biblionoticias setembro 2014
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Biblionoticias Jornal da Biblioteca Escolar da Escola Secundária Diogo de Gouveia setembro 2014TRANSCRIPT
BiblioSETEMBRO 2014
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PALAVRAS ANDARILHAS
UM DIA NAESCOLA DOS
GRANDES
# COMEMORAÇÃO 25 DE ABRIL # EXPOSIÇÃO LIVROS DE PANO
BIBLIONOTÍCIAS | SETEMBRO20142
Alunos do 4º ano da EB123 de Santa Maria
Alunos do 4º ano da EB123 de Santiago Maior
Fátima Figueira (Prof. 1º ciclo EB123 Santa Maria)
Fernando Carvalheiras (Prof. de Filosofia)
Francisco Rosa Dias (Prof. de História)
Mª da Luz Estevéns ( Profª Bibliotecária EB123 Santiago Maior)
Mª Emília Polaco (Profª Bibliotecária da ESDG)
Martinho Marques (Professor/Poeta)
Não, não nos atrasámos na edição da nossa revista, foi intencional fazê-lo decorrido
o mês de Agosto. A participação, ainda que modesta, da nossa escola no Festival de
Narração Oral Palavras Andarilhas , evento organizado pela Biblioteca Municipal de
Beja, que teve lugar entre 27 e 31 de Agosto, levou-nos a deixar em stand-by as
notícias do 3º período para podermos terminar 2013-2014 com todas as notícias em
dia.
Por esses dias tivemos doze oficinas a funcionar na escola - abrimos e
preparámos, salas, biblioteca e ginásio a centenas de formandos que, de todo o país
e de fora dele, aqui se deslocaram para "beber" do que de melhor se vai fazendo,
pagando muito pouco; na verdade, os professores do concelho de Beja tiveram
acesso gratuito a temáticas variadas no âmbito dos livros e das literacias: a
ilustração, a abordagem a técnicas de expressão dramática, a leitura em voz alta, a
escrita criativa, a produção literária, as técnicas de narração oral, a importância dos
textos fundadores nas referências culturais do leitor, os processos criativos na
educação pelo Livro, Arte e Natureza , o poder da biblioterapia, a educação artística
não formal em contextos múltiplos, a literacia na primeira infância ... assuntos
tratados por especialistas que partilharam o seu saber e experiência durante dois
dias, em oficinas com duração de seis horas.
Mas nós também fomos à "montanha": não resistimos ao simpático convite
da organização do evento e levámos o nosso grupo de narração oral Conte
Connosco para pequenas actuações no Jardim Público e nas freguesias rurais.
Retomando o nosso argumento de abertura (ter as notícias em dia...),
informamos que o BiblioNotícias estreia nesta edição a rubrica Aconteceu em... com
o objectivo de dar a conhecer iniciativas que tiveram lugar na nossa biblioteca mas
cuja publicação acabou por não acontecer por motivos alheios à nossa vontade.
Nunca é tarde de mais para sabermos o que de bom se tem feito com a participação
de tanta gente boa - alunos, docentes, convidados e todos os que sempre estão
prontos a colaborar sem nada receber em troca a não ser o prazer de ter contribuído
para a realização das actividades.
A todos o nosso reconhecimento. A todos um bom ano 2014-2015!
Mª Emília Polaco
(Professora Bibliotecária da ESDG)
Editorial 3
Dia do Livro 5
25 de Abril / 40 Anos 7
Lar D. José Patrónio Dias 8
Exposição Livros de Pano 9
Um Dia na Escolados Grandes 11
Ver um Filme Por Palavras 13
Viagem Mágicaaos Livros de Pano 14
Palavras Andarilhas 2014 16
Aconteceu Em 18
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BIBLIONOTÍCIAS | SETEMBRO20144
À sessão anunciada com o título que demos a este
texto compareceram alguns amigos nossos que
também o são dos livros.
Davam as cinco da tarde (Viva Lorca!) do dia com o
número 23 do último mês de Abril.
Sobre esta tarde passou quase uma estação do ano.
