bioma mata dos cocais

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Universidade Federal de Alagoas Centro de Tecnologia Graduação em Engenharia Ambiental Disciplina de Ecologia Prof. Roberto Caffaro MATA DOS COCAIS Jade Varallo Corte Jéssica Francyne Frias Jonas Rafael Duarte Cavalcante Maceió, 23 de setembro de 2009

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Page 1: Bioma   Mata Dos Cocais

Universidade Federal de Alagoas

Centro de Tecnologia

Graduação em Engenharia Ambiental

Disciplina de Ecologia

Prof. Roberto Caffaro

MATA DOS COCAIS

Jade Varallo Corte

Jéssica Francyne Frias

Jonas Rafael Duarte Cavalcante

Maceió, 23 de setembro de 2009

Page 2: Bioma   Mata Dos Cocais

Universidade Federal de Alagoas

Centro de Tecnologia

Graduação em Engenharia Ambiental

Disciplina de Ecologia

Prof. Roberto Caffaro

MATA DOS COCAIS

Maceió, 23 de setembro de 2009

Relatório desenvolvido pelos

alunos Jade Varallo Corte, Jéssica

Francyne Frias e Jonas Rafael

Duarte Cavalcante, matriculados

no quarto período do curso de

Engenharia Ambiental, para a

disciplina Ecologia ministrada pelo

Professor Roberto Caffaro.

Page 3: Bioma   Mata Dos Cocais

Introdução

Segundo a WIKIPEDIA (2009), biomas “são as comunidades biológicas,

ou seja, as populações de organismos da fauna e da flora interagindo entre si e

interagindo também com o ambiente físico chamado biótopo”.

Bioma é uma unidade biológica ou espaço geográfico caracterizado de

acordo com o macroclima, a fitofisionomia (aspecto da vegetação de um lugar),

o solo e a altitude específicos. Alguns, também são caracterizados de acordo

com a presença ou não de fogo natural. A palavra bioma (de bios=vida e

oma=grupo ou massa) foi usada pela primeira vez com o significado acima por

Clements (ecologista norte-americano) em 1916. Segundo ele a definição para

bioma seria, “comunidade de plantas e animais, geralmente de uma mesma

formação, comunidade biótica”. (FARIA, 2007)

Ecótono (ou ecótone) é definido, de acordo com a Resolucão CONAMA

(1994), como “zona de contato ou transição entre duas formações vegetais

com característica distintas”. De forma geral pode-se dizer que é a região

situada na transição de dois ou mais biomas, de forma que a Mata dos Cocais

é um exemplo claro de ecótono.

LIMA et al (2006) afirma que, segundo COELHO et al. (2002), “a zona

dos cocais é uma formação de transição entre a floresta amazônica, mata

atlântica, caatinga e cerrado”.

A região é considerada a de maior concentração de plantas oleaginosas

do mundo e fonte da maior produção extrativista vegetal do país. (LIMA et al,

2006).

Page 4: Bioma   Mata Dos Cocais

Mata de Cocais – Imagem disponível em

http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/mata-dos-cocais/mata-dos-cocais-2.php

1. Localização

De acordo com o MUNDO EDUCAÇÂO (2009), “a mata dos cocais

abrange os estados do Maranhão, Piauí, Ceará e setentrional do Tocantins,

área conhecida como meio-norte”, podendo também sem encontradas

formações características desse ecótono na Bahia (FARIA, 2008).

Ainda por FARIA (2008), “a mata de cocais faz a transição entre a

caatinga, típica do nordeste, a floresta amazônica, típica da região norte, e o

cerrado, mais ao sul”, uma vez que está localizada bem no meio destes

importantes biomas.

Localização da Mata dos Cocais no Brasil. Imagem disponível em

http://geografiabrasil.wordpress.com/2008/03/20/mata-dos-cocais/

Page 5: Bioma   Mata Dos Cocais

2. Fatores ambientais

Segundo o MUNDO EDUCAÇÃO (2009), nas regiões onde ocorre a

mata dos cocais o clima varia desde o equatorial úmido até o semi-árido. Ainda

de acordo com a mesma fonte, as localidades com o clima mais úmido são o

Maranhão, norte do Tocantins e oeste do Piauí, onde ocorre a proliferação do

babaçu. A carnaúba é o vegetal que predomina nas áreas mais secas, que se

dão a leste do Piauí.

