bioma floresta amazonica

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Bioma Floresta Amazônica 1. Localização e aspectos gerais A Amazônia está situada em sua porção centro-norte; é cortada pela linha equatorial e, portanto, compreendida em área de baixas latitudes. Com posição cartográfica (00º44’-06º24’S/ 58º05’-68º01’W) Ocupa cerca de 2/5 do continente e mais da metade do Brasil. Inclui 9 países (Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela). A Amazônia brasileira compreende 3.581 Km², o que equivale a 42,07% do país. A chamada Amazônia Legal, a qual podemos visualizar na figura 1a abaixo, é maior ainda, cobrindo 60% do território em um total de cinco milhões de Km². Ela abrange os estados do Amazonas, Acre, Amapá, oeste do Maranhão, Mato Grosso, Rondônia, Pará, Roraima e Tocantins. Figura 1a – Amazônia Legal 5

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Bioma Floresta Amazônica

1. Localização e aspectos gerais

A Amazônia está situada em sua porção centro-norte; é cortada pela linha equatorial e, portanto, compreendida em área de baixas latitudes. Com posição cartográfica (00º44’-06º24’S/ 58º05’-68º01’W) Ocupa cerca de 2/5 do continente e mais da metade do Brasil. Inclui 9 países (Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela). A Amazônia brasileira compreende 3.581 Km², o que equivale a 42,07% do país. A chamada Amazônia Legal, a qual podemos visualizar na figura 1a abaixo, é maior ainda, cobrindo 60% do território em um total de cinco milhões de Km². Ela abrange os estados do Amazonas, Acre, Amapá, oeste do Maranhão, Mato Grosso, Rondônia, Pará, Roraima e Tocantins.

Figura 1a – Amazônia Legal

Figura 1b- Ecorregião da Amazônia delimitada em amarelo (imagem da NASA)

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Figura 2 – Imagem da Floresta Amazônica por satélite

Nos nove estados da Amazônia legal residem 55,9% da população indígena brasileira, ou seja, cerca de 250 mil pessoas, segundo o Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena (SIASI) em abril de 2005 da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA); abrange 24 dos 34 distritos sanitários especiais indígenas mantidos pela FUNASA e com uma grande diversidade étnica (cerca de 80 etnias).Cerca de 85% da região, no entanto, fica em território brasileiro, onde ocupa mais de 5 milhões de quilômetros quadrados, aproximadamente 61% da área do país. Sua população, entretanto, corresponde a 12,32% do total de habitantes do Brasil. A ocupação humana nessa área faz uso de plantas para se produzir remédios, matérias-primas para a produção de vestimentas, corantes, essências de perfumes; insumos para a indústria alimentícia ou ainda o corte de árvores feitos de maneira incorreta, trazem prejuízos para esse bioma causam a extinção de algumas espécies da fauna e da flora e reduzem a região de ocupação.

A Floresta Amazônica é uma floresta tropical fechada, formada em boa parte por árvores de grande porte, situando-se próximas uma das outras (floresta fechada). O solo desta floresta não é muito rico, pois possui apenas uma fina camada de nutrientes. Esta é formada pela decomposição de folhas, frutos e animais mortos. Este rico húmus é matéria essencial para milhares de espécies de plantas e árvores que se desenvolvem nesta região. Outra característica importante da floresta amazônica é o perfeito equilíbrio do ecossistema. Tudo que ela produz é aproveitado de forma eficiente. A grande quantidade de chuvas na região também colabora para o seu perfeito desenvolvimento.

2. Fatores Ambientais

2.1. Clima, relevo e topografia

O clima que encontramos na região desta floresta é o equatorial, pois ela está situada próxima à linha do equador. Neste tipo de clima, as temperaturas são elevadas e o índice pluviométrico (quantidade de chuvas) também. Num dia típico na floresta amazônica, podemos encontrar muito calor durante o dia com chuvas fortes no final da tarde.

O relevo amazônico não apresenta altitudes acima de 200 metros, porém, nesta região (fronteira do Brasil com a Venezuela) localiza-se o ponto culminante do País, o Pico da Neblina, com 3.014 metros, mais precisamente na Serra do Imeri. As principais unidades de relevo amazônicas são:

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Planície de Inundação (várzeas): Formadas por sedimentos recentes, pouco acima do nível das águas, periodicamente inundadas, e terraços pleistocênicos, um pouco mais antigos, formados em períodos nos quais o nível dos rios esteve alguns metros acima do nível atual.

