biografias sobre francisco muniz tavares (1793-1875) … · 2018-09-24 · século xx. segundo...

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1 BIOGRAFIAS SOBRE FRANCISCO MUNIZ TAVARES (1793-1875) NO DEBATE SOBRE O GÊNERO BIOGRÁFICO NA HISTORIOGRAFIA. 1 Fred Cândido da Silva Mestrando em História (UFPE) [email protected] Resumo. Este artigo faz parte da problematização historiográfica sobre a biografia de Francisco Muniz Tavares, que está sendo construída no mestrado em história da UFPE. Muniz Tavares foi revolucionário no Pernambuco de 1817, parlamentar e intelectual no século XIX brasileiro. No presente trabalho não buscamos apresentar uma parte dos acontecimentos de sua vida, tampouco, como ele se relaciona aos eventos contemporâneos, mas sim, como as biografias escritas sobre este indivíduo até então, fazem parte de uma historiografia que não prezava pela problematização de suas ações. Procuramos analisar as percepções de biografia presentes nos textos sobre este sujeito a partir do conteúdo e da estrutura de apresentação e de organização, isto, à luz das concepções historiográficas presentes nos momentos de suas publicações. Buscamos apresentar também alguns apontamentos acerca das concepções de biografia dentro do campo historiográfico hoje, dialogando principalmente com contribuições teórico- metodológicas da Micro-história italiana, concepções que em muito impelem a escrita de biografias tanto de sujeitos que ainda não lhe fora dedicada, quanto de indivíduos já estudados pela história. Palavras-chave: Francisco Muniz Tavares; Biografia; Historiografia. Apresentação. Francisco Muniz Tavares foi uma figura presente em alguns eventos que marcaram modificações importantes para o Brasil no século XIX. Sua trajetória de vida teve atenção de alguns historiadores, que acabaram tecendo notas sobre ela e publicando-as em algumas obras de caráter biográfico. Estes textos são matéria de análise neste artigo. Estão presentes nas obras Os Mártires Pernambucanos vítimas da liberdade nas duas revoluções ensaiadas em 1710 e 1817 (1853), de Joaquim Dias Martins; Dicionário biográfico de pernambucanos célebres (1882), de Francisco A. Pereira da Costa; Dicionário Bibliográfico Brasileiro (1895), de Augusto V. A. S. Blake; Apontamentos Biográficos do Clero Pernambucano 1 Agradeço ao CNPq pelo auxílio financeiro fornecido para esta pesquisa.

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Page 1: BIOGRAFIAS SOBRE FRANCISCO MUNIZ TAVARES (1793-1875) … · 2018-09-24 · século XX. Segundo Dosse (2009, pp. 171-172): [No século XIX] A biografia não passa de um parente pobre,

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BIOGRAFIAS SOBRE FRANCISCO MUNIZ TAVARES (1793-1875) NO

DEBATE SOBRE O GÊNERO BIOGRÁFICO NA HISTORIOGRAFIA.1

Fred Cândido da Silva

Mestrando em História (UFPE)

[email protected]

Resumo.

Este artigo faz parte da problematização historiográfica sobre a biografia de Francisco

Muniz Tavares, que está sendo construída no mestrado em história da UFPE. Muniz

Tavares foi revolucionário no Pernambuco de 1817, parlamentar e intelectual no século

XIX brasileiro. No presente trabalho não buscamos apresentar uma parte dos

acontecimentos de sua vida, tampouco, como ele se relaciona aos eventos

contemporâneos, mas sim, como as biografias escritas sobre este indivíduo até então,

fazem parte de uma historiografia que não prezava pela problematização de suas ações.

Procuramos analisar as percepções de biografia presentes nos textos sobre este sujeito a

partir do conteúdo e da estrutura de apresentação e de organização, isto, à luz das

concepções historiográficas presentes nos momentos de suas publicações. Buscamos

apresentar também alguns apontamentos acerca das concepções de biografia dentro do

campo historiográfico hoje, dialogando principalmente com contribuições teórico-

metodológicas da Micro-história italiana, concepções que em muito impelem a escrita

de biografias tanto de sujeitos que ainda não lhe fora dedicada, quanto de indivíduos já

estudados pela história.

Palavras-chave: Francisco Muniz Tavares; Biografia; Historiografia.

Apresentação.

