biosseguranÇa: do conhecimento À prÁtica entre ... e biologicas... · biosseguranÇa: do...

16

Click here to load reader

Upload: hoangkiet

Post on 07-Nov-2018

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: BIOSSEGURANÇA: DO CONHECIMENTO À PRÁTICA ENTRE ... E BIOLOGICAS... · BIOSSEGURANÇA: DO CONHECIMENTO À PRÁTICA ENTRE PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM Geovane Resende Silva - Enfermeiro,

BIOSSEGURANÇA: DO CONHECIMENTO À PRÁTICA ENTRE

PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM

Geovane Resende Silva - Enfermeiro, Especialização em Vigilância Sanitária pela

Universidade Católica de Goiás / IFAR – Turma 9. E-mail: [email protected]

Dr. Pedro Canisio Binsfeld – Orientador, Pós-Doutor em Biotecnologia e Biossegurança.

Docente do Programa de Pós-Graduação em Vigilância Sanitária pelo Instituto de Estudos

Farmacêuticos e Universidade Católica de Goiás, GO. E-mail: [email protected]

RESUMO

Com o presente estudo realizou-se o levantamento da produção científica em Enfermagem relacionada à

biossegurança, visando conhecer os riscos a que os profissionais de Enfermagem estão expostos, assim como,

identificar o nível de conhecimento de biossegurança, as práticas adotadas no exercício profissional e os

principais acidentes ocupacionais. A partir da análise dos artigos, destacam-se os seguintes indicadores: (i)

Principais riscos biológicos para profissionais de Enfermagem, (ii) Nível de conhecimento em biossegurança de

profissionais de Enfermagem, (iii) Práticas de biossegurança adotadas entre os profissionais de Enfermagem e

(iv) Principais acidentes com material biológico entre profissionais de Enfermagem. Concluiu-se que os

profissionais de Enfermagem estão expostos a diversos agentes, inclusive biológicos; no tocante ao

conhecimento de Biossegurança, a maior parte da produção científica está relacionada à exposição a agentes

biológicos; não há abrangência suficiente do conteúdo sobre biossegurança nos currículos de formação destes

profissionais e são frequentes acidentes biológicos com a categoria, principalmente percutâneos. Sugere-se que a

biossegurança deve ser objeto de políticas públicas mais intensas; as instituições de saúde devem trabalhar com

programas de prevenção e educação permanente; e que o tema seja obrigatoriamente incorporado aos currículos

de graduação e cursos técnicos de Enfermagem e haja desenvolvimento de novos estudos na área.

Palavras-chave: Risco biológico, unidades de saúde, profissionais da saúde, agentes de risco

ABSTRACT This paper examines the scientific output in Nursing related to biosecurity, aiming to learn the risks to which

Nursing professionals are exposed, as well as to identify the biosecurity knowledge level, the adopted techniques

in the professional practice an the most common work accidents. The following indicators can be pointed out

from the analysis of the papers: (i) Main bilological risks for Nursing professionals, (ii) Biosecurity knowledge

of Nursing professionals, (iii) Biosecurity practices adopted by Nursing professionals and (iv) Most common

biological material accidents of Nursing professionals. The study shows that Nursing professionals are exposed

to various agents, among them biological ones; with regard to biosecurity knowledge, most of the scientific

output addresses biological agent exposure; the curricula of Nursing courses do not address the issue of

biosecurity in the necessary depth and there are frequent biological accidents among nurses, especially of the

percutaneous type. It is suggested that more focused public policies should deal with the issue, that health

institutions should have permanent prevention and training programs in place, that biosecurity should necessarily

be part of the curricula of Bachelor and technical degree courses in Nursing and that new studies dealing with

biosecurity should be encouraged.

Keywords: Biological risk, health care units, health professionals, risk agents

Page 2: BIOSSEGURANÇA: DO CONHECIMENTO À PRÁTICA ENTRE ... E BIOLOGICAS... · BIOSSEGURANÇA: DO CONHECIMENTO À PRÁTICA ENTRE PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM Geovane Resende Silva - Enfermeiro,

1. INTRODUÇÃO

A necessidade de biossegurança ficou mais evidente a partir do recrudescimento das

doenças transmissíveis e com a preocupação inicial voltada aos profissionais de saúde, em

especial aos profissionais de laboratórios, sendo que esse enfoque no risco biológico de

laboratórios é uma lógica que perdura até os dias atuais (Andrade; Sanna, 2007).

Biossegurança é uma expressão resultante da junção de bio+segurança que denota

segurança biológica. Segundo o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, biossegurança é

definida como: o conjunto de estudos e procedimentos que visam a evitar ou controlar os

eventuais problemas suscitados por pesquisas biológicas ou por suas aplicações. Já, para a

Comissão de Biossegurança em Saúde (CBS) do Ministério da Saúde (MS), biossegurança é

um conjunto de medidas e procedimentos técnicos necessários para a manipulação de

agentes e materiais biológicos capazes de prevenir, reduzir, controlar ou eliminar riscos

inerentes às atividades que possam comprometer a saúde humana, animal, vegetal e o meio

ambiente (Brasil, 2010).

A área da biossegurança é relativamente nova e vem ganhando espaço no cenário da

saúde, com o advento de epidemias causadas pela Síndrome de Imunodeficiência Adquirida

(AIDS), na década de 80, e a ocorrência de contaminações pelo vírus do HIV devido

acidentes de trabalho, a partir dos quais houve maior preocupação sobre a necessidade de se

evitar riscos aos trabalhadores, e adotar práticas de biossegurança (Vieira; Padilha, 2008).