Planalto Amazônico: Com altitudes máximas de 200 m, formado por sedimentos terciários argilo-arenosos; a unidade geomorfológica intensamente compartimentada pela rede de drenagem de igarapés e rios autóctones, podendo apresentar diversos níveis de terraços e topografia bastante acidentada.

Escudos Cristalinos: Situam-se ao norte e ao sul da bacia sedimentar, muito pediplanados e nivelados com esta, de tal modo que o contato é apenas marcado pela zona das cachoeiras dos afluentes do rio Amazonas; altitudes caracteristicamente acima de 200m.

Os processos geológicos e climáticos de muitos anos atrás são responsáveis pela topografia da região da Amazônia de hoje. Antigamente a bacia Amazônica estava coberta por um grande lago chamado “Belterra”. Com o choque da placa sul americana, com outra no Oceano Pacífico há 80 milhões de anos atrás, os Andes se levantaram e os atuais rios começavam a cavar seus leitos. Assim surgiram três tipos característicos de topografia do bioma Amazônia: planaltos, planícies e depressões.

2.2. Composição Geoquímica

Na Amazônia, os principais solos são classificados como Latossolos e, em menor extensão, Espodossolos, solos normalmente pobres em nutrientes minerais. A pobreza em nutrientes pode ser herdada do material de origem ou resultado de séculos de intemperismo químico. Em condições naturais, os teores mais altos de nutrientes nestes solos são via de regra observados nos horizontes (camadas mais ou menos paralelas à superfície que caracterizam um solo e permitem sua classificação) mais superficiais, mais ricos em matéria orgânica. Pela impossibilidade de depender das reservas naturais de nutrientes nestes solos, as espécies e indivíduos apresentando natural tendência de acúmulo eficiente de nutrientes no tecido vegetal e/ou com adaptações morfológicas e fisiológicas que permitem a rápida reabsorção dos ditos elementos nutrientes uma vez liberados do material orgânico decomposto, têm mais chances de dominar nestes ambientes. Assim, ao invés de depender do usual suprimento de elementos nutrientes pelo intemperismo químico de minerais primários e secundários, estas comunidades vegetais dependem da ciclagem biogeoquímica.

Que é esta ciclagem biogeoquímica? Primeiro, a ciclagem geoquímica são os vários compartimentos geológicos por que passa um elemento químico: os elementos presentes nos magmas são incorporados às rochas que se formam pelo resfriamento destes, pelo intemperismo das rochas podem ser carregados pelas águas, levados por rios, armazenados em sedimentos; estes sedimento podem se tornar novamente rochas e o ciclo recomeçar. Agora se acrescente a vida, principalmente vegetal, neste ciclo e ele deixa de ser apenas geoquímico e passa a ser biogeoquímico: o intemperismo das rochas pode dar origem aos solos, suporte principal da vida vegetal, os elementos químicos liberados podem ser absorvidos pelas plantas, quando os tecidos vegetais são depositados ao solo, podem ser decompostos, liberando novamente os elementos químicos, que podem ser perdidos, entrando novamente no ciclo geoquímico, ou reabsorvidos pelas plantas, continuando ainda por um tempo no compartimento biológico.

Quando se acelera a decomposição da matéria orgânica do solo pela atividade humana, como quando se introduz a agricultura em área anteriormente florestada, perde-se grande parte dos nutrientes armazenados. Por isso, a introdução de espécies

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agrícolas em solos pobres em que a vegetação natural dependia grandemente da ciclagem biogeoquímica, é geralmente uma conseqüência passa a depender grandemente de fertilização química.

2.3. Hidrografia

Com relação à hidrografia Amazônica diferem quanto à qualidade de suas águas e sua geomorfologia. Os principais rios, baseando-se na coloração de suas águas são: de água preta (Negro), de água clara (Tapajós), de água barrenta (Solimões e Amazonas).

A Região Amazônica apresenta precipitação média de 2300 mm anuais. Sabe-se, contudo, que esse valor não é uniforme, apresentando variações entre as porções oriental, central e ocidental da região.

