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BIÓTOPO DE CURA EM CONSTRUÇÃONo município de Odemira, Portugal

Pintura da cidade de Odemira feita pelas  crianças de Tamera.

QUERIDOS AMIGOS E PARCEIROS EM PORTUGAL E EM TODO O MUNDO!

Com esta brochura, queremos apresentar o ponto da situação do desenvolvimento de Tamera: o que conseguimos até agora, o que pretendemos, e quais as vantagens que Tamera traz para a região.

Criar uma ecoaldeia que é simultaneamente um centro de pesquisa para questões sociais e ecológicas, é o meu sonho desde jovem. A revolução em grande parte pacífica, de Abril de 1974 em Portugal, foi desde logo um modelo e uma fonte de inspiração para nós. O Alentejo oferece vantagens tais como a abundância de sol, o que torna a região num local ideal para a pesquisa de fontes de energia renováveis, ou ainda as boas condições climáticas para o cultivo de alimentos e a gestão natural dos recursos hídricos. Mas acima de tudo, o que nos atraiu foi o clima humano: a abertura das pessoas e a grande hospitalidade dos portugueses. A tolerância e as ligações a nível global estão profundamente enraizadas na cultura desde tempos seculares. Por outro lado, os monumentos megalíticos pré-históricos e outros vestígios de uma cultura antiga ainda visíveis em muitos lugares do Alentejo, revelam que o sonho de uma vida em paz, solidariedade, e amizade com todos os seres já chegou a existir em Portugal.

Mas os problemas da região também são evidentes: os jovens deixam as aldeias, as florestas são cortadas, pessoas e animais sofrem com a escassez de água no Verão, a dependência económica – como noutras partes do mundo – continua a aumentar.

O meu grande desejo é que juntos, e com a ajuda dos conhecimentos aqui apresentados, consigamos encontrar soluções.

Voltemos a descobrir em conjunto o potencial da região!

Novembro de 2016

SABINE LICHTENFELS Teóloga, escritora, co-fundadora de Tamera.

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BIÓTOPO DE CURA - UMA IDEIA GLOBAL A TORNAR-SE REALIDADE NO ALENTEJO

O município de Odemira, são colinas fluindo no horizonte, verdes no Inverno, esbranquiçadas no Verão. Sobreiros robustos conferem caráter à paisagem e, nos vales e encostas, erguem-se aldeias e povoações caiadas de branco.

Imaginemos as aldeias novamente cheias de vida, os vales com hortas e charcas, as comunidades com tecnologia ecológica para a produção de energia e alimentos, rodeadas por uma nova forma de Montado, onde pastam animais que ajudam a regenerar a terra dos danos causados pelas monoculturas do passado.

As ribeiras voltam a correr no Verão, os jovens concentram-se para aprender sobre sustentabilidade ecológica e social, e revitalizam a região. Imaginemos que nasce uma nova forma de indústria verde, socialmente sustentável. Imaginemos circuitos económicos locais em cooperação com a Natureza, incorporados no tecido social existente, sob a aprendizagem mútua entre jovens pioneiros e aldeãos.

Assim, surgem bairros e comunidades com uma possibilidade de futuro. Um sonho? Sim, mas um sonho realista.

Não é apenas no Alentejo, mas no mundo inteiro, que as aldeias e regiões lutam para preservar os seus meios de subsistência: pela

autonomia regional da água, da alimentação e da energia, pela coesão social, pela independência económica e pela identidade cultural, e ainda pela preservação e manutenção da diversidade biológica. Para muitos destes desafios existem soluções concretas nas áreas técnicas, sociais e ecológicas.

Como centro de pesquisa e formação para o desenvolvimento de ecoaldeias, Tamera quer reunir as melhores soluções num modelo e testá-las. Chamamos-lhe “Biótopo de cura”.

UM BIÓTOPO DE CURA: • É um modelo de vida para uma cultura de paz.

• É um ponto de atração para jovens e profissionais que querem estudar ou ensinar conhecimentos sobre promoção da paz, criação de comunidade, regeneração da paisagem, e circuitos económicos regionais.

• É um modelo de sociedade baseado na confiança e cooperação entre todos os participantes; uma comunidade com apoio mútuo, verdade entre as pessoas, e participação responsável de todos os envolvidos. As principais questões pessoais - como o amor, as relações humanas, a resolução de conflitos e reconciliação, a educação infantil, a saúde, etc, são tratadas solidária e colectivamente.

