bibliologia visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia

48

Upload: oriok

Post on 06-Jun-2015

859 views

Category:

Documents


52 download

TRANSCRIPT

Page 1: Bibliologia   visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia
Page 2: Bibliologia   visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia

PPLLAANNOO DDEE AAUULLAA AAPPOOSSTTIILLAADDOO Escola Superior de Teologia do Espírito Santo

BBBBBBBBiiiiiiiibbbbbbbblllllllliiiiiiiioooooooollllllllooooooooggggggggiiiiiiiiaaaaaaaa Visão panorâmica e aspectos da formação da Bíblia

Page 3: Bibliologia   visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES

2

© Copyright 2004, Escola Superior de Teologia do ES A Escola Superior de Teologia do ES é amparada pelo disposto no parecer 241/99 da CES – Câmara de Ensino Superior O ensino à distância é regulamentado pela lei 9.394/96 – Artº 80 e é considerado um dos mais avançados sistemas de ensino da atualidade ■ Todos os direitos em língua portuguesa reservados por ESCOLA SUPERIOR DE TEOLOGIA DO ES Rua Bariri, 716 - Glória – Vila Velha- ES CEP 29 122-230 - Vila Velha , ES Telefax (27) 3219-5440 www.esutes.com.br ■ PROIBIDA A REPRODUÇÃO POR QUAISQUER MEIOS, SALVO EM

BREVES CITAÇÕES, COM INDICAÇÃO DA FONTE. Todas as citações bíblicas foram extraídas da Bíblia Versão Almeida Corrigida e Fiel(ACF) ©2008, publicada pela Sociedade Bíblica Trinitariana, e da Bíblia King James (Tradução em português do Novo Testamento)©2008, publicada pela Sociedade Ibero-americana da Bíblia, salvo indicação em contrário

O presente material é baseado nos principais tópicos e pontos salientes da matéria em questão. A abordagem aqui contida trata-se da “espinha dorsal” da matéria. Anexo, no final da apostila, segue a indicação de sites sérios e bem fundamentados sobre a matéria que o módulo aborda,

bem como bibliografia para maior aprofundamento dos assuntos e temas estudados. TEOLOGIA DO ES, Escola Superior de - Título original: Bibliologia, Visão panorâmica e aspectos

da formação da Bíblia – Espírito Santo: ESUTES, 2004.

Page 4: Bibliologia   visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES

3

____________________________

SSSSSSSSUUUUUUUUMMMMMMMMÁÁÁÁÁÁÁÁRRRRRRRRIIIIIIIIOOOOOOOO

_______ _______ _______ _______

UUUUUUUUNNNNNNNNIIIIIIIIDDDDDDDDAAAAAAAADDDDDDDDEEEEEEEE IIIIIIII A BÍBLIA COMO LIVROA BÍBLIA COMO LIVROA BÍBLIA COMO LIVROA BÍBLIA COMO LIVRO Introdução.........................................................................................................................................................4 A escrita e estrutura da Biblia...........................................................................................................................5 O Antigo Testamento........................................................................................................................................8 O Novo Testamento........................................................................................................................................12 O tema central da Bíblia..................................................................................................................................15 UUUUUUUUNNNNNNNNIIIIIIIIDDDDDDDDAAAAAAAADDDDDDDDEEEEEEEE IIIIIIIIIIIIIIII A BÍBLIA COMO A PALAVRA DE DEUSA BÍBLIA COMO A PALAVRA DE DEUSA BÍBLIA COMO A PALAVRA DE DEUSA BÍBLIA COMO A PALAVRA DE DEUS A inspiração da Bíblia....................................................................................................................................17 Teorias sobre a inspiração da Bíblia...............................................................................................................24 Provas da inspiração da Bíblia........................................................................................................................25 UUUUUUUUNNNNNNNNIIIIIIIIDDDDDDDDAAAAAAAADDDDDDDDEEEEEEEE IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII OOOOOOOO CCCCCCCCÂÂÂÂÂÂÂÂNNNNNNNNOOOOOOOONNNNNNNN DDDDDDDDAAAAAAAA BBBBBBBBÍÍÍÍÍÍÍÍBBBBBBBBLLLLLLLLIIIIIIIIAAAAAAAA EEEEEEEE SSSSSSSSUUUUUUUUAAAAAAAA EEEEEEEEVVVVVVVVOOOOOOOOLLLLLLLLUUUUUUUUÇÇÇÇÇÇÇÇÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOO O Significado da palavra “CÂNON”................................................................................................................27 O Cânon do Antigo Testamento......................................................................................................................27 O Cânon do Novo Testamento........................................................................................................................28 Os livros apócrifos do NT...............................................................................................................................29 UUUUUUUUNNNNNNNNIIIIIIIIDDDDDDDDAAAAAAAADDDDDDDDEEEEEEEE IIIIIIIIVVVVVVVV AAAAAAAA PPPPPPPPRRRRRRRREEEEEEEESSSSSSSSEEEEEEEERRRRRRRRVVVVVVVVAAAAAAAAÇÇÇÇÇÇÇÇÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOO DDDDDDDDAAAAAAAA BBBBBBBBÍÍÍÍÍÍÍÍBBBBBBBBLLLLLLLLIIIIIIIIAAAAAAAA EEEEEEEE SSSSSSSSUUUUUUUUAAAAAAAASSSSSSSS TTTTTTTTRRRRRRRRAAAAAAAADDDDDDDDUUUUUUUUÇÇÇÇÇÇÇÇÕÕÕÕÕÕÕÕEEEEEEEESSSSSSSS A Septua Ginta................................................................................................................................................32 As principais traduções da Bíblia para o inglês...............................................................................................33 As principais traduções da Bíblia para o português........................................................................................34 A Bíblia no Brasil.............................................................................................................................................35 APÊNDICE APÊNDICE APÊNDICE APÊNDICE O Período Interbíblico.......................................................................................................................................35 Período Babilônico............................................................................................................................................39 Período Medo-Persa.........................................................................................................................................42 O período Greco-Macedônia............................................................................................................................43 O período Macabeu..........................................................................................................................................44

BIBLIOGRAFIABIBLIOGRAFIABIBLIOGRAFIABIBLIOGRAFIA.................................................................................................................................................46

Page 5: Bibliologia   visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES

4

UUNNIIDDAADDEE II

AA BBÍÍBBLLIIAA CCOOMMOO LLIIVVRROO ...............................................................

“Através da Bibliologia compreendemos a formação da Bíblia, sua história e como miraculosamente ela chegou

até nós” ..............................................................

IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO

A Bíblia é um livro singular, inspirado por Deus. Escribas, Sacerdotes, Reis, Profetas e Poetas,

homens das mais diversas culturas a escreveram, num período aproximado de 1.500 anos. Foram mais de 40 pessoas a escreverem as páginas da Bíblia e notadamente vê-se a mão de Deus na sua unidade. Estes textos foram copiados e recopilados de geração para geração em diversos idiomas, tais como: Hebraico, Aramaico e grego; até chegar a nós. A Bíblia em sua forma original é desprovida das divisões de capítulos e versículos. Para facilitar sua leitura e localização de "citações” a divisão da Bíblia em capítulos foi feita em 1250, pelo cardeal Hugo de Saint Cher, abade dominicano e estudioso das escrituras. Apenas mais tarde foi dividido em versículos. Em 1445 o A.T. foi dividido em versículos pelo Rabino Nathan. O N.T. foi em 1551 por Robert Stevens, um impressor de Paris. Até a invenção da gráfica por Gutenberg, a Bíblia era um livro extremamente raro e caro, pois eram todos feitos artesanalmente (manuscritos) e poucos tinham acesso às Escrituras. A Bíblia é composta de 66 livros, 1.189 capítulos, 31.173 versículos, mais de 773.000 palavras e aproximadamente 3.600.000 letras. Encontra-se traduzida em mais de 1000 línguas e dialetos, o equivalente a 50% das línguas faladas no mundo. Há uma estimativa que já foi comercializado no planeta milhões de exemplares entre a versão integral e o NT. Mais de 500 milhões de livros isolados já foram comercializados. Afirmam ainda que a cada minuto 50 Bíblias são vendidas, perfazendo um total diário de aproximadamente 72 mil exemplares! O estudo da Bibliologia auxilia grandemente a compreensão dos fatos bíblicos. Ela nos mostra, por exemplo, como a Bíblia chegou até nós. Pela Bíblia Deus fala em linguagem humana, para que o homem possa entendê-lo. Por isso ela faz alusão a tudo que é terreno e humano. Ela menciona países, rios, mares, plantas, comércio, dinheiro, produtos, costumes, raças, usos, línguas, etc. O autor da Bíblia é Deus, mas os escritores foram homens. Na linguagem figurada de diversas partes da Bíblia o próprio Deus age e é descrito como homem. É comum, por exemplo, encontrarmos na Bíblia antropopatismos (Ato de atribuir sentimentos humanos a Deus. Ex.: A ira de Deus, Deus arrependeu-se, etc.) e antropomorfismos (Ato de atribuir formas humanas a Deus. Ex: Os olhos de Deus, a mão do Senhor, etc.). A Bíblia chega a esse ponto para que o homem melhor compreenda o que Deus quer lhe dizer.

A BIBLIOLOGIA ESTUDA A BÍBLIA SOB OS SEGUINTES ASPECTOS: • Sua estrutura, considerando sua divisão, classificação dos livros, capítulos, versículos, particularidades e tema central. • A Bíblia como livro divino. • O Cânon sagrado: sua formação e transmissão até nós. • A preservação e tradução do texto bíblico. Isso aborda as línguas originais e os manuscritos bíblicos.

Page 6: Bibliologia   visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES

5

• Inclui também elementos de história geral da Bíblia, inclusive o período interbíblico, e auxílios externos no estudo da Bíblia: geografia bíblica, usos e costumes orientais, sistemas de medida, peso e moeda, história das nações antigas, estudo dos personagens e dificuldades bíblicas.

AA EESSCCRRIITTAA DDAA BBÍÍBBLLIIAA EE SSUUAA EESSTTRRUUTTUURRAA

O vocábulo “Bíblia” O vocábulo “Bíblia” vem do grego, língua original do Novo testamento. Deriva do vocábulo grego “Biblos”. Um rolo de papiro de tamanho pequeno era chamado “Biblion”, e vários destes eram uma “Bíblia”. Portanto, literalmente, a palavra Bíblia quer dizer “coleção de livros pequenos”. A escrita da Bíblia A Bíblia foi originalmente escrita em forma de rolo, sendo cada livro um rolo. Assim, vimos que os livros sagrados não estavam unidos como os temos hoje. Isso só foi possível com a invenção do papel no século II pelos chineses, bem como a invenção do prelo em 1450 pelo alemão Gutenberg. Os livros antigos tinham forma de rolo (Jr 36.2). Eram feitos de papiro ou pergaminho. Ainda hoje, devido aos ritos tradicionais, os rolos sagrados das escrituras hebraicas continuam em uso nas sinagogas judaicas.