Francisco Muniz Tavares foi uma figura presente em alguns eventos que

marcaram modificações importantes para o Brasil no século XIX. Sua trajetória de vida

teve atenção de alguns historiadores, que acabaram tecendo notas sobre ela e

publicando-as em algumas obras de caráter biográfico.

Estes textos são matéria de análise neste artigo. Estão presentes nas obras Os

Mártires Pernambucanos vítimas da liberdade nas duas revoluções ensaiadas em 1710

e 1817 (1853), de Joaquim Dias Martins; Dicionário biográfico de pernambucanos

célebres (1882), de Francisco A. Pereira da Costa; Dicionário Bibliográfico Brasileiro

(1895), de Augusto V. A. S. Blake; Apontamentos Biográficos do Clero Pernambucano

1 Agradeço ao CNPq pelo auxílio financeiro fornecido para esta pesquisa.

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(1535-1935) (1994), de Fernando Pio; e Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico

Pernambucano: breve história Ilustrada (2010), obra composta por vários autores.

Tentamos no escrito que segue abaixo analisar essas biografias inserindo-as nas

possíveis concepções historiográficas quando do período de sua publicação e produção.

Nesse intento, pensamos efetuar também uma análise acerca da relação entre o gênero

biográfico e o historiográfico, mormente para o caso francês, já que no século XIX e

boa parte do XX, a historiografia brasileira teve como referência teórico-metodológica

principal, a historiografia francesa.

Na última seção desse artigo, dedicamos a tentar demonstrar possíveis

contribuições teórico-metodológicas da Micro-história italiana para a construção de

textos biográficos.

1. O gênero biográfico no século XIX.

O gênero biográfico remonta à antiguidade. Desde sua origem, equilibrou-se em

um lugar entre a história e a literatura. Por vezes valorizado, por vezes relegado a

segundo plano. Nos seiscentos, o gênero biográfico ganha expressão mais próxima da

história, desvencilhando do misticismo e aproximando-se de uma descrição mais

realista. Como nos diz Sabina Loriga, uma das principais teóricas sobre biografias na

França da atualidade, (2011, p.17):

O termo ‘biografia’ só aparece ao longo do século XVII, para designar uma

obra verídica, fundada numa descrição realista, por oposição a outras formas

antigas de escritura de si que idealizavam o personagem e as circunstâncias

de sua vida (tais como o panegírico, o elogio, a oração fúnebre e a

hagiografia).

No século XVIII, os biógrafos se voltaram para dois eixos de análise: para além

da vida dos santos – o que poderíamos chamar de resquício ainda existente das

hagiografias, – e dos reis, ganhou destaque a vida de artistas e outros indivíduos

(LORIGA, 2011, p. 19). Este momento marca a valorização do grande homem em

detrimento do herói, segundo François Dosse (2009, pp. 163-166). Podemos

exemplificar essas duas categorias da seguinte forma: A primeira é representada pelo

que Voltaire chamou de indivíduos que se sobressaíram no útil e no agradável,

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destacando-se os homens de letras; a segunda, seria representada por aqueles que

tiveram êxito na esfera militar.

No início do século XIX, a figura do herói, ainda que presente nas biografias,

principalmente do historiador britânico Thomas Carlyle (1795-1881), dá lugar aos

personagens dos grandes homens. Isto se deve aos valores que se queriam transmitir,

pelo menos à sociedade francesa. Estes valores seguiam as influências da filosofia

iluminista, com tons humanitários, de moderação no desempenho das responsabilidades

e de criatividade no ofício, em detrimento de valores guerreiros, que entravam cada vez

mais em descrédito por uma sociedade que, segundo Dosse (2009, pp. 166-167), estava

cada vez mais desejosa de paz.

Segundo Loriga (2011, p. 20), “é durante o século XIX que a biografia se impõe

como ofício de pleno direito”. Contudo, é neste mesmo século que se inicia sua

relegação a um segundo plano, por parte dos historiadores, que durou até meados do

século XX. Segundo Dosse (2009, pp. 171-172):

[No século XIX] A biografia não passa de um parente pobre, de um gênero

menor, desdenhado e relegado a alguns polígrafos sem prestígio intelectual.

Vê-se isso desde o começo do século, antes mesmo da profissionalização do

ofício do historiador, que só ocorre de fato a partir dos anos 1880. O gênero

biográfico é repudiado pelos historiadores liberais e românticos já nos anos

da Restauração (1815-1830).

