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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE BIBLIOTECONOMIA
CURSO DE BIBLIOTECONOMIA
BIBLIOTECA PUBLICA CÂMARA CASCUDO:
desempenho frente às funções propostas pela UNESCO.
Orientanda: Cláudia Simone Felipe de Oliveira Orientadora: Profª Antônia de Freitas Neta
NATAL/RN
2003
048b Oliveira, Claudia Simone Felipe de.
Biblioteca Pública Câmara Cascudo: desempenho frente às funções propostas pela UNESCO/ Claudia Simone Felipe de Oliveira. — Natal: UFRN, 2003.
39p.
Orientadora: Antônia de Freitas Neta Monografia (Graduação em Biblioteconomia) - Universidade Federal
do Rio Grande do Norte, 2003. Bibliografia
1. Biblioteca Pública - Monografia. 2. Funções. 3. Biblioteca Pública Câmara Cascudo - Monografia. I. Freitas Neta, Antônia de. II. Título.
CDU 027.5
CLÁUDIA SIMONE FELIPE DE OLIVEIRA
BIBLIOTECA PÚBLICA CÂMARA CASCUDO: desempenho frente às
funções propostas pela UNESCO
Monografia apresentada à disciplina Monografia, ministrada pela
professora Maria do Socorro de Azevedo Borba e orientada pela professora Antônia de Freitas Neta para fins de avaliação da disciplina e como requisito parcial para conclusão do curso de
Biblioteconomia do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
NATAL/RN 2003
CLAUDIA SIMONE FELIPE DE OLIVEIRA
BIBLIOTECA PÚBLICA CÂMARA CASCUDO: desempenho frente às
funções propostas pela UNESCO .
MONOGRAFIA APROVADA EM 28/07/2003
BANCA EXAMINADORA
ORIENTADORA: PROF. ANTONIA DE FREITAS NETA
MEMBRO: PROFª RILDA ANTONIA CHACON MARTINS
PROFª DA DISCIPLINA: MARIA DO SOCORRO DE AZEVEDO BORBA
Dedico esta monografia
Aos meus familiares, pelo apoio em minha trajetória, a minha filha Maria
Clara por ter nos trazido o equilíbrio e a meu esposo Eduardo, pela
paciência e confiança por todos esses anos.
Agradeço
A Deus, por ter me concedido a vida, e ofertar-me oportunidades de melhoras.
A minha avó, Beatriz, pela sua dedicação, carinho, investimento,... em todos esses anos.
A minha tia, Zefinha, pelo apoio, contribuição,... para que eu possa ter um
futuro melhor.
A minha mãe, Maria Helena, pelo seu esforço em contribuir com meus
estudos.
A minha filha, Maria Clara, que apesar de pequena, soube entender minha
ausência nesses últimos dias.
Ao meu esposo Ednardo, por compreender minha ausência como esposa, durante esse processo, e apoiar-me sempre.
A minha sogra Salete, pelo voto de confiança, apoio e incentivo que tem me prestado, e acima de tudo pelo papel que desempenha como conselheira
educadora e mãe.
À professora
Antônia de Freitas Neta, pela paciência, ajuda, compreensão dedicação e
perseverança, incentivando-me a continuar. E acima de tudo, ter se
mostrado profissional, deixando as coisas pequenas de lado, para dar lugar
a sua face humana. »
À Professora Maria do Socorro Borba
por todos os ensinamentos, pela compreensão, dedicação, e
por sua espiritualidade elevada, tornando-a uma pessoa carismática
A Professora Rilda, por ter aceito participar desse processo de avaliação, como membro da minha Banca e por ser uma pessoa ética e ponderada.
A Estefania, pelo apoio e compreensão, ajudando- me a seguir em frente.
À minha cunhada Olívia, pela solidariedade e incentivo.
Aos Professores, Paulo Rocha e Janete Castro, por terem compreendido a importância desse trabalho, justificando minhas faltas, e terem incentivado-
me a procurar sempre atualizar-me.
A Odécia, pela dedicação, compreensão e ajuda.
A Maria Helena e a Regina, pela ajuda no processo de produção impressa
desta monografia nos primeiros passos.
A Adriana Evangelista, por sua simpatia, solidariedade, compreensão e
ajuda.
A Soraya, e a seu Nilson, que compreenderam nossas faltas, nos ajudando a
terminar essa monografia.
À Janecleide, pelas horas dedicadas em meu favor, quando precisei.
A Edlamar, pela sua amizade, companheirismo, simpatia ,procurando sempre ser uma pessoa solidária, amável e companheira.
A Josenaide, por sua solidariedade, ajuda e compreensão.
Aos meus colegas em geral, por estarmos compartilhando durante esses
anos, dificuldades, alegrias e vitórias.
Em fim, a todos àqueles que contribuíram para a realização deste trabalho, de modo direto ou indireto
"Oh! Bendito o que semeia livros... livros a mancheia...
E manda o povo pensar!
O livro caindo n'alma, é germe- que faz a palma,
é chuva- que faz o mar"
(Castro Alves)
OLIVEIRA, Cláudia Simone Felipe de. Biblioteca Pública Câmara Cascudo: desempenho_frente às funções propostas pela UNESCO. Natal: UFRN, 2003 (Monografia apresentada à disciplina Monografia, ministrada pela professora Maria do Socorro de Azevedo Borba e orientada pela professora Antônia de Freitas Neta para fins de avaliação da disciplina e como requisito parcial para conclusão do curso de Biblioteconomia do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte).
RESUMO
Apresenta considerações acerca da Biblioteca Pública, com um destaque para seus objetivos e as funções propostas pela UNESCO. Aponta o modelo da Biblioteca Pública no Brasil, procurando inseri-la no contexto histórico. Aborda a Biblioteca Pública Câmara Cascudo, elencando os pontos fortes e fracos no que se refere ao desenvolvimento das funções. Conclui através do método de observação e pesquisa bibliográfica, que a Biblioteca Pública Câmara Cascudo consegue desempenhar de forma parcial, seu papel social em decorrência da falta de atenção por parte do órgão que é subordinada.
