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BIO LOGIA Educação Ambiental Prof. José Sobral Cruz 2 a edição | Nead - UPE 2013

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BIOL O G I A

E d u c a ç ã o A m b i e n t a l

P r o f . J o s é S o b r a l C r u z

2a edição | Nead - UPE 2013

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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)Núcleo de Educação à Distância - Universidade de Pernambuco - Recife

Cruz, José SobralBiologia: Educação Ambiental/ José Sobral Cruz. – Recife: UPE/NEAD, 2011.

64 p.

1. Educação Ambiental 2. História 3. Preservação da natureza 4. Educação à

Distância I. Universidade de Pernambuco, Núcleo de Educação à Distância II. Título

CDD – 17ed. – 574.5 Claudia Henriques – CRB4/1600

BFOP-095/201

C955b

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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UPE

ReitorProf. Carlos Fernando de Araújo Calado Vice-ReitorProf. Rivaldo Mendes de Albuquerque

Pró-Reitor AdministrativoProf. Maria Rozangela Ferreira Silva

Pró-Reitor de PlanejamentoProf. Béda Barkokébas Jr.

Pró-Reitor de GraduaçãoProfa. Izabel Christina de Avelar Silva

Pró-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Viviane Colares Soares de Andrade Amorim

Pró-Reitor de Desenvolvimento Institucional e ExtensãoProf. Rivaldo Mendes de Albuquerque

NEAD - NÚCLEO DE ESTUDO EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Coordenador GeralProf. Renato Medeiros de Moraes

Coordenador AdjuntoProf. Walmir Soares da Silva Júnior

Assessora da Coordenação GeralProfa. Waldete Arantes

Coordenação de CursoProf. José Souza Barros

Coordenação PedagógicaProfa. Maria Vitória Ribas de Oliveira Lima

Coordenação de Revisão GramaticalProfa. Angela Maria Borges CavalcantiProfa. Eveline Mendes Costa LopesProfa. Geruza Viana da Silva

Gerente de ProjetosProfa. Patrícia Lídia do Couto Soares Lopes

Administração do AmbienteJosé Alexandro Viana Fonseca

Coordenação de Design e ProduçãoProf. Marcos Leite

Equipe de DesignAnita Sousa/ Gabriela Castro/Renata Moraes/ Rodrigo Sotero

Coordenação de SuporteAfonso Bione/ Wilma SaliProf. José Lopes Ferreira Júnior/ Valquíria de Oliveira Leal

Edição 2013Impresso no Brasil

Av. Agamenon Magalhães, s/n - Santo AmaroRecife / PE - CEP. 50103-010Fone: (81) 3183.3691 - Fax: (81) 3183.3664

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Educação ambiEntal

Prof. José Sobral Cruz Carga Horária Total I 60H

EmEnta

História da Educação Ambiental, suas con-cepções e reflexões epistemológicas. As ciências ambientais utilizadas como instru-mento de conhecimento na Educação Am-biental e na preservação da natureza.

obJEtiVo GERal

Entender a importância da educação am-biental como forma de preservar a natureza como um todo.

aPRESEntação da diSciPlina

Estamos vivenciando uma nova realida-de no mundo moderno. Depois de tantas ações negativas, provocadas pelo homem ao ambiente desde o início da revolução in-dustrial, o planeta Terra está sofrendo trans-formações críticas nas suas características geoecológicas, transformações essas que apresentam efeitos devastadores sobre o meio ambiente, como terremotos, ciclones, alterações climáticas, etc.

A ocorrência desses fenômenos nos leva a refletir o que ainda pode ser feito para con-ter essa “onda” de respostas negativas que a natureza está nos mostrando. Talvez tenha-mos que entender essas respostas como um alerta para cuidarmos da nossa sobrevivên-

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6cia. A educação ambiental é, portanto, um dos caminhos e uma das alternativas que devemos seguir, buscando o ensinamento e a compre-ensão de que ações direcionadas para o meio ambiente possam, no futuro, trazer soluções, sejam elas a médio ou a longo prazo, para o re-estabelecimento do equilíbrio ambiental.

Alguns desses efeitos devastadores na nature-za já podem ser observados em biomas, como a tundra e a taiga, em razão do degelo polar, provocado pelo aquecimento global, além da redução territorial das florestas temperadas e tropicais, efeitos esses provocados pelas ações diretas do homem nesses biomas.

Suas consequências diretas são medidas pelo comprometimento parcial da flora e da fauna em todos esses ambientes terrestres. A cons-cientização do educando de hoje sobre a im-portância da natureza deverá ser estruturada por meio da Educação Ambiental, instrumento eficaz e objetivo no cumprimento dessas nos-sas metas futuras. Temos, desse modo, um compromisso com as gerações vindouras, que nos cobrarão, no futuro, o preço da nossa in-diferença e da nossa irresponsabilidade com o planeta Terra.

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Educação ambiEntal: HiStóRico, concEPçõES E REflExõES EPiStEmolóGicaS

Prof. José Sobral Cruz Carga Horária Total I 15H

obJEtiVoS ESPEcÍficoS

• RelacionaraHistóriadaEducaçãoAmbien-tal com suas concepções e reflexões episte-mológicas;

• Identificar a importânciadasCiênciasAm-

bientais como instrumento de conhecimen-to da conservação, preservação e proteção da natureza;

• Perceberaquestãodapreservaçãodanatu-

reza como algo essencial para a sobrevivên-cia do próprio homem.

intRodução

Este capítulo dá início ao estudo das ciências ambientais com o objetivo de se entender a natureza como um complexo sistema bioeco-lógico, em que seus componentes, inclusive o próprio homem, interagem uns com os outros, buscando alternativas de sobrevivência e de perpetuação da sua espécie.

O conhecimento da Educação Ambiental, suas concepções e reflexões epistemológicas passam a ser o caminho e a diretriz mais apropriados, para se alcançar uma qualidade de vida deseja-da, sem, entretanto, provocar a degradação do ambiente. A preservação dos recursos naturais, a manutenção dos diversos ecossistemas terres-

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8tres e a redução das ações danosas, provoca-das pelo homem em razão da modernidade e do avanço tecnológico, podem ser, sem dúvi-da alguma, a alternativa mais coerente para a salvação do nosso planeta. Dentro dessa visão, ações antrópicas, como desmatamentos, mi-neração, queimadas, pesca predatória, etc. podem e devem ser sistematicamente reduzi-dos e substituídos do ponto de vista ecológi-co, por meio do desenvolvimento sustentável, unindo, de maneira coerente, os segmentos econômico e social e o meio ambiente.

Saiba maiS

Antrópica: ação provocada pelo homem no meio ambiente.

unidadES tEmÁticaS

• EducaçãoAmbiental:conceitoereflexõesepistemológicas

• HistóricodaEducaçãoambientalnoBrasil

e no mundo • Importânciadasciênciasambientaiscomo

instrumento de proteção à natureza

Educação ambiEntal:concEitoS bÁSicoS É um ramo da educação, cujo objetivo é o de disseminar o conhecimento sobre o meio ambiente, com a finalidade de permitir a pre-servação e a utilização sustentável dos seus recursos naturais. Essa ciência nasce a partir do crescente interesse do homem em assun-tos, como a natureza, devido à existência de grandes catástrofes naturais, que têm assola-do o mundo nas últimas décadas. No Brasil, a Educação Ambiental assume uma perspec-tiva mais abrangente, não restringindo seu olhar apenas à proteção e ao uso sustentável da natureza, mas incorporando fortemente uma proposta de construção de sociedades sustentáveis. Portanto, o maior objetivo da Educação Ambiental é o de tentar despertar, em todos, a consciência de que o ser huma-no é parte integrante do meio ambiente. As-sim, ela tenta superar a visão antropocêntrica,

que fez com que o homem se sInta sempre o centro de tudo, esquecendo, dessa maneira, a importância da natureza, da qual ele também faz parte. A Educação Ambiental deve conter uma contundente ação educativa de forma permanente, através da qual a comunidade a ser educada tenha uma tomada de consciên-cia plena de sua realidade global. As relações que os seres humanos estabelecem entre si e com a natureza, os problemas derivados des-sas relações são parte integrante do processo de formação trabalhado pela Educação Am-biental. Ela desenvolve, ainda, mediante uma prática que vincula o educando à comunidade em que vive, o estabelecimento de valores e atitudes que possam promover um comporta-mento voltado a essa transformação tanto em seus aspectos sociais como através de habili-dades e atitudes direcionadas à proteção do meio ambiente.

REflExão HiStóRicaA questão da importância ambiental e o res-peito pelo meio ambiente já eram tratados e estudados por alguns povos antigos, como os gregos. Segundo a história, o filósofo Platão criou leis voltadas para a preservação ambien-tal. Também os egípcios dispunham de leis se-veras para a proteção do meio ambiente. Diz--se que a rainha Cleópatra incentivava a criação de minhocas entre os seus súditos, buscando aumentar a fertilidade dos solos do Egito. No Brasil, a Educação ambiental tornou-se Lei de nº. 9.795, em 27 de abril de 1999. Ela instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental e estabeleceu em seu Art. 2,° que: “A educação ambiental é um componente essencial e per-manente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os ní-veis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal. Entretanto, algu-mas medidas prioritárias, estabelecidas pela conferência Eco-92 realizada do Rio de Janei-ro, em 1992, na qual se concentraram todas as lideranças políticas do mundo, inclusive os países mais poluentes, como os Estados Uni-dos e o Japão, ainda não vingaram. No Brasil, a Agenda 21, resultado desse encontro, é um compromisso formal do Governo brasileiro e dos demais países partici-pantes de estabele-cer parâmetros e limites de utilização do meio

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9ambi-ente e dos seus recursos naturais, como forma de promover o desenvolvi-mento social, sem agredir a natureza.

Figura 1 - Foto do Rio Amazonas.

Figura 2 - Foto do Bioma Caatinga.

Mesmo nos Biomas com características climá-ticas específicas, como a Caatinga, a preserva-ção ambiental também é fundamental para a sua sobrevivência.

concEito dE mEio ambiEntEÉ todo o conjunto de forças e condições que cercam e influenciam os seres vivos, em geral. Do ponto de vista ecológico, o meio ambiente inclui todos os fatores que afetam diretamente o metabolismo ou o comportamento de um ser vivo ou de uma espécie, incluindo a luz, o ar, a água, o solo, a umidade, denominados de fatores abióticos. Já os fatores bióticos incluem a alimentação, o modo de vida, a comunidade e as condições de saúde dos seres vivos. Por-tanto, tanto os fatores abióticos como os bióti-cos atuam um sobre o outro, formando o meio ambiente total dos ecossistemas. E assim, qual-quer ação que desarticule o equilíbrio dentro desse conjunto resulta num processo de desequilíbrio ecológico com o respectivo com-prometimento do ecossistema como um todo.

Saiba maiS

Ecossistema: sistema que inclui os seres vivos e o am-biente, com suas características físico-químicas e as inter-relações entre ambos.

A sobrevivência dos seres vivos depende das trocas efetuadas entre os meios bióticos e abi-óticos. No caso específico da espécie humana, a sua sobrevivência igualmente depende dos alimentos que consome, tais como frutas, ver-duras e carne, assim como suplementação de nutrientes (vitaminas, proteínas, sais minerais, etc.). Também os fatores sociais e culturais que cercam o homem são componentes importan-tes do seu meio biótico. O notável desenvolvi-mento do sistema nervoso na espécie humana lhe permitiu adquirir a capacidade de memori-zação, raciocínio e comunicação. Dessa forma, o homem transmite aos seus descendentes o conhecimento, as heranças cultural e biológi-ca, que permitem um nível de entendimento lógico e coerente, voltado à proteção do meio ambiente. Infelizmente, essa capacidade de exploração da natureza pelo homem vem sen-do feita de forma destrutiva, sem os cuidados

Nos grandes Biomas do mundo, como, por exemplo, a Amazônia, o equilíbrio ambiental é fundamental para a sobrevivência e perpe-tuação da flora e da fauna existentes. Mas, como sabemos, esse bioma já apresenta sinais evidentes de degradação, tendo em vista a presença constante de madeireiras, minerado-ras, tráfico de animais silvestres, sem falarmos nos vários focos de incêndios provocados pe-las queimadas, cujo número aumenta a cada ano. Em um outro capítulo, falaremos com mais detalhe sobre a devastação da Amazô-nia, os diversos fatores responsáveis pela sua degradação assim como as medidas que estão sendo tomadas pelo governo brasileiro e enti-dades não governamentais (ONGs) para conter esse problema.

Saiba maiS

Bioma: grande comunidade estável e desenvolvida, adaptada às condições ecológicas de uma certa re-gião, geralmente caracterizada por um tipo principal de vegetação.

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10necessários para a preservação da flora e da fauna, buscando, apenas, o seu bem-estar. Neste caso, essa atitude caracteriza-se como um processo de degradação ambiental.

Figura 3 - Imagem de queimadas na Amazônia.

Figura 4 - Região Amazônica: imagens do desmatamento. Fonte Wi-kipedia.

Paulo, de 12/3/2008, somente no mês de ja-neiro deste ano, enquanto o governo divulga-va medidas para tentar conter o ritmo acelera-do de desmatamento na Amazônia, uma área equivalente a 40% da cidade de São Paulo foi devastada na região. Sobre este assunto tra-taremos com mais detalhes, mais adiante em outro capítulo.

Figura 5 - Mapa ilustrativo dos grandes biomas brasileiros. Fonte: Wikipedia.

As queimadas e os desmatamentos são fatores de degradação dos ecossistemas. Essas ações praticadas pelo homem são atitudes essencial-mente voltadas para o seu bem-estar social e econômico. Dentro desse contexto, o homem é o maior predador do planeta, encontrando--se no topo da cadeia alimentar.

No Brasil, praticamente todos os grandes ecos-sistemas estão sofrendo ação de degradação pelo homem. As ações do estado não têm impedido esse comportamento humano em razão da pouca fiscalização pelo poder públi-co. Isso poderá acarretar, no futuro, a extinção de parte da sua fauna e flora, levando, conse-quentemente, ao desequilíbrio ambiental. Se-gundo informações do jornal A Folha de São

alGunS PRocESSoSdE dEGRadação doSEcoSSiStEmaS bRaSilEiRoSDentro de uma visão mais ampla, a degra-dação ambiental no Brasil está ligada a di-versos fatores e, dentre eles, alguns se des-tacam pela intensidade do resultado danoso e agressivo que estes provocam aos ecossis-temas em razão da exploração incorreta dos seus recursos naturais. Enumeramos, assim, o uso indevido dos solos, a ocupação desorde-nada de áreas de proteção ambiental, o uso excessivo de agrotóxicos, os desmatamentos, as queimadas, a atividade de mineração, etc. A conscientização ecológica pode ser a alter-nativa ideal para mudar essa nossa realidade. Em seguida, apresentaremos algumas dessas ações antrópicas e os seus respectivos efeitos negativos para a natureza, nos principais Bio-mas brasileiros.

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Observa-se, no quadro acima, que as con-sequências resultantes das ações do homem sobre o meio ambiente resultam sempre na extinção de espécies nativas, em razão da quebra das cadeias alimentares. Isso, por con-sequência já provoca o comprometimento do equilíbrio ambiental. Todas essas ações são atos praticados pelo homem em seu próprio benefício. Esta característica comportamental está também ligada à sua origem e ao seu formato de vida.

imPoRtÂncia do ValoR daS cadEiaS alimEntaRES como comPonEntE do EStudo da Educação ambiEntalComo já estudamos, os ecossitemas são for-mados pela interação dos seres vivos animais e vegetais com o meio ambiente. Dessa for-ma, há uma troca constante de benefícios en-tre seus componentes, como fator de sobrevi-vência. Essa interação caracterizada pelo ciclo da energia alimentar é que mantém vivas to-das as formas de vida, seja uma bactéria, uma planta, um animal ou, até mesmo, o próprio homem. As cadeias e teias alimentares são, por conseguinte, fluxos de energia alimentar entre seres vivos, que passam do organismo

DEGRADAÇÃO AMBIENTAL NO BRASILEcossistema Ações Antrópicas Consequências

Amazônia Desmatamentos, mineração, queimadas, ma-deireiras, etc.

Extinção de espécies,desequilíbrio ambiental

Pantanal Pesca predatória, desmatamento, tráfico de animais silvestres, turismo sem controle, pe-cuária, implantação de novas culturas, como a soja e o milho.

Extinção de espécies, desequilíbrio ambiental

Mata Atlântica Desmatamento, implantação de novas cultu-ras, como a cana-de-açúcar, queimadas, inva-são de projetos urbanos, rodovias, etc.

Extinção de espécies, redução da área primitiva, desequilíbrio am-biental

Caatinga Desmatamento, queimadas, caça predatória, implantação de projetos de irrigação artificial, projetos de urbanização, rodovias, etc.

Extinção de espécies, desequilíbrio ambiental

Manguezais Aterramento para urbanização, pesca preda-tória, poluição,etc.

Extinção de espécies, quebra de cadeias alimentares, desequilíbrio ambiental

de um para o do outro, estabelecendo, assim, um processo permanente de manutenção da vida. Nas cadeias alimentares, existem três níveis de componentes, todos eles de suma importância na continuidade do ciclo da vida: são os seres produtores e consumidores de energia e os seres decompositores de energia. Os produtores de energia são chamados de autotróficos (representados pelos vegetais). Os consumidores de energia são denomina-dos de heterotróficos (representados pelos animais) e os decompositores (representados por fungos e bactérias). São assim chamados pelo seu papel na decomposição da matéria orgânica, produzida pelos seres autotróficos e heterotróficos, que é, por sua vez, trans-formada em nutrientes, retornando ao solo, para a manutenção das plantas. É o chama-do ciclo da vida.

Saiba maiS

Fluxo de energia alimentar: caminho percorrido pela energia alimentar desde o seu produtor até o consumidor final, dentro de uma cadeia ou teia alimentar. Autotrófico: que é capaz de produzir seu próprio alimento, a partir de compostos inorgânicos, com utilização de uma fonte de energia (diz-se de um or-ganismo) Heterotrófico: que é incapaz de produzir o próprio alimento e se nutre de outros seres vivos (diz-se de um organismo)

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Nota-se, no esquema anterior, que a matéria orgânica sempre retorna ao solo, para ser no-vamente reciclada e transformada em nutrien-tes, dando continuidade ao processo. Assim, todos os componentes de uma cadeia alimen-tar, desempenham o papel de igual importân-cia na manutenção do ciclo de preservação da vida, no planeta Terra.

Saiba maiS

Cadeia alimentar: transferência de energia alimentar do corpo de um animal para outro.

Nas cadeias alimentares, o fluxo de energia ali-mentar depende da característica de cada con-sumidor e do seu nível trófico na cadeia. Ou ele é predador ou presa. Também variam o seu tipo de alimento, a sua habilidade na captura do alimento, o seu poder de domínio sobre o outro consumidor, a sua força e o seu porte corporal. A esses últimos, chamamos de pre-dadores e, geralmente, situam-se no topo da cadeia alimentar. Dentro dessa organização, existem consumidores primários, secundários, terciários e, em alguns casos, consumidores quaternários.

O entrelaçamento entre cadeias alimentares e a interdependência entre elas resultam em conjuntos denominados de teias alimenta-res. Estas são mais complexas, abrigando um maior número de espécies além de uma maior diversidade alimentar. As teias alimen-tares podem se iniciar num determinado am-biente, o aquático, por exemplo e terminar em um outro, como o terrestre ou aéreo. Numa cadeia alimentar, cada espécie animal que dela participe, possui características es-truturais e fisiológicas específicas para uma determinada condição ambiental; assim, o

seu tipo de alimentação, o seu ha-bitat, o seu comportamento e sua forma de defesa, seu nível trófico, tudo está condicionado ao seu papel dentro da cadeia.

Dessa forma, a interatividade des-se animal com outras espécies, seja como predador ou como presa, fa-vorece a continuidade do fluxo da energia alimentar. Para um melhor entendimento do que foi estudado,

mostramos o seguinte: na cadeia alimentar, o fluxo de matéria e energia é unidirecional entre o produtor e o consumidor.

