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Análise da degradação biótica de filmes de polietileno de baixa densidade (LDPE) pela ação do fungo basidiomiceto Trametes villosa Micael Montemezzo, Rosmary Nichele Brandalise, Marli Camassola [email protected] A C Amaral, G. et al. 2011. Guia ambiental da Indústria de transformação e reciclagem de materiais plásticos. Acessado em 31.10.2012. Kapri, A., et al. 2010. Biodeterioration and Biodegradation. 64: 238-244. Lopez-Llorca, L.V., et al. 1993. Micron. 24: 2329. Mumtaz, T., et al. Micron. 41: 430-438. Rubin, I.I. Handbook of plastic materials and tecnology. New York: J. Wiley, 1990, 1745 p.; Timur, S., et al. 2004. Sensors and Actuators B: Chemical. 97: 132-136. 1. Introdução Universidade de Caxias do Sul Instituto de Biotecnologia Laboratório de Enzimas e Biomassa BIC UCS Projeto: Macromicetos Atualmente são produzidos cerca de 150 milhões de toneladas de polímeros sintéticos anualmente e o pollietileno de baixa densidade (LDPE) está entre os polímeros mais produzidos atualmente (RUBIN, 1990; AMARAL et al, 2011). Devido às suas características químicas, o LDPE se acumula na natureza em uma taxa de aproximadamente 25 milhões de toneladas anuais (KAPRI et al., 2010) ocasionando desequilíbrio em sistemas naturais afetando todos os seres vivos. A partir disso, visando diminuir os impactos o presente trabalho objetivou avaliar a degradação biótica de filmes de LDPE utilizando o fungo autóctone Trametes villosa, tendo em vista a utilização de microrganismos autóctones na biorremediação de ambientes impactados. Fig .1.:Discos de micélio de Trametes villosa. Fig. 2: Filmes de LDPE. CULTIVO SÓLIDO Meio terra (1) Meio de produção de cogumelos (2) Meio 1 + Meio 2 (1:1) (3) 60 DIAS COLETAS QUINZENAIS Lacases (Lac); Manganês Peroxidases (MnP); Lignina Peroxidases (LiP); Oxidases do Álcool Veratrílico (OAV); Peroxidases Totais (PER) MEV e MO Massa residual Análises do extrato enzimático Análises dos filmes de LDPE A utilização de filmes de LDPE no meio de cultivo teve o objetivo de avaliar a indução ou repressão na secreção de enzimas ligninolíticas, já que essas enzimas estão relacionadas nas vias de degradação de compostos xenobióticos de alta complexidade assim como grupos recalcitrantes (TIMUR et al, 2004). Na Figura 3, podemos verificar o perfil enzimático obtido nas análises realizadas. Em 3A, verifica-se uma maior secreção enzimática no meio 3 sem a presença de LDPE (30 dias), porém, em 15 dias, a atividade das peroxidases totais foi semelhante no mesmo meio, porém, com a presença do LDPE. Para manganês peroxidases (Figura 3B), não houve diferença estatística entre os meio, porém, destaca-se o meio 3 com a presença de LDPE. Já para lacases, o meio 3 sem LDPE apresentou os maiores títulos enzimáticos em 30 dias, mas para 45 dias, destacamos o meio 3 com LDPE (Figura 3C). Os títulos enzimáticos para as enzimas oxidases do álcool veratrílico e lignina peroxidases não foram apresentados pois foram iguais a zero. A B C Nas Figuras 4, 5 e 6 podemos ver a aderência micelial do fungo sobre os filmes de LDPE. Nas Figuras 4A e 4B, observa-se o crescimento no meio 1, com aumento de 100x. A B A B C D E Nas micrografias à direita, podemos observar também a aderência micelial nas Figuras 5A, 5B e 5C. Entretanto, nas imagens 5D e 5E, podemos observar o dano causado pelo crescimento e aderência do micélio ao material polimérico (5000x e 10000x respectivamente. Nas micrografias à esquerda observa-se a aderência micelial nas Figuras 6A, 6B e 6C. E a partir disso, destaca-se os danos oriundos do crescimento e aderência do micélio ao material polimérico nas Figuras 5D e 5D. (5000x e 10000x respectivamente. A B C D E Fig .4.: Micrografias ópticas do micélio de T. villosa no meio 1 após 45 dias de exposição. A: 100x; B: 100x. Fig. 5: Micrografias ópticas e eletrônicas do micélio de T. villosa no meio 3 após 45 dias de exposição. A: 100x; B: 100x; C: 500x; D: 5000x; E: 10000x. Fig. 7: Massa residual dos filmes de LDPE em função do tempo de cultivo nos diferentes meio avaliados. De acordo com Mumtaz et al. (2010), os cracks formados são devido à ação do microrganismo sobre a superfície polimérica, entretanto, em seu estudo, foram observados cracks semelhantes em um tempo de estudo de 2 anos, com microrganismos presentes no solo. Contudo, esse trabalho contrasta com um estudo realizado por Lopez-Llorca et al. (1993), o qual não encontrou nenhum filamento fúngico em amostras poliméricas expostas em solo. Na Figura 7, podemos acompanhar a perda de massa (massa residual) em função do tempo. A massa residual é calculada através da fórmula: A caracterização da massa residual é um parâmetro para avaliar a assimilação do polímero pelo (s) microrganismo (s) em um processo de biodegradação. Como resultado desse parâmetro, destacamos os meios 1 e 2. Para o meio 1, houve uma assimilação de aproximadamente 1,06% em 30 dias. Já para o meio 2, a assimilação foi de aproximadamente 0,88% em 45 dias de cultivo. Esse fenômeno pode ser explicado pela composição dos meios de cultivo. O meio 1, é composto de 100% de terra e o 2 é composto por 100% de meio de produção de cogumelos. Os resultados parciais mostram que o fungo basidiomiceto autóctone Trametes villosa possui a capacidade de danificar o material polimérico avaliado, com isso, infere-se a capacidade biodegradante sobre polímeros sintéticos, como o LDPE. Nas micrografias (ópticas e eletrônicas), pode-se verificar a ação do fungo sobre o substrato polimérico, como sua forte aderência e possível mineralização (dados corroborados pelo gráfico de massa residual Figura 7). Apesar de ser um substrato altamente hidrofóbico, o fungo estudado mostrou-se capaz de se aderir e se desenvolver sobre o mesmo. Alguns dados ainda são essenciais para corroborar essa afirmação, como as análises químicas (FTIR) e físicas (DSC e TGA) do material, parâmetros esses que serão avaliados apenas no final do cultivo. 2. Materiais e Métodos 3. Resultados e Discussões 4. Conclusões Referêncial Teórico Agradecimentos Fig. 3: Atividades enzimáticas de Trametes villosa nos diferentes meios de cultivo avaliados. A: Peroxidases totais, B. Manganês peroxidases e C. Lacases. Fig. 6: Micrografias ópticas e eletrônicas do micélio de T. villosa no meio 2 após 45 dias de exposição. A: 100x; B: 200x; C: 500x; D: 5000x; E: 10000x.

