitado de continuar.

    Consideraes Finais, DEA e Resumo do BLS

    O ritmo cardaco que ocorre inicialmente em parada

    cardaca, com maior frequncia (80-90% dos casos)

    a fibrilao ventricular. Neste ritmo, os ventrculos

    contraem-se desordenadamente, no resultando em

    pulsao.

    Sendo assim, a desfibrilao rpida de suma

    importncia, pois o choque permite que os seus

    marcapassos naturais voltem a disparar

    ordenadamente. No entanto, o choque no capaz de

    recomear o corao, logo, se o corao parar

    (assistolia), a desfibrilao no ser vivel.

    Aps o choque, h a possibilidade do corao voltar

    a funcionar em um ritmo ordenado, porm lento

    (braquicardia), que no eficiente para bombear o

    sangue. Neste caso o RCP deve ser realizado.

    Atualmente, existe o desfibrilador externo

    automtico (DEA), um dispositivo mdico

    computadorizado. Um DEA pode examinar o ritmo

    cardaco de uma pessoa. Ele pode reconhecer um

    ritmo que necessite de um choque e pode avisar ao

    socorrista quando um choque necessrio. O DEA

    usa mensagens sonoras, luzes e mensagens de texto

    para indicar ao socorrista os passos a tomar. At se

    voc colocar as ps de choque erradamente, o DEA

    lhe avisa. um sistema inteligente. Confira abaixo:

    Alm do DEA, existem outros tipos de

    desfibriladores, mas que no so inteligentes. Seu uso

    requer treinamento prvio. O ajuste da potncia (em

    Joules) manual. So os desfibriladores mecnicos

    que constituem a maioria dos disponveis.

    Paramos por aqui. Mais para frente, nos perodos de

    Medicina altos, voc aprender a usar o desfibrilador.

    O que podemos avisar o seguinte: cuidado ao

    dar o choque, se no voc ser mais uma vtima!

    Curiosidade: um choque pode ter at 360J de

    potncia! Quantos J voc acha que tem uma nica compresso torcica? Veja na pg. 45.

  • 10 | M e d i c i n a - U F R J

  • 11 | M e d i c i n a - U F R J

    Bsico sobre Corpos Estranhos

    Definio

    Um corpo estranho um material que, em contato

    com qualquer lugar do organismo, causa desconforto,

    ferimento ou prejuzo de alguma funo.

    So objetos, de variada origem e constituio fsica

    que, muitas vezes, apesar de aparentemente

    inofensivas, podem causar danos fsicos e desconforto

    srio. Os exemplos mais clssicos so vidros,

    madeiras, poeira, carvo, areia, limalha de ferro, gros

    diversos, peas de brinquedos, grampos, espinhas de

    peixe e at mesmo insetos.

    Esses objetos estranhos podem penetrar

    acidentalmente nos olhos, ouvidos, nariz e garganta,

    sendo essas ocorrncias muito comuns.

    Corpos Estranhos: Olhos

    Classificao

    1. MVEIS (ciscos, clios,

    insetos)

    2. FIXOS

    Primeiros Socorros para C. Estranhos: Olhos

    A primeira coisa a ser feita procurar reconhecer o

    objeto e localiz-lo visualmente e pedir que a vitima

    no esfregue o olho.

    Primeiros Socorros para CE mveis

    - pedido vtima que pisque repetidamente para

    permitir que as lgrimas lavem os olhos e,

    possivelmente, removam o corpo estranho.

    - No obtendo sucesso, deve-se realizar a lavagem do

    olho com gua corrente do canto interno do olho, junto

    ao nariz, para o externo, durante 15 minutos.

    - Se a manobra no obtiver sucesso, cubra e

    encaminhe para o hospital.

  • 12 | M e d i c i n a - U F R J

    Quando o objeto se localizar na plpebra superior, a

    manobra de everso palpebral pode ser realizada,

    facilitando o acesso ao objeto.

    Primeiros Socorros para CE fixos

    - Nunca deve-se tentar remover o objeto.

    - Se no for possvel o fechamento do olho, o certo

    fixa-lo cobrindo-o com copos, gazes ou outros objetos,

    evitando destruio dos tecidos pela movimentao.

    - Tambm pode ser feita a ocluso do olho

    contralateral, j que os movimentos oculares

    tendem a ser conjuntos.

    - Encaminhar a um mdico preparado para tais

    situaes.

    Primeiros Socorros para C. Estranhos: Orelha

    Corpos estranhos podem penetrar acidentalmente

    nas orelhas, sendo estes acidentes mais comuns com

    crianas. Geralmente so insetos. Entre os sinais e

    sintomas deste acontecimento esto surdez, zumbidos

    e dor. Nesses casos, pode-se tentar identificar o

    objeto estranho.

    1. OBJETO EM MOVIMENTO

  • 13 | M e d i c i n a - U F R J

    - No caso de pequenos insetos, a primeira medida

    tentar atra-lo para fora usando uma luz colocada

    prximo ao canal auditivo, puxando-se a orelha

    acometida para trs, de preferncia, esse

    procedimento deve ser realizado em ambiente escuro.

    - Caso no resolva, a medida seguinte deve ser a

    colocao de algumas gotas de leo, a fim de

    imobilizar os movimentos de asas ou patas do inseto.

    Aps, inclina-se a cabea para o lado na tentativa de

    colocar o inseto para fora do ouvido, que dever

    deslizar com o leo.

    2. OBJETO INERTE

    - Posicione a cabea da pessoa de maneira que o

    lado afetado fique para baixo.

    - Movimente o lbulo da orelha acometida de um lado para outro e ao mesmo tempo realize movimentos suaves com a cabea, tentando fazer com que o objeto caia por ao da gravidade.

    Primeiros Socorros para C. Estranhos: Nariz

    O objeto pode causar irritao, infeco ou

    obstruo da respirao. Siga os procedimentos

    abaixo:

    - Pea a pessoa que respire pela boca.

    - Se possvel, aperte suavemente a narina livre e pea

    que a pessoa feche a boca e expire pela narina

    obstruda, ajudando a expulso do objeto estranho.

    - Se o objeto no tiver

    sido introduzido at o

    fundo do nariz, tente

    pressionar a base do

    nariz pelo lado de

    fora (no alto, perto

    dos olhos) e empurrar

    o objeto para baixo.

    Caso o procedimento no obtenha sucesso, e o

    objeto no saia com facilidade, o auxlio mdico

    deve ser procurado imediatamente.

    Obstruo das Vias Areas (!)- Primeiros Socorros para C. Estranhos: Faringe

    Corpos estranhos na garganta podem obstru-la,

    provocar leses e asfixia, por impedir a entrada de ar

    nos pulmes. Essa obstruo pode ocorrer por

    objetos, vmito, sangue, entre outros.

    Morte por obstruo de vias areas por corpo

    estranho (OVACE) muito comum, porm ao mesmo

    tempo, totalmente evitvel. O caso mais comum de

    OVACE em adultos por comida e ocorre durante as

    refeies. J as crianas, alm de comida, podem

    engolir objetos pequenos que acabam obstruindo as

    suas vias areas.

    Um OVACE possui sinais em comum com outros

    eventos como o AVC, a convulso e o desmaio. Cabe

    ao socorrista ser capaz de diferenci-los.

    Sinais de OVACE

    - SEGURAR O PESCOO, como indica a foto abaixo.

    Este o sinal universal de asfixia e requer socorro

    imediato.

    - Dificuldade de Respirar

    - Cianose

    - Agitao

    - Tosse Silenciosa

    - Inabilidade de falar (obstruo total)

    - Ausncia de choro (criana)

    De acordo com o posicionamento do corpo estranho

    nas vias areas da vtima, existem dois tipos de

    obstruo: parcial ou total.

    Primeiros Socorros para Obstruo Parcial

    das Vias Areas

    Diante dessa situao a vtima ainda capaz de

    falar e at mesmo tossir, mesmo que com dificuldade,

    pois ocorre a passagem de ar de forma parcial. Neste

    caso, o socorrista no deve interferir diretamente, mas

    sim estimular a vtima a expelir o corpo estranho por

    meio da tosse. Somente se deve interferir caso a

    vtima vier a demonstrar sinais de obstruo severa

    (total) como o aumento na dificuldade de respirar,

    tosse tornar-se silenciosa ou perda da conscincia.

