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29/10/2012 1 Carmen Angela Guimarães Leal Mestre em Biossegurança - FIOCRUZ Aspectos atuais dos resíduos sólidos urbanos (RSU); Resíduos de Serviços de Saúde (RSS); Legislação; Classificação; Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde; Biossegurança; Relação da Biossegurança com o gerenciamento de RSS, saúde ocupacional e saúde ambiental. Estimativa mundial: 2 a 3 bilhões toneladas/ano (ABES, 2010); Resíduos Sólidos Urbanos (RSU): 65% doenças no Brasil (UFV-MG, 2011); Brasil: 61.936.368 toneladas/ano aumento de 1,8% de 2010-2011 (ABRELPE, 2012); Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) Lei 12.305/2010. Resíduos de serviços de saúde: resíduos hospitalares, biomédicos, médicos, infecciosos ou infectantes, lixo hospitalar; RSS: aumento de 3% ao ano regulamentação mais rigorosa, aumento dos descartáveis; Organização Mundial da Saúde (OMS): 1 a 3% RSS; 0,45% RSS (ABRELPE, 2010); Somente 10% RSS são potencialmente infecciosos (UNEP, 2002). OMS: 18 a 64% dos serviços de saúde não utilizam métodos de disposição adequados para os RSS.

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29/10/2012

1

Carmen Angela Guimarães Leal Mestre em Biossegurança - FIOCRUZ

Aspectos atuais dos resíduos sólidos urbanos (RSU);

Resíduos de Serviços de Saúde (RSS);

Legislação;

Classificação;

Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde;

Biossegurança;

Relação da Biossegurança com o gerenciamento de RSS, saúde ocupacional e saúde ambiental.

Estimativa mundial: 2 a 3 bilhões toneladas/ano (ABES, 2010);

Resíduos Sólidos Urbanos (RSU): 65% doenças no Brasil (UFV-MG, 2011);

Brasil: 61.936.368 toneladas/ano – aumento de 1,8% de 2010-2011 (ABRELPE, 2012);

Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) – Lei 12.305/2010.

Resíduos de serviços de saúde: resíduos hospitalares, biomédicos, médicos, infecciosos ou infectantes, lixo hospitalar;

RSS: aumento de 3% ao ano – regulamentação mais rigorosa, aumento dos descartáveis;

Organização Mundial da Saúde (OMS): 1 a 3% RSS; 0,45% RSS (ABRELPE, 2010);

Somente 10% RSS são potencialmente infecciosos (UNEP, 2002).

OMS: 18 a 64% dos serviços de saúde não utilizam métodos de disposição adequados para os RSS.

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RSS coletados no ano de 2011: 237.658 ton/ano

39,8%

14,5% 4%

11,2%

18 %

12,5% Incineração

Autoclave

Microonda

Vala Séptica

Aterro Sanitário

Lixão

Fonte: ABRELPE, 2012

Trata do gerenciamento sob o prisma da preservação dos recursos naturais e do meio ambiente.

Promove a competência aos órgãos ambientais estaduais e municipais para estabelecerem critérios para o licenciamento ambiental dos sistemas de tratamento e destinação final dos RSS.

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Concentra sua regulação no controle dos processos de segregação, acondicionamento, armazenamento, transporte, tratamento e disposição final.

Estabelece procedimentos operacionais em função dos riscos envolvidos e concentra seu controle na inspeção dos serviços de saúde.

A RDC 306/2004 ANVISA e a Resolução 358/2005 CONAMA discorrem sobre o gerenciamento dos RSS em todas as suas etapas.

Exigem que os resíduos recebam manejo específico, desde a sua geração até a disposição final, definindo as competências e responsabilidades.

Conjunto de procedimentos de gestão, planejados e implementados a partir de bases científicas e técnicas, normativas e legais;

Finalidade de minimizar a produção de resíduos;

Visa proporcionar aos resíduos gerados um encaminhamento seguro e de forma eficiente;

Pretende a proteção dos trabalhadores;

Tem o objetivo de preservar a saúde pública, os recursos naturais e o meio ambiente.

Cuidado anterior: não geração; redução;

Reaproveitamento: reuso; reciclagem; recuperação;

Destruição ambientalmente segura: tratamento prévio e disposição final.