Climas do Brasil. Imagem disponível em:

http://www.sogeografia.com.br/Conteudos/GeografiaFisica/Clima/

Partindo da informação que Carnaúba só se desenvolve em solos

argilosos, aluviões e em leito de rios, alem de ser resistente ao sal, e que na

Mata dos Cocais há o desenvolvimento desta espécie, infere-se que tais

Page 6: Bioma   Mata Dos Cocais

características são aplicáveis ao solo da região em estudo. (MUNDO

EDUCAÇÃO, 2009).

O Meio Norte (mais conhecido por Mata dos Cocais), por estar situado

numa região de transição entre a região Amazônica – quente e muito úmica - e

o sertão semi-árido, possui clima quente e chuvoso em São Luis – MA (em

média 2 mil mm por ano), porém a chuva diminui quando vamos para o leste e

o interior da região caindo para 1500 mm anuais em Teresina, e apenas 700

mm no sul ocidental do Piauí, cujas condições climáticas são similares às do

sertão (JOÃO, 2004).

Com relação ao relevo da Região dos Cocais, JOÃO (2009) diz que no

Maranhão e Piauí, a planície costeira ocupa quase um terço da superfície

destes estados.

Classificação de Aziz Ab Saber para o relevo do Brasil. Imagem disponível em

http://conceitosetemas.blogspot.com/

Page 7: Bioma   Mata Dos Cocais

De acordo com a imagem acima, é claro enxergar que a afirmação

acima é verdadeira. A Mata dos Cocais está localizada, em sua maior parte,

sobre o Planalto do Maranhão-Piauí.

“O planalto do Maranhão-Piauí (ou do Meio-Norte) situa-se na parte sul e

sudeste da bacia sedimentar do Meio-Norte. Aparecem, nessa área, vários

planaltos sedimentares de pequena altitude, além de algumas cuestas.”

(VESTIBULAR1, 2009).

A Mata dos Cocais é uma floresta secundária, pois cresceu com o

desmatamento de vegetações anteriores. Atualmente, a área desta região

ocupa menos de 3% da área do Brasil. (WIKIPEDIA, 2009).

O extrativismo da carnaúba e, principalmente, do babaçu exercem

grande importância na população que habita na Região dos Cocais. As

atividades desenvolvidas com tais espécies não geram nenhum prejuízo

ambiental, uma vez que são retirados somente os frutos e as folhas e essas

são recompostas pela planta, ou seja, brotam novamente. O que tem colocado

em risco a conservação da mata dos cocais é a ocupação agropecuária, pois

retira a cobertura original para que o local seja ocupado por pastagens para a

criação de gado e lavouras de monoculturas. (MUNDO EDUCAÇÃO, 2009).

3. Espécies Locais

As vegetações típicas da Mata dos Cocais além do babaçu, que aparece

em maior quantidade, e da carnaúba, são a oiticica e o buriti. Durante muito

tempo o extrativismo vegetal foi a principal fonte produtiva da região. Os

recursos vegetais que adquirem maior expressividade para sua exploração

são: carnaúba babaçu e o buriti. Dentre as atividades mais extraídas nessa

região são: a carnaúba e o babaçu. (PORTAL SÃO FRANCISCO, 2009)

Page 8: Bioma   Mata Dos Cocais

Carnaubeira. Imagem disponível em:

http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/carnauba/carnauba.php

Nome popular: Carnaubeira

Nome científico: Copernicia prunifera (Miller) H.E. Moore Família botânica:

Palmae

Origem: Brasil, no Nordeste e Pantanal.

Características da planta: Estipe reto e cilíndrico, atingindo de 10 a 15 m de

altura, formando saliências espiraladas em sua superfície, decorrentes dos

restos das folhas que caíram Folhas em forma de leque com até 1 m de

comprimento. Flores amarelas em cachos pendentes que surgem de julho a

outubro.

Fruto: Cacho com centenas de frutos ovóides a globosos, brilhantes,

esverdeados quando jovens e roxos quando maduros. Frutifica de novembro a

março.

A Carnaúba é uma árvore endêmica no semi-árido do nordeste

brasileiro, árvore símbolo dos Estados do Piauí e Ceará, conhecida como

árvore da vida. (WIKIPEDIA, 2009)

Page 9: Bioma   Mata Dos Cocais

Coqueiro-buriti. Imagem disponível em:

http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/buriti/buriti.php

Nome popular: carandá-guaçu; coqueiro-buriti; palmeira-do-brejo; miriti.

