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Bisfenol A em embalagens de alimentos Bisfenol A em embalagens de alimentos alimentos alimentos Marisa Padula Jozeti Barbutti Gatti CETEA/ITAL Copyright Centro de Tecnologia de Embalagem - CETEA/ITAL É proibida a reprodução total ou parcial por quaisquer meios sem autorização prévia do autor

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Bisfenol A em embalagens de

alimentos

Bisfenol A em embalagens de

alimentosalimentosalimentosMarisa PadulaJozeti Barbutti Gatti

CETEA/ITAL

Copyright Centro de Tecnologia de Embalagem - CETEA/ITALÉ proibida a reprodução total ou parcial por quaisquer meios sem autorização prévia do autor

2,2’- BIS (4-HIDROXIFENIL)PROPANO

O QUE É BISFENOL A ?

ONDE É USADO ?ONDE É USADO ?

Produção de resinas epóxi aplicadas no envernizamento interno de latas de alimentos

Principal reagente na preparação de policarbonatos usados para fazer mamadeiras, copos, garrafões de água etc

Compostos selantes e resinas dentárias

Vernizes em Embalagens Metálicas

Internamente: evitar o contato do metal com o produto acondicionado,minimizando as reações de interação lata/produto

Externamente: proteger contra a corrosão atmosférica

Função

Especificação dependeProduto a ser enlatadoProcessamento do produtoProcessos de produção da embalagem

Vernizes mais utilizados: epóxi-fenólicos e organossóis

resina sintética de maior reticulação

baixa flexibilidade

Epóxi-fenólicos

elevada aderência

elevada flexibilidade

CARACTERÍSTICAS

EPÓXI FENÓLICA

elevada impermeabilidade

sensibilidade às condições do substrato

elevada dureza

inércia química

resistência a ácidos orgânicos

resistência a altas temperaturas

boa resistência química

resistência à abrasão

resistência ao amarelamento

resistência à corrosão

retenção de cor

Maior aplicação na área de embalagens metálicas

Epóxi-fenólicos

Englobam praticamente todas as características desejáveis que os revestimentos de latas devem ter

Epóxi-fenólicos

� Excelente resistência mecânica

� Boa flexibilidade e aderência

� Boa resistência ao escoamento

� Boa resistência térmica

Dispersões de PVC em solução complexa (pode conter diferentes resinas: fenólicas, epóxis, acrílicas)

Organossóis

Características

Resistência a altas temperaturas

Flexibilidade

Aderência de vedantes

Epicloridrina Bisfenol A Resina Epóxi

+ +

Síntese da resina epóxi

Polimerização incompleta pode resultar na migração de

pequenas quantidades de Bisfenol A para o produto

acondicionado em latas

O policarbonato é um poliéster linear do ácido carbônico,

sendo o mais simples dos poliésteres. Ele é obtido através

de uma reação de transesterificação entre um composto

aromático hidroxilado (Bisfenol A) e carbonato de difenila.

Policarbonato

aromático hidroxilado (Bisfenol A) e carbonato de difenila.

Características

Resistência a altas temperaturas

Resistência ao impacto

Transparência

Policarbonato

Mamadeiras

Galão de água mineral retornável

Monômeros residuais de Bisfenol A, caso estejam

presentes no produto acabado, podem migrar para o

alimento acondicionado.

PORQUE SEU USO TEM CAUSADO PREOCUPAÇÃO?

Porque o BFA é considerado um xenobiótico estrogênico.

Xenobióticos (substâncias químicas de origem exógena: plantas, produtos sintéticos, poluentes ambientais etc) que interferem na produção, liberação, transporte, metabolismo, ligação ou eliminação dos hormônios naturais, responsáveis pela manutenção da equilíbrio e regulação dos processos de desenvolvimento.

O que é a hipótese da baixa-dosagem?

A partir de 1990, foi levantada a hipótese que a presença de bisfenol A em baixas concentrações no organismo humano pode causar efeitos adversos à saúde em virtude, humano pode causar efeitos adversos à saúde em virtude, principalmente, de alterações hormonais.

A hipótese conflita com um princípio fundamental de toxicologia: “A dose faz o veneno"

Quais as consequências à saúde?

Suspeita-se da influência do BFA em situações de:

- infertilidade,

- ganho de peso,

- alterações de comportamento, - alterações de comportamento,

- puberdade precoce,

- câncer de próstata e glândula mamária,

- diabetes

- outros

Legislação em vigor

União Européia e MERCOSUL/Brasil

Bisfenol A,Limite de migração específica: 0,6 mg/kg de alimento Limite de migração específica: 0,6 mg/kg de alimento

Dose diária tolerável (TDI): 0,05 mg / kg de peso corporal (UE)

TDI = estimativa da quantidade de determinada substância, expressa em relação ao peso corporal, que pode ser ingerida durante toda a vida de um indivíduo

Legislação em vigor

BRASIL

Resolução RDC n. 17 de 17 de março de 2008Resolução RDC n. 17 de 17 de março de 2008

“Lista Positiva de Aditivos para MateriaisPlásticos destinados à elaboração de embalagens e equipamentos em contato com alimentos”.