Palavras-chaves: Biblioteca Pública, Funções, Biblioteca Pública Câmara
Cascudo.
SUMARIO
RESUMO
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................10
2 BIBLIOTECA PÚBLICA: evolução histórica...................................12
2.1 Biblioteca Pública no Brasil............................................................14
2.2 Funções da Biblioteca Pública........................................................17
2.3 Objetivos da Biblioteca Pública.....................................................20
3 BIBLIOTECA PÚBLICA CÂMARA CASCUDO...............................23
3.1 Situação atual.......................................................................................................24
3.1.1 Acervo.................................................................................................................................................24
3.1.2 Recursos Humanos......................................................................................................26
3.1.3 Serviços .....................................................................................................................................................26
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................32
4 REFERÊNCIAS..................................................................................34
10
1 INTRODUÇÃO
A humanidade evoluiu e com ela a necessidade de aprimorar o processo de
comunicação. O homem que no princípio usava a linguagem articulada, necessitava
cada vez mais de sistemas e instrumentos que possibilitassem uma linguagem em que a
informação pudesse ser passada e compreendida no referido processo.
Assim, no processo de evolução o homem passou pelas tentativas de
comunicação através das inscrições em cavernas, nas placas de argila, tábuas enceradas,
papiro, pergaminho e papel.
Diante dessa evolução, as informações expandiram-se de tal forma que os
homens decidiram criar bibliotecas, com vistas a organizar e preservar os documentos,
de modo que as futuras gerações pudessem usufruir dos conhecimentos de seus
antepassados. Inicialmente instaladas em palácios e templos, tais bibliotecas eram
privilegio de poucos, apenas a aristocracia e o clero sabiam ler e escrever, e tinha como
função principal "guardar o saber produzido"
Com a evolução da escrita, o advento da Imprensa de Gutemberg, e a
industrialização, a escrita popularizou-se, ampliando o número de leitores e também as
necessidades informacionais da humanidade.
Etmologicamente, biblioteca é de origem grega (bibliothéke) e latina
(bibliotheca) designando biblion= livro e théke= caixa, significando livros guardados
em caixa.
Hoje em dia ela é muito mais que isso, funciona como um Centro Informacional
destinado a todos indiscriminadamente, com informações que ultrapassam os limites da
barreira didática, sendo levadas ao público pelos diversos suportes informacionais
existentes.
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Assim, a Biblioteca Pública deve reunir informações gerais e disseminá-las a
quem possa interessar, demonstrando ser um dos principais centro de informação, lazer
e cultura para a comunidade em que está inserida.
Esta pesquisa teve como objetivo apresentar mesmo de forma parcial, uma
analise da Biblioteca Pública Câmara Cascudo para verificar se a mesma está cumprido
as quatro funções instituídas pela UNESCO, confrontando o ideal apresentado a nível
de teorização com a prática. Para tanto, foi desenvolvida uma pesquisa bibliográfica, e
visitas à Biblioteca com coleta de dados através do método de observação, e também
contatos informais com os profissionais lotados na mesma.
O resultado do processo investigativo teórico e prático, possibilitou de forma
parcial traçar um perfil da Biblioteca Pública Câmara Cascudo, apresentado nesta
Monografia da seguinte forma:
No primeiro capítulo, apresenta uma breve trajetória da Biblioteca Pública,
elencando os objetivos e as funções sugeridas pela UNESCO, e também a base
ideológica em que foi implantada a Biblioteca Pública Brasileira.
No segundo capítulo, aborda a Biblioteca Pública Câmara Cascudo,
apresentando sua estrutura e suas ações, visando estabelecer um confronto entre a
teorização e a prática desenvolvida, detectando lacunas.
No terceiro capítulo, retrata o perfil real da Biblioteca estudada, e sugestões para
melhorar o referido perfil.
12
2. BIBLIOTECA PÚBLICA: evolução histórica
Passando pelas placas de argila, pelo papiro e pergaminho, o homem evoluiu e
aprimorou sua técnica de registrar o conhecimento. Entretanto, esta evolução teve um
maior impulso com o surgimento do papel e a invenção da imprensa por Gutemberg. (
FREITAS NETA, 1993). Com o advento da Imprensa, ocorre uma divisão de trabalho,
visto que o registro do conhecimento deixa de ser uma tarefa artesanal e passa a ser
produzida em serie, em grande escala.
Com a referida evolução, o homem sentiu a necessidade de criar sistemas de
armazenamento que possibilitasse um maior controle das informações, impedindo que
houvesse uma dispersão dos registros. Com a Revolução Industrial, que representa a
passagem da manufatura para a maquino fatura trouxe inúmeras transformações para a
humanidade, mudando significativamente as forças produtivas.
Com o custo operacional do livro mais acessível, e as grandes transformações
ocorridas na sociedade em decorrência do processo de industrialização, surge uma
literatura especializada voltada para capacitar a mão-de-obra que iria atuar nas
indústrias. Assim, para se manterem no mercado de trabalho, tanto os cientistas quanto
os operários necessitavam de estudos especializados, visto que a tendência era produzir
máquinas para serem operacionalizadas por pessoas qualificadas, isto é, que deviam
conhecer todos os procedimentos para sua utilização, visando um trabalho rápido e
eficaz.
Com a evolução da humanidade, a biblioteca que existia já não atendia só como
forma de organizar e guardar o saber, passa a ter um caráter de biblioteca serviço. Sob
esta ótica Milanesi (1983, p.21) explica que:
13
[...] a circulação das idéias expandiu-se [...] chegando a um maior número de pessoas. As bibliotecas deixaram de ser tesouros para se tornarem serviços e os livros perderam seu valor material pra se tornarem material de consumo.