  • 14 | M e d i c i n a - U F R J

    Se a vitima for um beb tente no chacoalh-lo (isso

    tambm vale para crianas maiores), bater em suas

    costas ou vir-lo de cabea para baixo. Se o objeto

    estiver visvel e sua remoo for simples, retire-o com

    a mo. Caso contrrio, no tente retirar.

    Primeiros Socorros para Obstruo Total das

    Vias Areas

    Nessa situao, o corpo estranho posiciona-se de

    tal forma que bloqueia completamente a passagem de

    ar, tornando a vtima incapaz de falar, tossir e,

    principalmente, respirar.

    Na obstruo total das vias areas, o auxlio do

    socorrista de grande importncia, pois a vtima

    por si s provavelmente no ser capaz de expelir o

    corpo estranho somente com seu reflexo de tosse.

    O socorrista pode se utilizar de algumas manobras

    na tentativa de auxiliar a vitima enquanto o socorro

    especializado no chega; sero descritas seguir:

    1. MANOBRA DE HEIMLISH

    utilizada para adultos e crianas maiores. No

    recomendada para bebs e grvidas, pois pode

    causar leses.

    - Com a vtima em p, se posicione atrs da vtima e

    envolva a regio abdominal desta com os braos.

    - Posicione o punho cerrado

    de uma das mos cerca de

    dois dedos acima do umbigo.

    - Rotacione este punho at

    que seu polegar se posicione

    no processo xifide

    (pintado em vermelho na

    figura ao lado) do osso

    esterno (vocs aprendero

    na Anatomia M1) da vtima.

    - Use a outra mo para envolver a primeira

    - Mantenha seu corpo bem prximo do corpo da vitima

    e inicie as compresses

    - As compresses devem ser fortes e feitas com

    movimentos rpidos, para dentro e para cima (em

    formato de J vocs vero melhor na aula prtica).

    - A sequncia deve ser repetida at que o corpo

    estranho seja expelido.

    O socorrista deve posicionar uma de suas pernas

    entre as pernas da vtima e a outra afastada

    posteriormente, de modo a amparar a vtima caso

    perca a conscincia.

    Em caso de perda da conscincia, ampare a vtima

    at o cho, posicionando-a em decbito dorsal

    (barriga para cima), em seguida aplicando as

    manobras de Ressucitao Cardiopulmonar. No

    mais recomendado que se aplique a compresso

    abdominal, devido ao maior risco de broncoaspirao.

  • 15 | M e d i c i n a - U F R J

    A manobra de Heimlish pode ser usada em

    crianas. Nesse caso, o mais adequado que o

    socorrista ajoelhe-se, de modo ficar na altura do

    beb. Se o socorrista aplicasse de p a manobra

    na criana, a fora contra o diafragma poderia no

    ser a ideal, alterando a eficcia do procedimento.

    Em caso de se estar sozinho ou em algum local sem

    pessoal treinado para a realizao da manobra, pode-

    se tentar utilizar uma cadeira. A vtima deve projetar o

    abdmen sobre a cadeira de forma a gerar uma

    compresso significativa, como ilustra a figura abaixo:

    2. TAPOTAGEM

    Esta manobra deve ser realizada para lactentes e

    crianas pequenas. Siga as instrues abaixo:

    - Apoie a cabea da vtima com sua mo e deite-a

    com o rosto voltado para baixo sobre seu antebrao e

    coxa. Essa posio cria um desnvel que permite o

    auxlio da gravidade.

    - Formando uma concha com uma das mos, o

    socorrista aplica cinco palmadas nas costas da

    criana, no meio e na metade superior das costas

    (regio mediana na linha infraescapular).

    - Aps essa manobra, vire a criana para voc,

    mantendo a inclinao original e observe a presena

    do corpo estranho na cavidade oral da mesma.

    - Caso no haja nada que possa ser retirado, aplique

    cinco compresses torcicas abaixo do ponto da

    compresso cardaca (abaixo da linha imaginria

    traada entre os mamilos). Observe a imagem abaixo:

  • 16 | M e d i c i n a - U F R J

    Bsico sobre Fraturas

    Definio

    Fratura a perda estrutural da soluo de

    continuidade do osso.

    Introduo

    O leigo, ao falar de

    fratura, geralmente se

    refere s fraturas

    provocadas por algum

    mecanismo traumtico.

    Essas so resultado de

    presses importantes

    sobre uma determinada

    rea ssea.

    Tal presso deve ser

    superior a presso que o

    tecido capaz de suportar, uma vez que os ossos

    tm, naturalmente, uma capacidade de deformao.

    Uma observao importante a se fazer que, ao

    contrrio do que muitos acreditam, um osso trata-se

    de um tecido vivo, com elevado metabolismo, alm de

    contar com um grande suprimento vascular

    (sanguneo) e conter reservas adiposas

    (principalmente quando nos referimos aos ossos

    longos ex: fmur, mero).

    Dessa forma, uma fratura pode levar a severas

    perdas sanguneas, suficientes at mesmo para levar

    a morte, especialmente quase se est diante de

    mltiplas fraturas ou fraturas expostas.

    Classificao das Fraturas

    A. EXPOSIO

    - Exposta (aberta): h comunicao ssea com o

    meio externo. O osso pode estar exteriorizado ou no.

    O dano cutneo pode ocorrer pelo trauma, pelos

    fragmentos sseos e pelo manuseio inadequado da

    vtima, tornando uma fratura fechada em aberta.

    A exposio da fratura para o ambiente externo

    produz contaminao local, o que aumenta o risco de

    infeco. Assim, pode-se ter consequncias como:

    osteomielite (infeco do osso), perda do membro,

    septicemia (bactrias na corrente sangunea), alm

    de poder levar a bito.

    Lembre-se que algumas cavidades so

    consideradas meio externo. O tubo digestivo

    considerado meio externo, como se

    envolvssemos um tubo de ar. Assim, fraturas de

    pelve que tenham lacerao de nus so

    consideradas fraturas expostas.

    As fraturas expostas so consideradas uma

    emergncia cirrgica. Desde que o paciente esteja

    estabilizado, deve-se lev-lo imediatamente para a

    sala de cirurgia.

  • 17 | M e d i c i n a - U F R J

    - No exposta (fechada): no h comunicao da

    fratura com o meio externo. A pele sobre a leso

    ssea apresenta-se intacta; todavia, envolve danos

    subcutneos (abaixo da pele) e de outros tecidos

    moles, incluindo artrias, veias, nervos, msculos e

    rgos.

  • 18 | M e d i c i n a - U F R J

    Sintomas e Reconhecimento de Fraturas

    Fique atento aos seguintes sinais e sintomas:

    - Dor intensa, profunda e localizada, que aumenta

    com os movimentos ou presso.

    - Edema (inchao devido ao acmulo de lquido

    intersticial) gerado devido ao trauma.

    - Posio anormal do membro atingido. O

    segmento apresenta angulaes, rotaes e

    encurtamentos evidentes simples observao da

    vtima, comparando-se o membro lesado com o no

    afetado. Ocorre devido ao deslocamento das sees

    dos ossos fraturados ou acmulo de sangue ou

    plasma no local.

    - Crepitao ssea. A sensao de crepitao

    transmitida durante a palpao pelo contato dos

    fragmentos de fraturas uns com os outros (som

    parecido com o amassar de papel). Aps a

    identificao da fratura, no aconselhado demais

    reprodues intencionais de crepitao, j que

    provoca dor e aumenta a leso entre os tecidos

    vizinhos fratura, alm de poder gerar danos aos

    rgos e hemorragia interna. - Perda de funo do membro lesado e/ou fora

    - Hematomas

    - Palidez cutnea

    - Hipotenso arterial, taquicardia e suor frio

    (associados com perda sangunea ou com leso de

    algum rgo).

    Primeiros Socorros para Fraturas

    O que no fazer

    To importante quanto s atitudes a serem tomadas

    para socorrer o acidentado so as que no podem ser

    realizadas. So elas:

    - No movimente a vtima com fraturas antes de

    imobiliz-la adequadamente.

    - Se houver risco real de incndio, desabamento ou

    exploso, arraste a vtima por meio do maior eixo do

    corpo. Se houver necessidade de posicionar a vtima

    para instituir RCP (Ressuscitao Cardiopulmonar),

    proceda de modo a manter em alinhamento os

    segmentos fraturados.

    - No d qualquer alimento ao ferido, nem gua.

    - NUNCA tente colocar o osso no lugar ou, em caso

    de articulaes, retific-la.