Publicada pela ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

Porque há controvérsias em relação ao uso do BFA?

Desde a origem da hipótese da baixa-dosagem, um número grande de estudos com bisfenol A tem sido número grande de estudos com bisfenol A tem sido desenvolvido para avaliar vários aspectos da hipótese.

As pesquisas têm sido inconsistentes e contraditórias.

Efeitos verificados em um estudo não se reproduzem em outros estudos conduzidos em escalas maiores

Canadá

• O público em geral está exposto a níveis muito baixos de BPA através da ingestão de alimentos e bebidas em contato com o plástico policarbonato ou resina epóxi

Considerações do Relatório de avaliação de risco

• A exposição de recém-nascidos e lactentes ao BFA é inferior aos níveis que possam constituir um risco, entretanto a diferença deve ser maior entre os níveis de BPA, onde os efeitos potenciais podem ocorrer, e exposição real.

• As crianças e recém-nascidos são expostos principalmente através do uso de mamadeiras de policarbonato e de latas de fórmula infantil que são revestidas com revestimentos epóxi.

• Proposta de proibição de mamadeiras de policarbonato,

• Estabelecimento de limites estritos em BFA em latas de produtos

Canadá

Considerações do Relatório de avaliação de risco

• Estabelecimento de limites estritos em BFA em latas de produtos infantis e

• Desenvolvimento de embalagens de alimentos alternativas.

• A proposta ficou em consulta pública por de 60 dias

• Em outubro de 2008 o país proibiu o uso de policarbonatos na confecção de mamadeiras

União Européia – situação atual

2002 – Avaliação de estudos disponíveis e estabelecimento de TDI temporário, em função de dados incompletos, aplicando um fator de segurança de 5 vezes (Scientific Committee on Food (SCF))

2006 – Resultados de 200 novos trabalhos, incluindo observações em uma segunda geração de cobaias reduziram as incertezas em torno do nível de risco considerado em 2002, confirmando o TDI e o limite de migração específico anteriores - Scientific Panel on Food Additives, Flavourings, Processing Aids and Materials in Contact with Food (AFC) do EFSA (European Food Safe Authority)

União Européia – situação atual

2010 – Em julho o Comitê sobre Materiais para contato com alimentos, Enzimas e Flavorizantes e Auxiliares de Processamento (Panel on Food contact materials, Enzymes, Flavourings and

Processing Aids (CEF)) não aprovou uma nova opinião sobre o Processing Aids (CEF)) não aprovou uma nova opinião sobre o

Bisfenol A considerando que não houve tempo suficiente para

discussão dos estudos ( mais de 800 publicações ). No entanto

considera que a TDI de 0,05mg/kg de peso corporal por dia pode

ser mantida e sugeriram que no momento esta permanecesse como

TDI temporária.

Os trabalhos do Comitê continuar e em setembro de 2010 deve ser adotada uma nova opinião.

União Européia – situação atual

Dinamarca

Março de 2010 – Com base no estudo de Stump, que considerou a possibilidade de efeitos sobre o neurodesenvolvimento devido de

diferentes níveis de BPA, o governo da Dinamarca baniu o uso de diferentes níveis de BPA, o governo da Dinamarca baniu o uso de

BPA em materiais para contato com alimentos destinados a crianças

de 0 a 3 anos.

Stump, D. G., Beck, M. J., Radovsky, A., Garman, R. H., Freshwater, L. L.,

Sheets, L. P., Marty, M. S., Waechter, J. M., Jr., Dimond, S. S., Van Miller, J. P.,

Shiotsuka, R. N., Beyer, D., Chappelle, A. H., and Hentges, S. G. (2010).

Developmental Neurotoxicity Study of Dietary Bisphenol A in Sprague-Dawley Rats.

Toxicol. Sci. 115(1), 167-182.

• O relatório prévio do NTP (Programa Nacional de Toxicologia) publicado pelos Institutos de Saúde dos EU

Estados Unidos

Desde 04/2008 o FDA montou uma força-tarefa para facilitar a revisão das últimas pesquisas sobre o BFA:

publicado pelos Institutos de Saúde dos EU (http://cerhr.niehs.nih.gov/chemicals/bisphenol/BPAPeerReviewReport.pdf)

• O relatório de avaliação de risco coordenado pelo governo canadense

• Revisão da literatura emergente de forma contínua a exemplo de estudos com multigerações de roedores e estudos de efeitos neurais e comportamentais

Estados Unidos

Com base revisão o FDA informou que existem muitas evidências de que os produtos produzidos no mercado com bisfenol A são seguros e que os níveis de exposição relativos aos materiais para contato com alimentos, inclusive para bebês são inferiores aos que podem com alimentos, inclusive para bebês são inferiores aos que podem causar efeito na saúde.

Esta posição é consistente com as duas avaliações de risco realizadas pela EFSA e também pelo instituto de pesquisa japonês National Institute of Advanced Industrial Science and Technology (AIST).

