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261 Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 23, n. 2, p. 261-272, jul./dez. 2002 Biologia da Conservação: ciência da crise Conservation Biology; a crisis science Efraim Rodrigues, Ph.D. 1 Resumo A ciência da Biologia da Conservação foi desenvolvida como uma resposta à crise de extinção de espécies que o mundo enfrenta atualmente. A Biologia da Conservação é uma síntese de diferentes disciplinas, como Ecologia, Biologia de Populações, Antropologia, Taxonomia, e outras, todas enfocadas na prevenção da extinção de espécies. O Desenvolvimento de uma Biologia da Conservação Brasileira depende de encontrar um compromisso entre os problemas sociais e a grande biodiversidade no país. Três projetos que conseguiram alcançar bons resultados no Brasil são descritos. O Projeto TAMAR, o Mamirauá, e um livro texto sobre biologia da conservação. Palavras-Chave: Biologia da conservação, espécies brasileiras Abstract The science of conservation biology has been developed as an answer to the extinction crisis the world is currently facing. Conservation Biology is a synthesis of many different subjects, like Ecology, Population Biology, Anthropology, Taxonomy, all of them focused on preventing species extinction. The development of a Brazilian Conservation Biology depends on finding a compromise between the social problems and the large biodiversity in the country. Three projects that managed to achieve good results in Brazil are described: TAMAR, Mamirauá, and a text book on conservation biology. Key-Words: Conservation Biology, species Brazil 1 Professor Adjunto do Departamento de Agronomia da Universidade Estadual de Londrina. A extinção de espécies e suas conseqüências O vasto patrimônio que é o conjunto de todas as espécies e comunidades naturais da Terra está sob risco iminente. Extintas as espécies, serão afetados também todos os processos naturais que que guardam relações com estas espécies, como ciclagem de nutrientes, erosão, polinização e dispersão de sementes. O evento de mega-extinção por que passa nosso planeta coloca todo estes processos em risco, e jun- to com eles, muitas atividades humanas que depen- dem deles. A extinção de espécies implica em últi- ma instância, em aceleração do aquecimento global, em menor eficiência da agricultura e na redução do potencial turístico de muitas áreas. Assim, o que é negativo para a diversidade bioló- gica será mais cedo ou mais tarde negativo para a espécie humana. O que é Biologia da Conservação A biologia da conservação é uma ciência multidisciplinar que foi desenvolvida como resposta COMUNICAÇÕES / COMMUNICATIONS

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Biologia da conservação: ciência da crise

261Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 23, n. 2, p. 261-272, jul./dez. 2002

Biologia da Conservação: ciência da crise

Conservation Biology; a crisis science

Efraim Rodrigues, Ph.D.1

Resumo

A ciência da Biologia da Conservação foi desenvolvida como uma resposta à crise de extinção deespécies que o mundo enfrenta atualmente. A Biologia da Conservação é uma síntese de diferentesdisciplinas, como Ecologia, Biologia de Populações, Antropologia, Taxonomia, e outras, todas enfocadasna prevenção da extinção de espécies. O Desenvolvimento de uma Biologia da Conservação Brasileiradepende de encontrar um compromisso entre os problemas sociais e a grande biodiversidade no país.Três projetos que conseguiram alcançar bons resultados no Brasil são descritos. O Projeto TAMAR, oMamirauá, e um livro texto sobre biologia da conservação.Palavras-Chave: Biologia da conservação, espécies brasileiras

Abstract

The science of conservation biology has been developed as an answer to the extinction crisis the worldis currently facing. Conservation Biology is a synthesis of many different subjects, like Ecology, PopulationBiology, Anthropology, Taxonomy, all of them focused on preventing species extinction. The developmentof a Brazilian Conservation Biology depends on finding a compromise between the social problems andthe large biodiversity in the country. Three projects that managed to achieve good results in Brazil aredescribed: TAMAR, Mamirauá, and a text book on conservation biology.Key-Words: Conservation Biology, species Brazil

1 Professor Adjunto do Departamento de Agronomia da Universidade Estadual de Londrina.

A extinção de espécies e suas conseqüências

O vasto patrimônio que é o conjunto de todas asespécies e comunidades naturais da Terra está sobrisco iminente. Extintas as espécies, serão afetadostambém todos os processos naturais que que guardamrelações com estas espécies, como ciclagem denutrientes, erosão, polinização e dispersão de sementes.