Sendo assim, em meio às transformações sociais surge oficialmente na Inglaterra
as primeiras Bibliotecas Públicas, na chamada era da Revolução Industrial, com um
acervo dirigido, em função de dar continuidade a capacitação profissional e também a
uma educação voltada para como "viver bem", isto porque de acordo com Hobsbawn
(1968) havia um público que possuía poder aquisitivo suficiente para adquirir qualquer
tipo de informação, pois "as escolas públicas foram criadas a partir da década de 1840, a
fim de civilizar os filhos de alguns rudes baronetes, assim como os filhos dos novos
homens de negócios"
De acordo com Freitas Neta (1993, p.38), após a Segunda Guerra Mundial, a
Inglaterra começa a perder influência, despontando então a sociedade capitalista norte-
americana, e com ela novas formas de dominação, visto que os Estados Unidos
propiciavam a industrialização nos países em desenvolvimento que necessitavam de
subsídios tecnológicos, fato que gerou uma dependência que iria refletir em vários
setores, inclusive na educação e na biblioteca. Dessa forma, as bibliotecas norte-
americanas surgem também para atender certos interesses de ordem econômica, social e
religiosa.
A denominação Biblioteca Pública desde sua origem se dá, em virtude da mesma
ser mantida e custeada com recursos dos cofres públicos. Na sua origem a Biblioteca
destinava-se a segmento não pertencente à aristocracia, haja vista ser um público menos
favorecido economicamente, não pertencente a famílias ricas, ou a parcela propriamente
culta da sociedade da época (professores, escritores, membros das profissões liberais).
Pretendia-se assim, proporcionar àqueles que não podiam adquirir livros, lazer e
14
conhecimentos para sua formação profissional e moral.
Nas fábricas, a informação representava o elemento atuante para obter melhores
cargos e salários, visto que diante da industrialização havia a necessidade dos operários
buscarem novos conhecimentos, e quem dominava sua área de atuação, conseguia
manter o emprego. Entretanto, tais bibliotecas não eram especificamente públicas, eram
assim chamadas por pertencerem a um governo e serem mantidas através de impostos,
mas não eram acessíveis a todos.
Assim, pela breve exposição apresentada, concordamos com Freitas Neta (1993,
p.37) quando diz:
A Biblioteca Pública nâo deve ser vista como uma simples cronologia de fatos, e sim inserida na história, entendida sob a perspectiva da sociedade dividida em classes, com indivíduos se relacionando através do trabalho. Deixar a Biblioteca Pública fora da história significa que ela seja vista como uma instituição acima das contradições sociais.
2.1 Biblioteca Pública no Brasil
A Biblioteca Pública Brasileira foi formada, com base nos pressupostos anglo-
americanos embora apresente certas particularidades que possibilita entendê-la
atualmente.
De acordo com Freitas Neta (1993) a censura imposta por Portugal, a vinda da
Biblioteca Real, a importação de modelos, e o sistema educacional precário,
contribuíram para que fossem formadas bibliotecas que não se adequavam a realidade
brasileira, tanto em acervo , quanto em atuação. Sobre a situação Saliba et al (1982,
p.275), afirma que:
No Brasil, país importador de idéias, dominava o interesse pela cultura estrangeira, sem que houvesse um questionamento a respeito da validade de tal cultura adaptada a nossa realidade. Nossa elite social, e de formação
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estrangeira, procurou então buscar no exterior, modelos de cultura, que fazem com que nossas bibliotecas se tornassem uma réplica dos outros países, com uma coleção formada por livros clássicos e edições francesas.
No Brasil a primeira Biblioteca Pública surge na época colonial, depois das
bibliotecas particulares, e das dos jesuítas. A Biblioteca dos Jesuítas objetivava
catequizar, e aprimorar o espírito doutrinário, utilizando o livro como instrumento de
propagação da fé para os índios e colonos. Sobre uma das Bibliotecas dos Jesuítas,
fundada em Salvador Moraes (1979, p.4) afirma que:
A mais rica de todas estava em Salvador. O teto da suntuosa sala é uma das jóias da pintura brasileira, o painel central representava a pintura barroca no Brasil, além das luxuosas salas que os reis e príncipes europeus mandavam construir e decorar para instalar seus livros.
O acervo desta biblioteca era composto por materiais informacionais
diversificados, pois o público alvo constava de alunos ainda em processo de
alfabetização e universitários do Curso de Filosofia, incluindo todas as áreas do
conhecimento.
Com a expulsão da Companhia de Jesus, houve o confisco dos bens dos Jesuítas,
incluindo suas bibliotecas e com o processo de inventário lento, muitas obras se
perderam por não estarem em lugares apropriados. O descaso foi tanto que facilitou a
destruição, roubo e venda dos materiais do acervo.
Não se pode falar sobre a primeira Biblioteca Pública Brasileira esquecendo a
Biblioteca Real, visto que alguns autores, defendem a idéia de que esta foi a primeira
Biblioteca Publica Brasileira.
Segundo Chaia (1967, p.7)quando a família veio para o Brasil em 1808, trouxe
consigo sua biblioteca, instalando-a no Hospital da Ordem Terceira. E em 1810, pelo
Decreto de 27 de junho, confirma-se sua criação neste País, e no ano seguinte ocorre a
inauguração da mesma. Apesar de ter sido inaugurada no mesmo ano que a Biblioteca
16
da Bahia, a Biblioteca Real não era aberta, tornando-se acessível ao publico somente em
1814.
Segundo Moraes (1979) entretanto, como primeira Biblioteca Pública,
considera- se a criada na Bahia em 1811, por iniciativa de Pedro Gomes Ferrão de
Castelo Branco, que se preocupava com a educação popular, e dava a devida
importância aos livros, principalmente organizados em uma biblioteca que se destinasse
a satisfação das necessidades de todos.