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Page 1: BIC Análise da degradação biótica de filmes de polietileno ... · desequilíbrio em sistemas naturais afetando todos os seres vivos. ... fungo estudado mostrou-se capaz de se

Análise da degradação biótica de filmes de polietileno de baixa densidade (LDPE) pela ação do fungo basidiomiceto Trametes villosa

Micael Montemezzo, Rosmary Nichele Brandalise, Marli [email protected]

A

C

•Amaral, G. et al. 2011. Guia ambiental da Indústria de transformação e reciclagem de materiais plásticos. Acessado em 31.10.2012.•Kapri, A., et al. 2010. Biodeterioration and Biodegradation. 64: 238-244.•Lopez-Llorca, L.V., et al. 1993. Micron. 24: 23–29.•Mumtaz, T., et al. Micron. 41: 430-438.•Rubin, I.I. Handbook of plastic materials and tecnology. New York: J. Wiley, 1990, 1745 p.;•Timur, S., et al. 2004. Sensors and Actuators B: Chemical. 97: 132-136.

1. Introdução

Universidade de Caxias do Sul – Instituto de Biotecnologia – Laboratório de Enzimas e Biomassa

BICUCS

Projeto: Macromicetos

Atualmente são produzidos cerca de 150 milhões de toneladas de polímeros sintéticosanualmente e o pollietileno de baixa densidade (LDPE) está entre os polímeros maisproduzidos atualmente (RUBIN, 1990; AMARAL et al, 2011).

Devido às suas características químicas, o LDPE se acumula na natureza em uma taxade aproximadamente 25 milhões de toneladas anuais (KAPRI et al., 2010) ocasionandodesequilíbrio em sistemas naturais afetando todos os seres vivos. A partir disso, visandodiminuir os impactos o presente trabalho objetivou avaliar a degradação biótica de filmes deLDPE utilizando o fungo autóctone Trametes villosa, tendo em vista a utilização demicrorganismos autóctones na biorremediação de ambientes impactados.

Fig .1.:Discos de micélio de Trametes villosa. Fig. 2: Filmes de LDPE.

CULTIVO

SÓLIDO

Meio terra (1)Meio de produçãode cogumelos (2)Meio 1 + Meio 2(1:1) (3)

60 DIAS COLETAS QUINZENAIS

•Lacases (Lac); •Manganês Peroxidases (MnP); •Lignina Peroxidases (LiP); •Oxidases do Álcool Veratrílico (OAV);•Peroxidases Totais (PER)

MEV e MO

Massa residual

Análises do extrato enzimático Análises dos filmes de LDPE

A utilização de filmes de LDPE no meio de cultivo teve o objetivo de avaliar a induçãoou repressão na secreção de enzimas ligninolíticas, já que essas enzimas estão relacionadasnas vias de degradação de compostos xenobióticos de alta complexidade assim como gruposrecalcitrantes (TIMUR et al, 2004).