O evento de mega-extinção por que passa nossoplaneta coloca todo estes processos em risco, e jun-to com eles, muitas atividades humanas que depen-dem deles. A extinção de espécies implica em últi-

ma instância, em aceleração do aquecimento global,em menor eficiência da agricultura e na redução dopotencial turístico de muitas áreas.

Assim, o que é negativo para a diversidade bioló-gica será mais cedo ou mais tarde negativo para aespécie humana.

O que é Biologia da Conservação

A biologia da conservação é uma ciênciamultidisciplinar que foi desenvolvida como resposta

COMUNICAÇÕES / COMMUNICATIONS

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à crise com a qual a diversidade biológica se con-fronta atualmente (Figura 1). Ela surgiu uma vez quenenhuma das disciplinas tradicionais aplicadas sãoabrangentes o suficiente, para tratar das sérias ame-aças à diversidade biológica. A biologia da agricultu-ra, silvicultura, de gerenciamento da vida selvageme da piscicultura ocupam-se basicamente do desen-volvimento de métodos para gerenciar umas poucasespécies para fins mercadológicos e de recreação.Essas disciplinas geralmente não tratam da proteçãode todas as espécies encontradas nas comunidadesou as tratam como um assunto secundário. A biolo-gia da conservação complementa as disciplinas apli-cadas fornecendo uma abordagem mais teórica egeral para a proteção da diversidade biológica; eladifere das outras disciplinas porque leva em consi-deração, em primeiro lugar, a preservação a longoprazo de todas as comunidades biológicas e colocaos fatores econômicos em segundo plano.

As disciplinas de biologia populacional, taxonomia,ecologia e genética constituem a base da biologia da

conservação e muitos biologistas de conservaçãoprocedem dessas disciplinas. Além disso, muitos dosespecialistas em biologia da conservação foram trei-nados inicialmente em zoológicos e jardins botânicostrazendo consigo experiência em manter e reprodu-zir espécies em cativeiro. Uma vez que grande partedas extinções de espécies tem origem na pressãoexercida pelo homem, a biologia da conservação tam-bém incorpora idéias e especificidades de várias ou-tras áreas, além da biologia (Figura 1). Por exemplo,legislação e política ambiental dão sustentação à pro-teção governamental de espécies raras e ameaçadase de habitats em situação crítica. A ética ambientaloferece fundamento lógico para a preservação dasespécies. As ciências sociais tais como antropolo-gia, sociologia e geografia fornecem a percepção decomo as pessoas podem ser encorajadas e educadaspara proteger as espécies encontradas em seu am-biente imediato. Os economistas ambientais anali-sam o valor econômico da diversidade biológica parasustentar argumentos em favor da preservação. Eco-

Figura 1 – A Biologia da Conservação realiza uma nova síntese a partir de diversas áreas (esquerda) que ofereceprincípios e novos enfoques para o manejo de recursos (direita). A experiência acumulada na área por sua vez orientaa direção da pesquisa acadêmica.

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logistas e climatologistas de ecossistemas monitoramas características físicas e biológicas do meio ambi-ente e desenvolvem modelos para prever as respos-tas ambientais a distúrbios.

Sob vários aspectos, a biologia da conservação éuma disciplina de crise. As decisões sobre assuntosrelativos à conservação são tomadas todos os dias,muitas vezes com informação limitada e fortementepressionadas pelo tempo. A biologia de conservaçãotenta fornecer respostas a questões específicas apli-cáveis a situações reais. Tais questões são levanta-das no processo de determinar as melhores estraté-gias para proteger espécies raras, conceber reser-vas naturais, iniciar programas de reprodução paramanter a variação genética de pequenas populaçõese harmonizar as preocupações conservacionistas comas necessidades do povo e governo locais. Os biólo-gos e outros conservacionistas de áreas afins, sãopessoas adequadas para fornecer a orientação queos governos, as empresas e o público em geral ne-cessitam quando têm de tomar decisões cruciais.Embora alguns biólogos conservacionistas possamhesitar em fazer recomendações sem ter conhecimen-to detalhado das especificidades de um caso, a urgên-cia de muitas situações pede decisões com base emdeterminados princípios fundamentais de biologia.

A biologia da conservação fundamenta-se emalguns pressupostos básicos (SOULÉ, 1985). Essespressupostos representam um conjunto de asserçõeséticas e ideológicas que sugerem abordagens cientí-ficas e aplicações práticas. Embora nem todas es-sas asserções sejam aceitas inequivocamente, a acei-tação de uma ou duas já é razão suficiente para jus-tificar os esforços em favor da conservação.