Na década de 80, foram implementadas pelo CDC (Center for Disease Control and

Prevention) ações profiláticas para trabalhadores da saúde, expostos ao material biológico

(Garcia; Zanetti-Ramos, 2004). As orientações constituíram-se as Precauções Universais

(Andrade; Sanna, 2007). Mais tarde, baseado em considerações do CDC, as Precauções

Padrão incorporaram as Precauções Universais e o Isolamento para substâncias corpóreas,

ampliando-as. Também surgiram as precauções baseadas na transmissão: Precauções aéreas,

Precauções por gotículas e Precauções por contato. Estas constituem medidas adicionais às

Precauções Padrão e são aplicadas quando existem indivíduos infectados ou suspeitos com

patógenos altamente transmissíveis ou epidemiologicamente importantes (Nichiata et al,

2004).

No Brasil, a biossegurança tem seu respaldo legal na Lei 11.105/2005 (Brasil, 2005),

que trata sobre normas e mecanismos de segurança relacionados aos organismos

geneticamente modificados (OGMs). Porém, a biossegurança tem abrangência muito mais

ampla, envolvendo além dos OGMs todos os organismos não geneticamente modificados e as

Page 3: BIOSSEGURANÇA: DO CONHECIMENTO À PRÁTICA ENTRE ... E BIOLOGICAS... · BIOSSEGURANÇA: DO CONHECIMENTO À PRÁTICA ENTRE PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM Geovane Resende Silva - Enfermeiro,

relações com a promoção de saúde nos ambientes ou unidades de saúde, no meio ambiente e

na comunidade (Garcia; Zanetti-Ramos, 2004).

Na área da saúde, pode-se observar um grande número de riscos ocupacionais,

principalmente ao considerar-se que o hospital é o principal meio de trabalho dos

profissionais que atuam nessa área. Assim, a adoção de normas de biossegurança no trabalho

em saúde é condição fundamental para a segurança dos trabalhadores (Andrade; Sanna,

2007).

Quanto aos profissionais da saúde, a equipe de Enfermagem é uma das principais

categorias sujeitas a exposições a material biológico (Nichiata et al, 2004). A elevada

exposição relaciona-se com o fato de ser o maior grupo nos serviços de saúde e ter mais

contato direto na assistência aos clientes, e também com o tipo e a frequência de

procedimentos realizados (Pinheiro; Zeitoune, 2008).

Os profissionais de Enfermagem no seu ambiente laboral podem expor-se a inúmeros

patógenos. Em meio a um verdadeiro “campo minado de riscos”, pode-se citar os vírus das

hepatites B e C, HIV, HTLV (Vírus Linfotrópico da Célula Humana), príons, vírus da

influenza e Mycobacterium tuberculosis. Além de elementos radioativos e uma variedade de

substâncias químicas, como antineoplásicos, antimicrobianos, imussopressores e

desinfetantes.

Com este intuito, desenvolveu-se este estudo visando compreender a atuação dos

profissionais de Enfermagem frente à biossegurança. O trabalho se justifica pela convivência

permanente dos profissionais de Enfermagem com diversos riscos no ambiente de trabalho e a

necessidade de aprofundar a temática por meio de pesquisas. Dessa forma, este artigo poderá

contribuir na medida em que compila relevantes informações que podem subsidiar ações

práticas para a melhora da qualidade de trabalho da categoria profissional e,

consequentemente, contribuir para a melhoria dos resultados dos serviços prestados por estes

profissionais e, ainda, identificar lacunas para futuros estudos. Assim, o principal objetivo foi

analisar informações sobre diversos indicadores que estudiosos publicaram relacionados às

práticas de biossegurança nas atividades dos profissionais de Enfermagem, assim como,

compilar e dar conhecimentos sobre os riscos a que os profissionais de Enfermagem estão

expostos; o nível de conhecimento em biossegurança; as práticas de biossegurança adotadas e

os principais acidentes com material biológico entre os profissionais de Enfermagem.

Page 4: BIOSSEGURANÇA: DO CONHECIMENTO À PRÁTICA ENTRE ... E BIOLOGICAS... · BIOSSEGURANÇA: DO CONHECIMENTO À PRÁTICA ENTRE PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM Geovane Resende Silva - Enfermeiro,

2. METODOLOGIA

O presente trabalho consiste em um estudo de revisão bibliográfica de artigos

publicados em revistas científicas cujo objetivo é analisar a atuação dos profissionais de

Enfermagem em relação à biossegurança.

A pesquisa foi realizada no período de janeiro a agosto de 2012, nas seguintes bases

de dados: LILACS (Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde),

MEDLINE (Sistema Online de Busca e Análise de Literatura Médica) e SciELO (Biblioteca

Científica Eletrônica em Linha). Para isso se utilizou as palavras chaves “biossegurança e

Enfermagem” e “atuação profissional em Enfermagem” associado às outras palavras.

A partir desta primeira fase foram encontradas 34 produções científicas.

Posteriormente, procedeu-se a leitura do resumo dos artigos dos quais selecionou-se para a

pesquisa 23 artigos que contemplavam de maneira direta a atuação dos profissionais de

Enfermagem (enfermeiros, técnicos de Enfermagem ou auxiliares de Enfermagem) frente à

biossegurança.

A partir da leitura e análise dos artigos, agrupou-se por semelhança e contextualização

os seguintes indicadores: (i) Principais riscos biológicos para profissionais de Enfermagem,

(ii) Nível de conhecimento em biossegurança de profissionais de Enfermagem, (iii) Práticas

de biossegurança adotadas entre os profissionais de Enfermagem e (iv) Principais acidentes

com material biológico entre profissionais de Enfermagem.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

O conhecimento, a análise e a identificação dos riscos biológicos envolvidos em

unidades de saúde permitem aos profissionais a adoção de técnicas e práticas como medidas

de contenção proporcionando ambientes mais saudáveis para profissionais e pacientes. Sob

esta ótica estão apresentadas as subunidades na qual se discute a biossegurança desde a

percepção dos riscos às efetivas ações práticas dos profissionais de Enfermagem.

