biogás de esgoto sanitário

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FACULDADE DE TECNOLOGIA DE ARAÇATUBA CURSO DE TECNOLOGIA EM BIOCOMBUSTÍVEIS CARLOS ALEXANDRE CALÁCIO DA SILVA FERMENTAÇÃO ANAERÓBIA DE ESGOTO SANITÁRIO EM ARAÇATUBA, BIRIGUI E SANTO ANTÔNIO DO ARACANGUÁ: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE PRODUÇÃO DE BIOGÁS Araçatuba 2011

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Page 1: Biogás de Esgoto Sanitário

FACULDADE DE TECNOLOGIA DE ARAÇATUBA

CURSO DE TECNOLOGIA EM BIOCOMBUSTÍVEIS

CARLOS ALEXANDRE CALÁCIO DA SILVA

FERMENTAÇÃO ANAERÓBIA DE ESGOTO SANITÁRIO EM

ARAÇATUBA, BIRIGUI E SANTO ANTÔNIO DO

ARACANGUÁ: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE PRODUÇÃO DE

BIOGÁS

Araçatuba

2011

Page 2: Biogás de Esgoto Sanitário

FACULDADE DE TECNOLOGIA DE ARAÇATUBA

CURSO DE TECNOLOGIA EM BIOCOMBUSTÍVEIS

CARLOS ALEXANDRE CALÁCIO DA SILVA

FERMENTAÇÃO ANAERÓBIA DE ESGOTO SANITÁRIO EM

ARAÇATUBA, BIRIGUI E SANTO ANTÔNIO DO

ARACANGUÁ: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE PRODUÇÃO DE

BIOGÁS

Trabalho de Graduação apresentado à

Faculdade de Tecnologia de Araçatuba, do

Centro Estadual Paula Souza, como requisito

parcial para conclusão do curso de Tecnologia

em Biocombustíveis sob a orientação da Profa.

Dra. Lucinda Giampietro Brandão

Araçatuba

2011

Page 3: Biogás de Esgoto Sanitário

SILVA, Carlos Alexandre Calácio da

Fermentação anaeróbia de esgoto sanitário em Araçatuba, Birigui e Santo Antonio

do Aracanguá: avaliação do potencial de produção de biogás./ Carlos Alexandre Calácio

da Silva. -- Araçatuba, SP: Fatec, 2011.

77f. : il.

Trabalho (Graduação) – Apresentado ao Curso de Tecnologia em Biocombustíveis,

Faculdade de Tecnologia de Araçatuba, 2011.

Orientador: Profa. Dra. Lucinda Giampietro Brandão.

1. Biogás 2. Esgoto sanitário 3. Tratamento. II. Título.

CDD – 333.9539

Page 4: Biogás de Esgoto Sanitário

FACULDADE DE TECNOLOGIA DE ARAÇATUBA

CURSO DE TECNOLOGIA EM BIOCOMBUSTÍVEIS

CARLOS ALEXANDRE CALÁCIO DA SILVA

FERMENTAÇÃO ANAERÓBIA DE ESGOTO SANITÁRIO EM

ARAÇATUBA, BIRIGUI E SANTO ANTÔNIO DO

ARACANGUÁ: AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE PRODUÇÃO DE

BIOGÁS

Trabalho de Graduação apresentado à

Faculdade de Tecnologia de Araçatuba, do

Centro Estadual Paula Souza, como requisito

parcial para conclusão do curso de Tecnologia

em Biocombustíveis examinado pela banca

Profa. Dra. Lucinda Giampietro Brandão

Orientadora - Fatec-Araçatuba

Profa. Ma. Agatha Stela de Morais

Fatec-Araçatuba

Prof. Me. Renato Tadeu Guerreiro

Fatec-Araçatuba

Araçatuba

2011

Page 5: Biogás de Esgoto Sanitário

Dedico este trabalho a Deus e à minha família,

em especial à minha mãe Maria, a meu pai

Antônio e à minha irmã Loreane.

Page 6: Biogás de Esgoto Sanitário

AGRADECIMENTOS

A Deus em primeiro lugar, que me deu paz, esperança, conhecimento, força e ânimo

para terminar este trabalho e não desistir do curso.

Aos meus pais Antonio e Maria, pelo amor, incentivo, paciência, carinho, dedicação,

orações e ajuda nos momentos mais difíceis, pedindo sempre a Deus para abençoar a minha

vida.

À minha irmã e amiga Loreane, que me ajudou e apoiou nos meus estudos, e pelas

orações.

À minha avó Ana e minha tia Maria, que sempre me motivaram a continuar os meus

estudos.

À minha família que me apoiou nesses momentos mais difíceis, principalmente com

incentivos.

À professora e orientadora Dra. Lucinda Giampietro Brandão, pela orientação, ajuda e

correção deste trabalho, durante o seu desenvolvimento.

Ao professor Dr. Ariovaldo Nuvolari da Fatec-SP por contribuir com informações para

este trabalho.

Ao Eng. Nelson Junzo Miyashita ex-professor da Fatec-SP, pelas informações e ajudar

a contactar o professor Dr. Ariovaldo Nuvolari.

Agradeço a professora Mestre e doutoranda Vanessa Pecora, enviar a sua tese de

mestrado.

Ao professor Dr. Electo Silva Lora, pelas informações fornecidas.

Ao eng. Reinaldo Murakami, gerente geral do Saneamento de Araçatuba S.A.

(SANEAR) por me auxiliar respondendo ao questionário do trabalho de graduação.

Agradeço aos representantes das prefeituras, de Santo Antonio do Aracanguá, Dir.

Fredi Augusto Ribeiro e ao Eng. Roberto Mazaia, ao Eng. Ivan Oliveira Longhini, da

prefeitura de Araçatuba e representante do DAEA, e da prefeitura de Birigui, o Secretário

Marcos Antonio Albano, por terem respondido o questionário do trabalho de graduação,

enviado para cada um, e por fornecerem as informações para a elaboração deste trabalho.

Page 7: Biogás de Esgoto Sanitário

“Deus não nos pede nunca nada além de nossas forças.

Ele mesmo nos dá a força para

cumprir o que espera de nós.”

(Papa João Paulo II)

Page 8: Biogás de Esgoto Sanitário

RESUMO

A produção de biogás a partir do tratamento anaeróbio de esgoto sanitário é realizada pela

decomposição da matéria orgânica suspensa neste esgoto pela ação de microorganismos. O

biogás proveniente desta reação é composto, em maior proporção, por metano, que pode ser

convertido energeticamente. Com a utilização dos dados coletados por meio do questionário

enviado aos municípios avaliados, foi possível descrever as características dos sistemas

utilizados para o tratamento do esgoto sanitário. A partir do programa Biogás Geração e Uso

Energético, estimou-se o potencial de produção de biogás do esgoto gerado por cada habitante

nas cidades de Araçatuba, Birigui e Santo Antônio do Aracanguá. Avaliando os resultados

obtidos neste software, os municípios têm capacidade de produzir biogás e viabilidade de

implantar um projeto para a recuperação e conversão desse combustível em energia elétrica.

Palavras-chave: Biogás. Esgoto Sanitário. Tratamento.

Page 9: Biogás de Esgoto Sanitário

ABSTRACT

The production of biogas from anaerobic treatment of wastewater is performed by the

decomposition of organic matter suspended in wastewater by microorganisms Biogas is made

from this reaction, a greater proportion of methane, which can be converted into energy.

Using data collected through the questionnaire sent to municipalities assessed, it was possible

to describe the characteristics of the systems used for the treatment of sewage. From the

program Biogas Generation and Use Energy estimated the potential production of biogas from

wastewater generated per capita in cities of Araçatuba, and Santo Antônio Aracanguá e

Birigui. Evaluating the results of this software, it is possible to say tha municipalities have the

capacity to produce biogas and feasibility of implementing a project for the restoration and

conversion of fuel into electrical energy.

Key words: Biogas. Sanitary Sewage. Treatment.

Page 10: Biogás de Esgoto Sanitário

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Resumo da reação de decomposição em meio anaeróbio ........................................ 18

Figura 2. Sequências metabólica e grupos microbianos envolvidos na digestão anaeróbia com

a formação da sulfetogênese. .................................................................................................... 21

Figura 3. Vista lateral da estrutura interna e dos componentes de uma microturbina ............. 25

Figura 4. Grupo motor-gerador alimentado por biogás – Ciclo Otto. .................................... 27

Figura 5. Sequência do ciclo de combustão no interior da câmara de combustão .................. 28

Figura 6. Sistema de cogeração de energia ............................................................................ 30

Figura 7. Diagrama de tratamento do esgoto ......................................................................... 32

Figura 8. Representação dos processos naturais que ocorrem na lagoa facultativa ................ 35

Figura 9. Representação de um sistema de tratamento com lagoa facultativa ........................ 35

Figura 10-a. Representação de um sistema de tratamento com sistema australiano: lagoa

anaeróbia em conjunto com lagoa facultativa. ......................................................................... 36

Figura 10-b. Representação de um sistema de tratamento com sistema australiano: lagoa

anaeróbia em conjunto com lagoa facultativa. ......................................................................... 36

Figura 11-a. Representação do sistema de lagoas aeradas de mistura completa seguida por

lagoa de decantação .................................................................................................................. 38

Figura 11-b. Representação do sistema de lagoas aeradas de mistura completa seguida por

lagoa de decantação .................................................................................................................. 38

Figura 12. Representação do sistema australiano seguido por lagoa de maturação em série . 39

Figura 13. Representação do sistema de tratamento por lodos ativados convencional ........... 40

Figura 14. Representação do sistema com reator RAFA seguido por lagoa anaeróbia .......... 42

Figura 15. Principais agentes patogênicos presentes no esgoto sanitário .............................. 44

Figura 16. Página inicial do programa – simulador de potencial de biogás no efluente ......... 46

Figura 17. Página do programa com o índice para elaboração do projeto .............................. 46

Figura 18. Página do programa com as características da ETAE............................................ 47

Figura 19. Página do programa para o calculo da estimativa de geração de biogás .............. 48

Figura 20. Página referente ao cálculo de vazão e potência do biogás .................................. 49

Figura 21. Página contendo a representação gráfica da vazão por mês de metano ................. 49

Figura 22. Estações de tratamento de esgoto em Santo Antônio do Aracanguá .................... 66

Page 11: Biogás de Esgoto Sanitário

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Composição média do biogás .................................................................................. 15

Tabela 2. Potencial de geração de biogás pelos sistemas de tratamento ................................ 16

Tabela 3. Métodos de remoção de impurezas do biogás ........................................................ 23

Tabela 4. Estimativa de produção de biogás pelo programa biogás geração e uso energético

nas cidades de Araçatuba, Birigui e Santo Antônio do Aracanguá ......................................... 59

Tabela 5 Produção real e teórica de esgoto nas cidades .......................................................... 62

Page 12: Biogás de Esgoto Sanitário

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1. Quantidade de habitantes em cada município ....................................................... 51

Gráfico 2. Volume de esgoto produzido nas cidades analisadas ............................................ 52

Gráfico 3. Porcentagem de coleta e tratamento de esgoto nas cidades analisadas ................. 52

Gráfico 4. Órgãos responsáveis pelo tratamento de esgoto das cidades avaliadas ................. 53

Gráfico 5. Número de estações de tratamento de esgoto nas cidades avaliadas..................... 54

Gráfico 6. Sistemas de tratamento de esgoto nas cidades avaliadas ...................................... 54

Gráfico 7. Destino final da água residual das cidades avaliadas ............................................ 55

Gráfico 8. Aplicação do lodo nas cidades avaliadas............................................................... 55

Gráfico 9. Tratamento da água residual nas cidades avaliadas .............................................. 56

Gráfico 10. Desinfecção da água residual nas cidades avaliadas ............................................ 57

Gráfico 11. Analise do esgoto efluente após o tratamento ...................................................... 57

Gráfico 12. Quantidade de indústrias que enviam resíduos para a rede coletora de esgoto nas

cidades avaliadas ..................................................................................................................... 58

Gráfico 13. Vazão de metano na cidade de Araçatuba ........................................................... 59

Gráfico 14. Vazão de metano na cidade de Araçatuba ........................................................... 60

Gráfico 15. Vazão de metano na cidade de Birigui ................................................................ 60

Gráfico 16. Vazão de metano na cidade de Santo Antônio do Aracanguá .............................. 61

Page 13: Biogás de Esgoto Sanitário

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 13

1. REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................ 15

1.1. O Biogás ............................................................................................................................ 15

1.1.1. Histórico do biogás ......................................................................................................... 17

1.2. A digestão anaeróbia – D.A .. ............................................................................................ 18

1.2.1. Fases da digestão anaeróbia ............................................................................................ 19

1.2.2. Fatores que restringem a digestão .................................................................................. 22

1.3. Métodos de purificação do biogás ..................................................................................... 23

1.4. A Conversão energética do biogás .................................................................................... 24

1.4.1. Microturbinas ................................................................................................................. 24

1.4.2. Motores ciclo Otto – combustão interna......................................................................... 26

1.5. Cogeração ...... ................................................................................................................... 30