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Serviços de assistência domiciliar e de trabalhos de campo;

Laboratórios analíticos de produtos para saúde;

Necrotérios, funerárias e serviços onde se realizam atividades de embalsamamento;

Serviços de medicina legal;

Drogarias e farmácias, inclusive as de manipulação;

Estabelecimentos de ensino e pesquisa na área de saúde;

Centros de controle de zoonoses;

Distribuidores de produtos farmacêuticos, importadores, distribuidores e produtores de materiais e controles para diagnóstico in vitro;

Unidades móveis de atendimento à saúde;

Serviços de acupuntura;

Serviços de tatuagem, dentre outros similares.

Fonte: www.lixotratado.blogspot.com/2010_09_01_archive.html

Compreende os componentes com possível presença de agentes biológicos que, por suas características de maior virulência ou concentração, podem apresentar risco de infecção.

A1

Culturas e estoques de microrganismos;

Vacinas de microrganismos vivos ou atenuados;

Resíduos de atenção à saúde humana e animal com suspeita ou certeza de contaminação com agentes Classe de Risco IV (elevada periculosidade para o ser humano);

Bolsas transfusionais contendo sangue ou hemocomponentes,

Sobras de laboratórios com sangue ou líquidos corpóreos.

A2

Carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais inoculados com microrganismo sem agentes Classe de Risco IV.

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A3

Peças anatômicas humanas (membros) e produtos de fecundação sem sinais vitais menor que 500 gramas, 25 cm e 20 semanas gestacionais.

A4

Kits de linhas arteriais, endovenosas e dialisadores;

Sobras de amostras de laboratórios contendo fezes, urina e secreções, sem agentes Classe de Risco 4;

Peças anatômicas e resíduos de procedimentos cirúrgicos e outros resíduos sem inoculação de microrganismos.

A5

Órgãos, tecidos, fluídos orgânicos e materiais pérfurocortantes, entre outros, com suspeita ou certeza de contaminação por príons.

Contém substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade.

Ex: medicamentos vencidos ou apreendidos; produtos hormonais e antimicrobianos, citostáticos, antineoplásicos, imunossupressores, digitálicos, imunomoduladores, antiretrovirais; saneantes, desinfetantes e esterilizantes; filmes e soluções radiográficas; reagentes de laboratório; resíduos contendo metais pesados, amálgama odontológico, dentre outros.

Qualquer material resultante de atividades humanas que contenha radionuclídeos, em quantidades superiores aos limites de isenção especificados na norma CNEN NE-6.02 “Licenciamento de Instalações Radiativas”, e para qual a reutilização é imprópria ou não prevista.

Resíduos que não apresentem risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares.

Ex.: sobras de alimentos; restos de tecido, materiais de escritório, resíduos recicláveis (papel, papelão, vidro, metal, plástico etc), resíduos de gesso, rejeitos sanitários (fralda descartável, papel higiênico, papel toalha), entre outros.

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Grupo constituído por materiais pérfurocortantes, como objetos e instrumentos contendo cantos, bordas, pontos ou protuberâncias rígidas e agudas capazes de cortar e/ou perfurar.

Ex.: agulhas, escalpes, ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas, pontas diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas; tubos capilares; micropipetas; lâminas e lamínulas; espátulas; todos os utensílios de vidro quebrados no laboratório (pipetas, tubos de coleta sanguínea e placas de Petri), lâminas de barbear e outros similares.

RSS: tratados especialmente; atuação conjunta: institucional, municipal, estadual e federal;

O gerenciamento dos RSS é responsabilidade de seus próprios geradores;

Órgãos públicos: gestão, regulamentação e fiscalização;

Estabelecimento gerador: implantação de um Programa de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS).

Regulamento Técnico: diretrizes aplicáveis a todos os geradores para elaboração do PGRSS (RDC 306/2004 ANVISA):

Segregação;

Acondicionamento;

Identificação;

Transporte Interno;

Armazenamento Temporário;

Tratamento;

Armazenamento Externo;

Coleta e Transporte externos;

Disposição Final.

Minimização na geração dos resíduos;

Uso de EPI (luvas borracha, avental, máscara, óculos);

Características físicas, químicas, biológicas, estado físico e risco envolvido.

RSS grupos A, B, D e E (RDC 306/2004 ANVISA; Res. 358/2005 CONAMA);

Grupo C: CNEN NE-6.05/1985 - Gerência de Rejeitos Radioativos em Instalações Radiativas;

Uma das etapas mais importantes.