• Combina o Montado tradicional com uma forma sustentável de crescimento em culturas mistas, o “Montado Novo“. Num biótopo de cura, os animais são tratados com respeito e dignidade.

• É uma ecoaldeia com arquitectura bioclimática, com pegada de carbono reduzida, autonomia energética, autonomia regional na alimentação sem perturbar a Natureza selvagem e a biodiversidade. Regenera a circulação natural da água para que o aquífero seja recarregado e também tenha suficiente água disponível no Verão.

• Biótopos de cura mostram como as metas de sustentabilidade da ONU podem ser implementadas de forma descentralizada. • A criação dos primeiros biótopos de cura servirão de inspiração para a criação de outros biótopos de cura, cuja rede contribui para superar a violência e as guerras.

O símbolo do projecto do  Biótopo de cura 

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TAMERA HOJE EM DIA

ORIGEM E DESENVOLVIMENTO

Em 1995, a teóloga Sabine Lichtenfels, o sociólogo Dieter Duhm, e o físico Charly Ehrenpreis adquiriram a Herdade Monte do Cerro, perto de Relíquias, com vista a estabelecer um projecto de pesquisa internacional para a paz. Imediatamente juntaram-se-lhes colaboradores e especialistas de diversas disciplinas. Hoje, em Tamera trabalham e estudam em permanência cerca de 170 pessoas, entre as quais 30 crianças.

A propriedade mudou muito. Com a ajuda de activistas internacionalmente reconhecidos, como o agricultor austríaco Sepp Holzer e o permacultor australiano Max Lindegger, o terreno anteriormente estéril é hoje caracterizado por lagos e charcas em cujas margens cultivadas crescem frutos e hortícolas o ano inteiro.Seguindo o exemplo do Montado, foram plantadas florestas mistas com sobreiros. Animais como o javali, e diversas aves chegaram. As fontes de água foram recuperadas e correm novamente durante todo o ano. Em homenagem à herança milenar do país, foi erguida, no centro de Tamera, uma obra de arte comunitária inspirada no Cromeleque dos Almendres (Évora), que se tornou num ponto de encontro para a comunidade de Tamera. Foram também construídos diferentes modelos de edifícios ecológicos, uns em adobe como a Casa de Hóspedes, outros com fardos de palha, como o auditório ‘Aula’ com capacidade para

400 pessoas, construída sob orientação do arquitecto Gernot Minke (Alemanha), e ainda a Aldeia da Luz com várias construções modernas de arquitectura bioclimática.

INVESTIGAÇÃO E CRIAÇÃO DE UM MODELOA concretização de Tamera como um modelo para uma cultura não-violenta passa também pela investigação na gestão natural dos recursos hídricos, pela produção sustentável de alimentos biológicos, pela autonomia energética, pela arquitectura vernacular bioclimática, pela economia comunitária, pela educação, pelo desenvolvimento comunitário e pela comunicação com a Natureza. Tamera faz parte de uma rede internacional e nacional de projectos de investigação. Várias universidades têm realizado actividades de investigação ou realizado projectos comuns em Portugal, entre outros, com a Universidade Nova de Lisboa, e também com as Universidades de Coimbra, Évora e Faro. Participámos em programas de investigação europeus como o Circle 2, BASE, ORIGIN e TRANSIT. *

No nosso entender, a investigação holística significa ligar as diferentes disciplinas num modelo de assentamento, para alcançar efeitos de sinergia tanto quanto possível, assim como resultados concretos e replicáveis.

O terreno de Tamera é  caracterizado por lagos e charcas.

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FORMAÇÃOHoje, Tamera é já um campus para o conhecimento global em sustentabilidade ambiental e social. Existem cursos de formação em autonomia regional, uma escola do pensar, um Ashram político, e cursos de comunidade, confiança e amor. A formação compreende teoria e prática, e em parte participando nas áreas de investigação de Tamera. O corpo docente é composto por colaboradores de Tamera e especialistas em diversas áreas.

“Todos os participantes de Tamera vindos de muitos países e continentes trazem impulsos culturais, sociais e de uma nova ecologia importantes para o concelho de Odemira.”