Na teia alimentar, o fluxo de energia passa a ser multidirecional em razão da participação nela de vários outros componentes, sejam como produtores, consumidores ou decom-positores. Outro fator importante é a posição do consumidor na cadeia alimentar; depen-dendo do seu nível trófico, ele pode ser um consumidor primário, secundário ou terciário, embora existam casos raros de consumidores quaternários. Entretanto, quando produtores, consumidores e decompositores fazem parte de mais de uma cadeia alimentar, mantendo relações interativas entre elas, forma-se, então, uma teia alimentar. Uma teia alimentar permi-te a participação de vários produtores, consu-midores e decompositores e ela pode aconte-cer em mais de um ambiente.

A seguir, exemplos típicos de cadeia e teia ali-mentar. No primeiro quadro, uma cadeia ali-mentar; o vegetal (autotrófico) é o produdor de energia, os seres animais (heterotróficos) são os consumidores, e os fungos e as bacté-rias, os decomposi-tores. Durante o processo, sempe haverá perda de parte da energia trans-formada.

Saiba maiS

Teia alimentar: interação de várias cadeias alimenta-res, em que participam vários produtores e consu-midores. Nível trófico: posição do animal na cadeia ou teia ali-mentar, em relação ao fluxo de energia alimentar.

Fluxo da energia numa cadeia alimentar

Materia orgânica

Meio ambiente (solo) Produtor Consumidor

Decompositor

Nutrientes

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Figura 7 - Na teia alimentar, o fluxo de energia é multidirecional. FONTE: Biologia. José Luís Soares

Figura 6 - Observar que o fluxo de matéria e energia é unidirecional. FONTE: Biologia. José Luís Soares

Vejamos agora, exemplos de teias alimentares: observar a participação de vários produ-tores e consumidores.

Neste outro exemplo de teia alimentar ela acontece em dois ambi-entes distintos, o aquático e o terrestre. Em cada um deles, os seres componentes apresentam características estruturais especí-ficas para cada ambiente bem como o seu tipo de alimentação e a sua forma de vida.

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Figura 8 - Observar a diversidade das espécies. FONTE: Biologia. José Luís Soares

Analisando-se a transferência do fluxo de ener-gia dentro de uma teia ou de uma cadeia ali-mentar, verifica-se que a ausência de qualquer uma das espécies componentes, seja ela pro-dutora, consumidora ou decompositora, pro-voca, de imediato, o rompimento do elo de ligação alimentar entre todos os demais com-po-nentes. Este desligamento biológico tem como consequência imediata o surgimento de fenômenos comportamentais atípicos, como migração, competição e, até nos casos mais extremos, a ex-tinção de alguma espécie.

O entendimento e a compreensão da impor--tância dessas cadeias alimentares na perma-nência dos ecossistemas justificam-se pela necessidade de se preservá-las, buscando-se o equilíbrio ecológico dentro deles. Qualquer alteração nesse mecanismo interativo provoca uma imediata resposta negativa do ambi-ente. A esse fenômeno, denominamos de desequi-líbrio ambiental. Devemos, portanto, ter uma atitude de respeito e valorização ao meio am-biente, como forma educativa e responsável de permitir a interação da natureza com todos os seres vivos. Essa seria a atitude correta.

PRESERVação do mEioambiEntE: açõES dEcaRÁtER EducatiVoSabemos que, no ambiente urbano ou rural, a escola, além de outros meios de comunicação, é a responsável pela educação do indivíduo e, consequentemente, da sociedade. Por outro lado, as pessoas estão cada vez mais envolvi-das com as novas tecnologias advindas da mo-dernidade, como a televisão plasma, o telefo-ne celular, toca CD, DVD, Mp4, etc, perdendo, assim, a relação natural que mantinham com a terra e sua cultura. Os grandes centros de compras, como os shoppings, passaram a ser ambientes naturais e cotidianos na vida das populações jovens.

Dessa forma, os valores relacionados à nature-za não são mais considerados pontos de refe-rência na atual sociedade moderna.

Desse modo a Educação Ambiental se cons-titui numa forma bastante ampla de trans-formação, que se propõe a atingir todos os

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15cidadãos por meio de um processo pedagó-gico participativo e de forma permanente. Ela objetiva inserir no universo do educando, uma consciência crítica, com a capacidade de ab-sorver temáticas importantes sobre os proble-mas ambientais. Segundo a história, desde a sua origem, o relacionamento da humanidade com a natureza teve sempre um mínimo de interferência no meio ambiente, diferentemen-te da geração atual, que apenas necessita de forma sistemática dos recursos naturais, sem entretanto, medir a amplitude da sua impor-tância. Esse comportamento indiferente à na-tureza é que tem provocado os grandes focos de poluição ambiental, com a devastação dos diversos ecossistemas para uso em seu próprio benefício.

Atualmente, são comuns a contaminação de rios e outros mananciais aquáticos com pesti-cidas, a degradação dos solos pela construção urbana, desmatamentos de florestas para re-tirada de madeira, etc. Todas essas ações são formas típicas de agressão ao meio ambiente. Dentro deste contexto, é clara a necessidade de se mudar o comportamento do homem em relação à natureza, no sentido se tentar transformar as suas características meramen-te predatórias e, ao mesmo tempo, inserindo conceitos de valorização e conscientização so-bre a importância da qualidade de vida para todos nós. É provável as gerações futuras per-cebam essa importância de maneira mais evi-dente, quando sentirem, na própria “pele”, os efeitos devastadores do ambiente. Se nós não fizermos alguma coisa ou tomarmos alguma providência em relação a esse fato, seremos considerados por elas, no futuro, os principais responsáveis pelos “crimes” cometidos contra a natureza.

Saiba maiS

Pesticidas: substâncias que combatem pragas na agricultura, agrotóxicos.

Como podemos ver, deve sempre existir uma relação equilibrada entre o homem e a natu-reza, na qual os dois lados trocarão benefícios, sem entretanto, haver prejuízo a qualquer um deles. Ou seja: o homem deve utilizar os recur-sos do meio ambiente e devolver a ele as con-dições mínimas de sustentação e preservação. Portanto, nesse tipo de interação natural, ne-nhum dos segmentos irá se sobrepor ao outro, e, logicamente, ambos sairão ganhando.

A esse modelo de relação denominamos de Desenvolvimento Sustentável, cujas caracte-rísticas estudaremos em um outro momento deste curso. Porém, ao contrário do que ima-ginamos ser o ideal, os impactos ao ambiente, somente acontecem, quando o ser humano faz uso dos recursos da natureza, sem, entre-tanto, lhe oferecer em troca, possibilidades da sua manutenção e do seu equilíbrio. Neste caso, o mais importante é a busca, pelo seu entendimento, da importância da preservação da natureza através da conscientização ecoló-gica, e Educação Ambiental está presente nes-te contexto.

PRotEção ao mEio ambiEntEO que fazer para preservar a natureza? Essa é uma pergunta que estamos sempre questio-nando, e que, na verdade, a resposta está a nossa frente, sem entretanto, enxergá-la. As ações voltadas à responsabilidade de preser-vação ambiental estão centradas no combate ao desperdício e ao esgotamento dos recur-sos naturais, elevando os riscos do seu desa-parecimento.

Assim, determinados comportamentos nos-sos em relação ao meio ambiente e que antes ignorávamos por completo, hoje, através de um processo educativo e de conscientização ambiental, passamos a valorizar mais esses re-cursos por meio de uma brusca mudança em relação aos nossos hábitos pessoais. Faremos alguns comentários a seguir sobre os recur-sos naturais indispensáveis à vida no planeta, como a água, o clima, o ar, o solo e a luz solar.

Meio ambiente HomensBENEFÍCIOS

Representação esquemática de um modelo ideal de interação benéfica

do homem com a natureza

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REcuRSoS natuRaiS: a ÁGua como ElEmEnto bÁSico dE SobREViVÊncia doS SERES ViVoSA água é constituída de dois átomos de hi-drogênio e um de oxigênio, formando, assim, a molécula H²O. Existem, no planeta Terra, dois principais tipos de água: a salgada, que ocu-pa cerca de 99% da superfície do planeta e a doce, apenas 1%. A água também se encontra ameaçada pela poluição, pela contaminação e pelas alterações climáticas que o ser humano vem provocando. Além do perigo que repre-senta para a saúde e o bem-estar do homem, a degradação ambiental é apontada pela Orga-nização Mundial de Saúde como uma impor-tante ameaça ao desenvolvimento econô-mi-co. Em geral, uma pessoa só toma consciência da importância da água, quando ela lhe falta.

O Brasil é um país privilegiado no que diz respeito à disponibilidade de água. Sua dis-tribuição, porém, não é uniforme em todo o território nacional. Quanto ao problema de poluição da água, na região amazônica e no Pantanal, por exemplo, rios, como o Madeira, o Cuiabá e o Paraguai, já apresentam conta--minação pelo mercúrio, metal utilizado no garimpo clandestino. Nas grandes cidades, esse comprometimento da qualidade é causa-do, principalmente, por despejos domésticos e industriais. Devemos, pois, ter a consciência da importância desse elemento natural indispen-sável à nossa vida.

O corpo humano contém cerca de 70% de água, e a maioria dos seres vivos necessita de água doce para a sua sobrevivência. A inges-tão de água pura é um fator de vital importân-cia na preservação da saúde e prevenção de determinadas doenças, como as verminoses.

Segundo estimativas, a cada ano, aproximada-mente, 10 milhões de pessoas morrem de do-enças transmitidas por águas contaminadas. O desperdício e a poluição sistemática desse precioso líquido estão levando-o à escassez.

Essa perda diária deve ser compensada dentro dos mesmos parâmetros ou seja, temos que beber aproximadamente 2,5 litros de água por dia. Para efeito de compreensão do problema e da importância da água, abaixo apresenta-mos alguns dados infor-mativos do IBGE – Ins-tituto Brasileiro de Geografia e Estatística:

• Aausênciade saneamentobásiconasci-dades brasileiras é res-ponsável por 80 % das doenças que afetam a sua população;

• Cerca de 65% dos municípios não pos-

suem saneamento básico; • 30milhõesdebrasileirosnãoconsomem

água tratada; • 92%dosesgotamentossanitáriossãolan-

çados nos rios ou no mar, sem nenhum tratamento prévio;

• NoBrasil,sãolançados,pordia,cercade10

bilhões de litros de esgotamento sanitário; • A ausência de água é uma ameaça con-

creta ao problema de desertificação, prin-cipalmente nas regiões semi-áridas.

o aR

O efeito estufa provocado pela concentração de gases poluentes na atmosfera são fatores responsáveis pelo comprometimento da qua-lidade do ar e, consequentemente, do clima da terra. O ar que se respira nas grandes cida-des do Brasil e do mundo está cada vez mais impuro, em razão da presença de elementos poluentes, provenientes do escapamento de milhares de automóveis nas ruas, chaminés de fábricas, além de outros agentes poluentes, como os compostos derivados de cloro, flúor e carbono, os chamados CFCs. Todos eles são componentes químicos que comprometem

Importância da água no organismo humano em condições normais: No processo de respiração 0,4 litrosNa urina 1,2 litrosNa transpiração 0,6 litrosNa evacuação de 0,1 a 0,3 litrosTotal aproximado 2,5 litros

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17a qualidade do ar atmosférico. Adiantamos, entretanto, que tanto o ar como a água são biologicamente, de fato, os elementos funda--mentais para a sobrevivência da vida animal e vegetal no planeta Terra. Sabemos que a maior incidência das doenças respiratórias nos grandes aglomerados urbanos deve-se, princi-palmente, à inalação do ar contaminado por agentes químicos. Verificamos, desse modo, que, na maioria das vezes, um problema am-biental se transforma também num problema de saúde pública. Esses proble-mas ambientais serão estudados num capítulo mais adiante.

Saiba maiS

Efeito estufa: fenômeno que ocorre quando uma parte da radiação solar refletida pela superfície ter-restre é absorvida por determinados gases presentes na atmosfera. Como consequência disso, o calor fica retido, não sendo liberado ao espaço. CFCs: chamados de clorofluorcarbono, derivados clorados e fluorados dos hidrocarbonetos; estáveis e incombustíveis; são usados como fluidos de refri-geração e na limpeza de componentes eletrônicos, como propelentes em aerossóis.

luminoSidadE SolaRLuz solar, no seu sentido mais amplo, é o es-pectro total da radiação eletromagnética for-necida pelo Sol. Na Terra, a luz solar é filtrada pela atmosfera terrestre, e a radiação solar é visível como a luz do dia, quando o Sol está acima do horizonte. A luz solar é de funda--mental importância para os vegetais na re-alização da fotossíntese. Para nós, seres hu-manos, a luz solar oferece vários benefícios à nossa existência. Dentre eles, citamos:

• Eliminaçãodegermes:éimportanteexporlençóis, travesseiros e outros itens que não são lavados tão freqüentemente à luz so-lar e ao ar fresco. Abra as janelas de suas casas tanto quanto possível. Isto permitirá a luz do sol matar bactérias em seu lar tão bem quanto ajudará a evitar a presença de fungos;

• Aumentodaimunidade:aexposiçãoàluz

do sol aumenta a resistência do seu corpo a infecções. Aumentam ainda os glóbu-

los brancos sangüíneos, especialmente os linfócitos. Os anticorpos são também au-mentados. Estes efeitos podem durar por até três semanas, após a exposição;

• Fortalecimentodosossos:a luzsolarper-mite ao corpo produzir Vitamina D, que ajuda na absorção do cálcio e na consti-tuição de ossos saudáveis. A luz do sol previne e ajuda a reverter a osteoporose. Segundo estudos, existe também uma re-lação da incidência da luz solar no organis-mo humano, com a diminuição de cáries dentárias;

• Ascélulasvermelhasdosanguefuncionam

melhor após a exposição do corpo ao sol. Ocorre um aumento na sua capacidade de transporte e distribuição de oxigênio nas demais células do organismo. Isto permi-tirá ao indivíduo o aumento da sua resis--tência na prevenção de muitas doenças;

• Aexposiçãoàluzsolarmelhora,enfim,o

humor e o bem-estar e, ainda, favorece a qualidade do sono. Para a maioria das pes-soas, a luz do sol é uma importante terapia, especialmente, se combinada com exercí-cios na prevenção e tratamento da depres-são. Entretanto, exposições prolongadas ao sol e em horários não recomen-dados podem trazer sérios problemas, além de aumentar os riscos de câncer de pele.

Saiba maiS

Fotossíntese: síntese de moléculas orgânicas a partir do dióxido de carbono atmosférico e da água, utili-zando a luz como fonte de energia. É um processo característico das plantas. Linfócitos: é um tipo de leucócito, ou glóbulo branco, presente no sangue.

Osteoporose: enfermidade provocada pelo enfraque-cimento da resistência dos ossos do corpo, comum entre pessoas idosas.

Algumas informações úteis sobre a luminosi-dade solar

• Osraiosdesolsãomaisfortesentreas10e as 16 H

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18• Duranteasestaçõesdoano,háumavaria-

ção entre os índices de incidência da radia-ção UV, graças ao movimento de transla-ção da Terra.

• Quantomaioralatitude(distânciadalinha

do Equador) a que a pessoa estiver, menor será a radiação UV que incidirá sobre esta.

• Acada300metrosdealtitude,opoderda

radiação solar aumenta cerca de 4%. Isso ocorre, porque a camada de ar atmosféri-co se torna menos espessa à medida que aumenta a altitude. Isto acontece como, por exemplo, nas grandes montanhas.

Saiba maiS

Raios UV: raios ultravioleta.

Figura 9 - Imagem do sol encoberto por nuvens

Solo: concEituaçõES E EStudoTrata-se da Camada mais externa da superfície terrestre, na qual as plantas crescem e se re-produzem e da qual, direta ou indiretamente, depende toda a vida no planeta. É no solo que se desenvolve a maior parte da vida terrestre, fluvial, lacustre e marinha. Os seres vivos, as-sim como o vento e as águas, são os agen-tes de formação e modificação do solo. A sua formação natural resulta da decomposição das rochas ou pela fragmentação destas, provoca-da pelas chuvas, ventos ou devido à variação de temperatura. Esse processo é denominado de Intemperismo. É no solo, essa superfície só-lida da crosta terrestre, onde pisamos, vivemos e construímos habitações, fábricas, rodovias, represas, aterros, etc. Suas características va-riam dependendo da composição e da fertili-dade. Finalmente a sua espessura é também variável e vai de poucos centímetros a algumas dezenas de metros de profundidade. Os solos são estudados, dentro da Geologia, por um ramo científico denominado de pedologia. É através desta que podemos classificá-los nos diversos tipos existentes. Os principais e mais conhecidos, são:

• Arenoso: maior concentração de areia (70%)

• Argiloso: maior concentração de argila (30%)

• Calcário: maior concentração de cálcio (mais de 10%)

• Humífero: maior concentração de húmus (mais de 10%)

Um solo muito rico em areia cujos grãos são re-lativamente grandes não consegue reter a água por muito tempo. A água se infiltra rapidamen-te pelos espaços existentes entre os grãos de areia, indo se acumular nas camadas mais pro-fundas. A quantidade de água retida é pequena e seca facilmente e não ajuda no crescimento da planta. São chamados solos arenosos.

Os solos argilosos contêm muita argila que são minerais de tamanho muito pequeno. A água

• A cobertura de nuvens diminui parcial-mente os índices de radiação UV, entretan-to não cessa totalmente a radiação.

• Emumtemponublado,comoventoare-

frescar a superfície da pele sente-se a falsa sensação de que o bronzeamento não está ocorrendo.

• Banhosdepiscinarequeremummaiorcui-

dado com a luminosidade solar, devido à sua reflexão na superfície da água.

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19é retida por muito tempo nos espaços entre os grãos de argila, originando o barro. Este tipo de solo encharca com facilidade e, por isso, tam-bém dificulta o crescimento das plantas.

Os solos humíferos, escuros e ricos em maté-ria orgânica são ricos em nutrientes, principal-mente o nitrogênio. O húmus age unindo os minerais do solo como se fosse uma liga, modi-ficando a sua porosidade e aumentando a ca-pacidade de retenção de água, favorecendo o crescimento das plantas.

Já os solos com maior concentração de cálcio necessitam de um tratamento de correção na sua composição.

Figura 10 e 11 - Utilização do solo: com agricultura irrigada e sua preparação para o plantio. Fonte: Wikipedia, a enciclopédia livre.

Entretanto, como vimos anteriormente, além dos ventos e da chuva, os seres vivos são capa-zes de modificar as características naturais do solo. Isto pode acontecer tanto pelo seu uso excessivo na agricultura ou na pecuária ou, de forma degradante, nas construções, retiradas de material, derramamentos de substâncias tó-xicas, desmatamentos, queimadas, na minera-ção, etc.

Em alguns casos, o processo de degradação do solo torna-se irreversível e aí acontece um outro fenômeno, chamado Desertificação, que estu-daremos em outro capítulo. Um solo fértil é sinônimo de produtividade agrícola, de fartura de alimento e, consequentemente, da diminui-ção da fome no mundo. O Brasil é um país de-tentor de uma imensa extensão territorial com uma grande concentração de áreas de solos fér-teis. A adoção de uma decisão política direcio-nada para a utilização dessas áreas em núcleos produtores de alimento, com a participação da iniciativa privada, talvez seja uma saída na eli-minação da pobreza, da miséria e da violência urbana em nosso país.

RESumoNa conclusão deste capítulo, não poderíamos deixar de ressaltar, mais uma vez, a necessidade da preservação ambiental em razão de haver-mos conhecido a sua importância em relação à permanência da vida na Terra. Vimos, tam-bém, que nós, seres humanos, estamos inclu-ídos nesse processo biológico, não havendo nenhuma outra alternativa de sobrevivência da nossa espécie em razão da própria constitui-ção biológica do homem e do seu formato de vida. Necessitamos pensar nas gerações futuras, que, certamente, enfrentarão grandes proble-mas voltados para o meio ambiente, como a carência de água potável, a disponibilidade de ar puro e a energia para mover indústrias e o comércio e beneficiar a si próprias. Temos, por-tanto, o compromisso de manter o planeta vivo e totalmente livre dos problemas ambientais atualmente existentes.