1. A diversidade dos organismos é positiva. Em ge-ral, as pessoas gostam da diversidade biológica.As centenas de milhares de pessoas que visitamos zoológicos, parques naturais, jardins botânicose aquários a cada ano, são prova do interesse dopúblico em geral na diversidade biológica. A va-riação genética das espécies também tem apelopopular, como é demonstrado nas exposições de

cães e gatos, exposições agropecuárias e de flo-res. Tem-se especulado, inclusive, que os sereshumanos têm uma predisposição genética paragostar da diversidade biológica, chamada biofilia(WILSON, 1984; KELLERT e WILSON, 1993).A biofilia teria sido vantajosa para o estilo de vida“caça e coleta” que o ser humano viveu durantecentenas de milhares de anos antes da invençãoda agricultura. Uma grande diversidade biológicateria lhe proporcionado uma variedade de alimen-tos e outros recursos, protegendo-o das catástro-fes naturais e da fome.

2. A extinção prematura de populações e espéciesé negativa. A extinção de espécies e populaçõescomo conseqüência de processos naturais é umacontecimento normal. Através dos milênios dotempo geológico, as extinções das espécies têmsido equilibradas pela evolução de novas espéci-es. Da mesma forma, a perda local de uma popu-lação é geralmente compensada pelo estabeleci-mento de uma nova população através de disper-são. Entretanto, a atividade humana aumentou milvezes o índice de extinção. No século vinte, vir-tualmente todas as centenas de extinções conhe-cidas de espécies de vertebrados, assim como ospresumíveis milhares de extinções de espécies deinvertebrados, foram causadas pelo ser humano.

3. A complexidade ecológica é positiva. Muitas daspropriedades mais interessantes da diversidadebiológica aparecem apenas em ambientes natu-rais. Por exemplo, as relações ecológicas e decoevolução existentes entre as flores tropicais,beija-flores e ácaros que vivem nas flores. Osácaros utilizam os bicos dos beija-flores como um“veículo de transporte” para ir de flor em flor(COLWELL, 1986). Tais relacionamentos nuncateriam sido descobertos se os animais e as plan-tas estivessem morando isoladamente em zooló-gicos e jardins botânicos. As estratégias fasci-nantes de animais do deserto para obter água nãoteriam sido conhecidas se os animais estivessemvivendo em jaulas com água à vontade. Emboraseja possível preservar a diversidade biológica das

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espécies em zoológicos e jardins, a complexidadeecológica que existe nas comunidades naturaisestaria em grande parte perdida.

4. A evolução é positiva. A adaptação evolucionáriaé o processo que eventualmente leva a novasespécies e ao aumento da diversidade biológica.Portanto, permitir as populações evoluir “in-situ”é positivo. As atividades humanas que limitam ahabilidade das populações de evoluir, tais comoreduzir severamente o tamanho de uma popula-ção de espécies através da extração excessiva,são negativas.

5. A diversidade biológica tem valor em si. As es-pécies têm seu próprio valor, independentementede seu valor material para a sociedade humana.Este valor é conferido pela sua históriaevolucionária e funções ecológicas únicas e tam-bém pela sua própria existência.

3) A Biologia da Conservação no Brasil

O Brasil é um país atípico em termos de conser-vação de espécies. Somos tão extensos como EUA,Rússia, Austrália, China e Canadá. Diferentementedestes, estamos localizados em uma área com gran-de riqueza de espécies (Figura 2), e temos tambémpoucos recursos para conserva-las. Então, conser-var espécies no Brasil significa lidar com áreas ex-tensas, muitas espécies, poucos recursos e um gran-de número de pessoas sem acesso a nutrição e edu-cação e saúde, que freqüentemente se reflete emmais problemas de conservação.

Historicamente, a conservação brasileira evoluiuda preocupação estética (criação do Parque Nacio-nal do Iguaçu e Itatiaia, na década de 1930), para apreocupação com espécies, (Parque do Pau-Brasil,Parque Nacional de Emas, Parque Estadual dasLauráceas, etc.), passando para a ênfase em con-