José Alberto Guerreiro Presidente do Município de Odemira

* BASE (Bottom-up Climate Adaptation towards a Sustainable Europe) www.base-adaptation.eu

CIRCLE 2 Climate Impact Research & Response Coordination for a Larger Europe www.circle-era.eu

ORIGIN ORIGIN is a sophisticated intelligent ICT system for the management of energy in a community. www.origin-energy.eu

TRANSIT Transformative Social Innovation Narrative of Tamera Ecovillage www.transitsocialinnovation.eu (Search for Tamera)

No auditório  de Tamera 

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O COMPROMISSO REGIONAL DE TAMERA

Juntamente com outras iniciativas, Tamera disponibiliza à região a sua experiência e as suas competências. Além de participar em inúmeras actividades ao nível municipal e regional, como os mercados regionais e eventos locais, Tamera oferece um leque de oportunidades de formação especificamente para a região: passeios e seminários periódicos para pessoas interessadas e grupos escolares, acompanhamento de estudantes universitários nos seus trabalhos científicos, cursos em escolas profissionais e universidades, bem como grupos de reflexão para o desenvolvimento de redes com produtores e projectos sociais e ambientais.

São alguns exemplos:

• Eco-Comunidades da Planície: ecocomunidadesplanicie.wordpress.com• ReCo: Rede Cooperar: redecooperar.blogspot.pt• Transição São Luís: transicaosaoluis.wix.com

ECONOMIA

Tamera quer apoiar uma crescente autonomia regional em energia, água, alimentação, materiais de construção e outras áreas essenciais. Para incentivar este desenvolvimento, oferecemos espaços e encontros para discussão e intercâmbio de conhecimento. Tamera adquire tanto quanto possível os seus bens essenciais e alimentares na região, estabelece acordos com alguns agricultores e outros produtores, contribuindo deste modo para uma maior estabilidade económica na região.

Projecto modelo para a adaptação às alterações climáticas: no âmbito do projecto de investigação europeu BASE, Tamera é um modelo para uma abordagem exemplar às alterações climáticas.

Desenvolvimento regional: os colaboradores de Tamera, em conjunto com outros cientistas e cidadãos interessados, participam na criação de um plano de desenvolvimento alternativo no município de Odemira, através de contributos para o Plano Diretor Municipal (PDM).

Empreendedorismo: em cooperação com fornecedores locais, a empresa AguaLands de Tamera aconselha os proprietários rurais locais e apoia-os no design ecológico, e na gestão natural dos recursos hídricos.

Estímulos Sociais: as duas parteiras de Tamera assistem a partos naturais em casa em todo

Vizinhos  visitam Tamera.

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o país. Alguns professores de Tamera dão seminários em pedagogia Montessori em várias pontos de Portugal.

“Em representação do povo da minha Freguesia, não posso deixar de manifestar um sentido reconhecimento pelo carinho e afecto de todos os membros de Tamera, cuja integração na nossa freguesia, apoio económico, reforço no combate à desertificação, são factos que diariamente, pela vossa prestigiante colaboração e envolvência, todos sentimos.”

Daniel Balinhas, Presidente da Freguesia de Relíquias

O COMPROMISSO GLOBAL DE TAMERA

Tamera é parte de uma rede internacional que trabalha na construção de uma alternativa global social, e organiza inúmeras ações de ajuda e intervenção para a paz no mundo inteiro. Especialistas de Tamera deslocam-se a vários países do hemisfério Sul e passam por zonas de crise para oferecer aconselhamento e apoio a iniciativas na construção de autonomia energética, na gestão natural dos recursos

hídricos, no desenvolvimento de comunidade, e na revitalização de aldeias. Regularmente, são convidados especialistas internacionais para colóquios e grupos de reflexão como, por exemplo, o Simpósio Internacional da água, o Simpósio sobre Educação, ou o Encontro Estratégico para o trabalho global da paz. A Escola Global do Amor de Tamera junta todos os anos cerca de uma centena de activistas para a paz, visionários, e fundadores de redes relevantes.

CAMPUS GLOBAL

Muitas pessoas de zonas de pobreza e de guerra reúnem-se para, em conjunto, criarem uma força contra a violência e a fome. O Campus Global fundado em Tamera acompanha comunidades e iniciativas para a paz na Colômbia, na Palestina, no Togo, no Quênia, no Brasil entre outros países. Organiza ações de paz e apoia com formação técnica em autonomia regional e desenvolvimento de comunidade.