Talvez, a principal motivação deste repúdio, que Dosse aludi em seu texto, seja a

da tentativa de aplicação de um estatuto científico à história, revestido no argumento de

que ela tem a capacidade de reconstituir o acontecido, ou seja, que possui uma ligação

intrínseca com a verdade, enquanto que a biografia, não. A história, ao se tornar uma

disciplina, e consequentemente, monopolizada por acadêmicos, tornara-se uma ciência,

e necessitava de um método, não possuindo espaço para invenções, assim entendido por

vários historiadores o que os biógrafos faziam, inventavam.

No entanto, o gênero biográfico continuou sendo produzido ao longo do século

XIX. Teve papel importante na criação da ideia de nação, ajudou a consolidar símbolos,

assimilou-se à exaltação do nacionalismo, tudo isto, em meio à história que valorizava o

acontecimento (DEL PRIORE, 2009, p. 8). Nesta conjuntura de exaltação nacional e

construção de uma identidade patriótica, ao longo do século XIX, se produz em várias

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partes da Europa dicionários biográficos, contendo textos concisos acerca de

personalidades de cada país. Na França, o dicionário Biographie universelle ancienne et

moderne, em 1811, e o Nouvelle biographie générale: depuis les temps les plus reculés

jusqu'à nos jours... em 1852.2 No Reino Unido é publicado o Dictionary of National

Biography em 1855 e na Alemanha recém unificada, publica-se em 1875 o Allgemeine

Deutsche Biographie3 (LORIGA, 2011, p. 23).

No Brasil, na segunda metade do século XIX, também há a publicação de alguns

dicionários biográficos por historiadores, como o Dicionário Bibliográfico Brasileiro

(1895), de Augusto V. A. S. Blake. Especificamente em Pernambuco, há a publicação

do Dicionário biográfico de pernambucanos célebres (1882), de Francisco A. Pereira

da Costa e Os Mártires Pernambucanos vítimas da liberdade nas duas revoluções

ensaiadas em 1710 e 1817 (1853), de Joaquim Dias Martins. Este último, ainda que não

possua em seu título o termo dicionário, não foge desta categoria, pois é estruturado

como esse tipo de publicação. Todos possuem um texto biográfico sobre Francisco

Muniz Tavares, são para eles que nos voltamos a partir de agora.

2. A historiografia da trajetória de vida de Francisco Muniz Tavares.

Na obra Os Mártires Pernambucanos vítimas da liberdade nas duas revoluções

ensaiadas em 1710 e 1817, publicada primeiramente em 1853, o padre Joaquim Dias

Martins traz pequenos textos, com informações objetivas acerca da vida de personagens

que participaram da Revolução Pernambucana de 1817 e da Revolta dos Mascates de

1710-1711. Todo o livro possui uma estrutura de dicionário, com uma lista organizada

por sobrenomes.

Nas três páginas dedicadas a Muniz Tavares, além de trazer informações sobre a

carreira do mesmo, ele apresenta uma pequena citação retirada de um periódico

chamado de “Gazeta pernambucana”, na qual chama Muniz Tavares de “campeão da

2 Estes dicionários podem ser consultados por meio do portal Galica, da Biblioteca Nacional da França,

disponíveis em: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k51674f.image.f2, para o Biographie universelle... e

https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k62923032, para o Nouvelle biographie générale... Acessados em

01/08/2018. 3 O Dictionary of National Biography pode ser consultado por meio do website

http://www.oxforddnb.com/browse. Já o Allgemeine Deutsche Biographie pode ser acessado por meio do

https://www.deutsche-biographie.de/. Acessados em 01/08/2018.

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liberdade” e “pai da pátria” (MARTINS, 1853, pp. 577-579). Não podemos referenciar

este periódico, pois a obra de Dias Martins não possui referências. Todo o texto de

Martins trata de heroicizar Francisco Muniz Tavares em suas ações ao longo de sua

carreira até aquele momento.

