bioresinas-2015

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Bioresinas: Uso de Fontes Renováveis e a Obtenção de Polímeros Fernando Gomes de Souza Júnior Geiza Esperandio de Oliveira 1

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  • Bioresinas:Uso de Fontes Renovveis e a

    Obteno de Polmeros

    Fernando Gomes de Souza Jnior

    Geiza Esperandio de Oliveira

    1

  • SumrioSumrio..........................................................................................................................................................2INTRODUO.............................................................................................................................................3CAPTULO 1.................................................................................................................................................5POLMEROS Aspectos Scio-Econmicos e Ambientais de sua utilizao.............................................5CAPTULO II..............................................................................................................................................43QUMICA VERDE......................................................................................................................................43CAPTULO III.............................................................................................................................................72MONMEROS A PARTIR DE FONTES RENOVVEIS.......................................................................72CAPTULO IV.............................................................................................................................................99REAES DE POLICONDENSAO.....................................................................................................99CAPTULO V............................................................................................................................................122RECUPERAO AMBIENTAL..............................................................................................................122CAPTULO VI...........................................................................................................................................144APLICAES BIOMDICAS DOS BIOPOLMEROS.........................................................................144

    2

  • INTRODUO

    Os polmeros so materiais amplamente difundidos em nossa sociedade

    moderna. Devido a sua grande versatilidade eles vm substituindo materiais

    tradicionais, tais como metais, madeiras, cermicas e papel, em diversas

    aplicaes. Contudo, um efeito colateral gerado pelo emprego dos polmeros

    em grande escala a imensa quantidade de lixo produzido. A grande

    estabilidade qumica dos polmeros, uma verdadeira vantagem durante sua

    aplicao, tambm faz com que estes materiais permaneam por longo perodo

    de tempo em lixes e aterros sanitrios. Alm disso, a prpria obteno dos

    polmeros altamente poluidora, tendo em vista que a grande maioria dos

    monmeros obtida de fonte petroqumica, ou seja, a partir da destilao do

    petrleo. Toda a rota de obteno do petrleo por si s poluidora, desde a

    extrao do petrleo, passando por seu refino e consumo do produto final.

    Uma iniciativa, que vem sendo estudada por muitos pesquisadores e

    que j est em aplicao, ainda que de forma modesta, o uso de polmeros

    biodegradveis. Estes polmeros podem ser degradados pelos micro-

    organismos presentes no solo, reduzindo o tempo de permanncia destes

    materiais nos lixes e aterros sanitrios para poucos meses. Outra iniciativa,

    que vem crescendo ao longo do tempo, o uso de polmeros obtidos de fontes

    naturais, visando diminuir o impacto ambiental gerado pela indstria dos

    polmeros. O grande objetivo dessa vertente diminuir o impacto ambiental

    gerado durante a produo dos polmeros.

    Neste sentido, este livro pretende apresentar alguns destes materiais e

    suas aplicaes. Para isso, inicialmente, veremos um pouco da histria dos

    primeiros polmeros, conheceremos alguns dos polmeros commodities mais

    importantes, seus descartes e impactos ambientais gerais, alm da legislao

    vigente no Brasil aplicada ao descarte de polmeros. Seguiremos conhecendo o

    conceito, que vm sendo amplamente discutido pelo mundo, da qumica verde

    e como aplic-lo na rea de polmeros. Conheceremos fontes renovveis que

    possam ser usadas como monmeros em reaes de polimerizao, alm dos

    polmeros atualmente obtidos de recursos renovveis. Para finalizar, so

    apresentadas algumas aplicaes destes polmeros obtidos de fontes

    renovveis, relacionadas sade e recuperao ambiental. Esperamos que 3

  • este livro seja valioso para despertar ou aumentar o seu interesse na rea de

    polmeros oriundos de fontes naturais. Boa leitura!

    4

  • CAPTULO 1

    POLMEROS ASPECTOS SCIO-ECONMICOS E AMBIENTAIS DE SUA

    UTILIZAO

    Natlia

    Rita

    1.1. INTRODUO

    No passado a descoberta do plstico, denominao comum dada aos

    materiais polimricos termoplsticos, revolucionou a sociedade introduzindo

    uma grande variedade de produtos leves, resistentes, flexveis com diversas

    utilizaes. Essas propriedades, associadas ao reduzido custo de produo,

    fizeram com que os plsticos substitussem outros materiais at ento

    utilizados. A grande variedade de tipos de plsticos e as amplas possibilidades

    de uso fizeram com que estes materiais assumissem rapidamente a posio de

    principais matrias-primas para a produo de embalagens e artefatos.

    Contudo, esta nova realidade impactou fortemente no aumento da gerao de

    resduos acarretando em graves problemas ambientais.

    A conscientizao ambiental e o aumento da poluio introduziram na

    sociedade uma nova perspectiva sobre os materiais plsticos assumindo-os

    como uma importante fonte de matria-prima. Esse novo olhar sobre os

    polmeros convidam a uma mudana de comportamento por parte dos

    consumidores. A introduo da filosofia dos 3RS (reduzir, reciclar e reutilizar)

    vem fomentar a mudana de comportamento da sociedade. Desta forma, a

    reciclagem, associada a reutilizao e reduo da gerao de resduos surge

    como possibilidade de aproveitamento desses materiais. Os 3 Rs so apenas

    uma das muitas ferramentas cujo objetivo minimizar o impacto gerado pelas

    atividades humanas ao planeta 2-3.

    Alm disso, a pesquisa e o desenvolvimento de novos materiais

    polimricos provenientes de fontes renovveis tm obtido resultados positivos e

    se mostrado capazes de substituir os polmeros oriundos de matrias fsseis

    utilizados atualmente. Muitos desses materiais j so utilizados no mercado em

    escala industrial. Os grandes destaques nesta rea so para os biopolmeros,

    que so polmeros produzidos por organismos vivos ou de fontes renovveis.

    Esta classe de polmeros permite a produo de novos produtos bioplsticos 5

  • oriundos de fontes renovveis que sejam biodegradveis. Estes materiais so

    comercialmente chamados de polmeros verdes, ou seja, polmeros sintticos

    obtidos a partir de matrias-primas renovveis4-5. Estes novos polmeros

    baseados em produtos naturais e na ao de microrganismos alcanaram o

    mercado a partir da dcada passada, mas ainda esbarram em custos

    superiores aos polmeros sintticos convencionais. Porm, devido aos

    constantes aumentos de preos, os riscos de esgotamento do petrleo e as

    preocupaes ambientais com a utilizao dos recursos fsseis esses

    materiais tornam-se de grande importncia nos dias atuais 4,6.

    1.2. TIPOS DE POLMEROS

    O primeiro contato do homem com materiais resinosos se deu na

    antiguidade, com os egpcios e os romanos. Esses povos usavam essas

    resinas para carimbar, colar documentos e vedar vasilhames. Somente em

    1907 que Leo Baekeland sintetizou o primeiro polmero pela reao entre o

    fenol e o formaldedo, produzindo um slido (resina fenlica), hoje conhecido

    por baquelite7. A baquelite dura, resistente ao calor e eletricidade e,

    quando transformada em um termorrgido, no derrete nem queima facilmente.

    A inveno da baquelite desencadeou uma classe de plsticos com

    propriedades semelhantes, conhecidos como resinas fenlicas7-9.

    Posteriormente, o advento dos catalisadores Ziegler-Natta, usados para

    polimerizar olefinas como o eteno e o propeno, representou um grande marco

    na histria dos processos qumicos em geral e dos processos de polimerizao

    em particular. A aplicao destes sistemas catalticos aos processos de

    polimerizao propiciou o controle de caractersticas estricas e estruturais das

    cadeias polimricas, levando obteno de resinas poliolefnicas com

    propriedades completamente diferentes dos materiais anteriormente

    produzidos por outras rotas 10.

    1.2.1. Polmeros como commodities

    H um pouco mais de um sculo, os artefatos produzidos eram

    essencialmente de cermica, metal, vidro ou madeira. Esta realidade comeou

    a ser significativamente modificada com a descoberta dos polmeros. A 6

  • expanso do desenvolvimento dos plsticos modernos se deu efetivamente

    nos primeiros cinquenta anos do sculo XX, com pelo menos quinze novos

    tipos de polmeros tendo sido sintetizados nesse perodo11. Desde ento esse

    tipo de material tm sido extensivamente utilizado na produo de artefatos

    substituindo ou sendo adicionados queles materiais12.

    De um modo geral, os polmeros podem ser classificados como

    termoplsticos, termofixos, borrachas e fibras14. Neste captulo sero

    abordados os polmeros termoplsticos e termofixos.

    Polmeros Termoplsticos: O termo plstico vem do grego, plastikus,

    que significa material adequado moldagem. Os plsticos so materiais que,

    embora slidos temperatura ambiente em seu estado final, quando aquecidos

    acima da temperatura de amolecimento tornam-se fluidos e passveis de

    serem moldados por ao isolada ou conjunta de calor e presso14. Assim, sob

    efeito de temperatura e presso, amolecem assumindo a forma do molde. Nova

    alterao de temperatura e presso reinicia o processo, o que os tornam,

    portanto, reciclveis.