Nosso estudo abordou as seguintes temáti-cas: uma reflexão sobre a história da Educa-ção Ambiental e sua importância no contexto da preservação da natureza; a degradação do

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20meio ambiente pelas ações antrópicas; a estru-turação das cadeias e teias alimentares e o seu papel no equilíbrio dos ecossistemas; a impor-tância da água, do ar e da luminosidade solar na sobrevivência dos seres vivos; e, finalmente, o estudo do solo, como elemento-base da vida no planeta Terra.

A Educação Ambiental, como já dissemos des-de o início, é o instrumento mais apropriado para se mudar o comportamento humano, ora voltado para a destruição da natureza. Ela de-verá ser a ferramenta ideal no processo de re--educação das populações, que ainda não per-ceberam o valor da preservação dos recursos naturais e que também não se conscientizaram de que a permanência da vida humana na ter-ra somente acontecerá, se as gerações presente e futura se comprometerem com esse arrojado plano de sobrevivência.

Nos próximos capítulos, estudaremos as con-sequências provocadas pela atividade industrial assim como o histórico do processo de indus-trialização no Brasil e no mundo. Veremos, ainda, as mudanças provocadas na sociedade moderna, em razão das novas invenções tecno-lógicas, e o que tudo isso tem refletido de nega-tivo no meio ambiente. O ser humano é por na-tureza um predador por excelência. Ele provoca danos ao ambiente em que vive, seja matando animais para a sua alimentação, seja degradan-do o solo, as florestas, os oceanos, rios, lagos, montanhas, etc. Entretanto, a sua sobrevivên-cia depende, exclusivamente, da natureza e não tem como mudar esse quadro. O que pode ser feito como alternativa é o estabelecimento de uma relação harmônica entre ele e o meio am-biente. E isto, a Educação Ambiental pode fazer com muita eficácia e completo sucesso.

atiVidadES dE EStudo

1. Fundamentado nos conhecimentos adqui-ridos por você, faça uma análise da inten-sidade de degradação ambiental na Mata Atlântica. Aponte algumas sugestões para a solução ou melhoria do problema.

2. Esquematize uma teia alimentar na qual participem as seguintes espécies animais:

insetos, anfíbios, serpentes e aves. Identifi-que, ainda, o fluxo da energia alimentar e o nível trófico de cada consu-midor.

3. Pesquise sobre países do mundo, onde existe carência de água potável. Faça um comparativo com a situação das reservas hídricas brasileiras. Finalize o seu trabalho abordando a necessidade da preservação ambiental desse precioso recurso natural.

REfERÊnciaSALMEIDA, J.R. (org.). Ciências Ambientais. Rio de Janeiro: Thex Ed, 2002. Agenda 21 do Esta-do de Pernambuco.

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SOARES, JOSÉ LUÍS. Fundamentos de Biologia Vol. Ed. Pedagógica e Universitária Ltda / SP. 2001.

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21IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-tística -2008.

Dicionário eletrônico Houaiss da Língua Portu-guesa. São Paulo 2005.

SitES conSultadoShttp://www.dicionariohouaiss.com.br

www.ambiente brasil.com.br

www.mec.gov.br/secad/index

www.redeambiente.org.br/

www.natureba.com.br/

wikipedia.org/wiki/

www.folha.uol.com.br/

http://www.portalnatural.com.br/

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oS REcuRSoS natuRaiS E o dESEnVolVimEnto SuStEntÁVEl

Prof. José Sobral Cruz Carga Horária Total I 15H

obJEtiVoS ESPEcÍficoS

• Entenderaimportânciadosrecursosna-turais e da biodiversidade na manuten-ção dos ecossistemas do planeta terra;

• Demonstraraformaidealdeinteraçãoe

equilíbrio entre a proteção ambiental e o desenvolvimento econômico através do desenvolvimento sustentável.

unidadES tEmÁticaS

• Recursosnaturaisebiodiversidade:con-ceituação e importância;

• Desenvolvimento sustentável: histórico,

conceituação e estruturação; • Desenvolvimento sustentável versus de-

senvolvimento econômico.

contEÚdo

Neste segundo capítulo sobre o estudo das ciências ambientais, não poderíamos deixar de falar sobre dois temas por demais impor-tantes no contexto do programa. São eles: Recursos naturais e Desenvolvimento sus-tentável. E são exatamente esses dois seg-

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24-mentos que favorecem a manutenção da vida animal e vegetal no planeta Terra, além de permitirem a biodiversidade em todos os ecossistemas do nosso planeta.

REcuRSoS natuRaiS:concEituaçãoSão elementos da natureza com utilidade para o homem, com o objetivo de promover o de-senvolvimento da civilização, sobrevivência e conforto da sociedade em geral. Podem ser renováveis, como a água, a luz do sol, o ven-to, os animais, as florestas ou não renováveis, como o petróleo e os minérios, em geral. Veja-mos, então, algumas características importan-tes dos recursos naturais:

• Ohomemrecorreaosrecursosnaturais,istoé, aqueles que estão na natureza, para sa-tisfazer suas necessidades, como por exem-plo: vestir-se, proteger-se, alimentar-se, etc;

• No grande ecossistema Planeta-Terra, há

uma troca constante de recursos naturais entre os seres vivos;

• Osrecursosnaturais,apósseuuso,podem

ser renováveis, isto é, podem voltar a ser disponíveis, ou então, não renováveis, isto é, jamais mais ficarão disponíveis.

Assim, a flora (vegetais) e a fauna (animais) são exemplos de recursos naturais renováveis: uma planta ou um animal podem ser reproduzidos “teoricamente”, de forma infinita, a partir de seus “pais.” O minério de ferro e o petróleo estão classificados como recursos naturais não reno-váveis e, se são não renováveis, é porque, após o seu uso, um dia, irão se esgotar no planeta.

Dessa forma, o ato de conservar os recursos naturais, implica usá-los de forma econômica e racional, para que os tidos como renováveis não se extingam por mau uso, e os considera-dos não renováveis não se extingam rapida-mente. Os recursos renováveis podem crescer novamente e serem refeitos para muitas gera-ções. Todavia, isto não acontece com os recur-sos não-renováveis. Os recursos naturais reno-váveis podem ser sempre preservados, desde

que a sua forma de utilização e produção seja otimizada. Ao contrário dos recursos não-re-nováveis, irão sem dúvida, tornar-se cada vez mais escassos, uma vez que não podem ser mais produzidos.

Num plano de manejo adequado dos recursos naturais, deve existir sempre a perspectiva da proteção desses elementos da natureza contra as ações antrópicas. O ser humano, devido a sua própria constituição e do seu comporta-mento social, tem um papel fundamental na organização e na modelagem das paisagens e da natureza. Por esta razão, deve ser conside-rado como parte integrante do meio ambiente. E, como tal, tem o dever de preservá-lo. O pa-drão de ocupação das terras e de outros espa-ços da natureza pelo homem deve ser avalia-do e planejado com o objetivo de proporcionar a otimização do uso desses recursos naturais, visando ao aumento da sua produtividade e da proteção da biodiversidade. Dentro dos re-cursos naturais renováveis (flora e fauna), cabe ressaltar a importância do que chamamos de biodiversidade ou diversidade biológica, que é o conjunto de todas as espécies de seres vivos existentes na biosfera terrestre. A biodiversida-de com suas características e importância den-tro do contexto ambiental será, mais adiante, objeto de estudo neste capítulo.

Outros exemplos de recursos naturais renová-veis e não renováveis

Gás natural: é uma mistura de hidrocarbone-tos, na qual o metano tem uma participação superior a 70% em volume. O gás natural é encontrado no subsolo, por acumulações em rochas porosas, isoladas do exterior por rochas impermeáveis, associadas ou não a depósitos petrolíferos. É o resultado da degradação da matéria orgânica de forma anaeróbica, oriun-da de quantidades extraordinárias de micror-ganismos que, em eras pré-históricas, se acu-mulavam nas águas litorâneas dos mares da época. Essa matéria orgânica foi soterrada a grandes profundidades e, por isso, sua de-gradação deu-se fora do contato com o ar, a grandes temperaturas e sob fortes pressões. O gás natural é um combustível fóssil, razão por que não é renovável.

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25Energia nuclear: é não-renovável. As fontes dessa energia vêm do urânio, um elemento químico que se encontra em estado natural nas rochas da crosta terrestre. Abordaremos esse tipo de energia com mais detalhamento, mais adiante, neste capítulo.

O petróleo e o carvão mineral: são recursos naturais não-renováveis encontrados na natu-reza. A sua pesquisa e exploração envolvem elevados custos e complexidade de estudos. É também, atualmente, a principal fonte de energia para o homem. O petróleo serve como base para fabricação dos mais variados produ-tos, dentre os quais se destacam: óleo diesel, gasolina, polímeros plásticos e, até mesmo, medicamentos. O petróleo já provocou mui-tas guerras entre nações, por ser a principal fonte de renda de muitos países, sobretudo no Oriente Médio.

Saiba maiS

Biosfera: conjunto de todas as partes do planeta Terra onde existe ou pode existir vida e que abrange regi-ões da litosfera, da hidrosfera e da atmosfera. Hidrocarbonetos: composto binário de carbono e hi-drogênio. Metano: é um gás inodoro e incolor, de pouca so-lubilidade na água e, quando adicionado ao ar se transforma em mistura de alto teor explosivo. É o mais simples dos hidrocarbonetos. Anaeróbica: metabolismo característico de alguma formas de vida, que ocorre em ausência de oxigênio. Polímeros: são compostos químicos de elevada massa molecular relativa, resultantes de reações químicas.

Energia da Biomassa: é a matéria orgânica utilizada na produção de energia. Nem toda a produção primária do planeta passa a incre-mentar a biomassa vegetal, pois parte dessa energia acumulada é empregada pelo ecos-sistema na sua própria manutenção. As van-tagens do uso da biomassa na produção de energia são o seu baixo custo, o fato de ser renovável, permitir o reaproveitamento de re-síduos e ser bem menos poluente que outras fontes de energia, como o petróleo ou o car-vão. As biomassas mais utilizadas são: a lenha (já representou 40% da produção energética primária no Brasil), o bagaço da cana-de-açú-car, galhos e folhas de árvores, papéis, pape-lão, etc. A biomassa é, também o elemento

principal de diversos novos tipos de combustí-veis e fontes de energia, como o biogás. Ela se destaca pela alta densidade energética e pelas facilidades de armazenamento, conversão e transporte.

Embora a utilização de biomassa como fonte de energia traga fantásticas vantagens, é im-portante ressaltar que se deve ter um amplo controle sobre as áreas desmatadas. Um exem-plo disso foi a expansão da indústria de álcool no Brasil, onde várias florestas foram desma-tadas para dar lugar a plantações de cana-de--açúcar. Por isso, a preocupação ambiental, mais do que nunca, deve ser prioridade na utilização da biomassa. À energia gerada da biomassa, dá-se o nome de biocombustível.

Como dissemos anteriormente, em razão da sua própria forma de existência, o ser huma-no necessita retirar do meio ambiente todas as suas necessidades físicas, químicas e bio-lógicas, direcionadas especificamente, para a sua sobrevivência. Isto abrange desde o seu alimento diário até a proteção do seu corpo, como roupas e moradia. Em razão desse fato, ele busca, na natureza alternativas e fontes es-senciais de suprimento, mesmo que, para isso tenha que modificar as características naturais do meio onde habita. Dentre as diversas mo-dificações do ambiente, podemos enumerar a construção de habitações, de rodovias, o re-presamento e o desvio do curso de rios para o armazenamento de água ou para a geração de energia elétrica, uso da terra, para agricultura ou pecuária, etc.

Falaremos, agora, do uso de energia, seja para o seu aquecimento e proteção ou, para as de-mais utilizações, como iluminação, industria-lização de alimentos e bebidas, confecção de vestimentas, fabricação de móveis e utensílios, industrialização de veículos para o seu deslo-camento, etc. Algumas formas de geração de energia estão a cada dia, mais escassas em vir-tude do grande nível de consumo, pelas popu-lações humanas nos grandes centros urbanos provocado pelo avanço tecnológico trazido no bojo do desenvolvimento econômico. O comprometimento ambiental está se tornando cada vez mais assustador e temos que fazer algo para frear esse processo, com outras fon-tes alternativas de energia.

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26Mostraremos, a seguir, algumas formas de utili-zação de energia mais utilizadas pelo homem, sendo que algumas delas podem compro-meter, de forma cruciante, o meio ambiente.

foRmaS dE GERação dE EnERGia maiS uSadaS no mundoA energia elétrica está cada vez mais escassa, já que no caso das hidreléticas, a geração dessa forma de energia depende da força da água. Os custos para a construção de uma usina hi-drelétrica são bastante elevados, e as obras de engenharia comprometem, diretamente, o meio ambiente. Ações antrópicas, como a inundação de grandes áreas de terras, antes agricultáveis, além das questões sociais, decor-rentes da necessidade de relocação de inúme-ras famílias, são fatores que necessariamente têm que existir por força da sua construção. Daí, o consumo exagerado de energia elétrica, sem se ter o devido cuidado em economizá-la, pode levar, num futuro bem próximo, o plane-ta ao caos.

O avanço da tecnologia com a descoberta de ferramentas e bens de consumo criados para o benefício do homem moderno, somado, ainda, ao crescente processo industrial, criam um deficit de energia elétrica que supera as ofertas do setor energético. Este fenômeno tem provocado os chamados apagões. Mes-mo assim, sabemos que o Brasil é um dos poucos países do mundo, geograficamente privilegiado devido à grande existência de re-cursos hídricos, favorecendo, assim, a cons-trução de usinas hidrelétricas, além das já concluídas e em operação. A adoção de um programa de re-educação do compor-tamen-to do homem quanto ao uso e ao desperdício de energia elétrica pode ser uma alternativa para solucionar o problema. Hábitos comuns, como deixar uma lâmpada acesa ou um apa-relho elétrico ligado sem o devido uso, são ações do comportamento humano que de-vem ser modificadas através da educação ambiental. Com isso, busca-se a preservação dos recursos naturais e, consequentemente, a proteção da natureza.

Figura 1 - Foto de uma hidrelética

Energia nuclear: consiste no uso controlado de reações nucleares para obtenção de ener-gia, objetivando realizar movimento, calor e geração de eletricidade. As usinas nucleares, idealizadas como a solução definitiva de fonte de energia, demonstraram posteriormente que trazem mais malefícios do que vantagens.

As principais vantagens da energia nuclear são: o combustível, que é relativamente bara-to em comparação com outras fontes de ener-gia; não depende de condições ambientais ou climáticas (não depende do sol, como as usi-nas solares ou da vazão de um rio, no caso das centrais hidroelétricas). Não ocupa grandes áreas para sua instalação física. A quantidade de lixo produzido é bem reduzido. O custo da energia gerada fica em torno de 40 dólares por MW, mais caro que a energia das hidroelé-tricas, mas em compensação, é mais barato do que a energia gerada das termoelétricas, das usinas solares e das eólicas.

Quanto às desvantagens, pode ser citado o alto custo na construção de uma usina em razão da tecnologia e da segurança empregadas; mesmo com todos os sistemas de segurança, há sempre o risco do reator vazar ou explodir, liberando radioatividade na atmosfera e nas terras próximas, num raio de quilômetros. Não existem soluções eficientes para tratamento do lixo radioativo, que atualmente é depositado em desertos, no fundo de oceanos ou no in-terior de montanhas. Depois do acidente nu-clear em Chernobyl, na antiga União Soviética, percebeu-se o perigo que essas usinas podem provocar ao meio ambiente e ao próprio ho-mem. Com relação ao lixo radioativo, os princi-pais componentes são os produtos resultantes da reação nuclear que ocorre no reator. Após

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27anos de uso de uma certa quantidade de urâ-nio, o combustível inicial vai se transformando em outros produtos químicos, como criptônio, bário e o césio, que não têm utilidade na usina. Ferramentas, roupas, sapatilhas, luvas e tudo o que esteve em contato direto com esses pro-dutos, são classificados como lixo radioativo.

Saiba maiS

MW: Megawatt é uma unidade de medida corres-pondente a 106 watts. Chernobil: o acidente nuclear de Chernobil ocorreu no dia 26 de abril de 1986, na Usina Nuclear de Chernobil (originalmente chamada Vladimir Lenin), na Ucrânia (então parte da União Soviética). É consi-derado o pior acidente nuclear da história da energia nuclear, produzindo uma nuvem de radioatividade, que atingiu a União Soviética, a Europa Oriental, a Escandinávia e o Reino Unido.

Mesmo assim, com todos esses riscos, alguns países dependem quase que exclusivamente desse tipo de usina. Na França, por exemplo, cerca de 80% de toda energia elétrica produ-zida é de origem nuclear. No Japão, a situação é mais crítica, e a dependência chega a 90%. Os países, que não têm recursos hídricos nem reservas petrolíferas não têm outra alternativa e, dessa forma, utilizam a energia nuclear. No Brasil, o uso da energia nuclear começou na década de 50, com a criação do Conselho Na-cional de Pesquisa Nuclear, e o início da tecno-logia do enriquecimento de urânio, em 1953. Entretanto, a decisão da implementação de uma usina nuclear no país somente aconte-ceu em 1969. Em nenhum momento pensou--se numa outra fonte para substituir a energia hidráulica, da mesma maneira que, também, após alguns anos, ficou bem claro que os ob-jetivos não eram simplesmente o domínio de uma nova tecnologia. O Brasil estava vivendo dentro de um regime de governo militar, e o acesso ao conhecimento tecnológico no cam-po nuclear permitiria desenvolver não só sub-marinos nucleares mas também armas atômi-cas. Em 1974, as obras civis da Usina Nuclear de Angra 1 estavam em pleno andamento, quando o Governo Federal decidiu ampliar o projeto, autorizando a empresa Furnas a cons-truir a segunda usina. Mais tarde, em 1975, estudos apontavam a justificativa de que o Brasil já mostrava falta de energia elétrica para meados dos anos 90 e início do século 21.

Por outro lado, o potencial hidro-elétrico já se apresentava quase que totalmente instalado, com poucas alternativas viáveis. Foi, então, assinado na cidade alemã de Bonn, o acor-do de Cooperação Nuclear através do qual o Brasil compraria usinas nucleares e possuiria toda a tecnologia necessária ao seu desen-volvimento nesse setor. Dessa maneira, o país dava um passo definitivo para o ingresso no clube de potências atômicas e estava, assim, decidido o seu futuro energético, dando iní-cio à era nuclear brasileira. Atualmente, são as termelétricas que ocupam o maior per-centual de oferta de energia elétrica, apesar do também comprometimento com o meio ambiente e com o segmento social, como já vimos anteriormente.

Figura 2 - Foto de uma usina nuclear

uSinaS tERmElÉtRicaS

A energia elétrica é obtida de geradores de energia elétrica, através da força mecânica produ-zida por equipamentos específicos, para girar o eixo do gerador. Para o caso da termeletricidade, a energia mecânica neces-sária para girar o eixo do gerador de ener-gia elétrica é obtida com a queima de com-bustíveis. Isto passa a ser mais um problema para a degradação do meio ambiente. Uma termelétrica, que utilize o gás natural como combustível, pode ser implantada junto aos grandes centros de consumo de energia, des-de que atendidas as normas de proteção ao meio ambiente local.

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Figura 3 - Foto de uma usina termelétrica

noVaS altERnatiVaSna GERação dE EnERGia

A busca por outras fontes alternativas de ener-gia passa a ser uma das maiores preocupações das populações do mundo. Como não pode-mos impedir nem frear o progresso, resultado natural da própria capacidade humana e estar sempre descobrindo melhores condições para o seu bem-estar social, temos que pensar em alternativas energéticas para suprimento des-sas necessidades.

Todavia, temos necessariamente que pensar nas gerações futuras e nas saídas mais viáveis para preservarmos o nosso planeta. Dentre elas, citamos os combustíveis renováveis, que são combustíveis que utilizam como matéria--prima, elementos renováveis da natureza, como a cana-de-açúcar, utilizada para a fa-bricação do álcool e também de vários outros vegetais, como a mamona, utilizada para a fabricação do biodíesel. É importante notar que, embora alguns destes combustíveis se-jam renováveis, eles atualmente dependem de combustíveis não-renováveis para a extração. Muito embora, veículos e maquinaria possam também funcionar a eletricidade solar, lenha, álcool e outros combustíveis renováveis. É pos-sível desenvolver um sistema fechado. Con-tudo, custos, climas, ações institucionais e a disponibilidade de recursos podem tornar não-funcionais tais sistemas, pelo menos, no pre-sente momento.