MATERIAIS EMPREGADOS NA REDAÇÃO DA BÍBLIA Papiro O papiro é uma planta aquática que cresce junto a rios, lagos e banhados no oriente, cuja entrecasca servia para escrever. Essa planta ainda existe no Sudão, na Galiléia superior e no vale de Sharom. Seu uso na escrita vem de 3.000 a.C. A impossibilidade de recuperar muitos dos antigos manuscritos (um manuscrito é, neste sentido, uma cópia à mão das Escrituras) se deve basicamente aos materiais perecíveis empregados na escrita da Bíblia. Dentre os antigos materiais de escrita, o mais comum era o papiro, feito da planta do mesmo nome. Esse junco crescia nos rios e lagos de pouca profundidade, existentes no Egito e na Síria. Grandes carregamentos de papiros eram despachados através do porto sírio de Byblos. Supõe-se que a palavra grega para livro (biblos) tenha origem no nome desse porto. A palavra portuguesa "papel" vem da palavra grega papyros, isto é, papiro. The Cambridge History ofthe Bible (A História da Bíblia, de Cambridge) relata como se preparava o papiro para a escrita: “Retiravam-se as películas que envolvem o caule. Essas películas eram cortadas no sentido longitudinal em fitas estreitas, sendo então socadas e prensadas em várias camadas, sendo que cada camada era disposta perpendicularmente em relação à camada de baixo. Quando seca, a superfície esbranquiçada era polida com uma pedra ou outro objeto. Plínio menciona diversos tipos de papiro que foram achados, de diferentes espessuras e superfícies, produzidos antes do período do Novo Império, quando as folhas eram freqüentemente bem delgadas e translúcidas". O mais antigo fragmento de papiro de que se tem notícia é de 2400 antes de Cristo. Os mais antigos manuscritos foram escritos em papiro, e era difícil a preservação de qualquer um desses papiros, exceto em regiões secas, como as áreas desérticas do Egito, ou em cavernas semelhantes às de Qumran, onde foram achados os rolos do mar Morto. O uso do papiro era bem comum até por volta do século terceiro depois de Cristo.

Page 7: Bibliologia   visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES

6

Exemplos de papiro manuscristo Papiro ainda em forma de planta Pergaminho O pergaminho é de pele de animais geralmente cabra ou carneiro e seu uso é mais recente; vem dos primórdios da era cristã. É um material gráfico superior ao papiro. Essa palavra designa "peles preparadas de ovelhas, cabras, antílopes e outros animais". Essas peles eram "tosadas e raspadas" a fim de se obter um material mais durável para a escrita. F.F. Bruce escreve que a palavra "pergaminho” tem origem no nome da cidade de Pérgamo, na Ária Menor, pois a produção desse material para escrita esteve, numa certa época, especialmente associada ao local". Velino Era o nome dado à pele de filhotes de diversos animais. Freqüentemente o velino era atingido de púrpura. Alguns dos manuscritos que temos hoje em dia são velino cor-de-púrpura. Geralmente os caracteres escritos sobre o velino purpúreo eram prateados ou dourados. Os mais antigos rolos de peles de animais são de aproximadamente 1500 antes de Cristo. Outros Materiais para Escrita Ôstraco - Fragmento de cerâmica não-esmaltada, bastante usado entre o povo em geral. Esses fragmentos têm sido encontrados em abundância no Egito e na Palestina (Jó 2.8). Tabletes de argila Inscritos com um instrumento pontiagudo e, então, secados a fim de se ter um registro definitivo (Jeremias 17.13; Ezequiel 4.1). Eram os mais baratos e um dos mais duráveis materiais para escrita. Tabletes de cera Um estilete de metal era usado para escrever num pedaço plano de madeira recoberto com cera.

INSTRUMENTOS PARA A ESCRITA Cinzel Um instrumento de ferro para entalhar as pedras. Estilete de Metal "Usava-se o estüeto, um instumento triangular com uma cabeça plana, para fazer marcas nos tabletes de argila e de cera". Pena Era feita de "juncos (juncus maritimis), com 15 a 40 centímetros de comprimento, sendo que uma das extremidades era cortada de modo a produzir o formato de cinzel achatado, a fim de que se pudesse

Page 8: Bibliologia   visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES

7

fazer traços grossos ou finos com as beiradas largas ou estreitas. A pena de junco esteve em uso na Mesopotâmia desde o início do primeiro milênio (a.C), sendo que é bem possível que tenha sido adotada em outros lugares, enquanto que a idéia de uma pena de ave parece ter vindo dos gregos, no século três a.C. (Jeremias 8.8). A pena era usada para escrever em velino, pergaminho e papiro. A tinta geralmente era uma mistura de "carvão, cola e água".

AS FORMAS DOS LIVROS ANTIGOS Rolos Eram folhas de papiro coladas uma ao lado da outra, formando longas tiras, e, então, enroladas num bastão. O tamanho do rolo era limitado por causa da dificuldade de seu uso. Geralmente se escrevia só de um lado. Um rolo escrito dos dois lados tem o nome de "opistógrafo" (Apocalipse 5.1). Conhecem-se alguns rolos com 43 metros de comprimento, mas em geral, os rolos tinham entre seis e dez metros. Não é de surpreender que Calímaco, pessoa cuja função consistia em catalogar os livros da biblioteca de Alexandria, tenha dito que "um livro grande é um grande transtorno". Forma de códice ou livro A fim de tornar a leitura mais fácil e menos desajeitada, as folhas de papiro foram montadas em forma de livro, sendo escritas em ambos os lados. Greenlee afirma que o cristianismo foi o principal motivo para o desenvolvimento de formato do códice, ou volume manuscrito antigo. Os escritores clássicos escreveram em rolos de papiro até aproximadamente o século três depois de Cristo.

TIPOS DE ESCRITA Escrita uncial Letras maiúsculas deliberadas e cuidadosamente desenhadas, própias para livros. Os códices Vaticano e Sinaítico são manuscritos unciais. Minúscula Carolina "Uma escrita de letras menores, cursivas, criadas com vistas à produção de livros". A mudança de unciais para minúsculas teve início no século nove. Os manuscritos gregos eram escritos sem quaisquer espaços entre as palavras. (Até 900 AD. o hebraico era escrito sem vogais, quando os massoretas introduziram a vocalização.) Bruce Metzger responde o seguinte àqueles que falam da dificuldade de um texto contínuo: "Não se deve, todavia, pensar que essas ambigüidades ocorram com muita freqüência no grego. Nessa língua a regra é que, com bem poucas exceções, as palavras vernáculas só podem terminar em vogai (ou em ditongo) ou em uma dentre três consoantes: n, r e s (ni, rô e sigma) Além do mais, não se supõe que a escrita contínua apresentasse dificuldades excepcionais na hora da leitura, pois, na antigüidade, aparentemente era costume ler em voz alta, mesmo quando se estivesse sozinho. Assim, apesar da inexistência de espaço entre as palavras, ao pronunciar, sílaba por sílaba, o que estava lendo, a pessoa logo se acostumava a ler o texto em escrita contínua".

AS LÍNGUAS DA BÍBLIA O estudo das diversas línguas é interessante e de muito proveito. As línguas estão sempre se modificando e mudando com o desenvolvimento dos povos e inter relacionando as nações. Será necessário que reconheçamos isto neste estudo. Deus não inspirou a Bíblia na língua portuguesa, embora tenhamos a Bíblia inspirada em vernáculo nosso. Originalmente a Bíblia fora escrita em três línguas, a saber: hebraica, aramaica e grega. Esta era a língua do Novo testamento. Alguns comentadores dizem que provavelmente Abraão deixou de usar a velha língua semítica — A caldaica — a qual era a da sua própria terra (Gn 12.1-5), quando saiu de Ur, e adotou a língua dos cananeus, em cujo meio foi morar. A sua descendência — os hebreus — mais tarde, durante o cativeiro em Babilônia, deixou de falar a língua hebraica e adotou a caldaico-aramaica, a qual continuou a ser fala-

Page 9: Bibliologia   visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES

8

da até os tempos de Jesus Cristo. Esta língua cananéia, que Abraão usou, era, provavelmente, a mesma ou alguma forma dela, que foi conhecida mais tarde como hebraica. Parece que a língua hebraica foi chamada “a língua de Canaã” (Is 19.18). Algumas das tabuinhas de Tel-el-Amarna, descobertas em 1887 no Egito, assim chamadas pelo nome do lugar em que foram achadas, com data de 400 anos mais ou menos depois de Abraão, são escritas em boa língua cananéia ou língua hebraica. A Língua do Velho Testamento Com poucas exceções, o Velho Testamento foi escrito na língua hebraica. Esta era a língua do povo de Israel e é chamada “a língua judaica” (II Reis 18.26). Esta língua continuou a ser falada e escrita pelos hebreus até o cativeiro, quando adotaram a aramaica ou siríaca, a qual é um dialeto da hebraica. Devido a esta mudança de língua, os versados na língua hebraica podem descobrir três períodos em que se divide a história do desenvolvimento dela. Cada período é distinguido pelo seu estilo e idioma.O período em que foi escrito o Pentateuco, é o da língua hebraica falada no tempo de Moisés. O período em que a língua alcançou o ponto do seu maior desenvolvimento em pureza e refinamento. Neste foram escritos os livros de Juízes, Samuel, Reis, Crônicas, Salmos dê Davi, Provérbios e os demais livros de Salomão e as profecias de Isaías, Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum e Habacuque. O período em que foram escritos os demais livros de profecias, assim como os de Ester, Esdras e Neemias. Durante esta época, palavras, frases e idiotismos de línguas estrangeiras tinham sido incorporados à hebraica da segunda época, em conseqüência da comunicação dos judeus com as nações vizinhas. As passagens do Velho Testamento que não são escritas em hebraico são as seguintes: Esdras 4.8 a 6.18 e 7.12-26, Jeremias 10.11 e Daniel 2.4 a 7.28. Estas são escritas no dialeto caldaico. Este fenômeno se explica pela residência de Daniel e Esdras na Babilônia e as suas relações com os governadores desses países. A Língua do Novo Testamento Os livros do Novo Testamento foram escritos originalmente na língua grega, conhecida como helênica, porque os gregos eram chamados helenos ou o povo de Helas. Depois da grande conquista de Alexandre Magno, rei da Macedônia, filho de Filipe e de Olímpia, a língua grega, numa forma helênica, espalhou-se em toda parte do Egito e do Oriente, e tornou-se a língua vernácula dos hebreus que residiam nas colônias de Alexandria e outras partes. A Bíblia contém 66 livros e divide-se em duas partes principais: o Antigo Testamento e o Novo Testamento. O Antigo Testamento tem 39 livros e o Novo Testamento 27. Os 66 livros foram escritos num período de aproximadamente 1.500 anos por mais de 40 gerações. Os escritores pertenceram às mais variadas profissões e atividades, viveram e escreveram em continentes, regiões e países distantes uns dos outros e em épocas diversas. Mesmo assim, seus escritos formam uma harmonia perfeita. Foi escrito por mais de 40 escritores, envolvidos nas mais diferentes atividades, inclusive reis, camponeses, filósofos, pescadores, poetas, estadistas, estudiosos, etc.