APOIO AOS REFUGIADOS

Alguns colaboradores de Tamera prestam apoio directo aos refugiados na Alemanha e na Grécia, e ajudam na construção de uma iniciativa de comunidade internacional na Grécia para o ensino prático a jovens vindos da Europa e de zonas de crise.

BLUEPRINT

Tamera faz parte da iniciativa Blueprint - uma aliança de organizações internacionais de especialistas que trabalham sobre soluções inclusivas para ecoaldeias e comunidades. Tamera é um dos seus centros de formação e serve de modelo de demonstração.

REDE INTERNACIONAL DE ECO-ALDEIAS (GEN)

Tamera é um membro activo da GEN, a Rede Internacional de Eco-aldeias. Desde 2000, a GEN tem um estatuto consultivo na Comissão Económica e Social das Nações Unidas (ECOSOC), e é um parceiro do UNITAR, o Instituto para a Formação e Investigação das Nações Unidas.

Crianças de Tamera apresentam uma  peça de teatro em diferentes países 

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CRIAÇÃO DE UM BIÓTOPO DE CURA

Para assumir as tarefas com o máximo rigor, Tamera planeia uma ecoaldeia modelo para centenas de pessoas que inclui instalações para formação e investigação, alojamento para colaboradores, área para hóspedes, uma escola, e um centro cultural. Nesse sentido, trabalhamos com o Município de Odemira e um grupo de arquitectos de Lisboa num plano de construção e redefinição das áreas existentes.

Um biótopo de cura está em plena concordância com o espírito das leis que protegem a Natureza e a biodiversidade, que promovem o desenvolvimento regional, e que contribuem para a preservação da identidade cultural. Os seus objectivos e métodos de construção vão além das políticas existentes. Ao mesmo tempo, biótopos de cura correspondem a um desenvolvimento inovador que necessita de ser incluido na regulamentação vigente. Há ainda trabalho a fazer para consagrar legalmente a nova abordagem de um biótopo de cura. Estamos muito confiantes de, em conjunto, conseguir encontrar uma solução que sirva a todos, através do Plano de Intervenção do Espaço Rural (PIER), actualmente em

desenvolvimento.* NUMEROSOS EXEMPLOS EM VÁRIOS PAÍSES DEMONSTRAM QUE AS ECOALDEIAS E MODELOS DE COMUNIDADE PODEM BENEFICIAR AS REGIÕES: • Auroville, a cidade do futuro da UNESCO, na Índia, após mais de 50 anos de existência, comprova que tem tido uma influência muito positiva sobre o desenvolvimento social e ecológico da região, através por exemplo de reflorestação em grande escala e abertura de novas escolas nas aldeias vizinhas. Para esta povoação foi expressamente inserido o ‘Auroville Act’ na legislação indiana, que tem em conta as especificidades da povoação.

• No Senegal, o governo apoia a criação de cerca de 14 000 ecoaldeias e, fundou um Ministério para tratar desta questão: as ecoaldeias ajudam a travar a pobreza, a desertificação e a degradação ambiental no país.

• Na Alemanha, as ecoaldeias Sieben Linden e Schloss Tempelhof são exemplos de como distritos estruturalmente fracos podem beneficiar da criação de povoações ecológicas, e reverter o despovoamento através da criação de emprego e

oportunidades de formação.

• Na Noruega, a ecoaldeia Hurdal tornou-se um projecto emblemático do governo para o desenvolvimento da sustentabilidade ambiental e social.

• Destaca-se também a ecoaldeia de Lammas, no País de Gales, um caso exemplar para o sistema de planeamento inovador neste país. Este permite fundar novos povoados, quando estas se comprometem claramente com uma vida sustentável, utilizam materiais de construção naturais, e desenvolvem os seus meios de subsistência através de actividades locais. Lammas tornou-se um modelo piloto desta estratégia, desempenhando um papel chave na transição para uma sociedade respeitadora do Ambiente.

Saiba mais: www.gen.ecovillage.org

O município de Odemira e todo o país podem agora vir a fazer parte de um renovado movimento global para um desenvolvimento regional saudável.

* O processo PIER encontra-se disponível para consulta no site do Município de Odemira: PIER do Monte do Cerro e Vale da Mua - Comunidade TAMERA: www.cm-odemira.pt/pages/1

Planos de Pormenor - Planos em Elaboração: www.cm-odemira.pt/pages/330?folder_id=980

Ecoaldeia Sieben Linden    na Alemanha   

Ecoaldeia no    Senegal   

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COMO QUEREMOS CONSTRUIR?