Dela o tempo dissipou os pormenores. Mas, se lhe
levou a letra, deixou-lhe ficar a música: a música do
encontro com os livros, que propiciou o encontro
das pessoas – que é o que os leitores são. Ou ao
contrário. Dos livros e dos autores que foram sendo
trazidos pelos leitores presentes, pelo menos,
guardámos-lhes os nomes:
“O vento à volta de tudo”, de Pedro Strecht
“Nenhum Olhar”, de José Luís Peixoto
“Escravos e traficantes no Império Português”,
de Arlindo M. Caldeira
“Ah King”, de Somerset Maugham
“E as Montanhas Ecoaram”, de Khaled Hosseini
“A mecânica do coração”, de Mathias Malzieu
“Nunca te distraias da vida”, de Manuel Forjaz
“Thaïs”, de Anatole France
“Cem anos de solidão”, de G. Garcia Marques
“Nova Física Divertida”, de Carlos Fiolhais
“A Felicidade Conjugal”, de Leon Tolstoi
De todos nos ficaram ressonâncias e a vontade de os ler ou de os
reler. Nalguns casos, salientaram-se algumas das circunstâncias
que levaram os leitores presentes aos livros que apresentaram e de
que leram passagens. Às vezes o tema, a área, outras vezes a
escrita... ou o acaso. No meu caso, foi a música. Foi Jules Massenet
quem me levou a Anatole France e a “Thaïs”, ainda que já não saiba
como foi que cheguei a Massenet. O que julgo saber é que, em geral,
me encontro melhor nos sítios em que se cruzam caminhos.
Que, pelo menos, nos cruzemos novamente para o ano... a 23 de
Abril, ao fim da tarde!
TANTAS VIDAS, TANTOS LIVROS
MM
(um dos leitores presentes)
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25 DE ABRIL / 40 ANOS
No dia 24 de Abril , pelas 10 horas, a
Biblioteca da Escola promoveu uma
sessão comemorativa dos 40 anos do
dia 25 de Abril. No cartaz alusivo ao
evento, distribuído dias antes,
anunciava-se a participação do
professor de História F. Rosa Dias e do
músico Fernando Pardal , que
gentilmente aceitou o convite para
participar na sessão. Na realidade, a
mesma contou ainda com outros
participantes, para além da numerosa
assistência composta por alunos de
vários anos e turmas, acompanhados
de alguns professores.
Aberta a sessão pela Coordenadora da
Biblioteca, professora Mª Emília
Polaco, o professor e poeta Martinho
Marques disse um poema da sua
autoria dedicado, naturalmente, à
temática do d ia . Seguiu-se a
apresentação de um curto vídeo
retratando a situação polít ica,
económica e social antes de 1974.
O professor Rosa Dias recordou como
viveu o dia 25 de Abril de 1974,em
Lisboa, no Terreiro do Paço e o seu
contacto com as tropas libertadoras
de Salgueiro Maia. O mesmo professor
e a sua colega de História, professora
Francisca Bicho, alternaram depois as
suas intervenções na caracterização
da ditadura, abordando temas como a
censura, a polícia política, a situação
económica e social e, naturalmente,
também, a guerra colonial.
As intervenções foram pontuadas
com a leitura de pequenos textos, lidos
pela professora Mª Emília Polaco,
relacionados com os temas em
discussão. Quando se abordou a
guerra colonial, a professora Mª de
Fátima Sousa leu o poema Menina do
Olhos Tristes [ o soldadinho não volta
do outro lado do mar…], da autoria de
Reinaldo Ferreira e que José Afonso e
Adriano Correia de Oliveira cantaram e
popularizaram.
No decorrer da sessão seriam ainda
recordadas e cantadas pelo músico
Fernando Pardal, algumas das canções
de intervenção que marcaram um
tempo de oposição à ditadura: Trova do
Tempo que Passa, Bairro Negro, os
Vampiros, entre outras. Foi com uma
das mais populares canções do após 25
de Abril que terminou esta sessão
evocativa. De seu título Somos Livres,
ficou conhecida como A Gaivota. Era
cantada por Ermelinda Duarte, autora
do poema e, nesta sessão, o que
constituiu uma agradável surpresa,
cantada pela professora Fátima Sousa e
acompanhada pela assistência: Uma
g a i v o t a v o a v a , v o a v a / A s a s d e
vento/Coração de mar/Como ela
somos livres,/Somos livres de voar!
Francisco Rosa Dias
(Prof. de História)
BIBLIONOTÍCIAS | SETEMBRO2014 7
Vem o título supra referido a
propósito do hábito de associarmos
a palavra “primaveras”aos anos que
a pessoa tem ou comemora. O
porquê desta tendência merece,
s e m d ú v i d a , u m a
reflexão…equinócica? Solstícica?
