bill of materials_bruno liporase fragoso_tcc_2012.2
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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA
Curso de Engenharia de Produção
LISTA DE MATERIAIS: UMA ANÁLISE DOS IMPACTOS NO PROCESSO
PRODUTIVO DE UMA EMPRESA DE MANUFATURA DE BOMBAS DE
COMBUSTÍVEIS
Bruno Liporase Fragoso
Rio de Janeiro
2012
ii
UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA
Bruno Liporase Fragoso
LISTA DE MATERIAIS: UMA ANÁLISE DOS IMPACTOS NO PROCESSO
PRODUTIVO DE UMA EMPRESA DE MANUFATURA DE BOMBAS DE
COMBUSTÍVEIS
ÁREA: Engenharia de Operações e Processos da Produção SUB-ÁREA: Planejamento, Programação e Controle da Produção
TEMA: Lista de Materiais
Trabalho de conclusão do Curso de
Engenharia de Produção apresentado como
requisito parcial para obtenção do título de
Bacharel em Engenharia de Produção pela
Universidade Veiga de Almeida.
Orientador de Conteúdo: Alexandre Camacho da Paixão
Rio de Janeiro – 2012
iii
Dedico à minha mãe, Mara Lucia e à minha
companheira, Milena Simão, por todo
incentivo, apoio e confiança, além da
paciência comigo nos momentos mais difíceis
para que este trabalho fosse concluído.
iv
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos amigos e familiares que tanto me apoiaram ao longo do curso de Engenharia de
Produção.
Agradeço ainda aos amigos que fiz durante o curso e que me inspiraram a manter o foco e
empenho nos momentos de desânimo e de dificuldades.
Agradeço também ao orientador do trabalho, professor Alexandre Paixão, pela confiança,
apoio e pelos conselhos que me fizeram concluir o trabalho superando minhas próprias
expectativas.
Agradecimento especial ao professor Sergio Baltar, Diretor de Engenharia da Universidade
Veiga de Almeida, pelos conhecimentos e experiências que me foram transmitidos.
v
RESUMO
O rápido avanço da tecnologia ao longo do último século, proporcionou a criação de
novas e poderosas ferramentas para auxiliar as empresas na otimização de recursos e ampliar
a capacidade de planejamento e controle sobre seus processos. No entanto, fatores essenciais
para que tais ferramentas sejam utilizadas no máximo de seu potencial e que formaram a base
para o desenvolvimento das mesmas foram deixadas em segundo plano, como é o caso da
Lista de Materiais.
Levantamentos realizados na bibliografia disponível demonstraram que a Lista de
Materiais é um tema de extrema importância, porém ainda pouco explorado pelos estudiosos
dos processos industriais. O estudo realizado na empresa XPTO confirmou o aspecto
secundário com o qual é tratada a lista de materiais.
O estudo de caso ainda revelou dados que extrapolam o que foi encontrado na
bibliografia e apresentam relacionamentos da Bill of Materials (BOM) ainda não estudados,
contribuindo significativamente para a formação de bases sólidas que auxiliem o
entendimento da relevância e dos relacionamentos da lista de materiais com os processos
industriais.
Palavras-chave: lista de materiais, produção, planejamento e controle da produção
vi
ABSTRACT
The faster advance of technology over the last century created powerful new tools to
help companies to optimize resources and expand the capacity planning and control over its
processes. However, essential factors for such tools to be used to their full potential, and
which formed the basis for the development of these were left in the background, as the Bill
of Materials.
According to available literature the bill of materials is a very important topic, but it’s
not so explored by industrial processes specialists. This study in XPTO company showed that
the bill of materials is treated as secondary aspect.
This case also showed data that go over what was found in the literature and present
relationships Bill of Materials (BOM) not yet studied, contributing significantly to the
formation of solid foundations that help the understanding of the relevance and relationships
BOM with industrial processes.
Key words: bill of materials, production, planning and production control
vii
LISTA DE ANEXOS
ANEXO I – Cronograma de atividades, p. 81
ANEXO II – Formulário de questionário, p. 82
ANEXO III – Roteiro de entrevista, p. 84
viii
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 2.1 – Arquiteturas de BOM, p. 29
FIGURA 3.1 – Ilustração de Bombas. A – Bomba Baixa; B – Bomba Alta, p. 41
ix
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 3.1 – Qtde de RAC`s de erro de BOM por setor, p. 50
GRÁFICO 3.2 – Distribuição das respostas ao questionário – pergunta 3, p. 54
GRÁFICO 3.3 – Distribuição das respostas ao questionário – pergunta 10, p. 55
GRÁFICO 3.4 – Distribuição das respostas ao questionário – pergunta 11, p. 55
x
LISTA DE TABELAS
TABELA 1.1 – Estruturas de BOM, p. 28
TABELA 3.1 – Modelos de Produtos da XPTO, p. 42
TABELA 3.2 – Opcionais para os Equipamentos, p. 45
TABELA 3.3 – Qtde de RAC´s registradas entre setembro/2011 e outubro/2012 por critério,
p. 48
TABELA 3.4 – Qtde de RAC´s por setor, p. 49
TABELA 3.5 – Qtde de participantes por setor, p. 51
TABELA 3.6 – Distribuição das respostas ao questionário – perguntas 1;2;4;5;6;7;8;9, p. 52
TABELA 3.7 – Distribuição das respostas por setor – perguntas 1;2;4;5;6;7;8;9, p. 56,57
TABELA 3.8 – Distribuição das respostas por setor – pergunta 3, p. 59
TABELA 3.9 – Distribuição das respostas por setor – pergunta 10, p. 60
TABELA 3.10 – Distribuição das respostas por setor – pergunta 11, p. 61
xi
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AIG: Administration Industrielle et Générale
APICS: American Production and Inventory Control Society
BOM: Bill of Materials – Lista de Materiais
CNC: Controle Numérico de Computador
CRP: Capacity Requirement Planning – Planejamento da Capacidade de Recursos
ERP: Enterprise Resources Planning – Planejamento dos Recursos Empresariais
JIT: Just-in-Time
LPM: Litros por Minuto
MPS: Master Production Schedule – Planejamento Mestre da Produção
MRP: Material Requeirements Planning –Planejamento das Necessidades de Materiais
MRPII: Manufacturing Resources Planning – Planejamento dos Recursos de Manufatura
PCP: Planejamento e Controle da Produção
PN: Part Number – Número de Identificação da Peça
RAC: Relatório de Ações Corretivas
S&OP: Sales and Operations Planning – Planejamento de Vendas e Operações
TOC: Theory of Constraints – Teoria das Restrições
TPS: Toyota Production System – Sistema Toyota de Produção
TRF: Troca Rápida de Ferramentas
xii
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 14
1.1. PROBLEMA ................................................................................................................. 17
1.2. OBJETIVO GERAL ..................................................................................................... 18
1.3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ....................................................................................... 18
1.4. JUSTIFICATIVA ......................................................................................................... 19
1.5. METODOLOGIA ......................................................................................................... 20
1.5.1. Delimitação do Estudo .................................................................................................. 21
1.6. ESTRUTURA DE APRESENTAÇÃO DO TRABALHO .......................................... 21
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................ 23
2.1. SISTEMAS INTEGRADOS DE GESTÃO EMPRESARIAL ..................................... 23
2.2. INFORMAÇÕES FUNDAMENTAIS DE MANUFATURA ...................................... 24
2.3. LISTA DE MATERIAIS (BOM – BILL OF MATERIALS) ......................................... 25
2.4. ARQUITETURAS OU ESTRUTURAS DE BOM ...................................................... 27
2.4.1. Estrutura em “I” ............................................................................................................ 29
2.4.2. Estrutura em “T” ........................................................................................................... 29
2.4.3. Estrutura em “A” .......................................................................................................... 30
2.4.4. Estrutura em “V” .......................................................................................................... 30
2.4.5. Estrutura em “X” ou Modular ....................................................................................... 31
2.5. FORMATOS DE SAÍDA DA BOM ............................................................................. 32
2.5.1. Lista de Materiais de Nível Único ................................................................................ 33
2.5.2. Lista de Materiais Endentada ........................................................................................ 34
2.5.3. Superlista ...................................................................................................................... 34
2.5.4. Lista de Materiais de Manufatura ................................................................................. 35
2.6. IMPACTOS DA BOM .................................................................................................. 36
2.7. RESPONSABILIDADE PELA BOM .......................................................................... 37
3. ESTUDO DE CASO ..................................................................................................... 39
3.1. A EMPRESA ................................................................................................................ 39
3.2. RESULTADOS ............................................................................................................ 40
3.2.1. Configurações Básicas .................................................................................................. 40
3.2.2. Opcionais ...................................................................................................................... 44
3.2.3. Quantidade total de configurações possíveis ................................................................ 46
xiii
3.2.4. Qualidade da BOM ....................................................................................................... 46
3.2.5. Gestão da BOM ............................................................................................................. 70
3.3. ANÁLISE DE DADOS ................................................................................................ 71
3.3.1. Importância da BOM ..................................................................................................... 71
3.3.2. Estrutura da BOM na XPTO ......................................................................................... 72
3.3.3. Impactos da BOM ......................................................................................................... 73
3.3.4. Adaptações necessárias na BOM .................................................................................. 74
3.3.5. Relacionamentos da BOM ............................................................................................ 75
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 77
4.1. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ........................................................ 78
1. INTRODUÇÃO
Os primeiros indícios de controle dos processos e materiais necessários à produção
datam de 1900, quando foram criados os princípios da Administração Científica,
desenvolvidos por Frederick W. Taylor nos Estados Unidos e Henri Fayol na Europa. Taylor
defendia que os empregados fossem colocados em postos em que os materiais e as condições
de trabalho fossem cientificamente selecionados e que os métodos empíricos antes utilizados
deveriam dar lugar à administração científica (TAYLOR, 1971 apud SPRAKEL & FILHO,
1999). Fayol destaca a importância da acuracidade e rapidez da informação e do planejamento
na administração científica dentre dez princípios de administração (FAYOL, 2002, 2003b
apud SOUZA & AGUIAR, 2011), que “formam a base para os 14 Princípios da
Administração Científica que mais tarde desenvolveria em Administration Industrielle et
Générale (AIG)” (SOUZA & AGUIAR, 2011).
Em 1916, Fayol publica sua obra AIG, na qual apresenta ao mundo industrial seus 14
princípios de Administração Científica, conforme o exposto por Fayol (1994): Divisão do
trabalho; Autoridade e Responsabilidade; Disciplina; Unidades de Comando; Unidade de
Direção; Subordinação do Interesse Individual ao Interesse Geral; Remuneração do Pessoal;
Centralização; Cadeia de Comando ou Hierárquica; Ordem; Equidade; Estabilidade;
Iniciativa; Espírito de Equipe.
Os conceitos e princípios teóricos desenvolvidos por Taylor e Fayol – principalmente
aqueles desenvolvidos por Taylor devido à sua simplicidade teórica e universalidade de
aplicação – associados às experiências práticas da linha de montagem de Henri Ford em 1913,
foram largamente difundidos e aplicados nas próximas décadas, especialmente entre o início
da primeira guerra mundial e o término da segunda guerra mundial (1914 – 1945), período no
qual o desenvolvimento do controle industrial estagnou e as indústrias concentraram-se nos
esforços de guerra e recuperação da economia no período entre guerras e pós-guerra (PINTO,
2010).
Em meados da década de 1950, com a difusão do uso de computadores no ambiente
industrial americano, surgiram os primeiros programas de computador direcionados a facilitar
o gerenciamento da produção, que calculavam a necessidade de materiais a partir do
programa mestre de produção e da lista de materiais (Processadores de Listas de Materiais –
15
Bill of Materials Processing). Tais programas apresentaram relevante utilidade,
principalmente para as empresas de manufatura de produtos com estrutura complexa e
produção intermitente (LAURINDO & MESQUITA, 2000).
Paralelamente a isso, no Japão, pressionada pela recessão pós-guerra e pela
supremacia da indústria automobilística americana, a Toyota desenvolvia o que seria
conhecido posteriormente como o Sistema Toyota de Produção, liderado pelo engenheiro
Taiichi Ohno apoiado, principalmente, pelo presidente da Companhia à época, Sr. Toyoda
Kiichiro (OHNO, 1997), pioneiro na identificação da necessidade de um novo sistema de
produção que se adequasse às necessidades das companhias japonesas ao invés do uso
intensivo do sistema idealizado por Ford, na década de 10.
Nas duas décadas seguintes, os Processadores de Listas de Materiais foram adaptados
e aperfeiçoados por entusiastas do assunto – dentre os quais se destacam G.W. Plosss, Oliver
Wight e Joe Orlicky – que culminou com a publicação do livro de Orlicky, Materials
Requirement Planning, em 1975, que apresentava uma nova técnica, mais racional que o
tradicional uso de métodos estatísticos, de gerenciamento dos estoques na produção
(LAURINDO & MESQUITA, 2000).
Nos anos que sucederam a publicação do livro, o MRP incorporou a capacidade de
considerar as limitações da produção com a inclusão do módulo CRP, o que passou a exigir
novos insumos de entrada para planejamento de produção: além do MPS e da BOM, o MRPII
– como ficou conhecido – necessitava dos roteiros de produção para alocar a ocupação dos
recursos de produção, tais quais máquinas, equipamentos e mão de obra, segundo Laurindo e
Mesquita (2000).
Tal evolução do MRP lhe concedeu a vanguarda dos sistemas de planejamento da
produção até a década de 80, quando a Toyota se consolidou como competidora no mercado
mundial de automóveis, o que, consequentemente, consolidou o TPS como um sistema capaz
de proporcionar vantagens competitivas, alertando as empresas em nível global das
possibilidades de ganhos com o lean manfacturing, como é conhecido atualmente. As
denominações de algumas ferramentas e técnicas que compõem o sistema Toytota são
também utilizadas para citá-lo, como Kanban, Just-in-Time, e TRF (WOMACK et al., 2004 e
LAURINDO & MESQUITA, 2000).
16
Além do Sistema Toyota de Produção, o surgimento da TOC do físico israelense
Eliyahu Goldratt, em 1990, colocou novamente em questionamento a eficiência dos métodos
de análise da capacidade de produção utilizados pelo MRPII, o que levou as empresas a
buscar adaptar todos esses sistemas às suas necessidades específicas.
Na década de 2000, portanto, alavancado pela popularização dos ERP´s, encontramos
os mais diversos e customizados sistemas de planejamento, programação e controle da
produção, que se utilizam, na maioria dos casos, de conceitos desenvolvidos pelos
idealizadores dos sistemas anteriormente descritos.
Como pode ser observado, todos esses sistemas são desdobramentos dos
Processadores de Listas de Materiais, desenvolvidos em 1950. No entanto, segundo Filho e
Marçola (1996), pouca importância é dada à Lista de Materiais, apesar desta estar presente em
todas as técnicas e ferramentas de planejamento da produção. O caráter secundário que é dado
ao tema pode ser verificado também nas demais bibliografias disponíveis, uma vez que a lista
de materiais é frequentemente tratada apenas como insumo de entrada para o planejamento
agregado da produção, através do MRP (LUSTOSA et al. 2008).
Oliveira (1999) destaca que o desempenho dos ERP´s está vinculado à qualidade das
informações manipuladas por estes sistemas e ressalta que, apesar disso, a maioria das
empresas não garante que suas informações fundamentais sejam completas e precisas e não as
gerenciam de acordo com o seu tipo de produto. Oliveira (1999) ainda vincula o problema ao
desconhecimento das empresas sobre as alternativas existentes. O autor apresenta ainda a
expressão “garbage in, garbage out”, vastamente utilizada para se referir à má qualidade das
informações manipuladas pelos sistemas atualmente.
Diante dos fatos apresentados, surge a necessidade de desenvolvimento de estudos que
analisem a situação das informações fundamentais das empresas. Desta maneira, foi
desenvolvido o presente estudo na XPTO – empresa fabricante de bombas de combustíveis
instalada no Rio de Janeiro – na qual se avaliou a Lista de Materiais no que se refere ao
modelo estrutural utilizado, a qualidade e os métodos de gestão da BOM, com o objetivo de se
evidenciar a importância desta para o processo produtivo da XPTO, além de entender os
relacionamentos e impactos que a Lista de Materiais possui com os demais processos da
empresa.
17
Visto isso, espera-se com o presente trabalho apresentar dados e informações
consistentes que comprovem que as informações presentes na BOM geram impactos não só
no processo de planejamento e controle da produção, conforme encontrado na bibliografia e
apresentado no capítulo 2, como também no processo de produção, contabilidade, compras,
controle de qualidade e logística. Além disso, busca-se apresentar, baseado nas evidências
encontradas no estudo de caso, objeto do capítulo 3, relacionamentos ainda não identificados
e explicitados por outros trabalhos. Serão ainda apresentadas sugestões de adaptações a serem
realizadas na administração da BOM para reduzir os impactos dos problemas existentes na
XPTO no capítulo 4 deste estudo.