Nome científico: Mauritia flexuosa L.

Família botânica: Palmae.

Origem: Brasil - Regiões brejosas de várias formações vegetais.

Características da planta: Palmeira de porte elegante com estipe ereto de até

35 m de altura. Folhas grandes, dispostas em leque. Flores em longos cachos

de até 3 m de comprimento, de coloração amarelada, surgem de dezembro a

abril.

Fruto: Elipsóide, castanho-avermelhado, de superfície revestida por escamas

brilhantes. Polpa marcadamente amarela. Semente oval dura e amêndoa

comestível. Frutifica de dezembro a junho.

Page 10: Bioma   Mata Dos Cocais

Fruto do Buriti. . Imagem disponível em:

http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/buriti/buriti.php

Babaçu. Imagem disponível em:

http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/babacu/babacu.php

Nome popular: baguaçu; coco-de-macaco

Nome científico: Orrbignya speciosa (Mart.) Barb. Rodr.

Família botânica: Palmae

Origem: Brasil - Região amazônica e Mata Atlântica na Bahia.

Características da planta: Palmeira elegante que pode atingir até 20 m de

altura. Estipe característico por apresentar restos das folhas velhas que já

caíram em seu ápice. Folhas com até 8 m de comprimento, arqueadas. Flores

Page 11: Bioma   Mata Dos Cocais

creme-amareladas, aglomeradas em longos cachos. Cada palmeira pode

apresentar até 6 cachos, surgindo de janeiro a abril.

Fruto: Frutos ovais alongados, de coloração castanha, que surgem de agosto a

janeiro, em cachos pêndulos. A polpa é farinácea e oleosa, envolvendo de 3 a

4 sementes oleaginosas.

A respeito da flora local, Caxirimbu, cidade localizada dentro da região do

Cocais, é cercada por grande área verde e densas matas de cocal com a

presença de babaçuais, mas identifica-se a presença de várias espécies

nativas entre as quais se destacam o caneleiro (Lindockeria paraensis), a

maçaranduva ou maçaranduba (Manilkara huberi), ipê ou pau d’arco (Tabebuia

serratifolia), aroeira (Astronium sp), sapucaia (Lecythis usitata), mirindimba

(Buchenavia sp.). Além dessas espécies podemos identificar ainda a presença

de cultura induzida de caju, tamarindo (Tamarindus indica L.) e manga

(Mangifera indica L).

Sobre as espécies de animais silvestres, de acordo com depoimentos de

assentado/as, podem ser encontradas cotia (Dasyprocta agouti), paca (Agouti

paca), macaco-prego (Cebus nigrivittatus), veado (Mazama americana), gato

do mato (Leopardus tigrinus), mucura (Philander sp), répteis como teiú

(Tupinambis teguixin) e camaleões (Chamaeleo chamaeleon) cobras como

jibóia (Boa constrictor), cascavel (Crotalus durissus terrificus). Entre as aves

têm destaque o nambu (Crypturellus sp), perdiz (Rhynchotus rufescens), jacu

(Penelope ochrogaster). E espécies não definidas de macacos, tatus e

papagaios. (LIMA, 2007)

O extrativismo de madeira consiste na exploração de espécies vegetais

nobres, para fins industriais e rurais. Em conseqüência do desmatamento, a

área de tensão ecológica da porção centro-norte da Bacia do Parnaíba reduziu

a taxa de produção de madeira na região devido à fiscalização do IBAMA. Esta

atividade não existe um manejo sustentável que interfere no ecossistema

através da diminuição da população das espécies vegetais, tendo como

conseqüência a diminuição do potencial madeireiro, da população das espécies

Page 12: Bioma   Mata Dos Cocais

animais e do aumento do escoamento superficial, que acelera os processos de

degradação (SOUZA, 2006, em citação a GATTO, 1999).

A fauna é muito diversificada, tendo, porém, poucos mamíferos de

grande porte. Ao nível do solo há poucos animais (roedores, gambás, lagartos,

cobras), vivendo a maioria nas copas das árvores: aves, macacos, insetos, etc.