3.1. Principais riscos biológicos para profissionais da Enfermagem

Os profissionais da área de Enfermagem estão expostos a diversos riscos, entre os

quais citam-se: químicos, físicos, ergonômicos, psicossociais e, acrescidos daqueles,

representados por agentes biológicos, uma vez que se expõe constantemente ao contato

Page 5: BIOSSEGURANÇA: DO CONHECIMENTO À PRÁTICA ENTRE ... E BIOLOGICAS... · BIOSSEGURANÇA: DO CONHECIMENTO À PRÁTICA ENTRE PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM Geovane Resende Silva - Enfermeiro,

com sangue e outros fluídos orgânicos contaminados por uma variedade imensa de patógenos

causadores de enfermidades ou doenças ocupacionais (Andrade; Sanna, 2007; Valle et al,

2008).

A preocupação com riscos biológicos surgiu a partir da constatação dos agravos à

saúde dos profissionais que exerciam atividades em laboratórios onde se manipulava

microrganismos e material clínico desde o início dos anos 40. Para profissionais que atuam

na área clínica, entretanto, somente a partir da epidemia da AIDS, nos anos 80, que as práticas

e regras de biossegurança começaram a ser entendidas como necessárias para a segurança do

paciente e do profissional nas unidades de saúde (Andrade; Sanna, 2007; Valle et al, 2008).

Estudos apontam que a maioria dos casos de contaminação pelo HIV no mundo por

acidente de trabalho (mais de 70% dos casos comprovados e 43% dos prováveis), envolveram

a categoria de Enfermagem e dos profissionais dos laboratórios de análises clínicas. Estes

profissionais são responsáveis por grande parte dos procedimentos que envolvem material

perfurocortante nos serviços de saúde (Andrade; Sanna, 2007; Valle et al, 2008). Os artigos pesquisados no presente trabalho, em sua maioria, apresentam os riscos

biológicos a que a equipe de Enfermagem está exposta, relacionados aos agentes biológicos

com potencial patogênico, principalmente associado ao vírus do HIV e da hepatite B.

Entretanto, há vários outros agentes de importância primária que representam riscos aos

profissionais da saúde, como se pode observar na Tabela 1 (Andrade; Sanna, 2007; Valle et

al, 2008).

Em diversas publicações observa-se a alta incidência de profissionais da Enfermagem

envolvidos com acidentes ocupacionais como, por exemplo, na publicação do Boletim

Epidemiológico do Estado de São Paulo, segundo o qual foram notificados 5.391 acidentes

ocupacionais com material biológico entre janeiro/1999 e outubro/2003, dos quais 60,6%

envolviam profissionais de Enfermagem, seguidos dos profissionais da limpeza (8,9%) e dos

médicos (6,8%), além de outros profissionais em percentagens menores (Andrade; Sanna,

2007).

Estudo realizado na macrorregião de Florianópolis sobre acidentes de trabalho com

exposição a material biológico também confirma que a categoria mais afetada é a dos

profissionais de Enfermagem, com aproximadamente 50% dos acidentes registrados. Dentre

estes profissionais, 38,26% eram técnicos de enfermagem, 7,83% auxiliares de enfermagem e

3,48% enfermeiros (Vieira; Padilha; Pinheiro, 2011).

Page 6: BIOSSEGURANÇA: DO CONHECIMENTO À PRÁTICA ENTRE ... E BIOLOGICAS... · BIOSSEGURANÇA: DO CONHECIMENTO À PRÁTICA ENTRE PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM Geovane Resende Silva - Enfermeiro,

Tabela 1. Síntese dos principais patógenos ou agravos para a saúde presentes nas atividades

do dia-a-dia dos profissionais de Enfermagem.

Patógenos/Agravo

Características/Preocupações

HIV/AIDS

O relatório global sobre HIV/AIDS de 2012, indica que 34,2 milhões de

pessoas vivem com HIV no mundo, e com mais de 7 mil novas infecções por

dia, motivo pelo qual há grandes preocupações entre os profissionais da

Enfermagem.

Hepatite B

O risco de contaminação com o vírus da hepatite B é aproximadamente 100

vezes maior do que o risco de soroconversão pelo HIV e 10 vezes maior do

que o risco para o vírus da Hepatite C.

Hepatite C

Mais de 180 milhões de pessoas no mundo são portadores crônicos do vírus

da hepatite C. E o risco de transmissão do vírus ocorre em exposições

percutâneas ou mucosas envolvendo sangue ou qualquer outro material

biológico contendo sangue. O risco estimado após exposições percutâneas é

de 1,8 a 3%.

Vírus da Influenza

Os vírus da influenza são altamente transmissíveis e podem sofrer mutações.

São conhecidos três tipos de vírus da influenza: A, B e C. O tipo A é o mais

mutável entre os três. As epidemias e as pandemias geralmente estão

associadas ao vírus do tipo A. Os profissionais estão muito expostos.

Tuberculose

No Brasil é elevado o número de casos de tuberculose notificados o que

propicia um contato frequente dos profissionais da área de saúde com a

doença. Em diversos estudos nacionais foi evidenciada uma elevada

prevalência de infecção tuberculosa entre os profissionais de saúde, superior

à da população geral.