    O que fazer: Primeiros Socorros

    Antes de dar incio avaliao da fratura, todos os

    cuidados referentes segurana do prprio socorrista

    e sua equipe devem ser tomados, alm de estabilizar

    os demais fatores que possam por em risco a vida da

    vtima mais imediatamente (avaliao do ABC da

    vida). Ao avaliar a fratura:

    - Acalme o acidentado, de preferncia evitando com

    que ele olhe o local fraturado.

    - Realize um breve exame fsico na vtima para

    avaliar possveis fraturas (SEMPRE UTILIZANDO

    LUVAS E EQUIPAMENTO DE PROTEO

    INDIVIDUAL - EPI), palpando-a no sentido crnio-

    caudal, procurando por deformidades e protuberncias

    - Exponha as reas de possvel leso e observe as

    caractersticas da fratura, como presena ou no de

    soluo de continuidade, sangramentos, entre outros.

    - Remova jias, sapatos e qualquer objeto que possa

    ficar preso com o edema e atrapalhar a circulao.

    - Caso haja hemorragia, aplique gaze esterilizada ou

    pano limpo.

    - Faa um curativo cobrindo a rea lesionada,

    protegendo-a contra contaminaes maiores.

    - Aplique bolsa de gelo, o que resultar na

    vasoconstrio (diminuio do calibre dos vasos) na

    regio afetada

  • 19 | M e d i c i n a - U F R J

    - Imobilize a rea fraturada como mostra a figura

    abaixo, utilizando papeles e suportes, procurando

    colocar o membro na posio que for menos dolorosa

    para o acidentado, o mais naturalmente possvel.

    - Trabalhe com delicadeza e cuidado, pois os

    menores erros podem gerar sequelas irreversveis.

    - Providencie atendimento mdico especializado o

    mais rpido possvel, realizando transporte

    adequado. Nunca transporte algum sem estar

    devidamente imobilizado.

    Casos Especiais de Fratura

    Algumas fraturas, como a de crnio, de trax e de

    pelve so conhecidas como fraturas de difcil

    manejo. Diante de tais situaes, deve-se acionar o

    Servio Mdico de Emergncia (SME)

    imediatamente, todavia, o socorrista pode auxiliar de

    algumas maneiras.

    - PELVE: sua identificao feita pela apalpao

    simultnea das cristas ilacas (parte do osso da pelve),

    que normalmente se apresentariam fixadas, mas em

    tal situao, encontram-se instveis. A medida a ser

    adotada a estabilizao da pelve por meio de sua

    fixao com um cinto, lenol ou algo que possa

    envolv-la (como indica a

    figura ao lado), ao mesmo

    tempo em que realiza

    compresso. Essa fratura

    tambm pode ser danosa aos

    rgos internos, e, devido

    intensa vascularizao da

    pelve, a fratura pode gerar

    hemorragias, e os pacientes

    podem evoluir para bito.

    - CRNIO: a fratura de crnio corresponde a um

    traumatismo crnio enceflico (TCE). , portanto, uma

    sria emergncia porque pode comprometer as vias

    areas e a respirao. Diante de uma fratura de

    crnio, a medida mais adequada a ser tomada a

    estabilizao da coluna cervical at que o socorro

    adequado chegue ao local. Alm disso, deve-se estar

    atento aos sinais vitais da vtima que pode a qualquer

    momento sofrer recadas.

    - TRAX: para que possamos identificar fraturas no

    trax, importante que seja avaliado a integridade das

    clavculas e costelas por meio da palpao, sempre

    atento a qualquer abaulamento, contuso e

    instabilidade. Esta pode ser observada quando a

    vtima inspirar, por conta da presso negativa, a

    poro instvel sugada internamente, e torna-se

    protuberante quando na expirao. Neste caso, o

    segmento instvel pode ser temporariamente

    estabilizado (A) por meio de rolos de toalha, fita ou

    sacos de areia colocados contra ele, ou (B) virando

    a vtima lateralmente sobre uma almofada

    compressiva no local da leso, como indica a figura

    abaixo. importante notar que muitos desses

    pacientes possuiro tambm leses torcicas internas.

    Leses em Tecidos Moles

    As leses de tecidos moles so traumas

    relacionados aos msculos, tendes ou ligamentos.

    As leses podem ser internas e/ou externas; causadas

    por trauma direto ou indireto. As causas mais comuns

    das leses de tecidos moles so a prtica de esportes,

    por golpes diretos ou movimentos articulares

    violentos, mas, s vezes, uma contrao muscular

    suficiente para causar uma luxao, por exemplo.

    Dependendo da violncia do acidente, poder ocorrer

    o rompimento do tecido que cobre a articulao.

    Observe o quadro da prxima pgina.

  • 20 | M e d i c i n a - U F R J

    Primeiros Socorros para Tecidos Moles

    O cuidado no manejo de leses envolvendo tecidos

    moles visa acelerar a recuperao e prevenir o

    edema, alm de reduzir o risco de injrias recorrentes.

    Para isso, necessrio reduzir a temperatura local e

    as demandas metablicas, amenizar a dor, proteger o

    tecido lesado para evitar o agravamento da leso,

    minimizar a inflamao e evitar fibrose.

    Na prtica, adota-se o mtodo PRICE:

    1) Protection (proteo): imobilize o membro afetado utilizando bandagens, talas ou ataduras elsticas, com

    o objetivo de amenizar a dor e permitir a continuidade

    da cicatrizao, alm de evitar novas leses. Muletas

    podem ser utilizadas para permitir sustentao do

    peso; tipias podem ser utilizadas para imobilizar um

    brao ou ombro.

    2) Rest (repouso): deixe a vtima descansada e evite atividades que possam causar dor, como andar,

    prevenindo o agravamento da injria e reduzindo o

    fluxo sanguneo. Isso diminui a formao de edemas e

    hematomas.

    3) Ice (gelo): aplique gelo sobre a leso, sempre envolvido em uma toalha ou utilize pacotes de gelo

    para esporte. Faa a aplicao durante 20 minutos a

    cada uma ou duas horas. Nunca coloque o gelo

    diretamente em contato com a pele, assim voc evita

    queimaduras por geladura. A baixa temperatura

    causa vasoconstrico, que tem efeito anti-

    inflamatrio, reduzindo a dor e o edema.

    4) Compression (compresso): aplique uma bandagem firme que no prejudique a circulao no

    local ou cause maior dor, realizando uma presso

    uniforme. Ocorre reduo do edema ao inibir a

    infiltrao em espaos no tecido subjacente e ao

    auxiliar a disperso do excesso de fluido. Substitua a

    compresso aps 24 horas e prossiga realizando-a,

    ao menos, durante 72 horas.

    5) Elevation (elevao): eleve o membro acima do nvel do corao, se no houver suspeita de fraturas,

    sustentando com almofadas ou como preferir. Este

    procedimento deve ser adotado principalmente nas

    primeiras 72 horas. A fora gravitacional ajuda a

    reduzir o acmulo de fluido intersticial, relacionado ao

    edema.

  • 21 | M e d i c i n a - U F R J

    Utilize o mtodo PRICE em caso

    de leses de tecidos moles.

    Bsico sobre Queimaduras

    Definio

    Queimaduras so leses provocadas pela

    temperatura, geralmente calor, que podem atingir

    graves propores de perigo para a vida ou para a

    integridade da pessoa, dependendo de sua

    localizao, extenso e grau de profundidade.

    O efeito inicial e local, comum em todas as

    queimaduras, a desnaturao de protenas com

    consequente leso ou morte celular, por este motivo

    elas tm o potencial de desfigurar, causar

    incapacitaes temporrias ou permanentes ou

    mesmo a morte.

    A pele o maior rgo do corpo humano e a

    barreira contra a perda de gua e o calor pelo corpo,

    tendo tambm um papel importante na proteo

    contra infeces. Acidentados com leses extensas na

    pele tendem a perder temperatura e lquidos corporais

    tornando-se mais propensos a infeces.

    Todo tipo de queimadura uma leso que requer

    atendimento mdico especializado imediatamente

    aps a prestao de primeiros socorros, seja qual for

    a extenso e profundidade.

    Afastar o acidentado da origem da queimadura o

    passo inicial e tem prioridade sobre os outros

    tratamentos. muito importante tambm observar a

    segurana pessoal do socorrista, com mximo de

    cuidado, durante o atendimento a queimados.