1.6. Esgoto sanitário ................................................................................................................. 31

1.6.1. Níveis do tratamento de esgoto ...................................................................................... 31

1.6.2. Principais sistemas de tratamento de esgoto .................................................................. 33

1.6.2.1. Fossas sépticas ............................................................................................................. 33

1.6.2.2. Lagoas de estabilização ............................................................................................... 33

1.6.2.2.1. Lagoas facultativas ................................................................................................... 34

1.6.2.2.2. Sistema australiano ................................................................................................... 35

1.6.2.2.3. Lagoas aeradas facultativas ...................................................................................... 37

1.6.2.2.4. Lagoas aeradas de mistura completa seguidas por lagoa de decantação .................. 37

1.6.2.2.5. Lagoas de maturação ................................................................................................ 38

1.6.2.3. Lodos ativados ............................................................................................................. 39

1.6.6.2.3.1. Lodos ativados convencional................................................................................. 40

1.6.2.3.2. Lodos ativados por aeração prolongada ................................................................... 41

1.6.2.3.3. Lodos ativados de fluxo intermitente ....................................................................... 41

1.6.2.4. Reator anaeróbio de fluxo ascendente ......................................................................... 41

1.7. Agentes patogênicos .......................................................................................................... 43

2. Metodologia .......................................................................................................................... 45

Page 14: Biogás de Esgoto Sanitário

2. 1. Informações técnicas sobre o tratamento de esgoto dos municípios de Araçatuba, Birigui

e Santo Antônio do Aracanguá ................................................................................................. 45

2.2. Método para a determinação da Estimativa de Biogás produzindo pelo tratamento de

efluentes dos municípios avaliados ........................................................................................ 45

2.2.1. Software biogás e geração e uso energético – programa para a estimativa de geração de

biogás e avaliação de recuperação e uso energético . .............................................................. 45

3. Resultados ............................................................................................................................. 51

3. 1. Quantidade de habitantes por município .......................................................................... 51

3.2. Volume de esgoto produzido por município .................................................................... 51

3.3. Coleta e tratamento de esgoto nas cidades ........................................................................ 52

3.4. Órgãos responsáveis pelo tratamento de esgoto nas cidades avaliadas ............................. 53

3.5. Número de estações de tratamento de esgoto nas cidades avaliadas ................................. 53

3.6. Sistemas de tratamento de esgoto utilizado nas cidades avaliadas .................................... 54

3.7. Destino final da água residual nas cidades avaliadas ........................................................ 55

3.8. Aplicação do lodo nas cidades avaliadas . ......................................................................... 55

3.9. Tratamento do lodo de esgoto nas cidades avaliadas ........................................................ 56

3.10. Tratamento da água residual nas cidades avaliadas ......................................................... 56

3.11. Análise da água residual nas cidades avaliadas ............................................................... 57

3.12. Número de indústrias que enviam resíduos para a rede coletora de esgoto nas cidades

avaliadas ................................................................................................................................... 58

3.13. Estimativa a quantidade de biogás produzido nas cidades de Araçatuba, Birigui e Santo

Antônio do Aracanguá por meio do programa Biogás Geração e Uso Energético .................. 58

4. Discussão ............................................................................................................................. 62

Considerações finais ................................................................................................................. 66

Referências ............................................................................................................................... 68

Apêndice A – Questionário do trabalho de graduação enviado às prefeituras das cidades

avaliadas ................................................................................................................................... 73

Page 15: Biogás de Esgoto Sanitário

13

INTRODUÇÃO

A ampliação dos processos de tratamento de esgoto no Brasil, previsto para os

próximos anos, irá elevar a produção de lodos gerados neste conjunto de operações. O sistema

de tratamento mais difundido no país é o tratamento por sistemas anaeróbios, como

consequência dos métodos utilizados gera-se o lodo (subproduto) que quando decomposto

produz metano (CH4), este subproduto necessita ser regido de forma a respeitar a normas

ambientais vigentes (BORGES; CHERNICHARO, 2009).

Utilizar o metano do biogás proveniente deste sistema de tratamento anaeróbio de

forma energética, e com baixo custo, é uma das condições para se alcançar o desenvolvimento

sustentável. Este conceito ajusta-se perfeitamente às normas estipuladas pelo Banco Mundial,

que determina as diretrizes para o uso consciente das fontes naturais de energia (AVELLAR;

COELHO; ALVES, 2002).

A formação do biogás ocorre pelo processo de digestão anaeróbia, onde os

microrganismos presentes naturalmente no processo realizam a decomposição da matéria

orgânica. Os microrganismos têm como objetivo reduzir a carga orgânica do sistema de

tratamento, obtendo-se nesta redução biogás e biofertilizante, que é a matéria orgânica

fermentada e rica em nutrientes (PECORA, 2006).

O uso energético do biogás também proporciona a redução das emissões de metano no

meio ambiente, pois, em sua constituição, o gás metano representa a maior parcela, com poder

de poluição 21 vezes mais elevado que o dióxido de carbono (CO2) em contato com a

atmosfera é um dos gases causadores do chamado efeito estufa (COELHO et al, 2006 b).

As matérias-primas necessárias para se produzir o biogás a partir da degradação

anaeróbia são provenientes de atividades industriais, comerciais, agrícolas e naturais que

geram seus respectivos resíduos orgânicos como: esgoto industrial e comercial (lodo), lixo

doméstico, dejetos de animais, resíduos agrícolas e plantas aquáticas, entre outros, estes

compostos servem de substrato para geração e posterior formação do biogás (PECORA,

2006).

Como combustível, o biogás tem ampla aplicação em motores de combustão interna

ciclo Otto, aquecimento de caldeiras, fornos, turbinas a gás ou microturbinas e em

equipamento de recuperação de calor que utiliza os gases de escape, dentre outros. Sua

utilização nestes equipamentos depende da identificação de sua vazão, composição química,

Page 16: Biogás de Esgoto Sanitário

14

poder calorífico gerado na combustão, fatores que determinam o real potencial de geração de

energia na forma de energia elétrica e energia térmica. Determinar estes fatores permite

dimensionar os processos de pré-tratamento do biogás que visam à remoção de compostos

químicos que prejudicam o processo de queima como a remoção do dióxido de carbono e

umidade, ácido sulfídrico (H2S) que causa corrosão dos equipamentos, com objetivo de

aumentar o rendimento do processo e a vida útil dos equipamentos (COELHO et al, 2006 b).

De acordo com Amaral, C. M. C. (2004), o processo de degradação anaeróbia trás

consigo vantagens na sua utilização como alternativa no tratamento de resíduos, este processo

proporciona a redução de microrganismos patogênicos concomitantemente com a redução dos

riscos sanitários possibilita sua reutilização como adubo orgânico, diminuição dos poluentes

emitidos na atmosfera, produção de biogás empregado na geração de energia a partir de sua

conversão. Logo, as vantagens representam ganhos ambientais e econômicos, o que

demonstra a viabilidade de se utilizar esse tipo de processo no tratamento de resíduos.

O presente trabalho tem por objetivo avaliar o potencial de geração de biogás no

tratamento de esgoto a partir de sistemas anaeróbios na cidade de Araçatuba, Birigui e Santo

Antônio do Aracanguá. Sendo assim, os resultados poderão demonstrar que a utilização do

mesmo de forma energética garante benefícios econômicos e ambientais para os municípios

em questão. Utilizando-se de um questionário enviado individualmente para os representantes

dos municípios, e a partir de algumas informações coletadas, foi possível determinar a

quantidade de biogás que potencialmente poderá ser produzido e utilizado em diferentes

cidades.

Page 17: Biogás de Esgoto Sanitário

15

1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1.1. Biogás

Define-se biogás como uma mistura de gases, que tem sua proporção determinada pelo

tipo de resíduo utilizado e a eficiência no processo digestivo para obtê-lo. Basicamente é

composto por CH4 e CO2. O primeiro representa em torno de 50% a 70% da mistura e o

segundo, em torno de 25% a 40%. A outra parcela é composta por gases como monóxido de

carbono (CO), nitrogênio (N2), oxigênio (O2), entre outras substâncias, que aparecem em

menor proporção no biogás (COLDEBELLA, 2006).

A Tabela 1 a seguir representa a composição básica da mistura de biogás.

Tabela 1. Composição média do biogás

Composição Média do Biogás

Metano (CH₄) 50 a 70 %

Dióxido de Carbono (CO2) 25 a 50 %

Hidrogênio (H2) 0 a 1%

Nitrogênio (N2) 0 a 7%

Oxigênio (O2) 0 a 2%

Ácido Sulfídrico (H2S) 0 a 3%

Amônia (NH3) 0 a 1%

Monóxido de Carbono (CO) 0 a 0,1%

Água (H2O) Variável

Fonte: CETESB, 2011a

O biogás produzido em estações de tratamento de esgoto (ETEs) pode ser usado na

forma de energia a fim de suprir ou elevar a produção desta, e ser utilizado em sistemas de

cogeração. Outras características importantes associadas à utilização do biogás é a mitigação

dos impactos ambientais causados ao nosso planeta, e no tratamento dos efluentes, soluciona

Page 18: Biogás de Esgoto Sanitário

16

alguns problemas voltados ao saneamento básico no país, já que sua reutilização busca

melhorar o rendimento no sistema de tratamento e diminuir os seus gastos (SALOMON,

2005).

A Tabela 2 demonstra o potencial de produção de biogás pelo tipo de tratamento usado

nas ETEs.

Tabela 2. Potencial de geração de biogás pelos sistemas de tratamento

Sistemas de tratamento Potencial de Produção de biogás

Lagoa anaeróbia

Há produção de biogás no processo anaeróbio, o qual pode

ser captado para aproveitamento energético por meio de

cobertura das lagoas e implantação de sistema de coleta,

tratamento e aproveitamento do biogás.

Lagoa facultativa

Há produção de biogás, porém em menor quantidade que em

uma lagoa anaeróbia. Tecnicamente, é possível a instalação

de sistemas de captação e aproveitamento do biogás, porém,

as baixas vazões geradas podem inviabilizar o investimento.

Lagoas aeróbias Não há capacidade de produção de biogás.

Reatores anaeróbios de fluxo

ascendente (UASB / RAFA)

Há geração de biogás no processo anaeróbio, o qual pode ser

captado para aproveitamento energético. Sua viabilidade

dependerá do volume e carga orgânica degradável do efluente

a ser tratado.

Biodigestores convencionais

(reator anaeróbio)

Há produção de biogás no processo anaeróbio, o qual pode

ser captado para aproveitamento energético. Sua viabilidade

dependerá do volume e carga orgânica degradável do efluente

a ser tratado.

Lodos ativados convencional

Não há capacidade para produção de biogás no tratamento de

esgotos. Uma possibilidade de geração de biogás é no

tratamento por digestão anaeróbia do lodo gerado no

processo.

Lodos ativados com aeração

prolongada

Não há capacidade para produção de biogás no tratamento de

esgotos. Uma possibilidade de geração de biogás é no

tratamento por digestão anaeróbia do lodo gerado no

processo. No entanto, o lodo já sai parcialmente digerido,

portanto, a geração de biogás é inferior quando comparada ao

tratamento de lodo gerado no processo de lodos ativados

convencional.

Fossas sépticas Há capacidade de produção de biogás, mas a captação e

aproveitamento do gás são dificultados pelas dimensões

reduzidas destes sistemas e baixa produção de biogás.

Fonte: Von Sperling, 1995, apud Iclei, 2010

Page 19: Biogás de Esgoto Sanitário

17

1.1. 1. Histórico do Biogás

A provável descoberta do biogás (gás dos pântanos) data de 1667, sendo realizada por

Shirley, mas somente um século após esta descoberta Alessandro Volta reconheceu a

existência de metano no biogás proveniente da matéria orgânica em decomposição anaeróbia

nos pântanos (CETESB, 2011a; DEMEC, 2011).

Em 1884, estudos realizados por Ulysse Gayon, aluno de Luis Pasteur, para se obter

biogás a partir da fermentação de dejetos de cavalo coletados nas ruas de Paris (capital da

França), teve como resultado a produção de 100L de metano obtido pela degradação

anaeróbia de 1m³ desta matéria orgânica diluída em água a 35ºC. Destes resultados, Luis

Pasteur concluiu que o biogás produzido na fermentação anaeróbia nesta proporção poderia

ser utilizado como energia para iluminação das ruas de Paris, desta forma, completando a

oferta energética desta época (DEUBLEIN; STEINHAUSER, 2008).

A utilização do gás metano produzido pela biodigestão anaeróbia em alguns países, já

não era considerado mais anormal. Na Índia em 1859, na cidade de Bombaim onde se

localizava uma colônia de leprosos, foram feitas as primeiras práticas de aplicação do biogás

de forma direta para suprir as necessidades desta comunidade, incluindo o hospital. Os

Ingleses, em 1895, aproximadamente 30 anos depois da primeira utilização do biogás,

realizado na Índia, deram início às primeiras aplicações do biogás na Europa, sendo este

utilizado para iluminação pública de algumas ruas da cidade de Exter, na Inglaterra. Com os

resultados positivos obtidos na utilização deste sistema outras formas de aplicação para o

biogás foram surgindo (COSTA, 2006).