Os rios de água preta apresentam esta coloração devido à presença de ácidos húmicos e fúlvicos resultantes da decomposição incompleta do húmus do solo. Já os rios de água clara têm suas cabeceiras nos escudos cristalinos pré-cambrianos. Drenam solos muito intemperizados e suas águas não são tão ácidas; a carga de material em suspensão é pequena tornando suas águas claras. Os rios barrentos originam-se em regiões montanhosas (Cordilheira dos Andes) carregando elevadas quantidades de material em suspensão, garantindo uma coloração amarronzada.

O volume de água do rio Amazonas é tão grande que sua foz, ao contrário dos outros rios, consegue empurrar a água do mar por muitos quilômetros. O oceano atlântico só consegue reverter isso durante a lua nova quando, finalmente, vence a resistência do rio. O choque entre as águas provoca ondas que podem alcançar até 5m de altura, avançando rio adentro. Este choque das águas tem uma força tão grande que é capaz de derrubar árvores e modificar o leito do rio. É no Rio Amazonas que acontece um curioso fenômeno da natureza, a pororoca. No dialeto indígena do baixo Amazonas, o fenômeno da pororoca tem o seu significado exato: Poroc-poroc significa destruidor. Embora a pororoca aconteça todos os dias, o período de maior intensidade no Brasil acontece entre janeiro e maio e não é um fenômeno exclusivo do Amazonas. Acontece nos estuários rasos de todos rios que desembocam no golfo amazônico e no rio Araguari, no litoral do Estado do Amapá. Verifica-se também nos rios Sena e Ganges.

Rios que fazem parte da hidrografia da Amazônia:

Rio Araguaia: Com 2.627 km de extensão, o Araguaia nasce na divisa dos Estados do Mato Grosso e Tocantins e deságua na margem esquerda do Tocantins. Na época da estiagem, aparecem inúmeras praias. O rio oferece também uma grande variedade de peixes.

Rio Nhamundá: O Nhamundá divide os estados do Pará e Amazonas, tem um leito arenoso e águas claras. No curso superior possui várias cachoeiras e na confluência com o rio Paracatu atinge uma largura tão expressiva que forma um lago com 40 km de comprimento e 4 km de largura.

Rio Negro: Têm águas muito escuras devido à decomposição da matéria orgânica vegetal que cobre o solo das florestas e é carregada pelas inundações. Quando o Solimões encontra o Rio Negro, passa a chamar-se de Amazonas.

Rio Solimões: O  rio fica bicolor quando há o encontro dos Rios Negro e Solimões; as águas com cores contrastantes percorrem vários quilômetros sem se misturar.

Rio Tapajós: As águas do Tapajós, devido às diferenças de composição, densidade e temperatura, não  se misturam com às do Rio Amazonas. Tem 1.992 km de extensão, nasce nas divisas dos Estados do Pará, Amazonas e Mato Grosso.

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Rio Tocantins: Nasce no Estado de Tocantins, na serra dos Pirineus e deságua no Oceano Atlântico, formando o estuário do rio Pará.

Rio Trombetas: Nasce na fronteira do Brasil com a Guiana e tem 750 km de extensão. Quando se encontra com o Paraná de Sapucuá, ganha o nome de baixo Trombetas e chega a atingir 1.800 m de largura. Seu leito divide-se em várias ilhas estreitas e compridas.

Rio Xingu: Tem 1.980 km de extensão, mas é navegável em apenas 900 km. Tem um  curso sinuoso e várias cachoeiras, algumas com mais de 50 m.

Rio Amazonas: Nasce no norte da Cordilheira dos Andes peruano; sua altitude na nascente é de 5,3 mil metros com aproximadamente 1.100 afluentes.

Figura 3 – Mapa Hidrográfico da Amazônia

3. Fauna e Flora

A Floresta Amazônica apesar de aparentar a primeira vista certa uniformidade, possui a maior biodiversidade do mundo em vista de sua extensão e a variedade de ecossistemas associados. Há ainda muito a se descobrir em termos de espécies, tanto animal quanto vegetal. Porém podemos ressaltar que sua flora tem cerca de 30 mil espécies de plantas sendo 2,5 mil espécies de árvores e que a riqueza da fauna, com certeza, ainda não foi amplamente conhecida. Mas já identificados, são muitas espécies, destacando a onça (Panthera onca), o bugio (Alouatta sp), a anta (Tapirus terrestris), o pirarucu (Arapaima gigas), o peixe-boi (Trichechus inunguis), o boto-cor-de-rosa (Inia geoffrensis).