O livro não problematiza as ações e possíveis ideias dos indivíduos. Com o

eclesiástico Muniz Tavares não é diferente. A bem da verdade, todo o texto sobre ele

trata tão somente de heroicizá-lo, mas não na vertente biográfica que apresentamos

acima acerca do herói, mas, na vertente do grande homem. Muniz Tavares se destaca na

obra de Dias Martins pela sua intelectualidade e não pelos feitos militares. O contrário

não poderia ser, já que fora um eclesiástico e tivera participação o mais próxima de

militar, na Revolução Pernambucana de 1817, que durou 74 dias. Nesta, foi “[...]

acusado de ir aos clubes; de antes tratar da revolução; de aliciar gente; de acudir armado

aos rebeldes. Ser capitão de Guerrilhas; de ser influído; de ser declamador” (DHBN4,

vol. 106, 1954, p. 143).

Talvez, o texto biográfico sobre Francisco Muniz Tavares mais completo, pelo

menos é o maior, produzido pela historiografia, seja o publicado em 1882, no

Dicionário biográfico de pernambucanos célebres, de autoria de Francisco A. Pereira

da Costa. Podemos dizer que nesta obra, há uma evolução em relação aos Mártires

Pernambucanos..., pois, apresenta uma gama maior de informações, abordando desde

sua infância até sua morte. Poder-se-ia argumentar que apresenta esta gama maior de

informações por ter sido publicada após a morte de Muniz Tavares (1875), no entanto,

como se verá adiante, alguns textos publicados mais de um século após sua morte não

possuem tantas informações, por exemplo, os Apontamentos Biográficos do Clero

Pernambucano de Fernando Pio. Nas 19 páginas que Pereira da Costa dedica a Muniz

Tavares, ele não faz somente o estabelecimento de datas, mas, também enfatiza algumas

relações de Francisco Muniz Tavares com os eventos dos quais participou.

4 Ministério da Educação e Cultura. Documentos Históricos da Biblioteca Nacional (DHBN), Coleção de

documentos referentes à Revolução Pernambucana de 1817. Consultado por meio da Hemeroteca da

Biblioteca Nacional, disponível em: http://bndigital.bn.br/acervo-digital/documentos-historicos/094536.

Acessado em 27/07/2018.

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Pereira da Costa efetua algumas problematizações. A que ocupa a maior parte do

texto versa sobre a conjuntura política pernambucana em torno do sete de setembro de

1822. O historiador faz menção às independências dos Estados Unidos e da América

hispânica. Insere a Revolução Pernambucana de 1817 nessa conjuntura. Chega a fazer

uma análise acerca dos conflitos envolvendo a figura de Luiz do Rego Barreto, até então

governador da província, e parte da população pernambucana em 1821, segundo Pereira

da Costa, conflitos acentuados por conta das atitudes repressivas do governador ao

movimento da Serra do Rodeador, em Bonito-PE (COSTA, 1982, pp. 335-340).

Demonstrando seu trabalho de historiador, Pereira da Costa fala algumas vezes

de suas fontes. Cita a obra de Martins que falamos acima. Na análise sobre a Revolução

de 1817, utiliza como uma de suas referências a obra de Muniz Tavares sobre o

movimento5 (COSTA, 1982, pp. 336-337). Jornais também aparecem no fragmento

biográfico sobre o Muniz Tavares, principalmente quando trata de enaltecê-lo.

Mas, é importante dizer que ainda que possua essas problematizações, bem

concisas por sinal, o texto de Pereira da Costa não se diferencia tanto do de Martins. A

estrutura é a mesma, e a função também, heroicizar o biografado, como no trecho em

que diz“[...] os heróis de 1817 tiveram a sua apoteose em 1822” (COSTA, 1982, p.

337). Muniz Tavares, como participante direto do lado dos revolucionários, seria um

desses heróis, que tivera papel importante na formação da pátria. Um símbolo da

construção nacional.

Muitas dessas informações apresentadas por Pereira da Costa podemos encontrar

em outro livro. Sob o título de Dicionário Bibliográfico Brasileiro, Augusto V. A. S.

Blake traz em seu texto, publicado em 1895, diversas informações biográficas de vários

personagens na história do Brasil até aquele período. Mais que isso, traz uma lista de

títulos bibliográficos de autoria desses biografados, lista que em nenhum trabalho

precedente esteve presente na historiografia brasileira.

5 Nos referimos aqui a obra História da Revolução de Pernambuco em 1817, publicada pela primeira vez

em 1840. É considerada a primeira história sobre a Revolução Pernambucana de 1817, referência básica

para quem quer estudar o movimento. A edição mais completa e recente foi publicada em 2017, pela

Companhia Editora de Pernambuco (CEPE), já em sua quinta edição.