1.1. PROBLEMA
Embora seja utilizada principalmente para os processos de planejamento de materiais e
planejamento da produção, a BOM representa o alicerce para qualquer processo produtivo.
Segundo Guess (1985) apud Oliveira (1999), a BOM possui uma relação de destaque entre as
informações fundamentais de manufatura – conceito que será explicado no capítulo 2 – pois
representa o primeiro passo para a elaboração de uma base totalmente integrada. Marçola
(1995) apud Oliveira (1999) destaca que a BOM é um elemento de integração devido ao
compartilhamento de suas informações por todos os setores da empresa.
Dessa maneira, falhas na Lista de Materiais podem causar impactos severos nos
processos produtivos das empresas. Garwood (1995) apud Oliveira (1999) afirma que a BOM
tem sido o “calcanhar de Aquiles” da maioria das empresas de manufatura devido à falta de
conhecimento para responder às seguintes questões: Como conviver com o grande número de
estruturas de produtos e de listas de materiais para os produtos que tem diversos opcionais e
alternativas? Com conviver com essa diversidade de estruturas? Quem é o dono da BOM e
qual a melhor maneira para gerenciá-la? Como alinhar o gerenciamento da BOM com as
estratégias de estoque?
Oliveira (1999) apresenta o posicionamento de Edelman (1990) que “destaca que os
sistemas integrados de gestão apenas processam as informações da BOM, sendo de total
responsabilidade das empresas sua correta estruturação”. Rusk (1990) apud Oliveira (1999) é
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mais direto ao afirmar que o sucesso das companhias pode ser diretamente influenciado pela
forma de gerenciar, controlar e estruturar a BOM.
Nesse contexto, foram elaboradas as seguintes perguntas a serem respondidas por este
trabalho: Quais os impactos que a lista de materiais pode causar nos processos de produção e
gerenciamento da cadeia de suprimentos? Além dos processos de produção e Supply-chain,
quais outros processos podem sofrer reflexos das informações da BOM?
Com base nos relacionamentos que a BOM possui com os demais processos da cadeia
produtiva, espera-se com este estudo comprovar a existência de impactos na situação dos
estoques das empresas, problemas de parada de linha de produção por falta de materiais, na
relação com os fornecedores e clientes, atrasos nas entregas dos pedidos aos clientes, além de
impactos severos na qualidade dos produtos resultantes de processos produtivos baseados em
informações imprecisas. Com relação aos processos impactados pela BOM, podem ser
encontrados problemas no custeio de produtos, devido à incorreta apropriação de custos de
mão de obra e de materiais diretos, obsolescência de matérias primas, falhas no planejamento
de produção, logística interna e controle de qualidade de produtos e processos.
1.2. OBJETIVO GERAL
O presente estudo apresenta como objetivo geral evidenciar a importância da Lista de
Materiais para o processo produtivo das empresas.
1.3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Identificar o modelo estrutural atualmente utilizado para a composição da BOM na
XPTO, empresa na qual foi realizado o estudo de caso do presente trabalho e que é
apresentada no capítulo 3;
• Evidenciar os impactos causados pela estrutura de produto adotada na empresa do
estudo de caso.
19
• Indicar possíveis adaptações no modelo utilizado atualmente a fim de possibilitar
melhorias no processo produtivo.
• Indicar possíveis relações entre a BOM, os roteiros de fabricação e os relatórios de
status dos estoques;
1.4. JUSTIFICATIVA
A relevância para o estudo no âmbito pessoal se dá em detrimento dos desejos e
anseios na busca de conhecimento e a possibilidade de promover novas expectativas para a
sociedade. Atrelado a isto, estão a satisfação de estudar e buscar novos horizontes no tema do
trabalho em questão.
Objetivando a eficácia e a eficiência do processo produtivo, as principais funções do
Engenheiro de Produção são: a identificação dos recursos necessários à produção de seus
produtos e a verificação da existência e disponibilidade destes dentro da companhia e nos
demais participantes da cadeia de suprimentos. Diante deste fato, a contribuição no que diz
respeito aos profissionais da área de planejamento da produção, envolvidos na gestão da
produção e na manufatura dos produtos da empresa em estudo, pode-se considerar que a
contribuição para esta comunidade será de grande relevância, muito em virtude do tema ser
pouco explorado nas bibliografias que discutem o tema Engenharia de produção.
A partir do desenvolvimento deste, novos acadêmicos da Engenharia de Produção ou
de áreas afins poderão se utilizar das informações que constam neste trabalho de conclusão de
curso. O fato do desenvolvimento de um tema pouco explorado trará benefícios para a
universidade e também para os acadêmicos que aqui estudam possibilitando novas
explorações sobre o conteúdo descrito.
Com foco na sociedade o estudo terá grande relevância, pois os possíveis impactos
ambientais de um processo de produção poderão ser amenizados caso haja a aplicação dos
conceitos descritos no presente estudo. O benefício será diretamente associado à comunidade
do entorno da empresa em questão, produtora dos equipamentos descritos ao longo deste.
20
1.5. METODOLOGIA
O presente estudo foi realizado a partir de um cronograma (anexo I), desenvolvido
pelo autor, avaliado e aprovado pelo orientador da Monografia, Prof. Alexandre Camacho da
Paixão, para acompanhamento das atividades necessárias à conclusão do trabalho.
A metodologia escolhida para o estudo bibliográfico foi o estudo exploratório que
Cervo (2002) definiu como sendo o passo inicial no processo de pesquisa pela experiência e
um auxílio que traz a formulação de hipóteses significativas, realizando descrições precisas da
situação e busca descobrir as relações existentes entre os elementos componentes da mesma.
Para este estudo foi realizado um levantamento bibliográfico com base em livros
voltados para administração da produção, bem como artigos das principais fontes ligadas ao
tema.
Para o desenvolvimento do trabalho ainda foi utilizado o método qualitativo, que
segundo Lakatos (2011) preocupa-se em analisar e interpretar os aspectos que descrevem a
complexidade do comportamento dos fatos em análise, de forma mais detalhada sobre as
investigações, atitudes e tendências envolvidas no processo. Diante disso foram utilizadas
entrevistas qualitativas onde o processo é flexível e aberto. Segundo Sampieri (2003) apud
Lakatos (2011), “define-se como conversa entre uma pessoa e outra, ou outras como um
pequeno grupo ou uma família. As entrevistas abertas baseiam-se em um guia geral, com um
tema não específico; nas quais o entrevistador tem toda flexibilidade para manipulá-lo”.
O objetivo das entrevistas qualitativas e abertas é buscar possíveis respostas aos
problemas que estão em investigação. Ainda dentro deste contexto utilizou-se a observação
qualitativa com o intuito de explorar, descrever, compreender, identificar e generalizar o
ambiente, os processos, as situações e as hipóteses para novos estudos. O início das
entrevistas deu-se em 25-10-2012 e estas foram finalizadas em 14-11-2012, período adequado
para o universo de seis entrevistas.
Foram utilizadas técnicas de coleta e análise de dados como observação sistemática,
participante e individual; entrevistas e questionários; Técnicas de indução e dedução; Análise
e síntese, tanto experimentais quanto racionais.
Ainda dentro desta estrutura, foi utilizado o método de estudo de caso, ou método
monográfico, realizado em uma empresa multinacional de grande porte, líder no segmento de
21
bombas de combustíveis, localizada na cidade do Rio de Janeiro. Segundo Lakatos (2011) a
metodologia qualitativa tradicionalmente se identifica com o estudo de caso. Assim, o motivo
do estudo de caso se deu de forma instrumental em busca dos esclarecimentos de traços sobre
as questões envolvidas nesse trabalho.
Os dados sobre a lista de materiais da empresa foram coletados durante o período de
10-10-2012 a 14-11-2012.
1.5.1. Delimitação do Estudo
Os limites deste estudo serão em virtude da Lista de Materiais das duas principais
famílias de produtos da empresa: Bombas Altas e Baixas, considerando, principalmente, a
configuração desses produtos para o mercado nacional, pelos motivos explicados na
apresentação da empresa, no capítulo 3. Os aspectos avaliados serão o impacto da BOM para
o processo de fabricação dos produtos finais. Os desdobramentos da influência da Lista de
Materiais nos demais processos e setores da companhia, tais como contabilidade, logística,
financeiro, engenharia e controle de qualidade poderão ser citados e comentados durante o
estudo, excluindo-se a obrigatoriedade de aprofundamento e análise desses impactos.
Devido às dificuldades de se encontrar na bibliografia disponível no Brasil fontes que
abordem o tema central desse estudo, foram utilizadas fontes de tempo superior a 15 anos –
desde 1994 até o ano de 2012 – mas que abordam de forma atualizada e alinhadas às técnicas
de gestão utilizadas atualmente. Além disso, fontes que relacionem as listas de materiais aos
processos produtivos foram outro aspecto de dificuldade para o desenvolvimento desse
trabalho e, por este motivo, serão utilizadas técnicas de dedução, fundamentadas nas relações
das listas de materiais com itens ou tópicos que se relacionam aos processos produtivos.
1.6. ESTRUTURA DE APRESENTAÇÃO DO TRABALHO
O trabalho será apresentado em quatro capítulos, divididos em tópicos conforme
detalhado a seguir.
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O primeiro capítulo irá expor um breve histórico da evolução da gestão da produção
no decorrer do último século até os dias atuais; o problema encontrado para o tema proposto;
os objetivos do projeto, tanto gerais quanto específicos; a justificativa do estudo; a
metodologia utilizada e os limites do trabalho.
A segunda parte da monografia, compreendida pelo capítulo 2, será composta pela
fundamentação teórica, na qual serão explicados os conceitos fundamentais para o
entendimento do tema a ser abordado neste estudo.
O terceiro capítulo será formado pelo Estudo de Caso, no qual será apresentada a
empresa na qual foram realizados a coleta de dados, os dados coletados, as análises dos
resultados obtidos durante o estudo e a discussão dos resultados frente os conceitos explicados
na fundamentação teórica.
A conclusão do trabalho e as sugestões para trabalhos futuros serão explicitadas no
quarto capítulo, enquanto a bibliografia consultada será apresentada ao final do estudo.
23
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. SISTEMAS INTEGRADOS DE GESTÃO EMPRESARIAL
Segundo Slack et al (2007, p.424):
Planejamento de recurso da empresa é o último e, provavelmente, o mais
significativo desenvolvimento da filosofia básica do MRP. [...] Os sistemas ERP
permitem que as decisões e bases de dados de todas as partes da organização sejam
integradas de modo que as consequências das decisões em uma parte da organização
sejam refletidas nos sistemas de planejamento e controle do resto da organização.
Vollmann et al (2006) apresentam o termo ERP de dois pontos de vista diferentes: um
para os envolvidos no gerenciamento das empresas, para os quais a ênfase dos ERP´s está no
planejamento, sendo um software para suportar as decisões necessárias no dia-a-dia; e outro
para os profissionais de tecnologia da informação, voltados para a comunicação, para os quais
os ERP´s são a base de integração para programas com aplicações em finanças, produção,
marketing, recursos humanos e as demais áreas de uma companhia. Os autores ainda explicam
que os ERP´s permitem o planejamento integrado através das áreas funcionais numa firma,
mas chamam a atenção para a necessidade de números, dados e definições consistentes para o
correto funcionamento desses sistemas.
Lustosa et al (2008) resumem os ERP´s como “sistemas capazes de receber, controlar
e processar, de forma estruturada e on line, os dados inerentes à maioria dos processos de
negócios internos realizados em uma organização, integrando as áreas funcionais em uma
base de dados única”.
Laurindo e Mesquita (2000) atentam para o fato de, em muitas implantações de
sistemas ERP´s, apenas os módulos voltados para a parte administrativa são adquiridos ou
implantados devidamente, ficando de lado os módulos relacionados à parte produtiva. Ainda
na visão dos autores, o principal benefício potencial dos ERP´s está ligado à possibilidade de
integração das bases de dados de unidades dispersas geograficamente, facilitando e integrando
o fluxo de informações. Porém, o maior risco está na necessidade de as empresas se
adaptarem as características dos sistemas, ao invés da tradicional fórmula de desenvolvimento
customizado.
24
2.2. INFORMAÇÕES FUNDAMENTAIS DE MANUFATURA
Segundo Slack et al (2007) o modelo de input – transformação – output é vastamente
usado para definir o processo de produção. Nesse modelo, dentre os diversos inputs do
processo produtivo, as informações processadas como recursos transformados ganham
destaque. A BOM, portanto, é apresentada como informação indispensável para o processo
produtivo, quando o autor ressalta que, para a empresa poder fabricar o produto, ela precisa
saber quais componentes devem ser utilizados.
Ao esquematizarem o desdobramento do Planejamento Agregado da Produção,
Lustosa et al (2008) apresentam alguns inputs ao processo de planejamento realizado pelo
PCP e que culmina na fabricação e montagem dos produtos e distribuição destes aos clientes.
Dentre esses inputs, podem ser observadas informações de Planejamento Estratégico da
Organização; Marketing e Vendas; Gestão de Estoques; Projeto do Processo e Projeto do
Produto, o qual pode ser divido em desenhos de produto, especificações e na BOM,
denominada lista técnica naquele esquema. Pode-se concluir, então, que essas informações
são essenciais para que o processo produtivo aconteça de maneira adequada aos objetivos da
organização.
Martins (1993) apud Lemos & Ritter (2006) relaciona os módulos do MRPII,
apresentando um circuito fechado de informações. No entanto, existem três informações de
entrada em destaque no relacionamento citado: Status dos estoques, Roteiros de fabricação e
Registro da estrutura do produto; sem as quais o circuito não iria funcionar de maneira
adequada.
Apesar dos autores supracitados não relacionarem diretamente tais informações ao
processo produtivo das empresas e da dificuldade em se encontrar na bibliografia fontes que
apresentem essa relação, o conceito de informações fundamentais de manufatura é
amplamente discutido no trabalho apresentado por Oliveira (1999). Segundo o autor, “as
informações fundamentais são a base para a execução das atividades da empresa e têm
influência direta no seu desempenho, uma vez que representam seus processos e produtos”.
Conforme apresentado por Clement et al (1992), Agerman & Lindberg (1992) e Rusk
(1990), todos discutidos em Oliveira (1999), as informações fundamentais de manufatura são:
25
• O número de identificação do item (PN – part number): Oliveira (1999)
apresenta em seu estudo conceitos sobre os números (ou códigos) de
identificação, “com regras claras para designar, alterar e controlá-los”;
• As informações armazenadas no arquivo mestre do item – Descrição do item,
número do desenho de engenharia, status, histórico, tamanho do lote, unidade
de medida, comprado ou fabricado, comprador, etc. Enfim, todas as
informações relativas àquele item, ou PN;
• Desenhos e Especificações – Os desenhos técnicos de engenharia, contendo
todas as suas especificações, tais como: Material usado na fabricação, medidas,
tolerâncias para as medidas, etc.;
• BOM – Esta informação é tratada no estudo e é o foco deste trabalho e será
discutida com maiores detalhes no decorrer deste;
• Relatórios de onde é usado o item (where-used reporting);
• Planos de processo e as informações armazenadas no arquivo mestre dos
centros de trabalho – Os planos de processo demonstram como o item deve ser
fabricado ou montado. Já as informações armazenadas no arquivo mestre dos
centros de trabalho são pouco abordadas pelo autor.
Segundo Clement et al (1992) apud Oliveira (1999), para que tais informações sejam
sólidas, é necessário que estas atendam alguns critérios, como representar os processos de
manufatura; representar os produtos vendidos; ser do entendimento de todos os usuários
dessas informações e satisfazer a necessidade de todos eles; ser completa e precisa e ser
suportada por boas práticas de controle de alterações.
2.3. LISTA DE MATERIAIS (BOM – BILL OF MATERIALS)
Segundo a definição da American Production and Inventory Control Society (APICS,
2002) apud Oliveira (1999) a estrutura de produto, como também é conhecida a lista de
material, é uma lista de todas as submontagens, componentes intermediários, matérias primas
e itens comprados que são utilizados na fabricação e/ou montagem de um produto e mostra as
26
relações existentes entre itens-filhos / itens-pai, além das quantidades necessárias de cada
item.
Vollmann et al (2006), ao tratar do MPS, especificamente ao abordar a estruturação da
BOM para o MPS, define que a Lista de Materiais é considerada um documento de engenharia
que especifica os ingredientes ou componentes subordinados requeridos fisicamente para
fazer cada montagem ou peça.
Slack et al (2007), ao explanarem a respeito do projeto preliminar de produtos,
explicam que a primeira tarefa após a criação de um conceito de novo produto aceitável pelos
diversos setores envolvidos no projeto é definir exatamente o que estará incluído naquilo que
eles chamam de pacote, o que exige a coleta de informações sobre a estrutura do produto e
sobre a lista de materiais, ou seja, “definir a quantidade de todas as partes componentes
necessárias para constituir o pacote”. Cabe destaque ao fato de os autores tratarem como
informações diferentes a estrutura do produto e a lista de materiais, o que será discutido mais
adiante neste tópico.
