biometria foliar em espÉcies da restinga · bioma restinga foram selecionadas de três...
TRANSCRIPT
XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
BIOMETRIA FOLIAR EM ESPÉCIES DA RESTINGA
Julio Cesar Fernando Torres Conceição1, Elcida de Lima Araújo
2, Rejane Magalhães de Mendonça Pimentel
2
Introdução O estudo das variações existentes em órgãos vegetativos em espécies tropicais ainda é escasso no nordeste do Brasil,
especialmente quando associado ao significado funcional dos seus caracteres. Este fato é ampliado quando se trata do
estudo de folhas, visto ser um órgão com elevada plasticidade e capaz de responder às variações climáticas do ambiente
onde a planta está estabelecida.
Este estudo teve como objetivo geral: diagnosticar variações na biometria de folhas de espécies dominantes da restinga
pernambucana e como objetivos específicos: a) determinar a biometria de folhas de espécies dominantes estabelecidas
em áreas da restinga em PE, b) agrupar espécies vegetais com semelhantes características morfológicas quanto à
biometria das folhas de espécies dominantes da restinga e c) aplicar métodos de análise digital de imagens na análise de
caracteres morfológicos foliares em diferentes espécies vegetais.
Material e métodos As folhas de espécies dominantes e mais abundantes estabelecidas na Restinga em áreas do estado de Pernambuco
foram caracterizadas quanto à biometria da lâmina foliar, seguindo os parâmetros definidos pelo Leaf Architecture
Working Group (1999).
A identidade taxonômica das espécies foi identificada em diferentes níveis (e.g. família, gênero e espécie), seguindo o
sistema de classificação de Cronquist (1981), APG II (2003) e APG III (2009). Em estudos fitossociológicos prévios
das áreas selecionadas foi determinada a abundância e dominância das espécies encontradas na área.
A estrutura morfológica foi investigada em até 10 folhas íntegras de até 10 espécies mais abundantes e dominantes no
bioma restinga foram selecionadas de três indivíduos, e, de cada indivíduo, serão coletadas 10 folhas. As amostras
foram digitalizadas em scanner de mesa para construção de banco de dados de imagens digitais.
As imagens das folhas digitalizadas foram utilizadas para a determinação das medidas da morfologia externa das
folhas, considerando os seguintes aspectos: comprimento e largura total da lâmina foliar, nas porções basal, mediana e
apical; comprimento e diâmetro do pecíolo nas porções basal, mediana e distal; local de inserção do pecíolo na lâmina
foliar.
Todas as análises e medições foram feitas no Laboratório de Fitomorfologia Funcional-LAFF/UFRPE utilizando
programa de análise de imagens (Image Tool) em imagens digitais obtidas em scanner de mesa.
Resultados e Discussão Neste estudo foram selecionadas e analisadas nove espécies de uma vegetação de restinga no estado de Pernambuco:
Hancornia speciosa Gomes (Apocynaceae), Hirtela racemosa Lam. (Chysobalanaceae), Myrcia bergiana O. Berg.
(Myrtaceae), Abarema filamentosa (Benth.) Pittier (Fabaceae), Buchenavia capitata (Vahl) Eichler (Combretaceae),
Stigmaphyllon sp. (Malpighiaceae), Anacardium occidentale L. (Anacardiaceae), Sacoglottis mattogrossensis Malme
(Humiriaceae) e Andira nitida Mart. ex Benth. (Fabaceae).
As espécies estudadas mostram grandes variações na biometria das folhas. As espécies se destacaram por apresentar os
maiores valores para o comprimento e largura da lâmina foliar, são elas, por ordem decrescente: Hirtela racemosa,
Hancornia speciosa, Anacardium occidentale, Andira nitida, Sacoglottis mattogrossensis, Abarema filamentosa,
Myrcia bergiana, Stigmaphyllon sp. e Buchenavia capitata (Tabela 1).
De modo geral, os valores encontrados para os parâmetros avaliados foram sempre maiores para as espécies Hirtela
racemosa e Hancornia speciosa (Tabela 1).