Foi elaborado um projeto para a criação de uma Biblioteca Pública que seria
formada a partir de doações e sua administração seria feita por todos os que quisessem
associar-se e fazer parte dela, isto é, todas as pessoas que firmavam compromisso por
meio de suas assinaturas, possuíam o direito de interagir, contribuindo com doações
sejam de livros que não lhe interessassem mais, dinheiro, ou idéias. "A idéia de Castello
Branco era começar com subscritores (assinantes) de um plano coletivo de assinaturas
de revistas e, com as sobras financeiras, adquirir livros para formar uma biblioteca"..."
Para Suaiden (2000) após a criação da Biblioteca da Bahia, muitos Governos
Estaduais criaram as bibliotecas de seus Estados, e estas eram formalizadas por
Decretos. Como não havia o Curso de Biblioteconomia no Brasil os organizadores
dessas bibliotecas tinham uma visão limitada sobre a infra-estrutura necessária às
instalações das mesmas, seguindo critérios aleatórios, sem pessoas qualificadas, acervos
doados e desatualizados e instalações precárias.
Sobre a criação de Bibliotecas Públicas no Brasil Freitas Neta(1993, p.39)
enfatiza que:
[...] sucessivamente foram criadas bibliotecas por todo o país, todas seguindo o mesmo padrão. Entretanto, não existiu política nacional no que diz respeito à criação de Bibliotecas Públicas. Elas foram criadas por vontades governamentais estaduais, para atenderem a determinados objetivos de uma minoria
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Ainda sobre esta questão Gomes (1983, p.48), confirma o descaso com as
Bibliotecas Publicas durante o processo de criação ao afirmar:
Sente se a falta de interesse por parte dos órgãos públicos na manutenção e conservação de bibliotecas. Percebe-se que muitas vezes as bibliotecas eram criadas pelo simples fato de que os órgãos governamentais deviam criar bibliotecas, mas uma vez criadas, não havia empenho em sua instalação imediata. Criavam-se bibliotecas sem procurar destinar-lhes prédios para instalações adequadas e verbas suficientes para sua organização e conservação.
Sendo assim, concorda-se com Freitas Neta (1993) quando diz que a Biblioteca
Pública aparece em qualquer sociedade para atender a determinados objetivos de uma
classe. Ainda sobre a influência de importação de modelos na criação de Bibliotecas
Públicas no Brasil, principalmente na década de trinta, quando ocorre a industrialização,
a autora, sugere que a desigualdade entre as regiões decorrente do processo de
colonização e desenvolvimento reflete-se atualmente nas Bibliotecas Públicas
Brasileiras.
2.2 Funções da Biblioteca Pública
Para que a Biblioteca Pública, desempenhe com eficácia seu papel frente a
sociedade, a UNESCO (1972), instituiu quatro funções:
a)Educativa
b)Informativa
c)Cultural e
d)Recreativa
a)"Educativa- Proporcionar os meios para que todo ser humano ultrapasse a
barreira entre os seus conhecimentos e o saber universal".
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O início de tudo começa com a leitura, uma criança antes de aprender a falar faz
suas leituras através das imagens. Quando ela atinge uma certa idade, começa a fase da
alfabetização e é nesta fase que ela adquire conhecimentos através de trocas durante o
convívio com seus colegas na escola, e por novos ensinamentos que o professor lhe
passa a cada dia. Cabe Biblioteca Pública trabalhar em cooperação com os professores.
Suaiden (1980, p.2) posiciona-se sobre o assunto ao afirmar que:"A função social da
biblioteca esta integrada com a da comunidade e a da escola. Biblioteca e escola se
complementam e se sucedem em diferentes etapas da vida do indivíduo e o marcam
para sempre".
Atualmente, a Biblioteca Pública atende mais a colegiais do que a população
como um todo, em virtude de não existirem Bibliotecas Escolares suficientes, ou
quando existem seus acervos são precários. Cabe então a Biblioteca Pública fornecer
material didático, no auxílio às questões escolares, bem como propiciar outros meios
para a obtenção do conhecimento desejado, assumindo então o papel daquele tipo tão
desprestigiado.
b)"Informativa- Oferecer aos indivíduos e grupos, com rapidez e eficiência,
informações exatas sobre os temas atuais e solicitados".
Todo o processo informacional, começa com o estudo da comunidade a qual a
biblioteca está inserida, que possibilita traçar o perfil dos usuários da Biblioteca. Neste
contexto, inserem-se as informações utilitárias, divulgadas a partir da distribuição de
folders, com indicações de empresas que promovem o turismo e lazer, bem como,
informações sobre cursos artesanais, palestras e exposições. Além dessas informações,
través do método de clippagem de jornais locais, a Biblioteca poderá informar sobre a
oferta e procura de empregos, prazos e locais para recadastramento de CPF, RG, etc. e
tudo que possa interessar a comunidade
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Além disso, deve disponibilizar manuais que apresentem a composição do
acervo, normas de funcionamento e outras informações que possibilitem uma integração
real com o público.
c)"Cultural -a Biblioteca Pública deve ser um Centro principal da vida cultural e
promover uma aproximação das artes".
Teoricamente, parte dos usuários da Biblioteca Pública é de classes menos
favorecidas. Sendo assim, a mesma poderá promover ou apoiar eventos culturais e
artísticos, com o objetivo de disseminar as potencialidades locais desta natureza, através
de lançamento de livros, exposições e apresentações teatrais.
Assim, o público participará de momentos de lazer, atualizando seus
conhecimentos e supressão de carências informacionais sobre aspectos histórico-
culturais da região. A realização de tais eventos, propiciará também que a Biblioteca,
registre elementos constituintes da cultura local, nos suportes informacionais
disponíveis, sejam eles tradicionais ou modernos.
d)"Recreativa- Favorecer o emprego positivo do tempo livre e proporcionar
material que facilite a distração e o recreio ou fazer".
Infelizmente, o ato de levar as crianças à biblioteca, não é praticado por algumas
culturas. Nesta perspectiva, as bibliotecas são vistas como meros depósito
bibliográficos, e isto compromete o gosto pela leitura e enriquecimento da cultura de um
indivíduo.