Lustosa et al (2008), em sua obra voltada para o planejamento e controle da produção,
destinam um tópico exclusivamente para discutir a respeito da estrutura do produto, árvore de
produtos e lista de materiais, por eles também entendidos como informações diferentes. No
entanto, definem a lista de materiais como documento que informa os componentes (módulos,
submontagens e itens) e quantidades necessários à confecção de um determinado produto.
Moreira (2011), ao detalhar a operação do sistema de MRP, cita que a lista de
materiais é o insumo para o MRP que fornece a composição de cada produto, o que dá a base
para a explosão das necessidades de materiais de cada produto programado no MPS.
No que diz respeito ao tratamento de estruturas de produtos e listas de materiais como
informações e/ou documentações diferentes, como abordado por Slack et al (2007) e Lustosa
et al (2008), algumas considerações são relevantes para o assunto abordado nesse capítulo.
Slack et al (2007), basicamente, trata a estrutura de produto como sendo a representação
gráfica dos componentes necessários à montagem e/ou fabricação dos produtos finais,
limitando-se ao nível dos produtos não fabricados pela empresa enquanto a lista de materiais
surge como uma representação não gráfica, necessária pela complexidade dos produtos
fabricados atualmente, o que inviabilizaria a representação através da estrutura de produto.
Algumas observações são feitas a respeito das “formas” de estrutura de produtos existentes, o
27
que será devidamente tratado mais adiante quando serão discutidas as arquiteturas de BOM
encontradas na bibliografia.
Para Lustosa et al (2008), a estrutura do produto é o que define a quantidade de
componentes (restritos aos níveis de subconjuntos e módulos) necessários à produção de cada
unidade do produto final e o conhecimento dessas estruturas, atividade típica dos setores de
Engenharia de Produto, é de extrema necessidade para a elaboração das listas de materiais e
árvores de produtos. Para os mesmos autores, a árvore de produtos apresenta a estrutura de
composição do produto, na qual os itens são agrupados por módulos ou subconjuntos e são
organizados em diferentes níveis.
Como pode ser observado, ao tratar como informações diferentes as estruturas de
produto, árvores de produto e as listas de materiais, nos deparamos basicamente com a
diferença de um ser a representação gráfica, enquanto o outro ser a representação não gráfica,
contendo, na maioria dos casos, as mesmas informações em documentos diferentes.
Com o propósito de simplificar os conceitos até o momento apresentados e
objetivando o direcionamento deste estudo, serão tratados como sendo exatamente a mesma
informação e documentação a estrutura de produto, árvore de produtos e listas de materiais.
No entanto, encontra-se na bibliografia algumas diferenças entre as estruturas de
produto existentes, além dos diversos formatos de saída para as listas de materiais, como pode
ser visto nos itens 2.4 e 2.5 deste capítulo.
2.4. ARQUITETURAS OU ESTRUTURAS DE BOM
A arquitetura da BOM, ou sua estrutura, está intimamente ligada à quantidade de
configurações possíveis para o produto e em que níveis estas configurações podem aparecer.
Portanto, a estrutura da BOM está diretamente relacionada ao projeto do produto (SLACK et
al, 2007). Os autores ainda destacam que tal forma é parcialmente determinada pelo número
de componentes em cada nível da estrutura do produto, sendo mais larga quanto maior o
número de componentes, e consequentemente mais fina quanto maior a padronização destes.
Vollmann et al (2006) afirmam que a estrutura da lista de materiais deve ser projetada
de forma que todos os formatos de saída desejados ou relatórios sejam possíveis através dela e
28
que as empresas determinem e mantenham uma, e somente uma, estrutura global de lista de
materiais. Lustosa et al (2008) apontam que existem diferentes abordagens para se elaborar as
listas de materiais. Os autores, no entanto, não discorrem sobre as diversas estruturas
possíveis e se concentram naquela que consideram mais adequada para os processos de
montagem sob pedido: a estrutura da ampulheta, ou lista modular, que será devidamente
explicada mais adiante.
Guess (1985) apud Oliveira (1999) enfatiza que “a habilidade da empresa em
gerenciar as informações e a produção de qualquer produto final começa na identificação do
perfil de sua BOM”. Nesta mesma linha de raciocínio, Oliveira (1999) indica que a largura da
estrutura da BOM está diretamente relacionada à variedade de configurações possíveis no
nível da lista, sendo que “a seção mais estreita representa o nível de menor variação da
configuração” e afirma que “a habilidade de planejar e controlar o produto ao longo do
processo de manufatura é expandida quando o nível de menor variação de configuração é
focado”.
Foram identificadas, portanto, cinco diferentes arquiteturas ou desenhos globais de
BOM nas fontes pesquisadas, sendo elas: Estrutura em “I”; “T”; “A”; “V” e “X”, conforme
tabela de resumo abaixo (Tabela 2.1):
TABELA 2.1 – Estruturas de BOM
Autor / Estrutura Lustosa et al
(2007)
Slack et al
(2007)
Vollmann et
al (2006)
Oliveira
(1999)
Estrutura em “I” �
Estrutura em “T” �
Estrutura em “A” � �
Estrutura em “V” � �
Estrutura em “X” � � � �
Fonte: O autor
29
A figura 2.1 apresenta uma representação gráfica das estruturas anteriormente citadas
e explicadas a seguir:
FIGURA 2.1 – Arquiteturas de BOM
Fonte: O autor
2.4.1. Estrutura em “I”
Oliveira (1999) observa que tal estrutura é característica de processos em que uma
variedade muito pequena de produtos finais é elaborada a partir de uma quantidade também
muito pequena de matérias-primas.
2.4.2. Estrutura em “T”
Típica de situação com reduzida quantidade de matérias-primas usadas na fabricação
de grande opção de produtos finais (SLACK et al, 2007). Como exemplo, os autores utilizam
a fabricação de adesivos personalizados, feitos basicamente a partir de películas autoadesivas
e cartuchos de impressão, para uma infinidade de possibilidade de adesivos. Esta estrutura é
extremamente dependente das informações do pedido final, devido ao seu alto nível de
personalização.
I T A V X
30
2.4.3. Estrutura em “A”
Segundo Slack et al (2007), é usada em situações nas quais existe uma grande
quantidade de componentes usados na fabricação / montagem de um número muito reduzido
de produtos finais. O autor utiliza-se do exemplo da famosa frase de Henri Ford para
exemplificar negócios que fazem uso desse tipo de estrutura: “Qualquer cor desde que seja
preto”. Neste exemplo temos um único produto final, o carro preto, composto de uma grande
quantidade de componentes na sua montagem. Tal estrutura permite às empresas bons ganhos
com escala de produção e produtos padronizados, porém as deixa vulnerável quanto à
diversidade de produtos exigida pelo mercado atualmente.
Em Oliveira (1999), esta estrutura é entendida como semelhante à estrutura em “I” no
que tange à variedade de itens finais, porém elaborados a partir de uma quantidade maior de
matérias-primas, sendo o nível de menor variação exatamente o nível do produto acabado.
2.4.4. Estrutura em “V”
Slack et al (2007) compara esta estrutura com a estrutura em “T”. Porém, a diferença
está basicamente na quantidade de mix que pode ser feitas com as poucas matérias-primas
existentes para a fabricação de uma grande variedade de produtos finais. O autor ainda
exemplifica esta estrutura com a indústria petroquímica e destaca a importância da
confiabilidade no abastecimento de suprimentos, devido à pequena quantidade de matérias-
primas.
Já Oliveira (1999) à compara com a próxima estrutura, “X”, na variedade de
configurações finais possíveis, porém diferencia-se basicamente pela variedade de itens
comprados e fabricados, a qual é pequena, fazendo com que a base da BOM seja estreita e o
topo muito largo.
31
2.4.5. Estrutura em “X” ou Modular
Também denominada estrutura em forma de ampulheta ou lista modular, é a estrutura
mais referenciada na bibliografia. Slack et al (2007) explicam esta arquitetura como sendo
uma grande quantidade de matérias-primas, utilizadas na fabricação de um número muito
menor de módulos-padrão, que podem ser combinados de muitas maneiras, de forma a
proporcionar uma infinidade de produtos finais. Seguindo o mesmo conceito, Oliveira (1999)
nomeia os módulos de itens intermediários, ou seja, os itens ou componentes fabricados pela
empresa e que são utilizados na composição do produto final.
O exemplo usado por Slack et al (2007) e Clement et al (1992) apud Oliveira (1999) é
a indústria automobilística atual, na qual o cliente tem uma vasta gama de opcionais para
incluir no veículo, dentre aqueles oferecidos pela empresa.
Apesar de tratarem a lista modular como um dos tipos de formatos de saída para a lista
de material, assunto que será abordado com maiores detalhes no próximo tópico, Lustosa et al
(2008) fazem observações que, para o efeito neste estudo, classificam essa lista como uma
arquitetura de BOM. Os autores tratam a construção da lista modular como a estruturação do
produto em função de seus “poucos” módulos, o que permite compor o produto de forma
alternativa aos seus muitos “ingredientes”, fato que auxilia a efetividade do sistema. Como
exemplo, consideremos um veículo com 4 opções de motor, 3 de combustíveis, 3 de
carroceria, 2 de sistemas de direção e 3 de acabamento interno. Apesar da pequena quantidade
de módulos (motor, combustível, carroceria, direção e acabamento), são possíveis 216
configurações diferentes, o que inviabilizaria ou tornaria extremamente custoso e complicado
o processo de gestão e manutenção dessas listas.
Vollmann et al (2006) aconselham a utilização da lista modular para empresas nas
quais a manutenção das listas em nível da configuração final do produto seria inviável. Os
autores explicam que a lista modular será definida em função das opções possíveis na cintura
da ampulheta. Capa opção, ou módulo, será definido como uma lista própria, de nível única,
cujas combinações resultarão na configuração final do produto.
32
2.5. FORMATOS DE SAÍDA DA BOM
As listas de materiais podem ser muito grandes e contendo uma quantidade enorme de
itens em sua estrutura. Por este motivo, foram desenvolvidos formatos de saída para a BOM,
que serão utilizadas de formas diferentes por diferentes usuários, que se diferenciam das
estruturas da BOM por estas estarem relacionadas aos conceitos de configuração dos produtos
ou ainda da fabricação dos mesmos, enquanto os formatos de saída referem-se à formatação
dos relatórios utilizados a respeito das listas de materiais (SLACK, 2007). Filho & Marçola
(1996) discutem as diferentes necessidades das diversas áreas das empresas no que diz
respeito ao formato das listas de materiais, destacando que a BOM “é um dos principais
elementos para integração dos sistemas de manufatura, porque ela flui por quase todos os
departamentos de uma empresa”. Por tal motivo, os autores indicam a necessidade de criação
de um modelo de lista que atenda às necessidades de todos os departamentos.
Slack et al (2007) destacam dois tipos de BOM, as listas de materiais de nível único e
as listas de materiais escalonadas. Para Filho & Marçola (1996), existem outros tantos
formatos de saída, com destaque para a lista multinível; lista de único nível; lista denteada;
lista resumida; lista de aplicação e lista custeada, além da lista de manufatura e da lista de
planejamento, a qual é chamada também de superlista (VOLLMANN, 2006).
Oliveira (1999) acrescenta aos formatos anteriormente mencionados, a BOM genérica,
que deve ser trabalhada em conjunto com a BOM modular auxiliada por configuradores que
se utilizem de algoritmos, regras e condições para adicionar os módulos necessários à
configuração do produto final (STONEBRAKER, 1996; ARIANO & DAGNINO,1996; VAN
VEEN & VORTMANN, 1987 apud OLIVEIRA, 1999). Lustosa et al (2008) fazem referência
às listas endentadas, matriz de classificação cruzada, lista modular e árvore de prazos.
Apesar de tratar como estruturas de produto, Hitomi (1979) apud Filho & Marçola
(1996) apresenta a lista de materiais de 3 modos distintos, que podem, no entanto, ser
entendidos como 3 formatos de saída para a mesma lista de materiais: Árvore do produto – a
representação gráfica dos relacionamentos da lista de materiais; Matriz de Incidência, na qual
os relacionamentos e quantidades são dispostos em forma de matriz, sendo as linhas e colunas
33
preenchidas com os itens e componentes; e Grafo – mais uma representação gráfica, porém
muito pouco utilizada ainda segundo Filho & Marçola (1996).
Com o intuito de direcionar este estudo, será dado foco a dois dos formatos
mencionados anteriormente: lista de materiais de nível único e lista de materiais endentada.
Tal limitação se deve ao fato de os demais formatos serem representações diferentes do
mesmo formato ou se ter o acréscimo de mais algumas informações para atender a
necessidades específicas de certos usuários da BOM, conforme apresentado por Filho &
Marçola (1996), Oliveira (1999) e Vollmann (2006). Além dos dois formatos escolhidos, será
dada atenção especial à lista de planejamento (superlista) e à lista de manufatura, devido à sua
importância para as empresas e sua relação com o escopo deste trabalho, como explicado nos
tópicos 2.5.3 e 2.5.4.
Com relação à lista de materiais modular, citada como um formato de saída por
Vollmann (2006), esta foi tratada como uma arquitetura de BOM, conforme explicado no
tópico anterior. No entanto, a lista de materiais modular encarada como um formato de saída
para a BOM, seria tal qual a lista de materiais de nível único, porém com os módulos no nível
imediatamente inferior ao produto final ao invés de itens, como será explicado adiante.
2.5.1. Lista de Materiais de Nível Único
Para as listas de nível único, os detalhes de relacionamento de itens e componentes,
sejam fabricados ou comprados, são mantidos apenas para o nível imediatamente inferior
(SLACK, 2007). Normalmente utilizadas pela área de vendas, administração de contratos e
expedição, esta lista é formada do produto final e os componentes que o formam (FILHO &
MARÇOLA, 1996).
Para Vollmann et al (2006) as listas de nível único “compreendem somente aqueles
componentes subordinados que são imediatamente necessários”, não levando em conta os
componentes dos componentes. Os autores não fazem nenhum tipo de menção ou restrição
aos produtos finais. Oliveira (1999) explica que toda vez que é estabelecida uma relação pai-
filho entre um item e seus componentes diretos é formada uma BOM de nível simples –
denominada aqui de lista de nível único.
34
2.5.2. Lista de Materiais Endentada
As listas multinível, ou endentadas, são formadas quando é feita a relação entre as
listas de nível único, compondo os produtos finais desde o nível da matéria prima, passando
por todos os níveis intermediários, através de uma técnica denominada explosão, o que
permite a visualização de todos os itens utilizados direta ou indiretamente na produção de um
produto (OLIVEIRA, 1999).
Nas listas endentadas ou escalonadas, os relacionamentos são mostrados desde o nível
do componente que se deseja verificar, podendo ser um produto acabado ou uma
submontagem, até o nível da matéria prima, identificando em qual nível cada item está
(SLACK, 2007). Lustosa et al (2008) dizem a lista endentada apresenta todos os componentes
do produto de forma endentada, ou seja, estabelecendo as relações entre os itens e os
componentes aos quais se aplicam.
A lista de materiais denteada, como foi definida por Filho & Marçola (1996), é a
exposição da lista de materiais de forma que os níveis mais altos da estrutura do produto
ficam à margem esquerda e os níveis subsequentes são deslocados gradativamente, de acordo
com o nível, para a margem direita, permitindo a visualização da composição de cada
componente do produto, ou seja, mostram os componentes dos componentes (VOLLMANN,
2006). Ainda segundo os autores, são principalmente usadas pela Engenharia Industrial e
Contabilidade para determinar fisicamente a sequencia de produção do produto e custear os
diversos níveis da montagem, respectivamente.
2.5.3. Superlista
A superlista, ou listas de materiais para planejamento, é a aplicação da lista de material
modular para efeitos de planejamento de materiais (VOLLMANN et al, 2006). A superlista é
a composição de um produto final “médio”, de maneira que em sua composição entrem todos
os opcionais possíveis, associados a um percentual médio de consumo, de forma que a soma
35
dos percentuais de um opcional seja sempre 1, ou 100%. O produto final composto por esta
lista não é possível de ser manufaturado, devido à sua composição (VOLLMANN, 2006).
Oliveira (1999) destaca que nem todos os opcionais disponíveis precisam fazer parte
da superlista, desde que possuam lead time suficientemente curto para não comprometer os
prazos de entrega do produto, caso sejam requisitados pelo cliente.
O principal objetivo da associação da superlista com a lista modular é facilitar a
previsão de vendas, uma vez que os setores de Marketing & Vendas poderão realizar a
previsão para as famílias de produtos e/ou os módulos opcionais disponíveis e não para cada
produto final; e dos setores de PCP, pois a partir da previsão de vendas da família de produtos
poderá explodir a previsão para todos os componentes (VOLLMANN, 2006).