    Gravidade

    Depende da causa, profundidade, percentual de

    superfcie corporal queimada, associao com outras

    leses, comprometimento de vias areas e estado

    prvio do acidentado.

    Ocorrem como efeitos gerais (sistmicos) das

    queimaduras:

    a) Choque primrio (neurognico): vasodilatao

    b) Choque secundrio: hipovolemia

    c) Infeco bacteriana secundria a leso

    d) Paralisia respiratria e fibrilao: choque eltrico

    Classificao

    A. AGENTE CAUSADOR

    - Queimaduras Trmicas: causadas pelo calor,

    representadas tanto por fogo direto, vapor ou lquidos

    quentes ou ainda em contato com objetos quentes.

    - Queimaduras Qumicas: causadas pelo contato

    com agentes qumicos, principalmente, cidos, lcalis

    e compostos orgnicos.

    - Queimaduras Eltricas: causadas pelo contato da

    pele com correntes eltricas (choque eltrico),

    geralmente aparecendo nos locais de entrada e sada

    de corrente.

    B. PROFUNDIDADE OU GRAU

    a) GRAU I

    - Principal exemplo: queimaduras solares.

    - Atinge apenas a camada mais superficial da pele.

    - Presena de eritema (vermelhido), que clareia

    quando pressionado; presena de dor e edema leve.

    - Ausncia de bolhas e comprometimento dos anexos

    cutneos (folculos pilosos, glndulas sudorparas e

    sebceas).

    - No ocorre fibrose na sua resoluo.

    - Leses tratadas atravs de analgesia com anti-

    inflamatrios orais e solues tpicas hidratantes.

    - No possui significado fisiolgico de impacto (exceto

    nos extremos da idade).

  • 22 | M e d i c i n a - U F R J

    b) GRAU II, dividida em superficial e profunda:

    SUPERFICIAL

    - Compromete parcialmente a derme.

    - Muito dolorosa, com superfcie rosada e mida.

    - Presena de bolhas. Estas surgem em 12 a 24h, o

    que pode nos levar classificao errnea de

    queimadura de primeiro grau no atendimento inicial.

    PROFUNDA

    - Exemplo: chamuscao e lquidos efervescentes.

    - Apresenta-se seca com colorao rosa plida.

    - Quando ocorre alterao na sensibilidade, observa-

    se diminuio da sensibilidade ttil com preservao

    da sensibilidade presso (barestsica).

    c) GRAU III, dividida em superficial e profunda:

    - Exemplo: queimaduras de entrada e de sada de

    choques eltricos.

    - Atinge todas as camadas da pele e parte do tecido

    subcutneo.

    - Pele com aspecto coriceo, ceroso ou nacarado.

    - Sua textura firme, semelhante ao couro.

    - indolor, pois h destruio das terminaes

    nervosas da pele. Pode haver apenas uma dor aguda

    inicial e, alm disso, pode ocorrer dor oriunda das

    queimaduras circundantes de menor grau.

    d) GRAU IV:

    Alguns autores consideram alm dos trs primeiros

    graus de queimaduras j mencionados, tambm a

    queimadura de 4 grau, que extremamente grave.

    Nesse caso, so queimaduras que envolvem tecidos

    mais profundos como msculos, ossos e rgos

    internos.

    C. EXTENSO

    A determinao do percentual da superfcie corporal

    queimada (SCQ) de importncia fundamental, sendo

    este valor diretamente proporcional gravidade da

    leso, funcionando como ndice prognstico. Uma

    queimadura de primeiro grau, que abranja uma vasta

    extenso, por exemplo, ser considerada de muita

    gravidade.

    Vrios so os diagramas e frmulas para sua

    determinao, mas uma regra simples, a REGRA

    DOS NOVE, permite a avaliao rpida e segura nos

    pacientes, sendo que este mtodo deve ser ajustado

    para crianas menores de 10 anos. Cada parte do

    corpo possui um valor especfico de SCQ, de acordo

    com o quadro abaixo:

  • 23 | M e d i c i n a - U F R J

    D. LOCALIZAO

    Dependendo do local onde a queimadura ocorre,

    considera-se o risco esttico e funcional da vtima,

    podendo haver maior ou menor risco potencial de

    aprofundamento das leses, de formao de leses

    subsequentes e formao de cicatrizes.

    Queimaduras nas seguintes reas so consideradas

    de maior relevncia e podem se tornar graves:

    - FACE: associada queimadura de vias areas,

    inalao de fumaa, intoxicao por monxido de

    carbono, desfigurao da vtima e edema de faringe.

    - MOS E PS: pode induzir incapacidade

    permanente aps o processo de cicatrizao devido

    s retraes da rea afetada.

    - OLHOS: pode causar cegueira.

    - ORIFCIOS NATURAIS (ex: perneo): apresentam

    alta incidncia de infeco, sendo de difcil tratamento.

    Primeiros Socorros para Queimaduras

    A primeira atitude de quem presta socorro, em toda

    queimadura, retirar a vtima do contato com o agente

    causador da leso. Em seguida, cada tipo de

    queimadura exige uma abordagem de conduta

  • 24 | M e d i c i n a - U F R J

    diferenciada. A seguir, sero listadas as principais

    medidas de primeiros socorros nesse tipo de leso:

    1) QUEIMADURAS DE GRAU I

    - Resfriar em gua corrente temperatura ambiente

    por pelo menos 10 minutos ou at que a dor seja

    aliviada.

    - No se deve aplicar gelo, pois ele tambm pode

    causar queimaduras, alm de ser um agente

    vasoconstritor, o que levaria reduo da irrigao

    sangunea para a rea afetada.

    - No aplicar pastas, pomadas, cremes, p de caf,

    pois podem agravar a leso por serem fontes de

    contaminao. Remdios s devem ser aplicados sob

    orientao de um profissional.

    2) QUEIMADURAS DE GRAU II NO EXTENSAS

    (2%

    SCQ) E QUEIMADURAS DE GRAU III

    - Nesse caso, como h repercusses sistmicas da

    queimadura, deve-se seguir o ABCDE da vida.

    - Observar sinais ou sintomas e prevenir o choque.

    - Remover roupas ou joias do acidentado, exceto

    aquelas que estiverem grudadas ao seu corpo.

    - Cobrir as queimaduras com curativo no aderente,

    gaze ou pano limpo umedecido.

    Curiosidade: Queimaduras por Eletricidade

    Estas queimaduras so produzidas pelo contato com

    eletricidade de alta ou baixa voltagem. Os principais

    danos sade do acidentado so os provocados pelo

    choque eltrico. Os danos resultam dos efeitos diretos

    da corrente e converso da eletricidade em calor

    durante a passagem da eletricidade pelos tecidos, so

    difceis de avaliar, pois dependem da profundidade da

    destruio celular, e mesmo as leses que parecem

    superficiais podem ter danos profundos alcanando os

    ossos, necrosando tecidos, vasos sanguneos e

    provocando hemorragias.

    A severidade do trauma depende do tipo de

    corrente, magnitude da energia aplicada, resistncia,

    durao do contato e caminho percorrido pela

    eletricidade. A corrente de alta tenso geralmente

    causa os danos mais graves, porm leses fatais

    podem ocorrer mesmo com as baixa voltagens das

    residncias.

    A pele o fator mais importante na resistncia

    passagem da eletricidade, mas a umidade reduz muito

    esta resistncia, podendo aumentar, em muito, a

    gravidade do choque.

    A corrente alternada mais perigosa que a corrente

    contnua de mesma intensidade. O contato com a

    corrente alternada pode causar contraes tetnicas

    da musculatura esqueltica, que impedem que o

    acidentado se libere da fonte de eletricidade, e

    prolongam a durao da exposio corrente. O fluxo

    de corrente transtorcico, mo a mo, tem maior risco

    de ser fatal que a passagem de corrente mo para p

    ou p a p.

    A complicao mais importante das queimaduras

    eltricas a parada cardaca. A leso local nestas

    queimaduras raramente necessita de cuidado

    imediato, porm as paradas respiratria e cardaca

    sim. Geralmente a parada respiratria ocorre primeiro

    e, se no for tratada de imediato, rapidamente

    seguida pela parada cardaca.

    As queimaduras eltricas podem ser mais graves do

    que aparentam na observao inicial. Em geral, a

    ferida pequena, porm a corrente eltrica destri

    caracteristicamente uma quantidade considervel de

    tecido abaixo do que parece ser uma ferida cutnea

    sem gravidade.