Cabe a Biblioteca Pública junto com os professores, inserir no planejamento das
práticas educacionais o incentivo à leitura. Diante dessa realidade, sugere-se que ao
trabalhar com o público infantil, a biblioteca realize concursos de redação, desenho,
poesias, entre outros, com fins de incentivar a leitura-lazer.
Com relação aos adultos e idosos, a Biblioteca deverá manter seu acervo
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atualizado e diversificado, como também incentivar o uso das novas tecnologias, através
de treinamentos, visando o aproveitamento do tempo livre de seus usuários, e
proporcionando uma atualização para os que desejam evoluir no mercado de trabalho.
Ainda como local de lazer, a Biblioteca Pública deverá incentivar seus usuários,
promovendo concursos de pinturas, redações, entre outros, sugerindo temas ligados a
datas comemorativas com vistas à promoção do hábito de leitura ,e a produção textual.
2.3 Objetivos
De acordo com o que foi apresentado a nível de funções, e imprescindível que a
essência dos serviços da Biblioteca Pública deve conter os seguintes objetivos
relacionados à informação, alfabetização, educação e cultura (BORBA et al, 2002):
"Criar e fortalecer os hábitos de leitura nas crianças, desde a primeira infância;
Apoiar a educação individual e a autoformação, assim como a educação formal a
todos os níveis;
Assegurar a cada pessoa os meios para evoluir de forma criativa;
Estimular a imaginação e criatividade das crianças e dos jovens; Promover o
conhecimento sobre a herança cultural, o apreço pelas artes e pelas realizações e
inovações científicas;
Possibilitar o acesso a todas as formas de expressão cultural das artes do
espetáculo;
Fomentar o diálogo inter-cultural e a diversidade; Apoiar a tradição oral;
Assegurar o acesso dos cidadãos a todos os tipos de informação da comunidade
local;
Proporcionar serviços de informação adequados às empresas locais associações
21
e grupos de interesse;
Facilitar o desenvolvimento da capacidade de utilizar a informação e a
informática;
Apoiar, participar, se necessário, criar programas e atividades de alfabetização
para os diferentes grupos etários."
Além do que foi apresentado, a Biblioteca Pública deve possuir também um
acervo infantil diversificado incluindo materiais que alertem para a prevenção de
acidentes pessoais, higiene e limpeza, entre outros.
Independente da faixa etária, a Biblioteca Pública deve procurar proporcionar a todos o
aproveitamento dos meios informacionais para o desenvolvimento da postura cidadã,
fortalecida pela leitura reflexiva, motivando a escolhas melhores em suas vidas.
Assemelhando-se à Biblioteca Nacional na função de depositária da Bibliografia
produzida no país, as Bibliotecas Públicas em seus respectivos Estados devem ser
também receptoras das produções locais, contribuindo desta maneira , para enriquecer o
acervo sobre a cultura da comunidade, visando oferecer-lhes fontes informacionais
variadas a respeito de seu Estado.
Dos primórdios aos nossos dias o perfil do Bibliotecário mudou muito, de um
guardião e conservador de acervos, passando pela explosão documental,, inserido no
contexto tecnológico. O avanço nessa área, deu origem a novas necessidades para os
Bibliotecários, exigindo desses profissionais, mais do que o conhecimento do processo
técnico da informação. Com a evolução da tecnologia é necessário que o bibliotecário,
conheça seu público alvo utilizando para este fim, instrumentos que possibilitem
detectar quais as necessidades da comunidade.
Apesar de se aplicar o marketing indiferenciado em Bibliotecas Públicas, para
oferecer a todos seus serviços e produtos igualitariamente, deve-se observar a
22
segmentação desse público, com necessidades particulares. Neste aspecto deve-se
observar o grau de relevância de certas informações para determinados grupos, visando
aproveitar melhor os novos suportes informacionais , e orientar os usuários para a
utilização desses recursos no seu cotidiano com vistas ao direcionamento da busca de
materiais adequados as necessidades detectadas e também interagir as pessoas com os
novos meios de transmissão da informação. Além disso, é de fundamental importância
que conheça seu público
Para conseguir realizar bem esse processo, faz-se necessário que a Biblioteca
tenha um quadro funcional formado por pessoas qualificadas tanto para atuar com os
novos suportes dessas informações, como possuir conhecimentos relativos ao universo
da Biblioteca de uma maneira geral e a capacidade de treinar a comunidade no uso do
acervo e instalações. Dessa forma ela poderá cumprir as funções propostas pela
UNESCO.
Assim pelo que foi apresentado em nível de teorização a Biblioteca Pública, foi
conceituada por Litton (1973, p.19) como sendo" uma instituição de caráter popular e
livre, destinada aos habitantes de uma localidade, distrito ou região sustentada por
verbas do governo ou da comunidade".
Ainda sobre conceito, de acordo com a Organização das Nações Unidas para a
Educação Ciência e Cultura( UNESCO) "a Biblioteca Pública é a que atende
gratuitamente a uma coletividade e principalmente, uma coletividade local ou regional,
destinando- se ao público em geral".
Desta forma, entende-se que Biblioteca Publica é aquela que deve
estar preparada para atender a população em geral, indistintamente,
utilizando os meios e instrumentos de comunicação, como também as
novas tecnologias disponíveis para este fim,
*
23
3. BIBLIOTECA PÚBLICA CÂMARA CASCUDO
Seguindo os mesmos padrões no que se refere a vontades governamentais, já
discutidas a nível de teorização, em 26 de fevereiro de 1969 foi criada a Biblioteca
Pública do Estado do Rio Grande do Norte, com o objetivo de armazenar e disseminar a
informação para fins de pesquisa, estudo e leituras, sendo também responsável pela
memória do Estado. Subordinada à Fundação José Augusto desde a sua criação, teve
sua denominação alterada para Biblioteca Publica Câmara Cascudo, em 12 de agosto de
1970, em homenagem a Luiz da Câmara Cascudo. (ALVES et al 2003, p.7)
Preocupada com a qualidade da atuação da Biblioteca Pública Câmara Cascudo,
a Fundação José Augusto assina em 1973, convênio com o Instituto Nacional do Livro
(INL), atual Departamento Nacional do Livro (DNL), com o objetivo de reestruturar o
que existia e planejar a criação do Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas do Rio
Grande do Norte.