2.5.4. Lista de Materiais de Manufatura
A lista de materiais de manufatura é a associação da lista de materiais modular,
preferencialmente explodida em seus múltiplos níveis, aos planos de processo ou roteiros de
produção pois, segundo Filho & Marçola (1996), especifica a sequencia de operações de
produção requeridas e os materiais necessários em cada operação para se fazer um produto
final ou intermediário.
Hasting & Yeh (1992) apud Oliveira (1999), destacam o tratamento em separado da
lista de materiais e dos planos de processo, apesar de serem dois elementos-chaves nas
atividades de planejamento e controle da produção.
Cox & Finch (1989) apud Oliveira (1999) indicam que a BOM de manufatura deveria
ser utilizada como um guia para a fabricação dos produtos. Este seria o formato de saída mais
adequado para suportar os procedimentos de chão-de-fábrica, PCP e Engenharia Industrial,
uma vez que daria em um único documento todas as informações necessárias à fabricação e /
ou montagem do produto.
36
2.6. IMPACTOS DA BOM
Oliveira (1999) apresenta o termo inglês garbage in, garbage out, fazendo referência
ao problema da falta de qualidade das informações para os sistemas de informações atuais.
Segundo o autor, “se os processos da empresa estão manipulando informações sem qualidade,
consequentemente os resultados alcançados por esses processos também estarão
comprometidos”.
Slack et al (2007), ao tratar de falhas no sistema produtivo, apresenta três principais
causas para as faltas na produção: 1) aquelas que tem sua fonte dentro da própria produção; 2)
aquelas que são causadas por falhas no material ou informações fornecidas à operação; 3)
aquelas que são causadas por ações dos clientes. Para o escopo deste estudo, daremos atenção
às falhas causadas pelos materiais ou informações fornecidas à produção, visto que a BOM é
uma das principais informações fornecidas à operação.
Lustosa et al (2008) tratam dos fatores que afetam diretamente a programação da
produção, dentre os quais destacam-se os materiais, que devem estar disponíveis no momento
da montagem. Conforme visto anteriormente, o planejamento das necessidades de materiais é
feito baseado na explosão das listas de materiais. Portanto, deduz-se que problemas na BOM,
consequentemente afetarão a disponibilidade dos materiais no momento de sua necessidade.
Baco, Paiva & Lima (2006) afirmam que é comum em algumas indústrias a lista de
materiais não ser seguida à risca, o que gera incertezas tanto para o planejamento, quanto para
os estoques e para a própria produção. Além disso, os autores ressaltam que esforços na
melhoria da comunicação entre o projeto e a produção possibilitam maior precisão e
funcionalidade das listas de materiais.
Na visão dos autores, a BOM é um elemento de integração entre os diversos processos
de uma empresa e é utilizada pelos muito setores das companhias. Assim sendo, conclui-se
que falhas na estrutura do produto, causarão impactos negativos em praticamente todos os
processos da companhia. A título de ilustração, podemos citar diversos exemplos: Custeio
indevido dos produtos, a maior ou a menor, pela Contabilidade, devido à inclusão ou exclusão
de itens da estrutura do produto; Resultados financeiros errados devido ao custeio indevido;
Incoerência dos estoques para o Almoxarifado e faltas na separação do material para a linha
de produção; Faltas de materiais devido às falhas no planejamento de compras; Dificuldades
37
pelos operadores na montagem dos componentes e produtos e problemas na qualidade devido
à falta de itens e componentes necessários ao correto funcionamento dos produtos.
2.7. RESPONSABILIDADE PELA BOM
Conforme destacado por Filho & Marçola (1996), Oliveira (1999), Vollmann et al
(2006), Lustosa et al (2008), a BOM é um importante elemento de integração dos diversos
processos das empresas e é utilizada por diferentes usuários em diferentes setores da empresa
e com finalidades diversas. Portanto, torna-se difícil encontrar na bibliografia a atribuição da
responsabilidade pela criação e manutenção da BOM a um único setor, departamento ou
função. Normalmente, a responsabilidade da BOM á atribuída ao setor de engenharia de
produto, como pode ser verificado em Slack et al (2007) ao fazer referência à criação da
BOM, ainda no projeto preliminar do produto; e em Lustosa et al (2008) ao introduzirem o
tema estrutura do produto, relatam que “o conhecimento da estrutura do produto, em geral
uma atividade da engenharia do produto, é necessário para elaboração de listas de materiais”.
Oliveira (1999) ressalta que devido às diferentes necessidades dos usuários, tornou-se
prática nas empresas a estruturação da BOM por cada um desses usuários, o que implica na
redundância de informações, risco de inconsistência, aumento do esforço e do tempo de
resposta para manutenção destas (GARWOOD, 1995 apud OLIVEIRA, 1999).
Vollmann (2006) destaca a importância da percepção de que a BOM para dar suporte
ao MRP, por exemplo, deve ser consistente com uma forma que possa não ser interessante
para ser manipulada pela Engenharia e Contabilidade, uma vez que exige maiores detalhes.
Em seu trabalho de 1999, Oliveira apresenta a percepção de diversos autores, como
Clement et al (1992), Garwood (1995) e Wassweiler (1996) sobre a importância de as
empresas manterem uma estrutura de produto única, que possibilite a geração de informação
de forma a atender aos diversos usuários dessa estrutura. É observado ainda que, apesar de ser
o PCP o principal usuário da BOM, este não é o seu “dono” (GARWOOD, 1995 apud
OLIVEIRA, 1999).
Oliveira (1999) ainda apresenta a versão de Garwood (1995) e Clement et al (1992)
que defendem a criação de “um comitê gestor para BOM que possua representantes de todas
38
as áreas usuárias, e seja responsável pelas atividades de criação, manutenção e verificação da
precisão” da BOM.
No entanto, Oliveira (1999) destaca a ponderação de Wassweiler (1996) de que a
BOM única, apesar de todos os benefícios, passa a ter impactos muito maiores nas atividades
da empresa.
39
3. ESTUDO DE CASO
3.1. A EMPRESA
A empresa na qual foram coletados e analisados os dados a serem apresentados terá o
nome mantido em sigilo a pedido da administração da mesma e, portanto, será denominada
“XPTO” no decorrer do estudo.
A XPTO é uma empresa multinacional localizada no estado do Rio de Janeiro, onde
fica sua única planta de manufatura no Brasil, instalada no mesmo local desde 1930, ano do
início de suas atividades no país.
Originalmente, a empresa trabalhava com equipamentos e acessórios para postos de
combustíveis em geral, como elevadores hidráulicos, compressores de ar e bombas de
combustíveis, além de fabricar produtos de linha branca, como geladeiras e máquinas de
lavar, e chegou a possuir duas instalações fabris na cidade.
Com o passar dos anos, a entrada de novas empresas multinacionais nos segmentos de
atuação da XPTO e o aumento da concorrência devido a fatores econômicos e
mercadológicos, como a abertura do mercado brasileiro e globalização, obrigaram algumas
empresas a direcionarem suas estratégias para a especialização em determinados produtos, de
forma a conseguirem a vanguarda tecnológica e concentrarem os esforços de modo a
garantirem sua sobrevivência e expansão da fatia de mercado. Com isso, a XPTO fechou uma
de suas unidades fabris, de fabricação de compressores de ar e eliminou as linhas de produção
dos elevadores e produtos de linha branca, dedicando-se exclusivamente ao segmento de
distribuição de combustíveis, através de seu principal produto atualmente, as bombas de
combustíveis. Para a produção de seus produtos a empresa conta com a colaboração de cerca
de duzentos e cinquenta funcionários, distribuídos entre as áreas administrativas e gerenciais,
produção e suporte, além de funcionários que atuam no campo, em contato direto com o
cliente.
Atualmente, a empresa fabrica, em média, 1.200 unidades mensais de bombas
distribuídas entre quatro famílias de produtos comercializadas pela empresa no Brasil e nos
países atendidos pela fábrica brasileira, denominadas de baixa, alta, mecânica e especial –
para posteriores referências. A participação dessas famílias nos volumes de vendas da
40
empresa se distribui, em média, da seguinte maneira: 72% de bombas baixas, 25% de bombas
altas e os 3% restantes divididos entre bombas mecânicas e especiais.
Com relação à distribuição geográfica das vendas, o mercado interno brasileiro é
responsável pelo consumo de aproximadamente 60% das unidades produzidas pela empresa,
enquanto os outros 40% são fabricados para atender a demanda de clientes internacionais.
Devido às exigências dos clientes e de regulamentações dos governos dos países para
os quais os produtos são enviados, o produto é altamente personalizável. As bombas são
compostas basicamente por componentes estruturais, componentes hidráulicos, cabeça
eletrônica, mangueiras, receptáculos e bicos de descarga. Excluindo-se as variações
necessárias pelas regulamentações, os opcionais para os clientes passam por diversos
componentes, o que será mais bem explicado no levantamento dos dados.
Diante da representatividade das bombas baixas e altas enviadas para o mercado
brasileiro no número total de unidades fabricadas, o estudo será focado nas configurações
possíveis para o atendimento desse mercado.
3.2. RESULTADOS
Os dados foram obtidos através dos sistemas de controle da empresa, das informações
contidas no site da empresa disponível na Web, além dos questionários (anexo II) e das
entrevistas (anexo III) realizadas junto aos funcionários da mesma.
3.2.1. Configurações Básicas
As famílias de bombas apresentadas anteriormente se dividem em modelos de bombas,
com funções diferentes entre elas, e com opções para composição do produto final que
também variam entre os modelos.
A família de bombas baixas se divide em duas subfamílias, relacionadas à vazão do
produto, ou seja, à sua capacidade de abastecimento de litros por minuto: Vazão normal e alta
vazão. Com relação às opções de modelos para as subfamílias de bombas baixas, foram
encontradas as seguintes opções: Modelos para um produto de vazão normal, modelos de dois
produtos de vazão normal e modelos de
ainda nos seguintes produtos
mangueiras que os compõem e pela quantidade de abastecimentos que podem ser realizados
simultaneamente.
Quanto às opções para as bombas altas, estas se dividem ainda em duas subfamílias:
Larga e Estreita. Estas subfamílias originam, para as bombas altas largas, os modelos de
quatro, três, dois e um produto. Já as bombas altas estreitas dão origem aos modelos de dois e
um produto, que são diferenciados ainda pelo posicionamento dos receptáculos dos bicos de
descarga, item que será melhor explicado posteriormente.
FIGURA 3.1 – Ilustração de bombas
produtos de vazão normal e modelos de um produto de alta vazão. Tais modelos se dividem
ainda nos seguintes produtos apresentados na tabela 3.1, diferenciados pela quantidade de
põem e pela quantidade de abastecimentos que podem ser realizados
Quanto às opções para as bombas altas, estas se dividem ainda em duas subfamílias:
Larga e Estreita. Estas subfamílias originam, para as bombas altas largas, os modelos de
uatro, três, dois e um produto. Já as bombas altas estreitas dão origem aos modelos de dois e
um produto, que são diferenciados ainda pelo posicionamento dos receptáculos dos bicos de
elhor explicado posteriormente.
Ilustração de bombas. A – Bomba Baixa; B –
Fonte: www.dresserwayne.com.br
41
produto de alta vazão. Tais modelos se dividem
, diferenciados pela quantidade de
põem e pela quantidade de abastecimentos que podem ser realizados
Quanto às opções para as bombas altas, estas se dividem ainda em duas subfamílias:
Larga e Estreita. Estas subfamílias originam, para as bombas altas largas, os modelos de
uatro, três, dois e um produto. Já as bombas altas estreitas dão origem aos modelos de dois e
um produto, que são diferenciados ainda pelo posicionamento dos receptáculos dos bicos de
Bomba Alta
42
Todas essas opções são apresentadas na Tabela 3.1 abaixo, na qual contem as vinte e
oito opções de produtos básicos encontrados.
TABELA 3.1 – Modelos de Produto da XPTO
Bombas Baixas Bombas Altas
Vazão Normal Alta Vazão Larga Estreita
4 Combustíveis - - BAL4C* -
3 Combustíveis - - BAL3C* -
2 Combustíveis BBVN2C03*
BBVN2C04
BBVN2C09
- BAL2C* BAE2CRF*
BAE2CRL*
1 Combustível BBVN1C01*
BBVN1C02
BBVN1C07
BBVN1C11
BBVN1C21
BBVN1C22
BBVN1C27
BAL1C* BAL1CRF*
BAL1CRL*
A vazão normal do produto é de 40 lpm.
* - Os produtos possuem opção de vazão normal a 40 lpm ou 70 lpm.
Fonte: O autor
Os produtos são detalhados abaixo:
• BBVN2P03 – Bomba baixa de vazão normal para dois combustíveis com dois
bicos laterais;
• BBVN2P04 – Bomba baixa de vazão normal para dois combustíveis com
quatro bicos envesados e abastecimento simultâneo nos quatro bicos;
• BBVN2P09 – Bomba baixa de vazão normal para dois combustíveis com
quatro bicos envesados e abastecimento simultâneo em dois deles, desde que
não sejam do mesmo lado;
• BBVN1C01 – Bomba baixa de vazão normal para um combustível com um
bico lateral;
• BBVN1C02 – Bomba baixa de vazão normal para um combustível com dois
bicos laterais e abastecimento simultâneo;
43
• BBVN1C07 – Bomba baixa de vazão normal para um combustível com dois
bicos envesados e abastecimento simultâneo;
• BBVN1C11 – Bomba baixa de vazão 90 lpm para um combustível com um
bico lateral;
• BBVN1C21 – Bomba baixa de vazão 130 lpm para um combustível com um
bico lateral;
• BBVN1C22 – Bomba baixa de vazão 130 lpm para um combustível com dois
bicos laterais;
• BBVN1C27 – Bomba baixa de vazão 130 lpm para um combustível com dois
bicos envesados;
• BAL4C – Bomba alta larga para quatro combustíveis com oito bicos;
• BAL3C – Bomba alta larga para três combustíveis com seis bicos;
• BAL2C – Bomba alta larga para dois combustíveis com quatro bicos;
• BAL1C – Bomba alta larga para um combustível com dois bicos;
• BAE2CRF – Bomba alta estreita para dois combustíveis com quatro bicos e
receptáculos frontais;
• BAE2CRL – Bomba alta estreita para dois combustíveis com quatro bicos e
receptáculos laterais;
• BAE1CRF – Bomba alta estreita para um combustível com dois bicos e
receptáculos frontais;
• BAE1CRL – Bomba alta estreita para um combustível com dois bicos e
receptáculos laterais;
Os produtos básicos acima, desconsiderando-se aqueles produtos de alta vazão, ainda
podem ser requisitados pelos clientes como dispensadores, nos apresentado uma outra
possibilidade de configuração, totalizando, então, cinquenta e duas configurações básicas
possíveis.
44
3.2.2. Opcionais
Por se tratar de um produto de alta complexidade e alto valor agregado, a empresa
optou por uma estratégia de vendas na qual o cliente tem diversas opções para montar o
produto final de acordo com suas necessidades e preferências. Tais opções, como apresentado
anteriormente, iniciam-se nos modelos de bombas e vazão dos equipamentos, e passam pela
escolha do tipo de chapa que será usada no módulo estrutural do equipamento; das cores da
pintura e das capas dos bicos; tipos de bicos; tipos e comprimento de mangueiras;
identificação dos produtos que serão bombeados pelo equipamento; opções de funções
adicionais ao equipamento, como kit de identificação do frentista, botões de emergência para
desligamento total do equipamento, válvulas de segurança, visores de fluxo de combustível;
kits para publicidade; impressoras; kits de leitor de cartão de código de barras; kits de leitor
de cartão magnético, entre outros que serão melhor detalhados na tabela a seguir.
45
TABELA 3.2 – Opcionais para os equipamentos
Item Opções Combinações
Tipo de bico Tipo de ponteira
Bicos 2 3 6
Tipo de
mangueira
Comprimento
Mangueira 2 4 8
Pintura Adesivos
Colunas 14 - 14
Portas 14 ∞ 14
Semi-base /
Mostrador /
Capacetes
14 - 14
Produtos - 9 9
Demais Opcionais 480
Kit publicidade Sim / Não 2
Botão de Emergência Sim / Não 2
Giratório de 2 planos Sim (2) / Não 3
Válvulas de Segurança Sim (4) / Não 5
Identificação Frentista Sim / Não 2
Visor de Fluxo Sim / Não 2
Estrutura Inox / Aço Galvanizado 2
Fonte: O autor
A tabela 3.2 acima apresenta a quantidade de opções para cada um dos opcionais
disponíveis aos clientes na configuração de seu produto. É importante ressaltar que a
quantidade de adesivos de portas possíveis é incalculável devido à sua especificação ser dada
exclusivamente pelo próprio cliente, sendo representado na tabela pelo símbolo representativo
da quantidade infinita. A linha de demais opcionais apresentada na tabela 3.2 mostra a
quantidade resultante da multiplicação das quantidades possíveis para os opcionais
relacionados abaixo desta. Para os opcionais em que existe mais de uma possibilidade no caso
46
de ser pedido pelo cliente, tal quantidade está representada entre parênteses ao lado da opção
Sim.