OO AANNTTIIGGOO TTEESSTTAAMMEENNTTOO Com 39 livros, foi originalmente escrito em hebraico, com algumas pequenas partes em aramaico. O aramaico foi a língua que Israel trouxe do cativeiro babilônico. Era a língua que se falava em toda a Mesopotâmia, e foi durante muitos anos a língua internacional do comércio. Era também conhecida com siríaco e caldaico e tinha praticamente a mesma estrutura do hebraico. Há também na Bíblia, algumas palavras persas. Podemos dividir os livros do A.T. em, Livros da lei ou Pentateuco são cinco: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio. Tratam do início de todas as coisas, da lei e do estabelecimento da nação de Israel. Livros Históricos São doze: Josué, Juízes, Rute, I e II Samuel, I e II Reis, I e II Crônicas, Esdras, Neemias, Ester.

Page 10: Bibliologia   visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES

9

Trata da história de Israel em seus vários períodos. Teocracia, sob os juízes. Monarquia, Sob Saul, Davi e Salomão. Divisão do reino depois da morte de Salomão, cativeiro e período pós-exílio. Livros Poéticos São cinco: Jó, Salmos, provérbios, Eclesiastes, cantares de Salomão. São chamados poéticos devido à sua construção literária. Livros Proféticos São dezessete: Profetas maiores (cinco): Isaías, Jeremias, Lamentações de Jeremias, Ezequiel, Daniel. Profetas menores (doze): Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias.

LIVROS DO ANTIGO TESTAMENTO Lei (Pentateuco) – 5 livros Poesia – 5 livros

1. Gênesis 2. Êxodo 3. Levítico 4. Números 5. Deuteronômio

2. Salmos 3. Provérbios 4. Eclesiastes 5. O Cântico dos Cânticos

Historia – 12 livros Profetas – 17 livros 1. Josué 2. Juízes 3. Rute 4. 1Samuel 5. 2Samuel 6. 1Reis 7. 2Reis 8. 1Crônicas 9. 2Crônicas 10. Esdras 11. Neemias 12. Ester

A. Maiores 1. Isaías 2. Jeremias 3. Lamentações 4. Ezequiel 5. Daniel

B. Menores 1. Oséias 2. Joel 3. Amós 4. Obadias 5. Jonas 6. Miquéias 7. Naum 8. Habacuque 9. Sofonias 10. Ageu 11. Zacarias 12. Malaquias

A classificação dos livros do A.T. como conhecemos, por assunto, não levando em conta a ordem cronológica dos livros, vem da Septuaginta. Calcula-se, por exemplo, que Jó seja o mais antigo dos livros da Bíblia. Na Bíblia em hebraico (chamada Tanach) a divisão dos livros é bem diferente: Leis, escritos e profetas. Abaixo encontramos a divisão dos livros do Antigo Testamento na Tanach. Lei (Em hebraico Torah), que compreende os cinco primeiros livros da Bíblia: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio. Profetas (Em hebraico Nebiim), agrupados em: Profetas anteriores: Josué, Juízes, 1 e II Samuel, I e II Reis; Profetas posteriores: Isaías, Jeremias, Ezequiel, Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias Escritos (Em hebraico Ketubim): Jó, Salmos, Provérbios, Rute, Cântico dos Cânticos, Eclesiastes, Lamentações, Ester, Daniel, Esdras, Neemias, I e II Crônicas. O título referido, Lei, Profetas e Escritos, aparece reduzido em ocasiões como a Lei e os Profetas ( Mt 5.17) ou, de modo mais singelo, a Lei ( Jo 10.34).

Page 11: Bibliologia   visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES

10

RESUMO DE CONTEÚDO DOS LIVROS DO ANTIGO TESTAMENTO

A lei (Pentateuco) – 5 livros Poesia – 5 livros

1. Gênesis- Este livro, que mostra como era "no princípio", faz uma narrativa da criação, da relação de Deus com o homem e da promessa de Deus a Abraão e seus descendentes.

2. Êxodo O nome Êxodo significa "saída". Este livro conta como Deus livrou os israelitas de uma vida de penúrias e escravidão no Egito. Deus fez um pacto com eles e lhes deu leis para ordenar e governar sua vida.

3. Levítico- O nome do livro se deriva do nome de uma das doze tribos de Israel. O livro registra todas as leis e regulamentos a respeito de rituais e cerimônias.

4. Números- Os israelitas vagaram pelo deserto durante quarenta anos, antes de entrar em Canaã, "a terra prometida". O nome do livro se deriva dos censos promovidos durante esse tempo no deserto.

5. Deuteronômio Moisés pronunciou três discursos de despedida pouco antes de morrer. Neles recapitulou, com o povo, todas as leis de Deus para os israelitas. O nome do livro expressa essa "recapitulação" ou "segunda lei".

1. Jó- A pergunta "Por que sofrem os inocentes?" é tratada nesta história bíblica.

2. Salmos- Estas 150 orações foram usadas pelos hebreus para expressar sua relação com Deus. Abrangem todo o campo das emoções humanas, desde a alegria até o ódio, da esperança ao desespero.

3. Provérbios- Este é um livro de máximas de sabedoria, de ensinamentos éticos e de senso comum acerca de como viver uma vida reta.

4. Eclesiastes- Na sua busca por felicidade e pelo sentido da vida, este escritor, conhecido como "filósofo" ou "pregador", faz perguntas que continuam presentes na sociedade contemporânea.

5. O Cântico dos Cânticos- Este poema descreve o gozo e o êxtase do amor. Simbolicamente tem sido aplicado ao amor de Deus por Israel e ao amor de Cristo pela Igreja.

Historia – 12 livros Profetas – 17 livros

1. Josué Josué foi o líder dos exércitos israelitas em suas vitórias sobre seus inimigos, os cananeus. O livro termina descrevendo a divisão da terra entre as doze tribos de Israel.

2. Juízes Os israelitas constantemente desobedeciam a

A. Maiores

1. Isaías- O profeta Isaías trouxe a mensagem do juízo de Deus às nações, anunciou um rei futuro, à semelhança de Davi, e prometeu uma era de paz e

B. Menores

1. Oséias- Oséias se vale de sua experiência conjugal, em que ele era dedicado à sua esposa, mesmo sabendo que ela lhe era infiel, para ilustrar o adultério que Israel tinha cometido contra Deus e para mostrar como o fiel amor de Deus pelo seu povo nunca muda.

Page 12: Bibliologia   visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES

11

Deus e caíam nas mãos de países opressores. Deus constituiu juízes para livrá-los da opressão.

3. Rute- O amor e a dedicação de Rute à sua sogra, Noemi, são o tema deste livro.

4. I Samuel- Samuel foi o líder de Israel no período compreendido entre os Juízes e Saul, o primeiro rei. Quando a liderança de Saul falhou, Samuel ungiu a Davi como rei.

5. IISamuel- Sob o reinado de Davi, a nação se unificou e se fortaleceu. No entanto, depois dos pecados de Davi, adultério e assassinato, tanto a nação como a família do rei sofreram muito.

6.-I Reis Este livro inicia com o reinado de Salomão em Israel. Depois de sua morte, o reino se dividiu em conseqüência da guerra civil entre o Norte e o Sul, resultando no surgimento de duas nações: Israel no Norte e Judá no Sul.

7.- II Reis Israel foi conquistada pela Assíria em 721 a.C. Judá, pela Babilônia, em 586 a.C. Estes acontecimentos foram considerados como um castigo ao povo pela desobediência às leis de Deus.

8. I Crônicas- Este livro inicia com as genealogias de Adão até Davi e, em seguida, conta os acontecimentos do reinado de Davi.

9. II Crônicas- : Este livro

tranqüilidade.

2. Jeremias-: Muito antes da destruição de Judá pela Babilônia, Jeremias predisse o justo juízo de Deus. Embora sua mensagem seja majoritariamente de destruição, Jeremias também falou do novo pacto com Deus

3. Lamentações- Tal qual Jeremias havia predito, Jerusalém caiu cativa da Babilônia. Este livro registra cinco "lamentos" pela cidade caída.

4. Ezequiel- A mensagem de Ezequiel foi dada aos judeus cativos na Babilônia. Ezequiel usou histórias e parábolas para falar do juízo, da esperança e da restauração de Israel.

5. Daniel-Daniel se manteve fiel a Deus, mesmo enfrentando muitas pressões quando cativo na Babilônia. Este livro inclui as visões proféticas de Daniel.

2. Joel- Depois de uma praga de gafanhotos, Joel admoesta o povo para que se arrependa.

3. Amós- Durante um tempo de prosperidade, este profeta de Judá pregou aos ricos líderes de Israel sobre o juízo de Deus; insistia em que pensassem nos pobres e oprimidos, antes de pensarem em sua própria satisfação.

4. Obadias- Obadias profetizou o juízo sobre Edom, um país vizinho de Israel.

5. Jonas- : Jonas não queria pregar para a gente de Nínive, que era inimiga de seu próprio país. Quando, finalmente, levou a mensagem enviada por Deus, seus habitantes se arrependeram.

6. Miquéias A mensagem de Miquéias para Judá era de juízo, em vez de perdão, esperança e restauração. Especialmente notável é um versículo em que resume o que Deus requer de nós (6.8).

7. Naum-Naum anunciou que Deus destruiria o povo de Nínive por sua crueldade na guerra.

8.Habacuque-Este livro apresenta um diálogo entre Deus e Habacuque sobre a justiça e o sofrimento.

9. Sofonias- Este profeta anunciou o Dia do Senhor, que traria juízo a Judá e às nações vizinhas. Esse dia, que haveria de vir, seria de destruição para muitos, mas um pequeno remanescente, sempre fiel a Deus, sobreviveria para abençoar o mundo inteiro.

Page 13: Bibliologia   visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES

12

abrange o mesmo período que II Reis, mas com ênfase em Judá, o reino do Sul, e seus governantes.

10. Esdras- Depois de estar cativo na Babilônia por algumas décadas, o povo de Deus retornou a Jerusalém. Um de seus líderes era Esdras. Este livro contém a admoestação que Esdras fez ao povo para que este seguisse e honrasse a lei de Deus.

11. Neemias- Depois do templo, também foi reconstruída a muralha de Jerusalém. Neemias foi quem dirigiu esse empreendimento. Ele também colaborou com Esdras para restaurar o fervor religioso do povo.

12. Ester- Este livro relata a história de uma rainha judia da Pérsia, que denunciou um complô que visava destruir seus compatriotas. Com isso ela evitou que todos fossem aniquilados.

10. Ageu- Depois que o povo voltou do exílio, Ageu o admoestou para que dessem prioridade a Deus e reconstruíssem em primeiro lugar o templo, mesmo antes de reconstruírem suas casas.