Nas estações de saneamento urbano, após a 1ª Guerra Mundial, o processo de

tratamento por digestão anaeróbia já era utilizado, obtendo-se a partir deste o metano (um dos

constituintes do biogás) que era utilizado para o reaquecimento dos digestores anaeróbios. O

emprego do metano no sistema de tratamento proporcionava melhor rendimento e a redução

das dimensões dos equipamentos. Os biodigestores utilizados para se obter biogás e

biofertilizante pela fermentação de dejetos de animais aumentaram em meio à 2ª Guerra

Mundial nas propriedades agrícolas do interior da França, o que demonstrava necessidade de

se buscar novas fontes energéticas motivada pelos respectivos acontecimentos no mundo

(POULALLION, 1986).

Em países como Índia e China, no início do século 20, ocorreram o aperfeiçoamento

dos biodigestores destinados à produção de biogás e biofertilizante a partir de esterco de

Page 20: Biogás de Esgoto Sanitário

18

animais, dando-se prioridade ao esterco bovino. Porém, o processo de fermentação anaeróbia

passou a ser pesquisado somente em 1960, o que alavancou os conhecimentos sobre as etapas

deste processo, sobre a criação de biodigestores e outros equipamentos que melhoravam a

qualidade dos produtos obtidos neste sistema (CETESB, 2011a).

Já no Brasil, os biodigestores foram implantados como alternativa para aliviar a tensão

ocasionada pela crise do petróleo de 1970, em que o combustível atingiu preços acima da

média para esta época. A utilização do biodigestor era voltada principalmente para a produção

de biogás, os modelos utilizados para esse fim eram o chinês e o indiano que já eram

utilizados na geração de energia pelos seus países de origem. Estes equipamentos foram

utilizados inicialmente na região nordeste do Brasil a partir de incentivos de programas que

visaram difundir o uso em nosso país, mas apesar do apoio o programa não gerou resultados

que agradavam as expectativas relativas à demanda energética desta região (DIAZ, 2006).

1.2. A digestão anaeróbia – D.A

A digestão anaeróbia é um processo utilizado na estabilização da matéria orgânica a

partir da fermentação bacteriana anaeróbia, visando reduzir materiais orgânicos mais

complexos em compostos mais simples como CH4, CO2 e outras substâncias que são liberadas

no processo, como amônia, sulfetos e fosfato (COSTA, 2006).

A transformação da matéria orgânica em minerais e alguns gases são resultantes da

ação de microrganismo que dispensam o O2, utilizando como receptores naturais de elétrons

(H2) as moléculas simples obtidas na reação com ausência de oxigênio (PINTO, 1999). Esta

reação é resumida na Figura 1.

Figura 1. Resumo da reação de decomposição em meio anaeróbio

Fonte: Pinto, 1999, p.80

Page 21: Biogás de Esgoto Sanitário

19

1.2.1. Fases da digestão anaeróbia

Conforme Amaral, F. L. M. do (2004), as fases da D.A são descritas por muitos

autores como sendo realizada em dois ou mais estágios, mencionados a seguir.

No caso de dois estágios os mesmo são divididos em uma primeira fase, na qual seria

realizada a conversão da matéria orgânica formada por polímeros (partículas complexas) em

monômeros, em seguida ácidos orgânicos e, em uma segunda fase, onde os produtos gerados

na fase um são convertidos em compostos gasosos (CH4, CO2 e outros gases em menor

proporção).

Já a digestão anaeróbia em três estágios leva em consideração a função de cada grupo

de microrganismo no processo anaeróbio sendo eles formados por bactérias fermentativas,

acetogênicas e metanogênicas.

O autor ainda relata o processo em quatro estágios: hidrólise, acidogênese,

acetogênese e metanogênese, como visto relatado abaixo.

Na fase de hidrólise a matéria orgânica a ser degradada anaerobicamente no processo

de digestão, muitas vezes, apresenta dimensões maiores que as bactérias fermentativas

responsáveis por realizar sua decomposição. Estas não conseguem distinguir a matéria

orgânica presente neste processo. Para poder realizar a degradação da matéria orgânica, as

partículas maiores (polímeros) presentes no meio necessitam ter sua superfície de contato

reduzidas em partículas com dimensões menores (monômeros), isto é possível através da

hidrólise dessas substâncias, o que caracteriza a primeira fase do processo da digestão

anaeróbia. Após a sua redução em partículas menores, estas substâncias podem ser

incorporadas pelas bactérias fermentativas (NUVOLARI, 2003). A transformação da matéria

orgânica de polímero para monômero ocorre pela ação de enzimas extracelulares (exógenas)

que são liberadas pelas bactérias fermentativas no meio e realizam a redução da superfície de

contato desta matéria orgânica, ou seja, são responsáveis pela hidrólise desses polímeros que

quando transformado em monômero tornam-se solúveis no meio (BLEY JR. et al, 2009).

Na acidogênese as substâncias solúveis (monômeros) produzidos na hidrólise, são

transformadas pelas bactérias fermentativas a partir da absorção dessa substância para o seu

interior e posterior identificação por suas células, que as convertem em alcoóis, ácidos

orgânicos (ácido butírico, propiônico, láctico, fórmico, outros ácidos de cadeia curta), ácidos

graxos, CO2, sulfeto de hidrogênio, entre outros elementos. Na acidogênese ou fase ácida,

Page 22: Biogás de Esgoto Sanitário

20

ocorre também a reprodução de novas células para metabolizar a quantidade de ácidos

liberados e repor as células mortas no decorrer da etapa (VERSIANI, 2005).

Durante a terceira fase, ou seja, acetogênese, os subprodutos gerados na acidogênese

serão oxidados, obtendo-se nesta reação de perda de elétrons, moléculas de CO2, H2 e acetato

que são substratos para a próxima fase da reação da fermentação anaeróbia, a metanogênese.

Sendo assim, o objetivo principal dessa fase é produzir grande quantidade de acetato a partir

das reações bioquímicas de degradação dos ácidos, álcoois, CO2 e H2 produzidos na fase

anterior (NUVOLARI, 2003).

Na etapa final chamada de metanogênese (quarta fase) os compostos da fase anterior

originam novos produtos o CH4 e CO2, que são obtidos pela ação das bactérias metanogênicas

que atuam no processo de conversão principalmente de CO2, H2 e acetato, nos produtos finais.

A velocidade de reação no meio restringe-se por ação de microbolhas de CH4 e CO2

produzidos nesse processo, levando-se a formação em torno das bactérias de uma barreira que

as inibem de exercer suas atividades naturais, uma das alternativas para solucionar esta

questão e a utilização de agitadores para homogeneizar a matéria orgânica e romper os

obstáculos formados pelas microbolhas (BLEY JR. et al, 2009).

Versiane (2005) ainda indica uma quinta fase na digestão, denominada sulfetogênese,

que ocorre caso o resíduo utilizado contenha substâncias compostas por enxofre. Essa etapa

inicia-se quando a matéria orgânica presente no resíduo a ser digerido, contém compostos de

enxofre, sulfato e sulfito, este sofrem redução pela ação de bactérias sulfuredutoras,

transformado-os em sulfetos. Com o aumento na concentração de enxofre, as reações

realizadas pelas bactérias sulfuredutoras são desviadas do seu metabolismo normal, e estas

começam a competir pelo restante do substrato contido na reação com as bactérias

acetogênicas e metanogênicas. As bactérias responsáveis por reduzir o sulfato têm como

vantagem o desenvolvimento mais acelerado em relação aos outros grupos de bactérias. Se a

concentração de sulfeto aumentar drasticamente, provocará a redução da quantidade de

metanobactérias até eliminá-las da reação, pois essa substância é tóxica para esta espécie de

microrganismo.

No entanto, para que estes estágios possam processar-se efetivamente, é

imprescindível que aproximadamente 18 parâmetros sejam definidos e controlados: pressão

parcial de hidrogênio; concentração de microrganismos; tipos de substratos; superfície

específica do material; desintegração; cultura, mistura e volume de alimentação; luz;

temperatura; pH; potencial redox; nutrientes; elementos traços; precipitantes; remoção de

Page 23: Biogás de Esgoto Sanitário

21

gases; inibidores; grau de decomposição; espuma e flocos (DEUBLEIN; STEINHAUSER,

2008). Alguns destes parâmetros vão ser abordados no decorrer deste trabalho, dando-se

ênfase aos mais importantes. A Figura 2 demonstra as etapas da digestão anaeróbia, os

microrganismos envolvidos e as reações no processo.

Figura 2. Sequências metabólica e grupos microbianos envolvidos na digestão anaeróbia com

a formação da sulfetogênese.

Fonte: Chernicharo, 1997 apud Amaral, F. L. M. do, 2004, p. 38

Page 24: Biogás de Esgoto Sanitário

22

1.2.2. Fatores que restringem a digestão

Para manter a eficiência nos níveis de digestão, aliado a produção de biogás e a

redução da carga orgânica no digestor, alguns parâmetros devem ser observados, já que são

responsáveis pelo bom desempenho da reação. Alguns autores, como, Deublein e Stainhauser

(2008), destacam até dezoito parâmetros diferentes, citados anteriormente, mas alguns se

destacam. São eles a temperatura, o tipo de substrato, o tempo de retenção hidráulica, o

potencial hidrogeniônico (pH) e a presença de materiais tóxicos (DIAZ, 2006).

A temperatura é parâmetro fundamental estabelecido para todos os organismos do

processo. Quando alterado, modifica a velocidade de reação das bactérias (metabolismo), o

equilíbrio iônico e a capacidade dos substratos de se dissolverem na reação. Para manter a

temperatura do equipamento (temperatura de trabalho), utiliza-se conforme disponibilidade de

recursos a instalação de equipamentos para o aquecimento no interior dos digestores

anaeróbios. A implantação deste sistema deve ser feita após análise do custo-benefício, que

vai determinar se é viável ou não a sua utilização (DIAZ, 2006; DEUBLEIN;

STEINHAUSER, 2008).

O tipo de substrato leva em consideração características da matéria orgânica. É fator

essencial na determinação do volume e qualidade do biogás. Ela sofre alterações devido à

qualidade da alimentação, idade dos microrganismos que estão na digestão, e tipo de substrato

usado sendo de origem animal, efluentes comerciais, industriais, entre outros (DIAZ, 2006;

DEUBLEIN; STEINHAUSER, 2008).

O tempo de retenção hidráulica, período em que a massa orgânica é fermentada pelas

bactérias no digestor, descreve que cada tratamento possui um determinado tempo para

estabilizar a matéria orgânica (DIAZ, 2006; DEUBLEIN; STEINHAUSER, 2008).

O pH é importante para produção estável de biogás. É necessário manter uma faixa

ótima do mesmo em torno de 6 a 8. O pH abaixo ou acima dos padrões normais ocasionam a

instabilidade do processo de digestão na fase metanogênica e redução na proporção e

qualidade do biogás (DIAZ, 2006; DEUBLEIN; STEINHAUSER, 2008).

Os materiais tóxicos devido à contaminação por substâncias compostas principalmente

por surfactantes como detergentes, sarnicidas, entre outros, podem inibir o processo digestivo

e metabólico das bactérias (DIAZ, 2006; DEUBLEIN e STEINHAUSER, 2008).

Page 25: Biogás de Esgoto Sanitário

23

1.3. Métodos de purificação do biogás

O biogás contém em sua estrutura elementos não carburantes, quando presentes em

elevadas concentrações causam danos à combustão interna dos equipamentos de conversão e

outras alterações. As substâncias responsáveis por alterar a sua característica de explosão são

a água e o dióxido de carbono, que se não removidos reduzem a eficiência deste combustível

e, como consequência, a produção de energia elétrica pelas tecnologias. Há também a

presença de outros contaminantes como o H2S que causa a corrosão interna dos equipamentos

com o tempo de uso, sendo responsável pelo baixo aproveitamento destes equipamentos e por

diminuir o seu tempo de vida útil. Por fim temos a siloxina (partículas abrasivas) que desgasta

as partes metálicas com o seu contato direto (COELHO, 2006a).

Sendo assim, o ideal é remover essas impurezas de biogás e, para isto, temos vários

métodos diferentes como os apresentados na Tabela 3.

Tabela 3. Métodos de remoção de impurezas do biogás

Impurezas Métodos Detalhes

Água

Adsorção

Sílica gel

Peneira molecular

Alumina

Absorção

Etileno glicol

(temperatura –6,7ºC)

Selexol.