Na verdade, ainda que gostemos de
reflectir, não vamos ter espaço nem
t e m p o p a r a i s s o p o r q u e a
coordenadora do Biblionotícias, a
professora Emília Polaco, avisou-
me sobre isso mesmo: não há
tempo nem espaço! Pelo fato
pedimos desculpa. Contudo,
ousamos propor-vos e incentivar-
vos a esta reflexãosita, já que as
férias são sempre uma (in)
atividade que acaba por aborrecer
de tanto dolce fare nient. Que
acham?
Fernando Carvalheiras
(Prof. de Filosofia)
HISTÓRIAS DE PRIMAVERA
BIBLIONOTÍCIAS | SETEMBRO20148
Mas vamos lá ao que interessa!
Histórias de Primaveras porque nós,
o grupo de contadores da biblioteca
da nossa escola, aprendemos
muitas histórias de muitas, muitas
primaveras, no dia em que fomos ao
Lar de terceira idade Dom José do
Patrocínio Dias (que fica ali quem
vai para a escola de Sta. Maria)
contar as nossas histórias àqueles
que já contam muitas primaveras
feitas de muitas histórias, umas
contadas outras não mas quase
todas vividas.
Parece confuso ou contraditório
mas não. Foi mesmo isso que
aconteceu; nós, que íamos contar,
contamos mas também ouvimos
contar, cantar, encantar e encantar-
se. Já estamos habituados a semear
e colher estas emoções (e é disso
que as histórias são feitas e por isso
é que as adoramos) mas desta vez
encantamo-nos mais do que nunca
quando um senhor, de aspecto
venerando nos pediu que lêssemos
um poema que ele mesmo havia
escrito para a sua amada que já
tinha partido… na última primavera.
Apelámos à razão para nos recompormos
m a s l o g o r e c a í m o s e m n o v o
encantamento: a Mariana Medeiro, aluna
do 11.º ano, após contar a sua história,
surpreendeu-nos a todos cantando, com
uma voz divinal, o fado O Namorico da
Rita. Ficámos todos sem palavras.
Silêncio…tinha sido mesmo fado,
garantiram os mais entendidos com a
lágrima a espreitar no canto do olho.
Outras cantigas, outras conversas,
sorrisos e gargalhadas se foram
intervalando com histórias levadas, com
amor, pela Mariana Cruz, a Laura e a Clara,
as nossas meninas do 7.º ano, pela Inês
Isidro e Inês Vieira também alunas do 11.º
ano, pela professora Emília e por mim. Até
que chegou a hora de partirmos. Que
pena . À mistura com algumas saudades,
promessas de voltarmos um dia. Pode ser
um qualquer ca gentina tem pressa, disse,
com sotaque profundamente alentejano,
uma das nossas atentas ouvintes que se
tinha mantido em silêncio total até aquele
momento. Era dia de primavera, dia 21 de
março, dia de equinócio e havia, de fato,
um aroma perfumado no ar quando o
castelo de Beja nos viu sair.
Fernando Carvalheiras
(Prof. de Filosofia)
EXPOSIÇÃO LIVROS DE PANO
LIVROSDEPANO foi um projecto
desenvolvido pela Biblioteca Municipal
de Beja, patrocinado pela Fundação
Calouste Gulbenkian.Os alunos de
Oficina de Artesda Escola Secundária
Diogo de Gouveia, orientados pela
professora Bárbara Barão, foram
convidados a participar nesse exercício
técnico, repleto de imaginação e
criatividade, executando livros feitos
com pano.
As histórias e lengalengas tradicionais
da nossa infância foram assim recriadas
e posteriormente apresentadas ao
público que teve a oportunidade de
apreciar um interessante conjunto de
trabalhos.
Durante o segundo período as aulas de
Oficina de Artes decorreram na
Biblioteca Municipal, que disponibilizou
todos os materiais necessários.
Os livros ficarão na posse da Biblioteca
Municipal, entidade dinamizadora do
projecto, e constituirão um recurso
pedagógico a explorar pelo sector
infantil, o que muito honra a nossa
escola e, em particular, os alunos que
participaram no projecto.