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Blake efetua mais apontamentos em relação à carreira de Muniz Tavares do que

um enaltecimento de suas ações. De fato, o texto não trata de heroicizar o biografado.

Todavia, é importante ter em mente que ao colocar um pequeno texto biográfico sobre

Muniz Tavares, Blake já está valorando-o socialmente. Inserindo-o na categoria de

intelectuais da sociedade brasileira do XIX, que produziram conhecimento interveniente

nessa mesma sociedade.

Blake também trata de efetuar dois esclarecimentos cronológicos acerca da vida

de Muniz Tavares, em relação às datas de seu nascimento e sua morte. Quanto à

primeira, Blake afirma que Muniz Tavares “[...] nasceu a 16 de fevereiro de 1793 [...] e

não a 27, como alguns pensam, sendo este, porém, o dia em que foi batizado” (BLAKE,

1895, p. 59). Não é possível distinguirmos a quem Blake se refere.

Quanto à data de morte de Muniz Tavares, Blake afirma que fora no ano de 1875

(BLAKE, 1895, p. 497). Esta afirmação é importante, pois se tem reproduzido um erro

com relação a esta data. Talvez, este erro tenha tido seu início no texto de Pereira da

Costa, que consta o ano de 1876 (COSTA, 1982, p. 350).6 Neste mesmo texto, Pereira

da Costa, além de reproduzir esta informação incorreta, faz uma confusão com as datas,

ao afirmar que Muniz Tavares morrera com oitenta e um anos (COSTA, 1982, p. 351).

Se isto fosse verídico, para ter morrido em 1876 com oitenta e um anos, o monsenhor

teria de ter nascido no ano de 1795. E, se considerarmos a morte de Muniz Tavares em

1875, como afirma o seu inventário post mortem7, ele já estava com 82 anos de idade, já

que seu nascimento foi no mês de fevereiro, e sua morte em outubro, e não com oitenta

e um anos, como afirma Pereira da Costa. Em suma, Francisco Muniz Tavares nasceu

em 1793, aos 16 de fevereiro. E morreu em 1875, com oitenta e dois anos, como afirma

seu inventário.

Feito esse esclarecimento, um tanto positivista de nossa parte, ao nos atermos

com afinco às datas, passemos aos outros textos biográficos sobre Francisco Muniz

6 Para exemplificarmos, é possível ver esse erro nos fragmentos biográficos presentes nos websites do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) e no da Câmara dos Deputados Federais,

respectivamente: https://ihgb.org.br/perfil/userprofile/FMTavares.html; http://www2.camara.leg.br/a-

camara/conheca/historia/presidentes/francisco_tavares.html. Acessados em 03/08/2018. 7 O inventário de Francisco Muniz Tavares se encontra no Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico

Pernambucano-IAHGP. CIT – Coleção de Inventários e Testamentos, caixas 236, 237 e 244.VRS2, 1875-

1876.

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Tavares. Em 1994, o escritor e historiador Fernando Pio publicou os Apontamentos

Biográficos do Clero pernambucano, estruturado aos moldes das obras de Dias Martins,

de Pereira da Costa e de Blake. Trata-se de um resumo de informações sobre vários

componentes do Clero. Em relação a Francisco Muniz Tavares, as informações não

diferem muito de outras obras, na verdade, muitas são repetidas. Ao fim de sua

explanação sobre o monsenhor, Fernando Pio crava que “há vasta bibliografia sobre a

vida deste sacerdote” (PIO, 1994, p. 838). Consideramos que não existe uma vasta

bibliografia sobre Francisco Muniz Tavares. Pelo contrário, são poucos os textos que

falam de sua trajetória de vida.

É importante notar, como você caro leitor já deve ter notado, que demos um

grande salto temporal. Entre a publicação de Blake e a de Pio tinha se passado quase um

século. No entanto, a apresentação do texto de Pio seguiu a mesma estrutura. Na

próxima seção se verá que o momento dessa publicação não condiz com as tendências

historiográficas sobre a constituição de biografias. Desse modo, é difícil encontrar

motivações que expliquem os porquês da publicação de Pio possuir a mesma estrutura

de outras, publicadas quase um século antes.