    Em nvel molecular, medida que a temperatura elevada, as foras de

    ligao secundrias so diminudas, devido ao aumento do movimento

    molecular. Desta forma, o movimento relativo de cadeias adjacentes facilitado

    quando uma tenso aplicada. Os termoplsticos so relativamente moles e

    dcteis e compem-se da maioria dos polmeros lineares e aqueles que

    possuem algumas estruturas ramificadas com cadeias flexveis15. So

    exemplos de polmeros termoplsticos (i) polietileno (PE), (ii) polipropileno

    (PP), (iii) poliestireno (PS), o (iv) poli(cloreto de vinila) (PVC), entre outros.

    Esses polmeros so considerados como commodities, uma vez que so os

    mais encontrados em aplicaes no mercado13.

    Polmeros Termofixos ou Termorrgidos: so os polmeros que antes

    do processo de cura ou reticulao, sob efeito de temperatura e presso, fluem

    assumindo a forma do molde. Aps a reticulao, nova alterao de

    temperatura e presso no produz efeito algum, uma vez que a cura os torna

    materiais insolveis, infusveis e, na maioria das vezes, no-reciclveis14.

    Durante o tratamento trmico inicial, ligaes cruzadas covalentes so

    formadas entre cadeias moleculares adjacentes. Essas ligaes prendem as 7

  • cadeias umas s outras, o que impede os movimentos vibracionais e

    rotacionais da cadeia, mesmo em temperaturas elevadas. Estas ligaes

    cruzadas s so rompidas em condies extremas de aquecimento. Os

    principais exemplos dessa classe so (i) a resina de fenol-formaldedo

    (baquelite), (ii) epxi (araldite) e (iii) algumas resinas de polister 8,9, 13.

    Atualmente os polmeros tm sido amplamente utilizados em vrios

    campos, tais como peas para equipamentos, produo de artefatos e

    embalagens, principalmente para alimentos16. Segundo dados da Abiplast17, no

    ano de 2010 o setor alimentcio foi a principal rea de aplicao dos plsticos

    commodities, correspondendo a 25% da segmentao de mercado de

    transformados plsticos. Os dados da ABIPLAST referentes ao emprego dos

    plsticos no ano de 2010 so mostrados na Figura 1.1.

    Eletrodomsticos2,3%

    Cosmtico efarmacutico

    2,2%

    Calados1,9%

    Automobilstico1,4% Brinquedos

    0,1%

    Agrcola4,1%

    Higiene/limpeza7,7%

    Utilidades domsticas

    9,7%

    Embalagens diversas14,5%

    Construo civil14,6%

    Alimentcio25,9%

    Outras15,6%

    Figura 1.1 - Segmentao de mercado de transformados plsticos

    (FONTE: ABIPLAST, 2010)17.

    A seguir sero descritos alguns dos exemplos de commodities mais

    importantes juntamente com suas principais propriedades e aplicaes.

    Polietileno (PE) - A principal caracterstica deste tipo de polmero a

    sua estrutura linear ou ramificada. Devido s diferenas estruturais o polietileno

    pode ser classificado como polietileno de baixa densidade (PEBD) e polietileno

    de alta densidade (PEAD). O PEBD um polmero de cadeia ramificada longa,

    8

  • conferindo a propriedade de flexibilidade ao material, sendo este mais utilizado

    para a produo de filmes e embalagens. O PEAD um polmero mais

    resistente e mais quebradio, sendo utilizado em embalagens para produtos

    gordurosos e para produtos de limpeza 14,18.

    Polipropileno (PP) - Este um polmero de boa resistncia e rigidez.

    Sua propriedade de brilho muito explorada em aplicaes como embalagens

    de produtos alimentcios, tais como pes e doces. Por apresentar alta

    resistncia tambm pode ser utilizado para produzir garrafas, potes e filmes

    para cozimento de alimentos 3,14,19.

    Poliestireno (PS) - um polmero transparente, brilhante, com alta

    permeabilidade a gases e quebradio, sendo pouco utilizado como principal

    constituinte para embalagens. Outros tipos de PS, tais como o poliestireno de

    alto impacto (HIPS - High Impact Polystirene) e o poliestireno expansvel (EPS

    - Expandable Polystirene) possuem caractersticas diferenciadas. O HIPS um

    PS com alta resistncia ao impacto. O EPS um polmero de poliestireno de

    baixa densidade sendo muito utilizado para a produo de isopores e materiais

    que exijam isolamento trmico 3, 14, 20.

    Polisteres (PET) uma classe de polmeros que apresenta

    propriedades de grande interesse comercial, tais como elevada resistncia

    mecnica, boa transparncia e elevada barreira qumica. Estas propriedades

    fazem com que este seja um excelente material para embalagens em geral.

    Sua principal aplicao tem sido em embalagens de refrigerantes, gua e

    embalagens para frutas 14, 21.

    Poli(cloreto de vinila) (PVC) Este polmero apresenta propriedade de

    barreira a umidade e ao oxignio elevada. Quando comparado ao PE, a

    propriedade de barreira a umidade do PVC dez vezes maior e a propriedade

    de barreira ao oxignio seis vezes maior. Este polmero amplamente

    empregado nas embalagens tipo envoltrio de produtos, como filmes

    termoencolhveis, alm de canos e tubulaes que exijam resistncia trmica 3,14,22.

    9

  • 1.3. POLMEROS DE FONTES RENOVVEIS

    Quando comparado ao petrleo, as fontes renovveis possuem um ciclo

    de vida mais curto. Isto devido ao tempo que o petrleo leva para se formar,

    que pode chegar a milhes de anos. Fatores ambientais e scio-econmicos

    esto relacionados ao progressivo interesse pelos biopolmeros, dentre estes

    destacam-se: os impactos ambientais, a escassez do petrleo e o seu elevado

    preo4, 23. Assim, tendo como base a escala de tempo humana, s so

    relevantes como fontes renovveis as provenientes de ciclos naturais de curta

    durao. Dessa forma, a agricultura, por exemplo, uma fonte de recursos

    renovveis til para o suprimento de vrias necessidades antropognicas em

    um curto perodo de tempo. Em geral, polmeros derivados de fontes

    renovveis podem ser classificados em trs grupos: (1) polmeros naturais,

    como celulose e protenas; (2) polmeros sintticos derivados de monmeros

    naturais, como o poli(cido lctico); e (3) polmeros obtidos a partir de

    fermentao microbiana, como o polihidroxibutirato 33.

    Os polmeros obtidos a partir de fontes renovveis so chamados de

    biopolmeros. Os biopolmeros so materiais polimricos produzidos a partir de

    fontes renovveis vegetais ou organismos vivos. A matria-prima principal para

    sua manufatura uma fonte de carbono renovvel, como um carboidrato

    derivado da cana-de-acar, milho, batata, trigo e beterraba; ou um leo

    vegetal extrado de soja, girassol, palma ou outra planta oleaginosa 23 - 24. Estes

    polmeros so classificados quanto a sua estrutura como polissacardeos,

    polisteres ou poliamidas.

    Outro fator de grande importncia para a busca de alternativas que

    sejam ecologicamente amigveis a no biodegradabilidade da grande maioria

    dos polmeros produzidos a partir de fontes fsseis. Esta caracterstica dos

    polmeros derivados de petrleo associada produo em larga escala dos

    mesmos e falta de uma gesto de resduos eficiente conduz ao acmulo de

    lixo plstico, que sem destino apropriado, pode levar milhares de anos para ser

    novamente assimilado pela natureza 23.

    Os polmeros biodegradveis obtidos de fontes renovveis tm sido foco

    de muitos estudos. Isto devido a reduo do impacto ambiental, a

    possibilidade de reduo do efeito estufa, e a possibilidade de formao de um 10

  • ciclo fechado, j que, em condies ideais, podem ser facilmente absorvidos

    pelo meio ambiente. Neste ciclo fechado os polmeros so processados para

    produo de um artefato que, aps uso e descarte, retornam ao seu status de

    matria-prima23. Um exemplo de ciclo fechado para os polmeros

    biodegradveis mostrado na Figura 1.2.

    Figura 2. Ciclo de vida ideal dos polmeros biodegradveis

    provenientes de fontes renovveis.

    (FONTE: Brito et al, 2011) 23

    Biopolmeros podem apresentar grande potencial para substituir

    polmeros provenientes de fontes fsseis dependendo especificamente do tipo

    de aplicao. A possibilidade de substituio de alguns polmeros provenientes

    de fontes fsseis por biopolmeros esto apresentadas na Tabela 1.1. Os

    biopolmeros apresentados na tabela so o amido, o poli(cido ltico) PLA, o

    polihidroxibutirato PHB e o poli(succinato de butileno) (PBS).