Considerando o comprimento do pecíolo, os maiores valores, em ordem decrescente, foram encontrados nas espécies:
Andira nitida, Hancornia speciosa, Hirtela racemosa, Anacardium occidentale, Stigmaphyllon sp., Abarema
filamentosa, Myrcia bergiana, Sacoglottis mattogrossensis e Buchenavia capitata (Tabela 1). As espécies Andira nitida
e Buchenavia capitata se destacaram por apresentar o maior e menor valores para o comprimento do pecíolo,
respectivamente (Tabela 1). Todas as folhas apresentaram inserção do pecíolo na porção mediana e basal da lâmina
foliar em todas as espécies.
Considerando os maiores valores encontrados para o comprimento da lâmina foliar identificamos quatro grupos de
espécies, o primeiro agrupando Hirtela racemosa e Hancornia speciosa, o segundo agrupando Anacardium occidentale
e Andira nitida, o terceiro agrupando Sacoglottis mattogrossensis, Myrcia bergiana e Abarema filamentosa e o quarto
agrupando Stigmaphyllon sp. e Buchenavia capitata.
1 Primeiro Autor é Aluno da Escola Professor Candido Duarte. Rua Dois Irmãos, SN. Apipucos, Recife, PE, CEP 52071-440. E-mail:
[email protected] 2 Segundo e Terceiro Autores são Professoras Associadas do Departamento de Biologia/Botânica, Universidade Federal Rural de Pernambuco.
Rua Dom Manoel de Medeiros, SN, Dois Irmãos, PE, CEP 52171-900.
XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
Considerando os maiores valores encontrados para a largura da lâmina foliar identificamos cinco grupos de espécies, o
primeiro agrupando Hirtela racemosa, Hancornia speciosa e Andira nitida, o segundo constituído por Abarema
filamentosa, o terceiro formado por Anacardium occidentale, o quarto agrupando Stigmaphyllon sp., Sacoglottis
mattogrossensis e Myrcia bergiana, e o quinto formado por Buchenavia capitata.
Tabela 1. Biometria da lâmina foliar de espécies dominantes em uma vegetação de restinga no estado de Pernambuco.
Ins = inserção do pecíolo na lâmina foliar; B = basal.
Espécies Lâmina Foliar Total
(mm)
Lâmina Foliar
(porção)
Pecíolo
Comp. Larg. Apical Mediana Basal Comp. Larg. Ins
Hancornia speciosa 25,32 11,99 10,18 11,99 9,37 1,25 0,74 B
Hirtela racemosa 39,73 15,67 11,23 15,67 13,29 1,18 0,78 B
Myrcia bergiana 12,0 4,30 3,75 4,30 7,30 0,70 0,65 B
Abarema filamentosa 11,90 10,00 9,95 10,00 8,27 0,80 0,62 B
Buchenavia capitata 4,40 2,50 1,80 2,50 1,92 0,50 0,53 B
Stigmaphyllon sp. 9,70 4,90 4,56 4,90 4,42 0,90 0,57 B
Anacardium occidentale 13,70 7,00 6,79 7,00 6,53 1,00 0,51 B
Sacoglottis mattogrossensis 12,10 4,50 4,01 4,50 4,02 0,60 0,74 B
Andira nitida 13,33 12,91 11,29 12,91 12,73 3,05 0,72 B
Conclusões
As medidas do comprimento e largura foliar e comprimento do pecíolo nas folhas permitiram o agrupamento
biométrico das espécies de restinga.
Agradecimentos
Os autores agradecem ao CNPq pela concessão da bolsa PIBIC-EM ao primeiro autor e pela Bolsa de Produtividade
para a segunda e terceira autoras.
Referências
APG II. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants:
APG II. Botanical Journal of the Linnean Society, v.141, p.399-436. 2003.
APG III. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants:
APG III. Botanical Journal of the Linnean Society, v.161, p.105-121. 2009.
Brower, J.E.; Zar, J.H. Field & laboratory methods for general ecology. W.C. Brown Publishers, Boston. 1984. 226p.
Cronquist, A. An integrated system of classification of flowering plants. Columbia, University Press, New York. 1981.
Judd, W.S.; Campbell, C.S.; Kellogg, E.A. Stevens, P.F. Plant systematics: a phylogenetic approach. Sunderland:
Sinauer. 2007. 565p.
LAWG (Leaf Architecture Working Group). Manual of Leaf Architecture - morphological description and
categorization of dicotyledonous and net-veined monocotyledonous angiosperms by leaf architecture. Washington,
Smithsonian Institution. 1999. 200p.