Mostramos a seguir, algumas alternativas de obtenção de energia renovável:

EnERGiaS altERnatiVaS

O biodiesel é derivado de produtos orgânicos renováveis, como óleos vegetais extraídos do girassol, do nabo forrageiro, do algodão, da mamona e da soja, assim como de gorduras animais. É utilizado em motores de ignição por compressão (diesel) e também também, um combustível biodegradável alternativo ao uso do diesel originário do petróleo. O biodisel é um combustível, que tem como característica importante a ausência de enxofre em sua com-posição. Apesar de a primeira patente do bio-diesel no mundo ter sido registrada em 1980, pela Universidade Federal do Ceará, somente em dezembro de 2004, é que foi lançado, ofi-cialmente, pelo governo brasileiro, através do Programa Nacional de Produção e Uso do Bio-díesel. Entretanto, a introdução do biodiesel na matriz energética brasileira foi estabelecida pela Lei nº11.097, de janeiro de 2005, que de-termina a adição voluntária de 2% do produto ao óleo diesel comercializado ao consumidor final até 2007; já, a partir de 2008, essa adição de 2% passa a ser obrigatória.

O bioetanol é a obtenção do etanol através da biomassa, para ser utilizado diretamente como combustível. O etanol é um álcool inco-lor, volátil, inflamável e totalmente solúvel em água, derivado da cana-de-açúcar, do milho, da uva, da beterraba ou de outros cereais. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que, entre os anos 2005 e 2006, a área plantada passou de 5,62 para 7,04 milhões de hectares plantados, e a produção, de 420 para 460 toneladas de cana-de-açúcar.

Segundo a união da agroindústria canavieira de São Paulo (UNICA), a produção da planta aumentará cerca de 50% durante os próximos seis anos. Até o 2012, devem ser construídas mais de 70 usinas por todo o Brasil, sendo a maior parte em São Paulo. Atualmente, exis-tem cerca de 363 cadastradas no país. São Paulo surge com 170, seguido do Paraná, com 29, e Pernambuco e Alagoas, que contabili-zam 26 usinas cada.

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29O etanol é hoje um produto de diversas apli-cações no mercado. Além de ser largamente utilizado como combustível automotivo na forma hidratada ou misturado à gasolina, tem também a sua aplicação em produtos diversos, como perfumes, desodorantes, medicamen-tos, produtos de limpeza doméstica e bebidas alcoólicas. Merece destaque como uma das principais fontes energéticas do Brasil, sendo ainda renovável e pouco poluente. O Brasil é hoje o maior produtor mundial de etanol, sen-do que os estados de São Paulo e Paraná res-pondem juntos por quase 90% da safra total produzida no país. O país lidera a produção mundial de cana-de-açúcar (principal matéria--prima do etanol), sendo essa uma indústria que movimenta vários bilhões de dólares por ano. Esse setor permite uma menor dependên-cia do Brasil ao mercado de petróleo.

Energia Geotérmica é uma energia renovável. Porém, em razão das condições geográficas específicas, não pode ser produzida e utilizada em qualquer parte do globo terrestre. É consi-derada renovável, porque essa fonte está cons-tantemente disponível.

Embora o calor não possa ser recriado, é con-siderado inesgotável. Contudo, a água subter-rânea que é aquecida pela energia geotérmica pode ser esgotada, se for mal utilizada. A pri-meira tentativa de gerar eletricidade de fontes geotérmicas se deu em 1904 em Larderello, na região da Toscana, na Itália. Contudo, esforços para produzir uma máquina para aproveitar tais fontes foram mal sucedidos, pois as má-quinas utilizadas sofreram destruição devido à presença de substâncias químicas contidas no vapor. Já, em 1913, uma estação de 250kW foi construída com sucesso, e durante a Segunda Guerra Mundial, 100MW estavam sendo pro-duzidos, embora a usina tenha sido destruída na Guerra.

Em alguns locais do planeta, existe tanto vapor e água quente que é possível produzir energia elétrica. Abrem-se buracos fundos no solo até chegar aos reservatórios de água e vapor. Es-tes são drenados até a superfície por meio de tubos e canos apropriados e, através deles, a água e o vapor são conduzidos até uma cen-tral geotérmica.

Tal como numa central elétrica normal, o va-por faz girar as lâminas da turbina como uma ventoinha. A energia mecânica da turbina é transformada em energia elétrica através do gerador. Num processo de reciclagem, o vapor volta a transformar-se novamente em água, no processo de arrefecimento. A água é de novo canalizada para o reservatório onde será naturalmente aquecida pelas rochas quentes. Na Califórnia (Estados Unidos), existem vários locais onde se pode produzir eletricidade a partir da energia geotérmica. Naquele estado americano a energia elétrica gerada por este sistema é suficiente para abastecer 2 milhões de residências.

Figura 4 - Imagem de uma fonte térmica

Energia solar é resultante do uso dos raios so-lares. Possui um custo relativamente reduzido e pode ser utilizada em regiões onde a lumi-nosidade solar é intensa, com, por exemplo, a região Nordeste do Brasil. A energia solar é importante na preservação do meio ambien-te, pois apresenta muitas vantagens sobre as outras formas de obtenção de energia, como: não ser poluente, não influir no efeito estufa, não precisar de turbinas ou geradores para a produção de energia elétrica, mas tem como desvantagem a exigência de altos investimen-tos para o seu aproveitamento. Para cada me-tro quadrado de coletor solar instalado, evita--se a inundação de 56 metros quadrados de terras férteis na construção de novas usinas hi-drelétricas. O sistema de aquecimento da água através do sol começou a ser a utilizado na Ca-lifórnia, por volta de 1890. Nesta altura, pro-vou-se que esse sistema era mais benéfico que o carvão ou a madeira quei-mada. Por estas ra-zões, naquela época, muitos eram os lares que

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30usavam o sistema solar para aquecer a água. À medida que se fizeram progressos e melhorias, os sis-temas solares começaram a ser usados também no Arizona, na Flórida e em muitos outros lugares dos Estados Unidos. Em 2004, a capacidade instalada mundial de energia so-lar era de 2,6GW, cerca de 18% da capacida-de instalada da usina de Itaipú. Os principais países produtores dessa forma de energia são o Japão, a Alemanha e os Estados Unidos.

Saiba maiS

GW: Gigawatt é uma unidade de medida. É um watt seguido de 9 zeros, ou seja, 1.000.000.000watts. Geralmente é usado para medir grandes quantidades de energia.

Figura 5a e 5b - A energia solar é uma forma bastante simples de ser produzida e pode ser utilizada nas regiões onde a intensidade solar é elevada.

da em energia mecânica, utilizada na moagem de grãos ou para bombear água. Os moinhos foram usados para fabricação de farinhas e, ainda, para drenagem de canais, sobretudo em países como a Holanda e a Dinamarca.

Em 2003, energia eólica foi a forma de ener-gia que mais cresceu nos Estados Unidos. Esse modelo de energia pode garantir em torno de 10% das necessidades mundiais de eletrici-dade até o ano de 2020. Cria-se, também, a possibilidade de se gerarem aproximadamente 1,7 milhão de novos empregos, além de re-duzir a emissão global de dióxido de carbono na atmosfera. Os países que mais utilizam a energia eólica são a Alemanha, a Dinamarca e os Estados Unidos, seguidos da Índia e da Espanha.

No Brasil, o Ceará destaca-se por ter sido um dos primeiros estados a realizar um programa de levan-tamento do potencial eólico, que já é consumido por cerca de 160 mil pessoas. Ou-tras medições foram feitas também, no Para-ná, Santa Catarina, Minas Gerais, litoral do Rio de Janeiro, Pernambuco e na ilha de Marajó. A capacidade instalada no Brasil é de 20,3MW, com turbinas eólicas de médio e de grande porte, conectadas à rede elétrica.

Considerando-se o grande potencial eólico do Brasil, confirmado através de estudos recen-tes, é possível produzir eletricidade a custos competitivos, com a energia gerada a partir de centrais termelétricas, nucleares e hidrelétricas, com custos reduzidos. É portanto, uma ques-tão de decisão política.

Energia Eólica é a energia produzida pela força das correntes de vento. De custo baixo, silen-ciosa, e não agride o meio ambiente. A energia eólica tem sido aproveitada desde a antigui-dade para mover os barcos impulsionados por velas ou para fazer funcionar a engrenagem de moinhos, ao moverem as suas pás. Nos moi-nhos de vento, a energia eólica era transforma-

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Figura 6a e 6b - Fotos de centrais eólicas.

bioGÁS Combustível (metano) gerado pela fermen-tação anaeróbica de matéria orgânica de origem vegetal ou animal, como, por exem-plo, a biomassa, o esterco, e o lixo orgânico. O biogás é um combustível gasoso com um conteúdo energético elevado, semelhante ao gás natural. Pode ser utilizado para a geração de energia elétrica, térmica ou mecânica em uma propriedade rural, contribuindo para a redução dos custos de produção. No Brasil, os biodigestores rurais vêm sendo utilizados, principalmente, para saneamento rural, tendo como subprodutos o biogás e o biofertilizante. O desenvolvimento de tecnologias para o tra-tamento e a utilização dos resíduos é o grande desafio para as regiões com alta concentração de produção pecuária, em especial, suínos e aves. De um lado, a pressão devido ao aumen-to do número de animais em pequenas áreas de produção e ao aumento da produtividade e, do outro, que esse aumento não provoque a destruição do meio ambiente. A restrição de espaço e a necessidade de atender cada vez mais as demandas de energia, água de boa qualidade e alimentos têm gerado alguns de-safios a serem vencidos, os quais se relacio-nam, principalmente à questão ambiental e à

disponibilidade de energia. Ressalta-se que a recente crise energética e a alta dos preços do petróleo tem determinado uma procura por al-ternativas energéticas no meio rural.

Saiba maiS

Anaeróbica: metabolismo que ocorre sem a presença do oxigênio.

Biodigestores: equipamento destinado à produção de biogás. Biofertilizantes: adubo orgânico produzido em bio-digestores.

biodiVERSidadE: concEituaçãoBiodiversidade ou diversidade biológica des-creve a riqueza e a variedade do mundo na-tural: as plantas, os animais e os microrganis-mos existentes no planeta. Esses componentes fornecem alimentos, remédios e boa parte da matéria-prima industrial consumida pelo ser humano. A biodiversidade está contida nas interrelações animais e vegetais, ou seja, nos ecossistemas terrestres ou aquáticos. Refere-se tanto ao número (riqueza) de diferentes cate-gorias biológicas quanto à abundância relativa dessas categorias, inclui, assim, a totalidade dos recursos vivos ou biológicos e dos recursos genéticos, e seus componentes.

A espécie humana depende da Biodiversida-de para a sua sobrevivência. Nesses sistemas, como já estudamos no capítulo anterior, a pre-sença ou ausência de uma determinada espé-cie afeta diretamente muitas outras, seja dire-ta ou indiretamente, comprometendo toda a cadeia alimentar. Ela está presente em todos os ambientes; seja no meio dos desertos, nas tundras congeladas ou nas fontes de água sulfu-rosas, razão pela qual, ela possibilitou a adaptação da vida nos mais diversos pontos do planeta. As plantas, por exemplo, estão na base dos ecossistemas, como produtoras de energia. Como elas florescem com mais inten-sidade nas áreas úmidas e quentes, a maior di-versidade é detectada nos trópicos, como é o caso da Amazônia com sua excepcional vege-tação. Desde 1986, o termo e o conceito têm adquirido largo uso entre biólogos, ambienta-

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32listas, líderes políticos e cidadãos conscientiza-dos no mundo todo. Este uso coincidiu com o aumento da preocupação com a extinção, observado nas últimas décadas do Século XX.

A preservação da biodiversidade é importante para que o homem tenha tempo de descobrir a utilidade das espécies, para a sua própria so-brevivência. A cura de muitos males que hoje existem e que ainda virão a existir pode estar em plantas em extinção ou em outras que já foram extintas. Enumeramos, a seguir, alguns dados informativos, que são importantes para uma reflexão a respeito da biodiversidade:

infoRmaçõES SobRE a biodiVERSidadE

1. A destruição da biodiversidade se realiza a uma velocidade de progressão geomé-trica. “Diariamente, destruímos cerca de 150 espécies. Além disso, cerca de 12% de todas as espécies de aves, 23% dos mamí-feros, 25% das coníferas e 32% dos anfí-bios estão ameaçados de extinção;

2. A indústria, com suas emissões de gases de

efeito estufa, assim como as atividades hu-manas que esgotam os recursos naturais estão ocasionando uma verdadeira des-truição do banco de dados da natureza;

3. As perdas ocasionadas por esta destruição

também são econômicas, já que 40% do comércio mundial se desenvolve com base no aproveitamento dos recursos naturais;

4. A redução da biodiversidade está represen-

tada pela destruição de habitats naturais, introdução de espécies invasoras, superex-ploração de recursos biológicos, poluição e mudança climática global;

5. Somente a mudança climática pode gerar

a destruição de 15% a 37% das espécies existentes à extinção;

6. O Brasil é um dos países que apresenta

maior variedade de espécies do planeta. Considera-se o terceiro do mundo em diversidade de aves entre tantas outras espécies.

7. Cerca de 25% dos medicamentos indus-trializados ou não contêm uma ou mais substâncias extraídas de plantas. A maio-ria dessas plantas encontra-se nas florestas tropicais. E há ainda outro aspecto a con-siderar: nossa alimentação é baseada em produtos de origem animal e vegetal.

8. Derrubando florestas para instalar cidades

e indústrias, despejando dejetos químicos industriais em rios, lagos e mares, poluin-do a atmosfera com gases lançados por veículos e fábricas, o homem está contri-buindo para provocar sérios desequilíbrios climáticos e ecológicos.

9. Nenhum ser vivo pode viver isolado, sem

interagir com outros ou mesmo com o am-biente físico no qual ele se encontra.

10. É difícil dizer onde começa ou termina um

ecossistema, a existência de uma determi-nada espécie implica em prejuízo ou be-nefício de alguma outra, embora essas in-terações, mesmo quando negativas, façam parte do equilíbrio natural.

Assim, biodiversidade está presente em todos os ambientes e ecossistemas, seja de água doce ou salgada. Neles, as diversas formas de vida interagem umas com as outras, trocando benefícios, adaptando-se às mudanças, cujo objetivo maior é a perpetuação da sua espécie. Não se sabe exatamente quantas espécies ve-getais e animais existem no mundo.

As estimativas variam entre 10 e 50 milhões, mas até agora os cientistas classificaram e de-ram nome a somente 1,5 milhão de espécies. Dentre os especialistas, o Brasil é considerado o país da “mega-diversidade”: aproximadamen-te 20% das espécies conhecidas no mundo são encontradas no nosso país. Por isso, necessita-mos, mais do que nunca, preservá-las.

PRinciPaiS amEaçaS À biodiVERSidadE

Dentre as diversas atividades humanas, cita-mos algumas das principais que podem levar a biodiversidade à destruição:

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33• A destruição das florestas: a cada ano,

aproximadamente 17 milhões de hectares de floresta tropical são desmatados. As es-timativas sugerem que, se isso continuar, entre 5% e 10% das espécies que habitam as florestas tropicais poderão estar extin-tas, nos próximos trinta anos;

• Apoluição ambiental provocadapela ex-

pansão industrial; • Ousoexcessivodosrecursosnaturaissem

um controle racional; • Aexpansãodafronteiraagrícolaemdetri-

mento dos habitats naturais. A implanta-ção de grandes projetos de irrigação arti-ficial, além da expansão de determinadas culturas, como a soja, o milho, o trigo e o feijão, está contribuindo para um processo danoso de desmatamento de áreas nativas.

Como vimos, além do comprometimento da biodiversidade, essas ações humanas podem resultar em grandes efeitos negativos para o próprio homem, inclusive para a sua sobrevi-vência. Observamos que a sociedade moderna particularmente a dos países ricos, desperdiça grande quantidade de recursos naturais. Como exemplo, citamos a elevada produção e o uso de papel que se torna uma ameaça constante às florestas. Também a exploração excessiva de algumas espécies pode causar a sua completa extinção. Em decorrência do uso medicinal de chifres de rinocerontes na Indonésia, por exem-plo, o animal foi caçado até o limiar da extinção.

Na Suécia, a poluição e a acidez das águas impedem a sobrevivência de peixes e plantas em alguns lagos existentes naquele país. São ações antrópicas como essas que modificam todo o equilíbrio ambiental e que trazem, às vezes, com consequências às vezes, irrepará-veis à natureza.

Outro fator que nos preocupa é a introdução de espécies exóticas de animais e vegetais em diferentes ecossistemas, sem um estudo mais apropriado sobre estas. Isto pode vir a ser pre-judicial, pois acaba colocando em risco o equi-líbrio da biodiversidade, provocando como consequência, situações adversas, como, com-petição, predatismo e, até mesmo, a extinção

de algumas espécies nativas. Um caso bem conhecido é o da introdução de uma espécie de anfíbio pelo governo da Austrália, com o objetivo de controlar uma peste nas planta-ções de cana-de-açúcar no Nordeste daquele país. O animal revelou-se um predador voraz dos répteis e outros anfíbios da região, tor-nando-se um problema a mais para os produ-tores e não, uma solução. No Brasil, tivemos também algumas experiências mal sucedidas, como a importação da cochonilha-do-carmim (Dactylopius coccus), normalmente encon-trada em plantações de palma forrageira, no México. Este inseto produz um ácido usado na fabricação de corantes. Trazido para o Bra-sil, especificamente para a região Nordeste, a sua adaptação foi tão completa que o mesmo tornou-se um inseto invasor. Outro exemplo, é o do caracol africano, importado para substi-tuir o escargot, prato típico de alguns restau-rantes. Este molusco também teve uma boa adaptação constituindo-se hoje, um problema ambiental. Eles são encontrados em quintais e jardins de casas, destruindo a vegetação lo-cal. Exemplos como estes nos mostram que a biodiversidade é algo “intocável” em perfeito equilíbrio. Quando sofre a intervenção do ho-mem, mostra resultados desastrosos.

Saiba maiS

Cochonilha-do-carmim: insetos homópteros, da su-perfamília dos cocoídeos. São ectoparasitas de plan-tas; os machos adultos são alados, e as fêmeas, ápte-ras. Ex. piolho-de-planta, piolho-dos-vegetais.

Figura 7 - A redução da biodiversidade é uma ameaça ao planeta.

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Figura 8a e 8b - O planeta Terra é muito rico em biodiversidade.

dESEnVolVimEnto SuStEntÁVEl: concEituaçãoSegundo a Comissão Mundial sobre Meio Am-biente e Desenvolvimento (CMMAD) da Orga-nização das Nações Unidas, Desenvolvimento Sustentável é aquele que atende às necessida-des das gerações do presente, sem comprome-ter a qualidade de vida e as necessidades das gerações futuras. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro. A idéia deriva do conceito de ecodesenvolvimento, proposto nos anos 1970, durante a Primeira Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e De-senvolvimento (Estocolmo, 1972), a qual deu origem ao Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente - PNUMA. Este conceito foi definitivamente incorporado como um princí-pio, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, à Cúpula da Terra de 1992 - Eco-92, no Rio de Janeiro. Resumindo, desenvolvimento susten-tável é a utilização do meio ambiente sem, en-tretanto, degradá-lo.

HiStóRico

A partir da segunda metade do século XIX, com o início da industrialização, a degradação ambiental provocou profundas consequências em todo o planeta e alguns anos mais tarde, passou-se a perceber esses estragos. A partir de então, iniciaram-se os estudos desses efei-tos e as possíveis soluções. Em 1948, na reu-nião do clube de Roma, autoridades mundiais reconheceram formalmente os problemas am-bientais, verificando-se o nível de degradação ambiental e a redução dos recursos naturais do planeta.