Dirigida pela Bibliotecária Zila da Costa Mamede, enfrentou inicialmente
dificuldades no que se refere a Recursos Humanos, visto que na época não existia o
Curso de Biblioteconomia no Rio Grande do Norte.
Considera-se como a melhor fase da Biblioteca Câmara Cascudo, a década de
setenta, até o inicio da de oitenta, visto que, a verba destinada a mesma, ter atendido
suas necessidades iniciais no que se refere a sua estrutura e ao seu acervo.
Em virtude da crise financeira nacional da década de noventa, as Bibliotecas
Públicas foram colocadas em segundo plano nos investimentos governamentais. Como
conseqüência dessa crise, a Biblioteca Câmara Cascudo, enfrentou também
dificuldades, pois não havia condições de aumentar seu quadro funcional, refletindo-se
24
atualmente na insuficiência de profissionais qualificados para atender a demanda de
usuários, que aumentou com o crescimento populacional decorrente do
desenvolvimento da cidade do Natal.
O Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas é oficializado em 16 de janeiro de
1981, através do Decreto n° 8.075, e a reestruturação desse Sistema vinculado à
Fundação José Augusto é disposto no artigo 3o do Decreto n° 11.436, de 31 de agosto de
1992 que anuncia os seguintes objetivos:
A ampliação das Bibliotecas Públicas existentes no Estado e o aperfeiçoamento
de sua organização;
A instalação de novas Bibliotecas Públicas de modo a que se estendam,
gradualmente, a todo território estadual;
A capacitação de pessoal técnico para os serviços próprios das Bibliotecas;
A promoção de campanhas educativas;
A realização ou patrocínio de feiras e exposições de livros e publicações
culturais;
A organização de cadastro das Bibliotecas oficiais;
A prestação de assistência e orientação técnica a instituições públicas ou
particulares mantenedoras de Bibliotecas;
A articulação com Sistemas de Bibliotecas Públicas da União e de outros
Estados ou Municípios;
A celebração de convênios com entidades e órgãos mantenedores de Bibliotecas,
para fins de cooperação e intercâmbio. (ALVES et al, 2003, p.8-9)
3.1 Situação atual
3.1.1 Acervo
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Ainda de acordo com Alves et al (2003, p.ll) a Biblioteca Pública Câmara
Cascudo apresenta um acervo composto por aproximadamente cem mil títulos. Este
acervo é classificado utilizando-se a Clasificação Decimal de Dewey (CDD) e suas
coleções estão distribuídas da seguinte maneira:
Coleção Geral: livros de diversos assuntos;
Obras de Referência: enciclopédias, dicionários, anuários, almanaques, etc.
Didática: livros de estudo (vale salientar que estes são os mais manuseados pelos
usuários);
Braille: edições para deficientes visuais;
Coleções especiais: obras raras, brasiliana e documentos brasileiros;
Bibliotecas Particulares: Jaime Adour, Berilo Wanderley, Humberto Nesi e
Floriano Cavalcanti;
Autores norte- rio- grandenses: edições de escritores e sobre o Estado do Rio
Grande do Norte.
Hemeroteca: reúne revistas, jornais e recortes de jornais. Há atualmente
seiscentos recortes de jornais, fixados em folha de papel A4, indicando todos os
dados da publicação e acondicionados em pastas suspensas.
Biblioteca Infanto-juvenil Myriam Coeli: como o próprio nome sugere, esta
biblioteca é formada por livros destinados à população infanto-juvenil,
especificamente os usuários com idade até 17 anos. Inicialmente funcionava como
sala infanto-juvenil. Com a ampliação de seu acervo, que é composto por cerca de
7.504 livros, dispostos em ordem alfabética de autor, houve a necessidade da mesma
desmembrar-se das instalações físicas da Biblioteca Câmara Cascudo, e hoje
funciona na Rua Rodrigues Alves. (Cidade da Criança)
O processo de Aquisição da Biblioteca Pública Câmara Cascudo é formado por
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doações e/ ou compras. As doações são recebidas da Biblioteca Nacional, Fundação
José Augusto, através de sua editora e de pessoas físicas que tenham interesse em doar
seu acervo particular, obedecendo os critérios estabelecidos pela biblioteca Câmara
Cascudo, processo representado pelas coleções de escritores norte-riograndenses citados
anteriormente.
Em razão de não possuir verba própria e está subordinada, à Fundação José
Augusto, a Biblioteca Câmara Cascudo faz o pedido de compra, através do
preenchimento de formulários específicos para este fim, e envia à Fundação José
Augusto, que irá analisar as possibilidades da compra, caso exista verba disponível.
3.1.2 Recursos humanos
Atualmente a Biblioteca conta com um quadro funcional composto por vinte e
sete pessoas distribuídas nos turnos da manhã, tarde e noite. No turno da manhã
trabalham dezesseis funcionários e a Coordenadora da Biblioteca. À tarde, este número
é reduzido para quatro, e à noite cinco funcionários. Alguns desses trabalham em horas
intermediárias, constatando-se um grande desfalque nos turnos da tarde e noite.
3.1.3 Serviços
De acordo com Anita Neta et al (2000, p.4-5 ) os Serviços da Biblioteca
dividem-se em meios e fins. Na Biblioteca Câmara Cascudo estes serviços são
coordenados por três Núcleos:
Núcleo de processamento Técnico: Compete a esse Núcleo organizar,
coordenar e controlar as atividades de classificação e catalogação do material
informacional, abrangendo os Serviços meios.