11. Zacarias- Como Ageu, Zacarias instou o povo a reconstruir o templo, assegurando-lhes a ajuda e bênçãos de Deus. Suas visões apontavam para um futuro brilhante.

12. Malaquias-Após o retorno do exílio, o povo voltou a descuidar de sua vida religiosa. Malaquias passou a inspirá-los novamente, falando-lhes do "Dia do Senhor".

OO NNOOVVOO TTEESSTTAAMMEENNTTOO Tem 27 livros. Foi escrito em grego, mas não no grego clássico. Foi escrito em grego Koiné, (pronuncia-se Koinê) o grego coloquial falado pelo povo. Seus 27 livros estão classificados em:

Biográficos São os quatro evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas e João. Os primeiros três também são conhecidos como sinópticos, devido ao seu paralelismo. Histórico É o livro de Atos dos apóstolos. Registra a história da igreja primitiva, sua vida e a propagação do evangelho. Epístolas São 21 as epístolas ou cartas. Contém a doutrina da igreja. * Nove, são dirigidas às igrejas: Romanos, I e II Coríntios, Gálatas. Efésios, Filipenses, Colossenses, I e II Tessalonicenses. * Quatro, são dirigidas a indivíduos: I e II Timóteo, Tito, Filemom. * Uma é dirigida aos hebreus cristãos: Hebreus. * Sete, são dirigidas a cristãos indistintamente: Tiago, I e II Pedro, I, II e III João e Judas. * As últimas sete também são chamadas universais, católicas ou gerais.

Page 14: Bibliologia   visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES

13

Profético É o livro de Apocalipse. Os livros do N.T. também não estão em ordem cronológica de escrita.

RESUMO DE CONTEÚDO DOS LIVROS DO NOVO TESTAMENTO

Evangelhos História

1. Mateus - Este Evangelho cita muitos textos do Velho Testamento. Ele se destinava primordialmente ao público judeu, para o qual apresentava Jesus como o Messias prometido nas Escrituras do Velho Testamento. Mateus narra a história de Jesus desde seu nascimento até sua ressurreição e põe ênfase especial nos ensinamentos do Mestre.

2. Marcos- Marcos escreveu um Evangelho curto, conciso e cheio de ação. Seu objetivo era aprofundar a fé e a dedicação da comunidade para a qual ele escrevia.

3. Lucas- Neste Evangelho é enfatizado como a salvação em Jesus está ao alcance de todos. O evangelista mostra como Jesus estava em contato com as pessoas pobres, com os necessitados e com os que são desprezados pela sociedade.

4. João - O Evangelho de João, pela sua forma, se coloca à parte dos outros três. João organiza sua mensagem enfocando sete sinais que apontam para Jesus como Filho de Deus. Seu estilo literário é reflexivo e cheio de imagens e figuras.

1. Atos dos Apóstolos

Quando Jesus deixou os seus discípulos, o Espírito Santo veio habitar com eles. Este livro foi escrito por Lucas para ser um complemento ao seu Evangelho. Ele relata eventos da história e da ação da igreja cristã primitiva, mostrando como a fé se propagou no mundo mediterrâneo de então.

Epístolas

1. Romanos- Nesta importante carta, Paulo escreve aos romanos sobre a vida no Espírito, que é dada pela fé aos que crêem em Cristo. O apóstolo reafirma a grande bondade de Deus e declara que, através de Jesus Cristo, Deus nos aceita e nos liberta de nossos pecados.

2. 1Coríntios- Esta carta trata especificamente dos problemas que a igreja de Corinto estava enfrentando: dissensão, imoralidade, problemas quanto à forma da adoração pública e confusão sobre os dons do Espírito.

12. Tito- Tito era ministro em Creta. Nesta carta o apóstolo Paulo o orienta sobre como ajudar os novos cristãos.

13. Filemom Filemom é instado a perdoar seu escravo, Onésimo, que havia fugido. Filemom deveria aceitá-lo de volta como a um amigo em Cristo.

14. Hebreus Esta carta exorta os novos cristãos a não observarem mais rituais e cerimônias tradicionais, pois, em Cristo, eles já foram cumpridos.

Page 15: Bibliologia   visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES

14

3. 2Coríntios- Nesta carta o apóstolo Paulo escreve sobre seu relacionamento com a igreja de Corinto e as dificuldades que alguns falsos profetas haviam trazido ao seu ministério.

4. Gálatas-Esta carta expõe a liberdade da pessoa que crê em Cristo com respeito à lei. Paulo declara que é somente pela fé que as pessoas são reconciliadas com Deus.

5. Efésios- O tema central desta carta é o propósito eterno de Deus: Jesus Cristo é a cabeça da Igreja, que é formada a partir de muitas nações e raças.

6. Filipenses- A ênfase desta carta está no gozo que o crente em Cristo encontra em todas as circunstâncias da vida. O apóstolo Paulo a escreveu quando estava encarcerado.

7. Colossenses- Nesta carta o apóstolo Paulo diz aos cristãos de Colossos que abandonem suas superstições e que Cristo seja o centro de sua vida.

8. 1Tessalonicenses- O apóstolo Paulo dá orientações aos cristãos de Tessalônica a respeito da volta de Jesus ao mundo.

9. 2Tessalonicenses- Como em sua primeira carta, o apóstolo Paulo fala do retorno de Jesus ao mundo. Também trata de preparar os cristãos para a vinda do Senhor.

10. 1Timóteo- Esta carta serve de orientação a Timóteo, um jovem líder da igreja primitiva. O apóstolo Paulo lhe dá conselhos sobre a adoração, o ministério e os relacionamentos dentro da igreja.

11. 2Timóteo- Esta é a última carta escrita pelo apóstolo Paulo. Nela lança um último desafio a seus companheiros de trabalho.

15. Tiago Tiago aconselha os cristãos a viverem na prática sua fé e, além disso, oferece idéias sobre como isso pode ser feito.

16. 1Pedro- Esta carta foi escrita para confortar os cristãos da igreja primitiva que estavam sendo perseguidos por causa de sua fé.

17. 2Pedro- Nesta carta o apóstolo Pedro adverte os cristãos sobre os falsos mestres e os estimula a continuarem leais a Deus.

18. 1João- Esta carta explica verdades básicas sobre a vida cristã com ênfase no mandamento de amarem uns aos outros.

19. 2João- Esta carta, dirigida à "senhora eleita e aos seus filhos", adverte os cristãos quanto aos falsos profetas.

20. 3João- Em contraste com sua Segunda Carta, esta fala da necessidade de receber os que pregam a Cristo.

21. Judas- Judas adverte seus leitores sobre a má influência de pessoas alheias à irmandade dos cristãos.

Profecia

1. Apocalipse - Este livro foi escrito para encorajar os cristãos que estavam sendo perseguidos e para firmá-los na confiança de que Deus cuidará deles. Usando símbolos e visões, o escritor ilustra o triunfo do bem

Page 16: Bibliologia   visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES

15

Quadro demonstrativo dos livros do novo testamento LIVROS DO NOVO TESTAMENTO

Evangelhos História 1. Mateus 2. Marcos 3. Lucas 4. João

Atos dos Apóstolos

Epístolas 1. Romanos 2. 1Coríntios 3. 2Coríntios 4. Gálatas 5. Efésios 6. Filipenses 7. Colossenses 8. 1Tessalonicenses 9. 2Tessalonicenses 10. 1Timóteo 11. 2Timóteo

12. Tito 13. Filemom 14. Hebreus 15. Tiago 16. 1Pedro 17. 2Pedro 18. 1João 19. 2João 20. 3João 21. Judas

Profecia 1. Apocalipse

OO TTEEMMAA CCEENNTTRRAALL DDAA BBÍÍBBLLIIAA A Bíblia é Cristocêntrica, seu tema central é Jesus. Se olharmos de perto a tipologia bíblica, através de símbolos, figuras e profecias, veremos que ele ocupa o lugar central nas escrituras: Em Gênesis, Jesus é o Descendente da mulher (Gn 3.15). Em Êxodo, é o Cordeiro Pascal. Em Levítico, é o Sacrifício Expiatório. Em Números é a Rocha Ferida. Em Deuteronômio, é o Profeta. Em Josué, é o Capitão dos Exércitos do Senhor. Em Juízes é o Libertador. Em Rute, é o Parente Divino. Em Reis e Crônicas, é o Rei Prometido. Em Ester, é o Advogado. Em Jó, é o nosso Redentor. Em Salmos, é o nosso socorro e alegria. Em Provérbios, é a sabedoria de Deus. Em Eclesiastes, é o alvo verdadeiro. Nos profetas, é o Messias Prometido. Nos Evangelhos, é o Salvador do Mundo. Em Atos, é o Cristo Ressurgido. Nas Epístolas, é o Cabeça da igreja.

sobre o mal e a criação de uma nova terra e um novo céu.

Page 17: Bibliologia   visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES

16

No Apocalipse, é o Alfa e o Ômega, o Cristo que volta para reinar.

Fatos e particularidades sobre a bíblia A Bíblia é única, é um livro “diferente de todos os demais” e única em sua coerência. Ela é um livro: Escrito durante um período de mais de 1.500 anos; Escrito durante mais de 40 gerações; Escrito por mais de 40 autores, envolvidos nas mais diferentes atividades, inclusive reis, camponeses, filósofos, pescadores, poetas, estadistas, estudiosos, etc. * Moisés, um líder político, que estudou nas universidades do Egito; * Pedro, um pescador; * Amós, um boiadeiro; * Josué, um general; * Neemias, um copeiro; * Daniel, um primeiro-ministro; * Lucas, um médico; * Salomão, um rei; * Mateus, um coletor de impostos; * Paulo, um rabino. Escrito em diferentes lugares * Moisés, no deserto; * Jeremias, numa masmorra; * Daniel, numa colina e num palácio; * Paulo, dentro de uma prisão; * Lucas, enquanto viajava; * João, na ilha de patmos; * Outros, nos rigores de uma campanha militar.

Escrito em diferentes condições * Davi, em tempos de guerra; * Salomão, em tempos de paz. Escrito sob diferentes circunstâncias *Alguns escreveram enquanto experimentavam o auge da alegria, enquanto outros escreveram numa profunda tristeza e desprezo. Escrito em três continentes *Ásia; *África; *Europa. Escrito em três idiomas Hebraico a língua do Antigo Testamento. Em II Reis 18.26-28 essa língua é chamada de “judaica”. Em Isaias 19.18, de “língua de Canaã”. Aramaico a “língua franca” do Oriente Próximo até a época de “Alexandre o Grande” (século VI a.C. – século IV a.C.). Grego a língua do Novo Testamento. Foi o idioma de uso internacional na época de Cristo.

Page 18: Bibliologia   visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES

17

UUNNIIDDAADDEE IIII AA BBÍÍBBLLIIAA CCOOMMOO AA PPAALLAAVVRRAA DDEE DDEEUUSS

............................................................... “Através da Bibliologia compreendemos a formação da Bíblia, sua história e como miraculosamente ela chegou

até nós” ..............................................................