Refrigeração Resfriamento a 2ºC

Hidrocarbonetos

Adsorção Carvão ativado

Absorção

Óleo leve

Etileno glicol

Selexol

(temperaturas: entre –6,7ºC e –33,9ºC)

Combinação Refrigeração com etileno glicol e adsorção em carvão

ativado

CO2 e H2S Absorção

Solventes orgânicos

Selexol

Flúor

Rectisol

Soluções de sais alcalinos

Potássio quente e potássio quente inibido (talvez

tamponado)

Alcanolaminas

Mono, di-tri-etanol amina

Deglicolamina

Ucarsol-CR

Fonte: Alves, 2000, p. 59

Page 26: Biogás de Esgoto Sanitário

24

Para purificar o biogás e proceder a separação dos compostos gasosos indesejáveis

neste combustível, são utilizados diversos métodos simples. Os principais são absorção física

ou química, adesão das moléculas em uma superfície sólida, transformação química,

separações utilizando-se de membranas e técnicas de criogenia. Os processos de remoção de

impurezas mais utilizados para o biogás são os métodos por absorção física e química devido

aos bons resultados que apresentam mesmo com pouco escoamento, por ser uma técnica que

não necessita de treinamento para o seu manuseio, suas peças serem montadas com materiais

mais simples e o preço gasto neste equipamento ser mais baratos em relação aos outros

equipamentos (ZANETTE, 2009).

1.4. Conversão do biogás em energia

No mercado atual a disponibilidade de tecnologias para converter o biogás em energia

é muito vasta. A conversão processa-se pela transformação de uma fonte de energia em outra

(energia mecânica em elétrica), por combustão controlada e reação de queima ar e

combustível. As partículas do biogás se rompem e liberam a energia química, para ser

convertida em energia mecânica, a qual ativa um gerador usado para lhe transformar em

energia elétrica (COELHO, 2006a).

Segundo Iclei (2009a), dos equipamentos disponíveis no mercado para a conversão do

biogás em energia, os motores a combustão interna (Ciclo Otto) e as microturbinas são as

tecnologias mais utilizadas.

1.4.1. Microturbinas

As microturbinas são turbinas de pequeno porte que trabalham na faixa de 20 a 250

kW, com altas velocidades de rotação e com diversos tipos de combustível. Para funcionar, o

ar externo é absorvido em alta velocidade e pressão elevada no interior da microturbina e

dentro deste equipamento é misturado ao combustível injetado na câmara de combustão, onde

se realiza a reação de combustão. A reação é controlada, o que favorece a máxima eficiência e

os baixos níveis de emissão de gases do processo. Na explosão, geram-se gases de alta

Page 27: Biogás de Esgoto Sanitário

25

pressão que se expandem nas palhetas da turbina e os gases não utilizados são expelidos para

fora do aparelho (POECORA, 2006). A figura 3 abaixo demonstra a estrutura e os

componentes internos de uma microturbina.

Figura 3. Vista lateral da estrutura interna e dos componentes de uma microturbina.

Fonte: Adaptado de Monteiro, 2004

No decorrer dos tempos as microturbinas foram adaptadas das turbinas utilizadas nas

indústrias aeroespacial e automobilística, para serem empregadas em sistemas elétricos de

potência com uma diversidade de tecnologias disponíveis no mercado atual (ICLEI, 2009a).

Sallomon (2007) indica as principais vantagens de se utilizar microturbinas

alimentadas a biogás, como:

a. ocupa menos espaço, por ter suas dimensões reduzidas quando

comparado as turbinas e ao motor;

b. equipamento de fácil instalação;

c. pode ser acomodada em ambiente aberto ou fechado;

d. capacidade de se adaptar a outros combustíveis;

Page 28: Biogás de Esgoto Sanitário

26

e. sistema capaz de operar com o biogás contendo concentrações de metano

abaixo de 35%. Sem alterar a eficiência na produção de energia;

f. trabalha normalmente em temperaturas de -10ºC a 45ºC;

g. boa eficiência 30 a 33% (de acordo com o seu poder calorífico inferior -

PCI);

h. emite menor quantidade NOx (Óxido de azoto), abaixo de 9 ppm em

microturbinas de 25 a 100KW ( baixa potência); e até 100 ppm em

potências superiores;

i. possibilita a implantação de sistemas de cogeração.

De acordo com Sallomon (2007), apresenta as seguintes desvantagens:

a. investimento inicial elevado, o equipamento é importado;

b. rendimento abaixo de 30%;

c. no país há pouca experiência de utilização deste equipamento;

d. os custos com manutenção e operação são elevados quando comparados

aos de outras tecnologias;

e. com o uso de rolamentos de ar, os custos com a manutenção são

reduzidos, mesmo assim, é necessária a utilização de filtros de ar na

microturbina;

f. o biogás deve ter alto índice de purificação, já que seu poder calorífico é

baixo, e deve-se adaptar a microturbina a esta condição.

1.4.2. Motor Ciclo Otto (combustão interna)

O motor Ciclo Otto de combustão interna é uma máquina térmica usada na conversão

do biogás, por combustão interna, acionada na ignição por centelha. Sua aplicação quando

comparado a outras tecnologias é mais elevado sendo este fato ocasionado pelo maior

rendimento elétrico e o baixo custo em comparação com os equipamentos. O processo só

ocorre quando os motores a diesel são convertidos em motor Ciclo Otto (Ottorização) que

recebe pequenas modificações nos sistemas de alimentação, ignição e taxa de conversão

(ICLEI, 2010). A Figura 4 mostra um motor-gerador que utiliza biogás como combustível

para o seu acionamento e geração de energia.

Page 29: Biogás de Esgoto Sanitário

27

Figura 4. Grupo motor-gerador alimentado por biogás – Ciclo Otto

Fonte: Acervo do Autor

A mistura de ar e combustível necessária para a explosão é injetada na parte interna do

cilindro, onde se realizam o processo de combustão, obtendo-se com este o trabalho

necessário para movimentar o motor. A reação realiza-se em sucessões de dois ou quatro

tempos. Quando realizada em quatro tempos emite menos gases poluentes com maior

economia de combustível, e para se realizar os quatro tempos o virabrequim completa duas

voltas, ocorrendo uma explosão por cilindro em cada duas voltas (CÂMARA, 2003). A

seguir, tem-se descrito os quatro tempos.

No primeiro tempo, chamado de admissão, abre-se a válvula de admissão, enquanto o

pistão movimenta-se do Ponto Morto Superior (PMS) até o Ponto Morto Inferior (PMI), ao

realizar este movimento exerce o aumento do volume interno do cilindro que abre a válvula

de admissão e injeta instantaneamente a mistura composta por ar e combustível, preparada

pelo sistema de alimentação, no seu interior.

Já no segundo tempo, nomeado de compressão, as válvulas são fechadas, e o pistão

retorna ao seu Ponto Morto Inicial (PMS). Ao realizar o movimento de retorno do PMI ao

PMS o pistão comprime a mistura e reduz o volume interno do cilindro.

Page 30: Biogás de Esgoto Sanitário

28

No terceiro tempo, o de combustão, antes de chegar ao PMS e com a válvula fechada,

a vela de ignição libera uma faísca que ocasiona a explosão da mistura que aumenta a pressão

interna, ação da expansão dos gases, e impulsiona o pistão para baixo seguindo em direção ao

PMI.

Por fim, no quarto tempo, o chamado escapamento, a válvula de escape é acionada,

após o pistão retornar do PMI ao PMS, e desloca-se para frente deixando uma abertura. O

movimento do pistão à base superior retira os gases de combustão que são liberados da

câmara de combustão e passam pelo coletor de escapamento que os envia para fora do motor.

Após o término desta etapa inicia-se um novo ciclo sem interrupção, apenas se o motor for

desligado.

A Figura 5 demonstra as etapas que ocorrem no ciclo de quaro tempos em um morto

Ciclo Otto.

Figura 5. Sequência do ciclo de combustão no interior da câmara de combustão

Fonte: Pereira, 2006

Já nos motores com funcionamento por dois tempos, a explosão ocorre a cada volta do

virabrequim. Por apresentar uma característica e construção simples o que reduz seu tamanho

e custo, é muito atraente utilizá-lo em veículos de pequeno porte como motocicletas,

motoneta, motobombas, embarcações, entre outros (CÂMARA, 2003).

Dentre as vantagens do emprego destes equipamentos para a conversão em energético

temos (ICLEI, 2009 b):

a. geração de energia elétrica para consumo próprio da estação de

tratamento de esgoto;

Page 31: Biogás de Esgoto Sanitário

29

b. venda do excedente para concessionárias de energia; indústria, comercio

ou para a própria cidade;

c. economia com os custos provenientes das concessionárias;

d. ganhos ambientais e econômicos com a venda de créditos de carbono;

e. implantação de sistemas de cogeração e obtenção de novos rendimentos.

A oferta de motores a combustão interna, principalmente os de grande porte, no Brasil

é suprido geralmente pelas importações, sendo de fabricação própria apenas motores com

potencial disponível de até 230 kW. Este grupo motor-gerador é composto pela junção do

motor com o gerador, responsável pela produção de energia elétrica, e o rendimento das

partes chega a ser de aproximadamente 28%, para o motor, enquanto o gerador próximo de

80% (ICLEI, 2009 a).

Iclei (2009 b) indica também como desvantagem:

a. motores disponibilizados no mercado de 5 kW a 1,6 MW;

b. emissão de óxidos de nitrogênio (NOx) um dos causadores do efeito

estufa, a proporção de gás emitido na atmosfera pelo motor vai depender

do seu tamanho e potência, as emissões varia entre 250 e 3000 partes por

milhão(ppm).

Estudos realizados e aplicados na Universidade de São Paulo (USP) a partir do projeto

denominado Programa de Uso Racional de Energia e Fontes Alternativas (PUREFA),

implantou um motor-gerador de 18 kW alimentado pelo biogás gerado no tratamento de

esgoto do conjunto residencial da USP (CRUSP) e do principal restaurante da universidade,

coletados e tratados por meio do processo de digestão anaeróbia em um Reator Anaeróbio de

Fluxo Ascendente (RAFA) no Centro de Tecnológico de Hidráulica (CTH) da USP. Este

projeto teve como objetivo demonstrar que é possível produzir energia elétrica pela conversão

do biogás do esgoto, estimulando a produção de equipamentos no nosso país para reduzir os

custos com os mesmos e incentivar novas pesquisas, e demonstrar com estímulos que é

possível produzir energia por meio de combustíveis renováveis, como o biogás, em unidades

consumidoras (COELHO, 2006b).

Page 32: Biogás de Esgoto Sanitário

30

1.5. Cogeração

Termo definido pela sigla em inglês CHP (Combined Heat and Power), e consiste na

geração de duas ou mais fontes de energia (térmica, mecânica, elétrica) a partir de um único

combustível, também conhecido como geração simultânea, combinada e distribuída de

energia (BRASIL, 2005). A Figura 6 esquematiza o sistema de cogeração.

Figura 6. Sistema de cogeração de energia

Fonte: Adaptado de Brasil, 2005

O biogás torna-se rentável, pelo fato de se gerar vantagens ao produzir energia ao

mesmo tempo em que agrega valor a si próprio. A produção de energia térmica na forma de

vapor é uma aplicação que traz um retorno mais amplo se comparado com o uso do biogás

somente para gerar energia elétrica, com eficiência de 20 a 50%, enquanto na cogeração a

eficiência do processo chega a atingir 80%, ou seja, menos perda. O vapor, obtido pelos gases

de escape da combustão ao aquecer água, possibilita uma vasta área de aplicação

principalmente o aquecimento, refrigeração, e outras necessidades do processo na própria área

de produção ou até mesmo canalizá-lo em tubos e comercializá-lo para indústrias e comércios

próximos da unidade cogeradora, obtendo-se para o projeto uma nova alternativa de lucrar

com as várias utilidades que este sistema proporciona ao reutilizar outra forma de energia

(GONÇALVES, 2007).

Page 33: Biogás de Esgoto Sanitário

31

1.6. Esgoto sanitário

O esgoto sanitário ou esgoto recebe esta denominação por gerar graves impactos ao

meio ambiente se não for adequadamente tratado. Formado por resíduos de origem doméstica,

industrial ou comercial, é composto basicamente por 99,9% de água e 0,1% de sólidos em

suspensão, que são compostos por matéria orgânica biodegradável e inerte, nutrientes,

microrganismos úteis para a digestão e patogênicos (AVELLAR, COELHO, ALVES, 2002).

Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), na norma brasileira

NBR 9648, esgoto sanitário é definido como águas residuárias compostas pela junção de

esgoto doméstico, industrial, água de infiltração e a contribuição parasitária, que são enviados

para as redes públicas de coleta de esgoto. Nesta mesma norma, são definidos também os

seguintes termos:

a. esgoto doméstico - água potável que quando utilizada pelo homem para

hábitos higiênicos e fisiológicos tem suas características de consumo

alteradas;

b. esgoto industrial - água potável que após sua utilização nas etapas de

produção industrial, tem suas características alteradas e não servem para

consumo humano. A legislação impõe os padrões de lançamento pelas

indústrias nas redes convencionais;

c. água de infiltração - água que resulta do próprio terreno (Subsolo) e

infiltra nas canalizações, são indesejáveis para o sistema coletor;

d. contribuição pluvial parasitária - parcela da água proveniente das chuvas

que escoam em uma determinada superfície e é absorvida pela rede

pública coletora de esgoto sanitário;

e. corpo receptor - curso de água ou o solo que recebe o efluente final do

tratamento de esgoto.