Como as árvores crescem muito juntas uma das outras, as espécies de vegetação rasteira estão presentes em pouca quantidade na floresta. Isto ocorre, pois com a chegada de poucos raios solares ao solo, este tipo de vegetação não consegue se desenvolver. O mesmo vale para os animais. A grande maioria das espécies desta floresta vive nas árvores e são de pequeno e médio porte. Podemos citar como exemplos de animais típicos da floresta amazônica: macacos, cobras, marsupiais, tucanos, pica-paus, roedores, onça, tamanduá, morcegos entre outros como podemos ver na figura 4 abaixo. Os rios que cortam a floresta amazônica (rio amazonas e seus afluentes) são repletos de diversas espécies de peixes.

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Figura 4a – Animais da Floresta Amazônica

4. Teia Alimentar

Organismos envolvidos: Produtores: São seres autótrofos, ou seja, fotossintetizantes. A maior parte da

fauna amazônica é composta por árvores, entre 30 e 50 metros. Temos como os principais tipos de vegetação: Campinaranas, Florestas Estacionais Deciduais e Semideciduais, Florestas Ombrófilas Abertas, Florestas Ombrófilas Densas, Formações Pioneiras, Refúgios Montanos, Savanas Amazônicas.

Consumidores: A maior parte dos animais da Floresta Amazônica habitam árvores. Não existem animais de grande porte, como nas savanas. Há uma escasse dos animais que habitam o solo. Entre as aves da copa estão os papagaios, tucanos e pica-paus. Entre os mamíferos estão os morcegos, roedores, macacos e marsupiais.

Decompositores: As bactérias e os fungos estão presentes em qualquer ambiente são de fundamental importância para a decomposição das excretas e dos restos de animais e de vegetais, após a sua morte. Os decompositores mais comuns são as bactérias e os fungos (realizam associação com raízes das plantas, favorecendo uma maior absorção de nutrientes).

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5. Nichos Ecológicos

Na Floresta Amazônica, podem-se identificar vários tipos de vegetação associados a sistemas ecológicos distintos, como:

Floresta de Terra Firma: com árvores altas que chegam a 65 metros de altura, e suas copas formam um anteparo à luz, deixando o interior da floresta úmido e quente. Área não sujeita a inundações. Destacam-se as castanheiras, a seringueira-branca, guaraná, cedro, sumuaúma pau-ferro etc. Florestas de Várzea: fica entre a terra firme e o igapó, nela encontram-se a seringueira preta, o jatobá e as palmeiras como o açaí a jauarí etc. Florestas de Igapó: localizam-se em terrenos baixos que ficam temporária ou permanentemente alagados pelas águas dos rios. Espécies típicas é a vitória-régia, a piaçava e a itaubarana.Florestas de Igarapé: são florestas inundáveis a margens de rios que deságuam em outros maiores.Cerrados: há algumas formações de cerrado que ficaram como enclaves, mas não são tão significativos se comparados com a floresta equatorial.

Figura 4b - Vegetação

6. Impactos Ambientais na Floresta

As principais causas de impactos negativos na Floresta Amazônica são: queimadas, exploração irregular e insustentável de madeira, invasão descontrolada, garimpos de ouro e cassiterita (óxido de estanho, SnO2), biopirataria, desmatamento realizado para a agricultura e pastagem.

A ocupação da Floresta Amazônica por empresas madeireiras e pela expansão das atividades agropecuárias é atualmente um dos maiores problemas encontrados nesse bioma florestal brasileiro. Esse processo teve início a partir da década de 1970, quando o Governo Federal iniciou uma série de medidas a fim de ocupar e promover o desenvolvimento da região norte do país. Dentre estas medidas pode-se citar a construção de redes rodoviárias, como as rodovias Cuiabá-Santarém e a Transamazônica, incentivos fiscais a fim de estimular os fluxos migratórios e a desapropriação de terras devolutas para projetos agropecuários (ALVES, 2002).