Na Figura 3, podemos verificar o perfil enzimático obtido nas análises realizadas. Em3A, verifica-se uma maior secreção enzimática no meio 3 sem a presença de LDPE (30 dias),porém, em 15 dias, a atividade das peroxidases totais foi semelhante no mesmo meio,porém, com a presença do LDPE. Para manganês peroxidases (Figura 3B), não houvediferença estatística entre os meio, porém, destaca-se o meio 3 com a presença de LDPE. Jápara lacases, o meio 3 sem LDPE apresentou os maiores títulos enzimáticos em 30 dias, maspara 45 dias, destacamos o meio 3 com LDPE (Figura 3C). Os títulos enzimáticos para asenzimas oxidases do álcool veratrílico e lignina peroxidases não foram apresentados poisforam iguais a zero.

A B

C

Nas Figuras 4, 5 e 6 podemos ver aaderência micelial do fungo sobre os filmesde LDPE. Nas Figuras 4A e 4B, observa-se ocrescimento no meio 1, com aumento de100x.

A B

A B

C D E

Nas micrografias à direita, podemosobservar também a aderência micelial nasFiguras 5A, 5B e 5C. Entretanto, nas imagens5D e 5E, podemos observar o dano causadopelo crescimento e aderência do micélio aomaterial polimérico (5000x e 10000xrespectivamente.

Nas micrografias à esquerda observa-sea aderência micelial nas Figuras 6A, 6B e 6C. Ea partir disso, destaca-se os danos oriundosdo crescimento e aderência do micélio aomaterial polimérico nas Figuras 5D e 5D.(5000x e 10000x respectivamente.

A B

C D E

Fig .4.: Micrografias ópticas do micélio de T. villosa no meio 1 após 45 dias de exposição. A: 100x; B: 100x.

Fig. 5: Micrografias ópticas eeletrônicas do micélio de T. villosano meio 3 após 45 dias deexposição. A: 100x; B: 100x; C:500x; D: 5000x; E: 10000x.

Fig. 7: Massa residual dos filmes de LDPE em função do tempo de cultivo nosdiferentes meio avaliados.

De acordo com Mumtaz et al. (2010), os cracks formados são devido à ação domicrorganismo sobre a superfície polimérica, entretanto, em seu estudo, foram observadoscracks semelhantes em um tempo de estudo de 2 anos, com microrganismos presentes no solo.Contudo, esse trabalho contrasta com um estudo realizado por Lopez-Llorca et al. (1993), o qualnão encontrou nenhum filamento fúngico em amostras poliméricas expostas em solo.

Na Figura 7, podemosacompanhar a perda de massa (massaresidual) em função do tempo. Amassa residual é calculada através dafórmula:

A caracterização da massaresidual é um parâmetro para avaliara assimilação do polímero pelo (s)microrganismo (s) em um processo debiodegradação.

Como resultado desse parâmetro, destacamos os meios 1 e 2. Para o meio 1, houve umaassimilação de aproximadamente 1,06% em 30 dias. Já para o meio 2, a assimilação foi deaproximadamente 0,88% em 45 dias de cultivo. Esse fenômeno pode ser explicado pelacomposição dos meios de cultivo. O meio 1, é composto de 100% de terra e o 2 é composto por100% de meio de produção de cogumelos.

Os resultados parciais mostram que o fungo basidiomiceto autóctone Trametes villosapossui a capacidade de danificar o material polimérico avaliado, com isso, infere-se a capacidadebiodegradante sobre polímeros sintéticos, como o LDPE.

Nas micrografias (ópticas e eletrônicas), pode-se verificar a ação do fungo sobre osubstrato polimérico, como sua forte aderência e possível mineralização (dados corroboradospelo gráfico de massa residual – Figura 7). Apesar de ser um substrato altamente hidrofóbico, ofungo estudado mostrou-se capaz de se aderir e se desenvolver sobre o mesmo.

Alguns dados ainda são essenciais para corroborar essa afirmação, como as análisesquímicas (FTIR) e físicas (DSC e TGA) do material, parâmetros esses que serão avaliados apenasno final do cultivo.

2. Materiais e Métodos

3. Resultados e Discussões

4. Conclusões

Referêncial Teórico Agradecimentos

Fig. 3: Atividades enzimáticas de Trametes villosa nos diferentes meios de cultivo avaliados. A: Peroxidases totais, B. Manganês peroxidases eC. Lacases.

Fig. 6: Micrografias ópticas eeletrônicas do micélio de T. villosano meio 2 após 45 dias deexposição. A: 100x; B: 200x; C:500x; D: 5000x; E: 10000x.