AA IINNSSPPIIRRAAÇÇÃÃOO DDAA BBÍÍBBLLIIAA

Que a Bíblia é a palavra de Deus não resta nenhuma dúvida para nós Cristãos. Quem tem o Espírito

de Deus deposita toda a confiança nela. Mas, mesmo assim apresentamos algumas provas de que a Bíblia é a palavra de Deus, não “para” crermos, mas “porque” cremos. Nossa era é marcada pelo ceticismo, materialismo, racionalismo e outras crenças errôneas procuram extinguir o conhecimento de Deus. Por isso, apresentamos agora algumas provas da origem divina da Bíblia. Antes, porém, veremos as falsas teorias sobre a inspiração da Bíblia. A característica mais importante da Bíblia não é sua estrutura e sua forma, mas o fato de ter sido inspirada por Deus. Não se deve interpretar de modo errôneo a declaração da própria Bíblia a favor dessa inspiração. Quando falamos de inspiração, não se trata de inspiração poética, mas de autoridade divina. A Bíblia é singular; ela foi literalmente "soprada por Deus". A seguir examinaremos o que significa isso. Uma Definição de Inspiração Embora a palavra inspiração seja usada apenas uma vez no Novo Testamento (II Tm 3.16) e outra no Antigo (Jó 32.8), o processo pelo qual Deus transmite sua mensagem autorizada ao homem é apresentado de muitas maneiras. Um exame das duas grandes passagens a respeito da inspiração encontradas no Novo Testamento, poderá ajudar-nos a entender o que significa a inspiração bíblica.

Descrição Bíblica de Inspiração Assim escreveu Paulo a Timóteo: "Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça" (II Tm 3.16). Em outras palavras, o texto sagrado do Antigo Testamento foi "soprado por Deus" (gr., theopneustos) e, por isso, dotado da autoridade divina para o pensamento e para a vida do crente. A passagem correlata de 1Coríntios 2.13 realça a mesma verdade. Disto também falamos", escreveu Paulo, "não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais." Quaisquer palavras ensinadas pelo Espírito Santo são palavras divinamente inspiradas. A segunda grande passagem do Novo Testamento a respeito da inspiração da Bíblia está em II Pedro 1.21. "Pois a profecia nunca foi produzida por vontade dos homens, mas os homens santos da parte de Deus falaram movidos pelo Espírito Santo." Em outras palavras, os profetas eram homens cujas mensagens não se originaram de seus próprios impulsos, mas foram "sopradas pelo Espírito". Pela revelação, Deus falou aos profetas de muitas maneiras (Hb 1.1): mediante anjos, visões, sonhos, vozes e milagres. Inspiração é a forma pela qual Deus falou aos homens mediante os profetas. Mais um sinal de que as palavras dos profetas não partiam deles próprios, mas de Deus é o fato de eles sondarem seus

Page 19: Bibliologia   visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES

18

próprios escritos a fim de verificar "qual o tempo ou qual a ocasião que o Espírito de Cristo, que estava neles, indicava, ao dar de antemão testemunho sobre os sofrimentos que a Cristo haviam de vir, e sobre as glorias que os seguiriam" (I Pe 1.11). Fazendo uma combinação das passagens que ensinam sobre a inspiração divina, descobrimos que a Bíblia é inspirada no seguinte sentido: homens movidos pelo Espírito, escreveram palavras sopradas por Deus, as quais são a fonte de autoridade para a fé e para a prática cristã. Vamos a seguir analisar com mais cuidado esses três elementos da inspiração. Definição Teológica da Inspiração Na única vez em que o Novo Testamento usa a palavra inspiração, ela se aplica aos escritos, não aos escritores. A Bíblia é que é inspirada, e não seus autores humanos. O adequado, então, é dizer que: o produto e inspirado os produtores não. Os autores indubitavelmente escreveram e Falaram sobre muitas coisas, como, por exemplo, quando se referiram a assuntos mundanos, pertinentes a esta vida, os quais não foram divinamente inspirados. Todavia, visto que o Espírito Santo, conforme ensina Pedro tomou posse dos homens que produziram os escritos inspirados, podemos, por extensão, referir-nos à inspiração em sentido mais amplo. Tal sentido mais amplo inclui o processo total por que alguns homens, movidos pelo Espírito Santo, enunciaram e escreveram palavras emanadas boca do Senhor; e, por isso mesmo, palavras dotadas da autoridade divina. É um processo total de inspiração que contém os três elementos essenciais: a causalidade divina, a mediação profética e a autoridade escrita.

Causalidade Divina. Deus é a Fonte Primordial da inspiração da Bíblia. O elemento divino estimulou o elemento humano. Primeiro Deus falou aos profetas e, em seguida, aos homens, mediante esses profetas. Deus revelou-lhes certas verdades da fé, e esses homens de Deus as registraram. O primeiro fator fundamental da doutrina da inspiração bíblica, e o mais importante, é que Deus é a fonte principal e a causa primeira da verdade bíblica. No entanto, não é esse o único fator.

Mediação Profética. Os profetas que escreveram as Escrituras não eram autômatos. Eram algo mais que meros secretários preparados para anotar o que se lhes ditava. Escreveram segundo a intenção total do coração, segundo a consciência que os movia no exercício normal de sua tarefa, com seus estilos literários e seus vocabulários individuais. As personalidades dos profetas não foram violentadas por uma intrusão sobrenatural. A Bíblia que eles produziram é a Palavra de Deus, mas também é a palavra do homem. Deus usou personalidades humanas para comunicar proposições divinas. Os profetas foram a causa imediata dos textos escritos, mas Deus foi a causa principal.

Autoridade Escrita. O produto final da autoridade divina em operação por meio dos profetas, como intermediários de Deus, é a autoridade escrita de que se reveste a Bíblia. A Escritura "é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça". A Bíblia é a última palavra no que concerne a assuntos doutrinários e éticos. Todas as controvérsias teológicas e morais devem ser trazidas ao tribunal da Palavra escrita de Deus. As Escrituras receberam sua autoridade do próprio Deus, que falou mediante os profetas. No entanto, são os escritos proféticos e não os escritores desses textos sagrados que possuem e retêm a resultante autoridade divina. Todos os profetas morreram; os escritos proféticos prosseguem. Em suma, a definição adequada de inspiração precisa ter três fatores fundamentais: Deus, o Causador original, os homens de Deus, que serviram de instrumentos, e a autoridade escrita, ou Sagradas Escrituras, que são o produto final.

A Inspiração em contraste com a Revelação e a Iluminação Há dois conceitos inter-relacionados que nos ajudam a esclarecer, pela contraposição, o que significa inspiração. São eles a revelação e a iluminação. Revelação diz respeito à exposição da verdade. Iluminação, à devida compreensão dessa verdade descoberta. No entanto, a inspiração não consiste nem em uma, nem em outra. A revelação prende-se à origem da verdade e à sua transmissão; a inspiração relaciona-se com a recepção e o registro da verdade. A iluminação ocupa-se da posterior

Page 20: Bibliologia   visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES

19

apreensão e compreensão da verdade revelada. A inspiração que traz a revelação escrita aos homens não traz em si mesma garantia alguma de que os homens a entendam. É necessário que haja iluminação do coração e da mente. A revelação é uma abertura objetiva; a iluminação é a compreensão subjetiva da revelação; a inspiração é o meio pelo qual a revelação se tornou uma exposição aberta e objetiva. A revelação é o fato da comunicação divina; a inspiração é o meio; a iluminação, o dom de compreender essa comunicação.

Inspiração dos Originais, não das Cópias A inspiração e a conseqüente autoridade da Bíblia não se estendem automaticamente a todas as cópias e traduções da Bíblia. Só os manuscritos originais, conhecidos por autógrafos, foram inspirados por Deus. Os erros e as mudanças efetuados nas cópias e nas traduções não podem ser atribuídos à inspiração original. Por exemplo, II Reis 8.26 diz que Azarias tinha 22 anos de idade quando foi coroado rei, enquanto II Crônicas 22.2 diz que tinha 42 anos. Não é possível que ambas as informações estejam corretas. O original é autorizado; a cópia errônea não tem autoridade. Outros exemplos desse tipo de erro podem encontrar-se nas atuais cópias das Escrituras (I Rs 4.26 e II Cr 9.25). Portanto, uma tradução ou cópia só é autorizada à medida que reproduz com exatidão os autógrafos. Veremos posteriormente até que ponto as cópias da Bíblia são exatas (cap. 15), segundo a ciência da crítica textual. Por ora basta-nos observar que o grandioso conteúdo doutrinário e histórico da Bíblia tem sido transmitido de geração a geração, ao longo da história, sem mudanças nem perdas substanciais. As cópias e as traduções da Bíblia, encontradas no século xx, não detêm a inspiração original, mas contêm uma inspiração derivada, uma vez que são cópias fiéis dos autógrafos. De uma perspectiva técnica, só os autógrafos são inspirados; todavia, para fins práticos, a Bíblia nas línguas de nossa época, por ser transmissão exata dos originais, é a Palavra de Deus inspirada. Visto que os originais não mais existem, alguns críticos têm objetado à inerrância de autógrafos que não podem ser examinados e nunca foram vistos. Eles perguntam como é possível afirmar que os originais não continham erro, se não podem ser examinados. A resposta é que a inerrância bíblica não é um fato conhecido empiricamente, mas uma crença baseada no ensino da Bíblia a respeito de sua inspiração, bem como baseada na natureza altamente precisa da grande maioria das Escrituras transmitidas e na ausência de qualquer prova em contrário. Afirma a Bíblia ser a declaração de um Deus que não pode cometer erro. É verdade que nunca se descobriram os originais infalíveis da Bíblia, mas tampouco se descobriu um único autógrafo original falível. Temos, pois, manuscritos que foram copiados com toda precisão e traduzidos para muitas línguas, dentre as quais o português. Portanto, para todos os efeitos de doutrina e de dever, a Bíblia como a temos hoje é representação suficiente da Palavra de Deus, cheia de autoridade.