servação de comunidades (Estações Ecológicas) edaí para a promoção social das pessoas que vivemno interior ou entorno destas unidades de conserva-ção, como no caso das Reservas Extrativistas. (WEYDE BRITO, 1998). Esta sucessão de enfoques é bas-tante similar àquela ocorrida em países mais antigos.Até os anos 90, o Brasil instalou uma densa rede deUnidades de Conservação (Figura 3) cuja efetividadeé discutível, ou por serem parques que somente exis-tem no papel, ou porque sua situação fundiária malresolvida ameaça sua existência, ou porque o modocomo estas unidades são administradas não lhes con-fere a agilidade necessária para interagir com seuentorno. Nos anos 90, o aparecimento de projetoscom objetivos específicos (TAMAR, Peixe Boi,Muriqui, Mico Leão Dourado, entre outros) têm li-derado as iniciativas na conservação brasileira, porconseguir combinar dinamismo com liberdade daestrutura burocrática governamental. Muitos destesprojetos têm também conseguido trabalhar em con-junto com o estado, se tornando uma forçaorganizadora para a burocracia estatal. O traço maisimportante destes projetos é conseguir apresentarsoluções inovadoras para a constelação de obstácu-los à conservação, muitas delas desenvolvidas emconjunto com as comunidades diretamente relacio-nadas ao problema.

A conservação no Brasil deve seguir caminhosdiferentes daqueles dos países mais antigos (comexceção da Austrália, que é mais nova), tambémporque a nossa degradação é mais recente. Destemodo, não será necessário trilhar todo o caminho dedegradação e restauração que estes países passa-ram; é possível “cortar caminho” em direção a con-servação, além de combinar soluções originadas emdiferentes situações.

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Figura 2 – O Brasil possui uma diversidade inigualável de espécies. Cada um dos biomas apresentados possui alta diversi-dade alfa e beta. A diversidade gama também é alta, em função da presença de diferentes biomas. (Fonte IBGE, 1998)

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Figura 3 – Unidades de conservação federais (Fonte: IBGE, 1998)

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Algumas questões cruciais em conservação

• Espécies ou comunidades?

Diferentes situações sociais, econômicas e biológi-cas sugerem diferentes soluções para a conservação.

É possível concentrar os esforços de conservaçãopara a proteção de espécies cujas populaçõesencontram-se em declínio e ameaçadas de extinção.Neste caso, os biólogos de conservação devemdeterminar a estabilidade das populações emdeterminadas circunstâncias, a fim de preservar asespécies nas condições impostas pela ação dohomem. Conseguiria a população de uma espécieameaçada sobreviver, ou até mesmo aumentar semantida em uma reserva natural? Ou a espécie estáem declínio, e necessita de atenção especial paraque não se torne extinta?

Um grande exemplo de programa de conservaçãode espécies, é o projeto TAMAR TartarugasMarinhas, que nasceu com o propósito de conhecerquais espécies ocorriam no litoral brasileiro, e hojepossui 21 bases no litoral brasileiro, onde a conservaçãodas tartarugas é realizada por meio de um trabalhoalém de biológico, também econômico e social.

É possível também concentrar estes esforços paraa conservação de comunidades biológicas intactas.Este é o modo mais eficiente de preservação da di-versidade biológica como um todo. Como o Brasiltem recursos e conhecimento suficientes para man-ter em cativeiro somente uma pequena parcela dasespécies do País (e do mundo), esta é a única formade se preservar espécies em larga escala. As comu-nidades biológicas podem ser preservadas atravésdo estabelecimento de áreas protegidas, implementaçãode medidas de conservação fora das áreas protegi-das, e restauração das comunidades biológicas emhabitats degradados. Um exemplo de conservaçãode comunidades, é a Reserva de DesenvolvimentoSustentável Mamirauá, onde uma área de 1.124.000ha na confluência dos rios Solimões e Japurá estásendo conservada em função de possuir um regimede cheias atípico, e um alto grau de endemismos.

Apesar do contexto brasileiro (riqueza de espéci-es e pobreza de capital) sugerir a conservação decomunidades como estratégia geral algumas espéci-es exigem cuidados especiais por serem especial-mente suscetíveis ao impacto humano. O altíssimorisco de extinção a que estão sujeitos os grandes pre-dadores e primatas, por exemplo, sugere que nestescasos utilizemos métodos de conservação de espé-cies, mesmo que não possível a conservação dos seushabitats neste momento. Uma outra situação em quea conservação enfocada em espécies pode ser útil éo caso das espécies carismáticas. Espécies como oUacari (Figura 4), primata endêmico do Mamirauá,ou o mico leão dourado, podem ser usados como ins-trumentos para viabilizar a conservação de comuni-dades inteiras, por meio da simpatia que eles geramcom as pessoas. Neste caso, no entanto, é necessá-rio que este meio (a simplificação de um conceitobiológico complexo, como a sustentabilidade de co-munidades) não entre em conflito com o fim (a con-servação de uma comunidade). Em algumas situa-ções, pode não ficar claro para as pessoas, que aespécie, seja ela qual for, não pode ser adequada-mente conservada isolada de sua comunidade.