Tamera quer integrar linhas futuristas para uma cultura de paz global. O design deve simultaneamente harmonizar-se com a paisagem e usar métodos de construção tradicionais. Construção bioclimática significa mais do que sustentável: a arquitectura, a ecologia, a cooperação social e a conservação da Natureza passam a ter novas formas de conexão. Seguem-se alguns tópicos.

ESCOLHA DO LOCAL EM COOPERAÇÃO COM A NATUREZA A cooperação com a Natureza significa ter todos os seres vivos em conta e protegê-los. Caso a coexistência não seja viável, e antes do início das obras, é necessário escolher outro local, ou encontrar e criar outro local ecologicamente equivalente para esses seres.

O ciclo natural da água também é tido em conta na construção de um novo assentamento. A água da chuva é captada onde cai para que se possa infiltrar no solo . Medidas de economia de água, como sanitas secas, reduzem o consumo de água. O tratamento das águas residuais é feito de forma descentralizada e biológica, sendo depois devolvidas à Natureza.

ARQUITECTURA MULTI-ZONASeguindo o exemplo das cascas de cebola, a arquitectura multi-zona oferece diferentes níveis de densidade habitacional: o núcleo está

completamente protegido da chuva, de luz em exesso e do calor e frio extremos, enquanto que as zonas externas, como o jardim de Inverno, a varanda, e o jardim exterior, deixam entrar certos elementos. Nestas zonas, os animais selvagens também são bem-vindos. Os edificios estão integrados numa forma moderna de Montado, o ‘Montado Novo’ que inclui lagos e charcas.A vida em comunidade requer todo o tipo de espaços sociais, mas também lugares de retiro. A arquitectura tem de ter tudo isto em conta.

MATERIAIS DE ECOCONSTRUÇÃO REGIONAIS E ARQUITECTURA SOLARNum raio de 50 km encontram-se quase todos os materiais de construção necessários para construir uma ecoaldeia: pedra, madeira, argila e palha. Como os edifícios tradicionais em taipa, e também as primeiras tentativas em Tamera demonstram, é possível com materiais de construção naturais construir habitações económicas de boa qualidade e ‘paredes que respiram’. As casas são alinhadas com o sol e isoladas de modo a reduzir ao mínimo o consumo de energia para aquecimento ou arrefecimento.

Desenho técnico    da sanita seca   

Construção  do auditório “Aula” 

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RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA DA PAISAGEM

ÁGUA: FACTOR-CHAVE PARA A ESTABILIDADE DO CLIMA, ECONOMIA SAUDÁVEL E FUTURO

Em todo o mundo, a desflorestação, as monoculturas, a erosão, o sobrepastoreio, e as alterações climáticas levam a uma situação alarmante dos recursos hídricos. No sul de Portugal, a situação é particularmente dramática. Muitos municípios dependem do transporte de água no Verão. Em 2016, houve mais de 10 000 incêndios florestais no país. A agricultura torna-se cada vez mais difícil. É urgente encontrar soluções sustentáveis que beneficiem as pessoas e a Natureza.

A paisagem de retenção de água de Tamera é já um modelo para a gestão natural dos recursos hídricos, para a restauração ecológica, e para o cultivo de alimentos o ano inteiro. Os lagos, os terraços, e a reflorestação segundo o conceito de Montado captam a chuva e comprovam o quão rapidamente uma região ameaçada pela seca pode ser gradualmente regenerada.

Bernd Müller e outros consultores de Ecologia em Tamera têm-se deslocado a vários países para apoiar organizações e entidades privadas na restauração dos ecosistemas.

CULTIVO DE ALIMENTOS

Uma parte cada vez maior dos produtos hortícolas e das frutas consumidos pela comunidade e pelos seus hóspedes, cresce nas hortas, nos terraços, e nas margens da paisagem aquática ao longo do ano. Esta também fornece água para a irrigação durante os meses de Verão. Há equipas que desenvolvem conhecimento para a gestão sustentável da paisagem, que durante

décadas era praticamente estéril. E assim, surgem espaços de aprendizagem activa para a autonomia alimentar. Existem também várias hortas para produção de sementes em Tamera.