Esses fatores, seguidos pelo domínio de novas técnicas agrícolas que permitiram o cultivo de grão na região, acarretaram o início da chamada expansão da fronteira agrícola. Apesar dos impactos positivos deste processo na economia do país, que transformou o Brasil em uma potência exportadora de produtos agrícolas, esta expansão foi responsável pelo desflorestamento de grandes áreas da Floresta Amazônica. Trabalhos de monitoramento dos recursos naturais, como o Projeto de Monitoramento da Floresta Amazônica brasileira por Satélite (PRODES), mostram que a área desflorestada passou de cerca de 10 milhões de hectares na década de 1970 (TARDIN et al., 1980), para 66,6 milhões de hectares em 2005 (INPE, 2006).

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Estudos de modelagem das mudanças do uso e cobertura da terra indicam que, no ano de 2050, seguindo-se as tendências atuais, cerca de 40% da Amazônia legal estará desflorestada dando lugar às atividades agropecuárias (SOARES-FILHO, 2006).

Mudanças na cobertura florestal, como as observadas ao longo da Amazônia Brasileira, podem acarretar uma série de conseqüências na biodiversidade, na emissão de gases causadores do efeito estufa e no clima. Um dos processos naturais severamente afetados por estas mudanças é o ciclo hidrológico. A substituição da vegetação original modifica as taxas naturais de evapotranspiração, o que também afeta os padrões locais de precipitação e temperatura. Na região da Floresta Amazônica, por exemplo, aproximadamente metade da água precipitada é proveniente da evapotranspiração da floresta (NOBRE et al., 1991). Estes desequilíbrios trazem também diversas implicações na conservação dos solos e recursos hídricos, uma vez que a retirada da cobertura vegetal original permite um maior carregamento de sedimentos e nutrientes para os córregos e rios, causando uma série de problemas ambientais, como erosão, assoreamento e eutrofização.

7. Fenômeno da Grilagem

A ocupação ilegal de terras tornou-se um poderoso meio de dominação fundiária na Amazônia, resultando em grande disparidade social. Conhecida como grilagem, a falsificação de documentos de terra é usada freqüentemente por madeireiros, criadores de gado e especuladores agrários para se apossar de terras públicas visando sua exploração. Latifundiários contam com a cumplicidade de cartórios de registro de bens para se apoderar de áreas públicas e usam de violência para expulsar posseiros, povos indígenas e comunidades tradicionais que têm direito legítimo a terra.

7.1 Cyber Grilagem

Apesar das ações do governo para barrar a grilagem de terras na Amazônia, a tentativa de ordenamento fundiário ainda não chegou à floresta. Um exemplo claro da ação desenfreada dos grileiros é a venda de milhões de hectares de floresta pela internet.

A análise das ofertas de propriedades em 7 corretoras virtuais revela a existência de um bilionário comércio de terras na Amazônia. São oferecidos 11 milhões de hectares de floresta nos estados do Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima, movimentando um mercado de quase R$1 bilhão. Há casos espantosos, como uma imensa área de 2,3 milhões de hectares no município de Alenquer, no Pará, anunciada pela www.selocorretora.com.br, pela bagatela de R$ 40 por hectare. O exemplo é a oferta de uma área de 900 mil hectares em Canutama, no interior do Amazonas. Vale lembrar que 97% do município de Canutama pertencem à União.

UF Terras a venda (ha)

Terras(até R$ 300/ha)

Preço Médio(por ha)

Total(até R$ 300/ha)

PA 6.995.167,10 R$ 6.167.938,00 R$ 59,27 R$ 365.566.302,76AM 4.169.348,00 R$ 4.169.348,00 R$ 128,08 R$ 534.000.720,00RR 55.000,00 R$ 55.000,00 R$ 58,18 R$ 3.200.000,00RO 36.000,00 R$ 36.000,00 R$ 188,44 R$ 6.784.000,00

Total 11.255.515,10 R$ 10.428.286,00 R$ 87,22 R$ 909.551.022,76Tabela 1 – Fontes de pesquisa: http://www.imoveisvirtuais.com.br, http://www.mercadodeterras.com.br, http://www.souzafilhoimoveis.com.br, http://www.fazendas.e1.com.br, http://www.selocorretora.com.br,

http://www.fazendasenegocios.hpg.ig.com.br, http://www.sofazenda.com.br

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8. Dados de Desmatamento

A seguir um gráfico do descontrolado desmatamento na Amazônia legal, analisado pelo IBAMA no período que vai de 1977 até 2007.