1.6.1. Níveis do tratamento de esgoto

De acordo com Villen, 2001, para o tratamento de esgoto leva-se em consideração as

características do resíduo a ser tratado a quantidade de impurezas presente neste composto e

Page 34: Biogás de Esgoto Sanitário

32

qual a sua disposição final. A qualidade do tratamento de esgoto depende de vários fatores,

tendo como principal fator o custo de implantação do tratamento a ser empregado. Ainda

segundo o autor, o tratamento de esgoto pode ser dividido em quatro fases citados abaixo.

A fase 1, chamada de tratamento preliminar, é a etapa inicial, que tem por finalidade a

remoção de sólidos grosseiros e areia pela utilização de métodos físicos, garantindo que as

próximas etapas sejam realizadas. A fase 2, conhecida como tratamento primário, visa à

remoção de sólidos suspensos no resíduo utilizando-se de métodos físicos, como a decantação

ou a flotação, e também regula o pH e a temperatura do sistema. No tratamento secundário, ou

seja, fase 3, inclui o tratamento primário e a utilização de métodos biológicos (reações

bioquímicas), que objetivam a remoção da matéria orgânica dissolvida e do restante de

sólidos em suspensão, obtendo-se um efluente com concentração mínima de matéria orgânica

suspensa, neutralização do pH e temperatura ambiente. Por fim, o tratamento terciário, ou fase

4, objetiva a remoção de substâncias que não são removidas pelo tratamento primário e

secundário, objetiva-se a remoção de compostos como nitrogênio, fósforo, metais pesados,

substâncias não biodegradáveis, entre outras substâncias tóxicas e agentes patogênicos. As

quatro fases estão esquematizadas na Figura 7.

Figura 7. Diagrama de tratamento do esgoto

Fonte: Villem, 2001, p.517

Page 35: Biogás de Esgoto Sanitário

33

1.6.2. Principais sistemas de tratamento de esgoto

1.6.2.1. Fossas sépticas

A fossa séptica é definida como sistema individual utilizado no tratamento de

efluentes em áreas desprovidas de serviço público como residências, condomínios

residenciais, sitos, fazendas, e outros locais isolados. Conhecida como decanto-digestores, é

formada por uma câmara onde os processos naturais de sedimentação do lodo (formado por

matéria orgânica, massa biológica e produtos químicos) e digestão em ambiente anaeróbio se

realizam. Nesta digestão, o material orgânico é convertido em biogás (CH4, CO2, H2S, H2O,

O2, dentre outros.). Em relação ao tratamento convencional realizado nas estações de

tratamento de efluentes por lodos ativados, esse sistema seria considerado como o substituto

dos decantadores primários e em outros sistemas de tratamento um digestor de lodos

(NUVOLARI, 2003).

1.6.2.2. Lagoas de estabilização

O sistema de tratamento por lagoas de estabilização utiliza microrganismos

naturalmente presentes no seu meio, sendo composto por diferentes tipos de tratamentos que

as classificam em lagoa facultativa, sistema australiano, lagoa aerada facultativa, lagoa aerada

de mistura completa e lagoa de maturação, sendo utilizado principalmente em países de clima

quente. Sua aplicação é destinada ao tratamento de resíduos com altas concentrações de

matéria orgânica e na remoção de organismos patogênicos. Neste ultimo caso, a completa

remoção de agentes patogênicos, é direcionado exclusivamente as lagoas de maturação. O

tipo de lagoa a ser implantada vai depender da extensão do terreno próximo a fonte produtora

de esgoto, topografia do terreno, proporção de resíduos gerados no local, velocidade a ser

tratado o efluente e a distância entre o local de tratamento de esgoto e as fontes emissoras

deste. A construção deste sistema de lagoas é realizada de forma simples, sendo necessário

escolher o local de implantação e realizar a escavação na superfície do terreno (formato de um

tanque) ou fazer barragens em seu entorno. Após concluir esta etapa, o fundo da lagoa deve

ser compactado e coberto por borracha butílica, nas lagoas anaeróbias, e uma camada

Page 36: Biogás de Esgoto Sanitário

34

compactada de material argiloso ou revesti-la com geomembrana de PEAD (Polietileno de

Alta Densidade). Estes materiais são utilizados para impermeabilizar o solo e evitar a

infiltração do esgoto nesta superfície não contaminando as águas subterrâneas e o corpo

receptor (MATTOS, 2005; VON SPERLING, 1986).

1.6.2.2.1. Lagoas facultativas

O tratamento de esgoto por lagoas facultativas (Figura 8/9) é realizado por processos

naturais, que torna este método mais simples. A remoção de sólidos nesta lagoa pode chegar a

90% e de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) acima de 85%. A DBO demonstra a

quantidade de oxigênio consumido no resíduo pela ação dos microrganismos na estabilização

da matéria orgânica. Esses processos naturais são divididos em três zonas dentro da lagoa:

zona anaeróbia, zona aeróbia e zona facultativa. Quando o efluente é despejado na lagoa,

percorre certa distância, que demora vários dias, a matéria orgânica suspensa neste efluente

(DBO particulada) decanta pela ação da gravidade e acumula no fundo da lagoa, este acumulo

é denominado de lodo de fundo. Este é decomposto pelas bactérias anaeróbias (zona

anaeróbia) e convertido em partículas mais simples como CH4, CO2, CO, H2O, entre outros,

restando apenas a matéria não biodegradável. Na zona aeróbia (zona superficial), a matéria

orgânica dissolvida (DBO solúvel) junto com a matéria orgânica com menores proporções

(DBO finamente particulada) é degradada pelas bactérias aeróbias, e o oxigênio consumido

pelas bactérias é fornecido pelo meio externo (atmosfera) e pela fotossíntese realizada pelas

algas, enquanto as bactérias fornecem CO2 necessário para está reação. Quando o material

orgânico se afasta da zona superficial e atinge a região intermediária (zona facultativa), onde

o oxigênio presente em pouca quantidade ou quase ausente, as bactérias facultativas

(sobrevivem tanto na ausência como presença de oxigênio) atuam na decomposição desta

matéria orgânica. Esse sistema de tratamento processa lentamente a estabilização (15 a 20

dias) e para que a fotossíntese seja efetiva, necessita de grandes áreas para poder captar a

maior quantidade de energia solar (MATTOS, 2005; VON SPERLING, 1986).

Page 37: Biogás de Esgoto Sanitário

35

Figura 8. Representação dos processos naturais que ocorrem na lagoa facultativa

Fonte: Adaptado de Von Sperling, 1986

Figura 9. Representação de um sistema de tratamento com lagoa facultativa

Fonte: Mattos, 2005

1.6.2.2.2. Sistema australiano

O sistema australiano (Figura 10-a e 10-b) consiste no conjunto de sistema de

tratamento que utiliza lagoas anaeróbias associadas com lagoas facultativas. Esta técnica e

Page 38: Biogás de Esgoto Sanitário

36

feita para reduzir a área das lagoas facultativas, e possibilitar o tratamento do efluente em

pequenas extensões. O efluente enviado para as lagoas anaeróbias contém elevadas

concentrações de matéria orgânica, que são reduzidos em compostos particulados menores e

passíveis de serem decompostos por bactérias aeróbias. Esta lagoa possui menor comprimento

e maior profundidade (3 a 5 metros), dificultando a penetração dos raios solares e a formação

de algas na sua superfície por falta de fotossíntese. Com o tratamento por esta lagoa, alcança-

se DBO de 50-70%, valor abaixo dos padrões para lançamento em corpos de água, porém, o

efluente enviado para o próximo tratamento, a lagoa facultativa, segue com menor quantidade

de material orgânico particulado o que matem a eficiência do tratamento realizado nesta lagoa

mesmo com as dimensões reduzidas (MATTOS, 2005; VON SPERLING, 1986).

Figura 10-a. Representação de um sistema de tratamento com sistema australiano: lagoa

anaeróbia em conjunto com lagoa facultativa

Fonte: Adaptado de Von Sperling, 1986

Figura 10-b. Representação de um sistema de tratamento com sistema australiano: lagoa

anaeróbia em conjunto com lagoa facultativa

Fonte: Mattos, 2005

Page 39: Biogás de Esgoto Sanitário

37

1.6.2.2.3. Lagoas aeradas facultativas

Nas lagoas aeradas facultativas o suprimento de oxigênio não tem origem natural, pelas

algas, é artificialmente produzido por aeradores mecânicos, que é um mecanismo utilizado

para reduzir às dimensões da lagoa e acelerar a decomposição da matéria orgânica, quando

comparada com a lagoa facultativa normal. A estrutura deste equipamento é composta por

uma turbina rotativa de eixo vertical colocada na superfície da lagoa (mais utilizado), quando

acionada a rotação das pás com grande velocidade, provocam o turbilhonamento que facilita a

entrada de oxigênio atmosférico no meio, que proporciona a oxigenação da massa líquida

presente neste meio. Entretanto, o oxigênio obtido pelos aeradores não realiza a manutenção

dos sólidos e microrganismos suspensos na massa líquida, o que ocasiona a decantação e a

formação do lodo de fundo que é degradado por bactérias anaeróbias, idêntico ao processo

realizado na lagoa facultativa (MATTOS, 2005; VON SPERLING, 1986).

1.6.2.2.4. Lagoas aeradas de mistura completa seguidas por lagoa de decantação

Nas lagoas aeradas de mistura completa (Figura 11-a e 11-b) seguidas por lagoas de

decantação os mecanismos de aeração são os mesmo da lagoa aerada facultativa, mas difere-

se apenas no turbilhamento (mais elevado) realizado pelas pás que é suficiente para manter as

partículas suspensas, composta pelos microrganismos e a matéria orgânica, e dispersas na

lagoa. Com este material orgânico disperso em maior quantidade no meio, a eficiência na

remoção de DBO aumenta, obtendo-se a redução deste material orgânico em maior proporção

quando comparado ao sistema de lagoa aerada facultativa. Mesmo assim, o esgoto que sai

desta lagoa ainda contém grandes quantidades de matéria orgânica não estabilizada que é

enviado para a lagoa de decantação, é depositado no fundo do decantador, após a remoção das

impurezas o efluente segue para o corpo receptor (MATTOS, 2005; VON SPERLING, 1986).

Page 40: Biogás de Esgoto Sanitário

38

Figura 11-a. Representação do sistema de lagoas aeradas de mistura completa seguida por

lagoa de decantação

Fonte: Adaptado de Von Sperling, 1986

Figura 11-b. Representação do sistema de lagoas aeradas de mistura completa seguida por

lagoa de decantação

Fonte: Mattos, 2005

1.6.2.2.5. Lagoas de Maturação

As lagoas de maturação são projetadas exclusivamente para a remoção de agentes

patogênicos, como bactérias, vírus, cistos de protozoários e ovos de helmintos. Nos processos

mencionados anteriormente, há uma aceitável remoção destes patógenos, porém, a maior

parcela da remoção ocorre nas lagoas de maturação. Este sistema é considerado como um pós-

tratamento do efluente, pelo motivo de ser implantada (várias lagoas ou apenas uma) após

qualquer variante do sistema de tratamento por lagoa de estabilização ou, no sentido mais

amplo, depois de qualquer sistema de tratamento de esgoto sanitário. Suas dimensões são

Page 41: Biogás de Esgoto Sanitário

39

reduzidas quando comparado aos outros sistemas de tratamento, possui pouca profundidade

(0,8 a 1,5 metros) para proporcionar maior penetração da radiação solar ultravioleta. Outras

condições ambientais adversas ocasionadas no processo naturalmente, e de extrema

importância, é a elevação do pH e o oxigênio dissolvido (conhecido pela abreviação OD,

responsável por indicar a quantidade de oxigênio dissolvido num determinado corpo de água),

redução da temperatura, falta de nutrientes e predação entre organismos diferentes, dentre

outras condições que favorecem a remoção desses organismos patogênico. Comparado aos

métodos de desinfecção que se utiliza de agentes químicos, usualmente utilizados na remoção

dos patógenos, como a cloração e outros métodos de desinfecção, as lagoas de maturação

representam maior economia, considerando a redução dos gastos com os mesmos (VON

SPERLING, 1986). A figura 12 representa a utilização das lagoas de maturação em série após

o sistema de tratamento realizado com o sistema australiano.

Figura 12. Representação do sistema australiano seguido por lagoa de maturação em série

Fonte: Adaptado de Von Sperling, 1986

1.6.2.3. Lodos ativados

No sistema de tratamento por lodos ativados o processo de estabilização da matéria

orgância ocorre pela ação de microrganismos aeróbios. Este sistema é composto basicamente

por um tanque de decantador primário, tanque de aeração prolongado e um decantador

secundário sendo mais eficiente do que as lagoas de estabilização e necessitam de áreas

Page 42: Biogás de Esgoto Sanitário

40

menores para sua construção em relação às mesmas. Os sistemas utilizados no tratamento de

lodos ativados variam muito dentre os mais utilizados temos o tratamento por sistemas

convencionais, aeração prolongada e de fluxo intermitente (ICLEI, 2010). Dentre os sistemas

têm-se os descritos a seguir.