    A parada cardiorrespiratria por fibrilao ventricular

    ou assistolia a principal causa de bito aps a leso

    eltrica. A fibrilao ventricular pode ocorrer como

    resultado direto do choque eltrico, principalmente a

    corrente alternada. A parada cardiorrespiratria

  • 25 | M e d i c i n a - U F R J

    causada por exposio corrente contnua

    frequentemente em assistolia.

    A parada respiratria pode ser causada na

    passagem da corrente eltrica pelo crebro causando

    inibio da funo do centro respiratrio, contrao

    tetnica do diafragma e da musculatura torcica e

    paralisia prolongada dos msculos respiratrios.

    Exemplo de queimadura eltrica fatal Primeiros Socorros para Queimaduras por Eletricidade

    - A segurana da cena prioridade. No se torne tambm uma vtima. Deve-se desligar a fonte de energia antes de tocar no acidentado.

    - No tente manipular alta voltagem com pedaos de pau, ou mesmo luvas de borracha. Qualquer substncia pode se transformar em condutor.

    - prioridade interromper o contato entre o acidentado e a fonte de eletricidade.

    - Cobrir o local da queimadura com um curativo seco esterilizado ou papel alumnio e transporte o acidentado para o atendimento especializado.

    - Estas queimaduras eltricas da pele, frequentemente existem em duas reas do corpo, nos stios de entrada e sada, geradas pelo arco eltrico. Procure sempre uma segunda rea queimada e trata-la como se fez com a primeira.

    - As roupas do acidentado podem incendiar-se e causar queimaduras de pele adicionais.

    - A passagem da corrente atravs dos msculos pode causar violenta contrao muscular com fraturas e luxaes. Pode haver leso muscular e nos nervos. A leso de rgos internos como o fgado e o bao rara.

    - As queimaduras eltricas, especialmente aquelas de alta voltagem, podem provocar parada cardaca e

    perda de conscincia. Deve-se abrir as vias areas dos acidentados inconscientes com manobras manuais, instituindo a respirao artificial.

    - Solicitar imediatamente apoio se o acidentado estiver inconsciente.

    - Observar cuidados com a coluna cervical.

    Como proceder se a roupa estiver em chamas?

    - Quando a vtima est sob chamas, deve-se, antes de tudo, pedir para que ela pare de correr, pois o vento pode aumentar a extenso desse fogo.

    - Com a vtima parada, deve-se tentar abafar as chamas com cobertores ou lenis ou at mesmo jogar bastante gua na vtima para tentar cessar o fogo.

    - Pode-se pedir tambm para que a vtima deite no cho e role at eliminar as chamas, como mostra a foto abaixo:

  • 26 | M e d i c i n a - U F R J

    Bsico sobre Convulso

    Definio

    As clulas do sistema

    nervoso (neurnio) so

    especializadas em processar

    e conduzir informao

    distncia. Vocs aprendero

    na M2 (PCI de Sistema

    Nervoso) que a transmisso

    da informao se d atravs

    da propagao do impulso nervoso (potencial de

    ao) ao longo do axnio. Quando a propagao do

    impulso nervoso ocorre de maneira anormal em certas

    regies cerebrais (como a rea responsvel pela

    estimulao motora), temos uma Convulso. Como

    conseqncia, voc poder notar no paciente

    contraes involuntrias, espuma na boca, dentre

    outros sinais e sintomas que explicaremos adiante.

    Causas mais comuns

    A origem da crise convulsiva no est to clara

    assim pela cincia, j que pode acometer tambm

    pessoas sadias. Mas pode-se fazer uma relao com:

    - Ttano

    - Estados hipoglicmicos

    - Intoxicaes exgenas (lcool, inseticidas)

    - Tumores cerebrais

    - Meningites

    - AVC

    - Episdios febris em crianas

    - Ocorre em epilepsia

    Classificao

    1) Tnicas: so sustentadas e imobilizam as

    articulaes

    2) Clnicas: so rtmicas, alterando-se contrao e

    relaxamento musculares em um ritmo mais ou menos

    rpido

    3) Tnico-clnicas

    Quadro Tpico O que geralmente ocorre

    O quadro mais tpico de convulso constitui a perda

    abrupta da conscincia com queda ao solo, seguindo

    uma fase de enrijecimento global (fase tnica)

    substituda por contraes musculares sucessivas,

    generalizadas e intensas (fase clnica).

    Em 2 a 5 minutos, a crise cessa e o paciente entra

    em um relaxamento total e sono profundo, do qual

    difcil ser despertado. O paciente algum tempo depois

    acorda atordoado, com mal-estar e sem lembranas

    do acontecido.

    Principais sinais e sintomas

    - Movimentos involuntrios

    e desordenados

    - Espumar pela boca

    - Morder a lngua e/ou lbios

    - Inconscincia

    - Suor

    - Olhar vago, fixo e/ou revirar dos olhos

    - Lbios cianosados (azulados)

    - Perda de urina e/ou fezes (relaxamento

    esfincteriano)

    Cuidado: Pode haver queda desamparada, na qual

    a vtima incapaz de fazer qualquer esforo para

    evitar danos fsicos a si mesma.

    Primeiros Socorros para Convulso

    - No interferir nos movimentos convulsivos, mas

    assegurar-se que a vtima no est se machucando

    - Tentar evitar que a vtima caia

    desamparadamente, cuidando para que a cabea

    no sofra traumatismo e procurando deit-la no cho

    com cuidado, acomodando-a

  • 27 | M e d i c i n a - U F R J

    - No tentar retirar da

    boca prteses dentrias

    mveis (pontes,

    dentaduras). Pode se

    tornar arriscado, j que

    a vtima pode acabar

    mordendo seu dedo

    - Remover qualquer

    objeto que possa

    machucar a vtima ou

    remov-la de qualquer

    lugar perigoso como

    escadas, portas de

    vidro, janelas,

    eletricidade

    - Afrouxar as roupas no

    pescoo e cintura

    - No colocar nenhum objeto rgido entre os dentes

    para evitar mordedura de lngua

    - IMPORTANTE: Aps o trmino da convulso, a

    vtima pode permanecer inconsciente, porm

    respirando. Assim, quando acabar a convulso,

    mantenha a vtima em posio lateral de

    segurana. Vocs aprendero a posio lateral de

    segurana nas oficinas prticas, durante o projeto.

    Curiosidade Clnica (!) Como os Mdicos, no Hospital, tratam a Convulso

    A informao transmitida de

    um neurnio para outro atravs da

    sinapse. Na sinapse, a informao

    pode passar sem alteraes, ser

    modulada ou inibida.

    Na convulso, como j vimos,

    ocorre a transmisso desordenada

    de impulsos nervosos no crebro.

    Assim, seria desejvel que alguns

    impulsos nervosos fossem bloqueados, evitando a

    transmisso de informao para contrao muscular,

    por exemplo.

    Um dos tipos de receptores inibitrios e que evitam

    a propagao dos impulsos nervosos o receptor

    GABA.

    No hospital, geralmente administra-se uma droga

    anticonvulsiva via endovenosa (sigla: EV) ou

    intramuscular (IM), como Diazepam. Este

    medicamento capaz de potencializar o efeito de

    GABA, levando a inibio da informao.

    O efeito da administrao

    endovenosa mais rpido (a

    droga cai direto na corrente

    sangunea) que o da injeo

    intramuscular.

    No futuro, vocs estudaro

    Farmacologia e podero

    conhecer mais esse assunto.

    Bsico sobre Parto Emergencial

    Introduo

    A maioria dos partos se resolve espontaneamente,

    apenas sendo assistidos pelo mdico ou obstetra.

    Porm, no decurso da gravidez, algumas

    intercorrncias podem ameaar a vida da me e/ou da

    criana, configurando situaes de emergncia que

    exijam a interveno do socorrista. Alm disso,

    socorristas podem ser acionados para assistir ao

    trabalho de parto normal, desencadeado na via

    pblica. Assim justificvel prepar-los para atuar nas

    emergncias obsttricas: parto normal, parto

    prematuro e abortamento.