A Natureza da Inspiração O primeiro grande elo da cadeia comunicativa "de Deus para nós" chama-se inspiração. Há diversas teorias a respeito da inspiração. Algumas delas não se coadunam com o ensino bíblico sobre o assunto. Nosso propósito, portanto, neste capítulo, tem dois aspectos: primeiro, examinar as teorias a respeito da inspiração e, segundo, apurar com a máxima precisão o que está implícito no ensino da Bíblia a respeito de sua própria inspiração. Ortodoxia: a Bíblia É a Palavra de Deus Por cerca de 18 séculos de história da igreja, prevaleceu a opinião ortodoxa da inspiração divina. Os pais da igreja, em geral, com raras manifestações menos importantes em contrário, ensinaram firmemente que a Bíblia é a Palavra de Deus escrita. Teólogos ortodoxos ao longo dos séculos vêm ensinando, todos de comum acordo, que a Bíblia foi inspirada verbalmente, i.e., é o registro escrito por inspiração de Deus. No entanto, tem havido tentativas de procurar explicação para o fato de o registro escrito ser a Palavra de Deus ao mesmo tempo que o Livro obviamente foi composto por autores

Page 21: Bibliologia   visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES

20

humanos, dotados de estilos pessoais diferentes uns dos outros; essas tentativas conduziram os estudiosos ortodoxos a duas opiniões divergentes. Alguns abraçaram a idéia do "ditado verbal", afirmando que os autores humanos da Bíblia registraram apenas o que Deus lhes havia ditado, palavra por palavra. De outro lado, estão os estudiosos que preferiam a teoria do "conceito inspirado", segundo a qual Deus só concedeu aos autores pensamentos inspirados, e os autores tiveram liberdade de revesti-los com palavras próprias. Ditado verbal. Na obra de John R. Rice, Our God-breathed book — the Bible [Nosso livro soprado por Deus — a Bíblia], encontramos uma apresentação clara e bem ordenada do ditado verbal. O autor descarta a idéia de que o ditado verbal seja mecânico, sustentando que Deus ditou sua Palavra mediante a personalidade do autor humano. É que Deus, por sua atuação especial e providência, foi quem formou as personalidades sobre as quais posteriormente o Espírito Santo haveria de soprar seu ditado palavra por palavra. Assim, argumenta Rice, Deus havia preparado de antemão os estilos particulares que ele próprio desejava, a fim de produzir as palavras exatas, ao usar estilos e vocabulários predeterminados, encontráveis nos diferentes autores humanos. O resultado final, então, foi um ditado palavra por palavra da parte de Deus, as Escrituras Sagradas. Conceitos inspirados. Em sua Systematic theology [Teologia sistemática], A. H. Strong apresenta uma visão que vem sendo denominada inspiração conceitual.1 Deus teria inspirado apenas os conceitos, não as expressões literárias particulares com que cada autor concebeu seus textos. Deus teria dado seus pensamentos aos profetas, que tiveram toda a liberdade de exprimi-los em seus termos humanos. Dessa maneira, Strong esperava evitar quaisquer implicações mecanicistas derivadas do ditado verbal e ainda preservar a origem divina das Escrituras. Deus concedeu a inspiração conceitual, e os homens de Deus forneceram a expressão verbal característica de seus estilos próprios. Modernismo: a Bíblia CONTÊM a Palavra de Deus Ao surgir o idealismo germânico e a crítica da Bíblia (v. cap. 14), surgiu também uma nova visão evoluída da inspiração bíblica, a par do modernismo ou liberalismo teológico. Opondo-se à opinião ortodoxa tradicional de que a Bíblia é a Palavra de Deus, os modernistas ensinam que a Bíblia meramente contém a Palavra de Deus. Certas partes dela são divinas, expressam a verdade, mas outras são obviamente humanas e apresentam erros. Tais autores acham que a Bíblia foi vítima de sua época, exatamente como acontece a quaisquer outros livros. Afirmam que ela teria incorporado muito das lendas, dos mitos e das falsas crenças relacionadas à ciência. Sustentam então que, pelo fato de esses elementos não terem sido inspirados por Deus, devem ser rejeitados pelos homens iluminados de hoje; tais erros seriam resquícios de uma mentalidade primitiva indigna de fazer parte do credo cristão. Só as verdades divinas, entremeadas nessa mistura de ignorância antiga e erro grosseiro, é que de facto teriam sido inspiradas por Deus. O Conceito da Intuição Na outra extremidade da visão modernista estão os estudiosos que negam totalmente a existência de algum elemento divinos na composição da Bíblia. Para eles a Bíblia não passa de um caderno de rascunho em que os judeus registravam suas lendas, histórias, poemas etc., sem nenhum valor histórico. O que alguns denominam inspiração divina não seria outra coisa senão intensa intuição humana. Dentro desse folclore judaico a que se deu o nome de Bíblia, encontram-se alguns exemplos significativos de elevada moral e de gênio religioso. Todavia, essas percepções espirituais são puramente naturalistas. Em absolutamente nada, passam de intuição humana; não existiria inspiração sobrenatural, tampouco iluminação. Neo-Ortodoxia: a Bíblia torna-se a Palavra de Deus No início do século XX, a reviravolta nos acontecimentos mundiais e a influência do pai dinamarquês do existencialismo, Soren Kierkegaard, deram origem a uma nova reforma na teologia européia.

Page 22: Bibliologia   visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES

21

Muitos estudiosos começaram a voltar-se de novo para as Escrituras, a fim de ouvir nelas a voz de Deus. Sem abrir mão de suas opiniões críticas a respeito da Bíblia, começaram a levar a Bíblia a sério, por ser a fonte da revelação de Deus aos homens. Criando um novo tipo de ortodoxia, afirmavam que Deus fala aos homens mediante a Bíblia; as Escrituras tornam-se a Palavra de Deus num encontro pessoal entre Deus e o homem. À semelhança das outras teorias a respeito da inspiração da Bíblia, a neo-ortodoxia desenvolveu duas correntes. Na extremidade mais importante estavam os demitizadores, que negam todo e qualquer conteúdo religioso importante, factual ou histórico, nas páginas da Bíblia, e crêem apenas na preocupação religiosa existencial sobre a qual medram os mitos. Na outra extremidade, os pensadores de tendência mais evangélica tentam preservar a maior parte dos dados factuais e históricos das Escrituras, mas sustentam que a Bíblia de modo algum é revelação de Deus. Antes, Deus se revela na Bíblia nos encontros pessoais; não, porém, de maneira proposicional.

O Ensino Bíblico a respeito da Inspiração Muitas objeções têm sido levantadas contra as várias teorias da inspiração, as quais partem de diferentes concepções, tendo variados graus de legitimidade, dependentemente do ângulo de observação da pessoa que as formula. Visto que o objetivo deste estudo é levar o leitor a compreender o caráter da Bíblia, o critério analítico que escolhemos visa a avaliar todas essas teorias, levando em consideração o que as Escrituras revelam a respeito de sua própria inspiração. Comecemos com o que a Bíblia ensina formalmente sobre essa questão e, depois, examinemos o que se acha logicamente implícito nesse ensino.

O que a própria Bíblia ensina a respeito de sua inspiração No capítulo anterior examinamos de modo genérico o ensino de dois grandes textos do Novo Testamento a respeito da inspiração (II Tm 3.16 e II Pe 1.21). A Bíblia declara ser um livro dotado de autoridade divina, resultante de um processo pelo qual homens movidos pelo Espírito Santo escreveram textos inspirados (soprados) por Deus. Vamos agora examinar em minúcias o que significa essa declaração. A Inspiração é Verbal Independentemente de outras afirmações que possam ser formuladas a respeito da Bíblia, fica bem claro que esse livro reivindica para si mesmo esta qualidade: a inspiração verbal. O texto clássico de II Timóteo 3.16 declara que as graphã, i.e., os textos, é que são inspiradas. "Moisés escreveu todas as palavras do Senhor..." (Ex 24.4). O Senhor ordenou a Isaías que escrevesse num livro a mensagem eterna de Deus (Is 30.8). Davi confessou: "O Espírito do Senhor fala por mim, e a sua palavra está na minha boca" (II Sm 23.2). Era a palavra do Senhor que chegava aos profetas nos tempos do Antigo Testamento. Jeremias recebeu esta ordem: "... não te esqueças de nenhuma palavra" (Jr 26.2). No Novo Testamento, Jesus e seus apóstolos ressaltaram a revelação registrada ao usar repetidamente a expressão "está escrito" (v. Mt 4.4,7; Lc 24.27,44). O apóstolo Paulo testemunhou: "... falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina..." (I Co 2.13). João nos adverte quanto a não "tirar quaisquer palavras do livro desta profecia" (Ap 22.19). As Escrituras (i.e., os escritos) do Antigo Testamento são continuamente mencionadas como Palavra de Deus. No célebre sermão da montanha, Jesus declarou que não só as palavras, mas até mesmo os pequeninos sinais diacríticos de uma palavra hebraica vieram de Deus: "Em verdade vos digo que até que a terra e o céu passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido" (Mt 5.18). Portanto, o que quer que se diga como teoria a respeito da inspiração das Escrituras, fica bem claro que a Bíblia reivindica para si mesma toda a autoridade verbal ou escrita. Diz a Bíblia que suas palavras vieram da parte de Deus. A Inspiração é Plena

Page 23: Bibliologia   visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES

22

A Bíblia reivindica a inspiração divina de todas as suas partes. É inspiração plena, total, absoluta. "Toda Escritura é divinamente inspirada..." (II Tm 3.16). Nenhuma parte das Escrituras deixou de receber total autoridade doutrinária. A Escritura toda (i.e., o Antigo Testamento integralmente), escreveu Paulo, "é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça" (II Tm 3.16). E foi além, ao escrever: "... tudo o que outrora foi escrito, para o nosso ensino foi escrito" (Rm 15.4). Jesus e todos os autores do Novo Testamento exemplificam amplamente sua crença firme na inspiração integral e completa do Antigo Testamento, citando trechos de todas as Escrituras que eram para eles de autoridade, até mesmo os que apresentam ensinos fortemente polêmicos. A criação de Adão e de Eva, a destruição do mundo pelo dilúvio, o milagre de Jonas e o grande peixe e muitos outros acontecimentos são mencionados por Jesus deixando bem clara a autoridade deles (cap. 3). Todo trecho das Sagradas Escrituras reivindica total e completa autoridade. A inspiração da Bíblia é plena. É claro que a inspiração plena estende-se apenas aos ensinos dos autógrafos, como já afirmamos (cap. 1). Todavia, tudo quanto a Bíblia ensina, quer no Antigo, quer no Novo Testamento, é integralmente dotado de autoridade divina. Nenhum ensino das Escrituras deixou de ter origem divina. O próprio Deus inspirou as palavras usadas para exprimir os ensinos proféticos. Repitamos: a inspiração é plena, a saber, completa e integral, abrangendo todas as partes da Bíblia. A inspiração atribui autoridade Fica, pois, saliente o fato de que a inspiração concede autoridade indiscutível ao texto ou documento escrito. Disse Jesus: "... a Escritura não pode ser anulada..." (Jo 10.35). Em numerosas ocasiões o Senhor recorreu à Palavra de Deus escrita, que ele considerava árbitro definitivo em questões de fé e de prática. O Senhor recorreu às Escrituras como a autoridade para ele purificar o templo (Mc 11.17), para pôr em cheque a tradição dos fariseus (Mt 15.3,4) e para resolver divergências doutrinárias (Mt 22.29). Até mesmo Satanás foi repreendido por Cristo mediante a autoridade da Palavra escrita de Deus: "Está escrito [...] Está escrito [...] Está escrito...". Jesus contra-atacou as tentações de Satanás com a Palavra de Deus escrita (Mt 4.4,7,10). Algumas vezes, Jesus declarou o seguinte: "... era necessário que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos" (Lc 24.44). Todavia, é em outra declaração de Jesus que encontramos apoio ainda mais forte do Senhor à autoridade inquestionável das Escrituras: "É mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til sequer da lei" (Lc 16.17). A Palavra de Deus não pode ser anulada. Provém de Deus e está envolta na autoridade divina que o próprio Deus lhe concedeu. Implicações da doutrina bíblica da Inspiração Há certos fatos que, embora não formalmente apresentados na doutrina da inspiração, acham-se implícitos. Vamos tratar aqui de três deles: a igualdade entre o Antigo e o Novo Testamento, a variedade da expressão literária e a inerrância do texto. A inspiração diz respeito igualmente ao Antigo e ao Novo Testamento A maioria das passagens citadas acima a respeito da natureza plena da inspiração refere-se diretamente ao Antigo Testamento. Com base em que, então, podem aplicar-se (por extensão) ao Novo Testamento? A resposta a essa pergunta é que o Novo Testamento, à semelhança do Antigo, reivindica a virtude de ser Escritura Sagrada, escrito profético, e toda a Escritura e todos os escritos proféticos devem ser considerados inspirados por Deus. De acordo com II Timóteo 3.16, toda a Escritura é inspirada. Ainda que a referência explícita, aqui, refira-se ao Antigo Testamento, é verdade que o Novo Testamento também deve ser considerado Escritura Sagrada. Pedro, por exemplo, classifica as cartas de Paulo como parte das "outras Escrituras" do Antigo Testamento (II Pe 3.16). Em I Timóteo 5.16, Paulo cita o evangelho de Lucas (10.7), referindo-se a ele como "Escritura". Tal fato é mais significativo ainda quando consideramos que nem Lucas, nem Paulo fizeram parte do grupo dos