Figura 4 – O Uacari (Cacajao calvus calvus) é uma espé-cie carismática, cujo interesse para sua conservação ser-viu para catalizar a conservação na região do Mamirauá,no Amazonas.

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• Proteção ou manejo?

A criação do Parque Yellowstone, em 1872, nosEUA deu grande impulso ao conceito de se escolheráreas que permaneceriam ainda não ocupadas pelohomem (ainda que o Yellowstone não tenha sido aprimeira reserva de proteção criada). Um outro con-ceito de conservação teve início na Europa, princi-palmente na Inglaterra, onde a falta de grandes áre-as desocupadas conduziu os esforços de conserva-ção em direção ao manejo ou uso sustentável de áreasjá ocupadas pelo homem.

O Brasil utilizou ambos conceitos de conserva-ção, em função dos vários contextos das suas unida-des de conservação, e da sua preocupação tardiacom o assunto, que afora todas as desvantagens, nospermiti utilizar a experiência alheia. A legislação bra-sileira já prevê modalidades de unidades de conser-vação como Áreas de Proteção Ambiental, Reser-vas Extrativistas e Reservas de DesenvolvimentoSustentável, que enfatizam o conceito de manejo ouuso sustentável de áreas e aquela s que enfatizam aproteção integral, como Estações Ecológicas, Par-ques Nacionais e Reservas Particulares doPatrimônio Natural.

Alguns condicionantes regionais determinam se aconcepção de uma unidade de conservação deveráenfatizar a proteção integral ou o manejo sustentável.

A proximidade de grandes adensamentos urba-nos, como na Estação Ecológica da Juréia-Itatins(próxima de São Paulo) e Parque Nacional da Tijuca(dentro do Rio de Janeiro) implica em grandes pres-sões humanas, que poderão ser acomodadas pelaunidade de conservação, dependendo do valor bioló-gico da área e da natureza das pressões ao redor daUnidade de Conservação. Na Estação Ecológica daJuréia, que é o último grande remanescente de MataAtlântica na região, optou-se por manter os gruposde caiçaras que já habitavam seu interior e de impe-dir ao máximo a entrada de turistas da Capital, o quedurante muitos anos foi feito pelo exército brasileiro,ainda antes que a área se tornasse uma EstaçãoEcológica. A Juréia é portanto uma unidade voltada

para a proteção integral. No caso do Parque Nacio-nal da Tijuca, o seu valor biológico não é tão alto, jáque se trata em grande parte de uma área restaura-da em que não houve muito cuidado com as espéci-es reintroduzidas. Não obstante, a Tijuca tem umgrande valor histórico, paisagístico, cênico e educa-cional para o Rio de Janeiro, razão pela qual foiconstruída (em muitos casos restaurada) toda umaestrutura de visitação dentro do Parque. A Tijuca éportanto uma unidade de conservação voltada parao manejo sustentável. Uma outra idéia de área ma-nejada é a dos corredores ecológicos, onde áreas,algumas até extensas, são manejadas de modo amelhorar sua conservação e com isso servirem paraaumentar o fluxo gênico na paisagem. Apesar denão existir nenhum exemplo concreto no Brasil, exis-tem vários projetos neste sentido, entre eles o corre-dor do descobrimento (Figura 5).

Figura 5 – O Corredor do descobrimento. Esta nova es-tratégia em implantação pela Conservation Internationale Fundação Biodiversitas integra reservas voltadas paraa preservação e manejo, com áreas privadas, visando amaximização do uso dos recursos disponíveis para con-servação (Fonte Cabs, 2000)

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Projetos de conservação bem sucedidos no Brasil

