BIOTECNOLOGIA E AGRICULTURA NO BRASIL CONTEMPORNEORESUMO: A biotecnologia tem prometido solues a graves problemas enfrentados pela humanidade neste fim de sculo, principalmente no que se refere a agricultura e a sade. Por exemplo, a produo de sementes resistentes a climas e solos adversos ou a produo de remdios para doenas hoje incurveis, principalmente, mas no somente, para os pases em desenvolvimento. Na prtica, porm a euforia substituda pela lgica implacvel do capital: a subsuno total das necessidades humanas a lgica do lucro. Esse texto pretende refletir sobre as consequncias dos avanos tecnolgicos no setor agrcola brasileiro. Ou para sermos mais especficos: em que medida a biotecnologia vem determinando os rumos da agricultura no Brasil no final do sculo XX e limiar do XXI; e qual tem sido o papel do Estado neste contexto. Palavras-chave: agricultura; biotecnologia; Estado.

1. Breve histrico do desenvolvimento tecnolgico O advento do capitalismo e a revoluo industrial no sculo XIX so um marco importante no que diz respeito ao avano tecnolgico alcanado na atualidade. A partir da desencadeiam-se profundas modificaes nas atividades produtivas, que resultam na separao entre as atividades agrcolas e industriais atravs da mecanizao do trabalho. Com a expanso da indstria surgem os grandes centros urbanos com uma crescente populao e uma maior demanda de alimentos, exercendo desta forma presso sobre a agricultura. Os custos da fora de trabalho empregada nas indstrias aumentariam caso a produo de alimentos no seguisse o mesmo ritmo da indstria, dessa forma, a prpria expanso do capital em direo s outras atividades produtivas que no a indstria, como no caso, a agricultura, demanda esforos no sentido de transformao dessas atividades em processos similares queles da atividade industrial(NETO, 1984: 18). neste contexto que a agricultura submetida tambm a um processo de industrializao. Tal processo de industrializao, que ocorre no mbito da agricultura no sculo XIX, teve como fonte principal do progresso tcnico a mecanizao e o desenvolvimento de insumos qumicos e biolgicos ainda em fase introdutria, mas que no se desenvolveram muito devido, principalmente, a inexistncia de um conhecimento cientfico mais slido (NETO, 1984: 20-22). Entretanto, ainda no sculo XIX que so dadas as condies para o desenvolvimento do atual modelo tecnolgico, pois foi neste perodo histrico que se estendeu o processo de mecanizao agrcola; que se deu a criao das instituies cientficas voltadas para a agricultura e que houve a transferncia da hegemonia tecnolgica da Europa para o EUA o qual de certa forma, perdura at os dias de hoje em funo da necessidade de expanso da agricultura deste pas, e do papel que este exerceu nesse processo, principalmente atravs de seus institutos de pesquisa. , porm, na segunda metade do sculo XX que este modelo, cuja hegemonia dos EUA, tendeu a se internacionalizar atravs da chamada Revoluo Verde.

2. A Revoluo verde na agricultura brasileira a partir da dcada de 60 que, no Brasil, transformaes estimuladas e conduzidas pelo Estado comearam a ocorrer no espao rural, com o objetivo de modernizar o setor agrcola objetivando aumentar a oferta de alimentos e de produtos para a exportao e liberar mo-de-obra para ser utilizada pelo setor urbano-industrial (CORDEIRO, et al., 1996: 01). Tais transformaes foram utilizadas dentro dos moldes da chamada Revoluo verde, e implementados pela importao de pacotes tecnolgicos tidos como de aplicao universal, ou seja, tecnologias que foram desenvolvidas para climas temperados e no para ecossistemas tropicais, onde h uma maior diversidade ambiental como o caso do Brasil - e solos bastante diferenciados dos de clima temperado. Os resultados obtidos pela chamada Revoluo verde acabaram desencadeando inmeras polmicas. De um lado, queles que apontam seus avanos, principalmente em funo do aumento da produo de alimentos, citando o caso da ndia, Bangladesh, Indonsia, pases que preocupados com a fome passaram a exportar produtos alimentares (WILKINSON, 1989: 31). E de outro, esto queles que tecem crticas aos seus efeitos que atravs da homogeneizao das prticas produtivas, simplificao do meio atravs da utilizao intensiva de agrotxicos, fertilizantes inorgnicos, motomecanizao, equipamentos pesados de irrigao, variedades e hbridos de alto rendimento, etc., causaram inmeros impactos negativos sobre o meio ambiente e a sociedade; principalmente porque o pas no conseguiu acabar com a fome - tema, alis, bastante atual (CORDEIRO, 1996). 