Page 24: Bibliologia   visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES

23

doze apóstolos. Visto que as cartas de Paulo e os escritos de Lucas (Lucas e Atos; v. At 1.1, Lc 1.1-4) foram classificados como Escritura Sagrada, por implicação direta o resto do Novo Testamento, escrito pelos apóstolos, também é considerado Escritura Sagrada. Em suma, se "toda Escritura é divinamente inspirada" e o Novo Testamento é considerado Escritura, decorre disso claramente que o Novo Testamento é encarado com a mesma autoridade do Antigo. Na verdade, é exatamente assim que os cristãos, desde o tempo dos apóstolos, têm considerado o Novo Testamento. Eles o consideravam com a mesma autoridade do Antigo Testamento. Além disso, de acordo com II Pedro 1.20,21, todas as mensagens escritas de natureza profética foram dadas ou inspiradas por Deus. E, visto que o Novo Testamento reivindica a natureza de mensagem profética, segue-se que ele também reclama autoridade igual à dos escritos proféticos do Antigo Testamento. João, por exemplo, refere-se ao livro do Apocalipse da seguinte forma: "palavras da profecia deste livro" (Ap 22.18). Paulo afirmou que a igreja estava edificada sobre o alicerce dos apóstolos e profetas do Novo Testamento (Ef 2.20; 3.5). Visto que o Novo Testamento, à semelhança do Antigo, é um texto dos profetas de Deus, ele possui por essa razão a mesma autoridade dos textos inspirados do Antigo Testamento.

A Inspiração abarca uma variedade de fontes e de Gêneros Literários O fato de a inspiração ser verbal, ou escrita, não exclui o uso de documentos literários e de gêneros literários diferentes entre si. As Escrituras Sagradas não foram ditadas palavra por palavra, no sentido comum que se atribui ao verbo ditar. Na verdade, há certos trechos menores da Bíblia, como, por exemplo, os Dez Mandamentos, que Deus outorgou diretamente ao homem (Dt 4.10), mas em parte alguma está escrito ou fica implícito que a Bíblia é resultante de um ditado palavra por palavra. Os autores das Sagradas Escrituras eram escritores e compositores, não meros secretários, amanuenses ou estenógrafos. Há vários fatores que contribuíram para a formação das Escrituras Sagradas e dão forte apoio a essa afirmativa. Em primeiro lugar, existe uma diferença marcante de vocabulário e de estilo de um escritor para outro. Comparem-se as poderosas expressões literárias de Isaías com os tons lamurientos de Jeremias. Compare-se a construção literária de suma complexidade, encontrada em Hebreus, com o estilo simples de João. Distinguimos facilmente a linguagem técnica de Lucas, o médico amado, da linguagem de Tiago, formada de imagens pastorais. Em segundo lugar, a Bíblia faz uso de documentos não-bíblicos, como o Livro de Jasar (Js 10.13; 2Sm 1.18), o livro de Enoque (Jd 14) e até o poeta Epimênedes (At 17.28). Somos informados de que muitos dos provérbios de Salomão haviam sido editados pelos homens de Ezequias (Pv 25.1). Lucas reconhece o uso de muitas fontes escritas sobre a vida de Jesus, na composição de seu próprio evangelho (Lc 1.1-4). Em terceiro lugar, os autores bíblicos empregavam vasta variedade de gêneros literários; tal fato não caracteriza um ditado monótono em que as palavras são pronunciadas uma após a outra, segundo o mesmo padrão. Grande parte das Escrituras é formada de poesia (e.g., Jó, Salmos, Provérbios). Os evangelhos contêm muitas parábolas. Jesus empregava a sátira (Mt 19.24), Paulo usava alegorias (Gl 4) e até hipérboles (Cl 1.23), ao passo que Tiago gostava de usar metáforas e símiles. Por fim, a Bíblia usa a linguagem simples do senso comum, do dia-a-dia, que salienta a ocorrência de um acontecimento, não a linguagem de fundamento científico. Isso não significa que os autores usassem linguagem anticientífica ou negadora da ciência, e sim linguagem popular para descrever fenômenos científicos. Não é mais anticientífico afirmar que o sol permaneceu parado (Js 10.12) do que dizer que o sol nasceu ou subiu (Js 1.15). Dizer que a rainha de Sabá veio "dos confins da terra" ou que as pessoas no Pentecostes vieram "de todas as nações debaixo do céu" não é dizer coisas com exatidão científica. Os autores usaram formas comuns, gramaticais de expressar seu pensamento sobre os assuntos. Por isso, o que quer que fique implícito na doutrina dos escritos inspirados, os dados das Escrituras mostram com clareza que elas incluem o emprego de grande variedade de fontes literárias e de estilos de expressão. Nem todas as mensagens vieram diretamente de Deus, mediante ditado. Tampouco foram expressas de modo uniforme e literal. É preciso que se entenda a inspiração da perspectiva histórica e gramatical. A inspiração não pode ser

Page 25: Bibliologia   visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES

24

entendida como um ditado uniforme, ainda que divino, que exclua os recursos, a personalidade e as variadas formas humanas de expressão.

Inspiração pressupõe inerrância A Bíblia não só é inspirada; é também, por causa de sua inspiração, inerrante, não contém erro. Tudo quanto Deus declara é verdade isenta de erro. Com efeito, as Escrituras afirmam ser a declaração (aliás, as próprias palavras) de Deus. Nada do que a Bíblia ensina contém erro, visto que a inerrância é conseqüência lógica da inspiração divina. Deus não pode mentir (Hb 6.18); sua Palavra é a verdade (Jo 17.17). Por isso, seja qual for o assunto sobre o qual a Bíblia diga alguma coisa, ela só dirá a verdade. Não existem erros históricos nem científicos nos ensinos das Escrituras. Tudo quanto a Bíblia ensina vem de Deus e, por isso, não tem a mácula do erro. Não é possível refugir às implicações da inerrância factual com a declaração de que a Bíblia nada tem para dizer a respeito de assuntos factuais ou históricos. Grande parte da Bíblia apresenta-se como história. Bastam as tediosas genealogias para atestar essa realidade. Alguns dos maiores ensinos da Bíblia, como a criação, o nascimento virginal de Cristo, a crucificação e a ressurreição corpórea, claramente pressupõem matérias factuais. Não existem meios de "espiritualizar" a natureza factual e histórica dessas verdades bíblicas, sem praticar violência terrível contra a análise honesta do texto, da perspectiva cultural e gramatical. A Bíblia não é um compêndio de Ciências, mas, quando trata de assuntos científicos em seu ensino, o faz sem cometer erro. A Bíblia não é um compêndio de História, mas, sempre que a história secular se cruza com a história sagrada em suas páginas, a Bíblia faz referência a ela sem cometer erro. Se a Bíblia não fosse inerrante e não estivesse certa nas questões factuais, empíricas, comprováveis, de que maneira seria possível confiar nela em questões espirituais, não sujeitas a testes? Como disse Jesus a Nicodemos: "Se vos falei de coisas terrestres, e não crestes, como crereis, se vos falar das celestiais?" (Jo 3.12).

TTEEOORRIIAASS SSOOBBRREE AA IINNSSPPIIRRAAÇÇÃÃOO DDAA BBÍÍBBLLIIAA

As várias teorias a respeito da Inspiração Ao longo da história, as teorias a respeito da inspiração da Bíblia têm variado segundo as características essenciais de três movimentos teológicos: a ortodoxia, o modernismo e a neo-ortodoxia. Ainda que essas três perspectivas não se limitem a um único período, suas manifestações primordiais são características de três períodos sucessivos na história da igreja. Na maior parte dessa história, prevaleceu a visão ortodoxa, a saber: a Bíblia é a Palavra de Deus. Com o surgimento do modernismo, muitas pessoas vieram a crer que a Bíblia meramente contém a Palavra de Deus. Mais recentemente, sob a influência do existencialismo contemporâneo, os teólogos neo-ortodoxos têm ensinado que a Bíblia torna-se a Palavra de Deus quando a pessoa tem um encontro pessoal com Deus em suas páginas. Teoria da Inspiração Natural Humana Ensina que a Bíblia foi escrita por homens de intelecto especial como Sócrates ou Shekespeare. Se for assim, como se explica o fato de homens como Pedro, um simples pescador sem instrução ter escrito dois livros do Novo Testamento? Teoria da Inspiração Divina Comum Ensina que a inspiração dos escritores é a mesma que temos hoje quando pregamos, ensinamos e andamos em comunhão com Deus. Isso é errôneo, por que: A inspiração que o Espírito Santo nos concede admite gradação; quanto mais se busca a Deus, mais aumenta a percepção espiritual do crente, ao passo que a inspiração dos escritores bíblicos não admite graus. O escritor era ou não inspirado. A inspiração comum pode ser permanente (I Jo 2.27). A dos escritores era temporária. Várias vezes encontramos a expressão: “E veio a mim a palavra do Senhor”, indicando o momento em que Deus os tomava para transmitir sua mensagem.