3.2.3. Quantidade total de configurações possíveis
De acordo com os dados apresentados anteriormente, desconsiderando a quantidade de
adesivos possíveis para aplicação nas portas, o que levaria à um número infinito de
combinações possíveis para a configuração final do produto, o cálculo de combinações
possíveis para o produto final, dentro dos limites desse estudo, será realizado multiplicando-se
todas as quantidades de variações possíveis.
Desta forma obtém-se o cálculo demonstrado a seguir:
Quantidade de modelos básicos X quantidade combinações possíveis para os bicos X
quantidade combinações possíveis para as mangueiras X quantidade de combinações
possíveis para as cores das colunas X quantidade de combinações possíveis para as cores das
portas X quantidade de combinações possíveis para as cores da estrutura central do produto X
quantidade de combinações possíveis para os adesivos de produtos X quantidade de
combinações possíveis para os demais opcionais.
Portanto:
Qtde de configurações finais possíveis = 52 X 6 X 8 X 14 X 14 X 14 X 9 X 480
Qtde de configurações finais possíveis = 29.587.783.680 (vinte e nove bilhões,
quinhentos e oitenta e sete milhões, setecentos e oitenta e três mil, seiscentos e oitenta).
3.2.4. Qualidade da BOM
A qualidade da lista de materiais da empresa foi medida de três maneiras:
Primeiramente, foi realizado o levantamento de falhas encontradas nas listas de materiais nos
últimos 12 meses e, posteriormente, foi realizada uma pesquisa quantitativa através de um
questionário respondido pelos próprios funcionários, distribuídos entre os mais diversos
setores. Além disso, foram realizadas seis entrevistas.
47
3.2.4.1. Apontamento de falhas
A ferramenta disponível para o apontamento de falhas na lista de materiais atualmente,
resume-se ao RAC, ou seja, uma ferramenta disponível a todos os setores, através do qual os
funcionários habilitados para abrir esses relatórios informam os problemas encontrados e em
quais produtos esses problemas foram encontrados.
O RAC é uma exigência de certificação de qualidade da norma ISO 9001 para controle
de não-conformidades, as quais devem ser devidamente analisadas e tratadas.
O levantamento considerou todas as RAC´s abertas para o período de setembro/2011
até o dia 24 de outubro/2012. Nesse período foram registradas 827 não-conformidades de 20
critérios diferentes por 32 setores, conforme as tabelas 3.3 e 3.4 a seguir.
A tabela 3.3 apresenta a distribuição das não-conformidades por critério. Os critérios
relacionados a esse estudo estão destacados em negrito na referida tabela.
48
TABELA 3.3 – RAC´s registradas entre set/2011 e out/2012
RAC por critério Critério Qtde % Aspecto Visual em desacordo com o especificado em Norma e/ou Instrução 5 0,60% Auditoria – Externa 3 0,36% Auditoria – Interna 68 8,22% Desvio de Produto 99 11,97% Erro / Não atendimento de Procedimento 15 1,81% Erro de desenho – Fabricação 23 2,78% Erro de desenho – Montagem 3 0,36% Erro na Lista de Material - Quantidade Especificada 24 2,90%
Erro na Lista de Material - Tipo de item especificado 176 21,28% Falha / Erro de programação 27 3,26% Inexistência / Inadequação de recursos 16 1,93% Interferência na montagem – Peça 23 2,78% Interferência na montagem – Projeto 8 0,97% Manuseio e Preservação – Estoque 1 0,12% Manuseio e Preservação – Interno 2 0,24%
Peça / Produto em desacordo com o especificado - Desenho 34 4,11%
Peça / Produto em desacordo com o especificado - Padrão cliente 155 18,74% Reclamação de cliente (campo) 136 16,44% Segurança do trabalho não conforme 7 0,85% Sistema ambiental não conforme 2 0,24% Total Geral 827 100%
Fonte: O autor
Como pode-se observar na tabela 3.3, do total de 827 não-conformidades registradas
no período, 24 foram por erros relacionados à quantidade do item especificada na lista de
material, enquanto 176 foram por erros relacionados ao item especificado na BOM. Portanto,
foram abertos, para o período, um total de 200 RAC´s relacionados à problemas na BOM, ou
24,18% do total.
49
A tabela 3.4 a seguir apresenta a distribuição de RAC´s por setor emitente. Os setores
produtivos da empresa foram destacados em negrito.
TABELA 3.4 – Qtde de RAC´s por setor
RAC por setor Setor Qtde % Alta Direção 2 0,24% Ambiental 4 0,48% Bombas 166 20,07% Campo 113 13,66% Célula medidor antigo 1 0,12% Célula da unidade bombeadora 6 0,73% Célula do medidor 6 0,73% Compras 37 4,47% Embalagem de bombas 56 6,77% Engenharia Industrial 2 0,24% Engenharia Produto 1 0,12% Estamparia 129 15,60% Expedição 1 0,12% Galpão 1 0,12% Informática 1 0,12% Inspeção Recebimento 98 11,85% Logística 16 1,93% Manutenção 3 0,36% Metrologia 6 0,73% Outros 2 0,24% PCP 51 6,17% Pintura 5 0,60% Planejamento Industrial 3 0,36% Qualidade 28 3,39% Recursos Humanos 6 0,73% Embalagem de peças 4 0,48% Segurança do Trabalho 3 0,36% Teste final de bombas 13 1,57% Usinagem 37 4,47% Venda Peças 19 2,30% Vendas Exportação 6 0,73% Vendas Internas 1 0,12% Total Geral 827 100,00%
Fonte: O autor
Com relação à distribuição por setor, apresentada pela tabela 3.4, observa
setores de produção foram responsáveis pelo registro de 423 RAC´s, ou seja, 51,15% do total,
conforme destacado em negrito na tabela 3.4.
As não-conformida
diversos setores, conforme a distribuiç
GRÁFICO
Os setores destacados em negrito representam os setores produtivos da empresa e
foram responsáveis pelo registro de 74% das 200 não
lista de materiais, o que em números absolutos se traduz em 148 RAC´s.
Comparando esse número com o total de RAC´s registradas no período de
setembro/2011 a outubro/2012, é observado um percentual de 21,03%
Produção por erro de listas de material.
015%
010%006%
019%
001%
001%005%
Qtde de RAC
Com relação à distribuição por setor, apresentada pela tabela 3.4, observa
setores de produção foram responsáveis pelo registro de 423 RAC´s, ou seja, 51,15% do total,
conforme destacado em negrito na tabela 3.4.
conformidades relacionadas às listas de materiais foram registradas por
diversos setores, conforme a distribuição apresentada pelo Gráfico 3.1 abaixo:
GRÁFICO 3.1 – Qtde de RAC´s de erros de BOM por setor
Fonte: O autor
Os setores destacados em negrito representam os setores produtivos da empresa e
foram responsáveis pelo registro de 74% das 200 não-conformidades relacionadas à erros na
lista de materiais, o que em números absolutos se traduz em 148 RAC´s.
e número com o total de RAC´s registradas no período de
setembro/2011 a outubro/2012, é observado um percentual de 21,03% de RAC´s abertas pela
Produção por erro de listas de material.
044%
001%001%
015%
005%001%
Qtde de RAC´s de erros de BOM por setor
Bombas
Montagem do medidor
Compras
Embalagem de bombas
Estamparia
Logística
PCP
Qualidade
Teste final de bombas
Usinagem
Vendas Exportação
50
Com relação à distribuição por setor, apresentada pela tabela 3.4, observa-se que os
setores de produção foram responsáveis pelo registro de 423 RAC´s, ou seja, 51,15% do total,
des relacionadas às listas de materiais foram registradas por
abaixo:
por setor
Os setores destacados em negrito representam os setores produtivos da empresa e
conformidades relacionadas à erros na
lista de materiais, o que em números absolutos se traduz em 148 RAC´s.
e número com o total de RAC´s registradas no período de
de RAC´s abertas pela
por setor
Bombas
Montagem do medidor
Compras
Embalagem de bombas
Estamparia
Logística
Qualidade
Teste final de bombas
Usinagem
Vendas Exportação
51
3.2.4.2. Questionário
Foi realizado um questionário (anexo II), contendo onze perguntas objetivas com
funcionários de diversos setores da empresa em estudo, com o intuito de medir o
conhecimento de seus funcionários a respeito da lista de materiais e seus desdobramentos nos
processos da empresa, além de coletar a opinião dos mesmos sobre a estrutura da lista de
materiais e de sua qualidade.
A pesquisa teve a adesão de 46 funcionários dentre os 250 colaboradores atualmente,
totalizando uma amostragem de 18,4% do total de funcionários. Participaram do questionário
funcionários de 11 setores diferentes, de acordo com a tabela 3.5 abaixo:
TABELA 3.5 – Participantes por setor
Setor Total Funcionários
Setor Qtde de
participantes % do Setor
% do Total Partic.
Almoxarifado 10 1 10% 2,17% Compras 8 4 50% 8,70% Contabilidade 5 2 40% 4,35% Engenharia Industrial 5 1 20% 2,17% Engenharia Produto 8 3 38% 6,52% Expedição 3 2 67% 4,35% PCP 5 4 80% 8,70% Produção 100 26 26% 56,52% Supply Chain 1 1 100% 2,17% TI 6 1 17% 2,17% Vendas 12 1 9% 2,17%
Fonte: O autor
O intuito de se ter uma maior participação de funcionários da produção (56,52%) foi o
alinhamento da pesquisa com o escopo deste trabalho. A área de gerenciamento da cadeia de
suprimentos, compreendida pelos setores almoxarifado, compras, expedição, PCP e Supply
Chain – e suas respostas serão analisadas como sendo um único setor, Supply Chain – foram
responsáveis por 26,09% das respostas ao questionário, fato que também se alinha ao escopo
deste estudo. As outras áreas tiveram a participação de 17,39% no total das respostas – e serão
52
analisadas como Outros setores no decorrer do estudo – o que permitirá avaliar a lista de
materiais pelos mais diversos pontos de vista.
As respostas ao questionário se dividiram de acordo com o apresentado nas tabelas 3.6
e nos gráficos 3.2, 3.3 e 3.4 a seguir. Para melhor apresentação dos dados, as perguntas foram
agrupadas de acordo com as respostas possíveis, como pode ser observado.
A tabela 3.6 apresenta as respostas às perguntas 1, 2, 4, 5, 6, 7, 8 e 9. Para estas
perguntas, as possibilidades de respostas se resumiam a Sim e Não.
TABELA 3.6 – Distribuição das respostas ao questionário – perguntas 1;2;4;5;6;7;8;9
Pergunta Sim % Não % Não respondeu %
1. Você tem acesso à lista de materiais sempre que precisa?
37 80,43% 7 15,22% 2 4,35%
2. Na sua opinião, a lista de materiais tem todas as informações necessárias?
17 36,96% 28 60,87% 1 2,17%
4. Você acha a lista de materiais da empresa confiável?
12 26,09% 33 71,74% 1 2,17%
5. Você acredita que a lista de materiais pode causar impactos no processo produtivo?
41 89,13% 3 6,52% 2 4,35%
6. E nas suas atividades, você acha que a lista de materiais causa algum tipo de impacto?
40 86,96% 5 10,87% 1 2,17%
7. Você acha que existe alguma relação entre a lista de material e os níveis de estoque?
40 86,96% 5 10,87% 1 2,17%
8. E com os roteiros de fabricação? 34 73,91% 10 21,74% 2 4,35% 9. Você acredita em problemas de falta de material na linha de produção causados por problemas na lista de material?
44 95,65% 2 4,35% 0 0,00%
Fonte: O autor
A intenção da pergunta 1 era verificar a disponibilidade da lista de material aos que
necessitam de suas informações. A esta pergunta, 80,43%, ou 37 dos participantes
responderam positivamente.
53
A segunda pergunta verificou se a BOM da empresa tem todas as informações de que
precisam os funcionários. 60,87% dos funcionários participantes do questionário responderam
negativamente à pergunta, o que significa 28 do total de 46 participantes.
A quarta questão foi direta quanto à confiança dos funcionários na BOM da empresa.
33 funcionários responderam que NÃO confia na lista, o que representa 71,74% do total de
participantes.
Para testar o entendimento dos colaboradores sobre o impacto da lista de materiais nos
processos da empresa, foram elaboradas as perguntas 5, 6, 7, 8 e 9. 41 funcionários
responderam SIM à pergunta 5, cujo objetivo era verificar se os funcionários acreditam em
impactos no processo produtivo, causados pela BOM, o que representa 89,13% do total.
Às perguntas 6 e 7, 40 funcionários, ou 86,96% do total, responderam positivamente.
Os objetivos dessas perguntas eram verificar o entendimento dos funcionários com relação
aos impactos da BOM em suas atividades e nos níveis de estoque da companhia,
respectivamente.
O objetivo da oitava questão era identificar a opinião dos colaboradores quanto à
relação das listas de materiais com os roteiros de fabricação. Verificou-se que 73,91%, ou 34
funcionários, entendem que existe relação entre essas duas informações.
A nona questão objetivou verificar a relação da BOM com um dos problemas crônicos
da companhia: a falta de materiais no momento da produção dos produtos e componentes.
Para esta pergunta, 95,65% dos participantes (44) entendem que existe relação.
O gráfico 3.2 a seguir apresenta a distribuição das respostas para a terceira pergunta do
questionário. O objetivo dessa pergunta era o de identificar quais as informações que os
funcionários julgam necessárias na lista de materiais, de forma a melhor atender às suas
necessidades. A questão em tela solicitou aos participantes marcar, dentre as opções, quais as
informações que este julgava necessárias constar da lista de materiais.
54
GRÁFICO 3.2 – Distribuição das respostas ao questionário – pergunta 3
Fonte: O autor
Foi observada a mais variada combinação de respostas possíveis, variando de acordo
com o setor de atuação de cada um dos funcionários. A opção Outros foi marcada por apenas
8 participantes, ou 17,4%, e apresentou a necessidade de informações mais específicas, tais
quais: Produto/ item / componente substituto; Vídeos / animações ilustrativas das montagens
dos componentes para versões eletrônicas da BOM; Roteiros de fabricação; Nome do
responsável pela composição da BOM do módulo / componente para eventuais dúvidas;
Quantidade atualizada necessária à montagem do produto e quantidade do item disponível em
estoque.
A pergunta 10 do questionário questionou a opinião dos colaboradores a respeito da
estrutura da lista de materiais e objetivou levantar a opinião dos colaboradores a respeito da
estrutura da lista de material.
046%
083%
091%
046%
074%
048%
080%
048%
017%002%
Distribuição das Respostas - Pergunta 3
Módulos
Séries
Quantidades
Sequência de Montagem
Desenhos de Engenharia
Instruções de Montagem
Descrição dos Itens
Informações técnicas dos componentesOutros
GRÁFICO 3.3 –
Dos 46 participantes, 24 (52,2%) respondeu que a estrutura da
mas precisa de melhorias. Além disso, outros 11 participantes (23,9%) respondeu que a
estrutura da BOM é ruim.
A pergunta 11 mediu o conhecimento dos funcionários a respeito das estruturas de
BOM existentes, perguntando aos participantes com qual das figuras disponíveis a lista
materiais da empresa mais parecia
GRÁFICO 3.4 –
15%
24%
Distribuição das Respostas
8%
0%
13%
13%
Distribuição das Respostas
Distribuição das respostas ao questionário –
Fonte: O autor
Dos 46 participantes, 24 (52,2%) respondeu que a estrutura da
s. Além disso, outros 11 participantes (23,9%) respondeu que a
A pergunta 11 mediu o conhecimento dos funcionários a respeito das estruturas de
, perguntando aos participantes com qual das figuras disponíveis a lista
materiais da empresa mais parecia.
Distribuição das respostas ao questionário –
Fonte: O autor
9%
52%
24%
Distribuição das Respostas - Pergunta 10Boa
Adequada, mas precisa melhorarAdequada, mas as informações são ruinsRuim
Não respondeu
60%
6%
Distribuição das Respostas - Pergunta 11
Não sei / Não quero responder / Não entendi a pergunta
Estrutura em I
Estrutura em T
Estrutura em A
Estrutura em V
Estrutura em X
55
pergunta 10
Dos 46 participantes, 24 (52,2%) respondeu que a estrutura da BOM está adequada,
s. Além disso, outros 11 participantes (23,9%) respondeu que a
A pergunta 11 mediu o conhecimento dos funcionários a respeito das estruturas de
, perguntando aos participantes com qual das figuras disponíveis a lista de
pergunta 11
Pergunta 10
Adequada, mas precisa
Adequada, mas as informações são ruins
Não respondeu
Pergunta 11
Não sei / Não quero responder / Não entendi a pergunta
Estrutura em I
Estrutura em T
Estrutura em A
Estrutura em V
Estrutura em X
56
63% dos participantes optaram por responder Não sei / Não quero responder / Não
entendi a pergunta.