Figura 5 - Desmatamento da Amazônia Legal

Em 2004, o setor madeireiro extraiu o equivalente a 6,2 milhões de árvores. Após o processamento principalmente no Pará, Mato Grosso e Rondônia, a madeira amazônica foi destinada tanto para o mercado doméstico (64%) como para o externo (36%). O Pará é o principal produtor de madeira amazônica, representando 45% do total produzido e concentra 51% das empresas madeireiras. A industrialização ocorre ao longo dos principais eixos de transporte da Amazônia. Alguns dos graves problemas são o caráter migratório da indústria madeireira e o baixo índice de manejo florestal. Madeireiros têm construído milhares de quilômetros de estradas não-oficiais em terras públicas facilitando a grilagem. (IMAZON)

A média de cobrança e pagamento efetivos das multas ambientais é baixíssima em toda a Amazônia.

Entre 1990 e 2003 a taxa de crescimento da pecuária na Amazônia Legal cresceu 140%, passando de 26,6 cabeças de gado para 64 milhões de cabeças. A taxa média de crescimento foi 10 vezes maior do que no restante do país, respondendo por 33% do rebanho nacional. O Mato Grosso, Pará e Rondônia foram os principais produtores no período. Em 2000 a maior parte da carne produzida pelos frigoríficos da Amazônia foi para o mercado nacional, principalmente Nordeste e Sudeste. O aumento da demanda de exportação é crescente. (IMAZON)

Segundo o Ministério do Meio Ambiente (2007), 75% da área desmatada na Amazônia é ocupada pela pecuária. São 70 milhões de bovinos, e um terço está no Mato Grosso. A ocupação é de quase uma cabeça de gado por hectare. O Brasil é o maior exportador mundial e o segundo maior consumidor de carne bovina.

Pastagens degradadas têm sido convertidas em cultivos agrícolas. O pecuarista vende o pasto para o cultivo da soja e continua a desmatar. As bacias hidrográficas de Mato Grosso já perderam de 32% a 43% de sua cobertura vegetal original (IMAZON e ICV, 2006).

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No Brasil, a quase totalidade das queimadas é causada pelo Homem, por razões muito variadas: limpeza de pastos, preparo de plantios, desmatamentos, disputas fundiárias, vandalismo, colheita manual de cana-de-açúcar (necessita mecanização para evitar a queima), etc. No desmatamento ilegal, a queima descontrolada (sem barreiras que impedem a propagação do fogo) propicia condições para incêndios florestais.

Outras práticas irresponsáveis: soltar balões, acender velas próximas a vegetação, jogar pontas de cigarros acesas nas margens das estradas, não apagar restos de fogueiras e a falta de cuidado ao lidar com fogo.

A fumaça gerada pelas queimadas é responsável por milhares de internações. O Departamento de Ciências Atmosféricas da USP constatou que a fuligem das queimadas na Amazônia é levada pelo vento para o Centro-Sul do País e para o Oceano Atlântico.

A diminuição dos índices de desmatamento entre 2004 e 2006 foi reflexo dos esforços oficiais (como a criação de unidades de conservação e aumento da fiscalização) e da recessão vivida pelo agronegócio no período. O Brasil reduziu o desmatamento da floresta amazônica em 19.000 km² em 2005 e em um pouco mais de 13.000 km2 em 2006,  segundo o INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. A floresta já perdeu quase 20% do seu tamanho original - 700 mil quilômetros quadrados foram derrubados. (Imazon, 2007).

Buscando reduzir os conflitos por terras e o desmatamento ilegal da Amazônia,  o governo do Pará criou sete unidades de conservação da floresta que formam uma das maiores áreas de proteção ambiental do mundo com cerca de 15 milhões de hectares. Figura 6 abaixo mostra áreas desmatadas.

Figura 6 – Áreas Desmatadas

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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TARDIN, A.T.; et al. Subprojeto desmatamento convênio IBDF/CNPq - INPE. São José dos Campos: Instituto de Pesquisas Espaciais, 1980. (INPE-1649-RPE/103).

SOARES-FILHO, B. S.; et al. Modelling Conservation in the Amazon Basin. Nature. London, v. 440, n.23, p.520-523, Março 2006.

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