• O projeto TAMAR (Tartarugas Marinhas),em atividade desde 1980, levantou inicialmente asmuitas ameaças que as tartarugas sofrem em seuambiente natural. Durante anos, as tartarugas foramcapturadas por pescadores e caiçaras. Essa coletaobviamente não levava em conta estimativas de den-sidade de população ou época de desova. Um as-pecto da história natural das tartarugas é importantepara entendermos o efeito dessa coleta. As tartaru-gas vêm à praia para colocar seus ovos na areia.Fora da água, as tartarugas são facilmente captura-das. Matar uma fêmea nesse momento significamatar um indivíduo adulto, a prole que está para nas-cer e as outras proles que nasceriam posteriormen-te. O método normalmente utilizado para matar astartarugas é virá-las de dorso e deixá-las morrer àmíngua. Também na praia, as tartarugas sofrem coma iluminação artificial. Os filhotes possuemfototropismo positivo. Eles saem do ninho e buscama claridade do horizonte para encontrar o mar. Se hou-ver luzes próximas, os filhotes irão na direção opostaao mar e reduzirão suas chances de sobrevivência.Quanto mais tempo o filhote demorar para chegar àágua, maiores serão as chances dele ser predado poraves aquáticas, caranguejos ou até animais domésti-cos. Tráfego na praia é outra ameaça para a nidificaçãodas tartarugas. Sendo perturbadas, elas podem retornarpara o mar sem botar os ovos.

A construção de casas e prédios à beira mar,consiste também uma ameaça às tartarugas. Aoconstruir à beira-mar, impedimos a insolação da praia.O sexo das tartarugas não é definido na concepção,como nos mamíferos; se a temperatura da areia formais quente nascerão mais fêmeas, e se for maisfria nascerão mais machos. Portanto o sombreamentodas praias potencialmente aumenta a proporção demachos nas populações de tartarugas.

O projeto TAMAR também levantou que as re-des de pesca são grandes ameaças às tartarugas.As tartarugas possuem pulmões. Apesar de conse-guirem permanecer por até horas embaixo da água,

elas podem morrer afogadas no caso de não conse-guir se desvencilhar de uma rede de pesca. Os pes-cadores costumavam devolver ao mar as tartarugasque vinham com a rede, desavisadamente, assim,terminando de matá-las.

Ao final dos anos 70, todas estas ameaças eramdesconhecidas, assim como era também desconhe-cido o ciclo de vida das tartarugas. Não existiam pro-gramas de conservação marinha no Brasil.

Uma saída possível seria maldizer os pescadorese caiçaras, ou aplicar medidas punitivas, ou aindaescolher algum detalhe biológico da espécie e escre-ver inúmeras teses e artigos científicos, esquecendodo seu contexto. Essas soluções, freqüentementeadotadas, têm sido pouco positivas para a conserva-ção das espécies.

A partir da diagnose inicial, em 1982 o projetoTAMAR passou a proteger três locais principais dedesova: Praia dos Comboios (Espírito Santo), Praiado Forte (Bahia) e Pirambu (Sergipe). Hoje o proje-to TAMAR protege 1.100 km de costas, divididosem 21 estações (Figura 6). Em 1999, 8.000 ninhosforam protegidos,envolvendo aproximadamente360.000 filhotes de tartaruga. Setenta por cento des-ses ninhos foram mantidos “in-situ”, ou seja, na pró-pria areia da praia, evitando assim possíveis altera-ções na taxa de sexo das espécies.

Os benefícios do projeto Tamar não se limitam àspopulações de tartarugas. O projeto também implan-tou uma nova relação com a comunidade local, onde,mais do que a espécie enfocada, interessa tambémàs pessoas envolvidas. O projeto é um modelo deempreendedorismo para outras iniciativas ambientais.Cinco grandes instituições subvencionam o projeto,além de algumas fontes próprias de renda.

Pescadores e moradores locais perfazem a gran-de maioria dos 400 funcionários do TAMAR. Elessão responsáveis pela marcação de fêmeas, coleta etransporte de ovos. Apesar do pagamento de mora-dores locais colocar algumas dúvidas sobre a manu-tenção do trabalho após o fim do projeto, a ligação

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entre o projeto e a comunidade é fundamental tantopara levar o conceito de conservação para a comu-nidade local, como para manter o projeto em contatocom a realidade da comunidade.

Além do pagamento direto, o TAMAR mantém cre-ches, uma confecção e um programa de palestras emescolas locais. O objetivo é conservar as tartarugasmarinhas com um benefício correspondente à comuni-dade local (MARCOVALDI e MARCOVALDI, 1999).

Recentemente o projeto também tem se preocu-pado com os moradores das grandes cidades. Ape-sar de não estarem envolvidos direta-mente com oproblema, são os moradores das grandes cidades quedivulgam o projeto, levando o conceito de conserva-ção ao país como um todo. Estão sendo oferecidosestágios para universitários e programas voltados paravisitação turística. Meses após voltar da praia, ondevisitaram um desses programas, Yasmin (6 anos) eArthur (9 anos), paulistanos, espontaneamente fize-ram cinco esculturas de tartarugas em sua escola, omesmo número de espécies que existe no Brasil .As tartarugas marinhas certamente terão um espa-ço no futuro mundo de Yasmin e Arthur.