Estados Unidos

Com base em resultados de estudos recentes utilizando novas abordagens para os testes sobre efeitos sutis do Bisfenol A (BPA), o

Atualização – janeiro de 2010

abordagens para os testes sobre efeitos sutis do Bisfenol A (BPA), o Programa Nacional de Toxicologia nos Institutos de Saúde e a FDA têm alguma preocupação com os efeitos potenciais do BPA sobre o cérebro, comportamento, próstata de fetos, lactentes e crianças. Estudos estão sendo conduzidos para responder as questões chaves e esclarecer as incertezas sobre os riscos do BPA.

Provisóriamente a FDA está tomando medidas para reduzir a exposição

ao BPA devido a migração para alimentos. São elas:

Estados Unidos

Atualização – janeiro de 2010

1. Ações de apoio a indústria para eliminar a produção de mamadeiras e

copinhos contendo BPA,

2. Facilitar o desenvolvimento de alternativas ao BPA para revestimento de latas

alimentos infantis,

3. Ações de apoio para substituir ou minimizar os níveis de BPA em revestimentos

de latas para alimentos.

A FDA está também estudando uma mudança na estrutura da legislaçãopara monitorar o BPA.

Estados Unidos

Atualização – janeiro de 2010

Recomendações para o público:

Bisphenol A (BPA) Information for ParentsBisphenol A (BPA) Information for Parents

Departament of Health and Human Services Web site

Como minimizar a exposição das crianças ao BPA:

• Seguir as recomendações para alimentar a criança,

• Descartar as mamadeiras e copinhos riscados,

• Seguir as indicações de temperatura de uso, etc..

Análise de Bisfenol A

A determinação da migração específica de bisfenol:

Método CEN/TS 13130-13 – Materials and articles in contact withfoodstuffs – Plastics substances subject to limitation – Part 13: Determination of 2,2-bis(4-hydroxyphenyl)propane (Bisphenol A)Determination of 2,2-bis(4-hydroxyphenyl)propane (Bisphenol A)in food simulants do Comitê Europeu de Normatização, de fevereiro de 2005

Cromatografia líquida de alta eficiência com detecção por fluorescência

Análise de Bisfenol A

AVALIAÇÃO DA MIGRAÇÃO ESPECÍFICA DE BISFENOL A EM POLICARBONATOMary Ângela Fávaro Perez e Marisa Padula – CETEA/ITAL (SLACA, 2009)

Simulante: solução de etanol em água destilada 50% v/v.

As amostras foram colocadas em contato com o simulante por enchimento completoAs amostras foram colocadas em contato com o simulante por enchimento completo

do frasco.

Condições dos ensaios:� Uso repetido (3 repetições num mesmo corpo-de-prova, utilizando a cada vez

quantidades novas do simulante)� Condições de contato: elaboração à temperatura de 100ºC por 30 minutos,

seguido de contato à temperatura de até 40ºC por 24 horas.

Entre a primeira até a terceira repetição foi realizada a

esterilização das mamadeiras com água fervente por 5 minutos.

Análise de Bisfenol A

AVALIAÇÃO DA MIGRAÇÃO ESPECÍFICA DE BISFENOL A EM POLICARBONATO

TABELA 1. Migração específica de bisfenol A (mg/kg de simulante) utilizando o simulante soluçãode etanol em água destilada 50% v/v.

AmostrasContato Média Intervalo de

VariaçãoDesvio Padrão

1

1º contato < LD*=0,05 (2) (2)

2º contato < LD*=0,05 (2) (2)

3º contato < LD*=0,05 (2) (2)

2

1º contato < LD*=0,05 (2) (2)

2º contato < LD*=0,05 (2) (2)

3º contato < LD*=0,05 (2) (2)

3

1º contato < LD*=0,05 (2) (2)

2º contato < LD*=0,05 (2) (2)

3º contato < LD*=0,05 (2) (2)

4

1º contato 0,06 (1) 0,01-0,12 0,05

2º contato < LD*=0,05 (2) (2)

3º contato < LD*=0,05 (2) (2)

(1) Média de três determinações(2) Não aplicável.*LD= Limite de Detecção do método nas condições analíticas utilizadas.

Análise de Bisfenol A

Migration of Bisphenol A into water from polycarbonate baby bottles during microwave heatingK.A. Ehlert, C.W.E. Beumer and M.C.E. Groot (TNO – Europa)(Food and Additives Contaminants, vol.25, n. 7, 904-910, 2008)

� O teor de Bisfenol A nas amostra de mamadeiras (18) variou de 1,4 � O teor de Bisfenol A nas amostra de mamadeiras (18) variou de 1,4 a 35,4 mg/kg. ( Análise no material)

� A migração de bisfenol A das mamadeiras para água variou de < 0,1 a 0,7 µg/L.

� Os resultados mostraram que durante os três ciclos de aquecimento das mamadeiras no micro-ondas, a radiação eletromagnética não afetou a migração do Bisfenol A.

� Não foi observada correlação entre o teor de Bisfenol A nas amostras de mamadeira e a migração do Bisfenol A para água.

Obrigada pela Atenção! Obrigada pela Atenção!