    ATENO: o correto estudo da pelve (e seus

    acidentes) previamente ao parto pode nos fornecer

    uma noo de possveis contraindicaes ao parto

    normal. bem provvel que vocs no tenham

    acesso, na ocasio do parto, a essas

    contraindicaes. Lembre-se: nossa inteno no

    , de maneira alguma, encoraj-los a atender

    pacientes que faro o parto normal. Para isso

    necessrio cursar a disciplina na faculdade, alm

    de bastante preparo. Nossa inteno se resume

    em ajud-los em situaes emergenciais de parto,

    do que se deve ou no fazer.

  • 28 | M e d i c i n a - U F R J

    Contraes Uterinas o que so?

    Apesar de muitos no saberem, existem contraes

    uterinas durante a gravidez.

    Ento, o que realmente muda na hora do parto?

    Por que o beb expulso? ....

    ... A grande diferena est no

    trplice gradiente descendente.

    Como assim?

    Durante a gravidez, as

    contraes uterinas so

    incoordenadas, frequentes,

    focais e de baixa

    intensidade (so

    chamadas contraes de

    Braxton-Hicks). Conforme

    se aproximam do parto, as

    contraes vo se

    tornando cada vez mais

    coordenadas e frequentes.

    Assim, na mecnica da contrao so necessrias 3

    caractersticas (triplo gradiente descendente): as

    contraes precisam ter incio, durar mais e ter

    maior intensidade no fundo uterino.

    Reconhecimento do Parto Emergencial

    - A gestante costuma apresentar queixas de dores,

    tipo clica na regio abdominal e ventre. preciso

    diferenciar se as dores so por contraes uterinas,

    ou se so de outro lugar de origem (regio lombar,

    plvica ou a prpria regio abdominal).

    - Identificadas as contraes, devem ser observadas

    caractersticas como frequncia, durao e

    intensidade.

    - Contraes uterinas dolorosas, rtmicas, no mnimo

    duas em 10 minutos (com durao de 30 a 40

    segundos cada). Conforme o parto vai evoluindo, o

    nmero de contraes aumenta e o tempo delas

    tambm. Isso at que, no perodo expulsivo do parto,

    temos 5 a 6 contraes a cada 10 minutos com

    durao de 60 a 80 segundos cada.

    - Eliminao atravs da vagina de secreo (muco)

    com raias de sangue.

    - Rompimento da bolsa dgua (bolsa amnitica). O

    lquido da bolsa dgua deve ter colorao clara e com

    grumos. A expulso de lquido de cor verde indica

    sofrimento fetal, e a gestante deve ser levada

    urgentemente para o hospital.

    Conduta Inicial para o Parto

    - Tranquilize a

    gestante.

    Demonstre uma

    atitude alegre,

    simptica e

    encorajadora para

    ela.

    - Outra maneira de

    acalmar a me (e

    tambm facilitar os

    procedimentos

    durante o parto) afastar curiosos e pessoas do local,

    deixando apenas o marido e/ou parentes prximo

    gestante, de preferncia guiando-se pela escolha dela.

    - Insista para que a paciente no faa fora e, em vez

    disso, encoraje-a para que respire ofegantemente

    durante as contraes (respirao de "cachorrinho

    cansado"). Durante o primeiro perodo do trabalho, as

    contraes uterinas so involuntrias e destinam-se a

    dilatar o colo uterino e no a expulsar o feto. Fazer

    fora, alm de ser intil, leva exausto e pode rasgar

    (dilacerar) partes do canal do parto. Se voc

    reconhecer que a me est no primeiro perodo (2

    a 3 contraes a cada 10 minutos) do trabalho de

    parto, prepare-a para transporte ao hospital.

    - Durante o trabalho de parto, ideal que a gestante

    adote a posio de decbito lateral esquerdo, a fim

    de diminuir a presso exercida sobre a veia cava. No

    entanto, a me pode adotar a posio em que se

    sentir mais confortvel.

  • 29 | M e d i c i n a - U F R J

    Procedimentos para Parto Emergencial

    Procedimentos Iniciais

    Em caso de parto iminente, a conduta deve englobar

    aes de natureza tcnica voltadas para a preparao

    do parto. Ento, o socorrista deve:

    - Remover roupas que possam impedir o nascimento

    do beb, sem expor desnecessariamente a parturiente

    - Cuidar para que a gestante esteja deitada em

    uma superfcie limpa, coberta de lenis ou toalhas,

    forrados por baixo com plstico ou jornal, j que

    haver grande sada de lquido no decorrer do parto

    - Certificar-se de manter o ambiente fechado

    (portas e janelas), evitando que a temperatura caia,

    pois a me e o beb precisam estar aquecidos

    - Garantir a assepsia para o nascimento, lavando as

    mos com sabo ou antissptico e, de preferncia,

    utilizar EPI (Equipamento de Proteo Individual),

    como luvas estreis descartveis. Alm disso, deve-se

    limpar a regio genital e as coxas da parturiente com

    gua e sabo

    - No esquea de separar uma toalha ou algum

    objeto limpo de forma a pegar o beb e enrol-lo

    Procedimentos realizados: Parto e Ps-parto

    O trabalho de parto dividido em trs etapas

    principais: dilatao, expulso e dequitao

    placentria. ATENO: Muitos dos procedimentos

    abaixo precisam de prtica e treinamento. Devem

    ser utilizados apenas para uso terico informativo.

    1. Perodo de Dilatao

    Primeiro perodo do trabalho de parto, que comea

    com os primeiros sintomas e termina com a completa

    dilatao do canal vaginal. O sinal mais importante

    neste perodo de dilatao so as contraes do

    tero, que fazem com que o colo se dilate de 0

    (zero) a 10 (dez) centmetros.

    As contraes uterinas so reconhecidas pela dor,

    do tipo clica, referida pela gestante e pelo

    endurecimento do tero, perceptvel palpao do

    abdmen.

    Como j foi falado anteriormente, o socorrista no

    deve insistir que a parturiente no faa fora e, em vez

    disso, encoraj-la para que respire ofegantemente

    durante as contraes, o que popularmente

    conhecido como respirao de cachorrinho (Divida a

    expirao em quatro "sopros", por exemplo, ou se

    concentre na frase "No posso fazer fora". Respire

    normalmente entre as contraes).

    2. Perodo de Expulso

    - A paciente comea a fazer fora espontaneamente

    durante as contraes uterinas, com contraes

    abdominais chamadas de puxos. Em posio

    ginecolgica, conforme sugerido, a me deve segurar

    as coxas por trs dos joelhos, puxando a perna.

    Recomenda-se que respire fundo e faa fora a cada

    contrao em apneia (contendo a respirao) durante

    a contrao e descanse durante o perodo de

    relaxamento.

  • 30 | M e d i c i n a - U F R J

    - H repentino aumento nas descargas vaginais.

    Algumas vezes os lquidos so claros, com leve

    sangramento. Isso indica que a cabea da criana

    est passando atravs do canal do parto, j

    completamente dilatado.

    - A paciente tem a sensao de necessidade de

    evacuar. O socorrista no deve permitir que ela v ao

    banheiro. Essa sensao , na verdade, causada pela

    presso exercida pela cabea do feto sobre a ampola

    retal.

    - As membranas rompem-se e extravasam lquido

    amnitico. Embora a "bolsa" possa se romper a

    qualquer hora, mais frequente seu rompimento no

    comeo do segundo perodo.

    - A abertura vaginal comea a abaular-se e o orifcio

    anal a dilatar-se. Esses so sinais tardios e anunciam

    que o aparecimento da criana poder ser observado

    a qualquer nova contrao. Episdios de vmito a

    essa altura so frequentes. Caso haja vmito, cuide

    para no ocorrer aspirao e obstruo da via area.

    - Coroamento: a abertura vaginal ficar abaulada e o

    plo ceflico da criana poder ser visto. Isso o

    coroamento, o ltimo sintoma antes que a cabea e o

    resto da criana nasam.

    - Deixe o beb sobre o abdmen da me, em decbito

    lateral, com a cabea rebaixada, para drenar fluidos

    contidos na via area.

    - Limpeza das vias areas: limpe a boca por fora, com

    compressas de gaze; enrole a gaze no dedo indicador

    para limpar por dentro a boca do recm-nascido (RN),

    sempre delicadamente, tentando retirar corpos

    estranhos e muco. Para aspirar lquidos, utilizar uma

    seringa (sem agulha). Certifique-se de retirar

    previamente todo o ar da seringa a ser introduzida na

    boca ou no nariz do RN. Observe que o RN respira

    primeiramente pelo nariz, da ser sua desobstruo

    to importante quanto da boca. As manobras de

    desobstruo da via area devem ser feitas sempre,

    independentemente de o RN conseguir respirar de

    imediato ou no.