3. Biotecnologia agrcola e as multinacionais. Na atualidade temos presenciado uma corrida biotecnolgica entre os pases industrializados. Os pases do chamado Terceiro Mundo, ou os ditos pases em desenvolvimento, na sua maioria, esto praticamente fora desta corrida (principalmente no que diz respeito ao domnio das tecnologias), mas com certeza no esto excludos dos seus impactos. O que torna muito importante uma reflexo acerca das consequncias desta corrida, principalmente na rea agrcola, ou seja, para o Brasil rural. A biotecnologia em si no nenhuma novidade, pois j era utilizada pelos egpcios na elaborao de cerveja muitos anos antes do nascimento de Cristo. No entanto, As bases fundamentais da moderna biotecnologia agrcola fundamentam-se em duas tcnicas diferentes que foram desenvolvidas e melhoradas pela cincia em dcadas recente: o cultivo de tecidos e as tcnicas de DNA recombinante (HOBBELINK, 1987: 110). Estes mtodos permitem acelerar o trabalho de produo, reduzindo o tempo da obteno de variedades com novas caractersticas, e tambm permite que as barreiras naturais entre as espcies possam ser superadas, ou seja, permite isolar as caractersticas genticas que se deseja, de uma clula, e incorpor-las a outra, melhorando dessa forma a planta. Num primeiro momento a biotecnologia esteve centrada na questo da sade humana e animal, onde se utilizou de microrganismos para a fabricao de

remdios e, tambm, na indstria de processamento de alimentos. Hoje, entretanto, h inmeras possibilidades para o seu uso. Na agricultura ela tem sido utilizada tanto na no setor de insumos (fertilizantes, sementes e agrotxicos), como no processamento de alimentos. A biotecnologia teve origem nos laboratrios das universidades e centros de pesquisas pblicas, no entanto nos dias atuais ela tem sido dominada pelas empresas privadas, fundamentalmente em funo do mercado lucrativo em jogo. Neste mercado somente a agricultura supe 30 bilhes de dlares (HOBBELINK, 1987: 114), onde as gigantes agroqumicas e farmacuticas dominam as pesquisas e o mercado. A evidncia desse domnio fica latente quando observamos os dados estatsticos dos proprietrios de patentes nos EUA, onde os organismos governamentais, as universidades e os indivduos s obtiveram 21% das patentes relacionadas as biotecnologias em 1985, os outros 79% foram para as corporaes. Outro dado importante, que diz respeito ao controle que as transnacionais exercem sobre biotecnologia, o oramento de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) de algumas companhias: transnacionais como Hoffman, LA Roche, Shering-Ploegh, ou Eli Lilly gastam cada uma dela mais de 60 milhes de dlares anuais em P&D de biotecnologia (HOBBELINK, 1987: 118). As empresas tm atuado de diversas maneiras para obterem o controle da nova tecnologia, entre elas algumas bastante proveitosas: a criao de seus prprios centros de pesquisa, integrando as biotecnologias aos interesses da empresa em outros terrenos; outra tem sido a aquisio de pequenas companhias de biotecnologia, como tambm associaes ou parcerias e colaboraes, j que estes centros so especialistas em alguma rea da biotecnologia e, na maioria dos casos, no dispem de dinheiro para grandes projetos. E, finalmente, e talvez a mais proveitosa, a realizao de contratos com universidades e instituies pblicas de pesquisa. Isto tem sido bastante usual na Europa e EUA, onde as transnacionais financiam os projetos e as universidades realizam as pesquisa. No entanto, como observa Hobbelink (1987), estes contratos entre as indstrias e as universidades provocam controvrsias em razo da falta de liberdade acadmica. Como destaca o autor, referindo-se a um contrato entre a Monsanto e a Universidade de Washington no se pode realizar nenhuma pesquisa, a menos que a empresa d sua permisso, e referindo-se tambm a uma doao da Hoechst a um laboratrio biotecnolgico: virtualmente todo o mundo neste laboratrio, um servente da Hoechst (1887: 120). Merece destaque o fato de que so exatamente as corporaes transnacionais que j controlavam os mercados de agrotxicos e frmacos, e que adquiriram o controle das sementes nas dcadas passadas, as que hoje investem ativamente em biotecnologia. E, destaca-se tambm, as diferenas de custos e rentabilidade entre os produtos farmacuticos, agrotxicos e sementes. O desenvolvimento de novas sementes acaba sendo mais barato e mais rpido entre os trs, ficando mais claro o porqu das transnacionais terem se voltado para este setor e o seu interesse pela biotecnologia agrcola. Desta forma, ...a concentrao do controle pelas grandes corporaes est tornando-se rapidamente uma realidade na indstria das sementes comerciais. (...)