Nas águas dos rios podem ser encontrados o boto, a ariranha e o acará-

bandeira. (FESMADAJEKA, 2007)

4. Relações Ecológicas

Nas comunidades bióticas dentro de um ecossistema encontram-se

várias formas de interações entre os seres vivos que as formam, denominadas

relações ecológicas ou interações biológicas. Essas relações se diferenciam

pelos tipos de dependência que os organismos vivos mantêm entre si. Algumas

dessas interações se caracterizam pelo benefício mútuo de ambos os seres

vivos, ou de apenas um deles, sem o prejuízo do outro. Essas relações são

denominadas harmônicas ou positivas.

Outras formas de interações são caracterizadas pelo prejuízo de um de

seus participantes em benefício do outro. Esses tipos de relações recebem o

nome de desarmônicas ou negativas.

Tanto as relações harmônicas como as desarmônicas podem ocorrer

entre indivíduos da mesma espécie e indivíduos de espécies diferentes.

Quando as interações ocorrem entre organismos da mesma espécie, são

denominadas relações intra-específicas ou homotípicas. Quando as relações

acontecem entre organismos de espécies diferentes, recebem o nome de

interespecíficas ou heterotípicas.

No caso da Mata dos cocais essas interações são facilmente mais

freqüentes, devido a própria situação ecológica do bioma, por se tratar de uma

zona de transição entre o bioma Amazônico e o bioma da Caatinga, por conta

disso haverá mais espécies o habitando e conseqüentemente, mais espécies

interagindo.

Page 13: Bioma   Mata Dos Cocais

5. Importância Econômica

De acordo com CARVALHO (1998), a região é considerada a de maior

concentração de plantas oleaginosas do mundo e fonte da maior produção

extrativista vegetal do país. Desta afirmação já se percebe o potencial

econômico da mata dos cocais.

Dentre as espécies de valor econômico, destacam-se o Babaçu e a

Carnaúba.

Babaçu:

CARVALHO (1998) afirma que o babaçu é uma matéria-prima explorada

extrativamente que apresenta enorme potencialidade, tanto do ponto de vista

econômico quanto social.

Uma única arvore de babaçu é capaz de produzir até 2.000 frutos por

ano, cada um contendo de 3 a 4 sementes oleaginosas que, devido à alta

concentração de matérias graxas, são a principal fonte de renda das famílias

locais. (http://www.infoescola.com/geografia/mata-dos-cocais/)

De acordo com a EMBRAPA (1984), citada por TEIXEIRA E MILANEZ

(2003), os babaçuais se distribuem numa área de aproximadamente 14,5

milhões de hectares, por sete estados brasileiros (Maranhão, Tocantins, Piauí,

Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso e Espírito Santo), com um potencial

produtivo estimado em 15 milhões t/ano, sendo realmente aproveitados

somente 30% do estimado. A coleta e quebra do fruto dessa Palmacea chega a

empregar até 2 milhões de pessoas durante o pico da safra. Os principais

produtos comerciais extraídos da palmeira de babaçu são o óleo (extraído da

amêndoa) e a torta (que resulta do processo). A amêndoa representa 7% do

peso total do fruto e as fibras (epicarpo), 11%, que, se totalmente aproveitadas,

gerariam 1,5 milhão de t/ano.

De acordo com LORENZI (1996), o babaçu é a maior fonte mundial de

óleo silvestre para uso doméstico. Os óleos extraídos do babaçu são usados

na indústria de alimentos, medicamentos e cosméticos, além da fabricação de

produtos de limpeza (sabões) e glicerina

Page 14: Bioma   Mata Dos Cocais

Só no Estado do Maranhão estima-se que mais de 300 mil famílias

vivam do extrativismo do babaçu que, na maioria dos lugares, ainda têm suas

amêndoas extraídas de forma rudimentar: mulheres e crianças se encarregam

de colher os cachos carregados e depois quebrar os frutos extremamente

duros. A “quebradeira”, como é chamada a pessoa encarregada de quebrar os

frutos para extrair as amêndoas (geralmente crianças), apóia o fruto sob o fio

de um machado e, depois de golpeá-lo várias vezes com um pedaço de pau,

finalmente extrai o precioso fruto.

