biotecnologia no tratamentos de efluentes urbanos e industriais curso de pós graduação em...
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Biotecnologia no Tratamentos de efluentes urbanos e
industriais
Curso de Pós Graduação em Biotecnologia Módulo: Biorremediação e Bioconversão
Profa. Dra. Marcia Freire dos Reis Aula n°6
2009
Características dos efluentes líquidos
Características físicas
Características químicas
Características biológicas
Sólidos
Cor
Odor
Temperatura
Res. Animais
Res. Vegetais
Bactérias
Vírus
Conteúdo de orgânicos Conteúdo de inorgânicos Conteúdo de gases
Hidrocarbonetos
Gorduras
Fenóis
Proteínas , etc
Metais pesados
Nitrogênio
Fósforo
Cloretos, etc
Sulfeto de H2
Metano
oxigênio
Tabela1. Poluentes a considerar durante o tratamento de efluentes. Fonte: LORA, 2002.
Poluentes Efeitos a considerar
Sólidos em suspensão
Provocam a formação de depósitos de lodo e condições anaeróbicas ao descarregar-se o efluente não tratado num reservatório de água.
Orgânicos biodegradáveis
Sua estabilização (destruição) biológica pode levar ao esgotamento de oxigênio natural no reservatório de água
Nutrientes Eutrofização
Poluentes prioritários
Carcinogenicidade, mutagenicidade e alta toxicidade
Metais pesados Bioacumulação e alta toxicidade
COVs Tóxicos e poluição atm
Microganismos patogênicos
Transmissão de doenças
Tabela 2. Fontes típicas e efeitos dos poluentes presentes em efluentes líquidos. Fonte: Lora, 2002
Poluentes Efeitos Fontes típicas
Orgânicos Biodegradáveis
Desoxigenação, condições anaeróbias,
morte de peixes, odores
Efluentes em grande quantidade de HC dissolvidos, refino de açúcar,
destilarias; cervejarias; processamento de leite; industria de papel e celulose
Metais pesados Morte de peixes, envenenamento de
gado, morte de plâncton; acumulação na carne
dos peixes e dos moluscos
Limpeza, platinado e decapagem de metais; refinamento dos fosfatos e da bauxita, geração de cloro, fabricação
de baterias, curtimento de couro
Ácidos e álcalis Afetação do sistema de compensação do pH, desordenamento do sistema ecológico
Percolados de jazidas de carvão,; decapagem de aço; industrias têxteis;
produções químicas, limpeza de lã; lavadores
Desinfetantes: Cl2, H2O2, Formalina,
Fenóis
Morte seletiva de microrganismos, aparecimento
de sabor e odor na água
Branqueamento de papel e tecidos, síntese de resinas, fabricação de
penicilina, fabricação de gás, coque e alcatrão de carvão, tinturas e produção química
Íons: Fe, Ca, NO3, S-, SO-2
Mudanças nas características da água: aparecimento da cor,
dureza, salinidade e incrustações
Metalurgia; fabricação de cimento; cerâmica; bombeamento de
petróleo de jazidas.
Poluentes evidentes à vista
e ao olfato
Alteração do balanço químico por esgotamento rápido do oxigênio e sobrenutrição; aparecimento de odores e
crescimento seletivo de microrganismos
Fabricação de gás e coque; plantas de fertilizantes; fabricação
de explosivos; tinturas; processamento de alimentos e
carne; fabricação de fibras sintéticas; obtenção de polpa a
partir da madeira, branqueamento.
Microrganismos Patogênicos
Infecções em humanos, reinfecção de outros seres vivos; doenças das plantas
pela irrigação com água contaminada por fungos.
Resíduos de matadouros; processamento de lãs, águas
residuais do processamento de aves; resíduos hospitalares.
Abordagem dos problemas de efluentes industriais
Avaliação da situação - Conhecimento dos processo de fabricação envolvidos
na industria - Determinação das características do efluentes
líquidos teor de matéria orgânica, teor de sólidos em suspensão, concentração de substancias tóxicas.
- Consulta à legislação - Diagnóstico de RH ou rede de esgoto disponíveis para
a descarga dos efluente tratado.Minimização da carga poluidora
- Verificar a viabilidade de reúso/reciclagemDeterminação da forma de disposição final dos efluentes
- Formas de disposição x legislação existente.
Determinação do Grau de Tratamento necessário1-Tratamento primário Remoção física dos resíduos sólidos em suspensão
facilmente removíveis por sedimentação ou flotação. Ajuste de pH ou T°C.
2- Tratamento Secundário Remoção da matéria dissolvida e de uma parcela maior
de sólidos em suspensão de forma a se obter um efluente de baixa concentração de matéria orgânica, isento de sólidos em suspensão, com pH neutro e temperatura ambiente. Processos biológicos.