bastante certo que... apenas as mais fortes e geis companhias independentes de sementes ou quelas que so subsidirias de multinacionais que possuem seus novos departamento de cincias agrcolas que contaro no futuro (GOODMAN, et. al: 101). Uma possibilidade que a moderna biotecnologia apresenta a capacidade de produzir plantas resistentes a pragas, reduzindo desta forma a dependncia de fertilizantes qumicos nitrogenados; entretanto, a pesquisa biotecnolgica segue na direo oposta, de tornar possvel um aumento da utilizao de herbicidas. Para isso foram realizadas pesquisas para modificar culturas geneticamente com o objetivo de aumentar sua resistncia a doses maiores de herbicidas. Assim, as sementes e os herbicidas, so acasalados pela companhia que os produz. Por exemplo, a Ciba-Geigy intenta de que as suas sementes tolerem os herbicidas dela mesma, entre eles a atrazina (HOBBELINK, 1987: 144). Mas ao analisarmos superficialmente este fato fica difcil compreendermos porque empreender pesquisas com este objetivo se podemos faz-las resistentes s pragas. S uma leitura crtica do modo de produo capitalista e das consequncias da sua produo destrutiva no limiar deste sculo permite a compreenso destas e de inmeras outras prticas destrutivas do capital na sua busca voraz e infinita de acumulao. O fato que este tipo de desenvolvimento biotecnolgico, alm de ser menos complexo e, portanto, mais barato, implica num aprofundamento da dependncia dos pases do chamado Terceiro mundo aos pases imperialistas e as suas respectivas transnacionais, efetivando um mercado bastante vantajoso para estas grandes corporaes. Assim, as inovaes em melhoramentos de plantas representam um importante campo de atuao aprofundando o controle direto do capital industrial sobre a agricultura, e tambm aprofundando a diviso antagnica entre cidade e campo e entre pases desenvolvidos e subdesenvolvidos. Nas ltimas dcadas temos observado um crescente desenvolvimento tecnolgico, principalmente no mbito da informtica e da telemtica, que tem transformado a diviso internacional do trabalho. Com o avano tecnolgico nos pases centrais tem havido uma tendncia substituio de produtos primrios, fornecidos principalmente por pases do Terceiro mundo (subdesenvolvidos), por pases industrializados (desenvolvidos). As ilustraes encontradas na literatura nos falam dos impactos que a biotecnologia tem causado as culturas tradicionais. Na dcada de 80 os Estados Unidos eram responsveis por 36% do comrcio mundial de trigo, 64% de milho, cevada, aveia e sorgo, 40% de soja; 50% das exportaes de cereais nos EUA esto nas mos de duas corporaes: Cargil e Continental. A biotecnologia aplicada a agricultura subordinada aos interesses dos Complexos agroindustriais (Cargil/Monsanto, Novartis/ADM, Philip Morris, ConAgra) demonstram o domnio sobre a produo de alimentos geneticamente modificados (ROSA, 2004: 08). A formao monopolista dos complexos agroindustriais faz letra morta a inteno de aumentar a produo mundial de alimentos para erradicao da

fome. Ao contrrio a biotecnologia est sendo utilizada para eliminar mercados internos e a concorrncia dos produtos alimentares nos mercados internacionais. As agroindstrias transnacionais controlam 80% do comrcio mundial de sementes, 75% dos agroqumicos e os primeiros lugares nas vendas de alimentos transformados. A subordinao da utilizao da biotecnologia aos interesses do capital se agrava com a possibilidade do patenteamento de produtos e processos naturais ou culturais. O estabelecimento de propriedade intelectual sobre os organismos geneticamente modificados confere as grandes corporaes o controle do presente e do futuro da produo mundial de alimentos (ROSA, 2004: 08). 