As lições para a biologia da conservação sãoclaras: atacando o problema a partir de vários ân-gulos, os pesquisadores podem trabalhar os proble-mas econômicos, sociológicos e gerenciais queameaçam as espécies.

• A Reserva de Desenvolvimento Sustentá-vel Mamirauá é um exemplo de unidade de con-servação bem manejada. O histórico desta unidadede conservação data de 1983, quando o Dr. MarcioAyres realizou sua tese de doutorado sobre a con-servação do Uacari (Cacajao calvus calvus) (Fi-gura 4), que é endêmico da região. Em 1990, apóscinco anos de extensas discussões com os governosfederal e estadual, foi criada a Estação EcológicaMamirauá, situada na confluência dos rios Solimõese Japurá, com 1.124.000 ha.

A característica mais marcante de Mamirauá éser uma área de várzea, ou uma floresta inundável. Oregime de cheias do Solimões determina quanto dareserva será inundada, e quanto estará seca, e porisso é o fator mais importante para a vida silvestre naárea. Até mesmo o relevo é determinado pela deposi-ção e erosão de sedimentos, causadas pelas cheias.

Este ambiente raro faz com que Mamirauá sejacaracterizada muito mais pelo alto grau de endemismodo que pela alta diversidade, já que poucas espécies

Figura 6 – Localização das 21 bases do projeto.

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estão adaptadas a este ambiente raro. Não obstante,a grande variação sazonal e diversidade de ambien-tes aquáticos faz com que Mamirauá tenha o maiornúmero de espécies de peixes (300) já registrado emuma várzea.

A colonização humana recente em Mamirauá datado início do século. Atualmente, existem poucas co-munidades indígenas na região, e mesmo estas, apre-sentam bastante miscigenação, tanto cultural quantogenética. A maior parte dos assentamentos huma-nos em Mamirauá está situada ao longo dos riosJapurá e Solimões. A natureza dinâmica do ambien-te produz um padrão de ocupação humana que tam-bém é caracterizado pela mobilidade. Conforme mudao relevo, mudam os assentamentos. Até mesmo ogado é criado em balsas flutuantes.

A qualidade de vida das pessoas que vivem emMamirauá era incompatível com a definição legal deEstação Ecológica, que não prevê nenhum uso dire-to, somente conservação e pesquisa, e mesmo estaé restrita a 10% da área da Estação. A implantaçãode uma unidade de conservação nestes moldes con-taria com a oposição dos moradores, que praticamvários tipos de extração na área.

Em 1996, após quatro anos de projetos na área, oGoverno Estadual do Amazonas reclassificouMamirauá como uma Reserva de DesenvolvimentoSustentável. Neste mesmo ano, o plano de Manejoda Reserva passou a ser implementado. Ele prevêtrês programas principais: Extensão e Participação,Pesquisa e Monitoramento e Administração. O pro-grama de extensão é dividido em extensão ecológicae extensão econômica. A pesquisa e monitoramentovisam ao manejo da reserva, à informação do públi-co e à viabilização do desenvolvimento sustentável.

A base da Reserva, em Tefé-AM, se parece comum formigueiro em plena atividade. Nela coexistema central administrativa, a loja de lembranças, umestúdio de rádio e TV, a cozinha, garagem, dormitó-rios, centro de informática, sala de reuniões, bibliote-ca, freezers com material de pesquisa, entre outros.Um time jovem e extremamente motivado adminis-

tra a reserva com organização impecável. A estru-tura humana e material que o Dr. Marcio Ayres con-seguiu montar em Mamirauá se deve não só a suacapacidade administrativa, mas também a sua agili-dade em captar recursos para a Reserva.

Inúmeras entidades colaboram com a reserva ,tanto brasileiras quanto estrangeiras. Um flutuantecom todos os confortos da cidade grande está sendoconstruído para receber turistas estrangeiros a pre-ços diferenciados, o que irá auxiliar a manutençãoda reserva a longo prazo. No entanto, no menos con-fortável flutuante dos pesquisadores, é possível ex-perimentar Mamirauá mais de perto, ouvir as estóri-as dos guias, dormir em redes e acordar no meio danoite com o guinchado alegre de um boto embaixoda sua janela.

Mamirauá prova que para implementar projetospráticos, os profissionais de conservação devem seenvolver com aspectos financeiros, administrativose políticos.