3- Tratamento Terciário Remoção de substancias específicas , tais como
nutrientes (N, P), Metais pesados....
Tabela 3. Classificação dos métodos de tratamento de efluentes industriais.Fonte: Lora, 2002.
Tipo de Tratamento
Processos inclusos e objetivos
Primário
(métodos físicos)
Prepara o efluente para o tratamento biológico. Inclui a separação do sólidos grossos com grades ou desintegradores, a equalização
e a neutralização. Os óleos, as gorduras, e os sólidos em suspensão são removidos por flotação, decantação e filtragem.
Secundário
(métodos biológicos)
Inclui a degradação biológica dos compostos solúveis. São típicos níveis de entrada de 50-1.000 mg/L de DBO e de saída < 30 mg/L
de DBO. Geralmente, o tratamento é aeróbio, porém pode-se utilizar tratamento combinado.
Terciário
(métodos físico-químicos)
Remoção de tipos específicos de poluentes, fundamentalmente orgânico não biodegradável. Inclui operações de filtragem,
adsorção com carvão ativado granular, oxidação química, etc.
Tratamento de lodos
Inclui processos de espessamento dos lodos por decantação e flotação, ou processo de secagem e deposição final dos mesmos.
Tratamento Primário
Tratamento secundário
Tratamento terciário
Gradeamento Lagoas Troca iônica
Câmara de areia Lodos ativados Carvão ativado
Sedimentação primária
Digestão anaeróbia
Filtração
flotação Filtro Biológico Coagulação
Tabela 4. Formas de Tratamento
Tratamento Terciário
Processos Biológicos usados no tratamento de efluentes líquidos
MO Biodegradação da matéria orgânica nutrição e respiração.
Nutrição Obtenção de matéria orgânica para a estruturação dos organismos e a obtenção de energia molecular para a realização das atividades biológicas normais.
Respiração Processo de oxidação através do qual são liberadas energias contidas nas moléculas orgânicas. Os MO utilizam a matéria orgânica de um efluente utilizando pequena parte dela para a autoconstrução e reprodução e oxida o restante através da respiração aproveitando a energia e restituindo ao meio elementos na forma de subprodutos do seu metabolismo.
DBO(Demanda Bioquímica de Oxigênio) quantidade de oxigênio requerida pela unidade de volume de resíduo, para a estabilização biológica da matéria orgânica biodegradável, através de organismos vivos ou de suas enzimas.
Efluente DBO (mg/L)
Esgoto doméstico 350
Vinhaça de usinas de álcool (melaço) 10.000 – 25.000
Produção de leveduras 3.000- 14.000
Resíduos de fábricas de antibióticos 5.000 – 30.000
Cervejarias 2.000
Licor sulfítico de fábricas de papel 20.000 – 45.000
Laticínios em recuperação do soro de leite
30.000
Medida da quantidade de matéria orgânica
DQO (Demanda Química de oxigênio) Quantidade de oxigênio necessária para a oxidação de matéria orgânica da amostra através do dicromato de potássio em meio ácido na presença de catalisadores.
Ex. Despejo industrial de café solúvel (efluente da borra)
pH= 4,25
SF = 809 mg/L
SV= 15.012 mg/L
SS = 14.537 mg/L
DQO = 17.811 mg/L
DBO= 7.543 mg/L
DQO / DBO > 2
?
Relação DQO / DBO
Alternativas Tratamentos possíveis
< 2 Biológico convencional (filtros biológicos, lodos ativados convencionais, estabilização por contato, aeração prolongada, lagoas... DQO / DBO afluente ~ DQO / DBO efluente.
>2 1a alternativa: A parte não
biodegradável não é importante do
ponto de vista da poluição.
Tratamento biológico convencional DQO/DBO afluente < DQO/DBO efluente do tratamento.
2a alternativa: A parte não
biodegradável também é
responsável pela poluição.
Hipótese 1: SSV/SV > 0,8 decantação simples, flotação, decantação com alteração de pH, decantação com auxílio de floculantes.
Hipótese 2: SDV/SV > 0,8 adsorção em leitos de carvão ativado, oxidação química, combustão….
Tabela 5. Resumo das interpretações das análises
COT (Carbono Orgânico Total Concentração total
orgânico na amostra de água residuária, sendo fácil e
rapidamente medido através do uso de método
instrumental.
Medida da concentração dos microrganismosA
concentração mássica de MO é avaliada normalmente
pela concentração de sólidos em suspensão voláteis
(SSV) ou Totais (SST) inclui células vivas e mortas,
porém não destruídas por lise + sólidos orgânicos e
inorgânicos não celulares em suspensão.