A exposição LIVROSDEPANO esteve
patente na Biblioteca Escolar, até ao dia
06 de Junho e constituiu a primeira
biblioteca de livros de pano, inaugurada
no Festival de Narração Palavras
Andarilhas, em Agosto de 2014. Os livros
encontram-se na Biblioteca Municipal
onde serão utilizados no sector infantil,
no trabalho diário dos mediadores de
leitura daquele espaço.
Mº Emília Polaco
(PB)
BIBLIONOTÍCIAS | SETEMBRO2014 9
VISITA À ESCOLA DOS GRANDES
O PONTO DE VISTA DOS ALUNOS ///
Realizado por:
turma do 4ºC de Santiago Maior
BIBLIONOTÍCIAS | SETEMBRO2014 11BIBLIONOTÍCIAS | SETEMBRO201410
No dia 28 de Maio, a turma do 4ºCST da Escola
de Santiago Maior visitou a Escola Secundária
Diogo de Gouveia para participar na super
actividade bombástica “Um dia na Escola dos
Grandes”. Quem convidou a nossa turma foi a
professora Maria da Luz da biblioteca da nossa
escola. Para além da nossa turma também foi
uma turma de 4ºano da Escola de Santa Maria. A
professora da biblioteca da Escola Diogo de
Gouveia, outros professores e os alunos do
Curso Profissional de Técnico de Apoio
Psicossocial estavam à nossa espera e
prepararam actividades divertidas e criativas
que nós gostámos muito: visita à escola,
laboratório da natureza, ateliê de pinturas
faciais, ateliê de culinária, aula de dança, ateliê
de artes plásticas e a hora do conto.
Enfim, este dia foi muito divertido e todos nós adorámos visitar a escola dos
crescidos e aprendemos que brincar com os mais velhos é fácil e divertido. A
experiência foi muito boa, ficámos a conhecer a vida escolar dos mais velhos e
encantados com as actividades. “Quando formos grandes, queremos andar
nesta escola e aprender a fazer muitas destas coisas maravilhosas.”
Viva a Escola dos GRANDES!
Estes alunos ajudaram-nos e acompanharam-nos ao longo das actividades e
durante os intervalos brincaram connosco. Também visitámos uma exposição
de livros de pano, na biblioteca escolar, e os alunos do curso de artes
explicaram e apresentaram alguns destes trabalhos. Os professores foram
muito simpáticos em nos oferecer o almoço e o lanche. Também nos
ofereceram prendas e recordações. Todos os alunos do 4ºCST gostaram muito
dos mimos e achámos todos “muito fixes”!
VER UM FILME POR PALAVRAS
E que forma melhor de “avaliar” a acuidade da sua narração
senão a de ver o resultado expresso nas ilustrações dos
colegas? Tornava-se, assim, mais do que óbvio, que cada
um dos nossos jovens teria que se impor pela qualidade da
sua narração!
Depois da apresentação à turma, os jovens do 8º ano
contaram para os colegas do 11º ano de Artes o filme
escolhido - entre a natural atrapalhação pontual na
narração e as chalaças dos mais velhos para os ajudar a
descontrair a "coisa" deu-se!
O trabalho de ilustração que daí resultou foi exposto no
corredor da biblioteca, apreciado e fotografado pelos
narradores e pela comunidade escolar onde permaneceu
até ao encerramento do ano lectivo.
Mª Emília Polaco
(PB)
A ideia de realizar este projecto teve origem no livro de
Hernán Rivera Letelier, A Contadora de Filmes: trata-se da
história de uma jovem a quem o pai confia a tarefa de
contar, para o resto da família, os filmes que vai ver ao
domingo no cinematógrafo.
“ Como lá em casa o dinheiro andava a cavalo e nós a pé,
quando chegava à Mina algum filme que o meu pai (…)
achava que era bom, juntavam-se as moedas uma a uma, à
justa para o bilhete, e mandava-me ir vê-lo. Depois, à vinda
do cinema, eu tinha de o contar à família reunida em pleno
na divisão do living”.
In A Contadora de Filmes, p.11
Este pareceu-nos ser um desafio genial para os nossos
jovens que tanta dificuldade apresentam em narrar, de
forma fluente e escorreita, seja aquilo que for: um episódio
ocorrido, um conto, um livro…e porque não um filme?
BIBLIONOTÍCIAS | SETEMBRO2014 13
UM DIA NA ESCOLA DOS GRANDES
Luana - Foi uma experiência
inesquecível. Não há palavras para
descrever este dia! Conheci pessoas
novas e fiz coisas extraordinárias.