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Entende-se por Serviços meios, aqueles relacionados ao processamento técnico;
abrangendo os Setores de Classificação e Catalogação. No caso da Biblioteca Câmara
Cascudo, neste tipo de serviço está inserido também uma parcela de serviços de
extensão, significando o apoio biblioteconômico dado às bibliotecas inclusas no Sistema
de Bibliotecas Municipais, coordenadas pela Câmara Cascudo:
Setor de Classificação: É de competência desse Setor receber, registrar,
classificar o material e encaminhar para o Setor de Catalogação, além disso,
colabora com a Chefia do Núcleo na elaboração de normas, manuais de serviço, e
relatórios.
Setor de Catalogação: suas responsabilidades compreendem, o recebimento dos
materiais classificados; preparação das fichas catalográficas destes, organização,
conservação e manutenção dos catálogos; elaboração de fichas catalográficas e
envio destas ao Catálogo Coletivo Nacional, objetivando futuros intercâmbios,.e
ainda colaborar com a Chefia do Núcleo, na elaboração de normas, manuais de
serviço; e relatórios. Catalogação na fonte: elabora fichas catalográficas em
publicações a serem editadas pela Fundação José Augusto ou outras editoras.
Representação do Escritório de Direitos Autorais: encaminha a Fundação
Biblioteca Nacional solicitação de registros de obras intelectuais para o depósito legal.
O Núcleo de Apoio ao Usuário, é responsável por organizar, coordenar e
controlar as atividades referentes ao fornecimento de informações aos usuários, desde
como localizar as coleções até o empréstimo das mesmas. Aqui inserem-se os Serviços
Fins.
Serviços Fins- Estes serviços representam o produto final, dentro do processo
documentário, destinados a atender a comunidade. São os serviços disponibilizados ao
público.
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A Biblioteca Pública Câmara Cascudo disponibiliza os seguintes serviços:
Consulta: O usuário pode pesquisar, estudar e ler nas salas da Biblioteca seguindo
orientações do Núcleo quanto ao uso de suas instalações, das Coleções de Referencia e
das Coleções Especiais, bem como de seus catálogos de assunto, autor E título
disponibilizados através do funcionário da instituição, visto que não existe ainda o livre
acesso
Empréstimo: Toda comunidade pode freqüentar a Biblioteca e consultar seu acervo,
contudo para ter acesso ao empréstimo é necessária após a inscrição na Biblioteca, com
direito de levar até dois livros, por um período de dez dias. Caso haja atraso na
devolução dos mesmos, será feito a cobrança e aplicação de sanção disciplinar. Tal
procedimento visa um processo de conscientização, para que haja uma devolução dos
materiais na data determinada. Além de representar uma prática disciplinar, permite o
controle do acervo.
Reserva: Separação do material informacional que se encontra emprestado solicitado
pelo usuário por um período de quarenta e oito horas. Este processo não se aplica ao
acervo de coleções especiais, visto que trata-se de obras únicas e as vezes raras..
Pesquisa on-line: O usuário solicita informações desejadas através de um formulário,
que é entregue ao funcionário responsável por esta atividade. A entrega dos resultados é
feita em quarenta e oito horas por meio de disquete ou impresso. Fotocópia: Este
serviço é o processo de preprodução de partes de partes de materiais que não podem ser
emprestados.
O Núcleo de Extensão e Apoio às Bibliotecas Municipais tem a competência
para coordenar, organizar, controla as atividades, e dá apoio técnico ao Sistema
Estadual de Bibliotecas Municipais.
Serviços de extensão: São aqueles realizados pela biblioteca e fora das
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dependências da mesma. Dentro desse contexto a Biblioteca Pública Câmara Cascudo,
desenvolve o Serviço de extensão através da editora da Fundação José Augusto, a qual
distribui as obras dos autores norte-rio-grandenses para bibliotecas dos Sistemas
Estaduais de Bibliotecas Públicas e para a Biblioteca Nacional.
Com base em estudos desenvolvidos e também através do método de
observação, quando de visitas continuas, constata-se que a Biblioteca Pública Câmara
Cascudo apresenta lacunas com relação às funções propostas pela UNESCO, pois
desenvolve apenas uma delas, e de forma parcial a "educativa", explicitada no uso das
coleções, especialmente as didáticas, uma vez que a maior parcela da comunidade
atendida é formada por colegiais, visto que, tem como vizinhas duas escolas de grande
porte (Escola Estadual Anísio Teixeira e Colégio Atheneu), as quais possuem
bibliotecas escolares com acervos insatisfatórios, levando seus alunos a serem os seus
freqüentadores mais assíduos De um modo geral, limita-se a ceder suas instalações
físicas para que os usuários as utilizem, tornando-se uma ação muito estática, se
resumindo à rotina de espaço destinado a pesquisas e leituras.
No que se refere à função informativa, não existe uma disseminação de
informações utilitárias, de valor prático, capaz de auxiliar problemas cotidianos,
abrangendo, por exemplo, assistência médica, direito do consumidor e outros. E as
informações prestadas ao público restringem-se ao Universo composto pela Biblioteca e
sua Subordinante, a Fundação José Augusto.
Para um funcionamento de forma eficaz da Função Informativa, Romanelli
(1982, p.19) recomenda quais os dados da comunidade, necessários para traçar um
perfil do usuário e ter condições de disseminar as informações sobre a mesma:
"Telefone úteis
Mapa da Cidade (localização geográfica, temperatura, etc...).
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Origem e evolução histórica
Associações
Clínicas (laboratórios, hospitais).
Escolas
Outros órgãos culturais (Bibliotecas, Museus, Casas da Cultura)
Hotéis, Clubes, restaurantes.
Igrejas (Todas as religiões)
Transportes (Todos os meios)
Festas principais, Santos mais festejados.
Grupos que trabalham com artesanatos, folclore, firas, etc.
Famílias e pessoas mais influentes, ilustres da Cidade
Pessoas e grupos empresariais na Indústria e no Comércio
Comunicação (Rádio, TV, Jornais, Cinemas)" .