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Características físico-químicas, periculosidade, compatibilidade e destinação final dos resíduos;

Orgânicos/inorgânicos; sólidos, semisólidos ou líquidos; ácidos/alcalinos; tóxicos, reativos, patogênicos ou inflamáveis; com metais pesados, organoclorados, mercúrio ou outros;

NBR 10.004/2004: resíduos Classe I – perigosos e Classe II – não perigosos;

Resíduos Classe I: uma das cinco características: toxicidade, reatividade, inflamabilidade, corrosividade e patogenicidade;

Resíduos Classe II não inertes (Classe II A) ou inertes (Classe II B).

Propriedades químicas : rótulos (frases de risco e segurança, pictogramas e códigos de acordo com a NBR 7.500 da ABNT);

Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos (FISPQ) - NBR 14.725 da ABNT;

Catálogos de produtos químicos.

Segregação da embalagem primária;

Recipiente em bandeja de material inquebrantável, profunda o suficiente, caso haja vazamento;

Inventário: classificação, quantidade, periculosidade;

Nunca com outros grupos de RSS;

Segregação para reciclagem: soluções radiográficas reveladora e fixadora; filme radiográfico; amálgama odontológico.

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No local de geração, considerando:

Forma física (sólido, líquido ou gasoso);

Meia-vida curta (< 60 dias): armazenamento temporário no estabelecimento;

Meia vida longa (> 60 dias): entrega aos institutos da CNEN ou empresa especializada (tratamento e disposição final);

Compactáveis ou não compactáveis;

Orgânicos ou inorgânicos;

Putrecíveis e/ou patogênicos;

Outras características (explosividade, combustibilidade, inflamabilidade, piroforicidade, corrosividade e toxicidade química).

Rejeitos líquidos: solvente - aquoso/orgânico;

Rejeitos sólidos: lixo contaminado em geral, frasco original do radionuclídeo, resíduo biológico;

Rejeitos gasosos: caso a caso, conforme a comissão local e a CNEN;

Todos os rejeitos gerados, armazenados e eliminados devem ser registrados no formulário “Controle de Variações do Inventário de Radionuclídeos” (Anexo C – NE-6.05 CNEN)

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Recipientes/sacos (NBR 9191/2000 ABNT): evitem vazamentos, impermeáveis, resistentes à puncturas e rupturas;

Capacidade compatível com a geração diária;

Recipientes de material lavável, resistente à punctura e vazamento, tampa sem contato manual, cantos arredondados, resistente à tombamentos;

Resíduos líquidos: material compatível, resistente, rígidos e estanques, tampa rosqueada e vedante.

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Sacos de acondicionamento, recipientes de coleta interna e externa, recipientes de transporte interno e externo, locais de armazenamento;

Local de fácil visualização, símbolos de risco específico (NBR 7500/2003 ABNT), cores, frases, identificação do conteúdo.

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Roteiro previamente definido; horários (roupas, alimentos e medicamentos, períodos de visita, maior fluxo de pessoas ou atividades);

Separadamente de acordo com o grupo de RSS;

Material rígido, lavável, impermeável, tampa articulada, cantos e bordas arredondadas, símbolo correspondente;

Recipientes > 400 l – válvula de dreno.

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Local próximo à geração (otimização) - sala exclusiva: “Sala de Resíduos”;

Conservação dos sacos em recipientes próprios;

Pisos e paredes lisas e laváveis; área suficiente para dois recipientes coletores - área mínima de 2m2;

Dispensável: distância da área geradora próxima do ponto de armazenamento externo.

Guarda dos recipientes à coleta externa ou tratamento;

Acesso facilitado para os veículos coletores;

Manutenção dos sacos dentro dos recipientes;

Local exclusivo e identificado – “Abrigo de Resíduos”;

Construção com especificações mínimas: pisos e paredes lisas e laváveis, abertura alta e telada para ventilação e evitar vetores; dreno para escoamento da água diretamente para o esgoto; cadeado externo etc.

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Retirada dos resíduos do armazenamento externo para o tratamento ou disposição final;

Veículos grandes ou pequenos;

Preservação das condições de acondicionamento, integridade de trabalhadores, população e meio ambiente;

Normas NBR 12.810 (coleta de RSS) e 14.652 ABNT (coletor-transportador);

Rejeito Radioativo – meia vida > 60 dias: transporte obedece norma específica – NE-5.01 CNEN, exigências do MT e IBAMA, motorista habilitado, acondicionamento em recipientes adequados (tipo de radionuclídeo, atividade e forma física) e sinalizados; medidos taxa de exposição na superfície e a 1 metro.