As folhas do babaçu são aproveitadas para a cobertura de casas; o

palmito serve como alimento para o gado; as fibras são utilizadas na confecção

de um rico artesanato, com cestos, bolsas, abanos, esteiras, peneiras, e até

mesmo portas e janelas. Do coco se extrai etanol, metanol, coque, carvão,

alcatrão, acetato e gases combustíveis.

A casca pode ser usada para repelir insetos quando queimada e, além

disto, devido à crescente demanda por matéria-prima pela indústria de base

florestal e, conseqüentemente, ao aumento do seu preço, os resíduos de

natureza lignocelulósica vêm despertando interesse cada vez maior. Dentre

esses resíduos, a casca de babaçu apresenta-se como alternativa, uma vez

que há grande disponibilidade desse material em alguns estados do Norte e

Nordeste, adicionado ao fato de que ele irá contribuir para amenizar os

impactos ambientais. (FARIA, 2008)

Segundo ALMEIDA et al. (2002), os resíduos de babaçu são usados

como biomassa para a produção de energia, na maioria das vezes através da

queima direta, agregando pouco valor à matéria-prima.

Carnaúba:

Como tudo dessa palmeira pode ser aproveitado (folhas, caule, fibras), o

nordestino denominou-a “árvore da providência”. (GEOGRAFIA BRASIL, 2008)

A cultura da carnaúba é um perfeito exemplo da utilização sustentável

dos recursos naturais, não agredindo o meio ambiente em nenhuma das

etapas do seu processo.

Page 15: Bioma   Mata Dos Cocais

Os frutos da carnaúba, inteiros, são basicamente aproveitados pelos

animais de criação; de sua polpa, extrai-se uma espécie de farinha e um leite

que pode substituir o leite do coco-da-bula.

Exemplo máximo da adaptação do homem às condições de

subsistência, a amêndoa da carnaúba, quando torrada e moída, costuma até

mesmo ser aproveitada localmente em substituição ao pó de café.

O lenho da carnaúba é resistente, podendo ser usado no fabrico de

moirões, na construção de edificações rústicas e como lenha pesada. Inteiro, o

estipe (caule) da carnaúba costuma ser usado como poste; fragmentado ou

serrado, fornece ótimos caibros, barrotes ou ripas, podendo também ser

aplicado na marcenaria de artefatos torneados, tais como bengalas e objetos

de uso doméstico.

No Nordeste brasileiro, habitações inteiras são construídas com

materiais retirados da carnaúba, da mesma forma como se retiram materiais do

babaçu e do buriti. Também com suas folhas fazem-se telhados e coberturas

de casas e abrigos; com suas fibras confeccionam-se cordas, sacos, esteiras,

chapéus, balaios, cestos, redes e mantas.

Imponente, esbelta como a maioria das palmeiras brasileiras, a

carnaúba é mais alta do que o babaçu e economicamente mais rentável do que

o buriti. Isto porque, além dos frutos, das amêndoas, do estipe, das folhas e

das fibras de utilidades variadas, das folhas da carnaúba obtém-se uma cera

de grande importância industrial.

A cera, principal produto obtido da carnaúba, é, ainda hoje e na maioria

dos carnaubais, extraída por processos manuais bastante rudimentares. Em

geral, o procedimento adotado é o seguinte: depois de cortadas, as folhas

jovens das palmeiras são estendidas pelo chão e postas ao sol, por vários dias,

para secar. Quando as folhas secam e a película de cera que as recobre se

transforma em um pó esfarinhado, elas são levadas para um quarto escuro,

sem janelas, de construção simples. Ali, são rasgadas com grandes garfos de

madeira e começa a "batedura": as folhas são violentamente batidas até que

toda a cera se desprenda, na forma de minúsculas escamas brancas, e possa

ser separada da palha rasgada. Depois que esse pó se assenta, ele é varrido,

recolhido e levado ao fogo, com um pouco de água, em grandes latões de

querosene. Essa calda transforma-se em uma pasta esverdeada, que é jogada

Page 16: Bioma   Mata Dos Cocais

em uma prensa rústica de madeira, a partir da qual se obtém uma cera liquida

que, depois, é despejada em gamelas de barro ou de madeira até esfriar.

Assim é obtido o chamado "pão de cera de carnaúba" que é vendido

para as indústrias e usinas como matéria- prima para a fabricação de uma

imensa variedade de produtos.