Inicialmente através de questionários aplicados à comunidade, a Biblioteca
poderá reunir informações que reflitam na formação de seu acervo, contribuindo
significativamente no processo de aquisição sejam por compra, doação ou permuta,
visando atender as necessidades de seu público. Para tanto poderá formar um cadastro
em forma de fichas, o qual servirá de direcionamento para adaptações informacionais a
cada segmento desta comunidade, desta forma evitando falhas e dando a informação
adequada à cada pessoa.
Quanto às funções cultural e recreativa a única forma de lazer que a Biblioteca
Câmara Cascudo dispõe é a utilização dos livros, e estes estão com edições
desatualizadas. Além disso, ela restringe-se a divulgar eventos culturais patrocinados
pela Fundação José Augusto. Isto é decorrente da falta de verbas próprias, impedindo a
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compra de materiais informacionais novos, e também não se promovam atividades
culturais.
Romanelli (1982) aconselha que a Biblioteca realize projetos que envolvam o
maior número de pessoas possíveis, formando grupos que possam ser direcionados para
a prática de seminários, exposições, concursos, teatros, comemorações especiais,
audições musicais com palestras, filmes com debates, entre outros. Cada atividade
dessas deve ser acompanhada, buscando-se fazer uma análise dos resultados junto ao
público, com vistas à, além de identificar imperfeições, concretizar idéias.
Para o desenvolvimento das funções cultural e recreativa, é ainda Romanelli
(1982, p.13) que indica que o planejamento e realização da ativação cultural das
Bibliotecas se dá de três formas:
Estudo da Comunidade a ser servida e seus recursos; Conhecimento de técnicas básicas para programação da ativação cultural; e Programação de atividades que deverão ser realizadas por determinado período (plano semestral e anual da biblioteca.)
A autora aconselha que as datas comemorativas sejam escolhidas por semestre
ou por trimestre, com fins de melhor programação e divulgação em tempo suficiente
para abranger toda a comunidade, devendo utilizar para isto, todos os meios de
comunicação disponíveis ao público, principalmente cartazes fixados em locais de
maior concentração popular, parada de ônibus, outras bibliotecas, igrejas, mercados, etc.
Pelo que foi apresentado, a Biblioteca Pública Câmara Cascudo tenta
desempenhar mesmo com dificuldades, as funções instituídas pela UNESCO. Se ainda
não conseguiu, provavelmente o fato decorre da crise financeira que se estabeleceu no
País, refletindo-se nas Bibliotecas Públicas Brasileiras.
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A principal razão da Biblioteca Pública Câmara Cascudo apresentar lacunas
frente à realização das quatro funções propostas pela UNESCO, insere-se no aspecto
financeiro. Desde a década de noventa, época que começaram as dificuldades, esta
biblioteca tentar oferecer seus serviços da melhor maneira possível.
Sobre a função Educativa, a Biblioteca Pública Câmara Cascudo cumpre seu
papel em maior proporção no que se refere a disponibilização das coleções didáticas,
uma vez que seus usuários mais assíduos são colegiais, principalmente de duas escolas
de grande porte, situadas em sua vizinhança, Escola Estadual Anísio Teixeira e Colégio
Atheneu. Tais Escolas possuem bibliotecas insatisfatórias, como a maioria das escolas
púbicas, levando seus alunos a freqüentarem constantemente à Biblioteca Câmara
Cascudo.
Com relação à função informativa a lacuna encontra-se na Disseminação de
informações utilitárias, de valor prático, visto que são divulgadas apenas informações
referentes à Biblioteca e a Fundação José Augusto.
Enquanto local de recreação não atende aos critérios para tal fim, visto que os
livros constituem-se os únicos meios possíveis de lazer e estes estão com edições
desatualizadas e não existe previsão para compras.
A falta de verbas desmotivam o planejamento de ações culturais e faz com que
não se realize tanto a função cultural como a recreativa, propostas pela UNESCO.
Como esta Biblioteca está diretamente subordinada à Fundação José Augusto,
desempenha o papel de divulgadora dos eventos patrocinados pela mesma.
Considerou-se que o ideal de Biblioteca Pública está muito longe de ser
alcançado no Estado do Rio Grande do Norte, enquanto os governantes continuarem
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com o descaso, não investindo em Bibliotecas, possibilitando a continuidade da
ideologia dominante, visto que, não lhes interessa ter um público leitor informado, e o
papel de preservar a memória do Estado, torna-se inadequado, uma vez que a Biblioteca
Pública Câmara Cascudo não tem estrutura físicas nem financeiras suficientes para
comportar tais informações.
A falta de investimentos financeiros também reflete-se no acervo desatualizado,
falta de concursos públicos para Bibliotecários, ocasionando a mão-de-obra precária,
impossibilitando realizações mais firmes que divulguem os serviços da Biblioteca junto
a comunidade, com vistas a incentivar a ida dos leitores impotenciais à Biblioteca
Câmara Cascudo.
Como foi mencionado, a Biblioteca Câmara Cascudo conta com o apoio de vinte
e sete funcionários em seu quadro de pessoal, mas o número de profissionais preparados
para atuar na realização das funções propostas pela UNESCO, é insatisfatório, visto que
entre eles, apenas cinco são Bibliotecários, entre os quais está o(a) Coordenador (a).
Desta maneira, os vinte e dois restantes representam apenas meros guardiãs do acervo.
Diante dos resultados obtidos, sugere-se que haja a criação de Associações
envolvendo líderes comunitários, Bibliotecários e representantes do governo, elencando
a importância da Biblioteca Pública Câmara Cascudo para o desenvolvimento da social
e cultural da comunidade a qual está inserida. Além disso, aconselha-se que à Direção
da Biblioteca Câmara Cascudo proponha à Fundação José Augusto um convênio com o
Departamento de Biblioteconomia para que o estágio seja uma prática nesta Biblioteca.
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