Bete - Gostei de lá ir, porque nunca
tinha entrado no Liceu. Foi um dia de
muita alegria!
Rosa – Neste dia maravilhoso estive
com um mimo espectacular e a parte
que mais adorei foi dançar!
Beatriz F. – Senti felicidade e
divertimento, passei por coisas
interessantes e alegres. Conheci novos
amigos, adorei ir ao laboratório e fazer o
salame!
Andreia – Passei momentos
inesquecíveis, senti muita vontade de lá
ficar e fiz três novas amigas!
Renato – Gostei muito de entrar no
Liceu! Foi uma sensação boa! Adorei
fazer os trabalhos de expressão plástica.
Luís - Gostei muito de lá estar, senti-me
muito feliz! Gostei das pessoas e das
coisas que nós fizemos!
Teresa – Eu passei momentos felizes e senti alegria e emoção! O que mais
gostei foi do laboratório e da culinária!
Carla – Eu gostei muito de fazer a carteira e de ouvir as histórias. Também
gostei de brincar com o mimo.
Beatriz R. – Adorei o dia no Liceu, senti-me feliz e gostei do que fiz!
Margarida – Gostei de ir ao Liceu porque fiz novos amigos. Amei! Foi um dia
espectacular!
Foi, realmente, um dia diferente.
Muito bem organizado, permitiu que as crianças estivessem sempre em
actividade, tal como elas gostam!
Realço o empenho e o trabalho das alunas do Liceu, que animaram e
envolveram todos os meninos de uma forma muito bonita e profissional!
Obrigada a todos! Fátima Figueira Silva(Prof. do 4º ano da Escola Básica de Santa Maria)
BIBLIONOTÍCIAS | SETEMBRO201412
VIAGEM MÁGICA AOS LIVROS DE PANO
No dia 26 de Junho a Biblioteca da ESDG foi palco de várias
sessões, no âmbito da Literacia da Leitura, envolvendo, desta
vez, os alunos de educação pré-escolar e equipa pedagógica
de Santiago Maior, a professora de Educação Especial, as
professoras bibliotecárias da Escola Diogo de Gouveia e de
Santiago Maior e uma voluntária da Biblioteca Municipal de
Beja, no âmbito da parceria estabelecida.
Promover experiências diversificadas em torno do livro e da
leitura em diferentes suportes acessíveis a todas as crianças,
fomentar o gosto pelo livro e pela leitura, através do
desenvolvimento de práticas colaborativas e melhorar a
qualidade das aprendizagens foram objectivos que se
operacionalizaram através da narração da história “A Árvore
Generosa”, fomentando a participação activa das crianças,
que participaram na elaboração de uma árvore em pano
usando o contorno dos seus braços e desenho de frutos
variados escolhidos pelo grupo.
Por fim, a exposição de livros de pano foi explorada em
pequenos grupos, o que constituiu grande animação, e foi
feito um registo fotográfico do livro preferido de cada grupo
para trabalho de animação a desenvolver mais tarde em sala
de aula.
Gostámos e prometemos voltar!
BIBLIONOTÍCIAS | SETEMBRO201414
Mª da Luz Estevéns
(PB da EB123 Santiago Maior)
BIBLIONOTÍCIAS | SETEMBRO2014 17
Assim nos apresentámos no programa
das Palavras Andarilhas, festival da
n a r r a ç ã o p a r a o q u a l f o m o s
gentilmente convidados - ao lado de
contadores profissionais, alguns dos
nossos jovens (os que não estavam de
férias) contaram para um público
familiar, no jardim da cidade, alheios ao
buliço envolvente, próprio de um
evento que reúne narradores
nacionais e internacionais e público
entusiasta que, nesta altura, se desloca
a Beja , vindo dos mais variados lugares
do país e do estrangeiro.
A tarde de fim de Agosto era quente
como quentes foram as suas vozes,
que atraíram a atenção de pais e filhos
e encantaram adultos que na iniciativa
viram um estímulo ao gosto pelo
reconto e preservação da cultura oral e
nos jovens um bom exemplo de como
se ganha à-vontade e confiança para a
tão angustiante exposição pública.