    - Estimule a criana, friccionando-a com a mo. No

    bata na criana. Pode fazer ccegas nas plantas dos

    ps, com o dedo indicador. Mantenha a criana em

    decbito lateral esquerdo para as manobras de

    estimulao.

    - Quando a criana comear a respirar, volte sua

    ateno para a me e o cordo umbilical. Caso as vias

    areas tenham sido desobstrudas e o RN no tenha

    comeado a respirar, inicie manobras de ressucitao.

    - Faa respirao artificial sem equipamentos:

    respirao boca-a-boca ou boca-nariz-boca. Faa uma

    ou duas aeraes. Caso a criana consiga respirar

    sozinha, deixe que o faa. Caso contrrio, institua

    RCP.

    - Continue at que a criana comece a respirar ou que

    um mdico ateste o bito. Transporte a criana a um

    hospital o quanto antes.

    - Depois que a criana estiver respirando, concentre

    sua ateno no cordo umbilical.

    - Amarre (clampeie) o cordo com cadaro (fio) estril

    ou pina hemosttica, a aproximadamente 15 a 20 cm

    do abdmen do RN. Os cordes para a ligadura

    devem ser feitos de algodo. A aproximadamente 2,5

    cm do primeiro cordo amarre o segundo. Use ns de

    marinheiro (antideslizantes) e ponha no final trs ns

    de segurana. O cordo deve ser cortado

    aproximadamente 3 minutos aps a sada da criana.

    - Corte o cordo

    umbilical entre os

    dois clamps,

    usando material

    estril (tesoura ou

    bisturi). Envolva a

    criana em lenol

    limpo e cobertores

    e passe-a ao

    cuidado de um

    colega. A criana deve ser mantida em decbito

    lateral, com a cabea levemente mais baixa que o

    resto do corpo.

    Em caso de complicao no parto, uma srie de

    manobras pode ser adotada. A principal e que

    resolve a grande maioria dos casos (os casos

    passveis de serem resolvidos) a Manobra de Mc

    Roberts, associada com a presso suprapbica.

    Na manobra de Mc Roberts, as pernas da grvida

    so empurradas contra o abdmen em hiperflexo,

    como ilustra a figura da pgina seguinte.

  • 31 | M e d i c i n a - U F R J

    As grvidas obesas podem apresentar mais

    dificuldade em realizar esta manobra.

    3. Dequitao Placentria

    O terceiro perodo estende-se desde a hora em que

    a criana nasce at a eliminao da placenta, que

    normalmente acontece em at 30 minutos. Junto com

    ela vem de uma a duas xcaras de sangue. No se

    alarme, porque normal. No puxe a placenta:

    aguarde sua expulso natural. Retirada, guardar a

    placenta numa cuba ou envolta em papel ou

    compressa, e lev-Ia ao hospital, juntamente com a

    me e a criana, para ser examinada quanto

    possibilidade de algum pedao ter ficado na cavidade

    uterina. Uma compressa estril ou um absorvente

    pode ser colocado na abertura vaginal aps a sada

    da placenta.

    Depois da dequitao placentria, palpe o tero pela

    parede abdominal. Se ele estiver muito frouxo e

    relaxado e houver sangramento vaginal, massageie

    suavemente o abdmen da parturiente, comprimindo-

    lhe o tero. Isso ocasionar sua contrao e retardar

    a sada de sangue. Continue a massagear o tero at

    sent-Io firme como uma bola de futebol.

    ATENO: Deve-se levar a me e criana a um hospital. As razes so descritas:

    - A criana deve passar por exame mdico geral

    - A me tambm deve ser examinada por mdico, que se encarregar de verificar possveis laceraes no canal do parto

    - Os olhos do RN devem ser bem cuidados para prevenir infeco. Colrio de nitrato de prata aplicado pelo mdico costumeiramente

    - O cordo umbilical deve ser examinado por especialista

    - Me e filho devem ser observados por um perodo de tempo Imagens de parto:

  • 32 | M e d i c i n a - U F R J

    Outras imagens de parto normal, como mostra acima.

    Partos com Dificuldades

    1. Criana Invertida

    Imediatamente aps perceber que se trata de parto

    em posio "invertida", prepare-se para segurar a

    criana, deixando-a descansar sobre sua mo e

    antebrao, de barriga para baixo.

    Em determinado momento, pernas, quadril,

    abdmen e trax estaro fora da vagina, faltando

    apenas a exteriorizao da cabea, o que pode ser, s

    vezes, demorado. Se isso acontecer, no puxe a

    cabea da criana. Se assim for, crie passagem de ar

    segurando o corpo do RN com uma das mos e

    inserindo os dedos indicador e mdio da outra mo no

    canal vaginal da me, de tal maneira que a palma da

    mo fique virada para a criana. Corra os dedos

    indicador e mdio ao redor do pescoo da criana at

    encontrar o queixo. Introduza os dois dedos abrindo

    espao entre o queixo e a parede do canal vaginal.

    Quando encontrar o nariz, separe os dedos

    suficientemente para coloc-Ios um a cada lado do

    nariz e empurre a face, criando espao pelo qual o ar

    possa penetrar. Mantenha os dedos nessa posio at

    a sada total da cabea.

    Essa a nica ocasio em que o socorrista dever

    tocar a rea vaginal, naturalmente utilizando luvas

    estreis.

    2. Cordo Umbilical OU p da criana OU mo

    saindo primeiro pelo canal do parto

    Transporte rapidamente a me para um servio de

    emergncia, tomando especial cuidado para no

    machucar a parte exteriorizada (em prolapso). No

    tente repor a parte em prolapso para dentro do canal.

    Se um p, ou mo, ou o cordo estiver para fora,

    cubra com material estril (gaze, compressa ou

    toalha). No caso do cordo fora, seja gil: a criana

    pode estar em perigo, causado pela compresso do

    cordo entre a cabea e o canal de parto. Enquanto o

    cordo estiver comprimido, a criana no receber

    quantidades adequadas de sangue e oxignio.

    No caso de prolapso do cordo, transporte a me

    em decbito dorsal, com os quadris elevados sobre

    dois ou trs travesseiros ou cobertores dobrados, e

    administre oxignio. Isso far com que a criana

    escorregue um pouco para dentro do tero e receba

    mais oxignio. Se a me puder manter a posio

    genupeitoral (ajudada pelo socorrista), o resultado

    ser ainda melhor.

    3. Grvidas que j fizeram cesariana

    Ao interrogar a me, se descobrir que o parto

    anterior foi cesariana, prepare-se para a possibilidade

    de se romper a cicatriz da parede do tero,

    ocasionando hemorragia interna, que poder ser

    grave. Transporte a me imediatamente ao

    hospital.

    4. Partos Mltiplos

    O parto de gmeos (dois ou mais bebs) no deve

    ser considerado, em princpio, uma complicao; em

    partos normais, ser como fazer o de uma s

    criana a cada vez.

  • 33 | M e d i c i n a - U F R J

    Os partos sucessivos podem ocorrer com alguns ou

    muitos minutos de diferena. Depois que a primeira

    criana nasceu, amarre o cordo como faria no parto

    simples. Faa o mesmo na(s) outra(s) criana(s).

    Nascimentos mltiplos acontecem frequentemente

    antes da gestao ir a termo.

    Por isso, gmeos devem ser considerados

    prematuros; lembre-se de mant-los aquecidos.

    5. Recm-nascidos Prematuros

    I. Introduo

    Considerar a criana prematura se nascer antes de

    7 meses de gestao ou com peso inferior a 2,5 Kg.

    No perca tempo tentando pesar a criana; baseie o

    julgamento no aspecto e na histria contada pela me.

    A criana prematura bem menor e mais magra do

    que a levada a termo. A cabea maior comparada

    ao resto do corpo, mais avermelhada e recoberta por

    uma "pasta" branca. Observe na figura abaixo (veja

    o tamanho da mo do adulto e o do RN prematuro):

    II. Cuidados de Emergncia

    Necessitam de cuidados especiais; mesmo pesando

    prximo de um quilo tm maior chance de sobrevida

    se receberem cuidados apropriados. O parto normal

    prematuro conduzido como outro qualquer, mas os

    cuidados descritos a seguir so importantes para

    manter a viabilidade do beb.