As principais aplicações da cera de carnaúba são:

• Informática (chips, tonners, código de barras, matrizes de discos);

• Polidores (pisos, móveis, carros, couro);

• Indústria alimentícia, farmacêutica e cosmética;

• Tintas;

• Papel carbono;

• Filmes plásticos e isolantes térmicos;

• Lâmpadas incandescentes;

• Lubrificantes;

• Velas;

• Ácidos;

• Fósforos.

Na extração do pó cerífero, o rejeito das palhas se transforma em adubo

orgânico.

Na produção da cera bruta a água é utilizada como solvente. Já nas

indústrias, durante o processo de clareamento, a reação do peróxido de

hidrogênio libera no ambiente água (vapor d’água) e oxigênio.

Apesar de ter tantas qualidades, de oferecer tantos produtos diferentes e

de crescer com facilidade em qualquer clima tropical, é apenas no particular

ambiente seco das caatingas do Nordeste do Brasil que a carnaúba produz a

cera em condições de exploração econômica.

Porém, o processo de fabricação da cera envolve um conjunto de

operações que, em virtude das técnicas rudimentares utilizadas no Nordeste

brasileiro, geram um produto de qualidade inferior ao exigido pelos processos

industriais.

Mesmo assim, o Brasil é um grande produtor e exportador do pó e da

cera de carnaúba, sendo o Estado do Piaui o seu principal fornecedor, seguido

pelo Ceará e pelo Rio Grande do Norte.

Page 17: Bioma   Mata Dos Cocais

Os maiores e mais densos carnaubais do país encontram-se nessa

região que, ano após ano, é sempre a mais atingida pelas secas no Brasil.

(SÃO FRANCISCO, 2009)

6. Pressões Antrópicas:

Embora aproveitada, em parte, de maneira ordenada por várias

comunidades extrativistas que exercem suas atividades sem prejudicar essa

formação vegetal, a Mata de Cocais também é seriamente ameaçada pela

ampliação das áreas de pasto para a pecuária, principalmente no Maranhão e

no norte do Tocantins. (SÃO FRANCISCO, 2009)

A ocupação da área dos cocais, especificamente do município de Caxias

– MA, ocorre desde fins do século XVII, quando o Marquês de Pombal criou a

Companhia Geral do Comércio do Maranhão e Grão-Pará, para impulsionar o

desenvolvimento econômico da região.

Com a proposta de incentivar e melhorar a produção agrícola da região,

a Companhia é responsável pela entrada de cerca de 10.000 escravos em 20

anos de funcionamento, usados no incremento da cultura do arroz e algodão,

principais produtos de exportação. Analisando numa perspectiva da relação

humana com a natureza, já se verifica uma grande mudança socioeconômica

que, como conseqüência, vem transformar a paisagem física e cultural das

áreas atingidas pelo agrarismo incentivado pela Companhia.

A partir de 1730, o avanço do povoamento seria resultante da

implantação das fazendas de gado, oriundas do interior do São Francisco e

que se espalharam pelos sertões. Protagonistas de verdadeiras disputas de

terras com as tribos indígenas que ocupavam as áreas, vaqueiros e criadores

vinham em busca de pasto para os seus rebanhos. Ao contrário da ocupação

através de incentivos públicos, a ocupação pastoril era patrocinada por

iniciativa dos próprios boiadeiros, como eram conhecidos os proprietários das

fazendas.

Desde então, grupos agroempresariais se sentem atraídos para se

instalar na região da mata dos cocais, criando fazendas-empresas na região

para o plantio de eucalipto, cana-de-açúcar e criação de gado.

Page 18: Bioma   Mata Dos Cocais

Do ponto de vista ambiental, apesar de as empresas se comprometerem

em desenvolver seus projetos dentro de um conjunto de atividades que

garantissem o prevalecimento da perenização das florestas, evitando sua

degradação exaustiva, isto não se consagrava, já que diversas fazendas

promoviam, mediante decreto do próprio governo estadual, desmatamento a

fim de implantarem projetos de celulose e cana-de-açúcar, chegando a um total

de 65 mil hectares de babaçuais (MAY apud ANDRADE, 1995).

Em 1980, o então governador do Estado assinou um decreto protegendo

os babaçuais, exceto em áreas de implantação de projetos de desenvolvimento

agrícola, protegendo na realidade, os grupos agroindustriais que, agora

amparados, promoveram destruição ambiental e expulsões através de

incêndios em vários povoados na região de Caxias, atingindo populações

tradicionais que viviam nas grandes propriedades.