    11

  • Tabela 1.1 - Potencial de substituio de alguns polmeros provenientes de

    fontes fsseis por biopolmeros

    Polmero PVC PEAD PEBD PP PS PMMA PA PET PC

    Amido - + + + + - - - -

    PLA - + - + + - + + -

    PHB - + - ++ + - - - -

    PBS - ++ ++ ++ - - - - -

    ++ substituio completa; + substituio parcial; - no substitui.

    Fonte: PRADELLA, 2006.

    Dentre os biopolmeros apresentam-se em destaque o polilactato (PLA),

    o polihidroxialcanoato (PHA), o poli(succinato de butileno) (PBS), os polmeros

    de amido (PA) e a xantana (Xan) 24.

    O PLA um polister aliftico, termoplstico, semicristalino ou amorfo,

    biocompatvel e amorfo produzido por sntese qumica a partir de cido lctico

    obtido por fermentao bacteriana de glicose extrado do milho, com uso

    potencial na confeco de embalagens, itens de descarte rpido e fibras para

    vestimentas e forraes 23 - 26.

    O PHA constitudo de uma gama famlia de polisteres produzidos por

    microorganismos atravs de biossntese direta de carboidratos de cana-de-

    acar ou de milho, ou de leos vegetais extrados da soja e da palma.

    Diferentes monmeros e diferentes polmeros e copolmeros podem ser obtidos

    dependendo do substrato de carbono e do metabolismo destes

    microrganismos. A composio monomrica leva tambm a obteno de

    diferentes materiais podendo ser utilizados para a produo de embalagens,

    itens de descarte rpido at filmes flexveis 23 - 24.

    O PBS um polister linear, aliftico obtido pela reao de

    policondensao do cido succnico com o 1,4-butanodiol. O cido succnico

    produzido pela hidrogenao cataltica do cido maleico 24. Rotas alternativas

    para a obteno de monmeros so utilizadas, sendo a fermentao da

    biomassa uma das alternativas24, 27. Devido s caractersticas do PBS serem 12

  • muito parecidas com as dos polmeros termoplsticos, estes tambm podem

    ser processados por injeo e extruso 24.

    Os polmeros de amido (PAs) so polissacardeos podendo ser

    modificados quimicamente ou no. Estes so produzidos a partir de amido

    extrado de milho, batata, trigo ou mandioca23. O amido pode ser convertido em

    produtos qumicos como etanol, acetona e cidos orgnicos usados na

    produo de polmeros sintticos, ou at mesmo para a produo de

    biopolmeros atravs de processos fermentativos. Este ainda, se hidrolisado,

    pode ser empregado como monmero ou oligmero. Os PAs podem ser

    utilizados na produo de embalagens e itens de descarte rpido, em misturas

    com polmeros sintticos e tambm na confeco de filmes flexveis24, 23.

    A Xantana um exopolissacardeo produzido por microrganismos a

    partir de carboidratos extrados de milho ou cana-de-acar, que apresenta

    extrema importncia comercial. Esse polmero tem sido utilizado com mais

    frequncia na rea alimentcia no Brasil e no mundo. Porm tambm

    apresenta destaque nas reas de frmacos e cosmticos, e na explorao de

    petrleo, o que se deve principalmente a suas propriedades reolgicas. Estas

    propriedades permitem a formao de solues viscosas a baixas

    concentraes (0,05-1,0%), que permanecem estveis em ampla faixa de pH e

    temperatura 24, 29.

    1.4. POLMEROS VERDES

    A qumica verde ou qumica sustentvel um conceito de uma nova

    cincia. Este conceito, no entanto, abrange as expectativas dos consumidores

    de um ambiente sustentvel e os esforos da indstria qumica para fabricar e

    fornecer produtos teis que sejam inofensivos ambientalmente. O objetivo da

    qumica verde no criar um conflito entre matrias-primas provenientes de

    fontes fsseis ou renovveis. Ao contrrio, a qumica verde tenta preservar os

    recursos fsseis e investigar o potencial das fontes renovveis para produo

    de novos materiais 30.

    O termo verde foi inicialmente usado para fazer referncia a polmeros

    que durante sua sntese, processamento ou degradao produzem menor

    impacto ambiental quando comparados aos polmeros convencionais31. 13

  • Posteriormente, diversos pesquisadores passaram a descrever o termo

    polmero verde aos polmeros que eram anteriormente sintetizados a partir de

    matria-prima proveniente de fontes fsseis, mas que, devido a avanos

    tecnolgicos passaram tambm a ser sintetizados a partir de matria-prima

    proveniente de fontes renovveis 23-24. Exemplos de polmeros verdes so o

    polietileno verde (PE verde) e o policloreto de vinila verde (PVC verde), os

    quais mantm as mesmas caractersticas dos polmeros obtidos de fontes

    fsseis. O PE e o PVC verde no so biodegradveis, porm pelo fato de

    serem provenientes de fontes renovveis, so classificados como biopolmeros

    ou polmeros verdes23.

    O primeiro polietileno verde, PE verde, foi produzido no Brasil, a partir do

    etanol da cana-de-acar. A tecnologia foi desenvolvida no Centro de

    Tecnologia e Inovao da Braskem32, empresa brasileira que atua no setor

    petroqumico. O PE verde uma resina que possui propriedades idnticas ao

    polietileno convencional, que uma das resinas mais utilizadas em

    embalagens flexveis e outros produtos plsticos no mundo, a vantagem deste

    o de ser feito a partir de matria-prima proveniente de fonte renovvel

    podendo ser utilizado nos maquinrios das indstrias de transformao sem

    qualquer necessidade de investimentos em modificaes ou adaptaes. O

    produto foi certificado por um dos principais laboratrios internacionais, o Beta

    Analytic, como contendo 100% de matria-prima renovvel 23. O PE verde

    reciclvel como toda resina, mas no biodegradvel, pois possui as mesmas

    caractersticas do plstico fssil.

    Devido ao constante apelo pela reduo das emisses de gs carbnico

    na atmosfera os plsticos de origem vegetal tm ganhado notrio destaque no

    cenrio mundial 23. A produo dos polmeros verdes absorve gs carbnico

    (CO2) da atmosfera e tambm contribui significativamente para a reduo da

    dependncia de matrias primas de origem fssil para fabricao de diversos

    produtos plsticos 23. Estes resultados indicam uma reduo acentuada no

    efeito estufa, pois de acordo com Britto23, para cada tonelada de polietileno

    verde produzido, uma mdia de 2,5 toneladas de dixido de carbono (CO2)

    removida da atmosfera, j o polietileno produzido a partir de matria-prima

    fssil, como a nafta petroqumica, libera cerca de 2,5 toneladas de CO2. 14

  • 1.5. OS POLMEROS E O SEU DESCARTE

    Apesar dos polmeros conquistarem, aos poucos, seu espao como material de

    grande importncia para a sociedade atual, seu descarte ainda um problema

    mundial. Devido imensa variedade de plsticos existentes no mercado e do

    grande volume descartado, a gesto de resduos plsticos complexa. A

    destinao escolhida ir depender de diversos fatores, como do tipo de

    polmero ou do produto descartado, dentre outros34. Sua baixssima

    degradabilidade e o seu elevado volume fazem com que seus rejeitos ocupem

    uma grande rea por longos perodos, prejudicando a vida til dos aterros

    sanitrios 12.

    No Brasil, a falta de gerenciamento dos resduos slidos urbanos (RSU)

    resulta em descarte inadequado, e pode contribuir para entupimentos de redes

    de esgoto, propiciar condies de proliferao de vetores, gerando graves

    problemas ambientais 35.Quatro tipos de estratgias tem sido empregadas para

    tratar de tanto resduo plstico36.

    Incinerao O principal benefcio deste processo a velocidade de

    reduo do volume de material descartado. Em mdia cerca de 80% do volume

    de resduos incinerado, porm no um mtodo vivel nem recomendvel,

    devido ao alto custo dos fornos de aquecimento e da poluio, produzida pela

    liberao de produtos txicos. Os resduos aps chegar ao depsito so

    transferidos para uma a zona de combusto onde so submetidos a

    temperaturas entre os 400 e 500 C. Posteriormente, ocorre a combusto

    completa, a temperaturas que variam entre os 800 e 1000C.

    No caso do PVC, em particular, quando incinerado lana para a atmosfera HCl,

    como produto de sua degradao que, acumulado na atmosfera mida, pode

    cair como chuva cida37. um processo caro, pois, para evitar a poluio do ar,

    necessria a instalao de filtros e de equipamentos especiais para filtrar a

    fumaa resultante da incinerao, que tambm poluente, pois pode conter

    dioxinas, furanos e metais como chumbo, cdmio ou mercrio38.