Processos Biológicos
Os processos biológicos de tratamento de águas residuárias (efluentes) podem ser classificados em: aeróbios (MO utilizam o oxigênio livre como receptor final do hidrogênio); anaeróbios (utilizado o oxigênio ligado a compostos químicos como receptor final do hidrogênio) e facultativos que dão preferência a via aeróbia.
Sistemas aeróbios
Y= 0,30 a 0,51 mg SSV/ mg DBO.
Sistemas anaeróbios
Y= 0,032 A 0,27 mg SSV / DBO.
Processos anaeróbios produtos finais com conteúdo energético (CH4, álcool) fonte energia.
x
Degradação < a dos processo aeróbios, portanto há a necessidade de tratamento aeróbio posterior.
As velocidades de reação dos processos aeróbios são em T°C entre 15-30°C
x
Processos anaeróbios existe a necessidade de aquecimento para se
obter velocidades de reação (exceção para filtros anaeróbios).
• Processo biológico permite, utilizando o metabolismo de microrganismos, reduzir até níveis aceitáveis o teor de orgânicos num efluente resultado= massa decantável de MO, desenvolvidos utilizando a matéria orgânica como fonte de C.
• O metabolismo processo bioquímico (reações de oxidação – redução) que ocorre nos organismos vivos a fim de garantir a energia para os processo de síntese, o movimento e a respiração.
• Equações gerais dos processos de biodegradação são as seguintes:
Síntese:
Orgânicos + O2 + N + P → Novas células + CO2+ H2O + resíduo solúvel não biodegradável.
Respiração:
Células + O2 → CO2 + H20 + N+ P+ Energia+ resíduo celular não biodegradável.
• Equações do metabolismo biológicoOxidação e síntese
Orgânicos + a’O2 + N + P + células a (novas células) + CO2 + H2O + PMSnb
RESPIRAÇÃO ENDÓGENA
b células + b’ O2 → CO2 + H2O+ N+P+ Res. Cel. Não biodegradável + PMSnbOnde: a’ = oxigênio requerido para a remoção de uma unidade de matéria orgânica,
mediante a sua oxidação até produtos finais (mg O2 / mg DBO);a = taxa de conversão da matéria orgânica removida em ovas células pelo
processo de síntese (mg SSV/ mg DBO);b = fração diária de células oxidadas endogeneamente (mg SSV/ mg SSV-dia);b’ = oxigenio requerido para suportar a degradação endógena;K = constante de reação. PMSnb = produto microbiano solúvel não biodegradável.
k
APLICAÇÕES DO TRATAMENTO BIOLÓGICO
REMOÇÃO DE MATÉRIA ORGÂNICA DO EFLUENTE (COLÓIDES E
ORGÂNICOS DISSOLVIDOS);
OXIDAÇÃO DO NITROGÊNIO DA AMONIA ATÉ NITRITOS E NITRATOS
(PROCESSO DE NITRIFICAÇÃO);
CONVERSÃO DOS NITRATOS EM NITORGÊNIO GASOSO (PROCESSO
DE DESNITRIFICAÇÃO);
REMOÇÃO DE P;
ESTABILIZAÇÃO DE LODOS ORGÂNICOS.
• Produtos finais de biodegradação em processos aeróbios e anaeróbios
Processo aeróbio Elemento original
Processo anaeróbio
CO3-2 ← CO2 ←
NO3- ← NO2
- ←NH3 ←
SO4-2 ←
H2O ←
PO4-3
C
N
S
H
P
→ CH4 + CO2
→NH3
→ H2S
→ Subprodutos orgânicos ou NH3
Tratamento Biológico Aeróbio
Em princípio qualquer despejo que apresente DBO maior que algumas dezenas de mg/L.
Mesmo quando DBO (presença de compostos tóxicos) pode ser possível o tratamento aclimatação dos MO.
Requisito + importante: DBO:N:P = 100:5:1
pH do reator: 6-8
Fornecimento de O2: O2 > 2mg/L ar comprimido, de
aeradores superficiais, da fotossíntese realizada por algas de lagoas de estabilização, ou por convecção natural nos filtros biológicos.
Os principais processo aeróbios aplicáveis
no tratamento de resíduos industriais são:
Lodos Ativados
Filtros biológicos
Lagoas aeróbias
Bactérias principais responsáveis pela
decomposição da matéria orgânica
D+ MO papel secundário (clarificação
dos efluentes)
LODOS ATIVADOS Processo biológico + usado atualmente
para estabilizar a matéria orgânica biodegradável de despejos industriais e sanitários.