Outros

O Brasil por ser um país continental possui inúmeros agentes biológicos de

importância para a saúde e que evidencia a necessidade de condições de

biossegurança. Estes agentes foram classificados em publicação do

Ministério da Saúde, denominada “Classificação de risco dos agentes

biológico, Brasil, 2010a”.

Fonte: Brasil., 2010a e UNAIDS, 2012.

Dados dos EUA apontam que 1.200 profissionais que trabalham na área de saúde são

infectados por ano (Pinheiro; Zeitoune, 2008). Observa-se também que a incidência de

Hepatite B, por exemplo, é muito mais comum em profissionais de saúde do que na

população em geral (Pinheiro; Zeitoune, 2008; Soriano et al, 2008).

Já em relação ao vírus do HIV, o risco de contaminação está sempre presente, e gira

em torno de 0,3% após exposição percutânea ao sangue contaminado, podendo chegar a 1 ou

2% no caso dos cirurgiões e trabalhadores de serviços de emergência. A situação é ainda mais

alarmante no caso da hepatite B, pois o risco da aquisição do vírus é estimado em até 30%,

quando nenhuma medida profilática é adotada (Gir et al, 2004).

Pesquisas revelam que a exposição do profissional de Enfermagem a riscos biológicos,

abrange desde a atenção básica (Farias; Gollner, 2005) até a assistência em uma unidade de

terapia intensiva (Rabelo; Vieira; Silva, 2002; Correa; Donato, 2007). Apesar da variedade

imensa de patógenos desencadeadores de doença, as principais são: AIDS, Hepatites B e C,

Page 7: BIOSSEGURANÇA: DO CONHECIMENTO À PRÁTICA ENTRE ... E BIOLOGICAS... · BIOSSEGURANÇA: DO CONHECIMENTO À PRÁTICA ENTRE PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM Geovane Resende Silva - Enfermeiro,

vírus da influenza e tuberculose; todas tendo como meio de contaminação o contato do

indivíduo com o sangue e secreções através de acidentes com perfurocortantes ou por

respingos do líquido contaminado em mucosas ou pele lesadas ou ainda particulados.

3.2. Nível de conhecimento em biossegurança de profissionais de Enfermagem

O conhecimento em biossegurança mede-se também pela produção científica na área.

Neste sentido, uma análise para avaliar a produção científica de Enfermagem na área de

biossegurança, na base de dados LILACS, demonstrou que exposição a agentes biológicos

(56%), acidentes de trabalho (26%), Saúde do trabalhador (26%) e Enfermagem do trabalho

(26%), são os temas sobre os quais mais se publica, servindo como indicador de interesse e

conhecimento, sendo estes seguidos por riscos ocupacionais, profissionais de saúde,

equipamentos de proteção e prevenção de acidentes, sendo estes os 8 temas principais sobre

os quais tem maior número de publicações relacionadas à biossegurança em Enfermagem

(Figura 1). A base de dados LILACS é uma base de dados que é sinônimo de qualidade e

credibilidade na área de saúde.

Figura 1. Representação diagramática dos assuntos de biossegurança com maior número de

publicações na área de Enfermagem (modificado a partir de Gomes, 2011).

Page 8: BIOSSEGURANÇA: DO CONHECIMENTO À PRÁTICA ENTRE ... E BIOLOGICAS... · BIOSSEGURANÇA: DO CONHECIMENTO À PRÁTICA ENTRE PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM Geovane Resende Silva - Enfermeiro,

Do ponto de vista de formação de recursos humanos, a educação formal em

biossegurança não está (de forma geral) inserida nas grades curriculares de formação dos

profissionais de Enfermagem. Como consequência, apesar dos esforços pontuais para inclusão

deste tema no nível superior, ainda existe um grande abismo entre a magnitude do problema e

a formação e capacitação de recursos humanos para a prática profissional segura (Andrade;

Sanna, 2007).

Essa lacuna de formação do profissional implica consequentemente em deficiência nas

ações do enfermeiro, no que tange a sua sensibilização para medidas de biossegurança na

prática. Pois, a deficiência nos currículos dos cursos de graduação em Enfermagem a este

conteúdo é comum, sendo em sua maioria, o assunto somente abordado de forma sucinta, em

programas e cargas horárias diferentes, resultando em conhecimento limitado e por vezes

desconexo (Vieira; Padilha; Pinheiro, 2011).

A formação do profissional de saúde ainda é especialmente voltada somente para

cuidados dirigidos aos pacientes, enquanto que o autocuidado é ainda em muitos casos

negligenciado ou não há a percepção apropriada para este aspecto (Pinheiro; Zeitoune, 2008).

Há muitos esforços em promover atualizações em matérias de biossegurança. Acredita-se que

muitos profissionais com muitos anos de formação não têm ou não tiveram acesso a

informações necessárias para a atuação de forma que os mesmos estejam protegidos e também

protejam o paciente (Gryschek et al, 2000).

Este cenário pode ser verificado em um estudo realizado em um hospital do município

do Rio de Janeiro sobre conhecimentos e medidas de biossegurança e a saúde do trabalhador

de Enfermagem relacionada à Hepatite B, o qual revelou que a maioria dos profissionais de

Enfermagem desconhece as formas de transmissão da hepatite B; outro grupo significativo de

profissionais de Enfermagem não havia recebido treinamento de como proceder caso

houvesse um acidente com material perfurocortante; o conhecimento das medidas de

biossegurança não estava presente em toda equipe, e, por desconhecer, não usavam as

medidas de forma rotineira. Neste caso, os profissionais são vulneráveis e expostos ao risco

de contrair a hepatite B caso ocorra acidente com material perfurocortante (Pinheiro;

Zeitoune, 2008).