    Aterros existem dois tipos de aterros, os controlados e os sanitrios. A

    diferena entre ambos a sua origem e consequente infraestrutura. Os aterros

    controlados so em geral lugares escolhidos para a disposio de lixo e este 15

  • compactado e coberto com terra diariamente. Esse tipo de aterro muitas vezes

    surge a partir de um lixo, ou de um lugar que no foi projetado para tal

    aplicao39. Isso significa que no possuem coleta nem tratamento do chorume

    e dos gases gerados pela decomposio dos materiais, o que representa um

    grave problema ambiental.

    Os aterros sanitrios por sua vez so espaos projetados para o

    depsito de resduos, evitando a contaminao dos solos e dispondo de

    tratamento de efluentes e controle de emisses dos gases dos materiais em

    decomposio 39. So usados para a disposio de toneladas de plsticos em

    locais afastados da cidade e preparados para acondicionar o grande volume de

    matria plstica, que ficar muito tempo exposta ou ser utilizada para queima

    e gerao de energia (reciclagem trmica)40. Cerca de 14 milhes de toneladas

    de resduos plsticos por ano so descartadas em aterros sanitrios 41.

    O descarte em lixes ou em aterros comuns acarretam problemas de

    sade pblica, gerao de odores, poluio do solo e dos lenis freticos

    subterrneos atravs do escoamento do chorume. Estes fatos comprometem a

    qualidade desses recursos naturais na regio. Os aterros sanitrios so a

    melhor alternativa de destinao para o caso em que os resduos no possam

    ser reciclados, nem incinerados43.

    Biodegradao - um processo que consiste na modificao fsica ou

    qumica, causada pela ao de microrganismos, sob certas condies de calor,

    umidade, luz, oxignio e nutrientes orgnicos e minerais adequados40. A Figura

    1.3 apresenta um esquema dos fatores que afetam a biodegradao de um

    biopolmero.

    16

  • Figura 1.3 Condies necessrias para que ocorra a biodegradao de um

    polmero (Fonte:Kloss, 2007) 48

    A biodegradao ou biodeteriorao de materiais polimricos causada

    por microrganismos que colonizam sua superfcie. Esses microrganismos

    formam biofilmes. O biofilme composto de microrganismos embebidos em

    uma matriz de biopolmeros excretados por eles. Quando em contato com a

    matriz polimrica, o produto da excreo causa mudanas estruturais e/ou

    morfolgicas na mesma. A biodegradao pode ser facilitada por aplicao de

    processos prvios de luz (UV) e/ou calor na matriz polimrica45. Alm disso, a

    presena de ligaes hidrolisveis ou oxidveis na cadeia, uma

    estereoconfigurao correta, um balano entre hidrofobicidade e hidrofilicidade

    e uma certa flexilbilidade conformacional so fatores que contribuem para a

    biodegradao do polmero46. O emprego de polmeros biodegradveis pode

    ajudar a diminuir a quantidade de resduos plsticos persistentes no meio

    ambiente, como pode ser visto na Figura 6, porm os testes de

    biodegradabilidade so de difcil padronizao47. A Figura 1.4 apresenta o

    resultado da ao de biodegradao de uma embalagem plstica.

    17

  • Figura 1.4 - Processo de biodegradao

    (Fonte: Adaptado de www.abcdopolimero.wordpress.com...plastico-biodegradavel,

    acessado em 12/08/2012).

    Reciclagem este mtodo apresenta como vantagens a reduo da

    quantidade de resduos slidos, a economia de matria-prima e energia, o

    aumento da vida til dos lixes e um alto rendimento do processo. Isto

    possibilita o reaproveitamento de resduos plsticos transformando-os em

    outros materiais utilizveis comercialmente50. A reciclagem de plsticos envolve

    um grande trabalho prvio de separao, identificao e limpeza dos

    recipientes. Ainda assim, o material reciclado cerca de 50% mais barato que

    o polmero virgem. No mundo, cerca de 20% dos plsticos so reciclados. No

    Brasil, a reciclagem vem crescendo em volume e aumentando a diversidade e

    qualidade dos produtos reciclados 51.

    Com o crescimento das exigncias ambientais, a reciclagem tambm

    tem sido apontada de forma crescente como opo de destinao cada vez

    mais utilizada no ps-consumo, assim como a incinerao. O aterro representa

    a ltima alternativa desejvel13.

    A reciclagem, juntamente com outros princpios de minimizao de

    gerao de resduos e impactos ao meio ambiente, origina uma importante

    ferramenta de gesto de resduos: os 3Rs, reduzir, reutilizar e reciclar52.

    Atualmente um quarto R vem sendo acrescentado, o recuperar, compondo

    assim a ferramenta 4 Rs 13,43.

    O primeiro R significa reduzir a gerao de resduos. a forma mais

    interessante para a preservao ambiental ou a preservao dos recursos

    naturais, uma vez que se o resduo no gerado, no existe problema em 18

  • descart-lo43. A reduo pode ser entendida como a reduo do uso e do

    consumo de produtos plsticos pela sociedade ou reduo na quantidade de

    resina plstica utilizada na indstria para a fabricao de seus produtos13.

    O segundo R significa reutilizar. O reuso de materiais plsticos uma

    prtica facilitada que decorre da durabilidade e resistncia das resinas,

    dependendo, portanto, do tipo de polmero13. A reutilizao de plsticos pode

    ser feita de diversas maneiras, bem como para os mais diversos fins, com

    pouca tecnologia e mudana na forma de destinao do produto. Exemplos de

    reuso so: (i) o uso de embalagens retornveis; (ii) a mudana na forma de uso

    original da maior parte das embalagens ou produtos, com sua reutilizao para

    outra finalidade.

    O terceiro Rsignifica reciclar, aproveitar a matria-prima embutida no

    resduo para fabricar o mesmo ou outro tipo de produto53.

    Devido importncia econmica e ambiental, neste captulo as

    estratgias de gesto de resduos que sero abordados com maior

    profundidade sero a reciclagem e a biodegradao. A reciclagem a principal

    forma de evitar que os plsticos, de uma maneira geral, se transformem em

    problemas ambientais e de sade pblica. A biodegradao por outro lado

    vista como uma forma eficiente de eliminao dos polmeros do meio ambiente.

    1.5.1. Reciclando Polmeros

    Os polmeros, sejam eles plsticos ou borrachas, figuram na mdia como

    viles ambientais54. Particularmente, as embalagens plsticas, tais como filmes

    de invlucros de alimentos, garrafas de bebidas, recipientes de produtos

    lcteos, como manteiga e iogurtes, sacos, copos e frascos de produtos de

    limpeza e higiene tm ciclos de vida til curtos e so rapidamente descartados

    pelo consumidor. Aps seu descarte estas embalagens so encaminhados

    para o destino final, transformando-se em resduos. Esses resduos possuem

    caractersticas que possibilitam sua transformao em novos produtos, ou seja,

    os resduos gerados possuem valor econmico 55.

    A intensificao das atividades humanas nas cidades tem gerado um

    acelerado aumento na produo de resduos slidos, que constituem um

    grande problema para a administrao pblica. Sendo assim, o uso racional 19

  • hoje proporcionado por programas de gerenciamento integrado de resduos

    industriais. Este programas so um conjunto de aes que envolvem desde a

    gerao dos resduos, manejo, coleta, tratamento e disposio mais

    adequada53, 56.

    Os polmeros mais reciclados aps o uso neste setor so embalagens

    de PET, de PVC, de PP e de PE, engradados de PEAD (polietileno de alta

    densidade) e filmes de PE, PP, PVC e PET57. A Figura 1.6 mostra o ndice de

    reciclagem mecnica de plstico ps-consumo no ano de 2010 por ndice de

    tipo de resduo plstico.

    Outros tipos8,1%

    PS/XPS14,3%

    PP10,8%

    PET54,0%

    PEAD12,7%

    PVC15,1%

    PEBD/PELBD13,2%

    Figura 1.6 - ndice de reciclagem mecnica de plstico ps-consumo no ano de

    2010 por ndice de tipo de resduo plstico

    (Fonte: www.plastivida.org.br/2009/Reciclagem_Mecanica.aspx, acessado em: 24/07/

    2012).

    Na definio adotada pela EPA (Environmental Protection Agency), a

    agncia ambiental dos Estados Unidos, reciclagem ao de coletar,

    reprocessar, comercializar e utilizar materiais antes considerados como lixo.

    Outra definio de reciclagem a utilizao de materiais destinados ao lixo,

    coletados, separados e processados para serem utilizados como matria-prima

    na manufatura de objetos59.

    A reciclagem torna-se vivel pelo seu potencial em economizar o

    consumo de combustvel fssil e reduzir emisses de CO2 43, 52,60. Os plsticos

    feitos com petrleo no deterioram facilmente, mas muitos tipos (incluindo PP,

    20

  • LDPE, HDPE, PET e PVC) podem ser reciclados. Contudo, alguns plsticos

    no so economicamente viveis para a reciclagem, sendo destinados aos

    aterros sanitrios13 .