Desse encontro, surgiu um documento inti-tulado Limites do Crescimento, que estabe-lecia para os países desenvolvidos e em de-senvolvimento um programa de crescimento econômico, sem, entretanto, comprometer o meio ambiente: um Desenvolvimento Sus-tentável. Este, teria como metas, os seguin-tes aspectos:

• A satisfação das necessidades básicas dapopulação (educação, alimentação, saúde e lazer);

• A solidariedade com as gerações futuras

(preservar o ambiente, de modo que elas tenham chance de viver);

• Aparticipaçãodapopulaçãoenvolvida(to-

dos devem se conscientizar da necessidade de conservar o ambiente e fazer cada um a parte que lhe cabe para tal);

• Apreservaçãodosrecursosnaturais(água,oxigênio, etc);

• Aelaboraçãodeumsistemasocial,garan-

tindo emprego, segurança social e respeito a outras culturas (erradicação da miséria, do preconceito e do massacre de popu-lações oprimidas, como, por exemplo, os povos indígenas);

• A efetivação dos programas educativos

voltados à educação ambiental.

Fonte: Declaração de Política de 2002, da Cúpula Mundial sobre De-senvolvimento Sustentável- Joanesburgo, África.

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35Outros encontros aconteceram. Posteriormen-te em 1972 - Estocolmo - Organização das Nações Unidas (ONU) em que se discutiram e se buscaram soluções para esse problema. Em 1983 novamente a Organização das Nações Unidas criou a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento e somente em 1987, essa comissão recomendou a criação de uma nova carta ou declaração universal so-bre a proteção ambiental e o desenvolvimento sustentável. Esse modelo de desenvolvimento econômico envolve, necessariamente, a ques-tão ambiental, definindo os rumos do cresci-mento sem o comprometimento dos recursos naturais, a biodiversidade e o meio ambiente como um todo.

obJEtiVoS do dESEnVolVimEnto SuStEntÁVEl:

• Buscar o equilíbrio entre a proteção am-biental e o desenvolvimento econômico;

• Servir como base para a formulação da

Agenda 21, com a qual mais de 170 países se comprometeram a implantá-la;

• Umabrangenteconjuntodemetasparaa

criação de um mundo, enfim, equilibrado.

Saiba maiS

Agenda 21: constitui um dos principais resultados da conferência Eco-92, ocorrida no Rio de Janeiro, Brasil, em 1992. É um documento que estabeleceu a impor-tância de cada país se comprometer a refletir, glo-bal e localmente, sobre a forma pela qual governos, empresas, organizações não-governamentais e todos os setores da sociedade poderiam cooperar no estu-do de soluções para os problemas sócio-ambientais. Cada país desenvolve a sua Agenda.

EStRutuRação do dESEnVolVimEnto SuStEntÁVEl

O Desenvolvimento Sustentável é construído sobre três pilares interdependentes, devendo haver plena interação entre eles. Portanto , não se pode pensar em desenvolvimento econômico, sem envolver as questões sociais e o meio ambiente: O Desenvolvimento econô-mico; O Desenvolvimento social; e, A Proteção ambiental.

A complexidade dessas ações assim como o inter-relacionamento de questões críticas, como a pobreza, o desperdício de alimento, a degradação ambiental, a decadência urba-na, o crescimento populacional, a igualdade de gêneros, a saúde, os conflitos e a violência aos direitos humanos, forçaram os governos a estabelecer planos de desenvolvimento econô-mico voltados principalmente, para o segmen-to social, envolvendo a sociedade como um todo, na solução dessas questões. A partir de então, o desenvolvimento sustentável passou a ser objeto de estudo na interação de quatro importantes segmentos:

• Nasociedade,umacompreensãodasinsti-tuições sociais e seu papel na transforma-ção e no desenvolvimento;

• Nomeio ambiente, a conscientização dafragilidade do ambiente físico e os efeitos sobre a atividade humana e suas decisões;

• Na economia, sensibilidade aos limites e

ao potencial do crescimento econômico e seu impacto na sociedade e no ambiente, com o comprometimento de reavaliar os níveis de consumo da sociedade.

• Na cultura, é geralmente omitido como

parte do DS (Desenvolvimento Sustentável). Entretanto, valores sociais, diversidade, co-nhecimento, línguas e visões de mundo associados à cultura formam um dos pila-res do DS e uma das bases da EDS (Educa-ção para o Desenvolvimento Sustentável).

Portanto, na definição de uma educação vol-tada para o desenvolvimento sustentável, esta ultrapassa a questão ambiental (como água, mudanças climáticas, biodiversidade etc.) e se agrega a tudo que leva à própria sobrevivência do ser humano. Dessa forma, aspectos sociais, econômicos, psicológicos, culturais e ecológi-cos fazem necessariamente parte de um pro-grama de desenvolvimento sustentável.

A sustentabilidade hoje em dia é um fato, e tanto as pessoas como as empresas terão que buscar, em seus trabalhos, o conceito de sus-tentabilidade. A partir daí, estarão mais bem pre-parados para enfrentar o mundo do futu-ro. Finalizando, todas as formas de relação do

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36homem com a natureza devem ocorrer com o menor dano possível ao ambiente. As políticas, os sistemas de produção e de transformação, o comércio, os serviços, a agricul-tura, o turis-mo e o consumo têm de existir, preservando--se, antes de mais nada, a biodiversidade.

modElo dE dESEnVolVimEnto SuStEntÁVEl:

O Desenvolvimento sustentável depende do planejamento e do reconhecimento de que os recursos naturais são finitos. Esse concei-to representa, consequentemente, uma nova forma de desenvolvimento econômico que considera o meio ambiente.

O desenvolvimento não deve ser confundido com crescimento econômico, o qual depende do consumo crescente de energia e de recursos naturais. Esse tipo de desenvolvimento tende a ser insustentável, pois leva ao esgotamento dos recursos naturais dos quais a humanidade depende. Desse modo, as atividades econômi-cas podem ser encorajadas, considerando não somente a existência humana mas também os recursos naturais e a biodiversidade. Finalmen-te, para alcançarmos o desenvolvimento sus-tentável, a proteção do ambiente tem que ser entendida como parte integrante do processo de desenvolvimento e não pode ser considera-da isoladamente.

cREScimEnto EconÔmico E mEio ambiEntE

O atual modelo de crescimento econômico gerou enormes desequilíbrios; se, por um lado, nunca houve tanta riqueza concentrada e far-tura no mundo, por outro lado, a miséria, a degradação ambiental e a poluição aumentam a cada dia.

Diante desta constatação, surge a idéia do Desenvolvimento Sustentável (DS), buscando conciliar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental e, ainda, com o fim da pobreza no mundo.

Para alcançarmos o DS, a proteção do ambien-te tem que ser entendida como parte integran-te do processo de desenvolvimento, não po-dendo ser considerada, isoladamente.

difEREnça EntRE cREScimEnto E dESEnVolVimEnto

O crescimento não conduz automaticamen-te à igualdade nem à justiça social pois não leva em consideração nenhum outro aspecto da qualidade de vida a não ser o acúmulo de riquezas, estas que se concentram nas mãos, apenas, de alguns indivíduos da população.

O desenvolvimento, por sua vez, preocupa-se com a geração de riquezas e tem o objetivo de distribuí-las, de melhorar a qualidade de vida de toda a população, levando em consi-deração, portanto, a qualidade ambiental do planeta.

No próximo capítulo, estudaremos o processo de industrialização no Brasil e no mundo, suas consequências sociais e políticas.

Veremos como a industrialização, somada à tecnologia modificou o comportamento do homem moderno, além de ter comprometido a questão ambiental.

RESumoFinalizando este capítulo, chegamos à conclu-são de que não podemos planejar o desenvol-vimento econômico e social, sem pensar no meio ambiente. Os recursos naturais têm que ser preservados, e a biodiversidade deverá ser mantida em toda a sua plenitude. Alternativas para a obtenção de energia sem agressão ao ambiente, como o biogás, o etanol, a energia eólica e a energia solar, devem ser mais pesqui-sadas e ampliando o seu uso em todos os seg-mentos da sociedade. Estas são decisões que devem ser tomadas de imediato pelo estado, pela sociedade civil e pelas organizações não governamentais. Somente assim poderemos pensar num planeta sadio e livre de maiores consequências nas próximas décadas, quando, segundo estudos científicos embasados em pesquisas já comprovadas, poderá haver ca-rência de água e alimento no mundo. Confli-tos entre povos com o domínio dos mais fortes sobre os detentores de água, terras e alimento em abundância poderão ser o “plano de bata-lha” das guerras do futuro. O desenvolvimen-

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37to sustentável passa a ser o instrumento mais adequado e a forma mais coerente de se tra-tarem esses problemas. Trabalhar a educação ambiental se constitui a medida mais eficaz na mudança comportamental do ser humano, principal agente poluidor e o maior predador do planeta. No terceiro capítulo, estudaremos a industrialização no Brasil e no mundo, suas consequências políticas e sociais. O efeito de-vastador do processo de industrialização sobre o meio ambiente e, finalmente, outras ações predatórias provocadas contra a natureza.

atiVidadES dE EStudo

1. Desenvolva um projeto de desenvolvimen-to sustentável, envolvendo as atividades econômicas e sociais assim como as carac-terísticas geo-ecológicas da sua região.

2. Faça um levantamento detalhado dos prin-cipais recursos naturais e da biodiversidade do ecossistema manguezal.

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Prof. José Sobral Cruz Carga Horária Total I 15H

o PRocESSo dE induStRialização no mundo: conSEquÊnciaS E imPactoS ambiEntaiS

obJEtiVoS ESPEcÍficoS

• Historiar o processo de industrializaçãono Brasil e no mundo;

• Analisarsuasconsequênciassobreomeio

ambiente; • Discutiroefeitodasaçõesantrópicasna

natureza.

unidadES tEmÁticaS

• Industrializaçãoeimpactosambientais • As ações antrópicas sobre o meio am-

biente

o inÍcio dE tudoEste capítulo trata do segmento mais impor-tante e de maior ação impactante sobre a natureza. Foi exatamente com o surgimento e o grande impulso que a industrialização ga-nhou, em todo o mundo no último século, principalmente nos países mais desenvolvi-dos, onde teve início o processo de degra-dação ambiental e como consequência, o comprometimento de todos os ecossistemas da terra. Segundo a própria história da civili-zação humana, o homem primitivo passou a utilizar a matéria-prima retirada do meio am-biente já na idade da pedra, cerca de 8 mil

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40anos a.C. Isso aconteceu em razão das neces-sidades surgidas com a mudança do seu com-portamento, que abandonou a vida nômade que antes possuía e começou a formar pe-quenos agrupamentos de indivíduos em locais estrategicamente escolhidos. Daí, a prioridade da sua defesa assim como da sua sobrevivên-cia. Essa nova situação levou-os à constituição de uma estrutura social, embora com carate-rísticas bastante empíricas. O fornecimento de alimento, peles e ossos de animais além de ou-tros utensílios destinados à proteção, defesa e manutenção de todo o grupo passou a ser a estratégia e o objetivo principal. Foram, então, estabelecidas “regras” internas destinadas a tarefas diversas como segurança e caça. Instin-tivamente, a alternativa mais coerente e mais segura seria a de usar o que a natureza em torno de si, lhes oferecia.

Como resultado disso, o início da domestica-ção de animais e o desenvolvimento de uma agricultura, ainda que primitiva passou a mo-dificar a paisagem local. O aprimoramento e o aperfeiçoamento dessas atividades por deter-minados grupos de indivíduos em detrimento a outros menos evoluídos provocou a agregação desses últimos aos mais “tecnicamente” prepa-rados e organizados para, dessa forma, enfren-tarem inimigos e as intempéries da natureza.

Todas essas ações e atitudes se constituíram do início do crescimento e da evolução social do homem primitivo bem como de todo um processo de desenvolvimento produtivo que, mais tarde, viria a ser uma das maiores ativi-dades humanas no planeta Terra a atividade econômica.

o PRocESSo dE induStRialização no mundoVamos, agora, nos transportar para fins do sé-culo XVIII e início do século XIX, quando efeti-vamente o processo de industrialização passou a ser a atividade econômica vital e de maior importância no mundo. Entre os países que mais se destacaram nessa nova perspectiva econômica, a Inglaterra se sobressaiu de ma-neira marcante, talvez por ter uma visão mais futurística para a época.

Essa mudança foi assim denominada de Pri-meira Revolução Industrial, quando, então, surgiu a primeira máquina movida a vapor. A partir daí, aconteceu uma mudança brusca nos rumos da industrialização: os teares de fiação utilizados pelas grandes indústrias de tecela-gem da época e, até então, operados manual-mente, foram permutados por equipamentos mais modernos, porém movidos à eletricidade, passando a ser um marco na modernidade. O processo de industrialização trouxe, sem dúvi-da alguma, muitas vantagens para a economia mundial, entretanto, passou a causar uma sé-rie de muitos danos ambientais, em razão da intensiva exploração dos recursos naturais e da ocupação dos espaços terrestres. Não ha-via, na época, nenhum controle ou a existên-cia de um planejamento adequado para o uso dos recursos naturais, o que somente veio, de fato, a acontecer já no final do século vinte, por ocasião da realização da Eco-92. A par-tir daí, passa a prevalecer, em todos os países do mundo, a consciência da preservação e da proteção ambiental. Entretanto isso era total-mente impossível no início da industrialização, devido à ausência do conhecimento humano sobre a importância do meio ambiente, até mesmo para sua própria sobrevivência.

Saiba maiS

Futurística: futurismo, movimento que se inicia com o século XX agressivamente dirigido para o futuro, pregando a destruição da arte anterior (inclusive sim-bolista, impressionista, naturalista etc.) Eco-92: Rio-92, Cúpula ou Cimeira da Terra são no-mes através dos quais é mais conhecida a Confe-rência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), realizada entre 3 e 14 de junho de 1992, no Rio de Janeiro. Tem como objetivo principal buscar meios de conciliar o desen-volvimento sócio-econômico com a conservação e proteção dos ecossistemas da Terra.

O crescente avanço da atividade industrial, especialmente, a partir do século XlX, deu-se, também, em direção a outros países europeus, como a França, a Bélgica, a Holanda, a Ale-manha, a Itália, além de alguns países de ou-tros continentes, como os EUA na América e o Japão na Ásia. De uma forma geral, essas nações viriam a se tornar, posteriormente, até os dias atuais, as potências que iriam dominar o mundo em tecnologia e poder econômico, em especial, os EUA, que hoje, sem sombra de

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41dúvidas, são a maior potência não apenas na economia e na industrialização mas também no segmento militar do planeta.

A evolução industrial não parou de crescer, e, a partir do século XX, especialmente após a 2ª Guerra Mundial, os países do chamado ter-ceiro mundo também passaram por um pro-cesso de aceleração de crescimento industrial, como é o caso do Brasil. As empresas estran-geiras, chamadas de multinacionais, adotando um planejamento estratégico e obedecendo a um plano mundial de expansão das suas ati-vidades denominadas econômicas, instalaram filiais em vários países do terceiro mundo, com o intuito de aproveitar a mão-de-obra acessível e barata, menos impostos e a conquista de no-vos mercados. Isto permitiu que hoje alguns países da periferia do mundo sejam também considerados potências industriais.

Entretanto, a industrialização não resultou necessariamente na melhoria de vida das po-pulações ou no desenvolvimento desses países recém-industrializados. Como havia a necessi-dade de recursos internacionais, o aprofunda-mento da dependência externa passou a ser uma constante, gerando, consequentemente, a aceleração da dívida externa. Paralelo a isso, a degradação dos ecossistemas somente tendeu a crescer, tudo decorrente da ausência de um pla-nejamento estratégico de proteção ambiental.

Chegamos ao século XXI, e, até hoje, as mu-danças foram mínimas. Os países considerados os maiores produtores do mundo são exata-mente os mesmos que mais poluem o planeta.

o PRocESSo dE induStRialização no bRaSilNo Brasil, procedeu-se da mesma forma. A histó-ria da industrialização brasileira pode ser dividida em quatro períodos principais: No primeiro cha-mado de “Proibição,” fazia-se restrição ao de-senvolvimento de atividades industriais no país.

Apenas uma pequena indústria para consumo interno era permitida, devido à distância existen-te entre a metrópole e a colônia. As atividades

eram, principalmente, de fiação, calçados, va-silhames, etc. Entretanto, na Segunda metade do século XVIII algumas indústrias começaram a crescer, como a do ferro e, da indústria têx-til. Mas, foi com a transferência da família real portu-guesa para o Brasil, em 1808, que o Rei D. João VI abriu os portos do Brasil ao comércio exterior. Desse modo, a indústria têxtil obteve um crecimento significativo e, no ano seguinte, as matérias-primas necessárias a indústrias do país receberam isenção das taxas alfandegárias. Mes-mo assim, esses incentivos não foram totalmente suficientes para alavancar o processo de forma satisfatória. Além do mais, as elites enriquecidas pelo cultivo do café ainda não estavam dispos-tas a investir nessa nova atividade econômica. O segundo período denominado de “Implantação” ocorreu entre 1850 e 1930. Nessa época, acon-teceram dois fatos que trouxeram benefícios para o desenvolvimento industrial brasileiro:

• Oscapitaisqueanteseramaplicadosnacom-pra de escravos, ficaram disponíveis e em ra-zão disso, foram aplicados no setor industrial;

• Como a cafeicultura estava em pleno de-

senvolvimento necessitava de mão-de-obra; estimulou-se a entrada de um número consi-derável de imigrantes, principalmente italia-nos, japoneses e alemães. Com eles, vieram, também, novas técnicas de produção e de manufaturados.

Saiba maiS

Manufaturado: que é ou o que resulta de manufatu-ração, de trabalho manual ou mecânico

Surgiu, então, a primeira mão-de-obra assala-riada no Brasil bem como a primeira força de trabalho especializada. Dados do 1° censo in-dustrial do Brasil, realizado em 1907, indicavam a existência de pouco mais de 3.000 empresas. No entanto o 2° censo, realizado em 1920, já mostrava a existência de mais de 13.000 novas empresas, caracterizando, assim, um grande crescimento dessa nova atividade econômica no país. O terceiro período, também chamado de fase da Revolução Industrial Brasileira, du-rou de 1930 a 1956. Esse período foi marcado pela grande depressão norte-americana com a quebra da Bolsa de Nova York e pela Revo-lução de 1930. Houve mudanças decisivas no

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42plano da política interna. O governo getulista adotou uma política totalmente industrializan-te, substituindo a mão-de-obra imigrante pela nacional. Foram feitos investimentos na infra-estrutura industrial, com o surgimento de em-presas estatais, como o Conselho Nacional do Petróleo, em 1938, a Companhia Siderúrgica Nacional, em 1941, a Companhia Vale do Rio Doce, em 1943 e, finalmente, a Companhia Hidrelétrica do São Francisco, em 1945. A par-tir daí, o desenvolvimento industrial brasileiro ocorreu de forma acelerada, principalmente nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Mi-nas Gerais e do Rio Grande do Sul, definindo, desse modo, a grande concentração espacial da indústria nacional, que permanece assim, até os dias de hoje, com algumas exceções, na região Nordeste. O quarto período iniciou-se em 1956 e foi chamado de Internacionaliza-ção da economia brasileira.

Saiba maiS

Governo getulista: período em que Getúlio Vargas foi presidente da República ou em que exerceu domínio sobre a política brasileira (1930-1954).

Nessa fase, outras atividades industriais pas-saram a se desenvolver com tecnologias mais avançadas, dentre elas, a mineralogia, a side-rurgia e a metalurgia. Houve um aumento sig-nificativo tanto na produção de petróleo quan-to na potência de energia elétrica instalada, visando, desse modo, assegurar a instalação de outras novas indústrias no país. Um outro setor que também se desenvolveu bastante foi o rodoviário. Constata-se, a partir de então, o avanço em três grandes segmentos da econo-mia brasileira:

• Osiderúrgicoemetalúrgico,comoinícioda produção de automóveis;

• Oquímicoefarmacêutico; • Aconstruçãonaval,implantadanoRiode

Janeiro em 1958.

No entanto, como vimos anteriormente, o de-senvolvimento industrial brasileiro foi calcado em grande parte, através do capital estrangei-ro, atraído por incentivos tarifários, fiscais e cambiais, oferecidos pelo governo às multina-cionais. Além disso, a oferta de grandes áreas

específicas para a instalação das indústrias, na periferia das grandes cidades, foi outra adota-da pelos estados brasileiros. Surgiram, então, os chamados pólos ou distritos industriais. Também nesse período, teve início, em maior escala a internacionalização da economia bra-sileira através da instalação dessas empresas multinacionais. Para sustentar o crescimento industrial, a oferta de produtos foi direciona-da para a classe média alta em razão do seu forte poder aquisitivo bem como através do financiamento de bens de consumo.