Estudos sobre o conhecimento dos trabalhadores de saúde relativo aos riscos à sua

saúde pelo exercício de suas atividades mostra apenas um conhecimento genérico. Além

disso, verifica-se que o conhecimento demonstrado é fruto da prática cotidiana, e não oriundo

da existência de uma orientação ou serviço de saúde ocupacional na instituição. Este

Page 9: BIOSSEGURANÇA: DO CONHECIMENTO À PRÁTICA ENTRE ... E BIOLOGICAS... · BIOSSEGURANÇA: DO CONHECIMENTO À PRÁTICA ENTRE PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM Geovane Resende Silva - Enfermeiro,

conhecimento, entretanto, não se transforma numa ação segura de prevenção de acidentes e

doenças ocupacionais (Pinheiro; Zeitoune, 2008).

Quando se trata de HIV, um estudo aponta que as necessidades de qualificação da

equipe de Enfermagem são a biossegurança, preparo e administração de medicamentos

específicos e assistência de Enfermagem aos pacientes com HIV/AIDS (Gryschek et al,

2000).

Interessante destacar que os estudos são unânimes e apontam em primeiro lugar a

necessidade de ter um conhecimento mais sólido em relação às medidas de biossegurança que

tanto protegem os pacientes quanto os profissionais de saúde envolvidos nas unidades de

saúde que tratam pacientes portadores ou aidéticos. Numa primeira análise, sem um maior

aprofundamento, há evidências claras que o processo educação-trabalho-saúde, deve suportar

ações pedagógicas no campo da educação profissional, especificamente no que se refere ao

ensino da biossegurança em cursos de Enfermagem, onde o profissional seja capaz de ter uma

postura crítica-reflexiva do seu ambiente ocupacional. A tal ponto que no exercício de suas

funções possa adotar as práticas de biossegurança que protejam pacientes e os próprios

profissionais.

3.3. Práticas de biossegurança adotadas entre os profissionais de Enfermagem

Os profissionais de Enfermagem teoricamente não são refratários a normas de

biossegurança, no entanto, o conhecimento relativo às práticas não é uma constante no dia-a-

dia com a mesma intensidade da concordância da necessidade de se adotar medidas práticas.

Em outras palavras, há sim por parte dos profissionais um desejo de implementar práticas de

biossegurança que promovam maior biossegurança.

Apesar disso, um estudo realizado com instituições de saúde no estado de São Paulo

identificou diferentes práticas, muitas vezes, distintas das recomendações emitidas pelas

instituições governamentais responsáveis pela normatização do controle da infecção

hospitalar (Soriano et al, 2008).

Dentre os fatores que estariam colaborando para a prática inadequada, estão:

a) Falta de precisão das normas e recomendações sobre a prática de precauções;

b) Ausência de normas de rotinas nas instituições e intra-institucionais;

c) Ausência ou limitada supervisão das atividades dos profissionais da área de

Enfermagem;

Page 10: BIOSSEGURANÇA: DO CONHECIMENTO À PRÁTICA ENTRE ... E BIOLOGICAS... · BIOSSEGURANÇA: DO CONHECIMENTO À PRÁTICA ENTRE PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM Geovane Resende Silva - Enfermeiro,

d) Insuficiência de programas de educação continuada ou treinamentos sobre práticas

de biossegurança;

e) Falta de recursos humanos, materiais e financeiros para implementar práticas de

biossegurança nas unidades de saúde;

f) Infraestrutura precária das unidades de saúde.

Além dos fatores apontados acima, contribuem também fatores individuais, inerentes

ao profissional, dentre eles a ausência da percepção de vulnerabilidade à infecção entre os

membros da equipe de Enfermagem, em especial entre aqueles com longa experiência

profissional.

Muitas vezes os profissionais da Enfermagem apresentam conduta ambivalente frente

à situação de risco de contaminação por agentes biológicos, ora priorizando a auto-proteção,

ora valorizando os cuidados de enfermagem ao paciente, em detrimento das normas de

biossegurança e, consequentemente, negligenciando a si próprio. Ambas as situações devem

ser tratadas com a biossegurança exigida (Gir et al, 2004).

Os profissionais que trabalham em instituição hospitalar entram na rotina em suas

atividades e a confiança em relação às situações de risco nas áreas aumenta com o tempo.

Com frequência descuidam-se de procedimentos elementares como a lavagem das mãos e o

uso de luvas (Andrade; Sanna, 2007). Como exemplo, tem-se o estudo citado anteriormente

sobre Hepatite B, que revelou que apenas 68,2% da equipe de Enfermagem utiliza

equipamentos de proteção individual (EPI) quando necessário. Dentre os riscos que ficam

expostos, evidenciam-se os biológicos, que podem ser a gênese de várias doenças graves,

muitas delas citadas neste trabalho (Pinheiro; Zeitoune, 2008). Em outra pesquisa, que

envolvia profissionais de Enfermagem e outras categorias que trabalham com material

biológico, 26% dos profissionais responderam não estar utilizando EPI (Vieira; Padilha;

Pinheiro, 2011).

No Rio Grande do Sul, um estudo revelou que a cobertura vacinal contra hepatite B

(HBV) dos trabalhadores da saúde envolvidos com acidentes estava em torno de

aproximadamente 73%, evidenciando o risco de infecção pelo HBV em aproximadamente

27% dos trabalhadores que não haviam completado o esquema vacinal (Gallas; Fontana,

2010).