Sistema no qual a massa biológica cresce e flocula, sendo continuamente recirculada e colocada com a matéria orgânica do despejo líquido em presença de O2.
4-8 h de retenção
25 - 40% lodo separado no decantador
O processo se aplica para esgotos domésticos em mistura ou não com efluentes industriais, e para despejos industriais orgânicos (conc. Máxima de DBO < 2 g DBO/ L).
Eficiência de remoção >95%.
vantagens Desvantagens
Excelente qualidade do efluente obtido Necessidade de controle adequado do processo por pessoal
especializado
Possibilidade de ou tempo de contato Volume do lodo resultante elevado
Variar relação Matéria orgânica / massa MO Consumo elevado de energia
Não aparecimento de moscas
Lodo pode ser estabilizado no próprio tanque de aeração
Pequenos volumes de reatores
Estabilidade do processo
Capacidade de absorver o recebimento de cargas de choque e compostos tóxicos
Microrganismos presentes
Bactérias base do floco do lodo ativado, tanto estrutural
como funcionalmente.
Bactérias formadoras de flocos (estabilização da matéria
orgânica) > bactérias nitiricadoras (NH3→NO-3) >
bactérias filamentosas (formação do bom floco) >
protozoários (clarificação do efluente).
Águas que contêm glicose, sacarose, maltose, lactose…
promovem bom crescimento dos filamentos x águas de
lavanderia, industria têxtile quimicas inibem.
Separação do lodo biológico no decantador é
fundamental para o desempenho do lodo
ativado Teste do Índice Volumétrico do lodo
(IVL) caracteriza a qualidade do lodo.
80-120 mL/g Floco ideal
50- 150 mL/g sem problemas “bulking”
200 mL/g começo de “Bulking”
• causas do aparecimento do bulking no lodo ativado
Deficiência de nutrientes
Baixa concentração de oxigênio
A correção das causas não resolve o problema instantaneamente, pois é preciso aguardar a renovação de todos os MO no sistema necessária a aplicação de métodos corretivos como adição de desinfetantes (Cl e peróxido de hidrogenio)
Requisitos para um bom funcionamento do processo.
O.D. tanque de aeração 1 – 3 mg/L O2
pH tanque de aeração 6-9
DBO:N:P
Ausência de descargas orgânicas e tóxicas.
Construção e dimensionamento
1-) Tanques de aeração
Geralmente retangulares, construídos de concreto,
profundidade de 3-5 m.
2-) Dispositivos de aeração
Aeração por insuflação e aeração por agitadores
superficiais
3-) Decantadores
Decantadores primários na estações de
tratamento sólidos sedimentáveis + consumo
de energia.
4-) Parâmetros para dimensionamento
4.1-) Carga orgânica no lodo ativado expressa em kg de DBO/ kg SSTA dia (sólidos suspensos no tanque de aeração) e variam desde 0,05 kg – 2 kg DBO / kg SSTA.
Lodos ativados com capacidade convencional taxa próximas de 0,3 kg de DBO/ kg de SSTA dia.
4.2-)Tempo de retenção nos tanques de aeração varia entre 4-8 h.
Variantes do processo:
Q0 = vazão de entrada na câmara de aeração
Qw= vazão de saída do sistema
Qr= vazão de recirculação
Existem numerosas modificações na concepçãooriginal do processo de lodos ativados.
• Relação alimento / microganismos (F/M)
F = S0 , mg/mg –dia
M XvtOnde:
S0 = DBO Ou DQO degradável no efluente (alimento), mg/L;
Xv = biomassa (microrganismos) submetidos a aeração, mg/L.
t = tempo de retenção
Representação esquemática do sistema convencional de lodos ativados.
Representação esquemática do sistema de alimentação escalonada.
Representação esquemática do sistema de aeração prolongada.
Representação esquemática do sistema carroussel.
Representação esquemática do sistema valo de oxidação.
• Características das diferentes variantes de sistema de lodo ativado
Processo Carga de orgânicos kg /DBO/dia/m3
Idade do lodo (dias)
F/M
mg/mg-dia
SSLM
mg/L
% remoção
DBO
Lodo ativado convencional
0,4 – 0,8 3 – 8 0,2 – 0,5 1200- 4000 85-90
Lodo ativado de alta velocidade
0,8 – 2,4 1 – 3 0,6 – 1,8 3000 – 5000 60-80
Estabilização por contato
0,5 – 1,1 5- 15 0,2 – 0,5 1000 – 2500*
4000 – 10000**
75-90
Canal de oxidação
- 60 – 90 0, 02 – 0,10 3500 – 5000 90-95
Lodo ativado com oxigenio
2,4 – 4,0 1,5 – 5,5 0,5 – 1,5 4000 – 8000 90--95