A bem da verdade, ao olhar o texto de Pio, vemos que se trata de uma cópia de

partes dos textos que antecederam-no, pelo menos o que se refere a Francisco Muniz

Tavares. Vale ressaltar que a publicação dos Apontamentos Biográficos... foi após a

morte de seu autor, acontecida esta em 1987, quando Pio estava com oitenta e um anos

de idade. É possível que o autor não tenha percebido a retomada do gênero biográfico

pelos historiadores na Europa, que segundo Del Priore (2009, p. 9), se iniciou na década

de 1970, e se consolidou na de 1980.

Assim como essa publicação de Fernando Pio, as posteriores a ela seguiram a

mesma lógica, uma cópia de informações presentes em biografias anteriores. É o caso

da Breve História Ilustrada do IAHGP, publicada no ano de 2010, antecipando às

comemorações do sesquicentenário desta instituição, que viera acontecer em 2012. O

texto comemorativo sobre Muniz Tavares destacou vários pontos da vida dele e

enalteceu suas ações quando presidente daquela instituição. Trouxe também, a

transcrição de uma parte de seu discurso de posse, tomada em 21 de setembro de 1862

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(GALVÃO et al., 2010, pp. 37-39). Também é o caso do texto biográfico mais recente,

presente na Apresentação da quinta edição da História da Revolução de Pernambuco

em 1817, publicada em meio às comemorações do bicentenário dessa revolução. As

páginas destinadas às informações biográficas sobre Muniz Tavares são poucas, e como

em textos anteriores, concisas (SOUZA, 2017 pp. 18-21).8

Muitas informações parecem mesmo derivar dos primeiros textos, aqueles de

Dias Martins e de Pereira da Costa. Isto pode ser um indicativo do quanto esses

primeiros textos influenciaram as publicações posteriores, que possuem a mesma

estrutura de apresentação, ainda que, com algumas variações, como é o caso do escrito

mais recente.

Em geral, são estruturadas em apresentação de datas e eventos, não abrangem as

relações do monsenhor com os outros indivíduos e não ampliam o foco de abordagem

para as ideias circulantes no período, não possuem uma análise profunda em relação à

trajetória de vida dele. Talvez isto se deva por estarem presentes em trabalhos mais

amplos, como dicionários ou história de algumas instituições. Por ter outro foco, é

compreensível que o espaço destinado a falar sobre Francisco Muniz Tavares nessas

obras, tenha sido pequeno.

Deixamos um vazio neste texto ao dar um salto de um século entre as biografias

de Blake e de Pio. Não efetuamos uma abordagem das compreensões acerca do gênero

biográfico ao longo do século XX. É isso que começamos na seção seguinte, tentando

também demonstrar alguns delineamentos das possíveis compreensões hoje.

3. O gênero biográfico do século XX aos dias atuais (diálogo de biografia e

Micro-história).

Falamos na primeira parte desse artigo que uma das principais motivações de

repúdio ao gênero biográfico pelos historiadores, ainda no século XIX, fora causado por

conta da história ter-se tornado uma disciplina e monopólio acadêmico. Mas o golpe

mais forte ao gênero biográfico, pelos historiadores, agora considerados profissionais,

viria no século XX, com a ascensão dos Annales. A primeira geração, destaque para a

8 A apresentação desta edição foi escrita pelo historiador George Félix Cabral de Souza, por isso a

referência a ele e não a Francisco Muniz Tavares, que é o autor da História da Revolução...

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figura de Lucien Fébvre, ainda que não tenha rejeitado como um todo o gênero

biográfico – tanto é que este historiador escrevera dois textos de cunho biográfico9 –, já

dava sinais de uma valorização aos estudos que privilegiavam tempos longos e

estruturas sociais mais amplas. Isto, na medida em que se tentava rejeitar a utilização da

narrativa e o acontecimento na historiografia.

No entanto, foi a segunda geração dos Annales, encabeçada por Fernand Braudel

e Ernest Labrousse, que aplicou uma maior rejeição ao gênero biográfico na

historiografia francesa. Ao valorizar a história serial e quantitativa, trouxe à história as

massas, porém, tendeu a retirar-lhe as faces humanas, segundo Hebe Castro (1997, p.

50). As abordagens que prezavam pela análise estruturalista tornou a história um campo

avesso ao individual.