Um estudo avaliando profissionais sobre a adoção de práticas de biossegurança em

suas atividades demonstrou que há um posicionamento contraditório, isto é, os profissionais,

ao mesmo tempo em que reconhecem a importância e o valor das práticas e normas de

biossegurança, muitas vezes absorvem apenas parcialmente o que determinam os programas

Page 11: BIOSSEGURANÇA: DO CONHECIMENTO À PRÁTICA ENTRE ... E BIOLOGICAS... · BIOSSEGURANÇA: DO CONHECIMENTO À PRÁTICA ENTRE PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM Geovane Resende Silva - Enfermeiro,

de Prevenção e Controle de Infecção Hospitalar relacionado com a biossegurança (Valle et al,

2008).

O Brasil possui várias regulamentações que incentivam e, muitas vezes, geram

obrigações quanto à adoção de práticas que promovam a biossegurança. A Norma

Regulamentadora NR 6 (Brasil, 1978), por exemplo, dispõe sobre EPI e afirma que a empresa

é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI adequado ao risco, em perfeito

estado de conservação e funcionamento.

A NR 32 (Brasil, 2005b) traz várias recomendações para os serviços de saúde. Dentre

elas, está o direito de todo trabalhador dos serviços de saúde receber, gratuitamente, programa

de imunização ativa contra tétano, difteria e hepatite B. Na mesma norma, também fica

vedado o reencape e desconexão manual de agulhas, práticas tão comuns e executadas

inadvertidamente no cotidiano laboral dos profissionais de Enfermagem.

Ademais, a Portaria n° 2.616 do Ministério da Saúde de 1998 destaca que a lavagem

de mãos é, isoladamente, a ação mais importante para a prevenção e controle das infecções

hospitalares. O profissional de Enfermagem que adotar com rigor esta prática colabora para a

segurança de sua saúde e dos pacientes (Brasil, 1998).

A tabela abaixo traz importantes instrumentos normativos sobre a Biossegurança no

país.

Tabela 2. Instrumentos de regulamentação sobre a Biossegurança no Brasil

Resolução CONAMA n° 05

de 1993 (CONAMA, 1993)

Dispõe sobre o gerenciamento de resíduos sólidos gerados nos portos,

aeroportos e fronteiras. Ela também tratava de estabelecimentos de saúde, mas

esta parte foi revogada pela Resolução n° 358/2005.

Resolução CONAMA n° 283

de 2001 (CONAMA, 2001)

Foi revogada pela Resolução n° 358/2005 e dispunha sobre o tratamento e a

disposição final dos resíduos dos serviços de saúde.

Lei 11.105/2005 (Brasil,

2005a)

Trata sobre normas e mecanismos de segurança relacionados aos OGMs.

NR 32 do Ministério do

Trabalho e Emprego (Brasil,

2005b)

Trata sobre a segurança e saúde no trabalho em ambientes de saúde. Foi

publicada em 2005.

RDC n° 306 de 2004

(ANVISA, 2004)

Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de

serviços da saúde. Substitui a Resolução RDC 33/2003 (ANVISA, 2003).

Resolução CONAMA n° 358

de 2005 (CONAMA, 2005)

Dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos de saúde; revogou

a Resolução n° 283 de 2001 e parte das disposições da Resolução n° 05 de

1993 que tratam dos resíduos sólidos oriundos dos serviços de saúde.

Lei nº 12.305, de 2 de agosto

de 2010 (Brasil, 2010b)

Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos. É um de seus princípios a

visão sistêmica, na gestão dos resíduos sólidos, considerando as variáveis

ambiental, social, cultural, econômica, tecnológica e de saúde pública. Está

entre seus objetivos, a proteção da saúde pública e da qualidade ambiental.

Page 12: BIOSSEGURANÇA: DO CONHECIMENTO À PRÁTICA ENTRE ... E BIOLOGICAS... · BIOSSEGURANÇA: DO CONHECIMENTO À PRÁTICA ENTRE PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM Geovane Resende Silva - Enfermeiro,

3.4. Principais acidentes com material biológico entre profissionais de Enfermagem

Os acidentes com material biológico são bastante frequentes entre os profissionais de

Enfermagem, o que ocasiona constante risco de contaminação por agentes infecciosos

(Pinheiro; Zeitoune, 2008).

A manipulação de materiais contaminados com todos os tipos de secreções é inerente

às atividades da equipe de Enfermagem. O grande problema é que esses profissionais muitas

vezes os manipulam de forma inadequada, aumentando o risco dos acidentes (Pinheiro;

Zeitoune, 2008).

Um estudo sobre acidentes ocupacionais com material biológico na equipe de

Enfermagem revelou que a maioria dos acidentes foi percutâneo (85,7%) e em 67,8% das

exposições a agulha oca foi o objeto causador mais envolvido. As situações mais frequentes

de ocorrência foram punção vascular (26,8%) e administração de medicamentos (13,3%)

(Gomes et al, 2009).

Um estudo que abrangeu profissionais de Enfermagem e outros profissionais que

trabalham em contato com material biológico demonstrou as circunstâncias dos acidentes

conforme a Tabela 3 (Vieira; Padilha; Pinheiro, 2011).

Tabela 3. Circunstâncias dos acidentes com material biológico entre trabalhadores

PROCEDIMENTOS FREQUENCIA (%)

Procedimentos cirúrgicos, odontológicos e laboratoriais 32,20%

Administração de medicamentos por via endovenosa 16,95%

Descarte inadequado do material contaminado 10,16%

No momento do reencape da agulha 5,93%

Outros 22,03%

Estudo realizado em um hospital geral do Município do Rio de Janeiro verifica o

potencial de risco com material perfurocortante. Evidenciou-se como causas para os

acidentes: falta de atenção, má condição de trabalho e uso de técnicas inadequadas. Os

profissionais de Enfermagem pesquisados consideram a Enfermagem uma profissão de

altíssimo risco e o seu trabalho de baixo risco, desde que sejam observadas as normas de

biossegurança e o autocuidado na prestação da assistência (Alves; Passos; Tocantins, 2009).