No que diz respeito às respostas de cada pergunta por setor, a distribuição é
apresentada nas tabelas 3.7; 3.8; 3.9 e 3.10, expostas a seguir. As perguntas também foram
agrupadas de acordo com as respostas possíveis, conforme as tabelas anteriores.
A tabela 3.7 apresenta a distribuição das respostas 1, 2, 4, 5, 6, 7, 8 e 9 para os setores,
o que poderá auxiliar no entendimento da concentração das respostas. O objetivo de cada uma
das perguntas das tabelas a seguir já foram apresentados anteriormente, quando da
apresentação da distribuição das respostas ao questionário.
TABELA 3.7 – Distribuição das respostas por setor – perguntas 1;2;4;5;6;7;8;9
Pergunta Sim % Não % Não
respondeu %
1. Você tem acesso à lista de materiais sempre que precisa?
37 80,43% 7 15,22% 2 4,35%
Produção 24 92,31% 1 3,85% 1 3,85% Supply Chain 6 50,00% 5 41,67% 1 8,33% Outros Setores 7 87,50% 1 12,50% 0 0,00%
2. Na sua opinião, a lista de materiais tem todas as informações necessárias?
17 36,96% 28 60,87% 1 2,17%
Produção 13 50,00% 12 46,15% 1 3,85% Supply Chain 1 8,33% 11 91,67% 0 0,00% Outros Setores 3 37,50% 5 62,50% 0 0,00%
4. Você acha a lista de materiais da empresa confiável?
12 26,09% 33 71,74% 1 2,17%
Produção 10 38,46% 15 57,69% 1 3,85% Supply Chain 0 0,00% 12 100,00% 0 0,00% Outros Setores 2 25,00% 6 75,00% 0 0,00%
5. Você acredita que a lista de materiais pode causar impactos no processo produtivo?
41 89,13% 3 6,52% 2 4,35%
Produção 22 84,62% 3 11,54% 1 3,85% Supply Chain 12 100,00% 0 0,00% 0 0,00% Outros Setores 7 87,50% 0 0,00% 1 12,50%
Fonte: O autor
57
Continuação da TABELA 3.7 – Distribuição das respostas por setor – perguntas
1;2;4;5;6;7;8;9
6. E nas suas atividades, você acha que a lista de materiais causa algum tipo de impacto?
40 86,96% 5 10,87% 1 2,17%
Produção 21 80,77% 4 15,38% 1 3,85% Supply Chain 12 100,00% 0 0,00% 0 0,00% Outros Setores 7 87,50% 1 12,50% 0 0,00%
7. Você acha que existe alguma relação entre a lista de material e os níveis de estoque?
40 86,96% 5 10,87% 1 2,17%
Produção 20 76,92% 5 19,23% 1 3,85% Supply Chain 12 100,00% 0 0,00% 0 0,00% Outros Setores 8 100,00% 0 0,00% 0 0,00%
8. E com os roteiros de fabricação?
34 73,91% 10 21,74% 2 4,35%
Produção 17 65,38% 8 30,77% 1 3,85% Supply Chain 10 83,33% 1 8,33% 1 8,33% Outros Setores 7 87,50% 1 12,50% 0 0,00%
9. Você acredita em problemas de falta de material na linha de produção causados por problemas na lista de material?
44 95,65% 2 4,35% 0 0,00%
Produção 25 96,15% 1 3,85% 0 0,00% Supply Chain 12 100,00% 0 0,00% 0 0,00% Outros Setores 7 87,50% 1 12,50% 0 0,00%
Fonte: O autor
Para a primeira pergunta, a Produção e os Outros setores apresentaram respostas
positivas em 92,31% e 87,50% dos casos, respectivamente. Em contrapartida, os setores
englobados por Supply Chain apresentaram resposta positiva em apenas 50% dos casos.
Na segunda questão da pesquisa, obteve-se uma concentração na resposta negativa,
sendo Supply Chain (91,67%) e Outros setores (62,50%) responsáveis por essa concentração,
enquanto a produção, em apenas 46,15% aderiu à mesma opinião.
Na quarta pergunta, observa-se opinião unânime do setor de Supply Chain quanto à
confiança na lista de materiais: nenhum funcionário participante da pesquisa confia na lista de
materiais. Além disso, 75% dos funcionários de outros setores, que participaram da pesquisa,
58
responderam que não confiam também, coincidente com a opinião de 57,69% dos
funcionários da produção.
À pergunta de número 5, 84,62%, 100% e 87,50% para produção, Supply Chain e
outros setores respectivamente, responderam positivamente.
Os valores são muito próximos para a sexta questão, com diferença apenas no
percentual de respostas da produção, com 80,77%.
Na questão 7 é observada a opinião unânime, e positiva, de Supply Chain e outros
setores, destoando apenas na produção, com 76,92% das respostas positivas.
A oitava questão apresenta valores mais baixos, com 65,38%, 83,33% e 87,50% de
respostas positivas para produção, Supply Chain e outros setores respectivamente.
A questão 9 volta a apresentar números altos para as respostas positivas: 96,15%,
100% e 87,50% para produção, Supply Chain e outros setores respectivamente.
A tabela 3.8 apresenta a concentração das opções de informações necessárias na BOM
de acordo com cada um dos setores participantes da pesquisa.
59
TABELA 3.8 – Distribuição das respostas por setor – pergunta 3
3. Marque abaixo as informações que você acha que são necessárias na lista de materiais:
Produção % Supply Chain
% Outros Setores
%
Módulos 9 34,62% 7 58,33% 5 62,50% Séries dos itens
21 80,77% 11 91,67% 6 75,00%
Quantidades 23 88,46% 12 100,00% 7 87,50% Sequência de Montagem
9 34,62% 8 66,67% 4 50,00%
Desenhos de Engenharia
18 69,23% 10 83,33% 6 75,00%
Instruções de Montagem
14 53,85% 4 33,33% 4 50,00%
Descrição dos Itens
18 69,23% 12 100,00% 7 87,50%
Informações técnicas dos componentes
9 34,62% 7 58,33% 6 75,00%
Outros 4 15,38% 2 16,67% 2 25,00%
Não respondeu
1 3,85% 0 0,00% 0 0,00%
Fonte: O autor
Do total de participantes da produção (26), os itens que foram mais escolhidos, com
percentual de marcação acima de 50% foram: Séries dos itens (80,77%); Quantidades
(88,46%); Desenhos de Engenharia (69,23%); Instruções de Montagem (53,85%) e Descrição
dos Itens (69,23%).
Para os funcionários de Supply Chain, os itens mais relevantes foram: Módulos ou
itens intermediários (58,33%); Séries dos itens (91,67%); Quantidades (100%); Sequencia de
Montagem (66,67%); Desenhos de Engenharia (83,33%); Descrição dos itens (100%) e
Informações técnicas dos componentes (58,33%).
Para os colaboradores dos demais setores participantes, as opções mais escolhidas
foram: Módulos (62,50%); Séries dos itens (75%); Quantidades (87,50%); Sequencia de
60
Montagem (50%); Desenhos de Engenharia (75%); Instruções de Montagem (50%);
Descrição dos itens (87,50%) e Informações técnicas dos componentes (75%).
A tabela 3.9 apresenta a concentração das respostas, também divididas por setor, a
respeito da avaliação dos funcionários sobre a estrutura da lista de materiais.
TABELA 3.9 – Distribuição das respostas por setor – pergunta 10
10. Qual a sua opinião geral a respeito da estrutura da lista de material da empresa atualmente?
Produção % Supply Chain
% Outros Setores
%
Boa 3 11,54% 0 0,00% 1 12,50% Adequada, mas precisa melhorar
18 69,23% 3 25,00% 3 37,50%
Adequada, mas as informações são ruins
2 7,69% 3 25,00% 2 25,00%
Ruim 3 11,54% 6 50,00% 2 25,00% Fonte: O autor
Pode ser observado que metade dos participantes de Supply Chain consideram a
estrutura da BOM ruim (6 pessoas), enquanto a maioria dos participantes da Produção
consideram a estrutura adequada, mas acreditam que pode ser melhorada – 69,23%. Já a
opinião dos participantes de outros setores ficou bastante dividida, com a concentração maior
em adequada, mas com necessidade de melhorar (37,50%).
A tabela 3.10 apresenta a distribuição por setor da questão 11 do questionário.
61
TABELA 3.10 – Distribuição das respostas por setor – pergunta 11
11. Com relação ao formato da lista de material, com qual do desenho abaixo a lista de material da empresa mais se parece?
Produção % Supply Chain
% Outros Setores
%
Não sei / Não quero responder / Não entendi a pergunta
23 88,46% 5 41,67% 1 12,50%
Estrutura em I 1 3,85% 1 8,33% 2 25,00%
Estrutura em T 0 0,00% 0 0,00% 0 0,00%
Estrutura em A 0 0,00% 2 16,67% 4 50,00%
Estrutura em V 2 7,69% 3 25,00% 1 12,50%
Estrutura em X 0 0,00% 3 25,00% 0 0,00% Fonte: O autor
A concentração das respostas para os colaboradores da Produção e de Supply Chain
ficou na primeira opção (Não sei / Não quero responder / Não entendi a pergunta), com
88,46% e 41,67%, respectivamente. Já para os profissionais de Outros Setores, a resposta
ficou distribuída entre 4 opções, com maior concentração para a estrutura em A (50%).
3.2.4.3. Entrevistas
As entrevistas foram realizadas na própria empresa, com pessoas em cargo de gerência
ou supervisão, cujos processos por elas gerenciados têm ligação direta com o processo
produtivo. Portanto, foram entrevistados o Gerente e o Supervisor da Produção; o
Encarregado / Supervisor de Qualidade; o Gerente de Supply Chain e os Supervisores de
Compras e Logística, cuja responsabilidade se estende ao recebimento de materiais,
almoxarifado e logística interna.
As entrevistas foram baseadas no roteiro de entrevista (anexo III) e, por ser utilizado o
método de entrevista aberta, algumas perguntas foram feitas de acordo com o andamento da
conversa, buscando maiores esclarecimentos das respostas dadas e procurando riqueza de
detalhes e aprofundamento do tema em discussão nesse trabalho.
62
Devido à duração média das entrevistas, de trinta minutos, apenas os aspectos e
informações mais relevantes serão relatados.
3.2.4.3.1. Supervisor de Produção
A primeira entrevista foi realizada com Supervisor da Linha de Montagem, o qual atua
há cerca de doze anos na empresa, sempre em funções diretamente ligadas à Linha de
Produção.
O Supervisor enxerga uma relação muito próxima entre a BOM e o processo de
produção da empresa, principalmente sob dois aspectos: O fornecimento de material e a
qualidade tanto do produto quanto do processo produtivo. Com relação ao fornecimento de
material, o supervisor de produção acredita que a lista de materiais é essencial para fornecer
as informações corretas aos setores de suprimento, para que estes possam disponibilizar o
material no tempo necessário para a produção, evitando problemas de falta de material e,
consequentemente, atrasos na montagem e fabricação dos produtos. Pelo outro aspecto, o da
qualidade, o supervisor relatou que, caso haja informações imprecisas na lista, a qualidade do
produto será inconsistente com o especificado, podendo conter materiais diferentes do
necessário para o correto funcionamento do produto. Além disso, ainda com relação à
qualidade, o processo de produção poderá ser afetado, uma vez que informações incorretas na
lista de materiais poderão gerar a montagem incorreta ou mesmo problemas na montagem,
afetando diretamente a qualidade do processo de produção.
Com relação ao gerenciamento da lista de materiais, o supervisor não encontra um
processo sistemático e bem estruturado em funcionamento na empresa, deixando a cargo das
pessoas, através de seus conhecimentos e experiências, a criação, análise, verificação e
liberação das listas de materiais, o que acarreta o desencontro de informações. Além disso, a
apresentação da lista de materiais, principalmente para a operação, não atende às expectativas,
uma vez que os subconjuntos são apresentados fora da sequencia de montagem, necessitando
de tempo além do necessário para qualquer consulta à lista, o que acaba fazendo com o que o
pessoal da operação deixe de consultar a lista em busca de informações, acarretando diversos
transtornos.
63
Para solucionar os problemas existentes atualmente, o supervisor acredita que devem
ser feitos investimentos, não necessariamente financeiros, no processo de configuração do
produto, que gera a lista de material do produto acabado, além de definição de processos
sistemáticos de criação, análise, verificação e liberação das BOM, criando, assim, sistemas
anti-falhas.
No que diz respeito ao feedback dado pela produção, quando da identificação de falhas
nas listas, o supervisor entende que o RAC é uma ferramenta adequada, porém acredita que
não tem sido dado o tratamento adequado aos pontos identificados pela produção.
3.2.4.3.2. Gerente de Produção
O atual gerente de produção da XPTO iniciou sua trajetória dentro da empresa há
cerca de trinta e três anos, como Engenheiro Industrial. Com o passar dos anos, o gerente
assumiu a responsabilidade pela própria engenharia industrial e, antes de assumir o cargo de
gerente de produção, também foi responsável pelo Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos.
Ocupa a posição de responsabilidade pela produção há cerca de três anos.
Na mesma linha de raciocínio do supervisor de produção, o gerente enxerga uma
relação muito próxima entre a BOM e o processo de produção e, principalmente, a linha de
montagem. Porém, o gerente reconhece que tal relação pode não ser tão clara para os demais
setores da companhia e admite que, ele mesmo, antes de assumir a função de gerente de
produção, não compreendia os impactos negativos na produção que podem ser causados por
informações inconsistentes na lista de materiais.
Ao ser questionado sobre quais podem ser esses impactos, o gerente informou que
podem ser os mais diversos, porém deu destaque a sete problemas principais, que serão
detalhados a seguir:
− Balanceamento da Linha de Produção: Primeiramente, destacou o gerente, o
cálculo para balanceamento da linha de produção é realizado a partir das
informações disponíveis, tais quais, lista de materiais e folhas de operação.
Existindo quaisquer problemas com essas informações, os tempos para
balanceamento da linha serão realizados de forma incorreta, fazendo com que a
64
linha, apesar de estar calculada para estar balanceada, não atinja os tempos de
operação exigidos. Outro problema diz respeito ao fato de a linha conseguir
atingir os tempos calculados, porém o fato de a lista estar errada exige a
necessidade de ajustes após a montagem, o que causa a falsa impressão de
balanceamento.
− Apropriação de Tempo (Custo de Produção): Caso a BOM contenha
informações incorretas, a folha de operações será feita para operações
desnecessárias ou faltando operações, o que acarretará a apropriação de tempos
de produção em desacordo com o praticado, afetando diretamente o custo
apropriado de mão-de-obra para o produto.
− Rendimento da Linha: Uma vez causado o desbalanceamento da produção, o
rendimento da linha de montagem não será o esperado. Neste caso, o impacto
será sempre negativo.
− Moral da Tropa: Para o gerente, os setores de criação e projeto são
considerados pelos operadores de chão-de-fábrica os setores de inteligência.
Portanto, erros cometidos pelos setores de inteligência surtem efeitos
psicológicos na operação. Além disso, quando o erro não é sanado no tempo
necessário para que não se repita e volta a acontecer, o efeito psicológico é
potencializado, principalmente quando houve feedback da produção a respeito
daquele problema identificado. O pior aspecto do ponto de vista do gerente, diz
respeito ao fato de os impactos negativos desses erros de lista serem
normalmente atribuídos à capacidade da operação de se atingir os objetivos da
companhia. Segundo ele, normalmente não é devidamente averiguado as
causas do mau rendimento da produção, sendo atribuído à própria produção o
mau resultado, quando existem casos em que a causa-raiz foram os problemas
encontrados nas listas de materiais.
− Conflito Entre as Partes: Na visão do gerente, ainda por se ter os setores de
engenharia, envolvidos na criação e projeto dos produtos como os setores de
inteligência da companhia, quando alguma possível falha na lista de material é
detectada pelo operador, este fica na dúvida se é realmente uma falha da lista
de materiais, e consequentemente da engenharia, ou se é alguma deficiência do
65
próprio operador, por não conhecer exatamente aquela montagem. Por este
motivo, normalmente, são chamados operadores mais experientes para avaliar
a situação. Em alguns casos, são chamados os Encarregados da Produção, o
Supervisor e até o próprio Gerente e pessoas de outros setores para avaliar o
problema. Quando isso ocorre, se cria um debate com várias pessoas
envolvidas para se discutir um problema que não deveria existir, gerando então
conflito entre os participantes de averiguação.
− Retrabalho: Por erros de lista de materiais, o gerente da produção enxerga
retrabalho em diversas etapas do processo. Primeiramente na própria
engenharia, para corrigir as listas. Além disso, existe retrabalho nos setores de
suprimento, que deverão comprar, movimentar e armazenar materiais que já
foram tratados. Porém, acredita que o maior desperdício com retrabalho está na
própria produção, uma vez que a correção dos problemas encontrados não se
dá, na maioria dos casos, imediatamente, por indisponibilidade do material
necessário. Portanto, a correção ser feita fora da linha de montagem, o que
significa dizer sem os recursos adequados, gera um tempo de operação muito
maior do que o previsto para a operação, mais uma vez afetando o custo do
produto e o rendimento da produção.