4. A importncia do Estado no desenvolvimento cientfico e tecnolgico sabido que o Estado desempenha importante papel na economia de um pas. Ultimamente as discusses acerca do papel do Estado na economia tm sido em funo da interveno ou no deste na economia. Na mdia assiste-se o empresariado defendendo um Estado que cumpra com determinadas funes sociais, porm com um carter intervencionista e regulatrio bem limitados; elementos que constituem a teoria do Estado mnimo. No entanto, o novo papel do Estado de no interventor, ou o surgimento do paradigma da decadncia do Estado keynesiano, no passam de retrica, pois a interveno estatal no diminuiu, o Estado apenas redirecionou sua interveno (PETRAS, 1997). No cumprindo mais com suas funes sociais, vem transferindo os recursos econmicos da assistncia social dos trabalhadores para subsidiar exportadores. Este tipo de Estado denominado neoliberal tem caracterizado os ltimos anos onde privatizaes, desregulamentao dos direitos trabalhistas e o descaso com as questes sociais tm sido tratado prioritariamente nas agendas governamentais. O Estado brasileiro historicamente sempre esteve vinculado a interesses de grupos particulares que quase sempre estiveram dentro dele -, ao mesmo tempo, que buscou estabelecer suas polticas de acordo com os interesses do capital externo. Sendo assim, no podemos caracteriz-lo ingenuamente como um ente acima dos interesses de classe, mero mediador de conflitos, como normalmente a literatura liberal o faz. Neste sentido, como sugere Graziano Silva (1996), a idia de um Estado portador da racionalidade do capital em geral apenas uma abstrao genrica, afinal o mundo real da poltica econmica o dos capitais individuais, cabendo ao Estado administrar os conflitos que ai surgirem. No entanto, No se pode colocar o Estado apenas como mediador de conflitos de classes e, relativamente, do processo de acumulao. Seria colocar o Estado entre as classes e fora da economia (1996: 58-60). a partir desta leitura que necessrio uma anlise das polticas do Estado na rea de cincia e tecnologia. A importncia que investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) exercem para o desenvolvimento de uma nao to vital que pases como os EUA, por exemplo, devem a maior parte do seu crescimento econmico aos investimentos pblicos e privados em pesquisa, desenvolvimento e inovao.

Na atualidade a vinculao entre o conhecimento cientfico fundamental e tecnologia esto estritamente vinculados, pois cada vez mais a tecnologia industrial de base competitiva, a pesquisa de base, e a pesquisa fundamental orientada tem papel cada vez mais importante, isto fica evidente na biotecnologia onde as cincias da vida esto diretamente vinculadas ao processo industrial (CHESNAIS, 1996: 142). Ou seja, os pases desenvolvidos priorizam os investimentos nas instituies de nvel superior, responsveis no apenas pela formao e qualificao profissional, mas tambm fundamental no mbito do desenvolvimento e Tecnologia. Enquanto isso, no Brasil, a proporo entre cientistas e populao economicamente ativa 18 vezes menor que a dos EUA, 12 vezes menor que Cuba, 3 vezes menor que Argentina, Chile ou Costa Rica (NOVAES, 1999: 02). O fato dos pases desenvolvidos serem tambm os pases de origem das grandes transnacionais, no altera a relao de importncia que as instituies universitrias desempenham no desenvolvimento tecnolgico da nao. Assim, as grandes corporaes passam a financiar linhas de pesquisa de interesses nas instituies universitrias, sem prescindir de seu carter peculiar dentro da sociedade. Refletindo sobre a realidade da Amrica do Sul, o Brasil um dos poucos pases que apresenta um relativo desenvolvimento em Cincia e Tecnologia, desencadeado nas Instituies Federais de Ensino Superior (IFES). Entretanto, este desenvolvimento se apresentou de forma embrionria e j est sendo obstaculizado para ceder lugar aos novos condicionantes tecnolgicos da atualidade. Ou seja, o desenvolvimento de cincia e tecnologia no Brasil, apenas deu seus primeiros passos e j passou a ser alvo de consecutivos cortes oramentrios conjuntamente a uma onda generalizada de impedimentos estruturais. Nestas condies o desenvolvimento cientfico e tecnolgico da nao brasileira alm de estar longe de responder as exigncias econmicas e sociais da modernidade, est caminhando no sentido contrrio, aprofundando o abismo que nos separa da cincia e tecnologia indispensveis para o desenvolvimento humano no limiar do sculo XXI. 5. Consideraes Vimos que o desenvolvimento das biotecnologias possibilita a soluo de alguns problemas enfrentados pelos pases do Terceiro mundo, no entanto, ao contrrio de solues estamos tendo um aprofundamento da dependncia tecnolgica, onde se evidencia uma continuidade das polticas da Revoluo Verde de compra de pacotes tecnolgicos desconsiderando nosso potencial de recursos humanos e naturais. A dependncia tecnolgica aprofunda nossa dependncia econmica, poltica e social, impossibilitando o nosso desenvolvimento autnomo e soberano. Na medida em que as Universidades, os Centros Pblicos de Pesquisa so sucateados, as chances que temos de decidir sobre um desenvolvimento que inclua acabar com a fome, o analfabetismo, a destruio de nossa