A exposição aos riscos começa durante a formação profissional. Uma pesquisa

realizada com estudantes de Enfermagem revelou que 63% deles não utilizava EPI adequados

quando prestavam assistência a pacientes com diagnóstico de tuberculose. Reconhece-se que

Page 13: BIOSSEGURANÇA: DO CONHECIMENTO À PRÁTICA ENTRE ... E BIOLOGICAS... · BIOSSEGURANÇA: DO CONHECIMENTO À PRÁTICA ENTRE PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM Geovane Resende Silva - Enfermeiro,

grande parte dos riscos poderia ser evitada com programas preventivos de saúde e de

segurança no trabalho, bem como com medidas coletivas e individuais de proteção (Pinheiro;

Zeitoune, 2008).

Em síntese, para atenuar riscos relacionados a agentes patogênicos faz-se necessário

conhecer as reais necessidades das atividades a serem realizadas, quais agentes de risco e tipo

de procedimentos a serem executados. A partir deste cenário, define-se a orientação e o

treinamento dos profissionais de Enfermagem e também de outras categorias expostas a estes

riscos, visando mitigar os acidentes e possíveis agravos entre os profissionais envolvidos.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os profissionais de Enfermagem estão expostos a diversos agentes, inclusive

biológicos. O fato de serem os profissionais de saúde que mais lidam com material

perfurocortante, além do cuidado próximo ao paciente, inerente à profissão, somados a adoção

de práticas inadequadas faz da Enfermagem a categoria mais exposta aos acidentes

ocupacionais dentro da área da saúde.

No tocante ao conhecimento de Biossegurança na área de Enfermagem, a maior parte

da produção científica está relacionada à exposição a agentes biológicos (56%). Evidencia-se

que não há abrangência suficiente do conteúdo sobre biossegurança nos currículos de

formação destes profissionais, o que pode levar ao comprometimento da segurança dos

próprios profissionais e dos pacientes atendidos. Mesmo com o conhecimento teórico

adquirido, muitos profissionais não adotam as práticas recomendadas que têm como fatores

causadores os externos, como a insuficiência de programas de educação permanentes, e os

internos, como a ausência da percepção de vulnerabilidade à infecção.

Considerando os resultados apresentados neste artigo, ratifica-se que a biossegurança

deve ser objeto de políticas governamentais mais intensas, considerando-se essencial

desenvolver um sistema organizacional objetivando a garantia das precauções aos

profissionais, aos pacientes e outros indivíduos que possam estar envolvidos e expostos aos

riscos, como visitantes de hospitais.

Deve haver medidas de prevenção para acidentes ocupacionais nas instituições em

conformidade com a legislação vigente num trabalho conjunto entre os trabalhadores

operacionais e os gestores. Ademais, educação permanente focada em fatores causadores é

essencial para a segurança dos profissionais e pacientes.

Page 14: BIOSSEGURANÇA: DO CONHECIMENTO À PRÁTICA ENTRE ... E BIOLOGICAS... · BIOSSEGURANÇA: DO CONHECIMENTO À PRÁTICA ENTRE PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM Geovane Resende Silva - Enfermeiro,

O tema biossegurança deve ser necessariamente incorporado aos currículos de

graduação e cursos técnicos da área de Enfermagem. Estreitar as relações entre instituições de

ensino, inclusive universidades, e as instituições de saúde são desejáveis para o intercâmbio

de conhecimento e prática cotidiana que possam colaborar para a proteção dos trabalhadores.

Trabalhar com a desconstrução de percepções equivocadas como a invulnerabilidade a

infecções. Além disso, conscientizar que a prática adequada não depende somente dos

supervisores, mas de todos os membros da equipe de Enfermagem. O exercício do

profissional de Enfermagem implica na necessidade de uma conduta ética, pois pode colocar

em risco, além de si mesmo, o paciente – objeto de cuidado.

Por fim, faz-se necessária e recomenda-se a realização de novos estudos que

contemplem, por exemplo, a contaminação biológica (HIV, Hepatites B e C, Tuberculose,

entre outras) por profissionais de Enfermagem nas diversas instituições de saúde no Brasil.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Alves SSM, Passos JP, Tocantins FR. Acidentes com perfurocortantes em trabalhadores de

Enfermagem: uma questão de biossegurança. Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2009 jul-

set; 17(3): 373-7.

Andrade AC, Sanna MC. Ensino de Biossegurança na Graduação em Enfermagem. Rev Bras

Enferm, Brasília 2007 set-out; 60(5): 569-72.

ANVISA. Resolução RDC 33, de 25 de fevereiro de 2003. Dispõe sobre o Regulamento

Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Diário Oficial da União 2003;

5 mar.

ANVISA. Resolução RDC 306, de 07 de dezembro de 2004. Dispõe sobre o Regulamento

Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Diário Oficial da União 2004;

10 dez.

Brasil. Lei n° 11.105, de 24 de março de 2005. Regulamenta os incisos II, IV e V do § 1o do

art. 225 da Constituição Federal, estabelece normas de segurança e mecanismos de

fiscalização de atividades que envolvam organismos geneticamente modificados – OGM e

seus derivados, cria o Conselho Nacional de Biossegurança – CNBS, reestrutura a Comissão

Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio, dispõe sobre a Política Nacional de

Biossegurança – PNB, revoga a Lei no 8.974, de 5 de janeiro de 1995, e a Medida Provisória

no 2.191-9, de 23 de agosto de 2001, e os arts. 5o, 6o, 7o, 8o, 9o, 10 e 16 da Lei no 10.814, de

15 de dezembro de 2003, e dá outras providências. Diário Oficial da União 2005a; 28 mar.