    Existem aspectos de ordem scio-econmica que dificultam prticas

    relacionadas reciclagem desses materiais, tais como: (i) o preo da matria-

    prima virgem extremamente competitivo; (ii) a ausncia de sistema eficiente

    de coleta e limpeza urbana; (iii) e a relao fsico-econmica (peso x volume =

    ganho financeiro) do material, alm da (iv) falta de polticas ambientais que

    mitiguem o desenvolvimento de cooperativas e empresas para o consumo de

    materiais reciclados. Todos esses aspectos desestimulam a participao

    coletiva e individual, restringindo o volume de material reciclado54.

    Outro ponto importante, refere-se a estrutura fsico-qumica dos

    polmeros em relao a sua processabilidade, pois aps processados

    apresentam diminuio da massa molar decorrente das taxas de cisalhamento.

    Quando aplicada a reciclagem, principalmente a mecnica, a massa molar

    diminui ainda mais, solicitando a incorporao de material virgem e/ou

    aditivos, a fim de recuperar as propriedades intrnsecas dos plsticos54.

    A reciclagem de polmeros pode ser classificada em quatro categorias:

    primria, secundria, terciria e quaternria51.

    A reciclagem primria tambm conhecida como re-extruso. Ela

    consiste na converso dos resduos polimricos industriais por mtodos de

    processamento padro em produtos com caractersticas equivalentes quelas

    dos produtos originais produzidos com polmeros virgens51. Esta operao

    consiste na reintroduo de sucatas e fragmentos de polmeros no ciclo para a

    produo de produtos de materiais similares. So utilizados plsticos com

    caractersticas semelhantes aos produtos originais13. A reciclagem primria e a

    secundria so conhecidas como reciclagem mecnica ou fsica, o que

    diferencia uma da outra que na primria utiliza-se polmero ps-industrial e na

    secundria, ps-consumo.

    A reciclagem secundria ou reciclagem mecnica o reprocessamento

    de materiais polimricos simples (formados por somente um tipo de resina)

    utilizando meio mecnicos 13. Consiste na converso dos resduos polimricos

    provenientes dos resduos slidos urbanos, por um processo ou uma 21

  • combinao de processos, em produtos que tenham menor exigncia do que o

    produto obtido com polmero virgem. Um exemplo a reciclagem de

    embalagens de PP para obteno de sacos de lixo51. As etapas que a

    constituem so: separao, moagem, lavagem, secagem, extruso e

    granulao58.

    A reciclagem terciria, tambm denominada qumica, consiste em um

    processo tecnolgico no qual se realiza a converso do resduo plstico em

    matrias-primas petroqumicas bsicas. A reciclagem qumica pode resultar

    tanto em uma substncia combustvel quanto em um produto qumico, a ser

    utilizado para a obteno do polmero que lhe deu origem ou at mesmo em

    um novo polmero 61.

    Em ltimo caso encontra-se a reciclagem quaternria que um processo

    tecnolgico de recuperao de energia de resduos polimricos por incinerao

    controlada. A reciclagem terciria tambm chamada de qumica e a

    quaternria de energtica51.

    A identificao dos polmeros uma medida importante para facilitar a

    separao dos mesmos e pode ser utilizada por todos os ramos da indstria de

    reciclagem de polmeros62. Segundo levantamentos feitos em grandes cidades

    brasileiras, os principais polmeros encontrados nos resduos slidos urbanos

    so o polietileno de alta e baixa densidade (PEAD e PEBD), o PET, o PVC e o

    PP 51.

    A separao dos polmeros pode ser feita atravs da identificao da

    simbologia contida no produto acabado. A Figura 1.10 apresenta a simbologia

    empregada na identificao dos polmeros.

    22

  • Figura 12 - Identificao de plsticos para a reciclagem

    (Fonte: Spinac e De Paoli; 2005).

    A separao dos resduos plsticos, principalmente, por tipo,

    fundamental para garantir que somente aquele escolhido ir alimentar o

    processo de reciclagem. Normalmente, separa-se, ainda, o plstico por cor, ou

    seja, isola-se o que branco do que colorido, uma vez que o primeiro pode

    dar origem a produtos claros, enquanto o segundo destina-se a artefatos

    escuros55.

    Os plsticos selecionados seguem para a etapa de moagem, a fim de

    serem fragmentados em partes menores os flakes. Durante ou aps a

    moagem, ocorre a limpeza do material, etapa em que se retiram os

    contaminantes, atravs de lavagem. Para tanto, utiliza-se gua pura, na qual

    pode ser adicionado algum aditivo, em pequena quantidade, dependendo do

    grau de contaminao ou nvel de sujeira dos resduos63.

    Visando reduzir o descarte dos polmeros reciclados conveniente que

    estes sejam utilizados em aplicaes de longa vida til, como pavimentao,

    madeira plstica, construo civil, plasticultura, indstria automobilstica e

    eletroeletrnica, entre outros 51.

    23

  • 1.6. BIODEGRADAO

    Os produtos produzidos com os polmeros sintticos convencionais so

    considerados inertes ao ataque imediato de microorganismos. Essa

    propriedade faz com que esses materiais apresentem um tempo longo de vida

    til e, consequentemente, provocam srios problemas ambientais. Aps o seu

    descarte a maioria dos materiais polimricos demora em mdia mais de 100

    anos para se decomporem totalmente, aumentando assim a quantidade de lixo

    plstico descartado no meio ambiente.

    Como uma soluo para este problema, surgem os polmeros

    biodegradveis que quando entram em contato com diversos tipos de

    microrganismos se degradam rapidamente 64.

    Nos ltimos anos tem havido um interesse crescente em relao aos

    polmeros biodegradveis, principalmente quando se considera o

    desenvolvimento de novos produtos que provoquem menor impacto ambiental6.

    Contudo, importante destacar que a biodegradabilidade uma

    caracterstica condicionada s condies de descarte desses materiais.

    A norma ABNT NBR 15448 da Associao Brasileira de Normas

    Tcnicas, a degradao uma alterao na estrutura qumica do polmero, que

    leva a uma perda irreversvel das propriedades de uso do material. De acordo

    com esta norma, um material considerado biodegradvel quando 90% de sua

    massa degradada em seis meses. Contudo, a biodegradao a degradao

    causada por atividade biolgica de ocorrncia natural por ao enzimtica.

    Para que a biodegradao ocorra necessrio levar em considerao um

    conjunto de fatores qumicos, fsicos e ambientais. Dentre os fatores que

    afetam a biodegradao esto os parmetros fsicos do ambiente, tais como

    temperatura, presso, ao mecnica dos ventos, chuva e neve, de

    alagamentos, ao da luz, entre outros, alm da composio qumica da gua,

    do ar e do solo, e dos parmetros biolgicos, como a ao dos animais,

    vegetais e microorganismos.

    Erroneamente os conceitos de biodegradabilidade podem sugerir ao

    consumidor que no seja necessrio nenhum tipo de cuidado ao descartar

    materiais plsticos, uma vez que eles seriam facilmente absorvidos pelo meio

    24

  • ambiente. Dessa forma, em vez de reduzir o problema ambiental, o mesmo

    agravado65.

    Outra questo bastante polmica envolve tambm o conceito de

    materiais oxibiodegradveis. Os plsticos oxibiodegradveis, por exemplo, no

    so vistos com bons olhos por todos. Pesquisadores afirmam que ao se

    degradar, os plsticos no desaparecem na natureza e sim se fragmentam

    podendo causar riscos ambientais srios, como a contaminao de lenis

    freticos e plantas 13 , 3, 66,.

    Dessa forma materiais biodegradveis de fontes renovveis no

    excluem a possibilidade destes de gerar algum problema ambiental devido ao

    longo tempo que podem levar para biodegradar. A reciclagem desses

    materiais, portanto, necessita do desenvolvimento de tecnologias de

    reciclagem, de coleta e de local adequado a sua disposio final.

    1.6.1. Biodegradao/biodeteriorao

    Estudos de biodegradao, in vivo e in vitro, so importantes, tanto para

    minimizar os efeitos de resduos plsticos descartados no meio ambiente,

    como para aplicar mais os polmeros biodegradveis s reas mdica e de

    embalagens67.

    A biodegradao de polmeros ocorre, basicamente, por dois

    mecanismos distintos dependendo da natureza do polmero e do meio:

    hidrlise biolgica e oxidao biolgica 31.

    1.6.1.1. Hidrlise biolgicaEsta hidrlise ocorre atravs da catlise promovida pelas enzimas

    hidrolases atravs da quebra das ligaes peptdicas e outras catalisam a

    hidrlise de ligaes ster68.

    A hidrlise biolgica seguida pela oxidao das cadeias polimricas e

    quebra das mesmas, gerando cadeias menores e bioassimilao destas pelos

    microrganismos. Este processo ocorre em polmeros contendo cadeias como

    celulose, amido e polisteres alifticos, dos quais os PHAs so exemplos

    tpicos31. Os grupos steres deste polmeros so facilmente hidrolisveis, pela

    ao enzimtica das esterases de fungos68.