1.6.2.3.1. Lodos ativados convencional

No sistema de lodos ativados convencional (Figura 13) o tratamento é feito em

tanques de concreto diferente dos realizados pelas lagoas de estabilização, que são feitos em

tanques escavados ou feito em valas e compactados com materiais que impermeabilizam o

solo. Nesse tratamento visa-se manter a massa microbiana e a matéria orgânica em conjunto

dentro de uma lagoa de aeração prolongada possibilitando o maior contato entre os

compostos, favorecendo a decomposição pelos microrganismos aeróbios. Antes desta etapa, o

esgoto passa pelo decantador primário que remove grande parte do material orgânico (lodo), o

que reduz a aeração e o consumo de energia. No sistema de aeração, o lodo do esgoto, após o

tratamento aeróbio, é enviado para os decantadores secundários e recircula, com utilização de

bombas, para o tanque de aeração com o objetivo aumentar a concentração e o tempo de

contato da biomassa bacteriana com a matéria orgânica. Desta forma, o tempo de retenção é

reduzido (6 a 8 horas) e o tamanho do tanque (ICLEI, 2010; MATTOS, 2005).

Figura 13. Representação do sistema de tratamento por lodos ativados convecional

Fonte: Mattos, 2005

Page 43: Biogás de Esgoto Sanitário

41

1.6.2.3.2. Lodos ativados por aeração prolongada

Os lodos ativados por aeração prolongada é um sistema onde o lodo permanece mais

tempo, de 20 a 30 dias, do que nos sistemas convencionais, de 4 a 10 dias, o que aumenta o

tamanho dos tanques de aeração. Com o aumento do tempo, e conseqüente redução da carga

orgânica e consumo do material celular pelas próprias bactérias, o lodo retirado desta lagoa já

sai estabilizado, não sendo necessários processos subsequentes (decantador primário) para

estabilizá-lo. A remoção da DBO é mais alta neste sistema devido à ausência de alimentos,

mas o consumo de energia é maior, devido ao tempo de funcionamento dos aeradores que é

mais longo do que nos sistemas convencionais (ICLEI, 2010; MATTOS, 2005; VON

SPERLING, 2002).

1.6.2.3.3. Lodos ativados de fluxo intermitente

Os lodos ativados de fluxo intermitente permitem um tratamento por sistemas

intermitentes que consiste no tratamento contínuo do efluente em batelada, onde todas as

etapas do tratamento convencional são realizadas dentro de um único tanque de aeração.

Neste tanque são realizadas as reações de decantação com formação do lodo de fundo

(aparelhos desligado), e a reação (aparelhos ligados). O efluente entra no aparelho e os

aparelhos agitam a mistura (turbilhamento) fornecendo oxigênio para as bactérias, que

decompõe a matéria orgânica (ICLEI, 2010; MATTOS, 2005).

1.6.2.4. Reator anaeróbio de fluxo ascendente

Equipamento conhecido no Brasil como Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente

(RAFA), apresentado na Figura 14, também possui outras denominações como Digestor

Anaeróbio de Fluxo Ascendente (DAFA), Reator Anaeróbio de Leito Fluidificado (RALF),

Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente Através de Leito de Lodo (RAFAALL) ou Reatores

de Manta de Lodo, é denominado mundialmente pelo termo em inglês UASB (Upflow

Anaerobic Sludge Blanket Reactors). No interior deste equipamento os microrganismos

Page 44: Biogás de Esgoto Sanitário

42

anaeróbios se desenvolvem e dispersam no meio, o esgoto entra pela parte inferior em sentido

ascendente e passa pela zona de digestão no caminho a matéria orgânica é decomposta em

meio anaeróbio, as reações ocorridas convertem os compostos orgânicos em biogás (CH4,

CO2, CO, entre outros) e os sólidos estabilizados. As moléculas gasosas têm a função de

arrastar a matéria orgânica para a parte superior do equipamento que apresenta um dispositivo

capaz de separar as fases sólida, líquida e gasosa, e faz retornar a massa microbiana para a

base, enquanto o biogás é enviado para o topo deste e encaminhado para a parte exterior por

tubulações conectadas ao próprio reator. Se a quantidade de biogás produzido é muito

elevada, é possível utilizá-lo como combustível na própria estação de tratamento para geração

de energia elétrica e térmica, em poucas vazões deve ser queimado antes de lançá-lo na

atmosfera, reduzindo os impactos causados ao meio ambiente pela redução dos gases

causadores do efeito estufa. O efluente do reator, após o tratamento, não pode ser lançado

diretamente no corpo receptor, por apresentar ainda grandes concentrações de DBO, mesmo

após o tratamento e algumas características (odor, cor, altas concentrações de nutrientes) que

ainda o torna contaminante. Para que este efluente possa seguir para o corpo hídrico, é

necessário realizar um tratamento secundário associado com o reator. Este pode ser realizado

por uma lagoa facultativa e outros tratamentos mais eficientes para remoção dessa DBO

(MATTOS, 2005).

Figura 14. Representação do sistema com reator RAFA seguido por lagoa facultativa

Fonte: Mattos, 2005

Page 45: Biogás de Esgoto Sanitário

43

1.7. Agentes patogênicos

São organismos (bactérias, vírus, cistos de protozoários e ovos de helmintos),

microscópicos ou não, de origem entérica, que se adentram no esgoto através dos dejetos

expelidos por indivíduos enfermos (NUVOLARI, 2003). Dentro do corpo humano,

principalmente no trato intestinal, estes organismos patogênicos encontram o ambiente ideal

para se estabelecer, alimentar e proliferar. Quando expelidos desse corpo, na rede coletora de

esgoto, nos sistemas de tratamento ou diretamente no corpo receptor, esses organismos têm

predisposição a morrer. Algumas condições favorecem a remoção destes agentes, entre elas,

temos a radiação solar ultravioleta, o pH, carência de alimentos, organismos predadores,

rivalidade entre espécies, presença de substâncias tóxicos no efluente e, a ocorrência de

fenômenos naturais como a sedimentação. Estes fenômenos naturais ocorrem principalmente

nas lagoas de maturação (página 38 deste trabalho), que são responsáveis por remover,

dependo do agente, concentrações aproximadamente ou até 100% destes (VON SPERLING,

1986).

Bertoncini (2008), afirma que esses organismos são responsáveis por disseminar

enfermidades de veiculação hídrica, utilizando-se para isso, os corpos receptores poluídos

pelas águas residuais, quando não tratadas adequadamente, que contaminam outros

indivíduos, culturas, reservatório subterrâneo de água e corpos de águas destinados ao

abastecimento humano. Para se determinar o grau de contaminação da água por esgoto,

utilizam-se como indicadores alguns dos organismos presentes no próprio corpo de água,

como exemplo, os Coliformes Totais e Fecais. No esgoto doméstico sem tratamento, a

concentração de coliforme ultrapassa a marca de 3,0 milhões de coliformes termotolerantes

em 100 mililitros do mesmo. Já o esgoto sanitário apresenta elevadas taxas desses agentes em

seu meio. Dentre os vermes parasitas (nematelmintos e platelmintos) e os protozoários

presentes neste efluente têm-se como exemplos os descritos abaixo.

a. Ancilóstomo (figura 15-a) cientificamente conhecida como Ancylostoma

duodenale, é responsável por causas a ancilostomose, moléstia

denominação vulgarmente como amarelão;

b. Lombriga (figura 15-b) ou Ascaris lumbricoides, causa a doença

conhecida como ascaridíase;

Page 46: Biogás de Esgoto Sanitário

44

c. Tênia (15-c) é o agente etiológico responsável pela doença conhecida

como teníase, suas principais representantes são a Taenia solium (porco é

o hospedeiro) e a Taenia saginanta (boi é o hospedeiro), o homem torna-

se o hospedeiro definitivos deste patógeno;

d. Giárdia (15-d) é o agente etiológico protozoário denominado como

Giardia sp. Este organismo e responsável por causar a enfermidade

denominada giardíase.

A autora ainda descreve as principais espécies de agentes causadores de doenças

bacterianas e virais presentes nos efluentes sanitários, como salmonelas e o Vibrio cholerae,

representantes das bactérias, que causam respectivamente diarréia e cólera, e algumas

espécies virais como o vírus da hepatite A - HAV e hepatite E - HEV, reovirus, rotaviros

humano, norovírus, astrovírus humano, que sequencialmente causam a hepatite infecciosa,

infecção respiratória, e os três últimos, causam gastroenterite. No ambiente, principalmente no

solo e águas subterrâneas, esses agentes podem sobreviver por longos períodos (meses e até

anos), o que demonstra a importância de se utilizar métodos de desinfecção e tratamento dos

efluentes produzidos na cidade e no campo. A figura 15 apresenta os principais organismos

patogênicos presentes no esgoto sanitário.

Figura 15. Principais agentes patogênicos presentes no esgoto sanitário

Fonte: Bertoncini, 2008

Page 47: Biogás de Esgoto Sanitário

45

2. METODOLOGIA

2. 1. Informações técnicas sobre o tratamento de esgoto dos municípios de Araçatuba,

Birigui e Santo Antônio do Aracanguá

As informações coletadas nos municípios de Araçatuba, Birigui e Santo Antônio do

Aracanguá foram obtidas por preenchimento do questionário elaborado (Apêndice A) e

enviado aos representantes de cada município.

2.2. Método para a determinação da Estimativa de Biogás produzindo pelo tratamento

de efluentes dos municípios avaliados

2.2.1. Software biogás geração e uso energético – programa para a estimativa de geração

de biogás e avaliação de recuperação e uso energético

O programa de computador Biogás Geração e Uso Energético foi desenvolvido

perante um convênio firmado em 26 de dezembro de 2001, entre o Governo do Estado de São

Paulo, representado pela Secretaria do Meio Ambiente e pela Companhia de Tecnologia de

Saneamento Ambiental – CETESB, e do Governo Federal, representado pelo Ministério da

Ciência e Tecnologia. Este programa tem por objetivo a elaboração de manuais que orientam

para a recuperação e uso energético do biogás produzido em estações de tratamento anaeróbio

de efluentes domésticos, comerciais, industriais, rurais e em aterros sanitários (CETESB,

2006).

A tela inicial do programa (Figura 16) para simulação do potencial de biogás exibe

três opções sobre como utilizar o projeto para estimar a produção de biogás de esgoto. A

primeira opção é novo projeto (para o desenvolvimento de novas pesquisas); a segunda opção

é abrir projeto (para visualizar projetos que já foram elaborados no programa); e a terceira

opção é sair (se o usuário desejar sair da página inicial do programa).

Page 48: Biogás de Esgoto Sanitário

46

Figura 16. Página inicial do programa – simulador de potencial de biogás no efluente

Fonte: Programa Biogás Geração e Uso Energético, 2011

Sendo assim, a opção escolhida foi a primeira: novo projeto. Após esse procedimento

uma nova janela abriu-se (Figura 17) onde se visualizou um índice indicando as fases de

elaboração do projeto.

Figura 17. Página do programa com o índice para elaboração do projeto

Fonte: Programa Biogás Geração e Uso Energético, 2011

Page 49: Biogás de Esgoto Sanitário

47

Para a o cálculo da estimativa do potencial de produção de biogás de esgoto sanitário

utilizou-se apenas os três primeiros tópicos do índice:

a. características da ETAE;

b. estimativa de geração de biogás na ETAE – entrada de dados;

c. estimativas de geração de biogás na ETAE – resultados.

Os próximos tópicos podem ser utilizados para a elaboração de um projeto e do

relatório sobre as informações obtidas no estudo para posterior implantação do mesmo.

Numa terceira etapa preencheu-se obrigatoriamente de alguns itens sobre a estação de

tratamento de esgoto a ser avaliada na interface “Características da ETAE”. Informou-se ao

programa as seguintes características da estação de tratamento localização estação de

tratamento como nome da unidade, estado e cidade (Figura 18).

Figura 18. Página do programa com as características da ETAE

Fonte: Programa Biogás Geração e Uso Energético, 2011

Confirmou-se os dados na célula “Ok” e iniciou-se a próxima fase na interface

“Estimativa de biogás na ETAE” (Figura 19).

Page 50: Biogás de Esgoto Sanitário

48

Figura 19. Página do programa para o calculo da estimativa de geração de biogás

Fonte: Programa Biogás Geração e Uso Energético, 2011

Para estimar a produção de biogás, selecionou-se no item “Medição direta do biogás

na ETAE” a opção “Estimativa por material total”. No item “Período do projeto” preencheu-

se a célula “Ano de início” com “2011” e a célula “Ano final” com “2012”. Também

selecionou-se na opção “Fonte” a matéria orgânica de origem para produção do biogás que no

caso foi “Esgoto urbano” e, automaticamente, o programa solicita quantidade de habitantes,

que no exemplo acima, foi da cidade de Araçatuba segundo o IBGE (2011). Sendo assim, os

dados referentes à matéria total (“Mt”), produção de biogás (“Pb”) e a concentração (“Conc”)

são desconhecidas o programa fornece dados padrões para o cálculo ao selecionar o ícone

“Valores sugeridos”. Sendo assim, na Figura 19 tem-se o resultado do cálculo da estimativa

de geração de biogás do tratamento de efluente selecionado e a vazão de metano por mês

gerado pelo esgoto urbano (“Qi”).