E como o bichinho das histórias vai mexendo cada vez mais, levámos uma jovem
contadora, que não tinha podido juntar-se aos colegas no jardim, a uma
freguesia rural dos arredores da cidade onde ajudou a abrilhantar a sessão num
fim de tarde que competiu com um Benfica-Sporting... Resultado? Um êxito!
Aqui fica, pois, o desafio - senhores professores e demais agentes da comunidade
escolar, venham contar e tragam jovens. Estamos na Biblioteca Escolar à vossa
espera!
JOVENS CONTADORES DE HISTÓRIAS
Somos um pequeno grupo de alunos, professores e funcionários da ESGD de Beja e adoramos contar histórias.
Sempre que podemos, reunimo-nos na Biblioteca Escolar e oferecemos histórias a quem nos quiser ouvir. Apesar
de aprendizes, aproveitamos todas as ocasiões para “encantar” – contamos em escolas, em lares de idosos e já
contámos na Estafeta de Contos das Andarilhas! Acreditamos que as histórias abrem caminho à nossa
autoconfiança, dão asas à nossa fluência na oralidade e são uma inesgotável fonte de prazer. Conte Connosco!
Mª Emília Polaco
(PB)
BIBLIONOTÍCIAS | SETEMBRO201416
APRESENTAÇÃO DE «OS MAPAS DO SILÊNCIO»
Na contracapa, é apresentado assim:
“Os Mapas do Silêncio é um encadeado de narrativas em que se entrelaçam a memória individual e a memória
colectiva. Há duas linhas que se cruzam: as histórias de pessoas, acontecimentos, objectos, lugares, de uma aldeia do
Alentejo ― fechada sobre si própria mas que se vai abrindo ao exterior a um ritmo mais rápido a partir de meados do
século XX ― e, subliminarmente, a história do crescimento de uma jovem em cuja memória adulta se vão
reinventando as vivências desse tempo e lugar”.
BIBLIONOTÍCIAS | SETEMBRO201418
Para a tarde da 4ª feira que foi
18 de Abril de 2012 anunciava-
se a apresentação do livro “Os
mapas do silêncio”, de Maria
da Conceição Ruivo. Tendo a
oportunidade de previamente
folhear o volume e de ler dele,
ao acaso, algumas páginas,
logo fiquei prisioneiro da obra
e da intenção de vir a lê-la na
íntegra. Da autora, professora
catedrática e investigadora do
Departamento de Física da
Universidade de Coimbra,
d iz ia-se ser natural de
Alfundão e antiga aluna do
Liceu de Beja, elementos que
ajudavam a multiplicar o meu
interesse pelo livro e o desejo
de presença na sessão em que
este iria ser apresentado.
À partida, o nome da autora
não constava da lista imensa
de nomes que a minha
memória de antigo aluno
desta escola guardava dos
velhos tempos em que ela se
chamava Liceu Nacional de
Beja. Teria por cá passado
(teria de cá saído) antes ou
depois de mim? Sou sincero
ao confessar que também fui
à sessão para lá poder obter
resposta a esta pergunta.
Na sessão, que reuniu actuais
e antigos professores (alguns
dos quais ex-alunos) da escola
onde decorreu, além da
apresentação propriamente dita,
i lustrada com a leitura de
excertos, a que Cristina Taquelim
também somou o sabor da sua
voz, foi vivo e foi interessante o
diálogo com os presentes,
sobretudo com aqueles que
atravessaram os tempos e os
espaços do livro em referência.
Quer a lembrar contextos
evocados n' “Os mapas do
silêncio”, quer simplesmente a
falar de personagens que com
eles se cruzaram nos corredores,
no átrio ou no pátio coberto do
Liceu – na altura em que tinha lago
e, mais do que de pedras, se
rodeava de plantas.
Foi da conversa havida que soubemos que Maria da
Conceição Ruivo é o nome de quem na altura era
conhecida por Maria da Conceição Espadinha Ruivo ou,
mais comummente ainda, por Conceição Espadinha,
nomes que (sim, senhor, esses) constavam no meu
arquivo mental e em alguns documentos desse tempo
que o tempo amareleceu, sem lhes retirar legibilidade, e
que eu mantive guardados desde os anos 60 do século
em que todos os presentes na sessão começaram a
viver. A minha curiosidade também estava satisfeita. Eu,
como aluno, saí do Liceu de Beja em 1967. A escritora
saíra um ano antes. Na partida, ainda deixou o nome no
“Mais Além” (jornal que no Liceu então se publicava), a
escrever para ele e a dirigi-lo, em parceria com o
Armando José Machado de Oliveira Dimas,
curiosamente irmão de um actual funcionário desta
escola.