    A) Temperatura Corporal

    Agasalhar em cobertor e manter o RN em ambiente

    temperatura de 37 graus centgrados. Uma

    incubadora pode ser improvisada enrolando a criana

    em cobertor ou manta envolta em uma folha de papel

    alumnio. Mantenha a face da criana descoberta at

    chegar ao hospital. Se o tempo estiver frio, ligue o

    aquecimento antes de introduzir o RN na ambulncia.

    B) Vias Areas Livres

    Mantenha suas vias areas sem muco ou lquidos.

    Use gaze esterilizada para limpar nariz e boca. Se

    usar seringa ou bulbo, certifique-se de esvaziar todo o

    ar antes de introduzi-los na boca ou nariz e aspire

    vagarosamente.

    C) Hemorragias

    Examine cuidadosamente o final do cordo

    umbilical, certificando-se de que no h sangramento

    (mesmo discreto). Caso haja, clampeie ou ligue

    novamente.

    D) Oxigenao

    Administre oxignio, cuidadosamente. Uma ''tenda''

    pode ser improvisada sobre a cabea da criana com

    o fluxo de oxignio dirigido para o topo da tenda e no

    diretamente para sua face. Oxignio pode ser

    perigoso para prematuros. Usado em doses (15 a 20

    minutos) trar mais benefcios que prejuzos.

    E) Contaminao

    A criana prematura muito suscetvel a infeces.

    No tussa, espirre, fale ou respire diretamente sobre

    sua face e mantenha afastadas as demais pessoas.

    Incubadoras especiais para transporte de crianas

    prematuras esto disponveis em algumas reas. O

    servio de emergncia mdica deve saber se esse

    equipamento est disponvel, onde obt-lo e como

    us-lo.

    Beb de 34 semanas, de

    1,5kg, relativamente menor.

    Ficar na encubadora at

    atingir o peso ideal.

  • 34 | M e d i c i n a - U F R J

    6. Aborto espontneo

    O abortamento a expulso das membranas e do

    feto antes que ele tenha condies de sobrevivncia

    por si s. Geralmente isso ocorre antes de 28

    semanas de gestao. A gestao normal (ou a

    termo) dura 38 a 40 semanas.

    Sinais e Sintomas

    - Pulso rpido (taquiesfigmia)

    - Transpirao (sudorese)

    - Palidez

    - Fraqueza

    - Clicas abdominais

    - Sangramento vaginal moderado ou abundante

    - Sada de partculas de pequeno ou grande tamanho

    pelo canal vaginal

    Em outras palavras, podero estar presentes todos

    os sintomas do estado de choque (vocs vero no

    captulo a seguir) somados a clicas abdominais com

    sangramento vaginal.

    Cuidados de Emergncia

    - Conserve o corpo aquecido

    - Molhe seus lbios se ela tiver sede, no permitindo

    que tome gua, pois poder necessitar

    - De anestesia no hospital

    - No toque no conduto vaginal da paciente, para no

    propiciar infeco

    - Coloque compressas ou toalhas esterilizadas na

    abertura vaginal

    - Remova a parturiente para um hospital

    7. Trauma na gestao

    A gestao apresenta modificaes fisiolgicas e

    anatmicas, que podem interferir na avaliao da

    paciente acidentada, necessitando os socorristas

    desse conhecimento para que realizem avaliao e

    diagnstico corretos.

    As prioridades do tratamento da gestante

    traumatizada so as mesmas que a da no gestante.

    Entretanto, a ressucitao e estabilizao com

    algumas modificaes so adaptadas s

    caractersticas anatmicas e funcionais das pacientes

    grvidas. Os socorristas devem lembrar que esto

    diante de duas vtimas, devendo dispensar o melhor

    tratamento me.

    A) Alteraes Anatmicas

    At a 12 semana de gestao (3 ms), o tero

    encontra-se confinado na bacia, estrutura ssea que

    protege o feto nesse perodo. A partir da 13 semana,

    o tero comea a ficar palpvel no abdmen e, por

    volta de 20 (vinte) semanas (5Q ms), est ao nvel da

    cicatriz umbilical.

    medida que a gestao vai chegando ao final, o

    tero vai ocupando praticamente todo o abdmen,

    chegando ao nvel dos arcos costais a pela 36

    semana (9 ms). O tero crescido fica mais evidente

    no abdmen e, consequentemente, ele e o feto, mais

    expostos a traumas diretos e possveis leses.

    B) Alteraes Hemodinmicas

    - Dbito cardaco a partir da 10 semana de

    gestao, h um aumento do dbito cardaco (=

    volume de sangue bombeado pelo corao por

    minuto) de 1,0 a 1,5 litro por minuto.

    - Batimentos cardacos durante o 3 trimestre h

    aumento de 15 a 20 batimentos por minuto.

    - Presso arterial no 2 trimestre da gestao h

    diminuio de 5 a 15 mmHg, voltando aos nveis

    normais no final da gravidez.

    OBS: A maioria das alteraes causada pela

    compresso do tero sobre a veia cava inferior,

    deixando parte do sangue da gestante "represada" na

    poro inferior do abdmen e membros inferiores.

    C) Volume Sanguneo

    O volume de sangue aumenta de 40 a 50% do

    normal no ltimo trimestre de gestao. Em funo

    desse aumento, a gestante manifesta sinais de

    choque mais tardiamente, podendo o feto estar

    recebendo pouco sangue ("choque fetal").

  • 35 | M e d i c i n a - U F R J

    D) Aparelho Gastrointestinal

    No final da gestao, a mulher apresenta um retardo

    de esvaziamento gstrico, considerada sempre com

    "estmago cheio". Poder ser necessrio SNG (sonda

    nasogstrica) precoce. As vsceras abdominais no 3

    trimestre da gestao ficam deslocadas e

    comprimidas, estando "parcialmente" protegidas pelo

    tero, que toma praticamente toda a cavidade

    abdominal.

    8. bito da me e Cesariana pr-hospitalar

    Realizar a cesariana pr-hospitalar nos casos de

    me moribunda ou em bito. O feto deve ser vivel

    (aps a 26 semana), estando o tero entre a metade

    da distncia da cicatriz umbilical e o rebordo costa.

    Com a me mantida em RCP, realizar a inciso

    mediana, retirar o feto o mais rpido possvel,

    reanim-lo e transport-lo a hospital que tenha UTI

    neonatal.

    O fator mais importante de sobrevida fetal o tempo

    entre o bito materno e a cesariana:

    - De 0 a 5 minutos = excelente

    - De 5 a 10 minutos = razovel

    - De 10 a 15 minutos = ruim

    - Acima de 15 minutos = pssimo

    ATENO: muitos dos procedimentos descritos

    nesse captulo (Parto) envolvem conhecimento e

    prtica; alguns procedimentos envolvem at

    cirurgia. So descritos apenas para dar

    conhecimento voc. No queremos que voc

    faa parto normal, mas apenas (se alguma mulher

    estiver dando a luz) possa ter um pouco de

    conhecimento e saber o que pode ou no fazer

    enquanto ela transportada at o hospital.

    Vale a pena ser me... (Homenagem s Mes)

    Mezinha querida,

    No seu dia abenoado, quando tantos sales se

    abrem, festivos, para glorificarem seu nome, quero

    contar-lhes que em voc que eu penso todos os

    dias.

    Quando volto casa, depois dos estudos, com os

    dedos manchados de tinta, penso em voc para

    guardar meus livros e lavar minhas mos.

    Quando algum me aborrece ou magoa, corro para

    voc com o desejo de ocultar-me em seu colo.

    Quando o dia amanhece, quero estar ao seu lado e,

    quando o cansao me encontra, cada noite, busco

    voc para dormir tranqilamente.

    Mezinha, quando eu errar, no me abandone ...

    Ampara-me nas asas doces dos seus braos e

    ensine-me a andar no caminho reto.

    Voc ainda no viu quanto a amo? Fico triste se

    voc chora e estou alegre quando voc sorri.

    Por onde vou, sua imagem est sempre comigo,

    porque voc o Anjo que Deus colocou na Terra para

    guiar-me os passos.

    Adoro voc e estou, em seu carinho, como a flor no

    corao amoroso da rvore ...

    Por isso, Mezinha querida, penso em voc, no

    somente hoje, mas sempre, eternamente ...

  • 36 | M e d i c i n a - U F R J

    Bsico sobre Hemorragias

    Definio

    qualquer perda de

    sangue do espao vascular