− Flexibilidade da Linha: Uma vez que na XPTO os problemas com a BOM são
recorrentes, e alguns desses problemas ocorrem em operações críticas para o
funcionamento do produto, não são todos os operadores que podem atuar em
qualquer operação. Portanto, os gestores da produção ficam dependentes de
operadores-chave para a execução de determinadas operações, o que reduz a
flexibilidade da mão-de-obra da linha de produção.
Do ponto de vista do gerente de produção, o gerenciamento da lista de materiais deve
ser realizado pela própria Engenharia de Produto, responsável pela criação da BOM. Porém,
ele acredita que o gerenciamento não é feito como deveria, visto que os problemas são
recorrentes e, quando as correções acontecem, elas demoram mais tempo do que o necessário
para acontecer.
Ao ser questionado sobre a estrutura de apresentação da lista de materiais, o gerente
afirmou que esta não está adequada às necessidades da produção, uma vez que, em diversos
66
momentos, os operadores não conseguem encontrar na BOM as informações por eles
procuradas, o que faz com que estes deixem de consultar a lista de materiais para realização
de suas atividades. A estrutura mais adequada para a produção, segundo o gerente, seria
dispor os componentes na sequencia de sua montagem, indicando ao operador onde procurar
as informações quando da existência de dúvidas.
Para solucionar os diversos problemas existentes com a BOM da empresa atualmente,
o gerente confia na troca de informações entre os setores envolvidos, através de sistemas de
gerenciamento visual, aliados à disponibilidade para correção imediata dos problemas
identificados. Além disso, enxerga a necessidade de desenvolvimento de um processo que
envolva a criação, verificação e aprovação das listas e alterações nas listas, onde quem crie a
lista não seja a mesma pessoa que verifique, e quem aprove também não seja a mesma que
verifique, criando então um processo de liberação de listas de materiais nas quais as mesmas
serão checadas três vezes antes de serem liberadas para a produção.
3.2.4.3.3. Encarregado de Qualidade
O encarregado do setor de qualidade da XPTO atua na empresa há cerca de trinta anos
e possui amplo conhecimento sobre o produto e suas especificações técnicas. Principal
responsável pela inspeção de recebimento dos materiais produtivos, o encarregado acredita
que o objetivo do setor de qualidade é fornecer suporte à produção filtrando os materiais
defeituosos, oferecer suporte ao setor de suprimentos no desenvolvimento de fornecedores e
auxiliar os setores de forma a manter na empresa a cultura da qualidade, tanto do processo
quanto do produto, fazendo com que as especificações do projeto sejam atendidas e as
expectativas do cliente com o produto sejam superadas.
Ao ser perguntado sobre a relação entre a lista de materiais e o processo de produção,
o encarregado destacou que a BOM informa todos os itens necessários à produção do produto,
existindo então uma relação direta entre os dois. No entanto, o encarregado enxerga falta de
informações essenciais na lista de materiais, além de baixa acuracidade das informações ali
presentes, o que gera impactos significativos no processo produtivo e, consequentemente, nas
metas estipuladas pela administração da empresa.
67
O encarregado frisou que o setor de qualidade só tem contato com a lista de materiais
em casos específicos, quando os setores de suprimentos compram subconjuntos prontos, ao
invés de matérias-primas, e que a lista ser disponibilizada no seu formato estendido iria
auxiliar o processo de aferição do material comprado. Além disso, a disponibilização dos
desenhos desses conjuntos se faz necessária para um melhor desenvolvimento das atividades
de controle de qualidade.
No que diz respeito ao gerenciamento da lista de materiais, o encarregado acredita que
exista a necessidade de maior mão-de-obra designada para tratar das listas de materiais.
Porém, destacou que a contratação de mão-de-obra por si só não resolveria o problema
imediatamente, uma vez que existe um tempo de aprendizagem para o conhecimento do
produto por aqueles que entrarem para executar esse trabalho. Além disso, o encarregado
ressaltou que o processo de configuração do produto é realizado de maneira manual, pelo
setor de Vendas que faz a interface entre o cliente e o setor de Engenharia. Portanto, a
intervenção humana nesses casos é suscetível a falhas e é necessária a criação de pontos de
check para evitar que as falhas na configuração ocorram.
3.2.4.3.4. Supervisor de Compras
O entrevistado iniciou sua trajetória na XPTO como estagiário e, nos oito anos que
está na empresa, passou pelo setor de PCP até ser designado como supervisor de compras,
função que desempenha há cerca de dois anos e meio.
Apesar de não acreditar que seus colaboradores tenham a necessidade de contato
direto com a lista de materiais, o supervisor enxerga a necessidade de informações exatas na
BOM de forma que a demanda de cada produto gere a necessidade de compras da quantidade
estritamente necessária à produção destes. Qualquer informação que desvie a demanda gerada
da real necessidade da empresa trará problemas no processo de compras, acarretando ou
excesso de inventário, ou a ruptura do mesmo, trazendo problemas de falta de material para a
linha de produção.
Atualmente, o supervisor acredita que o gerenciamento da lista de materiais não está
sendo feito de maneira adequada, uma vez que se encontram casos de demanda de materiais
68
obsoletos há bastante tempo. Destacou o recente o caso de necessidade de um item que não é
aplicado ao produto há cerca de cinco anos.
Por fatores como esse, o supervisor acredita que alguns colaboradores da empresa
deixaram de confiar tanto na BOM quanto no processo de gerenciamento da mesma e, por
isso, deixaram de reportar os problemas encontrados e passaram a ignorar algumas
informações e a tomar as decisões baseadas em seu próprio conhecimento e experiência.
Para eliminar os problemas encontrados atualmente, o supervisor acredita na criação
de uma equipe responsável exclusivamente por revisar todas as listas de materiais dos
módulos e conjuntos existentes e na criação de um processo mais robusto de configuração das
bombas pelo setor de vendas, com a inclusão de checagem anti-falhas diretamente no sistema
de configuração.
3.2.4.3.5. Supervisor de Logistica
O supervisor de logística atua na empresa, nessa mesma função, há cerca de sete anos
e sua experiência profissional foi adquirida em empresas do ramo do varejo, atuando sempre
com logística.
O supervisor entende que o processo central da empresa nasce na BOM. Seguindo essa
linha de pensamento, o supervisor declarou que qualquer falha na lista de material irá
desencadear um processo de reação em cadeia, uma vez que, estando a lista errada, o
planejamento será irreal, compras irá comprar errado, o almoxarifado irá separar errado e a
produção poderá produzir errado. Com relação ao impacto da BOM no processo sob sua
supervisão, o entrevistado indicou o retrabalho na separação do material, aliado ao
desperdício de movimentação no almoxarifado.
O supervisor acredita que o gerenciamento das listas e o processo de configuração das
bombas não são feitos na velocidade e com a atenção necessária para que se evitem falhas e
que, para se resolver os problemas existentes atualmente, seria necessária a criação de uma
equipe, ainda que temporária, dedicada exclusivamente ao acerto das listas existentes e,
posteriormente, a criação de um processo de manutenção periódica das listas. Ainda para
melhorar as informações fornecidas pela BOM, o supervisor indicou a necessidade de constar
69
o local / recurso onde o material especificado será utilizado, de forma a facilitar o processo de
separação e disponibilização do material.
3.2.4.3.6. Gerente de Suprimentos
O atual gerente de suprimentos iniciou sua trajetória na empresa como Engenheiro de
Produção, há cerca de oito anos, atuando diretamente na linha de montagem, trabalhando em
conjunto com a gerência e supervisão da produção. Após este trabalho, foi convidado a
assumir a supervisão do Planejamento e Controle de Produção, posição ocupada antes de
assumir a gerência de suprimentos.
O gerente informou que antes da implantação do ERP atualmente utilizado pela
empresa – dois anos aproximadamente – havia um projeto de implantação de um sistema de
planejamento avançado, cujo principal problema era as inconsistências de quantidades
aplicadas à lista de materiais, divergentes da real necessidade e aplicação no produto, além de
problemas sobre as informações constantes do cadastro-mestre dos itens.
A adaptação das listas de materiais da empresa para o sistema modular, exigido pelo
processo de configuração do produto no ERP implantado foi feita em prazo muito curto –
entre dois e três meses – sendo a principal causa para a existência de tantos problemas
atualmente, na visão do entrevistado.
Por este motivo, a empresa tem enfrentado dificuldades no planejamento de
suprimentos e compra dos materiais diretos, conforme o exposto pelo gerente de suprimentos.
Portanto, com o intuito de minimizar estes problemas, o setor de almoxarifado ficou
encarregado de realizar a separação do material para cada programa de fabricação,
informando então ao setor de compras as faltas identificadas, para que sejam providenciados
os materiais. Tal processo, na visão do gerente, não é a solução adequada ao problema
enfrentado.
O gerente enxerga na Engenharia de Produto a responsabilidade por criar e manter as
listas de materiais dos conjuntos e subconjuntos e as regras do configurador, e no setor de
Customer Service, responsável pela configuração do produto, a responsabilidade de verificar
se o produto configurado está de acordo com as especificações do cliente. Porém, disse o
70
gerente, os dois setores citados não tem conhecimento a respeito dos impactos negativos de
problemas nas listas de materiais e, consequentemente, nenhuma das duas atividades é
realizada de maneira bem estruturada e eficaz, havendo muitos problemas nos resultados de
ambos os processos.
Para solucionar a grave situação da BOM da empresa, o gerente acredita que deveria
ser refeito todo o trabalho de modularização dos produtos e revisadas todas as regras de
configuração do produto.
3.2.5. Gestão da BOM
Na empresa em questão, a criação, manutenção, atualização e gestão de todas as listas
de materiais está a cargo da Engenharia de Produto, responsável pelo projeto, design e
especificações dos produtos. O setor conta ainda com um configurador, que está disponível
para o setor de Vendas, responsável pela entrada dos pedidos no sistema da empresa, e que
gera, automaticamente de acordo com as especificações dos opcionais, a lista de material para
o produto final na maioria dos casos, ou seja, nos casos em que as regras necessárias à criação
da lista de material estejam disponibilizadas no programa. Para o escopo deste estudo, todas
as regras estão disponíveis no configurador – à exceção das especificações gráficas do
produto, como tintas e adesivos – que auxilia o processo de geração de listas de materiais para
os produtos acabados.
Os itens específicos de estamparia e os itens gráficos, desde que sejam fabricados pela
própria empresa, tem sua lista de materiais gerada e mantida pela Engenharia Industrial, ao
invés da Engenharia de Produto, devido à necessidade de programas de máquinas CNC e
máquinas plotadoras para se produzir tais itens. Em ambos os casos, os setores relacionados
são os únicos responsáveis pela gestão da BOM.
71
3.3. ANÁLISE DE DADOS
3.3.1. Importância da BOM
Durante o levantamento bibliográfico, foram apresentadas a opinião de diversos
autores a respeito da importância da acuracidade das informações das listas de materiais para
os processos de planejamento e suprimento de materiais, que culmina no processo produtivo
das empresas.
Durante o estudo de caso, alguns dados dão suporte a essas opiniões. Pode-se destacar
a quantidade de não-conformidades referente à problemas de listas de materiais relatadas
pelos setores produtivos da empresa em estudo – 148 RAC´s do total de 827 no período
observado, ou 21,03% do total – o que pode ser entendido como uma forte evidência do quão
importante é para a Produção que a lista de materiais seja consistente e reflita o processo
produtivo.
Além disso, dados coletados através do questionário mostram que 89,13% dos 46
participantes da pesquisa entendem que a lista de materiais pode causar impactos no processo
produtivo, conforme apresentado na Tabela 3.6, anteriormente. Esse número, quando avaliado
pelo setor dos participantes, apresenta um resultado ligeiramente menor na produção, onde
84,62% dos participantes desse setor enxergam impactos causados pela BOM. Porém, quando
avaliado da perspectiva de Supply-Chain, todos os envolvidos na pesquisa acreditam na
existência desses impactos. O número se apresenta um pouco menor quando avaliado pelos
demais setores: 87,50%. Desta maneira, a opinião dos funcionários da XPTO reforça a
importância da lista de materiais para o processo de produção.
Os dados observados durante as entrevistas apresentam uma opinião unânime a
respeito da importância da lista de materiais para o processo produtivo. Todos os
entrevistados acreditam que há relação da BOM não só com o processo produtivo em si, mas
também com os processos por eles gerenciados / supervisionados, como Controle de
Qualidade, Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos, Logística e Compras, além da
Produção. Indo um pouco mais a fundo, todos os entrevistados concordaram que a falta de
acuracidade na BOM gera impactos negativos em toda a empresa, desde a produção, até a
72
aferição dos resultados financeiros da companhia, passando, inclusive, pelos serviços de
atendimento ao cliente e prestação de assistência técnica.
3.3.2. Estrutura da BOM na XPTO
De acordo com o levantamento de configurações possíveis, restringindo-se ao
mercado interno brasileiro para as duas principais famílias de produtos – bombas altas e
baixas – e desconsiderando as possibilidades de adesivos a serem aplicados no produto,
obteve-se uma enorme quantidade de configurações finais possíveis, chegando à casa de
dezenas de bilhões. Tal quantidade torna completamente inviável o gerenciamento de todas as
listas de materiais da empresa. Para contornar o problema dessa estratégia de permitir ao
cliente customizar o produto, a estruturação da BOM mais adequada para a companhia, de
acordo com as opções encontradas na bibliografia, é a estrutura modular, o que tornaria
menos dispendioso o processo de gerenciamento e controle da BOM.
Como pode ser observado na entrevista do Gerente de Supply Chain, essa estrutura
teve de ser adotada como uma exigência para a implantação do ERP atualmente utilizado pela
companhia. Tal adaptação do processo, como ressaltado pelo gerente, foi feita em tempo
inapropriado para a complexidade da atividade, o que trouxe mais problemas do que os já
existentes antes da implantação do sistema. Este fato, apesar de trazer consequências drásticas
para o controle da BOM, é claramente referenciado na bibliografia, como apresentado por
Laurindo e Mesquita (2000) e descrito no item 2.1 deste estudo: “[...] o maior risco está na
necessidade de as empresas se adaptarem as características dos sistemas, ao invés da
tradicional fórmula de desenvolvimento customizado.”
Além do dado apresentado acima, outros dados revelam os problemas encontrados na
atual estruturação da BOM. O primeiro deles é o alto número de participantes do questionário
que acham que a lista de materiais não tem todas as informações necessárias ao
desenvolvimento de suas atividades (60,87%); um número ainda maior de funcionários
(71,74%) não confia na lista de materiais da empresa, outro dado extremamente relevante;
52% dos participantes da entrevista acreditam que a estrutura da lista de materiais precisa
73
melhorar, e 24% acha a estrutura ruim, o que apresenta um dado preocupante para os que
precisam da BOM para executar suas atividades de forma adequada.
A pergunta 11 do questionário buscava medir o grau de conhecimento dos
funcionários da XPTO a respeito da estrutura da BOM da empresa. A esta pergunta, as
repostas foram bastante variadas e as dúvidas a respeito da pergunta foram muitas.
Curiosamente, os participantes da pesquisa não conseguiram fazer associação dos desenhos
apresentados (anexo II) com a estrutura modular adotada pela companhia atualmente.
As demais entrevistas, além do gerente de Supply Chain, apresentaram a necessidade
de uma reestruturação da BOM de forma a melhor atender os processos dela dependentes,
com o acréscimo de informações cruciais como sequência de montagem, local / recurso de
aplicação do item descrito e formato de saída da lista mais amigável ao pessoal da operação.
3.3.3. Impactos da BOM
Conforme já destacado no capítulo 2, os impactos da BOM descritos na bibliografia
estão sempre relacionados ao processo de planejamento de suprimentos. Porém, ao ser feito a
relação do planejamento com o processo produtivo, percebe-se que os impactos da BOM
ultrapassam o processo de planejamento e se estendem até o processo produtivo.
Através dos relatórios de não-conformidade, ficaram bastante nítidos os impactos da
BOM nas atividades da produção, conforme os dados relatados no item 3.2.4.1 e destacados
no item 3.3.1.
De acordo com os dados obtidos através do questionário, conforme apresentado
anteriormente, 89,13% dos participantes entendem que existem impactos no processo
produtivo causados por problemas na lista de materiais. Além disso, 95,65% dos participantes
acreditam em problemas de parada de linha por falta de materiais como consequências de
problemas específicos da lista de materiais. Dando maior sustentação à hipótese do
desdobramento de impactos originados na BOM, 86,96% dos 46 participantes do questionário
enxergam relação entre os problemas enfrentados em suas atividades com a BOM.
Apesar de os dados apresentados neste tópico já serem suficientes para a formação de
opiniões sólidas a respeito dos impactos da BOM na cadeia produtiva, foi através das
74
entrevistas que puderam ser identificados com maior clareza os possíveis impactos oriundos
de problemas nas listas de materiais.