Contudo, assim como o resto do mundo, o Brasil não se preocupou com as questões da proteção ambiental, principalmente nas re-giões de maior concentração das indústrias, como a região do ABC paulista. A cidade de Cubatão, SP foi considerada, na época, a ci-dade símbolo da poluição ambiental brasileira. Todavia, hoje a situação é bastante diferente naquela localidade e já existe, em nível nacio-nal, um plano de controle ambiental por parte das indústrias, sob a fiscalização de órgãos do governo. Mesmo assim, alguns acidentes am-bientais vêm ocorrendo ocasionalmente, tanto pelo não cumprimento dessas normas como também pela própria deficiência dos meios públicos de fiscalização.

Saiba maiS

ABC paulista: área do interior do estado de São Pau-lo, especificamente nos municípios de Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano, onde se concentram as grandes indústrias do Brasil.

Figura 1- Imagem de uma fábrica no início da industrialização

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Figura 2a e 2b - Imagens do interior de indústrias. FONTE: Wikipedia

Figura 3- Área externa de uma fábrica.

PRocESSo dE induStRialização: anÁliSE daS conSEquÊnciaSNão se pode frear o progresso nem inibir o avanço tecnológico das indústrias; isto é uma ação natural do ser humano. O que deve e pode ser feito é o controle e o monitoramen-to do efeito devastador das indústrias sobre o meio ambiente. Poderíamos citar uma série de consequências negativas com danos irrepará-veis à natureza. No bojo de qualquer projeto industrial produzido atualmente, existe, por força de lei, um plano de acompanhamento dos reflexos decorrentes do processo industrial sobre o meio ambiente, em que esta situase. É o chamado RIMA Relatório de Impacto Am-biental. Se o ser humano tivesse pensado dessa forma no início do processo industrial, prova-velmente não veríamos hoje as consequências negativas no meio ambiente, resultantes de praticamente dois séculos de industrialização

no mundo. A conscientização ecológica não estava presente neste, naquela época. Entre-tanto, hoje esse trabalho é meramente possível e necessário.

Vamos mostrar a seguir, embora de forma re-sumida, alguns impactos ambientais de maior intensidade, com a instalação de uma empresa de qualquer porte ou ramo de atividade. Toda-via, dos impactos ambientais provocados por ela, alguns são possíveis de serem recuperados. Mas, na maioria dos casos, outros estão total-mente condenados à extinção. A migração das espécies nativas está mudando a paisagem an-tes existente no ecossistema agredido. A força do progresso não deve sobrepor-se à riqueza da natureza.

Deve haver uma co-existência pacífica, em que ambos possam conviver em harmonia. E essa condição é totalmente alcançada por meio do desenvolvimento sustentável. Mostramos a se-guir algumas consequências ambientais surgi-das com a implantação de uma determinada indústria.

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Sabemos que um parque industrial, ao ser implantado, mesmo diante dos benefícios só-cioeconômicos que as indústrias promovam numa determinada região, provoca direta ou indiretamente, grandes impactos sobre o meio ambiente onde estão situadas. Esses efeitos negativos atuam desde a fase de implantação até o pleno processo de funcionamento des-ta. A área definida para a implantação de um projeto industrial perde todas as suas caracte-rísticas naturais e primitivas, em razão, como vimos acima, da perda dos seus recursos na-turais e consequentemente, do ecossistema ali existente. Seja um projeto de irrigação instala-do numa área de caatinga, seja uma indús-tria madeireira instalada numa área de flores-ta ou, até mesmo, um conjunto habitacional implantado numa área periférica de qualquer cidade; todos eles provocam de imediato, da-nos irreparáveis à natureza, muito embora, em nome do progresso. Já vimos que é uma característica humana transformar o meio am-biente em seu próprio benefício.

Entretanto, o que tem de ser feito, é um tra-balho de conscientização ambiental, seja junto às próprias indústrias, bem como a população que gravita em torno dela. Hoje, existem equi-pamentos técnicos capazes de controlar o má-ximo possível a poluição residual das chami-nés e dos esgotamentos de restos de materiais das fábricas. A necessidade de proteção dos mananciais localizados em áreas contíguas a essas indústrias deve ser uma medida priori-tária tanto na manutenção do que restou do ecossistema quanto para toda a comunidade que deles se utiliza.

Saiba maiS

Manancial: mina de água; olho-d’água, nascente, fonte.

imPactoS SobRE a natuREzaTentaremos entender o que tudo isso repre-senta para a natureza. É necessário ter a sensi-bilidade de observar que, mesmo como já afir-mamos anteriormente, os benefícios gerados pela instalação e operação de uma indústria numa determinada região tem os seus valores, sociais e econômicos validados pelo o que ela representa.

Vamos refletir, dentro de uma visão ambienta-lista, de que maneira o homem pode fazer ou viver com toda uma tecnologia em torno dele. Usufruir do que há de mais moderno para o seu conforto, se não dispõe de uma água po-tável de qualidade para beber, de alimentos sadios, sem a contaminação por agrotóxicos, que tenha à sua disposição a existência de um ar puro para respirar, evitando assim, a presen-ça de doenças pulmonares e que, finalmente, disponha de um ambiente livre de pragas de insetos, de ratos e de outros animais nocivos oriundos de ambientes degradados.

O ideal ainda é que a sua visão enxergue um horizonte livre de cartazes poluentes e os seus ouvidos não sejam perturbados por barulhos ensurdecedores, provocados pela poluição au-ditiva. O bem-estar social é condição funda-mental para uma vida saudável constituindo-

Problemas ambientais surgidos com a implantação de uma indústria: regra geral

Fase de implantação

Danos ao meio ambiente

Preparação do terreno

Desmatamentos, movimentação de terras, trânsito de máquinas pesadas, descaracterização do solo, queimadas, quebra dos ecossistemas, eliminação da cobertura vegetal nativa, eliminação e migração de animais, desvio dos cursos de água, poluição sonora, poeira, etc.

Construção civil

Tráfego intenso de veículos pesados, poeira, restos de materiais (tijolos, cimento, madeira, ferro, pa-pel, tintas, etc.), construção de acampamentos, restos de alimentos, trânsito constante de operários, construção de habitações, poluição sonora, poluição visual, acúmulo de lixo, etc.

Operação Movimentação de pessoas, tráfego intenso de veículos de grande porte e de automóveis, produção de resíduos, fumaça, poluição sonora, poluição visual, surgimento de habitações com condições pre-cárias e localizadas próximas à indústria, construção de barracos comerciais, acúmulo de lixo urbano, etc.

Ampliação Os mesmos efeitos anteriores porém com maior intensidade, em razão das condições ambientais já estarem alteradas, havendo, portanto, um maior comprometimento da área.

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45se como o objetivo maior do ser humano. A ausência dessa condição de vida pode levá-lo a sofrer profundas seqüelas físicas, psíquicas e orgânicas, sendo algumas delas, às vezes, irreparáveis. Mudanças de comportamento, da sua maneira de viver, do seu hábito ali-mentar são fatores de influência originários do cotidiano moderno, que atuam no organismo humano, predispondo-o a consequências mais graves, como determinadas doenças cardía-cas, provocadas pelo stress, estando o mesmo completamente vulnerável todos os dias.

Esses fatores são geralmente mais atuantes para quem vive nas grandes concentrações ur-banas. Temos ainda que entender que a natu-reza levou milhares de anos para formar deter-minados ambientes terrestres, como florestas, manguezais, rios, cachoeiras, etc e surge, en-tão, o homem, dentro de um comportamento antrópico, egoísta e centralizador, modifican-do o ambiente e toda a sua paisagem natural, sem sequer se preocupar com as consequên-cias que esse seu ato pode provocar ao meio. A natureza é muito pródiga em refutar as ações humanas sobre ela, com respostas negativas e contundentes, como se estivesse mandando ao seu maior degradador, a sua resposta ao crime cometido.

Saiba maiS

Degradador, degradante: que degrada e altera as condições naturais do meio ambiente.

Sabemos, ainda, que a recuperação dos ecos-sistemas terrestres e aquáticos provocados por acidentes ou danos ambientais levará nova-mente milhares de anos para uma nova estabi-lização ou, talvez, quem sabe, não volte jamais a ser como era antes.

outRaS açõES antRóPicaSNão é somente a implantação de indústrias que causa danos ao meio ambiente. Outras ações humanas contra a natureza provocam também danos, às vezes, bem maiores e irre-paráveis, dependendo do seu grau de intensi-dade. Citamos alguma delas:

- desmatamentos;- queimadas;- resíduos químicos;- lixo urbano.

Como forma de entendimento, faremos, a se-guir, algumas abordagens, de forma resumida sobre cada uma delas e o que representam os da-nos causados à natureza e ao próprio homem.

dESmatamEntoSO desmatamento, também chamado de des-florestamento, nas florestas brasileiras teve início com a descoberta e a chegada dos co-lonizadores portugueses ao Brasil. Havia o interesse dos colonizadores pelo comércio de pau-brasil, madeira existente em abundância no novo continente descoberto e que seria o marco inicial de uma atividade econômica por-tuguesa, que duraria ainda por muito tempo.

O primeiro ecossistema brasileiro a ser degrada-do foi a Mata Atlântica, que em razão da estra-tégica localização litorânea, oferecia melhores condições de extração da madeira,transporte e o carregamento do produto nos navios. A madeira era comercializada na Europa e desti-nava-se, principalmente, ao fabrico de móveis e instrumentos musicais e, também, à colora-ção de tecidos. A partir daí, as ações de des-matamentos permaneceram até os dias atuais, como uma atividade comercial considerada normal e rentável. Hoje, o ecossistema Mata Atlântica está reduzido a pequenas áreas dis-tribuídas ao longo do litoral brasileiro. Em re-lação a sua área original, as “manchas” agora existentes representam atualmente, apenas, o percentual de 13% da área total que havia na época do descobrimento.

Independentemente do nível de degradação em áreas consideradas de maior concentração de impactos ambientais, como a Amazônia e a Mata Atlântica, o desmatamento no Bra-sil ocorre também em outras regiões do país, como o cerrado, a caatinga e os manguezais. A transformação desses ecossistemas em áre-as agrícolas, com a implantação de culturas agrícolas (cana-de-açúcar, soja, milho, feijão, e trigo), assim como a introdução da pecuária de corte, foram fatores decisivos na descarac-

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46terização das nossas áreas nativas. A expansão habitacional, o crescimento populacional, o comércio madeireiro e a atividade de minera-ção também contribuíram, de forma intensiva, no processo de desmatamento.

Esse problema ecológico não é um fato isolado no Brasil. No mundo, países, como a China, a Rússia e os Estados Unidos, enfrentaram, tam-bém, a destruição da suas florestas em razão do progresso e da industrialização. No Brasil, a consciência ambiental está surgindo, embora de maneira lenta, por falta de um trabalho de maior entendimento e da plena conscienti-zação de todos os níveis sociais, trabalho esse que deveria ser feito por parte do estado, das universidades, das escolas públicas e privadas e da própria sociedade como um todo. A edu-cação ambiental passa a ser, a partir de agora, um instrumento específico e de maior eficá-cia na solução desse crucial problema. É bom frisar que o desmatamento também contribui para redução da oferta de água de fontes na-turais, prejudica o solo, comprometendo os microrganismos nele existentes e deixando-o ainda sem uma cobertura vegetal de proteção, o que permite, de imediato, o início de um processo de erosão.

A devastação florestal é uma preocupação constante entre os ambientalistas. Ela interfere na fauna e na flora dos ecossistemas. Contri-bui, ainda, como já vimos, para a poluição da água, do ar e empobrecimento do solo.

Para termos uma idéia da grandeza desse pro-blema, somente na floresta amazônica, cerca de 15% dos seus 5 milhões de quilômetros quadrados originais já foram destruídos. Se-gundo dados do IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, estudos preliminares indicam que o número de queimadas no Bra-sil cresceu assustadoramente, em todas as re-giões do país. A Mata Atlântica, assim como outros biomas brasileiros estão em plena fase de degradação, tudo provocado em nome do progresso e da tecnologia moderna. Não se pensa no dia de amanhã. Segundo estudos de previsibilidade, essa floresta pode desaparecer nos próximos 50 anos, se nada for feito para salvar o que dela resta e, ainda, se o ritmo de destruição permanecer o mesmo.

aS conSEquÊnciaS do dESmatamEnto

Sabemos que as modificações provocadas pelo desmatamento na cobertura vegetal do solo alteram os ciclos biológicos dos ecos-sistemas. Como resposta, a natureza reage com alterações climáticas que, consequente-mente, irão provocar danos ao ser humano, o seu principal responsável. Segundo o IBA-MA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis, num processo rotineiro de fiscalização, verificou-se que, no espaço de alguns dias dessa operação, fo-ram detectadas seis áreas de desmatamento equivalentes a 370 campos de futebol. Isso aconteceu nos estados de Santa Catarina e Paraná. Listamos, abaixo, algumas consequ-ências provocadas ao meio ambiente pelo desmatamento.

PRoblEmaS dEcoRREntES do dESmatamEnto:

• Alteraçõesclimáticas; • Empobrecimentoeesterilidadedossolos; • Erosão; • Reduçãodasáreasdestinadasàprodução

agrícola; • Reduçãodosíndicesdepluviosidade; • Diminuiçãonaofertadealimentos; • Quebradosecossistemaspelaausênciade

algumas espécies.

Como pudemos observar, além dos danos causados ao ambiente, a ação danosa do des-matamento somente vai trazer consequências negativas para o próprio homem. Esses danos são, às vezes, irreparáveis. Devemos, pois, to-mar atitudes contrárias a esses fatos, agindo com uma consciência ambientalista em defesa da natureza.

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Figura 4a, 4b, 4c e 4d - Imagens de áreas com desmatamentos e queimadas. FONTE: Wikipedia

INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, durante os meses de junho a novembro, gran-de parte do país é acometido por queimadas, que se estendem praticamente por toda a região Norte e Centro Oeste, sejam elas com maior ou menor intensidade.

A queima da vegetação nativa é normalmente empregada para fins diversos na agroindús-tria, na renovação de áreas de pastagem, na remoção de restos de culturas acumulados no campo, no preparo do corte manual nas plantações de cana-de-açúcar etc. Embora seja negativa para o ambiente, trata-se de uma al-ternativa tradicional, considerada por muitos como eficiente rápida e de custo relativamente baixo, quando comparada a outras técnicas utilizadas para os mesmos fins.

Os estados brasileiros que, tradicionalmente, apresentam o maior número de focos de quei-madas são Mato Grosso, Amazonas e Pará. No Brasil, as queimadas passaram a ser objeto de preocupação para os ambientalistas. Elas atin-gem os diversos sistemas ecológicos e planta-ções agrícolas, provocando impactos ambien-tais, tanto local como regional. Comparado a outros países, o Brasil apresenta estatísticas alarmantes relacionadas às queimadas. Na Re-gião Amazônica, elas representam em torno de 70 % das emissões brasileiras de gases do efeito estufa. Há uma preocupação dos órgãos de fiscalização do governo, de tentar reduzir esses números estatísticos em um menor tem-po possível.

Outra decisão importante adotada pelo gover-no foi a criação de unidades de conservação ambiental nas regiões de maior concentração de queimadas. Segundo informações do jornal A folha de São Paulo, 12/03/08,

no mês de janeiro do corrente ano, enquan-to o governo divulgava medidas para tentar conter o ritmo acelerado de desmatamento na Amazônia, uma área equivalente a 40% da cidade de São Paulo foi devastada na região, informa reportagem de Marta Salomon.

Também como consequência dessa atividade antrópica, o desmatamento na Floresta Ama-zônica está causando uma infestação de co-bras na cidade de Belém, no Pará, segundo

quEimadaS

Assim como os desmatamentos, as queimadas são também fatores degradantes da natureza sendo também provocadas pelo ser humano. Geralmente, na maioria dos casos, essas duas atividades estão sempre juntas. Pois, uma é consequência da outra. Segundo dados do

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48informou o IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Portanto, algo tem que ser feito, seja através do estado ou da própria sociedade brasileira. Os fatos estão sendo mostrados diariamente pela mídia nacional e internacional. Não po-demos, pois, fechar os olhos ou tornarmo-nos indiferentes diante dessa realidade.

PRoblEmaS dEcoRREntES daS quEimadaS:

• Doençasrespiratórias; • Reduçãodafertilidadedossolos; • Reduçãodavisibilidadeaéreaemrotasde

aviões e ao longo das rodovias, podendo provocar acidentes;

• Quebradosecossistemascomamigração

ou o extermínio das espécies neles exis-tentes;

• Favorecimento ao agravamento do efeito

estufa; • O calor provocado pode chegar a 600

graus centígrados.

Figura 5 - Imagem de queimada em uma área.

misturas de substâncias químicas diversas, tais como solventes, sobras de reações, reagentes, soluções, etc. Essas substâncias, quando der-ramadas acidentalmente ou não, em áreas de riscos, como rios, lagoas, represas, reservató-rios e em áreas agrícolas, podem resultar em sérios danos à natureza. Em alguns casos, po-dem se tornar ainda mais nocivas, se mistura-das a outros componentes químicos. As causas mais evidentes da presença constante dessas substâncias na natureza são decorrentes da alta concentração de materiais químicos origi-nários dos esgotamentos de indústrias locali-zadas em determinadas áreas. São elementos altamente poluentes e, por diversas vezes, já ti-vemos conhecimento de acidentes ambientais por eles, provocados. O resultado é sempre o mesmo: a contaminação de águas de super-fície e subterrâneas, contaminação do solo e subsolo e a mortalidade de animais aquáticos. Em outros casos, a qualidade do ar fica tam-bém comprometida.

A razão da maioria de acidentes com pro-dutos químicos está atrelada ao manuseio destes de maneira errada ou por pessoas desconhecedoras das normas de proteção. O armazenamento inadequado bem como o carregamento e o transporte de cargas com material dessa natureza em vias públicas e ro-dovias, sem a devida segurança, resultam, na maioria das vezes, em acidentes. Dependen-do da natureza química de alguns produtos, os resíduos são capazes de provocar danos irreparáveis ao ambiente.

PRoblEmaS dEcoRREntES doS acidEntES com RESÍduoS quÍmicoS:

• Comprometimentodoecossistema; • Contaminaçãodaágua; • Contaminaçãodosoloedosubsolo; • Explosão; • Corrosão; • Toxicidade; • Doenças em seres humanos e animais.

RESÍduoS quÍmicoSDevido ao seu alto potencial de provocar ris-cos aos seres humanos, aos animais e ao meio ecológico, os resíduos químicos são uma preo-cupação constante dos órgãos de fiscalização ambiental. Eles são o resultado dos restos ou

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Figura 6 a- Na foto, material químico abandonado numa área.

Figura 6b - Na foto, forma correta de manuseio de material químico.

Com essa mudança de comportamento social, a humanidade está produzindo cada vez mais lixo, seja nas grandes cidades ou, até mesmo, nas pequenas populações do interior, em ra-zão da globalização, que alcança praticamente todas as partes do planeta.

A produção de lixo é inerente à condição hu-mana e, como esse processo, é irreversível, temos, que buscar alternativas que envolvam também a questão da cidadania, que busquem a reeducação e o comportamento do ser hu-mano quanto ao acúmulo de lixo. Para se ter uma idéia da sua dimensão, vejamos, então, o tempo que a natureza leva para decompor alguns dos produtos jogados no lixo:

• Papel:de3a6meses• tecido:de6mesesa1ano• Filtrodecigarro:5anos• Gomademascar:5anos• Madeira:13anos• Nylon:maisde30anos• Plástico:maisde100anos• Metal:maisde100anos• Borracha:tempoindeterminado• Vidro:1milhãodeanos.

o quE É o lixo? São resíduos produzidos pelas pessoas e joga-dos ao longo de qualquer ambiente: nas ruas, nas calçadas, no mar, nos rios, nos parques, etc. Tudo isso em razão da ausência de um emba-samento educacional sobre o meio ambiente.