A partir das décadas de 1970 e 1980 o paradigma dos Annales opera várias

mudanças. A terceira geração, a partir da organização de Jacques Le Goff e Georges

Duby, se mostra mais aberta a outras possibilidades historiográficas. Estes, chegaram

até a publicar alguns textos biográficos10, demonstrando deixar de lado as análises

estruturais e de longa duração em prol de um estudo em menor escala de tempo e de

espaço.

É importante ressaltar que esta abertura dos Annales às novas possibilidades não

se deu sem as pressões de críticas recebidas. Não é nosso objetivo aqui demonstrá-las,

mas, é importante ter em mente que as críticas tecidas pelo movimento do Linguistic

Turn, dentre outras, foram preponderantes. É de se notar que essas produções dos

Annales não mais tratam de heroicizar o biografado. Tampouco tratam de tentar

fornecer um exemplo a ser seguido. As biografias passam a ser utilizadas para se fazer

inteligível um período e/ou um espaço social. O indivíduo passa a ser analisado não em

contraposição à sociedade, mas, inserido nela.

Nessa retomada do gênero biográfico pelos historiadores, o papel da Micro-

história italiana foi fundamental. Ao centrar suas análises nas individualidades, nas

9 Nos referimos aqui às obras: Un destin, Martin Luther. Paris, PUF, 1928, reedição 1988. E Le problème

de l’incroyance au XVIIe siècle. La religion de Rabelais. Paris, Albin Michel, 1942. 10 Nos referimos aqui às obras: DUBY, Georges. Guilherme Marechal ou o melhor cavaleiro do mundo.

Rio de Janeiro: Ed. Graal, 1988. LE GOFF, Jacques. São Luis: biografia. Rio de Janeiro: Ed. Record.

2010. Idem. São Francisco de Assis. Rio de Janeiro: Ed. Record. 2010.

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vivências dos sujeitos em relação à sociedade e trazendo para a historiografia a vida de

indivíduos de classes populares, a Micro-história demonstra o que talvez seja o

principal aspecto das biografias históricas hoje, o de não mitificar as ações dos

indivíduos, mas sim, problematizá-las, ao mesmo tempo em que tenta demonstrar as

inúmeras significações que elas possuem.

*****

Na relação entre indivíduo e sociedade, entendida esta última também por

sistema normativo, a abordagem micro-histórica objetiva definir as liberdades dos

indivíduos pelas brechas e contradições de um sistema normativo, segundo Giovanni

Levi (1992, p. 135), um dos fundadores da Micro-história:

Seu trabalho [dos micro-historiadores] tem sempre se centralizado na busca

de uma descrição mais realista do comportamento humano, empregando um

modelo de ação e conflito do comportamento do homem no mundo que

reconhece sua - relativa - liberdade além, mas não fora, das limitações dos

sistemas normativos prescritivos e opressivos.

Para o mesmo historiador, a biografia seria “[...] o campo ideal para verificar o

caráter intersticial – e todavia importante – da liberdade de que dispõem os agentes e

para observar como funcionam concretamente os sistemas normativos, que jamais estão

isentos de contradições” (LEVI, 2006, p. 180). Para conseguir definir a liberdade dos

agentes frente ao sistema normativo, é necessário ter em mente as redefinições operadas

pela Micro-história de dois conceitos.

A primeira seria a de estratégia social. Segundo o historiador Jacques Revel,

como as fontes apresentam por si mesmas alternativas e incertezas com que os atores

sociais se defrontam, o historiador utiliza mais comumente duas concepções de

estratégia social: a que qualifica, de forma prosaica, os comportamentos dos sujeitos

individuais ou coletivos que foram bem sucedidos, e a que pressupõe uma hipótese

funcionalista, espécie de utilização dos meios pelo ator social para se sobressair em

meio a outros sujeitos. Pondo em destaque uma riqueza de significações nas ações dos

indivíduos, a Micro-história propõe uma postura antifuncionalista, e mais que isso, ao

demonstrar uma pluralidade de destinos particulares, busca formular inúmeras

possibilidades, de acordo com os meios que cada sujeito possui (REVEL, 1996, p. 26).

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A segunda redefinição operada pela Micro-história na relação indivíduo e

sistema normativo seria a de contexto. Nas ciências sociais, mormente na história, esta

noção foi objeto de três utilizações segundo Revel (1996, p. 27): uso retórico, no qual o

contexto produz uma realidade; uso argumentativo, neste caso, o contexto produz um

condicionamento social; uso interpretativo, nessa utilização, a compreensão é de que o

contexto produz razões que permitem explicar situações particulares envolvendo os

sujeitos históricos. Em suma, estas utilizações partem da compreensão da existência de

um contexto unificado e homogêneo, o qual determinava as escolhas dos atores sociais.