Todos os participantes da entrevista relacionaram as listas de materiais ao problema da
disponibilidade do material no momento de sua necessidade, sendo este um problema crônico
na empresa, conforme ressaltado pelos Gerentes de Supply Chain e de Produção, agravado
pelo crescente número de problemas na BOM associado à morosidade do processo de
gerenciamento das listas. Porém, foi na entrevista com o gerente da produção que impactos
mais específicos ao processo produtivo puderam ser observados. O gerente expôs problemas
como o balanceamento da linha, apropriação de tempo errado (custo do produto); rendimento
da linha de produção; “moral da tropa”; conflitos entre as partes envolvidas na solução dos
problemas encontrados; retrabalho e flexibilidade da linha, todos já citados e explicados no
item 3.2.4.3.2.
3.3.4. Adaptações necessárias na BOM
De acordo com os dados coletados durante o estudo de caso realizado, foram
identificadas adaptações necessárias no modelo estrutural de BOM utilizado pela empresa de
forma a minimizar os efeitos negativos que hoje se repetem no processo produtivo da XPTO.
Conforme o que foi explicitado pelo gerente de Supply Chain, o processo de
modularização da BOM para se adequar aos processos suportados pelo ERP implantado foi
realizado “à toque de caixa”. Portanto, revisões nos módulos atualmente existentes, revisão
dos itens intermediários, adaptações nos conceitos de itens fantasmas e pseudo-itens seria o
início de um processo de difusão do conhecimento sobre a estrutura do produto da empresa, o
que traria à tona a discussão a respeito das melhorias necessárias tanto na própria BOM
quanto no processo de gerenciamento e controle das listas da empresa, tornando-o mais eficaz
e recuperando a confiança dos funcionários em informações de extrema importância.
Além disso, adaptações nos formatos de saída utilizados atualmente, de forma a
atender às necessidades específicas de cada usuário da BOM, provenientes de uma base de
dados única também se torna essencial para o processo supracitado. A disponibilização de
informações como sequência de montagem, recurso / local de aplicação do item, desenhos
75
técnicos dos conjuntos, instruções de fabricação e itens substitutos auxiliariam os processos
de planejamento, compras, logística interna, custeio do produto e, consequentemente, o
processo de produção.
3.3.5. Relacionamentos da BOM
Ao se avaliar o relacionamento da BOM levando-se em conta o explicitado no
Capítulo 2 desse estudo, fica-se limitado a existência de influência da lista de materiais apenas
no processo de planejamento de suprimentos, fato que, de acordo com os dados levantados no
estudo de caso , não reflete a realidade. Pode ser visto relação da BOM com diversos outros
processos e informações necessárias ao desenvolvimento do processo de produção.
O questionário realizado com 46 funcionários da empresa XPTO, objeto desse
trabalho, revelou um claro entendimento dos colaboradores da existência de relação entre a
BOM e os níveis de estoque, roteiros de fabricação e disponibilidade de materiais, visto que
86,96%, 73,91% e 95,65% responderam positivamente às perguntas 7, 8 e 9, respectivamente.
Semelhante a esse resultado, as entrevistas revelaram outros relacionamentos, como
explicado a seguir. O supervisor de produção demonstrou o relacionamento entre a BOM e a
qualidade do processo de produção e qualidade do produto por ele gerado. O gerente de
produção evidenciou impactos que tornam transparente o relacionamento da lista de materiais
com o planejamento da produção, considerando os impactos em balanceamento, rendimento e
flexibilidade da linha de produção. Além disso, o gerente de produção destacou a influência
da qualidade da BOM no custo do produto, tanto por problemas na apropriação do tempo de
fábrica no cálculo de custo do produto quanto pela quantidade de retrabalho realizada por
problemas derivados da má qualidade da lista. Somando-se a isso, o gerente ainda destacou a
existência de problemas comportamentais nos operadores da produção, oriundos dos
desdobramentos da influência da lista de materiais, o que nos apresenta um novo
relacionamento da BOM.
O encarregado de qualidade enfatizou que os desdobramentos da lista de materiais
geram resultados negativos no cumprimento das metas da empresa, seja com impactos nos
resultados financeiros quanto metas de produção e qualidade. O supervisor de compras
76
evidenciou o severo impacto que tem a geração de requisição de compras de materiais
desnecessários à produção, tornando claro a ligação da BOM com os estoques gerenciados
pela companhia, fato também levantado pelo supervisor de logística. Este ainda relacionou a
BOM com o controle interno do material na empresa, uma vez que a movimentação
desnecessária de materiais é uma realidade quando há informações desencontradas na lista de
materiais, reduzindo a capacidade de controle do inventário pelos responsáveis por isso. Tais
relacionamentos foram reforçados pelo gerente de suprimentos, no decorrer de sua entrevista.
O gerente ainda destacou a importância e a proximidade da relação entre a BOM e o arquivo-
mestre dos itens.
77
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base na bibliografia pesquisada, conforme o apresentado por Vollmann (2006), a
lista modular é aconselhada em casos nos quais a manutenção das listas nos níveis do produto
acabado seria inviável. Frente as 29 bilhões de combinações possíveis, dentro dos limites
desse estudo, a forma mais adequada de gerenciamento das listas da XPTO seria através da
modularização de seus produtos, visando à efetividade do processo. Tal adaptação foi
realizada como pode ser observado no capítulo 3 deste estudo, porém de forma inadequada, o
que agravou a situação das falhas da lista de materiais da empresa, contribuindo
significativamente para a amplificação dos transtornos causados por essas falhas, como foi
relatado no decorrer do estudo.
Conforme relatado no capítulo 2, são encontradas na bibliografia referências de
consequências das falhas na lista de materiais apenas no processo de planejamento de
suprimentos. No entanto, diante dos dados apresentados nesta monografia, pode-se concluir
que a BOM é uma informação necessária não apenas para o planejamento e controle da
produção, mas para o bom desenvolvimento de todo o processo produtivo da empresa – desde
o momento da venda do produto até o período de pós-venda, compreendido pela prestação de
serviços de manutenção do produto vendido. Porém, a BOM possui uma relação estreita com
o processo produtivo, visto os severos impactos causados neste por informações
inconsistentes na BOM, comprovados pelos dados apresentados no decorrer do capítulo 3.
Visto que o modelo estrutural adotado pela companhia está classificado de acordo com
o sugerido na bibliografia e que os impactos causados pelos problemas encontrados na
implantação desse modelo são drásticos no processo produtivo da empresa e na gestão da
cadeia de suprimentos, é aconselhável que a empresa busque incrementar o processo de
configuração do produto final, o gerenciamento das listas de materiais, além de promover
melhorias significativas na estrutura da BOM, nas informações constantes dela e nos formatos
de saída existentes atualmente. Estão disponíveis algumas fontes bibliográficas, como as que
foram usadas nesse trabalho, que podem auxiliar no processo de priorização dos problemas a
serem tratados e a metodologia adequada para tal tratamento.
De acordo com os dados apresentados no estudo de caso e, principalmente, com base
na tabela 3.6 e no gráfico 3.2, observou-se que os roteiros de fabricação são informações
78
altamente relevantes para o perfeito entendimento das informações da BOM, além de
possibilitar a aferição das informações nela contidas. Além disso, visto que o processo de
compras tem como principal entrada as informações provenientes do PCP, e que estas são
geradas a partir da lista de materiais, ficou evidente que as falhas na lista de materiais podem
resultar tanto na compra de materiais desnecessários – cuja consequência é a criação de
estoque em excesso – como fazer com que a equipe de compras deixe de comprar materiais
indispensáveis à produção dos produtos, causando falta de materiais para a operação.
4.1. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
O presente estudo destacou a extrema importância de um eficiente gerenciamento da
lista de materiais pelas empresas, principalmente aquelas cujo negócio envolve a manufatura
de produtos de alta complexidade. Portanto, trabalhos que ampliem a amostragem de coleta de
dados, diversificando os ramos da indústria e aprofundando a análise do tema, auxiliariam o
enriquecimento da bibliografia direcionada para um tema ainda pouco explorado na indústria
brasileira, cujo tratamento ainda está distante daquilo considerado como boas práticas de
gestão.
Devido aos diversos relacionamentos existentes com a lista de materiais, estudos que
avaliem os impactos de problemas nessas informações nos demais processos das companhias,
como Finanças, Vendas, Marketing, além de outros, seria de igual relevância.
Se faz necessária ainda a produção de estudos que desenvolvam metodologias de
análise do perfil da BOM das empresas e de implantação de sistemas eficazes de
gerenciamento e controle das listas de materiais, de forma a evitar implantações mal
sucedidas de processos como estes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BACO, S. B.; PAIVA, A. P.; LIMA R. S. Sistemas de Previsão de Demanda: Aplicação em
uma Fábrica de Anéis de Pistão Automotivos. In: XIII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE
PRODUÇÃO. Disponível em <
http://www.simpep.feb.unesp.br/anais/anais_13/artigos/1196.pdf>. Acesso em 21 de ago.
2012.
CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia Científica. 5 ed. São Paulo: Pearson Prentice
Hall, 2002. 242 p.
FAYOL, H. Administração Industrial e Geral. 10 ed. São Paulo: Atlas, 1994. 138 p.
FILHO, E. V. G.; MARÇOLA, J. A. Uma Proposta de Modelagem da Lista de Materiais.
Gestão & Produção, São Carlos, v.3, n.2, p. 156-172, 1996.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia Científica. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2011.
314 p.
LAURINDO, F. J. B.; MESQUITA, M. A. Material Requirements Planning: 25 Anos de
História – Uma Revisão do Passado e Prospecção do Futuro. Gestão & Produção, São Carlos,
v.7, n.3, p. 320-337, 2000.
LEMOS, S. M.; RITTER, F. A Utilização de um Sistema de MRP como Ferramenta para
Otimização Logística e Redução de Custos em uma Indústria Química da Região do Vale dos
Sinos. Disponível em < http://ged.feevale.br/bibvirtual/Artigo/ArtigoSandroLemos.pdf>.
Acesso em 21 de ago. 2012.
LUSTOSA, L. Planejamento e Controle da Produção. Rio de Janeiro: Campus, 2008. 380 p.
MOREIRA, D. A. Administração da Produção e Operações. 2 ed. São Paulo: Cengage
Learning, 2011. 624 p.
OLIVEIRA, C. B. M. Estruturação, Identificação e Classificação de Produtos em Ambientes
Integrados de Manufatura. 1999. 118 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica) – Escola de Engenharia, Universidade de São Paulo, São Carlos. 1999.
PINTO, G. A. A Organização do Trabalho no Século 20: Taylorismo, Fordismo e Toyotismo.
2 ed. São Paulo: Expressão Popular, 2010. 88 p.
SLACK, N. et al. Administração da Produção.3 ed. São Paulo: Atlas, 2007. 728 p.
SOUZA, E. M.; AGUIAR, A. C. Publicações Póstumas de Henri Fayol: Revisitando sua
Teoria Administrativa. RAM Revista de Administração Mackenzie, São Paulo, v.12, n.1, p.
204-227, 2011.
SPRAKEL, E. B.; FILHO, C. S. A Evolução dos Sistemas de PCP sob a Ótica da Engenharia
de Produção, 1999. Disponível em <
http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP1999_A0654.PDF>. Acesso em 25 de ago.
2012.
VOLLMANN, E. T. et al. Sistemas de Planejamento e Controle da Produção para
Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos. 5 ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. 648 p.
ANEXO I
CRONOGRAMA DE ATIVIDADES
ANEXO II
QUESTIONÁRIO
Nome (opcional):____________________________________________________________
Função: ____________________________________________________________________
Setor: _____________________________________________________________________
% C
oncluídoD
ata conclusão4
12
34
51
23
41
23
45
12
100%23/07/2012
IIIIIIIIIII
Definição da pergunta-tem
a100%
24/07/2012IIIIIIIIIII
Levantam
ento Bibliográfico
50%100%
24/07/2012IIIIIIIIIII
80%15/08/2012
IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
100%15/08/2012
IIIIIIIIIII
Definição da pergunta-tem
a100%
15/08/2012IIIIIIIIIII
Levantam
ento Bibliográfico
100%20/10/2012
100%18/08/2012
IIIIIIIIIII
Revisão O
rientador100%
19/08/2012IIIIIIIIIII
100%15/10/2012
IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
Revisão O
rientador100%
20/10/2012IIIIIIIIIII
100%15/10/2012
IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
Revisão O
rientador100%
20/10/2012IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
100%14/09/2012
IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
Revisão O
rientador100%
14/09/2012IIIIIIIIIII
100%14/09/2012
IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
Revisão O
rientador100%
14/09/2012IIIIIIIIIII
Definição de objetivos
100%14/09/2012
IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
Definição dos objetivos gerais
100%01/09/2012
IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
Revisão O
rientador100%
14/09/2012IIIIIIIIIII
Definição dos objetivos específicos
100%01/09/2012
IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
Revisão O
rientador100%
14/09/2012IIIIIIIIIII
Definição da m
etodologia100%
01/09/2012IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
Revisão O
rientador100%
10/09/2012IIIIIIIIIII
100%30/10/2012
IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
Fundam
entação teórica100%
30/10/2012IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
Revisão O
rientador100%
14/10/2012IIIIIIIIIII
Revisão O
rientador100%
21/10/2012IIIIIIIIIII
Revisão O
rientador100%
28/10/2012IIIIIIIIIII
Revisão O
rientador100%
07/11/2012IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
100%20/11/2012
IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
Levantam
ento de dados100%
14/11/2012IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
Revisão O
rientador100%
19/11/2012
100%16/11/2012
IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
Revisão O
rientador100%
20/11/2012IIIIIIIIIII
100%19/11/2012
IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
Revisão O
rientador100%
20/11/2012IIIIIIIIIII
Revisão geral do estudo
100%19/11/2012
IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
Revisão O
rientador100%
20/11/2012IIIIIIIIII
21/11/2012
Apresentação da m
onografia01/12/2012
1. Você tem acesso à lista de materiais sempre que precisa?
( ) Sim ( ) Não
2. Na sua opinião, a lista de materiais tem todas as informações necessárias?
( ) Sim ( ) Não
3. Marque abaixo as informações que você acha que são necessárias na lista de
materiais:
( ) Módulos ( ) Informações técnicas dos componentes
( ) Séries ( ) Quantidades
( ) Sequência de Montagem ( ) Desenhos de Engenharia
( ) Instruções de Montagem ( ) Descrição dos itens
( ) Outros. Especifique: ________________________________________________
4. Você acha a lista de materiais da empresa confiável?
( ) Sim ( ) Não
5. Você acredita que a lista de materiais pode causar impactos no processo
produtivo?
( ) Sim ( ) Não
6. E nas suas atividades, você acha que a lista de materiais causa algum tipo de
impacto?
( ) Sim ( ) Não
7. Você acha que existe alguma relação entre a lista de material e os níveis de
estoque?
( ) Sim ( ) Não
8. E com os roteiros de fabricação?
( ) Sim ( ) Não
9. Você acredita em problemas de falta de material na linha de produção causados
por problemas na lista de material?
( ) Sim ( ) Não
10. Qual a sua opinião geral a respeito da estrutura da lista de material da empresa
atualmente?
( ) Boa
( ) Adequada, mas precisa melhorar.
( ) Adequada, mas as informações são ruins.
( ) Ruim.
11. Com relação ao formato da lista de material, com qual do desenho abaixo a lista
de material da empresa mais se parece?
( ) Não sei / Não quero responder / Não entendi a pergunta
ANEXO III
ROTEIRO DE ENTREVISTA
Nome: _____________________________________________________________________
Função: ____________________________________________________________________
Setor: _____________________________________________________________________
Qtde Matéria-Prima
Qtde Itens intermediários ou módulos
Qtde Produtos Acabados
Resumo da experiência na empresa:
Duração aproximada: 45 minutos
1. Apresentar os objetivos do trabalho;
2. Informar que todas as informações serão usadas apenas com finalidade
acadêmica e que, tanto os nomes e funções das pessoas, quanto às informações
sigilosas da empresa não serão reveladas;
3. Perguntar se existe restrição ao fato de se gravar a entrevista para consultas
posteriores, ainda durante o andamento do trabalho. Informar que as gravações
não serão divulgadas sob nenhuma hipótese;
4. Apresentar o 5 perfis de BOM encontrados na bibliografia, além dos modelos de
tipos de BOM;
5. Perguntas iniciais:
a. Qual a sua opinião a respeito da relação existente entre a BOM e os
processos sob sua responsabilidade?
b. Com relação ao gerenciamento das listas de materiais da empresa, você
acredita ser feito um gerenciamento e controle eficaz? Por quê?
c. Como você acha que poderiam ser tratados os problemas encontrados?
6. Deixar o entrevistado livre para as observações que quiser fazer;
7. Encerrar a entrevista agradecendo a atenção e informando que os resultados
obtidos no trabalho serão enviados por e-mail para apreciação.