Difícil foi conter a emoção ao descobrir, completo e
exacto, o nome da autora impresso no exemplar deste
número do jornal da nossa escola e em diversos
recortes de outros jornais locais da mesma época que,
nos finais dos períodos lectivos, inseriam os então
habituais “quadros de honra”, que ela frequentemente
integrava.
Mas tudo isto é o menos importante, embora eu tenha
sido incapaz de não o mencionar. O que é fundamental é
o seu livro. Que, depois de o ter lido por completo, não
temo afirmar que foi dos que ultimamente mais me
fascinaram, pela sua qualidade literária, pelo engenho
do recurso à mistura de discursos, incluindo o que
vigorava nas aldeias e nos montes alentejanos há cerca
de meio século, pela sua força poética, pelo seu grande
poder evocativo. Ao ponto de vos dizer que, ao contrário
dos livros que se lêem (admitindo que se leram) e que se
arrumam ou esquecem na prateleira menos acessível
da estante mais encoberta, este é daqueles que devem permanecer sempre à mão, para mais
facilmente se voltar a ele, depois de nos ter deixado saborosas ressonâncias e a ideia de não
podermos deixar de ser assíduos no regresso às suas páginas. É evidente que é por mim que
falo, consciente de que um livro não tem de fazer a todos o que ele faz a alguns, mas, a meu
ver, não o ler é ficar a perder muito.
aconteceu em...
Ele será isso, mas creio que a brevidade de um único parágrafo não poderá resumi-lo ― e resumi-lo seria limitá-lo. Seria o
mesmo que ter na mão uma partitura, embora conhecendo do que trata, mas não poder escutá-la. Tenham paciência: só lido.
Consintam só que, quase que ao acaso, eu dele transcreva ao menos duas pequenas passagens (com muita dificuldade em
escolher e em parar as transcrições), para tentar que percebam melhor o que deixei escrito:
“O sol rompeu outra vez. Esperança guarda os tarros, os taleigos, curvada ao peso dos olhos míopes. Nunca hei-de ter
marido nem filhos, dizem que sou mulher doente e mulher doente não casa. E, no entanto, sei amassar um alqueire de
pão, dou conta de um alguidar de roupa, levo dois ou três regos na monda como as mais. E, quer queiram quer não,
dancei contigo numa noite morna de Abril, era domingo de Pascoela, tremulava o fogo das papoilas sobre o trigo e
sentia-se o cheiro acre da flor da marcela”. (De “E se a água do mar se acaba?” - pág. 21)
“Nem um cisco de luz pode entrar cá dentro. Tudo requer ciência e arte. Isto vos dirá qualquer mestre de ofício. Mas
este ofício de retratista muito mais requer do que os outros. Aqui onde me vê, sou mais forte que o tempo. Não
acredita? Ora atente bem no que eu lhe digo. Veja-me este mocinho, que tão bonito para a fotografia o pôs sua mãe.
Amanhã já não estará igual a hoje, depois de amanhã muito menos, de dia para dia vai crescer, encorpar, há-de ganhar
barba e bigode, ir às sortes, quem sabe se partir para a guerra de espingarda ao ombro. E se voltar há-de casar, ter
filhos e cuidados, o cabelo lhe irá branqueando e rareando. E onde estará então este caracol macio, desenhado a
brilhantina, este sorriso maroto? Pois guardado na arca da memória, dir-me-á. Fraco resguardo para bem tão
precioso!... Mas eu aqui lhe gravo nesta chapa um momento à sua escolha, amarro o tempo com um baraço, e dentro
deste quadrado de papel fica encantado o mocinho, para sempre de calção pelo joelho, correndo à solta na charneca
montado num cavalo de pau”. (De “Onde mora o retratista?” - págs. 38-39)
Será que, por esta amostra, conseguirão resistir a dilatar a leitura até à totalidade das suas cento e tal páginas?
Desconfio que a resposta será “não”, mormente se residiram em tempos e em lugares próximos daqueles que perpassam n'
“Os mapas do silêncio” e, ainda mais, se tiverem o ler como uma forma de voar.
Martinho Marques
BIBLIONOTÍCIAS | SETEMBRO2014 19