Brasil. Lei n° 12.305, de 02 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos

Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Diário

Oficial da União 2010b; 03 ago.

Page 15: BIOSSEGURANÇA: DO CONHECIMENTO À PRÁTICA ENTRE ... E BIOLOGICAS... · BIOSSEGURANÇA: DO CONHECIMENTO À PRÁTICA ENTRE PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM Geovane Resende Silva - Enfermeiro,

Brasil. Ministério da Saúde. Classificação de Riscos dos Agentes Biológicos. 2010a.

Disponível em:

<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/classificacao_risco_agentes_biologicos_2ed.pdf>

Acesso em 12 de maio de 2012.

Brasil. Ministério da Saúde. Portaria n 2.616 de 12 de maio de 1998. Diretrizes e normas para

a prevenção e controle das infecções hospitalares. Diário Oficial da União 1998; 13 mai.

Brasil. Ministerio do Trabalho e Emprego. Portarina n 485, de 11 de novembro de 2005.

Aprova a Norma Regulamentadora NR 32 – Segurança e saúde no trabalho em serviços de

saúde.Diario Oficial da União 2005b; 16 out.

Brasil. Ministerio do Trabalho e Emprego. Portarina n 3.214, de 08 de junho de 1978. Aprova

a Norma Regulamentadora NR 06 – Equipamentos de Proteção Individual. Diario Oficial da

União 1978; 06 jul.

CONAMA. Resolução 05, de 5 de agosto de 1993. Dispõe sobre o plano de gerenciamento,

tratamento e destinação final de resíduos sólidos de serviços de saúde, portos, aeroportos,

terminais rodoviários e ferroviários. Diário Oficial da União 1993; 31 ago.

CONAMA. Resolução 283, de 12 de julho de 2001. Dispõe sobre o tratamento e a destinação

final dos resíduos dos serviços de saúde. Diário Oficial da União 2001; 1 out.

CONAMA. Resolução 358 de 29 de abril de 2005. Dispõe sobre o tratamento e a disposição

final dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras providências.Diário Oficial da União

2005; 04 mai.

Correa CF, Donato M. Biossegurança em uma unidade de terapia – a percepção da equipe de

Enfermagem. Esc. Anna Nery Rev. Enferm; 2007 jun; 11(2): 197-204.

Farias SNP, Gollner RC. Riscos no trabalho de Enfermagem em um centro municipal de

saúde. Rev. Enferm. UERJ; 2005 mai-ago; 13(2): 167-174.

Gallas SR, Fontana RT. Biossegurança e a Enfermagem nos cuidados clínicos: contribuições

para a saúde do trabalhador. Rev Bras Enferm, Brasília 2010 set-out; 63(5): 786-92.

Garcia LP, Zanetti-Ramos BG. Gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde: uma

questão de biossegurança. Cad. Saúde Pública Vol. 20 n° 3, Rio de Janeiro mai-jun 2004.

Gir E et al. Biossegurança em DST/AIDS: condicionantes da adesão do trabalhador de

Enfermagem às medidas de precaução. Rev. Esc. Enferm. USP; 2004 set; 38(3):245-253.

Gryschek ALFPL et al. Necessidades de qualificação da equipe de Enfermagem para a

assistência aos clientes portadores do HIV e da AIDS. Rev Esc Enferm USP 2000; 34(3):

288-93.

Gomes AC et al. Acidentes ocupacionais com material biológico e equipe de Enfermagem de

um hospital-escola. Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2009 abr-jun; 17(2):220-3.

Page 16: BIOSSEGURANÇA: DO CONHECIMENTO À PRÁTICA ENTRE ... E BIOLOGICAS... · BIOSSEGURANÇA: DO CONHECIMENTO À PRÁTICA ENTRE PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM Geovane Resende Silva - Enfermeiro,

Nichiata et al. Evolução dos isolamentos em doenças transmissíveis: os saberes na prática

contemporânea Rev. Esc. Enferm. USP vol. 38 n° 1 São Paulo Mar. 2004.

Pinheiro J, Zeitoune RCG. Hepatite B: conhecimentos e medidas de biossegurança e a saúde

do trabalhador de Enfermagem. Esc Anna Nery Rev Enferm 2008 jun; 12 (2): 258-64.

Rabelo MSS, Vieira LJES; Silva RM. Riscos biológicos e ergonômicos em unidade de terapia

intensiva. Texto & contexto enferm; 2002 jan-abr; 11(1): 121-137.

Soriano EP et al. Hepatite B: avaliação de atitudes profiláticas frente ao risco de

contaminação ocupacional. Odontologia. Clín.-Científ., Recife, 2008 jun-set; (3): 227-234.

UNAIDS - Relatório Global do UNAIDS 2012, Brasília/DF. Disponível em 2012.

http://www.unaids.org.br/documentos/clipping.pdf. Acesso em 18 de Julho de 2012.

Vieira M, Padilha MICS. O HIV e o trabalhador de Enfermagem frente ao acidente com

material perfurocortante. Rev Esc Enferm USP 2008; 42 (4): 804-10.

Vieira M, Padilha MI, Pinheiro RDC. Análise dos acidentes com material biológico em

trabalhadores de saúde. Rev. Latino-Am. Enfermagem vol.19 no.2 Ribeirão Preto, 2011

mar-abr; 19(2), 33.

Valle ARMC et al. Representações sociais da biossegurança por profissionais de Enfermagem

de um serviço de emergência. Esc Anna Nery Rev Enferm 2008 jun; 12 (2): 304-9.