    25

  • 1.6.1.2. Oxidao biolgica a reao de oxidao, na presena de oxignio, com introduo de

    grupos perxidos nas cadeias carbnicas, por ao das monooxigenases e

    dioxigenases. Seguida de quebra das cadeias e posterior por bioassimilao

    de produtos de baixa massa molar, como cidos carboxlicos, aldedos,

    cetonas. Este mecanismo se aplica essencialmente a polmeros apenas de

    cadeias carbnicas. A degradao pode ser controlada pelo uso apropriado de

    antioxidantes. A bioassimilao comea to logo forem formados produtos de

    baixa massa molar no processo de peroxidao31.

    A velocidade da reao de hidrlise dos polmeros determinada por

    caractersticas como estrutura, rea superficial e morfologia do material. Os

    microrganismos se fixam na superfcie do material e secretam enzimas que

    quebram o polmero em blocos moleculares menores, que so utilizados como

    fonte de carbono para o crescimento destes microrganismos.

    A biodegradao sob ao de enzimas pode ser monitorada por

    medidas de (i) massa molar, utilizando a cromatografia de excluso por

    tamanho - SEC, (ii) da presena de grupos polares, utilizando tcnicas como a

    espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier FTIR, (iii) de

    mudanas nas propriedades mecnicas usando a anlise termo-mecano-

    dinmica DMTA, (iv) de mudanas de estrutura de microfase atravs da

    calorimetria exploratria diferencial DSC, ou (v) de estrutura de macrofase

    utilizando a microscopia eletrnica de varredura SEM69. A biodegradao

    envolve no s a ao de enzimas como tambm outros mecanismos de

    interao entre os microrganismos e a superfcie polimrica e pode ser

    chamada de biodeteriorao 44.

    A biodeteriorao um processo interfacial, em que os microrganismos

    atacam e colonizam as superfcies polimricas na forma de biofilmes, os quais

    so uma mistura de microrganismos, gua, polissacardeos e protenas44.

    A biodeteriorao ento um processo muito complexo, que depende

    das condies do meio, dos tipos de microrganismos e da estrutura do

    polmero propriamente dito. Se o polmero for biodegradvel, o processo pode

    ocorrer, sob certas condies do meio (pH, umidade, oxignio, entre outros) ou 26

  • de maneira mais direta por ao de enzimas40. Se o polmero no tiver grupos

    funcionais, como os steres, pode haver deteriorao, mas no chegando a

    mineralizao do polmero at os produtos finais, gua e dixido de carbono.

    A superfcie polimrica pode ser inerte ao ataque microbiano, sendo

    apenas um suporte para o crescimento bacteriano44. Os microrganismos

    podem agir de diferentes maneiras sobre a superfcie polimrica: (i) por

    deposio de material extracelular excretado por eles (fouling); (ii) por

    degradao de compostos extrados (lixiviados) do polmero, tais como,

    aditivos e monmeros, os quais servem de alimento e manuteno para o

    biofilme, como por exemplo, no caso das cortinas de PVC, usadas em boxes

    de banheiros, que perdem a flexibilidade, pela perda de aditivos; (iii) por

    corroso, isto , pela ao do biofilme e de seu gradiente de pH e potencial de

    xido-reduo, que ajudam na deteriorao do polmero.

    Para quantificar a biodegradao / biodeteriorao tm sido empregados

    vrios mtodos fsico-quimcos, que ainda no esto totalmente padronizados

    pois, as interaes entre microrganismos e superfcies polimricas so

    processos complexos.

    1.7. IMPACTOS AMBIENTAIS PROVOCADOS PELO DESCARTE

    INCORRETO DE RESDUOS PLSTICOS

    O plstico tornou-se um smbolo da sociedade de consumo descartvel

    e atualmente o segundo constituinte mais comum do lixo, aps o papel. Entre

    os estados brasileiros, So Paulo um dos maiores mercados de polmeros.

    De acordo com a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de So Paulo, alguns

    materiais plsticos levam mais de 100 anos para se decompor na natureza,

    como pode ser observado na Tabela 1.2.

    27

  • Tabela 1.2 Tempo de degradao de alguns materiais na natureza

    Material Tempo de Degradao

    Latas de Ao 10 anos

    Alumnio 200 a 500 anos

    Cordas de nylon 30 anos

    Embalagens Longa Vida At 100 anos (alumnio)

    Embalagens PET Mais de 100 anos

    Esponjas Indeterminado

    Isopor Indeterminado

    Luvas de borracha Indeterminado

    Metais (componentes de equipamentos) Cerca de 450 anos

    Papel e papelo Cerca de 6 meses

    Plsticos (embalagens, equipamentos) At 450 anos

    Pneus Indeterminado

    Sacos e sacolas plsticas Mais de 100 anos

    Vidros indeterminado(Fonte: Secretaria do Meio Ambiente do Estado de So Paulo, 2012). 70

    Ecologistas tm apresentado argumentos bastante convincentes de que,

    para resolver o problema do lixo, teremos de adotar novas atitudes, que

    envolvam: a reduo no consumo, a reutilizao e a reciclagem dos materiais .

    Esta nova postura uma exigncia cada vez maior das sociedades

    modernas que aspiram a um crescimento racional, baseado no chamado

    desenvolvimento sustentvel. Materiais plsticos so provenientes

    essencialmente do petrleo e gs natural, de grande consumo e com reservas

    limitadas. Portanto, a busca de novos materiais que substituam determinados

    plsticos levaram a novas rotas de sntese partindo de recursos renovveis 71.

    A gesto ambiental visa o gerenciamento dos resduos buscando uma

    integrao das atividades humanas com o meio ambiente72.. Isso se faz atravs

    da melhoria da qualidade de vida e manuteno da disponibilidade dos

    28

  • recursos naturais, sem esgotar ou deteriorar os recursos renovveis e sem

    destruir os no-renovveis73.

    Com a finalidade de disseminar e promover o desenvolvimento

    sustentvel no Brasil foi criado na Associao Brasileira de Normas Tcnicas o

    comit Brasileiro de Gesto Ambiental, ABNT/CB-38. Esse comit acompanha

    e analisa os trabalhos desenvolvidos pela ISO/TC 207, International

    Organization for Standardization/Technical Committee 207, com o objetivo de

    validar os mesmos para a realidade da sociedade brasileira. A atuao deste

    comit engloba a elaborao e a implantao da srie ISO 14000, uma das

    principais normas de gesto ambiental em vigor em mais de 100 pases, que

    descreve os requisitos bsicos de um sistema de gesto ambiental.

    1.8. ASPECTOS LEGAIS DAS POLTICAS AMBIENTAIS

    Aps determinao das estratgias a serem adotadas para a gesto

    ambiental, as autoridades polticas devem determinar os princpios que a

    nortearo. Para estabelecer um marco regulador a poltica pe uma srie de

    princpios, os quais orientam os organismos pblicos e privados sobre os

    objetivos desejados e servem de marco conceitual a leis e regulamentos72 . So

    eles:

    1. Princpio de sustentabilidade ambiental: A poltica deve ser

    orientada para a obteno de um comportamento tal dos

    agentes geradores dos resduos e responsveis pelos mesmos

    em todas as etapas de seu ciclo de vida, de forma a minimizar

    o impacto sobre o meio ambiente, preservando-o como um

    conjunto de recursos disponveis em iguais condies para as

    geraes presentes e futuras.

    2. Princpio do poluidor-pagador. Essencial na destinao dos

    custos de preveno da contaminao, este princpio

    estabelece que seja os geradores de resduos, os agentes

    econmicos, as empresas industriais e outras, que devem arcar

    com o custeio que implica no cumprimento das normas

    estabelecidas.

    29

  • 3. Princpio de precauo. O princpio sustenta que a

    autoridade pode exercer uma ao preventiva quando h

    razes para crer que as substncias, os resduos, ou a energia,

    introduzidos no meio ambiente podem ser nocivos para a

    sade ou para o meio ambiente.

    4. Princpio da responsabilidade do bero ao tmulo. O

    impacto ambiental do resduo responsabilidade de quem o

    gera, isto , a partir do momento em que o produz, at que o

    resduo seja transformado em matria inerte, eliminado ou

    depositado em lugar seguro, sem risco para a sade ou o meio

    ambiente.

    5. Princpio do menor custo de disposio. Este princpio define

    uma orientao dada pelo Convnio da Basilia, em 1989, para

    que as solues que se adotem em relao aos resduos

    minimizem os riscos e custos de translado ou deslocamento,

    fazendo com que, dentro do possvel, os resduos sejam

    tratados ou depositados nos lugares mais prximos de seus

    centros de origem.

    6. Princpio da reduo na fonte. Sustenta a convenincia de

    evitar a gerao de resduos mediante o uso de tecnologias

    adequadas, tratamento ou minimizao em seu lugar de

    origem.