FLORESTA E MONTADO

O objectivo do projecto de arborização de Tamera é o de restaurar a diversidade original do Montado, de voltar a criar paisagens de arbustos e arvores de fruto. Desde o início do projecto, já foram plantadas mais de 10 000 árvores, das quais várias espécies de fruteiras. São colhidas anualmente quantidades crescentes dos mais variados frutos. Criou-se também um pequeno viveiro florestal e de fruteiras.

TERRA DEVA E PARQUE NATURAL MARISIS

Na nossa área de pesquisa “Terra Deva” estudamos a cooperação com a Natureza. Além dos direitos humanos, a Terra e todos os seres vivos têm direitos que queremos compreender e respeitar. Estes incluem a cooperação com todos os seres e a supressão do conceito de inimigos na Natureza.

RECONHECIMENTO INTERNACIONAL

• “(Tamera) é provavelmente à data, o maior projecto descentralizado de gestão de água e permacultura baseado na comunidade, e parece ser um modelo altamente promissor, amplamente replicável e ajustável, especialmente para terras áridas, semi-áridas

“Água, energia e alimentos estão gratuitamente à disposição das pessoas quando deixamos de seguir as leis do capital e seguimos a lógica da Natureza.”

Dieter Duhm

Colheita de favas numa   das hortas de Tamera  

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e de erosão, mas adaptado a praticamente qualquer condição climática. Os resultados até agora indicam que a restauração inicial de uma paisagem de erosão pode ser alcançada em 5 a 7 anos ou menos, dependendo das condições específicas. Os seus métodos de monitorização são sólidos, credíveis e bem integrados nos planos de longo prazo do projecto.” Avaliação de Buckminster Fuller Challenge 2012 para o segundo lugar.

• O projecto de investigação europeu BASE (Bottom-up Climate Adaptation towards a Sustainable Europe) considera Tamera um projecto exemplar e um modelo para lidar sustentavelmente com as alterações climáticas: “Esta abordagem de gestão da água criou uma base regenerativa para o abastecimento autónomo de água, para a regeneração dos solos, da floresta, do pastoreio e da produção alimentar, e maior diversidade de espécies selvagens.” (2016)Mais: base-adaptation.eu/water-retention-landscape-restore-water-cycle-and-reduce-vulnerability-droughts-tamera-portugal

• “Estou interessada ao máximo neste trabalho, e considero os ensinamentos de Bernd Müller [a respeito das Paisagens de Retenção de Água] como sendo cruciais para a sobrevivência do planeta.” (2013)Maude Barlow, autora de renome e activista pela justiça nas questões relativas à água, laureada com o Prémio Nobel Alternativo, Canadá.

“Lago 1”   cheio de água  

Antes da construção   do “Lago 1”  

2014

2007

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VISÃO GERAL DA PAISAGEM DE TAMERA

Como surge uma ecoaldeia do futuro, e como se integra na Natureza? Os 154 hectares de Tamera consistem na sua maioria de floresta e solos agrícolas. Numa parte do terreno, estão planeados núcleos de investigação, formação e alojamento.

As ilustrações que se seguem são meramente indicativas, e o resultado de um exercício de design que envolveu os atuais residentes de Tamera que, assim, procuraram expressar as suas necessidades, desejos e aspirações para o desenvolvimento futuro da comunidade.Ressalva-se que o modelo de ocupação a implementar no futuro em Tamera será o que resultar da concertação de interesses entre as diversas entidades envolvidas na elaboração do PIER.

“Fiquei convencido que no Alentejo se pode combater a desertificação da Natureza e o despovoamento com novos modelos de vida social, respeitadores da Natureza e da dignidade das pessoas. Deste modo o Alentejo se torna realmente uma terra de pão e de paz.” (2013)

Dom António Vitalino Antigo Bispo de Beja

URBANIZAÇÃO DE ALTA DENSIDADE

ÁREAS DE PARQUE NATURAL

URBANIZAÇÃO DE BAIXA DENSIDADE

AGRICULTURA

PASTO

FLORESTA

ZONAS HÚMIDAS

Ilustração geral de Tamera

13 Vista aérea de 

 Tamera 

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O ESPAÇO DAS CRIANÇAS E A ÁREA DE HÓSPEDES

ÁREA DE HÓSPEDESHoje em dia, deslocam-se anualmente a Tamera cerca de dois mil estudantes, voluntários no âmbito do SVE (Serviço Voluntário Europeu), visitantes pontuais, grupos escolares e outros. Este número deverá crescer ainda mais no futuro. Para poder dar resposta a este grande número de visitantes, está prevista uma área com diversos tipos de alojamento, um restaurante, lojas e grandes salas de convívio.