Antes da etapa final deve-se escolher o item “Vazão” (Figura 20), abriu-se uma janela

denominada “Linha de base” (taxa de combustão) para preenchimento das células “Linha de

base de queima (%)”, “Energia elétrica evitada (tCO2/Mhevit)” - pela redução da utilização de

energia não renovável e posterior redução nas emissões de gases de efeito estufa- e “Eficácia

na queima do biogás (%)” - levando em consideração a quantidade de CO2 e umidade

Page 51: Biogás de Esgoto Sanitário

49

presentes no biogás. Como os dados não eram conhecidos, selecionou-se “Valores sugeridos”

para realização do cálculo.

Figura 20. Página referente ao cálculo de vazão e potência do biogás

Fonte: Programa Biogás Geração e Uso Energético, 2011

Concluído o resultado da linha de base, o programa apresentou todos os dados das

fases anteriores fornecidos em forma de gráfico, no qual é indicado a vazão por mês de

metano produzido no período determinado (2011-2012), como demonstrado na Figura 21.

Figura 21. Página contendo a representação gráfica da vazão por mês de metano

Fonte: Programa Biogás Geração e Uso Energético, 2011

Page 52: Biogás de Esgoto Sanitário

50

O programa também permite estimar o potencial energético gerado a partir da

conversão e utilização do metano como energia elétrica, definir os equipamentos a serem

utilizados nos locais onde se realizou o estudo, estimar os ganhos com créditos de carbono,

entre outros, e no final é possível gerar o relatório do projeto.

Page 53: Biogás de Esgoto Sanitário

51

3. RESULTADOS

3. 1. Quantidade de habitantes por município

O Gráfico 1 demonstra a quantidade de habitantes nos perímetros urbanos e rurais,

segundo dados do IBGE (2011), em cada município onde se realizou a pesquisa de coleta de

dados. Os municípios de Araçatuba e Birigui apresentam uma população de 181.579 e

108.728 habitantes, respectivamente, enquanto Santo Antônio do Aracanguá (mais os distritos

de Vicentinópolis, Major Prado e a zona rural), 7.626 habitantes.

Gráfico 1. Quantidade de habitantes em cada município

3. 2. Volume de esgoto produzido por município

O volume de esgoto produzido nas cidades de Santo Antônio do Aracanguá e Birigui

representam 67%, na faixa de 1000 a 20.000 m³/dia de esgoto, e apenas a cidade de

Page 54: Biogás de Esgoto Sanitário

52

Araçatuba, que representa 33%, produz um volume de 40.000 a 60.000 m³/dia de esgoto

(Gráfico 2).

Gráfico 2. Volume de esgoto produzido nas cidades analisadas

3. 3. Coleta e tratamento de esgoto nas cidades

O Gráfico 3 mostra que, de 100% do esgoto coletado pela cidade de Santo Antônio do

Aracanguá, apenas 75% é tratado, enquanto nas cidades de Araçatuba e Birigui, dos 100% do

esgoto coletado, 98% é tratado e o restante do esgoto, 2%, é perdido por infiltração nas redes

coletoras.

Gráfico 3. Porcentagem de coleta e tratamento de esgoto nas cidades analisadas

Page 55: Biogás de Esgoto Sanitário

53

3. 4. Órgãos responsáveis pelo tratamento de esgoto nas cidades avaliadas

O Gráfico 4 demonstra que em 67% das cidades analisadas (Birigui e Santo Antônio

do Aracanguá), o tratamento de águas residuárias é realizado pela prefeitura, já os 33%

representa as empresas responsáveis por tratar o esgoto da cidade de Araçatuba. De 100% do

esgoto de Araçatuba, 80% do volume é tratado pela Estação de Tratamento de Esgoto de

Araçatuba administrada pela Saneamento Araçatuba (SANEAR) e os 20% restantes pelo

Departamento de Água e Esgoto de Araçatuba (DAEA).

Gráfico 4. Órgãos responsáveis pelo tratamento de esgoto das cidades avaliadas

3. 5. Número de estações de tratamento de esgoto nas cidades avaliadas

O Gráfico 5 apresenta que duas das cidades analisadas, Birigui e Santo Antônio do

Aracanguá, 67%, não têm estação de tratamento de esgoto e apenas Araçatuba, 33%, tem uma

estação de tratamento de esgoto instalada na cidade.

Page 56: Biogás de Esgoto Sanitário

54

Gráfico 5. Número de estações de tratamento de esgoto nas cidades avaliadas

3. 6. Sistemas de tratamento de esgoto utilizado nas cidades avaliadas

Dos tratamentos realizados nas cidades, 33% são representados pela cidade de

Araçatuba, que utiliza o sistema de tratamento por lodos ativados (80% do esgoto) e por

lagoas de estabilização (18-20% do esgoto), as outras cidades, que representam 67%,

utilizam-se de lagoas de estabilização para realizar o tratamento do esgoto (Gráfico 6).

Gráfico 6. Sistemas de tratamento de esgoto nas cidades avaliadas

Page 57: Biogás de Esgoto Sanitário

55

3. 7. Destino final da água residual nas cidades avaliadas

Das cidades analisadas, Santo Antônio do Aracanguá e Araçatuba (67%) têm como

destino final da água residual, respectivamente, o córrego da Mata e ribeirão Baguaçu, que

depois deságuam no rio Tietê. Na cidade de Birigui (33%) a água residual vai diretamente

para o rio Tietê (Gráfico 7).

Gráfico 7. Destino final da água residual das cidades avaliadas

3. 8. Aplicação do lodo nas cidades avaliadas

O lodo é destinado para o aterro sanitário em duas das cidades avaliadas, Araçatuba e

Birigui, 67%, e não é descartado apenas pela cidade de Santo Antônio do Aracanguá,

representada por 33%, devido ao tipo de tratamento utilizado.

Gráfico 8. Aplicação do lodo nas cidades avaliadas

67

0 0

33

00

20

40

60

80

100

Aterros

Santários

Aterros

Específicos

para Lodo

Adubo Não Utiliza o

Lodo

Outros

%

Aplicação do lodo

Araçatuba e Birigui Santo Antônio do Aracanguá

Page 58: Biogás de Esgoto Sanitário

56

3.9. Tratamento do lodo de esgoto nas cidades avaliadas

Nas cidades avaliadas, 63%, Birigui e Santo Antônio do Aracanguá, não realizam o

tratamento do lodo, isso ocorre devido o tratamento ser por sistemas anaeróbios. Na cidade de

Araçatuba, 33%, realizam-se o tratamento do lodo por espessamento e desaguamento, feito

pela Sanear.

Figura 9. Tratamento do lodo de esgoto nas cidades avaliadas

3.10. Tratamento da água residual nas cidades avaliadas

A desinfecção dos efluentes após o tratamento, não é realizado em nenhuma das

cidades avaliadas, 100%, pois em algumas destas cidades, por exemplo, Araçatuba, o corpo

receptor é de classe 4 ( destinado para navegação, harmonia paisagísticas e utilizações menos

exigente). Esta classe, estabelecida pela resolução CONAMA 357/2005, determina a

qualidade da água, controle de poluição, suas característica e aplicabilidade (ANA, 2011).

Page 59: Biogás de Esgoto Sanitário

57

Gráfico 10. Desinfecção da água residual nas cidades avaliadas

100

0

20

40

60

80

100

Cloro Ozônio

(Ozônio/Peróxido

de hidrogênio)

Dióxido de Cloro Outros

Tratamentos

Não recebe

Tratamento

%

Métodos de Desinfecção

Desinfecção da Água Residual

3.11. Análise da água residual nas cidades avaliadas

Nas cidades avaliadas, 63%, Birigui e Santo Antônio do Aracanguá, não realizam

analise do efluente após o tratamento, mas apenas 33%, Araçatuba, analisa as condições da

água residual (efluente), e esta análise é realizada pela Sanear, e periodicamente pelo DAEA.

Gráfico 11. Analise do esgoto efluente após o tratamento

Page 60: Biogás de Esgoto Sanitário

58

3.12. Número de indústrias que enviam resíduos para a rede coletora de esgoto nas

cidades avaliadas

O envio de resíduos das indústrias ao esgoto das cidades é feito apenas na cidade de

Araçatuba, 33%, e são duas as indústrias. Estas indústrias seguem as normas estabelecidas

pelo art. 19-A do Decreto Estadual 8.468, de 08 de Setembro de 1976, responsável por

deliberar as condições necessárias para se lançar os efluentes de qualquer fonte poluidora na

rede pública de coletora de esgoto (CETESB, 2011b). Nas cidades de Birigui e Santo Antônio

do Aracanguá, o esgoto, não recebe nenhum resíduo das indústrias.

Gráfico 12. Quantidade de indústrias que enviam resíduos para a rede coletora de

esgoto nas cidades avaliadas.

3.13. Estimativa a quantidade de biogás produzido nas cidades de Araçatuba, Birigui e

Santo Antônio do Aracanguá por meio do programa Biogás Geração e Uso Energético

Com a utilização dos dados foi possível obter as seguintes estimativas expressas na

Tabela 4.

Page 61: Biogás de Esgoto Sanitário

59

Tabela 4. Estimativa de produção de biogás pelo programa biogás geração e uso energético

nas cidades de Araçatuba, Birigui e Santo Antônio do Aracanguá

Os resultados obtidos pelo Programa Biogás Geração e Uso Energético descrito na

tabela anterior, são expressos a seguir em forma de gráficos (Gráficos 13/14 15 e 16) que

indicam a vazão de biogás nas cidades de Araçatuba, Birigui e Santo António do Aracanguá,

respectivamente, durante o período de doze meses.

Gráfico 13. Vazão de metano na cidade de Araçatuba

Fonte: Programa Biogás Geração e Uso Energético, 2011

Cidades Estimativa de produção de biogás

(m³/mês)

Araçatuba 731.736,269

Birigui 438.136,433

Santo Antônio do Aracanguá 30.735,672

Page 62: Biogás de Esgoto Sanitário

60

Gráfico 14. Vazão de metano na cidade de Araçatuba

Fonte: Programa Biogás Geração e Uso Energético, 2011

Gráfico 15. Vazão de metano na cidade de Birigui

Fonte: Programa Biogás Geração e Uso Energético, 2011

Page 63: Biogás de Esgoto Sanitário

61

Gráfico 16. Vazão de metano na cidade de Santo Antônio do Aracanguá

Fonte: Programa Biogás Geração e Uso Energético, 2011

Page 64: Biogás de Esgoto Sanitário

62

4. DISCUSSÃO

A partir dos resultados obtidos com a aplicação do questionário do trabalho de

graduação na cidade de Araçatuba, Birigui e Santo Antônio do Aracanguá, foi possível

demonstrar as condições de coleta, tratamento e disposição final do esgoto sanitário e do lodo

resultante deste tratamento.

As cidades onde se realizaram os estudos possuem quantidades populacionais

diferentes, portanto, a produção de esgoto também vária em cada uma. É importante destacar

que a coleta de esgoto na maioria das cidades é realizada pela prefeitura e nas três cidades

citadas 100% deste esgoto é coletado e enviado para o tratamento, visto que nos 2.495

municípios brasileiros, em 2008, não há rede coletora de esgoto, e somente uma cidade no

estado de São Paulo faz parte deste índice (IBGE, 2010).

Segundo Araújo (2003), a produção de esgoto doméstico é determinada pelo consumo

de água de abastecimento, sendo o seu volume utilizado para estimar a quantidade de esgoto

gerado. A proporção de esgoto também depende dos costumes de cada habitante, sendo

usualmente utilizado a taxa de consumo per capita de água, igual a 200L/hab.dia, para

determinar a taxa de águas residuárias produzida por pessoa. Ainda mais, esse valor pode

sofrer alterações em cidades localizadas em outros países, que pode ser de três a quatro vezes

maiores que o valor estabelecido, obtendo-se um resíduo com maior concentração de água

devido ao seu elevado consumo. A Tabela 5 compara a produção real de esgoto nas cidades e

a produção teórica nas mesmas, utilizando-se da taxa de consumo per capita de água por

habitante/dia citado no parágrafo anterior, que determina a produção de esgoto.

Tabela 5 Produção real e teórica de esgoto nas cidades

1 Resultado obtido na multiplicação do consumo per capita de água por dia (200L/hab.dia), pela quantidade de

habitantes de cada cidade avaliada. Com este cálculo, é possível determinar a quantidade teórica de esgoto

produzido nas cidades.

Cidades Produção Real de

Esgoto (m³/mês)

Produção Teórica de

Esgoto (m³/mês)

Araçatuba 1.466.400 1.089.4741

Birigui 504.000 652.3681

Santo Antônio do Aracanguá 40.714,2 45.7561

Page 65: Biogás de Esgoto Sanitário

63

Um dado importante na Tabela 5 é que a cidade de Araçatuba tem uma produção de

esgoto acima da produção teórica, com a taxa de consumo de água acima da estipulada por

habitante dia. Em destaque as cidades de Birigui e Santo Antônio do Aracanguá, que

consomem menos água e produzem menos esgotos.