    7. Princpio do uso da melhor tecnologia disponvel. Trata-se de

    uma recomendao aplicvel sobre tudo nos pases

    desenvolvidos para a licena de funcionamento de plantas

    industriais novas. A autorizao de funcionamento passa por

    uma demonstrao de que esto sendo aplicadas tecnologias

    que minimizam a gerao de resduos, em especial os de

    natureza perigosa. um princpio pouco aplicvel em pases

    com menores nveis de desenvolvimento e com dependncia

    tecnolgica.

    (Fonte: Brollo e Silva, 2001).

    30

  • 1.9. LEI DOS RESDUOS SLIDOS

    Um estudo de 2011 do Instituto de Pesquisas Econmicas (IPEA)

    mostrou que o potencial de reciclagem do Brasil de R$ 8,5 bilhes / ano. Este

    o montante que o Brasil desperdia com a gesto inadequada dos resduos

    slidos66.

    Aps vinte e um anos para discusso e aprovao, a Lei n12.305,

    intitulada Poltica Nacional de Resduos Slidos (PNRS) foi sancionada em dois

    de agosto de 2010. A lei discorre sobre seus princpios, objetivos e

    instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas gesto integrada e ao

    gerenciamento de resduos slidos, includos os perigosos, s

    responsabilidades dos geradores e do poder pblico e aos instrumentos

    econmicos aplicveis.

    De acordo com a ABNT NBR 10004: 200479 so considerados resduos

    slidos:

    Resduos nos estados slido e semi-slido, que resultam de

    atividades de origem industrial, domstica, hospitalar,

    comercial, agrcola, de servios e de varrio. Ficam includos

    nesta definio os lodos provenientes de sistemas de

    tratamento de gua, aqueles gerados em equipamentos e

    instalaes de controle de poluio, bem como determinados

    lquidos cujas particularidades tornem invivel o seu

    lanamento na rede pblica de esgotos ou corpos de gua, ou

    exijam para isso solues tcnica e economicamente inviveis

    em face melhor tecnologia disponvel.

    (Fonte: ABNT NBR 10004, 2004).

    De acordo com a (PNRS)80,

    o gerenciamento de resduos slidos constitui o conjunto de

    aes exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta,

    transporte, transbordo, tratamento e destinao final

    ambientalmente adequada dos resduos slidos e disposio

    final ambientalmente adequada dos rejeitos, de acordo com

    plano municipal de gesto integrada de resduos slidos ou

    31

  • com plano de gerenciamento de resduos slidos, exigidos na

    forma desta Lei.

    (Fonte: Brasil, 2010).

    A PNRS far uso de ferramentas da ecologia industrial, tais como: a

    avaliao de ciclo de vida, logstica reversa, reduo, reciclagem, reuso e

    remanufatura, e ecodesign, como instrumentos de gesto pblica. Esta

    abordagem inovadora e poder proporcionar um grande avano na gesto de

    resduos no pas 74.

    O projeto da Lei determinou como os principais pontos: (i) o fechamento

    de lixes at 2014, (ii) a utilizao de aterros sanitrios apenas para rejeitos, ou

    seja, apenas para o que no possvel reciclar, e (iii) a elaborao de planos

    de resduos slidos dos municpios75.

    Outro importante ponto que PNRS abrange sobre a responsabilidade

    partilhada pelo ciclo de vida dos produtos. Definida como conjunto de

    atribuies individualizadas e encadeadas dos fabricantes, importadores,

    distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos servios

    pblicos de limpeza urbana e de manejo dos resduos slidos, para minimizar o

    volume de resduos slidos e rejeitos gerados. Alm de aes para reduzir os

    impactos causados sade humana e qualidade ambiental decorrentes do

    ciclo de vida dos produtos66.

    Os impactos gerados pelos resduos so tambm discutidos desde a

    fabricao. De acordo com PNRS, os produtos devem ser aptos aps o uso a

    reutilizao, a reciclagem, a compostagem, a recuperao e o aproveitamento

    energtico ou outras destinaes de modo a minimizar os impactos ambientais

    adversos.

    O gerenciamento inadequado de tais resduos pode resultar em riscos

    indesejveis s comunidades, constituindo-se ao mesmo tempo em problema

    de sade pblica e fator de degradao ambiental, Alm, claro, de alterar os

    aspectos sociais, estticos, econmicos e administrativos da regio 76.

    Os custos e a gigantesca dimenso dos problemas gerados pelos

    resduos slidos urbanos no meio ambiente extrapolam a capacidade do

    32

  • Estado em resolv-los isoladamente. Essa tarefa exige uma ao conjunta

    entre Estado, Mercado e Sociedade Civil.

    A PNRS, visando dividir as responsabilidades entre a sociedade, o poder

    pblico e a iniciativa privada introduziu a responsabilidade compartilhada entre

    os atores da cadeia produtiva de bens manufaturados, fabricantes,

    distribuidores, comerciantes, consumidores e titulares de servios pblicos de

    limpeza urbana responsveis pelo ciclo de vida dos produtos.

    A Tabela 1.3 resume as principais mudanas propostas pela PNRS nos

    diversos setores da sociedade.

    Por outro lado, a PNRS focou seus instrumentos a partir da gerao dos

    resduos, faltando uma integrao com polticas de desenvolvimento e poltica

    industrial para fins de incentivar produtos ecologicamente amigveis78 . Este

    ponto de vista defendido tambm pelas associaes de recicladores, como a

    ARERJ, Associao dos Recicladores do Estado do Rio de Janeiro, que

    questionam a falta de abordagem sobre os incentivos fiscais e abertura de

    linhas de crdito para a indstria de reciclagem.

    O atual projeto de desenvolvimento de uma poltica destinada aos

    resduos slidos foi iniciada a mais de vinte anos. Suas propostas

    recentemente aprovadas e transformadas em uma poltica nacional so ainda

    um desafio para a sociedade. Contudo, esta uma questo delicada que no

    deve ser tratada apenas em mbito governamental. O sucesso desta, e de

    outras propostas com o objetivo de preservar o meio ambiente, depende muito

    mais da conscientizao e educao de cada cidado. Cabe a cada membro

    dessa sociedade buscar o desenvolvimento e o uso de novas tecnologias,

    processos e produtos que minimizem as agresses e os impactos ambientais

    ao longo de todo seu ciclo de vida, antes, durante e aps o consumo.

    33

  • Tabela 1.3- Principais propostas de mudana sugeridas pela PNRS

    O que muda com a PNRSSetor da sociedade Antes Depois

    Poder pblico

    Falta de prioridade para o lixo urbano Municpios faro plano de metas sobre

    resduos com participao dos

    catadoresExistncia de lixes na maioria dos

    municpios

    Os lixes precisam ser erradicados em

    4 anosResduo orgnico sem aproveitamento Prefeituras passam a fazer a

    compostagemColeta seletiva cara e ineficiente obrigatrio controlar custos e medir a

    qualidade do servio

    Catadores

    Explorao por atravessadores e

    riscos sade

    Catadores reduzem riscos sade e

    aumentam renda em cooperativasInformalidade Cooperativas so contratadas pelos

    municpios para coleta e reciclagemProblemas de qualidade e quantidade

    dos materiais

    Aumenta a quantidade e melhora a

    qualidade da matria prima recicladaFalta de qualificao e viso de

    mercado

    Trabalhadores so treinados e

    capacitados para ampliar produo

    Empresas

    Inexistncia de lei nacional para

    nortear os investimentos das

    empresas

    Marco legal estimular aes

    empresariais

    Falta de incentivos financeiros Novos instrumentos financeiros

    impulsionaro a reciclagemBaixo retorno de produtos

    eletroeletrnicos ps-consumo

    Mais produtos retornaro indstria

    aps o uso pelo consumidorDesperdcio econmico sem a

    reciclagem

    Reciclagem avanar e gerar mais

    negcios com impacto na gerao de

    renda

    Populao

    No separao do lixo reciclvel nas

    residncias

    Consumidor far separao mais

    criteriosa nas residnciasFalta de informao Campanhas educativas mobilizaro

    moradoresFalhas no atendimento da coleta

    municipal

    Coleta seletiva melhorar para recolher

    mais resduosPouca reivindicao junto s

    autoridades

    Cidado exercer seus direitos junto

    aos governantes(Fonte:http://www.cempre.org.br/download/pnrs_002.pdf . acessado em 20/07/2012).

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    42

  • CAPTULO II

    QUMICA VERDE

    Rafael Maria

    Fernando Gomes de Souza Jnior

    2.1 INTRODUO

    Durante toda sua existncia, a humanidade passou por longos perodos

    de transformaes, sejam estas de ordem poltica, econmica ou social.

    Determinados perodos histricos, como as Revolues Industriais e duas

    Grandes Guerras Mundiais, foram responsveis diretos pelo desenvolvimento

    tecnolgico ao nvel hoje conhecido, nas mais diversas reas: equipamentos,

    materiais, mdica, qumica, dentre outras. Com a primeira Revoluo Industrial,

    o caminho estava aberto para a consolidao da indstria e, a partir de ento,

    demanda e produo industrial atingiram ritmo de crescimento superior a

    qualquer perodo anterior.