O ESPAÇO DAS CRIANÇASConsiste num jardim de infância privado com pré-escola integrada, organizado pelos pais para os filhos em Alemão e Português, e na escola internacional “Escola da Esperança”, que está em fase de aprovação. A escola é projectada para crianças de Tamera e também da região à volta. Famílias de vários pontos do país têm vindo a demonstrar o seu interesse na expansão da oferta educacional no Alentejo. Uma escola internacional pode dar um contributo para o repovoamento da região. Uma equipa internacional de educadores tem estado a desenvolver abordagens educativas alternativas em parceria com redes e iniciativas de todo o país (Rede Educação Viva, Movimento Educação Livre, Escola da Ponte, entre outros).Actualmente, os alunos seguem o “ensino doméstico” (homeschooling) em cooperação

com o Agrupamento Vertical de Escolas de Colos e alguns pais Portugueses que também educam os seus filhos através do “ensino doméstico” na região. Tamera poderia já criar vários postos de trabalho para professores Portugueses para apoiarem os pais e prepararem os alunos para os exames nacionais.

Crianças aprendem os princípios    da cozinha solar na prática    Área de hóspedes   

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CAMPUS E CENTRO CULTURAL

CAMPUSTodos os anos, cerca de duas mil pessoas de todos os continentes participam em seminários para a promoção da paz, para a autonomia energética e alimentar, para o desenvolvimento comunitário, para a gestão natural dos recursos hídricos, para a cooperação com a Natureza, e para a educação livre.

É no Campus de Tamera que se realizam as várias formações. Nesta área deverá existir alojamento e áreas de estudo para cerca de 200 pessoas.

O CENTRO CULTURAL Com palco, bar, livraria, bazar e área de entretenimento é já um ponto central para os hóspedes e vizinhos; aqui também se encontram à venda produtos da região. São exibidos filmes, realizados concertos e outros eventos culturais. À data, a Aula, com os seus 400 lugares, continua a ser o maior auditório em Tamera.

BLUEPRINT 200Em conjunto com a iniciativa Blueprint, Tamera planeia um acampamento temporário, um parque de campismo, como modelo para campos de emergência e de refugiados que seja sustentável ao nível ecológico e social.

A Aula, o auditório de Tamera 

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CAMPO EXPERIMENTAL PARA UMA ALDEIA SOLAR

Na Aldeia Solar estão sinergicamente reunidas inovações técnológicas, ecológicas e sociais, que são diariamente testadas e desenvolvidas. A estas também pertencem as hortas urbanas, o conceito de retenção de água, e a produção de energia.A cozinha é o coração deste ensaio: cozinha-se para 50 pessoas com um espelho Scheffler (um foco de luz solar), com biogás proveniente dos resíduos da cozinha, e também com um forno rocket. A água é aquecida por painéis solares.

AUTONOMIA DE ENERGIA - INVESTIGAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

Tamera deseja alcançar uma autonomia completa de energia. Actualmente, 52% da energia eléctrica é fornecida pelos seus próprios sistemas solares. Paralelamente, a equipa de tecnologia de Tamera, em estreita colaboração com o físico e inventor Jürgen Kleinwächter (Alemanha), está a desenvolver motores Stirling a baixa temperatura e espelhos de alta precisão de fácil construção, capazes de atingir temperaturas até 1500 ° C. Deste modo, também os processos industriais, como a queima de cal, a produção de cerâmica, ou ainda a metalurgia, poderão no futuro ser operados por energia solar.

Colaboradores de Tamera aprendem e  trabalham no Campo Experimental. 

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VIVER NO BIÓTOPO DE CURA: ÁREA DE COLABORADORESDESENVOLVIMENTO DE COMUNIDADE

Tamera é um centro de pesquisa e formação para a sustentabilidade social, a cooperação, a resolução de conflitos, e a confiança. Uma comunidade está mais apta para enfrentar situações de crise do que o isolamento anónimo das grandes cidades. A comunidade de Tamera também tenta abordar as grandes questões pessoais, tais como o amor, as parcerias, a resolução de conflitos e a reconciliação, o desenvolvimento infantil, o envelhecimento, a saúde, etc., como temas de investigação.Para tal está a ser criada uma zona de habitação como solução regenerativa para servir de alojamento para os colaboradores. Estão projectadas casas permanentes e casas temporárias, no estilo rústico com muitos tipos de habitação e pontos de encontro.