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Modificação das características dos riscos dos RSS: redução ou eliminação de risco de contaminação, acidentes ocupacionais e dano ao meio ambiente;

No próprio estabelecimento gerador ou outro;

Incineração, autoclave, microondas, desinfecção química, pirólise, radiação ionizante, queimador elétrico, tocha de plasma.

Tratamento parcial ou esterilizante: no próprio estabelecimento; principalmente grupos A1 e A2; autoclavagem, desinfecção química, irradiação; microondas;

Tratamento completo: geralmente empresas terceirizadas; tratamento térmico (800 a 1.200 °C); incinerador, queimador elétrico, tocha de plasma.

Local que obedeça normas técnicas de construção e operação;

Licenciado em órgão ambiental competente (CONAMA 237/1997);

Aterro sanitário, aterro de resíduos perigosos Classe I (resíduos industriais), valas sépticas, aterros controlados, lixão ou vazadouro.

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Aterro sanitário: áreas previamente preparadas; menor impacto ambiental: solo impermeabilizado, controle de efluente líquido, emissão de gases, resíduos em camadas no solo, recobrimento diário com 20 cm2 de solo;

Aterro de resíduos perigosos Classe I: quase o mesmo processo do aterro sanitário, com técnicas de engenharia apropriadas para disposição de resíduos químicos (grupo B) no solo;

Valas sépticas: valas escavadas e impermeabilizadas, em tamanho proporcional aos resíduos a serem aterrados; resíduos podem ser dispostos sem compactação, ao final do dia é coberto com terra; baixo custo; pequenos municípios;

Aterro controlado: lixão melhorado; resíduos descarregados diretamente no solo e recobertos diariamente;

Lixão ou vazadouro: método inadequado, não há preparo do solo para a disposição dos resíduos.

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“O conjunto de saberes direcionados para ações de prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes às atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços, as quais possam comprometer a saúde do homem, dos animais, das plantas e do meio ambiente ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos." (MANUAL DE BIOSSEGURANÇA DA FIOCRUZ).

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Anos 70 – procedimentos de manipulação de engenharia genética, manipulação de patógenos – proteção dos pesquisadores aos agentes de risco biológico;

Anos 80/90 – vírus AIDS (HIV): cuidados nos serviços de saúde (esterilização, uso único, descartáveis etc);

Lei de Biossegurança: 11.105/2005: normas de fiscalização e segurança (OGMs) e derivados, cria o CNBS, reestrutura a CTNBio e dispõe sobre a Política Nacional de Biossegurança;

Atualmente: abrange todos os riscos; atuação em várias frentes; ações educativas.

Normas Regulamentadoras (NR) do Ministério do Trabalho e

Emprego (MTE):

NR 05: Comissão Interna de Prevenção de Acidentes;

NR 06: Equipamentos de Proteção Individual;

NR 07: Programas de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO);

NR 09: Programas de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA);

NR 15: Atividades e Operações Insalubres;

NR 17: Ergonomia;

NR 32: Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde.

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Riscos biológicos;

Riscos químicos;

Riscos físicos (radiação);

Riscos de acidentes;

Riscos ergonômicos/psicossociais.

Imunização (hepatite B, tríplice viral, dupla bacteriana, tuberculose etc);

Uso de EPI conforme o procedimento de descarte de resíduos;

Lavagem de mãos após manuseio de qualquer resíduo;

Não reencapar agulhas;

Fazer as refeições/comer em ambientes próprios (refeitórios etc);

Descarte correto: grupos de resíduos – recipientes corretos;

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Qualidade

Imagens:www.google.com.br;

Leal CAG. Estudo da percepção do profissional quanto a Biossegurança no gerenciamento de resíduos odontológicos no município de Valença, RJ. Dissertação de Mestrado, IPEC-FIOCRUZ, 2012;

RDC 306/2005 ANVISA/MS;

Resolução 358/2005 CONAMA/MMA;

NE-6.05/1985 CNEN;

NRs do Ministério do Trabalho e Emprego;

Manual de Biossegurança da Fiocruz;

Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais - ABRELPE. Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil [acesso em: 23 set 2012] Disponível em: www.abrelpe.org.br/panorama_apresentacao.cfm