Após vários anos de luta, em 1980 algumas propriedades começaram a

ser desapropriadas e muitas famílias de outras áreas da zona rural e da zona

urbana se instalaram na área, provocando um movimento migratório em

sentido inverso ao que se constata normalmente: famílias inteiras rumando da

zona urbana para a zona rural, em busca de um espaço para a reprodução

familiar.

Apesar de estas famílias demonstrarem interesse em utilizar as

possibilidades naturais de forma mais equilibrada, os agroempresários que

continuam na área dos cocais mantém a ampliação das áreas de pasto para a

pecuária, principalmente no Maranhão e no norte do Tocantins. A mata do

cocais só tem sobrevivido ao desmatamento devido ao seu rápido crescimento

e à importância econômica na região. (LIMA & MORAIS, 2007).

7. Particularidades:

Page 19: Bioma   Mata Dos Cocais

A Região dos Cocais é considerada a de maior concentração de plantas

oleaginosas do mundo e fonte da maior produção extrativista vegetal do país.

De acordo com LORENZI (1996), o babaçu é considerado o maior

recurso oleífero nativo do mundo. É um dos principais produtos extrativistas do

Brasil, contribuindo, de maneira significativa, para a economia de alguns

estados da federação. Adicionalmente, deve-se levar em conta que a palmeira

de babaçu é uma planta de importância socioeconômica e cultural, pois os

povos de sua área de ocorrência utilizam-na para os mais variados fins.

O interesse em estudar as potencialidades do babaçu só aconteceu a

partir de 1973, com a crise do petróleo, embora de maneira bastante discreta.

(LORENZI, 1996)

Na seca de 1951-52 foi definido o Polígono das secas, área sujeita à

repetidas crises de prolongamento das estiagens e, conseqüentemente, objeto

de especiais providências do setor público, com 936.993 km² de extensão.

Como os estados do Maranhão e do Piauí, nos quais se concentra a maior

parte da área de transição amazônica, apresentam rios perenes e grandes

reservas de água subterrânea, foram inseridos na área do Polígono das secas

como solução, para receber excedentes populacionais da área assolada.

Dessa maneira, função seria a de atenuação dos efeitos sociais da seca,

principalmente pela absorção da mão-de-obra liberada durante os períodos

mais críticos que afetam o Sertão e a regulação da oferta de alimentos.

(WIKIPEDIA, 2009 e REBOUÇAS, 1997)

A foz dos rios brasileiros é, sobretudo, em estuário: deságuam no mar

num terminal só. Uma exceção é o rio Parnaíba, que atravessa a mata dos

cocais entre o Maranhão e o Piauí, e que deságua em delta, com várias

embocaduras no oceano. (WIKIPEDIA, 2009)

A carnaúba é uma das palmeiras mencionadas por Martius, o naturalista

e botânico tomado pela exuberância da terra.

Mas não é apenas mais uma delas: é especial. Tão especial que não

escapou à atenção de escritores como Mário de Andrade, Guimarães Rosa,

José de Alencar e Euclides da Cunha, entre outros, que souberam destacar,

em sua obra literária, a total integração do homem regional ao ambiente em

que vive. E a carnaúba, planta de grande longevidade, tem sido testemunha

viva e participante ativa dessa integração.

Page 20: Bioma   Mata Dos Cocais

Quando no século XVIII, o também naturalista Humboldt conheceu a

carnaúba em terras brasileiras, impressionou-se de tal forma com as

numerosas e importantes finalidades da planta, que passou a chamá-la de

"árvore da vida".

Palmeiras - disse Martius - abundam na terra brasílica, medram nas

areias do litoral,crescem nas campinas infindas , levantam-se destemidas e

orgulhosas nos paius e brejos, expandem sobranceiras suas lindas frondes por

entre o verdume me das florestas e vivem mesmo no ressequido solo das

caatingas...Grandes ou pequenas surgem em toda parte, nas praias sobre os

cômores, nas encarpas das rochas, no solo fértil e no estéril. (SÃO

FRANCISCO, 2009).

8. Bibliografia:

FARIA, Camila. Biomas. [online]. Disponível em: <www.infoescola.com/geografia/bioma/>. Acesso em 21 de setembro de 2009.

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