biodiversidade, ou seja, que coloque os interesses da maioria do povo brasileiro frente de qualquer deciso e implementao poltica, so cada vez menores. O caminho que a biotecnologia vem seguindo no promete solues queles que realmente precisam. Pases em desenvolvimento vm enfrentando problemas que foram criados, principalmente, devido a modelos de desenvolvimento importados dos pases industrializados, vide o caso da Revoluo Verde, sem indcios de soluo. A agricultura familiar tem sofrido a ausncia de polticas pblicas que lhe d condies de continuar existindo. Nossos solos a cada ano vo tornando-se irrecuperveis, nossa biodiversidade est sendo explorada em nome do capital e no em benefcio da humanidade e o meio ambiente est a deriva da lgica destrutiva do capital. A subordinao do desenvolvimento da biotecnologia aos interesses dos complexos agroindustriais aprofunda a dependncia dos pases subdesenvolvidos e ao mesmo tempo no responde as necessidades de suas populaes nacionais. O Brasil possui a maior biodiversidade do planeta, dimenses continentais, recursos humanos abundantes, elementos fundamentais para um desenvolvimento que possibilite a eliminao do fosso que separa uma minoria rica de uma maioria cada vez mais pobre. Uma das consequncias do subdesenvolvimento a m utilizao dos recursos naturais e humanos, realizados de forma a manter o carter dependente das naes e a continuidade do domnio dos complexos agroindustriais. Os investimentos estatais em Cincia e Tecnologia, em especial no desenvolvimento da biotecnologia, no Brasil e em toda a Amrica Latina devem estar articulados com uma estratgia global de desenvolvimento, capaz de mobilizar todos os fatores de produo no interesse da coletividade, construindo um caminho para a erradicao da fome e da misria. 6. Referncias bibliogrficas ALMEIDA, Luiza Ozrio de (Coord.); et al. Biotecnologia e Agricultura. Perspectivas para o caso brasileiro. Petrpolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1984. CHESNAIS, Franois. A mundializao do capital. So Paulo: Xam, 1996. CORDEIRO, ngela; et. al. A insustentabilidade do modelo de desenvolvimento agrcola brasileiro. In: CORDEIRO, ngela; et. al. Subsdios para a formulao de diretrizes ambientais para o desenvolvimento agrcola. Relatrio apresentado ao Ministrio de Meio Ambiente, 1996. GOODMAN, David; et al. Da lavoura s biotecnologias. Agricultura e indstria no sistema internacional. Rio de Janeiro: Campus, 1990. GRAZIANO SILVA, Jos. A nova dinmica da agricultura brasileira. Campinas: Unicamp- IE, 1996.

HOBBELINK, Henk. Introduo: sobre a esperana e a promessa. In: Biotecnologia, muito alm da Revoluo Verde. Desafio ou desastre? Porto Alegre: Riocel, 1987. MARTINE, George & CASTRO, C. de Moura. Biotecnologia e sociedade: o caso brasileiro. Campinas: Editora da Unicamp; So Paulo: ALMED, 1985. NETO, A. F. Cmara. O processo de modernizao da agricultura. In: OZRIO, A. L. (Coord.). Biotecnologia e Agricultura: perspectivas para o caso brasileiro. Petrpolis: Vozes, 1984. MEZROS, Istevn. Produo destrutiva e estado capitalista. 2 ed. So Paulo: Ensaio, 1989. NOVAES, Washinton. O fosso da cincia. O estado de So Paulo. So Paulo, 11 de junho de 1999. Disponvel em http://www.estado.com.br/jornal/99/07/30/news043.html > Acesso em 05/02/2000. PETRAS, James. Os fundamentos do neoliberalismo. In: RAMPINELLI, Valdir J. & OURIQUES, Nildo D. (Orgs.). No fio da navalha - Crtica das reformas neoliberais de FHC. So Paulo: Xam, 1997, p. 15-38. ROSA, Rui Namorado. O complexo agro-industrial e a alienao da relao do homem com a terra. 30 de Agosto de 2004. Disponvel em http://www.resistir.info/rui/complexo_agro_industrial.html > Acesso em 28/03/2005. WILKINSON, John. O futuro do sistema alimentar. So Paulo: Hucite, 1989. 8. Notas[1] De acordo com SCHESNAIS Em 1998, os pases da OCDE gastaram um total de cerca de 285 bilhes de dlares, em P&D. Desse total, os EUA respondem por quase metade 9138 bilhes de dlares, ou seja, 48,4%), os pases da CEE por pouco mais de um quarto (27,7%), o Japo por 51 bilhes de dlares (17,9%) e o conjunto dos demais pases, por apenas 6% (1996: 141).