Espaço de partilha e celebração  entre os membros da comunidade.

Esboço de  um assentamento.

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O CÍRCULO DE PEDRAS DE TAMERAPara lançar a investigação do ideal de comunidade, Sabine Lichtenfels inspirou-se no passado pré-histórico. Durante vários anos, visitou e estudou o Cromeleque dos Almendres, perto de Évora. A ideia de construir em Tamera uma obra de arte que homenageia as raízes pré-históricas originais deste país e reactive o conhecimento de cura original foi crescendo. A 12 de Outubro de 2004, numa colina com declive suave no centro de Tamera, foi colocada a primeira pedra, e assim inaugurado o círculo de pedras.Entretanto, hoje são já 96 pedras que chegam a ter 2,20 m de altura. Blocos de mármore ou de granito de diferentes pedreiras do Alentejo estão colocadas em constelações específicas para formar um sistema harmonioso de todos os arquétipos de uma comunidade universal. Na maioria das pedras estão esculpidos cosmogramas, ícones, e gravuras. Cada pedra representa um ponto de energia arquetípico de um aspecto ou qualidade necessárias para uma comunidade de paz.

Sabine Lichtenfels  no cromeleque perto de Évora

Círculo de   pedras em Tamera  

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AUDITÓRIO UNIVERSAL Tamera quer construir uma ponte que faz a ligação entre o início da Pré-História, representado pelo Círculo de Pedras, e a visão de futuro de uma nova Terra. A esta ponte chamamos Terra Nova.

Na área de entrada de Tamera queremos construir um Auditório Universal, símbolo de uma nova cultura de paz. Métodos de construção ecológicos, bem como os estímulos de diferentes culturas, estarão reunidos num edifício futurista e sustentável. Ainda no estado de construcão, será em si um apelo à investigação e às forças de paz para muitas pessoas que buscam uma alternativa global.

Círculo de   pedras em Tamera  

Imagem dos efeitos do   som na água como inspiração  para criar o Auditório Universal 

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ESTRUTURA DA PROPRIEDADE DE TAMERA Os funcionários de Tamera são membros activos da Associação para um Mundo Humanitário (AMH) e da Associação Grupo para a Reconciliação em Áreas de Crise e Educação (G.R.A.C.E.) ambas registadas na Conservatória do Registo Predial de Odemira, e sediadas em Tamera.

A associação AMH é responsável pela pesquisa ecológica e pelo sector de pesquisa de energia sustentável de Tamera: o Campo Experimental para uma Aldeia Solar, a paisagem de retenção aquática, a restauração ecológica e florestal, a criação de biótopos alimentares e a rede regional. A associação G.R.A.C.E. é responsável pela educação e pelas ações de paz a nível global.Ambas as associações detém 50% das ações da sociedade Ilos Peace Research Centre, Lda. A Ilos Lda. é a proprietária e administradora das propriedades de Monte do Cerro e Vale da Mua, e responsável pela gestão, manutenção e infra-estruturas dos edifícios e instalações técnicas, bem como pelo planeamento e licenciamento do terreno, da silvicultura, da agricultura, dos direitos da água e do território.A Ilos Lda. fornece alojamento e alimentação para os seminários e facilita os eventos mais gerais. As duas associações asseguram os seminarios técnicos nas suas respectivas áreas de actividade.

LIVROS RECOMENDADOS Leila Dregger: Tamera - Um modelo para o futuro, 2015, ISBN 976-3927266285

Dieter Duhm: Rumo a uma Nova Cultura, 1983, ISBN 976-3927266421Sabine Lichtenfels: Pedras de Sonho.Viagem à Era da Realização Sensual, 2005, ISBN 976-3927266360Martin Winiecki (ed.): Construindo fundações para uma nova civilização, 2013, ISBN 978-3927266483Mais: www.verlag-meiga.org

IMPRESSÃO ILOS – Peace Research Centre LdaGerentes: Peter Koll e Sabine LichtenfelsMonte do Cerro7630-392 RelíquiasNIF: 503 436 445ilos-lda@gmx.netTel.: (00351) 283 635 306

Fotografias: arquivo de TameraDesign gráfico: Julia Vargas e Jan Regelmann

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“Alentejo” Pintura  de Dieter Duhm