Outra questão importante é o tratamento realizado pelas prefeituras em alguns delas o

tratamento de esgoto chega a aproximadamente 98% do esgoto, Araçatuba e Birigui, e na

cidade de Santo Antonio do Aracanguá (junto com os distritos) chega a 75%, os 25% não

tratados é referente à eficiência dos sistemas utilizados nos distritos. O tratamento e coleta do

esgoto sanitário realizado nestas cidades são importantes para garantir a saúde o bem estar da

população e a preservação dos recursos naturais (OPAS, 2011).

Duas das cidades avaliadas realizam o tratamento do esgoto por lagoas de

estabilização e, somente Araçatuba utiliza o tratamento por lodos ativados de aeração

prolongada, 80% do esgoto produzido, e lagoas de estabilização que trata de 18 a 20% do

esgoto produzido. Das tecnologias disponíveis para o tratamento de esgoto, as mais utilizadas

no nosso país são os sistemas de tratamento por lagoa de estabilização e as variáveis do

processo de tratamento por lodos ativados, principalmente os métodos por aeração prolongada

e por filtros biológicos (CETESB, 2006).

Nos tratamentos de esgoto são produzidas lodo (matéria orgânica e biomassa

bacteriana), a maioria das cidades envia o lodo para aterros sanitário. A produção do lodo vai

depender do tipo de tratamento utilizado, nas lagoas de estabilização o lodo não precisa ser

retirado devido a sua estabilização pelas bactérias anaeróbias. Os tratamentos que produzem

uma grande quantidade de lodo são os sistemas empregados em grandes ETE como lodos

ativados convencionais, reatores anaeróbios (RAFA, DAFA, UASB) e filtros biológicos

(informação por e-mail).2

O descarte do lodo em aterros sanitários é uma das técnicas mais utilizadas para

recepcionar esta matéria orgânica, porém, novas modalidades estão surgindo dentre estas a

utilização do lodo (biossólido) direta ou indiretamente por compostagem, obtendo-se

fertilizante orgânico adicionado na agricultura e reflorestamento, e na construção civil

empregado para fabricação de tijolos, cerâmicas e agregados leves para cimento, entre outros

(SILVA et al, 2004).

2 Resumo da afirmação, enviada por e-mail, em 27 de fevereiro de 2011, pelo Prof. Dr. Ariovaldo Nuvolari da

Faculdade de Tecnologia de São Paulo (FATEC-SP), esclarecendo a pergunta feita (e-mail) por Carlos

Alexandre Calácio da Silva, sobre as opções de tratamento de esgoto, em 25 de fevereiro de 2011.

Page 66: Biogás de Esgoto Sanitário

64

Um bom exemplo da utilização do biossólido (lodo) é realizado na estação de

tratamento de esgoto da Sabesp de Franca, interior de São Paulo, onde este composto é

desenvolvido e aplicado no plantio de café, banana e no reflorestamento. A utilização deste

biossólido não é recomenda no plantio de alimentos consumidos crus pelo ser humano ou

culturas que entram em contato direto com o mesmo, como as hortaliças (SABESP, 2011).

Os resultados também revelam que após o tratamento a água residual é destinada na

maioria das cidades para córregos e ribeirões, que deságuam no rio Tietê. Se o tratamento do

esgoto não for realizado adequadamente, quando lançado nos corpos receptores (rio, córrego,

ribeirão, etc.), compromete o abastecimento de água das cidades que as captam destes corpos

de água, que contém o esgoto diluído, aumenta os custos com o tratamento de água ou a

captação de água de outros locais mais distantes (IBIOSFERA, 2011).

A produção de biogás estimado pelo programa biogás Geração e Uso Energético

indica que é possível recuperar o biogás para fins energéticos, sendo que 1 m³ de biogás é

equivalente a 6,5 kWh de energia produzida (DEUBLEIN e STEINHAUSER, 2008).

Podemos destacar que outra vantagem associada à recuperação do biogás, é a diminuição dos

gases poluentes.

Com a redução da emissão na atmosfera dos gases causadores do efeito estufa (GEE) e

aquecimento global no nosso planeta, documentos que certificam por meio de créditos de

carbono esta redução podem ser emitidos aos seus responsáveis. Ao utilizar-se destes

documentos, é permitido ao detentor do mesmo, poluir. Isso se procede da seguinte forma: os

países desenvolvidos pagam pela aquisição do direito de poluir de outros países, em

desenvolvimento, investindo nos seus projetos. Os documentos que certificam este

procedimento, crédito de carbono, foram criados no âmbito do protocolo de Kyoto, protocolo

outorgado em 1997, na conferência de Kyoto, Japão, determina o compromisso dos países

membros (39 países), segundo anexo I do protocolo, a mitigar ou diminuir as emissões dos

gases causadores do efeito estufa a 5,2% até 2012, gases como CO2, CH4, Óxido Nitroso

(N2O), clorofluorcarbono (CFC), e outros destes listados nesse documento (PECORA, 2006;

SALOMON, 2007).

O mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL) originou-se nesse protocolo, como

auxilio para que todos os países pudessem cumprir seus objetivos. Sua principal meta é exigir

das nações desenvolvidas a redução das emissões de gases poluentes e fomentar o

desenvolvimento sustentável. Utilizando-se para essa finalidade, recursos financeiros para a

elaboração de projetos, e aplicação destes recursos em novas tecnologias limpas, eficientes, e

Page 67: Biogás de Esgoto Sanitário

65

de fontes renováveis, como o biogás. Esses recursos são administrados por esses países

desenvolvidos que escolhem a melhor forma de aplicá-los e como atingir seus objetivos.

Nesse mecanismo são gerados os Certificados de Reduções de Emissões (CERs), pelos países

em desenvolvimento, não componentes do anexo I, que negociam com as nações

desenvolvidas, está modalidade é conhecido como mecanismo de flexibilização. Os projetos

desenvolvidos nesse mecanismo estão voltados às atividades de reflorestamento, geração de

energia limpa e renovável, de transportes menos poluentes e tratamento de resíduos, dentre

outros projetos que visem reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa, seguindo

os conceitos de sustentabilidade (PECORA, 2006; SALOMON, 2007).

No ranking dos países com o maior potencial para implantar projetos voltados à

geração de créditos de carbono o Brasil obteve a quarta colocação entre os mais procurados

para investir neste novo mercado, o país já registrou mais de 220 projetos no Conselho

Executivo da Organização das Nações Unidas (ONU) com objetivo de que estes documentos

sejam registrados (CENBIO. 2008).

O sistema FIRJAN (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro),

preocupado com os impactos ambientais que assolam o nosso planeta, e com iniciativas de

empresas públicas e privadas, como prefeituras, sindicatos, investidores, estações de

tratamento de esgoto, entre outros órgãos, que apresentam projetos voltados para redução e a

sanação desses problemas ambientais, porém sem incentivos de nenhuma entidade ou outros

órgãos na área de comercialização de créditos de carbono, resolveu criar o escritório do

carbono. Este escritório tem como princípio, organizar e transmitir conteúdos de interesse

ambiental, para a elaboração e implantação de projetos voltados ao MDL. Além de

demonstrar para os órgãos que visam aderir a essa iniciativa, os ganhos ambientais e

econômicos (comercialização dos créditos), com redução desses gases no ambiente em nível

global (FIRJAN, 2011).

Page 68: Biogás de Esgoto Sanitário

66

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa desenvolvida neste trabalho teve como objetivo determinar a quantidade de

biogás produzido na decomposição da matéria orgânica do esgoto sanitário e a sua

recuperação para fins energéticos. Algumas limitações impediram a exatidão dos resultados;

como a falta de informações precisas para determinar a quantidade exata de produção de

biogás a partir do tratamento utilizado, obtendo-se estas apenas na empresa saneamento de

Araçatuba (SANEAR). Outra questão está relacionada à produção de esgoto em todo o

município, que foi restrito por falta de informações da produção de esgoto, principalmente na

zona rural e nas indústrias. Mesmo com estas limitações foi possível realizar a estimativa de

produção de biogás em todos os municípios pela quantidade de efluente gerado por habitante.

Em algumas cidades como Birigui e Santo Antônio do Aracanguá os sistemas de

tratamentos utilizados, por serem muito antigos e não suportar a vazão atual produzida por

estas, estão recebendo atenção especial das prefeituras que preocupados com esta questão

estão implantando estações de tratamento de esgoto (ETE) nas suas sedes. Na cidade de Santo

Antonio do Aracanguá, o tratamento atual é realizado por três lagoas separadas e localizadas

em locais diferentes, que serão substituídas por duas estações de tratamento utilizando-se o

sistema australiano (figura 22), a primeira estação (imagem da esquerda) é composta por uma

lagoa anaeróbia seguida por duas facultativas (zona norte) e a segunda (imagem da direita) é

composta por uma lagoa anaeróbia seguida por uma lagoa facultativa e posteriormente a de

maturação (zona sul). Já na cidade de Birigui, o tratamento é realizado pelo sistema

australiano (duas lagoas anaeróbias e três facultativas), e as obras da estação de tratamento

estão em fase final. A figura abaixo demonstra as estações de tratamento de esgoto, em fase

final de acabamento, na cidade de santo Antonio do Aracanguá.

Figura 22. Estações de Tratamento de esgoto em Santo Antônio do Aracanguá

Fonte: Acervo do autor

Page 69: Biogás de Esgoto Sanitário

67

Outra questão importante é que, com o aumento da população nos municípios a

produção estimada de biogás segue a mesma proporção, sendo que a vazão e os tratamentos

utilizados nestes são estimadas para um período de tempo ou no caso da população aumentar

num prazo muito curto.

O presente trabalho teve por objetivo fornecer dados indispensáveis para implantação

de um projeto de recuperação de biogás e a sua conversão em energia elétrica e térmica. Os

resultados apontaram que é possível produzir e reutilizar o biogás do tratamento anaeróbio de

esgoto nos municípios avaliados. Outros estudos devem ser realizados para avaliar os custos

de implantação de um projeto de recuperação de biogás, o potencial de produção de biogás a

partir do lodo proveniente de estações de tratamento de água nestes municípios ou em outros

com grande potencial de desenvolver este projeto.

Page 70: Biogás de Esgoto Sanitário

68

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Page 75: Biogás de Esgoto Sanitário

73

APENDICE A – Questionário do trabalho de graduação enviado às prefeituras das cidades

avaliadas

1) No município residem quantos habitantes?

7.627;

108.722;

181.579.

Outros:____________________________ (IBGE, 2011)

2) E no perímetro urbano residem quantos habitantes?

5.977;

105.481;

178.118.

Outros: __________________________________ (IBGE, 2011)

Page 76: Biogás de Esgoto Sanitário

74

3) Todos têm acesso ao tratamento de esgoto?

Sim Não

Quantos (%):________________________

4) Quantos distritos o município contém?

1 2 3 4 Não tem (ir para questão - 6)

Outros: _____________________

5) Eles têm acesso ao tratamento de esgoto?

Sim Não

6) Quantas ETE o município possui?

1 2 3 4 Não Tem (responder questão – 7)

Outros: _____________________

Page 77: Biogás de Esgoto Sanitário

75

7) Tem projetos para implantar ETE no município?

Sim Não

Quando: ____________________________________________________

8) Qual a vazão (m³/Dia) de esgoto produzido pela cidade?

_________________________________________________

9) Qual vazão (m³/Dia) de esgoto produzido no município?

_________________________________________________

10) O esgoto recebe resíduos industriais?

Sim Não

11) Quantas indústrias enviam seus resíduos para o tratamento?

________________________________________________

12) Que tipo de tratamento é utilizado no esgoto?

Fossas Sépticas; Lagoas Aeradas;

Lodos Ativados; Lagoas de Estabilização;

Filtros biológicos; Método da Rampa.

RAFA( UASB,RAFA,DAFA);

Outros: ________

Page 78: Biogás de Esgoto Sanitário

76

13) Qual o destino final da água residual?

Rio;

Córrego;

Irrigação;

Utilização em Indústrias (Não necessitam de água potável em seu processo).

Outros: ___________________________

14) É feito análise na água residual?

Sim Não

Qual: ________________________________________

_______________________________________

15) A água residual recebe algum tratamento (desinfecção)?

Cloro; Cloraminas;

Ozônio; Peroxona

(Ozônio/peroxido de hidrogênio);

Dióxido de Cloro (CLO₂); Radiação Ultravioleta;

Permanganato de Potássio; Não recebe tratamento.

Outros: __________________________________________

__________________________________________

Page 79: Biogás de Esgoto Sanitário

77

16) Há alguma aplicação para o lodo?

Aterros Sanitários;

Aterros Específicos para Lodo;

Adubo (utilização em solo agrícola);

Incineração( Utilizado na Fabricação de Tijolos);

Fabricação de Fertilizantes Orgânicos Minerais;

Fabricação de Agregados Leves para Concreto( Substitui a Pedra

Britada);

Produção de Tijolos ( Argila + lodo ou Cinzas + Argila);

Produção de Óleo Combustível (inviável).

Não há aplicação para o lodo.

17) O lodo recebe algum tipo de tratamento ?

Espessamento;

Digestão (geralmente anaeróbio);

Condicionamento Químico;

Desaguamento;

Não recebe tratamento.

Outros: ___________________________________________