A Micro-história rejeita essas formas de uso por entender que o contexto é criado a

partir da multiplicidade de experiências e representações sociais dos sujeitos, desse

modo, pretende constituir inúmeros contextos, e não um unificado.

A nosso ver, na escrita biográfica, as noções de estratégia social e contexto são

noções próximas, se relacionam, pois, compreendemos que os indivíduos escolhem as

estratégias sociais levando em consideração os contextos. Partimos da ideia de que, se

os indivíduos constroem os contextos, estes, também exercem pressões nas escolhas

deles. A Micro-história expõe esta ideia ao dizer que, “[...] toda ação social é vista

como o resultado de uma constante negociação, manipulação, escolhas e decisões do

indivíduo, diante de uma realidade normativa que, embora difusa, não obstante oferece

muitas possibilidades de interpretações e liberdades pessoais” (LEVI, 1992, p. 135).

Ainda segundo Levi (2006, p. 180), “há uma relação permanente e recíproca

entre biografia e contexto [...]”. Ao que parece, isso advém do aceitamento de que, para

tecer a história de uma trajetória de vida é necessário também analisar o entorno do

biografado, a conjuntura e a estrutura, tendo em vista o contexto não como

condicionante das escolhas, mas como espaço de possibilidades ao indivíduo.

Para a análise daquilo que está em volta do sujeito, a Micro-história fornece uma

ferramenta teórico-metodológica bastante útil, a variação da escala de observação. Esta

permite ao historiador investigar tanto a esfera micro quanto a esfera macro-histórica.

Antes de antagônicas, estas duas esferas se aproximam, podem ser complementares.

Desse modo, o que a Micro-história opera ao modificar a escala de observação é uma

outra redefinição, a da hierarquia de níveis de vivência dos indivíduos.

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Se a história serial e quantitativa francesa contrapunha a história nacional à

local, na Micro-história não há esta contraposição. Isto porque há a compreensão de que

os atores sociais participam, próximos ou distantes, de diversos níveis de vivência, seja

ele local, nacional ou global (REVEL, 1996, pp. 27-28).

Em suma, compreendendo que as esferas micro e macro-históricas podem ser

complementares, já que os agentes sociais participam de diferentes níveis

simultaneamente, a modificação da escala de observação é uma contribuição teórico-

metodológica importante na confecção de textos biográficos. Por meio dessa

modificação, poderemos talvez perceber como as ações e ideias do biografado podem

ser representativas de possíveis modelos/regularidades e também visualizar a

complexidade que há na relação do sujeito com a sociedade e eventos ao seu redor.

Considerações finais.

As biografias históricas não intentam mais somente contar a vida de alguém. O

foco passou a ser outro. O de analisar a relação do indivíduo com a sociedade em que

ele se insere, com os eventos contemporâneos a ele e com os grupos sociais os quais fez

parte. O objetivo das biografias se um dia foi o da construção de símbolos para a

construção nacional, hoje, ele não pode girar em torno da mitificação e do

engrandecimento das ações dos sujeitos.

Consideramos que o principal ponto de discussão na construção biográfica hoje,

deva ser o da análise do indivíduo dentro das limitações impostas pela malha social.

Ainda que o sujeito possua determinado grau de liberdade dentro dessa malha, suas

escolhas passam pela consideração das limitações que ela impõe. Tentar perceber o

entrecruzamento entre essa liberdade e essas limitações dentro da documentação

histórica, parece ser a tarefa mais complexa no fazer de biografias históricas.

Não custa lembrar que a biografia ainda pode ser considerada como um gênero

literário, ficcional, mas, se se pretende a construção de uma biografia histórica, sua

ligação com a verossimilhança é indispensável. E esta ligação se faz presente no trato

documental pelo historiador que se envereda em analisar uma trajetória de vida. Antes

de se tentar aplicar inúmeros conceitos às ações e ideias do biografado, é necessária

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primordialmente, a pesquisa empírica. Dessa forma, a biografia a ser construída estará

mais próxima do intento historiográfico, o estabelecimento da verossimilhança.

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