Na sua maioria, o lixo urbano é constituído de vários materiais, dentre eles, embalagens de produtos já utilizados, como plásticos, papéis, papelões, madeira, isopor, jornais e revistas velhas, panfletos de propaganda e outros de maior efeito residual, como pilhas, baterias, computadores, pneus, etc. A existência de um amplo programa, voltado para a proteção da natureza e objetivando a educação ambiental como o seu ponto forte, é o sonho de todo ambientalista.

O problema do lixo urbano poderia ser evitado ou reduzido com a existência de lixeiras estra-tegicamente colocadas em vários pontos das grandes e pequenas cidades, onde as pessoas

lixo

aumEnto daS PoPulaçõES no mundo, aumEnto do lixo uRbano

A população humana no planeta Terra tem alcançado um crescimento vertiginoso, princi-palmente nos últimos cem anos. No início de 2007, os dados mostravam cerca de 6,6 bi-lhões de pessoas. De acordo com projecções populacionais, este valor continua a crescer a um ritmo sem precedentes. Em razão disso e com a influência da mídia, tem-se observado, em todos os países do mundo e, principal-mente, no Brasil, um elevado e exagerado con-sumo de produtos industrializados, graças à oferta da tecnologia moderna, voltada para os bens materiais, como roupas, veículos, móveis, eletroeletrônicos, diversos além de alimentos.

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50“preparadas ecologicamente” depositariam o seu lixo. No Brasil, essa conscientização sobre a necessidade de se evitar jogar lixo em qual-quer local bem como as consequências este representa para o meio ambiente já estão se formando no seio da sua população e faz parte integrante de um programa social direcionado para a questão da formação da cidadania. Sa-bemos que o acúmulo de lixo é o maior res-ponsável pelos transtornos causados durante as chuvas torrenciais, quando, por razões do entupimento das galerias e bueiros de dre-nagem, canais e esgotos sanitários, resultam no transbordamento e alagamento das vias de acesso. Pois, na época das invernadas, as águas retidas por essas estruturas obstruídas, alagam ruas e casas, favorecendo a presença de ratos, insetos e até de répteis.

Quanto à sua composição, o lixo urbano, é bastante diversificado e varia de acordo com o nível educacional, condições sócio-econômicas e hábitos de uma determinada população. De uma forma geral, o lixo compreende os se-guintes materiais:

conStituição do lixo uRbano

• Matéria orgânica: restos de alimentos, da sua preparação e limpeza

• Papel e papelão: jornais, revistas, caixas e

embalagens • Plásticos: Garrafas, garrafões, frascos, em-

balagens diversas • Vidro: garrafas, frascos, copos, lâmpadas

queimadas • Metais: latas diversas, embalagens de refri-

gerantes, bebidas, óleos • Outros: roupas, isopor, baterias, pilhas,

calçados, madeira, Pneus, entulhos de construção, etc.

Calcula-se que a produção média diária de lixo por pessoa, seja em torno de 1,3kg. Isto, de-pendendo logicamente das condições acima citadas. Dessa forma, numa cidade de 10.000 habitantes, a produção de lixo seria de aproxi-

madamente 10,3 toneladas de lixo por dia. A produção diária de lixo do ser humano é gera-da a partir dos seus próprios hábitos. Seja ali-mentando-se, vendo televisão, lendo, fuman-do, praticando lazer, viajando, trabalhando, etc. Com relação ao recolhimento, transporte e tratamento do lixo em locais apropriados, o processo obedece a critérios pré-estabelecidos pelos órgãos de limpeza pública e pelas normas de tratamento do lixo urbano, por meio da coleta seletiva em depósitos específicos colo-cados nas ruas e de acordo com a natureza do lixo (orgânico ou inorgânico). Após ser coleta-do, o lixo é transportado e armazenado em lo-cais próprios, os chamados aterros sanitários.

Existem alguns procedimentos no tratamento do lixo urbano e adotados nos grandes centros habitacionais. Dentre eles, a transformação do lixo em adubo orgânico pela compostagem, para ser utilizado na agricultura; outro método é a sua transformação em bioenergia, através de biodigestores. Conclui-se, portanto, que o homem é um produtor contínuo de lixo, se comparado a outros animais. Assim, não po-demos impedi-lo de produzir resíduos, pois faz parte da sua forma de viver. Entretanto, podemos impedi-lo, ou pelo menos educá-lo e conscientizá-lo da necessidade lógica e eficaz, em nome da natureza, de jogar o lixo no lixo. Vejamos a seguir, algumas das consequências ambientais, provocadas pelo acúmulo de lixo:

Saiba maiS

Compostagem: reciclagem do lixo para uso como adubo agrícola Biodigestor: relativo a ou equipamento instalado para a produção de biogás

PRoblEmaS dEcoRREntES do acÚmulo do lixo uRbano

• Concentração de ratos, baratas, moscas,escorpiões, aranhas; etc.

• Maucheiro; • Doençasrespiratóriasedepele; • Entupimentodeesgotosegalerias; • Poluiçãoambiental.

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51Essas informações nos mostram a importância que deve ser dada ao tratamento e à trans-formação do lixo urbano desde a sua coleta seletiva até o seu aproveitamento final, seja na agricultura ou na produção de energia. A conscientização da sociedade pela necessida-de de entender o problema do lixo como uma das alternativas para salvar o meio ambiente passa a ser uma constante. Se não agirmos com essa perspectiva, fatalmente poderão surgir, num futuro bem próximo, resultados negativos muito mais sérios. Essa conscienti-zação está agregada a outros procedimentos e às decisões políticas imediatas que deveremos adotar, se não quiser-mos deixar para as novas gerações um planeta doente e empobrecido das suas riquezas naturais.

Figura 7 - Lixo urbano sendo despejado em aterro sanitário. (foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

Com essa moderna tecnologia, a industrializa-ção avançou em direção ao resto do mundo, chegando, por fim, aos países em desenvolvi-mento. Todavia, não foi pensado, na época, nenhum programa de proteção ambiental, resultando na destruição dos vários ecos-sis-temas existentes, problemática essa que ainda persiste até os dias de hoje. A industrialização brasileira seguiu os mesmos passos adotados pelo modelo europeu, não se importando, também, com as questões ambientais.

Nessa visão, outras ações humanas também contribuíram para a degradação ambiental, até que recentemente, por ocasião da Eco-92, houve uma profunda mudança de direção e de pensamento. Mesmo assim, procedimentos errados, como os desmatamentos, as queima-das, os acidentes com resíduos químicos e a falta de um controle e tratamento mais rigo-roso do lixo urbano, deixaram sequelas irre-paráveis tanto para a natureza, quanto para o próprio homem, que sofre, até hoje, os seus efeitos. Vimos, também, que essas ações da-nosas levaram o planeta Terra a um quadro progressivo de destruição ambiental e que enxergamos como uma resposta da natureza ao próprio homem. A ocorrência de fenôme-nos até então desconhecidos por nós, como as alterações climáticas, o efeito estufa, o der-retimento das calotas polares, faz parte des-sa reação da natureza. No próximo capítulo, estudaremos, com um maior detalhamento, a existência e os efeitos desses fenômenos.

atiVidadES dE EStudo

1. Faça uma pesquisa a respeito do aproveita-mento do lixo urbano.

2. Numa análise crítica sobre o processo de industrialização brasileira, faça um apro-fundamento dos pontos positivos e nega-tivos sob o ponto de vista ambientalista.

REfERÊnciaSALMEIDA, J.R. (org.). Ciências Ambientais. Rio de Janeiro: Thex Ed, 2002.

RESumoAo finalizar este capítulo, tentaremos fazer uma retrospectiva de tudo o que foi abordado a respeito da preservação ambiental. Iniciamos pelo processo de industrialização, quando vi-mos a necessidade humana de transformar o ambiente natural em que vive, na obtenção do seu conforto, desde a sua alimentação, vesti-menta e proteção. A degradação ambiental iniciou-se com a evolução do próprio ser hu-mano. Já o processo de industrialização teve como base de formação a Europa nos séculos XVIII e XIX. Naquela época, o progresso foi in-crementado pela Inglaterra, com a invenção do motor a vapor e a sua utilização como força mecânica para a produção de energia elétrica destinada a mover as máquinas fiandeiras, em substituição aos teares manuais.

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52Agenda 21 do Estado de Pernambuco.

BURSZTYN, M.(org). Para Pensar o Desenvolvi-mento Sustentável. 2 ed. São Paulo: Brasiliense.

CUNHA, S. B.; Guerra, A. J. T. (org.). A questão ambiental: diferentes abordagens. Rio de Ja-neiro: Bertrand Brasil, 2003.

ODUM, E. P. Ecologia. Rio de Janeiro: Ed. Gua-nabara , 1988.

RICKLEFS, R. E. A Economia da Natureza. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Koogan, 1996. BRESSAN, M. (org). Para Pensar o Desenvolvi-mento Sustentável. São Paulo: Hucitec, 1996.

BRUN, R. Desenvolvimento ao Ponto Sustentá-vel. Rio de Janeiro: Vozes, 2001.

CAVALCANTI, C. (org). Desenvolvimento e Na-tureza: estudos para uma cidade sustentável. São Paulo: Cortez; Recife: Fundação Joaquim Nabuco.

DIAS, G. F. Educação Ambiental: princípios e práticas. São Paulo: Gaia, 1993.

SOARES, JOSÉ LUÍS Fundamentos de Biologia vol. Ed. Pedagógica e Universitária Ltda / SP. 2001.

LOPES, Sônia - Biologia Essencial Vol. Único Ed. Scipione SP 2004.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-tística -2008.

Dicionário eletrônico Houaiss da língua por-tuguesa.

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oS dESEquilÍbRioS ambiEntaiS:cauSaS E conSEquÊnciaS

Prof. José Sobral Cruz Carga horária I 15H

obJEtiVoS ESPEcÍficoS

• Discutirascausasdosdesequilíbriosam-bientais

• Dimensionar suas consequências para o

homem e para o planeta Terra unidadES tEmÁticaS • AquecimentoGlobal • EfeitoEstufa • DerretimentodasCalotasPolares • ProcessodeDesertificação

contEÚdo

Os desequilíbrios ambientais são o resultado dos impactos praticados pelos seres humanos contra a natureza. Durante séculos, desde o início da sua evolução até os dias atuais, o homem sempre buscou, no ambiente em torno de si, todas as condições necessárias à sua sobrevivência. Todavia, ao invés de res-peitar as regras da natureza, preservando-a e mantendo-a em condições de sustentabilida-de, ele fez exatamente o contrário: degradou todos os ambientes terrestres, unicamente em seu benefício. Dentre esses, os mais im-portantes e os de maior amplitude de efeitos

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54já foram estudados e abordados no capítulo anterior. Veremos, a partir de agora, o resul-tado e as consequências dessas agressões am-bientais, consideradas como uma resposta que a natureza está mostrando ao seu maior pre-dador, o próprio homem.

Sabemos que todas essas ações contra o meio, independentemente da sua extensão ou da intensidade do seu efeito, contribuíram, de forma direta ou indireta, para o que está acon-tecendo atualmente com o nosso planeta. As-sim, uma área que foi desmatada ou quei-mada, causando a eliminação das suas cadeias alimentares, a contaminação de um rio, de um lago, ou até mesmo, do oceano, comprome-tendo o seu ecossistema pelo derramamento de resíduos químicos nas suas águas ou final-mente, a emissão excessiva de gases poluen-tes na atmosfera, pondo em risco a camada de ozônio, tudo isso contribuiu para o resulta-do que conhecemos. Entendemos agora que esses fatos ou essas agressões degradaram a natureza numa velocidade crescente, ao longo de todo esse tempo, cuja intensidade dos da-nos a ela causados estudaremos a seguir.

aquEcimEnto GlobalCaracteriza-se pelo aumento da temperatura média dos oceanos e do ar. Esse fenômeno tem-se verificado próximo à superficie terres-tre, e esse quadro vem se mantendo nas últi-mas décadas.

As causas podem ser de origem natural, mas segundo os estudiosos do assunto, a possibili-dade de ser de origem antrópica é bem maior, tendo em vista a própria natureza de vida do ser humano.

Os estudos mostram que esse fenômeno ob-servado durante os últimos 50 anos influen-ciou o aumento da temperatura da Terra, podendo, no futuro, causar grave alterações ambientais, inclusive o aumento no nível dos oceanos, como veremos mais adiante. Sabe--se ainda que, nos últimos cem anos, a tem-peratura média da Terra elevou-se em 1 grau centígrado. Entretanto, as previsões são mais pessimistas e apontam para um aquecimen-to global em até cinco graus centígrados, nos próximos cinquenta ou cem anos.

O aumento da temperatura da Terra não é um fenômeno encontrado, apenas, numa deter-minada região específica do planeta mas, em todo ele. Este fato, embora possa ser atribuído a uma flutuação natural que vem ocorrendo há milhares de anos, passa a ser motivo de preocupação dos cientistas dessa área, devido à intensidade da sua ocorrência e aos danos por ela causados. Entretanto, a probabilidade científica é a de que possam mesmo estar mais relacionados com as ações humanas na Terra.

Figura 1a, 1b e 1c - A poluição atmosférica: causa principal do aquecimento global tem como consequência, o derretimento de gelo nas calotas polares.

cauSaS PRinciPaiS doaquEcimEnto Global

• Poluição atmosférica através da emissãode gases na atmosfera terrestre, principal-mente os derivados da queima de combus-tíveis fósseis, como a gasolina e o diesel,

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55além do dióxido de carbono, o metano, o óxido de azoto e os CFCs;

• Osdesmatamentoseasqueimadas,com-prometendo florestas e matas. Nesse caso, a ausência da cobertura vegetal permite que os raios solares atinjam diretamente o solo, permitindo a irradiação do calor na atmosfera.

• O Efeito estufa, fenômeno consequente

das ações anteriores.

Saiba maiS

Dióxido de Carbono: ou gás carbônico é um compos-to químico constituído de dois átomos de oxigênio e um átomo de carbono. A representação química é CO2. O dióxido de carbono é essencial à vida no pla-neta, visto que é um dos compostos essenciais para a realização da fotossíntese - processo pelo qual os organismos fotossintetizantes transformam a energia solar em energia química. Metano: um gás inodoro e incolor, de pouca solubi-lidade na água e, quando adicionado ao ar, se trans-forma em mistura de alto teor explosivo. É o mais simples dos hidrocarbonetos. O gás metano é, tam-bém, chamado de biogás. Óxido de azoto: resulta de combustão dos motores dos carros. Provoca, também, problemas respirató-rios e contribuem para a formação de chuvas ácidas. CFCs: equivale a carbono, flúor e cloro. Estas molécu-las, geralmente são emitidas por equipamentos refri-geradores, como geladeiras, ar condicionado dentre outros. São os principais agentes destruidores da ca-mada de ozônio.

conSEquÊnciaS do aquEcimEnto Global:

• Emrazãodoaquecimento,sãoatribuídosos degelos na camada de neve que cobre o monte Kilimanjaro, o ponto mais alto da África;

• Os Alpes suíços também sofrerão com o

degelo. Há previsão pes-simista do fecha-mento das estações de esqui até o ano 2050, se essa progressão permanecer na velocidade atual;

• O aumento do nível dos oceanos pode

favorecer, futuramente, a submersão de muitas cidades litorâneas no mundo;

• Maiorocorrêncianoplaneta,defuracões,inundações, secas, etc;

• Desaparecimento de várias espécies ani-

mais e vegetais, provocando o desequilí-brio dos diversos ecossistemas;

• Crescimentodosdesertoseosurgimento

de novos em florestas de países tropicais, como é o caso do Brasil.

outRoS EStudoS SobRE aquEcimEnto Global

Dados científicos dos últimos trinta anos, co-letados em 130 países do mundo, apontam, através do relatório final do IPCC – Painel In-tergovernamental de Mudanças Climáticas, possíveis mudanças ambientais que poderão ocorrer no planeta Terra, resultantes da ele-vação progressiva da sua temperatura. Essas informações, publicadas pelo jornal Diário de Pernambuco - Recife, de 4 de fevereiro de 2007, podem ser até assustadoras, mas nos conscientizam de uma realidade que poderá vir a acontecer, se não tomarmos as devidas precauções e não forem adotadas medidas severas de proteção da natureza. Mostramos a seguir, essas as informações:

POSSÍVEIS ALTERAÇÕES AMBIENTAIS, DECOR-RENTES DA ELEVAÇÃO DA TEMPERATURA DA TERRA (EM GRAUS CÉLSIUS)

Elevação da temperatura em 1 grau C

• Oencolhimentodasgeleiraspodeamea-çar o suprimento de água para 50 milhões de pessoas em todo o mundo.

• Mortede80%dos recifesde corais, em

especial, a grande barreira de corais na Austrália.

Elevação da temperatura em 2 graus C

• Quedade5%a10%naproduçãodece-reais na África Tropical.

• Cerca de 10 milhões de pessoas a mais

ficarão expostas a enchentes nas regiões costeiras do planeta.

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56• Entre15%a40%dasespéciesdeseres

vivos estarão ameaçadas de extinção. • Possibilidadedequeacamadadegeloda

Groenlândia comece a derreter de forma irreversível, elevando o nível dos oceanos em até sete metros.

Elevação da temperatura em 3 graus C • NosuldaEuropa,acontecerãoperíodosde

seca pronunciada a cada dez anos. • Cercade1bilhãoa4bilhõesdepessoas

a mais, enfrentarão períodos de falta de água;

• Aproximadamente,de150milhõesa550

milhões de pessoas a mais poderão morrer de desnutrição.

• IníciodocolapsodaFlorestaAmazônica. Elevação da temperatura em 4 graus C • As safrasdeprodutosagrícolasnaÁfrica

serão reduzidas entre 15% a 35%, o que representa a ocorrência de mais fome.

Elevação da temperatura em 5 graus C • Prováveldesaparecimentodasgrandesge-

leiras do Himalaia, prejudicando um quar-to da população da China e, também, de uma grande parte da Índia.

• A elevaçãodonível dosoceanospassa a

ser uma ameaça a pequenas ilhas costei-ras e a grandes cidades, como Nova York, Londres e Tóquio.

aquEcimEnto Global: o quE PodE SER fEito?

Algumas providências já foram tomadas pelos países envolvidos na solução desse problema, como a assinatura do protocolo de Kyoto.

Todavia, outras medidas paralelas devem ser seguidas, principalmente aquelas voltadas para a mudança do comportamento humano e relacionadas com o meio ambiente.

o PRotocolo dE KYoto

É o resultado de uma série de discussões sobre o aquecimento global, iniciadas em Toronto, no Canadá, em outubro de 1988.

Trata-se de um acordo internacional do qual participaram representantes, delegados e jor-nalistas de todo o mundo. Na ocasião, foram assumidos compromissos mais rígidos para a redução da emissão de poluentes que provo-cam o efeito estufa.

O documento discutido e negociado na cida-de de Kyoto, no Japão, em 1997, determina a redução em 55% das emissões de gases pelos países comprometidos com o acordo. Entretanto, os Estados Unidos, nação que mais emite poluentes no mundo, não assi-naram o documento, justificando que teriam o seu desenvolvimento econômico prejudi-cado com tal medida. Entretanto, podem ser apontadas outras alternativas paralelas na redução do problema, como veremos abaixo. Neste caso, não se pode desprezar a conscientização das pessoas por meio da Educação Ambiental.

outRaS SoluçõES

• Redução no uso de combustíveis fósseis(gasolina, diesel, querosene);

• Aceleraçãonautilizaçãodosbiocombustí-

veis (biodiesel e etanol); • Regulagem dos motores dos veículos e

instalação de catalisadores nos escapa-mentos;

• Maior controle na emissão de gases po-

luentes por parte das indústrias; • Utilização de fontes de energias renová-

veis, evitando as de uso de combustíveis fósseis;

• Estímuloaosistemadetransportecoletivo

nos grandes centros urbanos;

• Incentivoacoletaseletivadolixoeaoseuaproveitamento na produção de biogás;

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57• Evitar ou reduzir os desmatamentos e as

queimadas e incrementar programas de reflorestamento.

Observamos que, dentre todas as medidas acima descritas, a questão da conscientização ecológica encontra-se presente em todos os ítens. Se essa metodologia for bem trabalhada dentro de um processo de mudança compor-tamental, os resultados podem ser alcançados num espaço de tempo relativamente curto.