O Projeto “Biologia da Conservação”

A versão brasileira do “Primer on ConservationBiology” começou a tomar forma em 1998 em Boston.Eu e Richard Primack inicialmente queríamos ape-nas viabilizar a tradução do livro para o Português.Após minha volta para o Brasil e o inicio deste tra-balho, ficou cada vez mais claro que a simples tradu-ção do Primer on Conservation Biology até resolve-ria o problema daqueles estudantes que não lêeminglês, mas que também com isto nós estaríamosperdendo a grande oportunidade de ilustrar a teoriade Biologia da Conservação com exemplos familia-res para os brasileiros. As alterações do livro origi-nal foram se empilhando até o ponto em que decidi-mos começar do zero e escrever um novo livro aduas mãos.

Dois anos depois, o novo livro estava bem enca-minhado, e já discutíamos com algumas editoras apublicação do Biologia da Conservação. Descobri-mos então que a nossa idéia de produzir um livro

Page 12: Biologia da Conservação: ciência da crise Conservation ... · Três projetos que conseguiram alcançar bons resultados no Brasil são descritos. ... 1 Professor Adjunto do Departamento

Rodrigues, E.

Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 23, n. 2, p. 261-272, jul./dez. 2002272

barato e de qualidade não era compatível com amargem de lucro das editoras e distribuidoras. Nes-te exato momento tivemos um projeto aprovado pelaFoundation for Conservation Food and Health quecusteou os gastos de editoração e impressão do Bio-logia da Conservação. A nossa idéia original possi-velmente estaria na prancheta até hoje se nãotivessemos contado com este empurrão.

O Biologia da Conservação nasceu no dia 10 dejunho de 2001, em uma situação insólita. Depois dealguns atrasos da gráfica, nós tivemos que ir lançaro livro sem que ele estivesse pronto. Os funcionáriosda gráfica adentraram o auditório em meio a pales-tra de lançamento! A platéia terminou então toman-do contato com o livro antes mesmo de nós.

Para distribuir o Biologia da Conservação paraum número maior de pessoas nós tivemos que abrirmão (por mais paradoxal que possa parecer) dosmaiores distribuidores de livros. Grandes distribuido-res de livros trabalham com margens de lucro daordem de 50 a 60% do preço de capa. Isto implicaque aqueles que escreveram, imprimiram e vende-ram o livro ficam com menos que a metade do valordo livro. É comum que o distribuidor lucre dez vezesmais com cada livro do que o próprio autor. Paraevitar o aumento do preço que a distribuição acarre-taria, nós estamos também distribuindo o livro. Qua-se todos os livros até hoje foram vendidos por livrei-ros a quem entregamos os livros diretamente, tor-nando-o com isto mais barato para o estudante.

Os direitos autorais (por menores que sejam) tam-bém foram cortados. Desta forma, todo o dinheiroarrecadado com a venda dos livros é gasta para im-primir mais livros.

O Biologia da Conservação portanto, que come-çou como uma tradução, tornou-se um projeto sus-tentável de conservação (financeiramente falando),que tem cumprido os seguintes objetivos:

1) Tornar a teoria em Biologia da Conservação aces-sível aos alunos de graduação;

2) Divulgar os projetos de conservação brasileiros;

3) Estimular que mais autores sigam o mesmo ca-minho e que com isso mais títulos estejam dispo-níveis a preços mais baixos.

BibliografiaCABS –Center for Applied Biodiversity Science-2000.Planejando Paisagens Sustentáveis A Mata AtlânticaBrasileira.

COLWELL, R. K. 1986. Community biology and sexualselection: Lessons from hummingbird flower mites. In T.J. Case e J. Diamond (eds.) Ecological Communities, pp.406-424. Harper and Row Publishers, New York.

MARCOVALDI M.A.; MARCOVALDI G.G. 1999. Marineturtles of Brazil: the history and structure of ProjetoTAMAR-IBAMA Biology Conservation 91: (1) 35-41 NOV

KELLERT, S. R. e E. O. Wilson (eds.). 1993. The BiophiliaHypothesis. Island Press, Washington, D.C.

WILSON, E. O. 1984. Biophilia. Harvard University Press,Cambridge, MA.

PRIMACK, R.; RODRIGUES, E. 2001. Biologia da Conser-vação. 328 p. Efraim Rodrigues, Londrina

SOULÉ, M. 1985. What is conservation biology?BioScience 35: 727-734.

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