    Junto ao desenvolvimento, no entanto, as questes ligadas ao meio

    ambiente surgiram como um legado inicialmente intrnseco ao processo

    industrial. A gerao de resduos e emisses alcanava nveis cada vez mais

    elevados, agravando a poluio ambiental, principalmente nos grandes centros

    urbanos mundiais. Problemas de sade decorrentes da poluio, por exemplo,

    tornavam-se cada vez mais comuns entre a populao.

    Deste cenrio, surge uma conscincia ambiental a partir da qual se deu

    a busca por medidas que visassem mitigar os impactos ambientais decorrentes

    da industrializao. Iniciam-se assim entre polticos, acadmicos e empresrios

    debates buscando adotar medidas que atrelassem ao desenvolvimento,

    alternativas que tornassem os processos industriais mais sustentveis.

    O conceito de desenvolvimento sustentvel foi primeiramente

    apresentado em 1987 pelo World Commission on Environment and

    Development, estabelecendo em seu relatrio final seu princpio bsico, que

    consiste em atender s geraes presentes, sem comprometer a habilidade

    das geraes futuras de atender s suas prprias necessidades.

    Neste captulo sero abordadas algumas das medidas adotas por

    Governos, agncias e instituies que esto no contexto da sustentabilidade. A 43

  • Pegada Ecolgica fornece indicadores que expressam a presso sob os

    ecossistemas e biodiversidade, atravs da medio da demanda ecolgica da

    sociedade na biosfera1. Buscando reduzir seu impacto na natureza, seja quanto

    gerao de resduos, seja quanto utilizao dos recursos naturais, a

    indstria qumica passa a adotar tecnologias e processos mais limpos,

    seguindo os princpios da Qumica Verde, os quais sero posteriormente

    descritos. Dentre estas indstrias verdes, destaca-se a biorrefinaria, trazendo

    os insumos empregados e os resduos gerados, que em sua maioria podem ser

    utilizados como matria-prima para a indstria de transformao qumica.

    2.2 PEGADA ECOLGICA

    A Pegada Ecolgica (Ecological Footprint - EF) consiste na mtrica que

    permite calcular a impresso deixada pela humanidade no meio ambiente,

    possibilitando em linhas gerais estimar quanto dos recursos naturais

    basicamente terra e gua so utilizados pela sociedade para sustentar o

    atual estilo de vida.

    Seu conceito foi apresentado em 1996 por William Rees e Mathis

    Wackernagel2 da Universidade da Colmbia Britnica, sendo hoje largamente

    empregada por cientistas, empresrios, governos, agncias e instituies que

    acompanham o uso dos recursos naturais e os avanos no desenvolvimento

    sustentvel.

    Desde a dcada de 1970, a humanidade v a demanda de seus

    recursos excedendo a capacidade de gerao da Terra. Desde ento, a

    Pegada Ecolgica global cresceu 80% at os dias atuais. Em um cenrio onde

    hoje so utilizados 1,5 planetas para manter seu atual estilo de vida, projees

    mais otimistas das Naes Unidas estimam que, considerando o atual

    crescimento populacional, consumo e mudanas climticas, em 2030 essa

    necessidade passar a ser de dois planetas Terras1.

    Como consequncia desse desequilbrio, tem-se, por exemplo, a

    reduo das reas florestais, o comprometimento dos aquferos e o aumento

    44

  • das emisses de gases estufa, os quais contribuem diretamente para a

    problemtica do aquecimento global. Ainda, implicaes scio-polticas

    decorrentes deste cenrio, como conflitos e guerras, migraes populacionais,

    fome e doenas, passariam a ser cenas frequentes neste novo ambiente.

    Contornar este quadro s ser possvel a partir do momento em que se

    comear a levar em considerao os limites ecolgicos do planeta, os quais

    devero integrar as tomadas de deciso em mbito poltico, econmico e

    social. O investimento em novas tecnologias limpas e infraestrutura so

    essenciais para mitigar os efeitos previstos pela Pegada Ecolgica.

    2.2.1 Anlise da Pegada Ecolgica

    A Anlise da Pegada Ecolgica quantifica o uso dos recursos naturais

    pelo homem e a gerao dos resduos em determinada rea (agrcola,

    pastagens, florestas, oceanos, reas para sequestro de CO2 e reas

    construdas) em relao sua capacidade de regenerao e processamento

    desses resduos (volume de CO2 emitido)2. Do ponto de vista termodinmico,

    consiste na rea continuamente necessria para gerar determinada quantidade

    de biomassa, via fotossntese3. Baseia-se em duas suposies:

    (a) possvel avaliar e quantificar a maioria dos recursos utilizados pela

    sociedade, e os resduos gerados;

    (b) Recursos e resduos podem ser convertidos e encaminhados para um

    ambiente natural capaz de fornecer estes recursos e assimilar os

    rejeitos.

    Genericamente, a Pegada Ecolgica representa, em hectare global

    (gha), a extenso de territrio utilizada, em mdia, por uma pessoa ou

    sociedade para se sustentarl4. A Figura 2.1 apresenta os valores de Pegada

    Ecolgica em diferentes pases, a mdia mundial e o valor ideal.

    45

  • Figura 2.1 Valores de Pegada Ecolgica no mundo.

    Fonte: (WWF Living Planet Report 2012)

    2.2.2 Pegada de Carbono

    O compromisso firmado por diferentes naes visando adotar medidas

    para mitigar as mudanas climticas levou implementao de sistemas de

    controle de emisses de Gases de Efeito Estufa (GEE), gerando mercados de

    carbono de abrangncia internacional, regional e nacional. Diversos agentes

    econmicos, a fim de atender s expectativas de seus stakeholders e agregar

    valor a seus produtos, hoje aderem a esquemas voluntrios de compra e venda

    desses crditos.

    Atualmente, o mercado mundial de carbono uma realidade e vem

    contribuindo para que os GEE, representados pelo carbono, passem a ser

    vistos no como passivos ambientais, mas a exercer o papel de ativos

    econmicos.

    O Protocolo de Quioto, assinado em 1997 no Japo, estabeleceu o

    Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) o qual previa, dentre outras

    atribuies, a reduo certificada das emisses de Gases de Efeito Estufa.

    Esta reduo medida em toneladas de dixido de carbono equivalente

    (tCO2e), onde cada tonelada de CO2 e reduzida equivale a um crdito de

    carbono o qual pode ser negociado no mercado mundial. As naes que no

    conseguirem ou no desejarem reduzir suas emisses podem comprar crditos 46

  • de pases em desenvolvimento e us-los para o cumprimento de suas metas5.

    A ratificao do Protocolo de Quioto, em fevereiro de 2005, contou com

    a adeso de 55% dos pases mais poluidores, que estabeleceram como meta a

    reduo das emisses dos GEE em 5,2%, entre 2008 e 2012, tendo como base

    nveis de 19906. Em 2011, estas metas foram ampliadas para cortes nas

    emisses de 25% a 40% em 2020, com base em 19905.

    Atualmente, a humanidade faz uso dos recursos naturais e emite CO2 a

    uma taxa 44% maior que a capacidade da natureza em se regenerar e

    absorver esse gs. Essa diferena compromete a biodiversidade e propicia o

    acmulo de dixido de carbono na atmosfera, com implicaes em todo o

    ecossistema, inclusive para a espcie humana.

    2.3 QUMICA VERDE: CONCEITOS E PRINCPIOS

    No incio da dcada de 90, um novo olhar dado questo dos

    resduos qumicos, tendo como fundamento a busca por alternativas que

    evitassem ou minimizassem a produo desses resduos ao longo de todo o

    processo produtivo. Em 1991, a Environmental Protection Agency (EPA),

    agncia ambiental americana, deu incio ao programa Rotas Sintticas

    Alternativas para Preveno de Poluio, que inclua financiamento de

    projetos visando a preveno da poluio diretamente na fonte7. Ainda neste

    sentido, em 1995 o governo norte-americano, atravs da premiao fornecida

    pelo programa Presidential Green Chemistry Challenge Awards, apresenta o

    termo Qumica Verde.

    Em 1998, a publicao Green Chemistry: Theory and Practice introduziu

    os 12 princpios que norteiam a Qumica Verde at o presente momento8. Estes

    princpios so enunciados conforme a Tabela 2.1, e contribuem para o

    desenvolvimento de uma viso correta acerca do movimento verde, definindo

    os modelos de atuao a serem seguidos tanto em termos industriais quanto

    em pesquisa cientfica.

    47

  • Tabela 2.1 Os 12 Princpios da Qumica Verde.

    Nmero Princpio1 Preveno2 Economia atmica3 Snteses qumicas menos perigosas4 Desenvolvimento de produtos qumicos mais seguros5 Solventes e auxiliares mais seguros6 Eficincia energtica7 Uso de matrias-primas renovveis8 Reduo de derivatizados9