EfEito EStufa, camada dE ozÔnio E cHuVa ÁcidaO Efeito estufa, ocorre quando uma parte da radiação solar refletida pela superfície terrestre é absorvida por determinados gases pre-sentes na atmosfera. Como consequência, o calor fica retido, não sendo liberado ao espaço. O efei-to estufa existe naturalmente, na atmosfera, porém, dentro de uma determinada faixa de tolerância, assemelhando-se a uma “estufa” para plantas. Ele é de vital importância para a sobrevivência dos seres vivos; pois, sem a sua presença, as formas de vida como conhecemos não poderiam existir e, biologicamente, se tor-nariam inviáveis; Sem ele, também, a tempe-ratura do planeta teria bastante variações no intervalo entre o dia e a noite, inclusive com valores extremos.

Para um melhor entendimento, tentaremos ex-plicar como funciona o seu mecanismo: a su-perfície da Terra absorve a radiação do Sol, sob a forma de luz e calor; parte dessa energia é devolvida de volta para a atmosfera, agora sob a forma de calor; entretanto gases poluentes, como o CO2 retidos na atmosfera, dificultam a irradiação desse calor, aumentando, assim, a temperatura do ar.

Daí, quanto mais CO2, na atmosfera, mais calor retido e, conseqüentemente, maior ele-vação da temperatura. Como já sabemos, o fenômeno da elevação da temperatura irá pro-vocar danos no planeta.

Camada de ozônio: em torno da Terra, exis-te uma camada de um gás chamado ozônio,

situada entre 30 e 50km acima da superfí-cie terrestre, cuja função é proteger animais, plantas e seres humanos dos raios ultravioleta emitidos pelo Sol. Ela funciona como uma es-pécie de filtro protetor da vida, sendo capaz de absorver até 99% dessa radiação ultravio-leta. Sem a sua presença, a radiação destruiria a vida no nosso planeta. Isso também pode-rá acontecer, caso ela seja enfraquecida por gases poluentes, como os clorofluorcarbonos, os chamados CFCs. Estes compostos são resul-tantes da fabricação de aerossóis, equipamen-tos de refrigeração e da indústria de produtos plásticos.

Assim, o efeito desses gases, quer seja decor-rente do processo de industrialização ou atra-vés da ação do desmatamento, das queima-das e da queima de combustíveis fósseis, são fatores que irão contribuir tanto na formação do efeito estufa quanto na destruição da ca-mada de ozônio. Entendemos finalmente que existe uma relação bem próxima entre o efei-to estufa e a camada de ozônio. Vemos ain-da que as consequências são praticamente as mesmas para ambos os fenômenos. No caso da Camada de Ozônio, o mecanismo funciona da seguinte forma: o ozônio existe em quanti-dade mínima na atmosfera. Entretanto, cons-titui uma camada mais densa que envolve a estratosfera terrestre. Como os CFCs possuem baixa densidade, quando estão na atmosfera, migram imediatamente em direção à estratos-fera. Ali, sob a ação dos raios ultravioletas, de-compõem-se, liberando o cloro que, por sua vez, destrói o ozônio. Pesquisadores britânicos detectaram a existência de um buraco na ca-mada de ozônio, localizado sobre a região da Antártida. Todavia, outros registros científicos mostram que ela está se tornando cada vez mais fina em outras partes do planeta. Assim, o efeito desses gases, a exemplo do fenômeno anterior, quer seja decorrente do processo de industrialização ou através da ação do desma-tamento e das queimadas, da queima de com-bustíveis fósseis, são esses mesmos elementos que irão contribuir para a formação do efeito estufa assim como da destruição da camada de ozônio.

Chuva Ácida: é um outro fenômeno que pode ocorrer na natureza, em decorrência da emis-

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58são de gases na atmosfera. Os principais ele-mentos poluentes e responsáveis por este problema são o dióxido de enxofre e o óxido de azoto. Esses gases reagem com as gotas de água suspensas no ar, resultando em uma “chuva ácida”.

Outros agentes poluentes e responsáveis pela chuva ácida são as erupções vulcânicas, os processos biológicos que ocorrem no solo, nos pântanos e nos oceanos. As indústriais, as usinas termelétricas e os motores de veículos são, também, os principais emissores de gases poluentes, responsáveis pela chuva ácida. Esta, mesmo sendo “gerada” numa determinada re-gião do planeta, pode ser transportada pelos ventos e precipitada em uma outra parte do globo terrestre, totalmente distante e isenta da emissão dos gases, porém castigada pelo fe-nômeno. Por essa razão, a chuva ácida é, tam-bém, denominada de poluição transfronteiriça.

Figura 2a e 2b - Imagens de um buraco negro na camada de ozônio e o mecanismo do efeito estufa.

conSEquÊnciaS PaRao HomEm E PaRa o mEio ambiEntEO volume na emissão de gases poluentes que vão para a atmosfera está aumentando a cada dia, em razão da instalação de novas indústrias no mundo. E, como já vimos anteriormente, esses elementos poluentes vão diretamente interferir no equilíbrio do planeta Terra, em todos os sentidos, principalmente na elevação da sua temperatura. Porém, se não houver de-cisões mais enérgicas contra essa degradação, enfrentaremos no futuro uma série de altera-ções ambientais na natureza que, certamente, afetarão todos os seres vivos, inclusive nós, se-res humanos. Citamos algumas delas, a seguir:

• Mudançasclimáticasdrásticas; • Maiorincidênciadegrandestempestades,

furacões, tufões e tornados; • Desaparecimentodeespéciesdafaunae

da flora em diversas regiões do Planeta.

Figura 3a e 3b - Imagens de um centro urbano castigado pelo calor do sol e a esquematização da chuva ácida.

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59Essas alterações e mudanças ambientais no planeta Terra já estão acontecendo, embora, de uma forma menos intensa, com algumas exceções. Apesar de ainda não havermos ad-quirido a consciência sobre a gravidade desses fenômenos, a mídia internacional está noti-ciando, quase que diariamente, a ocorrência, em várias partes do mundo, de terremotos, tornados, erupção de vulcões, enchentes, etc. Isto sem falarmos no caso do Tsunami que atingiu o sul da Ásia, matando mais de duzen-tas mil pessoas.

Saiba maiS

Tsunami: uma onda gigante gerada por distúrbios sís-micos, que possui alto poder destrutivo quando che-ga à região costeira. A palavra vem do japonês “tsu” (porto, ancoradouro) e “nami” (onda, mar);

Concluindo o nosso raciocínio, entendemos que, o Efeito Estufa, quando alterado, é o res-ponsável pelo aumento da temperatura na Ter-ra. Ele contribui, de forma incisiva, no degelo das calotas polares, elevando o nível dos ocea-nos e provocando desequilíbrios no ambiente marinho. Essa alteração é, também, resultante dentre outros fatores, do lançamento de gases poluentes na atmosfera, em razão da atividade humana, através do processo de industrializa-ção, dos desmatamentos e das queimadas. A camada de ozônio protege a terra, filtrando a intensidade dos raios solares; se atingida, en-fraquecida ou rompida, permitirá a passagem dos raios ultravioletas, emitidos pelo Sol, re-sultando em grandes problemas ambientais. Já a Chuva Ácida acontece quando ocorre a emissão de gases na atmosfera, como dióxido de enxofre e óxido de azoto.

Esses gases reagem com as gotas de água sus-pensas no ar, resultando numa “chuva ácida”, com pH em torno de 4,5. A chuva ácida ace-lera a corrosão de metais, mármores, provoca acidentes ecológicos, destruindo a vegetação e o solo. No ambiente aquático, contamina a água, matando a fauna existente. No caso do degelo polar, esse fenômeno tem sua origem e consequência direta do aquecimento glo-bal. Os danos por ele causados estão direcio-nados para o ambiente marinho e os desequi-líbrios ecológicos acontecem quando o gelo, que é derretido pelo calor, adiciona uma gran-de quantidade de água doce aos oceanos, às

baías e aos estuários. Os resultados vão des-de o aumento do volume de água às altera-ções químicas no nível de salinidade desses ambientes aquáticos. Em razão dessas novas condições biológicas provocadas no meio, acontecerão severas transformações nos ecos-sistemas e nas suas cadeias alimentares, po-dendo haver migrações de espécies animais e, até mesmo, a extinção de alguma delas. Não podemos ignorar esses fatos nem permitir a amplitude das suas causas. Temos que buscar uma saída para a sobrevivência do planeta as-sim como alternativas para a manutenção da vida na Terra.

conSEquÊnciaS do dEGElo PolaR• Alteraçãonas correntesmarinhas, em ra-

zão da mudança de temperatura das águas de superfície;

• Aumentodoníveldosoceanos; • Quebradascadeiasalimentares,comami-

gração e o desaparecimento de algumas espécies;

• Comprometimento dos ecossistemas detransição, como os Manguezais;

• Ocorrênciadeavalanchesdeneveeosur-

gimento de grandes icebergs; • Alteraçãodascondiçõesfísico-químicasdo

ambiente aquático.

Saiba maiS

Tsunami: uma onda gigante gerada por distúrbios sís-micos, que possui alto poder destrutivo quando che-ga à região costeira. A palavra vem do japonês “tsu” (porto, ancoradouro) e “nami” (onda, mar);

CFCs: equivale a carbono, flúor e cloro. Estas molécu-las, geralmente são emitidas por equipamentos refri-geradores, como geladeiras, ar condicionado dentre outros. São os principais agentes destruidores da ca-mada de ozônio.

Dióxido de Carbono: ou gás carbônico é um compos-to químico constituído de dois átomos de oxigênio e um átomo de carbono. A representação química é CO2. O dióxido de carbono é essencial à vida no pla-

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60neta, visto que é um dos compostos essenciais para a realização da fotossíntese - processo pelo qual os organismos fotossintetizantes transformam a energia solar em energia química.

Metano: um gás inodoro e incolor, de pouca solubi-lidade na água e, quando adicionado ao ar, se trans-forma em mistura de alto teor explosivo. É o mais simples dos hidrocarbonetos. O gás metano é, tam-bém, chamado de biogás.

Óxido de azoto: resulta de combustão dos motores dos carros. Provoca, também, problemas respirató-rios e contribuem para a formação de chuvas ácidas.

PRocESSo dE dESERtificaçãoÉ a alteração das condições naturais de uma área de terras originalmente férteis, cujo solo, em determinado tempo, se tornou estéril, transformando-se numa região inóspita, pra-ticamente sem condições de vida. Segundo a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação, esse fenômeno é a degrada-ção da terra nas regiões áridas, semi-áridas e subúmidas secas, provocada por diversos fa-tores, dentre eles, as variações climáticas e as atividades humanas. O termo “desertificação” tem sido muito utilizado para a perda da ca-pacidade produtiva dos ecossistemas, causa-da, na sua grande maioria, pela interferência do homem. Como consequência, há o empo-brecimento do solo em razão da ausência de nutrientes, a extinção da sua vegetação de co-bertura e, em alguns casos, o início de um pro-cesso progressivo de salinização. Por isso, a Desertificação é também definida como um fe-nômeno de destruição do potencial produtivo da terra. Esse problema vem sendo observa-do pelos estudiosos no assunto, desde os anos 30. Nessa época, o Oeste americano apresen-tava casos de desertificação, destruindo a sua vegetação e empobrecendo o seu solo.

Saiba maiS

• Salinização: concentração progressiva de sais,provocada pela evapotranspiração intensa, prin-cipalmente em locais de climas tropicais áridos ou semi-áridos, onde normalmente existe drenagem ineficiente;

• Evapotranspiração:perdadeáguadeumacomuni-

dade ou ecossistema para a atmosfera, causada pela evaporação a partir do solo e pela transpiração das plantas.

Outras regiões do planeta também já sofreram e ainda sofrem com a desertificação. Existem registros de sua ocorrência em mais de cem países do mundo, sendo considerado um pro-blema global; pois envolve uma população de mais de dois bilhões de pessoas em todo o mundo. Países situados na América Latina, Ásia, Europa e África tiveram parte de suas terras comprometidas com a desertificação. Segundo estudos, os riscos atingem cerca de 33% da superfície terrestre, o que representa um percentual bastante significativo do ponto de vista sócio-econômico. Para se ter uma idéia da sua dimensão, somente no continente afri-cano cerca de 200 milhões de pessoas sofrem com esse problema. O Brasil também possui algumas áreas sujeitas à desertificação e es-tão situadas na Região Nordeste e no norte do estado de Minas Gerais. São mais de 1.200 municípios atingidos, numa extensão acima de 1 milhão e meio de quilômetros quadrados e envolvendo uma população de aproximada-mente cinqüenta milhões de pessoas.

A Desertificação está sempre associada à fome e ao empobrecimento das populações. Segun-do dados estatísticos, as perdas com a redução da produção agrícola provocada por esse fla-gelo somam cerca de 4 bilhões de dólares no mundo e em torno de 100 milhões de dólares, somente no Brasil. Dentro das diretrizes gover-na-mentais destinadas ao combate à deserti-ficação, foi instituído pelo governo brasileiro o Programa de Ação Nacional de combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca – PAN coordenado pela Secretaria de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente. A ONU adotou o dia 17 de junho como dia o mundial de combate à Desertificação.

cauSaS da dESERtificação

• Atividadesagrícolasdesenvolvidasemde-terminadas regiões, cujo solo não apresen-ta capacidade satisfatória de suporte e de sustentabilidade;

• Intensidadedasaçõeshumanasdesenvol-

vidas nos ecossistemas, sem um controle racional de uso do solo;

• Usoexcessivodefertilizantesedeáguano

processo de irrigação de culturas agrícolas, sem um controle técnico adequado;

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Figura 4a e 4b - Imagens de uma área em processo de desertifica-ção e de um solo estéril.

• Ausência de um programa de drenagem de solos na área trabalhada;

• Osdesmatamentos.

Saiba maiS

Mitigação: mitigar, tornar(-se) mais brando, mais su-ave, menos intenso,aliviar, suavizar, aplacar. Drenagem: recurso técnico utilizado para escoar as águas de terrenos encharcados por meio de tubos, túneis, canais, valas e fossos.

conSEquÊnciaS da dESERtificação

• Empobrecimentodossolos; • Quedanaproduçãoagrícola; • Extinçãodafaunaedaflora. • Migraçãodepopulaçõesparaoutrasáreas

ou centros urbanos; • Aumentodapobreza, da fomee, conse-

quentemente, da violência.

RESumoConcluindo este quarto e último capítulo, es-tamos, também, encerrando a disciplina Edu-cação Ambiental. Tivemos a oportunidade de conhecer todas as etapas ligadas à questão ambiental, desde os tempos antigos, em que os egípcios e os gregos já pregavam a necessi-dade de se preservar a natureza. O próprio ho-mem, desde a sua origem, já mantinha uma relação interativa com a natureza, porém sem preservá-la, como ainda acontece. Conhece-mos ainda, a importância dos Recursos Natu-rais, dos Ecossistemas, das Cadeias alimentares e a interação entre esses segmentos da nature-za formando a Biodiversidade.

Vimos a necessidade de, através do Desenvol-vimento Sustentável, utilizarmos, em maior escala, as fontes de energias renováveis, per-mitindo, desse modo, a manutenção de al-guns recursos consi-derados não renováveis e encontrados na natureza, como o carvão e o petróleo. Destacamos, também, a importância e a necessidade da não degradação das flo-restas e de outros ecossistemas, por meio da diminuição dos desmatamentos e das queima-das, além da necessidade de se evitar a polui-ção atmosférica, hoje bastante acelerada por meio do processo de industrialização. Conhe-cemos ainda os principais impactos ambientais no planeta Terra provocados pelos seres huma-nos, em busca das suas necessidades pessoais e do seu bem-estar.

Ressaltamos a prioridade no tratamento do lixo urbano, foco dos grandes problemas so-ciais no Brasil e no mundo, tendo em vista o aumento excessivo desse elemento imensa-mente degradante; A emergencial mudança no comportamento humano, para que este mesmo possa usufruir da tecnologia moderna, sem, entretanto, ferir o meio ambiente. Estu-damos, finalmente, os desequilíbrios ambien-tais na natureza, como resultado das ações an-trópicas, dentre eles, o aquecimento Global, o Efeito Estufa, a Camada de Ozônio, o Degelo Polar e o Processo de Desertificação - suas cau-sas e consequências. Em todos os capítulos, destacamos sempre as ações que devem ser seguidas como forma de entendimento da im-portância que o Meio Ambiente merece. Como complementação didática e fazendo parte in-

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62tegrante do estudo desta disciplina, apresen-tamos algumas sugestões metodológicas que poderão ser aproveitadas durante um trabalho de conscientização ecológica, utilizando-se a Educação Ambiental como uma ferramenta alter-nativa. Façam um bom proveito! Deseja-mos-lhe sucesso!

mEtodoloGiaS E fERRamEntaS uSadaSEm Educação ambiEntal1. Debates em sala de aula sobre a importân-

cia do meio ambiente 2. Apresentação de trabalhos de pesquisa em

grupos ou individual sobre temáticas volta-das à preservação ambiental

3. Visitas de campo a áreas comprometidas em seu ecossistema ou ameaçadas de ex-tinção

4. Palestras temáticas 5. Exposição de vídeos, jornais, revistas, car-

tazes ou outro material que trate do pro-blema ambiental.

1-Debates

Podem ser trabalhados com temáticas voltadas para o meio ambiente, usando-se, como pano de fundo, reportagens recentes, notícias da mídia, programas de televisão, acontecimen-tos locais ou regionais que tenham afetado algum ecossistema conhecido dos educandos.

1-Trabalhos de Pesquisa / Oficinas

Solicitar do aluno ou do grupo de pesquisa investigações a respeito de determinado pro-blema ambiental que vem comprometendo o meio ambiente local, regional ou nacional, como, por exemplo, queimadas, desmatamen-tos, derramamento de substâncias quí-micas, etc. A referida pesquisa deverá conter infor-mações básicas necessárias ao entendimento do problema, além de sugestões voltadas para

a sua solução. As oficinas também funcionam como um instrumento metodológico, eficaz para se exporem as questões ambientais. Ela pode ser realizada na própria sala de aula, no labo-ratório ou fora da escola, num parque, jardim ou numa fazenda.

3- Visitas de campo

Levar os alunos a regiões ou locais com com-prometimento ambi-ental, mostrando-lhes a importância do ecossistema na preservação da vida, na manutenção da flora e da fauna, nela existentes.

Na ocasião, induzir o educando a interagir com a natureza, ouvindo os pássaros, obser-vando as características das plantas e das es-pécies animais. Mostrar-lhes a formação de cadeias e teias alimentares, quem são os pro-dutores e os consumidores de energia alimen-tar e como poderia haver a quebra do elo de ligação entre os seus componentes, com a possibilidade de extinção de algum deles, em caso de degradação do ambiente. O uso de tri-lhas ecológicas também compreende um bom método para o desenvolvimento do trabalho de conscientização.

4- Palestras Temáticas

Oferecer ao aluno a oportunidade de conhe-cer a problemática ambiental com um de-talhamento mais aprofundado, no qual ele possa interagir com o palestrante, seja ouvin-do perguntas da platéia ou fazendo as suas próprias, tirando dúvidas e reforçando o seu conhecimento.

5- Exibição de vídeos e outros materiais da mídia

Após a exibição do material escolhido, abrir debates para críticas, sugestões ou outro co-mentário a respeito do que foi visto.

atiVidadES dE EStudo

1. Como forma de reflexão sobre as questões ambientais estudadas, faça um mapea-mento das regiões mais degradadas pelo desmatamento e queimadas no território

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63nacional. Aponte as possíveis soluções para o problema, usando a Educação Am-biental como ferramenta de trabalho.

2. Para ampliação do conhecimento sobre meio ambiente adquirido por você através desta Disciplina, faça uma pesquisa sobre “chuva ácida,” emitindo a sua opinião so-bre esse fenômeno climático.

3. Faça uma análise crítica sobre o conteúdo programático desta disciplina, apresentan-do sugestões para a sua melhoria e refor-mulação.

REfERÊnciaSALMEIDA, J.R. (org.). Ciências Ambientais. Rio de Janeiro: Thex Ed, 2002.

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IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-tística -2008

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