Page 26: Bibliologia   visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES

25

Teoria da Inspiração Parcial Ensina que algumas partes da Bíblia são inspiradas e outras não. Que a Bíblia não é a palavra de Deus, mas apenas contém a palavra de Deus. Se assim fosse, quem estaria habilitado a dizer quais partes são, e quais partes não são inspiradas? Em Marcos 7.13, Jesus aplicou o termo “palavra de Deus” a todo o Antigo Testamento. Teoria do Ditado Verbal Ensina a inspiração da Bíblia só quanto às palavras, não deixando lugar para a atividade e o estilo de cada escritor. Nem é preciso ser estudioso da Bíblia para perceber claramente que cada escritor tem um estilo bem particular. Os escritores não escreveram sem qualquer noção de mente e raciocínio; Deus não usurpa a mente de ninguém. Deus usou as faculdades mentais de cada um. Teoria Correta da Inspiração Bíblica Todas as partes da Bíblia são igualmente inspiradas; houve cooperação vital e contínua entre os escritores e o Espírito Santo que os capacitava. Os escritores não funcionaram como máquinas inconscientes; eles a escreveram com palavras de seu vocábulo, porém sob poderosa influência do Espírito Santo.

PPRROOVVAASS DDEE IINNSSPPIIRRAAÇÇÃÃOO DDAA BBÍÍBBLLIIAA

Os cristãos têm sido desafiados, ao longo dos séculos, a apresentar as razões em defesa de sua fé (I Pe 3.15). Visto que as Escrituras se firmam nos alicerces da fé em Cristo, repousou sobre os ombros dos apologistas cristãos a tarefa de apresentar evidências da Inspiração divina da Bíblia. Reivindicar que a Bíblia é inspirada por Deus é uma coisa, mas comprovar essa reivindicação é coisa bem diferente. Vamos apresentar algumas alguns argumentos e evidências que dão apoio à doutrina da inspiração da Bíblia.

A perfeita Harmonia e Unidade da Bíblia A existência da Bíblia até os dias de hoje pode ser considerada um milagre. Os livros nela contidos foram escritos por cerca de 40 pessoas, cobrindo um período de aproximadamente 1.500 anos. Esses homens, na maior parte dos casos não se conheceram. Muitas vezes um escritor iniciava um assunto e séculos depois, um outro o completava com tanta riqueza de detalhes que somente um livro vindo de Deus poderia ser assim. Quanto à unidade física da Bíblia, por exemplo, ninguém sabe ao certo como os 66 livros se encontraram e se agruparam num só volume. Com certeza foi obra de Deus. A aprovação da Bíblia por Jesus Jesus é a pessoa e o nome mais conhecido no mundo. Inúmeras pessoas crêem que Ele fez milagres; crêem em Sua ressurreição, mas não crêem na Bíblia. Jesus leu a Bíblia (Lc 4.16-20), ensinou a Bíblia (Lc 24.27); e chamou-a de “Palavra de Deus” (Lc 24.44). Também afirmou que as Escrituras são a verdade (Jo 17.17). As evidências escriturísticas revelam irrefutavelmente que Jesus confirmou a autoridade divina da Bíblia. O texto do evangelho como um todo, com amplo apoio histórico revela que Jesus era homem de integridade e de verdade. O argumento portanto, é este: se o que Jesus ensinou é a verdade, e Jesus ensinou que a Bíblia é inspirada, segue-se que é verdade que a Bíblia é inspirada por Deus. Se Jesus Cristo possui alguma autoridade ou integridade como mestre religioso, podemos concluir que a Bíblia é inspirada por Deus.

O cumprimento Fiel das Profecias

Page 27: Bibliologia   visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES

26

Outro testemunho externo dotado de grande força em apoio da inspiração das Escrituras é o fato da profecia cumprida. Até o presente momento, nenhuma profecia incondicional da Bíblia a respeito de acontecimentos ficou sem cumprimento. Centenas de predições, algumas delas feitas centenas de anos antes de se cumprirem, concretizaram-se literalmente. As profecias sobre o messias, proferidas séculos antes de seu nascimento, a cidade em que ele haveria de nascer (Mq 5.2) e a natureza de sua concepção e nascimento (Is 7.14) cumpriram-se literalmente e com toda a precisão quanto a tempo, local e outros detalhes.O cumprimento da profecia de Ezequiel 37 (O vale dos ossos secos) que prediz sobre a restauração de Israel e seu estabelecimento como nação está em andamento perante os nossos olhos. A influência benéfica e positiva da Bíblia sobre Povos e Nações Nenhum outro livro tem sido tão largamente disseminado, nem exercido tão forte influência sobre o curso dos acontecimentos mundiais do que a Bíblia. As Escrituras Sagradas têm sido traduzidas em mais línguas, têm sido impressas em maior número de exemplares, têm influenciado mais o pensamento, inspirado mais as artes e motivado mais as descobertas do que qualquer outro livro. A Bíblia foi traduzida em mais de mil línguas, abrangendo mais de 90% da população do mundo. Suas tiragens somam alguns bilhões de exemplares. Os bestsellers que têm vindo em segundo lugar, ao longo dos séculos, nunca chegam perto do detentor perpétuo do primeiro lugar, a Bíblia. As Escrituras judeu-cristãs têm influenciado mais a civilização que qualquer outro livro ou combinação de livros do mundo. Na verdade, nenhuma outra obra religiosa ou de fundo moral no mundo excede a profundidade moral contida no princípio do amor cristão, e nenhuma apresenta conceito espiritual mais majestoso sobre Deus do que o conceito que a Bíblia oferece. A Bíblia apresenta ao homem os mais elevados ideais que já pautaram a civilização.

A Bíblia é familiar a cada povo ou indivíduo em qualquer lugar Qual é a pessoa que lê o Salmo 23 e pensa que ele foi escrito para os judeus? Para nós que vivemos no Brasil, a impressão que temos é que ele foi escrito diretamente para nós. Nenhum cristão, no mundo inteiro tem a Bíblia como um livro alheio estrangeiro que foi traduzido para sua língua. Se lermos “Em seus passos que faria Jesus”, sabemos que é americano; se lermos “O peregrino”, sabemos ser inglês. É assim com a Bíblia? Não. Todas as raças consideram a Bíblia como possessão sua. Nós temos a Bíblia como nossa, e é assim em qualquer país. A Bíblia é sempre nova e Inesgotável A Bíblia nunca se torna um livro obsoleto. Sua mensagem é sempre nova e inesgotável. Quem, por exemplo, já se cansou de ler o Salmo 23, João 3.16 ou I Coríntios 13? Cada vez que lemos essas passagens, descobrimos coisas que nunca tínhamos visto antes e sua mensagem milenar satisfaz tanto as crianças como ao ancião.

LEMBRETE “É importante que se saiba que toda a Biblia foi inspirada mas nem toda ela foi dada por revelação. Revelação é a ação de Deus pela qual ele dá a conhecer ao escritor coisas desconhecidas. O relato da criação por exemplo, foidado a Moisés por revelação. A inspiração porém, nem sempre implica em revelação.”

Page 28: Bibliologia   visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES

27

UUNNIIDDAADDEE IIIIII

OO CCÂÂNNOONN DDAA BBÍÍBBLLIIAA EE SSUUAA EEVVOOLLUUÇÇÃÃOO ...............................................................

“Através da Bibliologia compreendemos a formação da Bíblia, sua história e como miraculosamente ela chegou

até nós” ..............................................................

OO SSIIGGNNIIFFIICCAADDOO DDAA PPAALLAAVVRRAA ““CCÂÂNNOONN””

A palavra cânon tem raiz na palavra "cana", "junco" (do hebraico geneh, através do grego kanon). O

"junco" era usado como uma vara para medir e, por fim, veio a significar "padrão". No sentido religioso, Cânon não significa vara de medir, mas aquilo que serve de norma ou regra. Orígenes empregou a palavra "cânon para indicar aquilo que chamamos de regra de fé, o padrão pelo qual devemos medir e avaliar". Mais tarde teve o sentido de "lista" ou "rol". Aplicada às Escrituras, a palavra cânon significa "uma lista de livros oficialmente aceitos". Deve-se ter em mente que a igreja não criou o cânon nem os livros que estão incluídos naquilo que chamamos de Escrituras. Ao contrário, a igreja reconheceu os livros que foram inspirados desde o princípio. Foram inspirados por Deus ao serem escritos. TESTES PARA A INCLUSÃO DE UM LIVRO NO CÂNON Não sabemos exatamente quais foram os critérios que a igreja primitiva usou para escolher os livros canônicos. Possivelmente houve cinco princípios orientadores, empregados para determinar se um livro do Novo Testamento era ou não canônico, se era ou não Escritura. Geisler e Nix registram esses cinco princípios: Revela autoridade? - Veio da parte de Deus? (Esse livro veio com o autêntico "assim diz o Senhor"?) É profético? — Foi escrito por um homem de Deus? É autêntico? (Os pais da igreja tinham a prática de "em caso de dúvida, jogue fora".Isso acentua a validade do discernimento que tinham sobre os livros canônicos.") É dinâmico? — Veio acompanhado do poder divino de transformação de vidas? Foi aceito, guardado, lido e usado? — Foi recebido pelo povo de Deus? Pedro reconheceu as cartas de Paulo como Escrituras em pé de igualdade com as Escrituras do Antigo Testamento (II Pedro 3:16)..

OO CCÂÂNNOONN DDOO AANNTTIIGGOO TTEESSTTAAMMEENNTTOO EE SSEEUU DDEESSEENNVVOOLLVVIIMMEENNTTOO A divisão do Antigo Testamento que conhecemos vem da Septuaginta. A Septuaginta foi a primeira tradução das escrituras, feita do hebraico para outra língua, nesse caso o grego, em 285 a.C. Também a ordem por assuntos como conhecemos vem dessa tradução. A disposição dos livros no cânon hebraico

Page 29: Bibliologia   visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES

28

é bem diferente da nossa. Há apenas uma tríplice divisão do cânon: Lei, escritos e profetas. Consiste em apenas 24 livros a invés dos nossos 39. Isso porque alguns livros são considerados apenas em seu conjunto: I e II Samuel.......................................................Considerados apenas um I e II Reis............................................................Considerados apenas um I e II Crônicas.....................................................Considerados apenas um Esdras e Neemias..............................................Considerados apenas um Os doze profetas menores.................................Considerados apenas um É importante lembrar que segundo a tradição quem reuniu todos esses livros e os colocou em ordem como coleção completa foi Esdras, após a volta do cativeiro. Desses originais eram feitas cópias para as sinagogas largamente disseminadas. Data de reconhecimento e fixação do cânon do Antigo Testamento Em 90 D.C. em Jâmia, uma cidade próxima a Jope, em Israel. Os rabinos num concílio presidido por Johanan Ben Zakai reconheceram e fixaram o cânon do A. T.

Fatores determinantes da necessidade do Cânon do Antigo Testamento • A destruição de Jerusalém e do templo, em 70 A.D., acabou com o sistema sacrificial judaico. Muito embora o cânon do Antigo Testamento estivesse fixado na mente judaica bem antes de 70 A.D., era necessário algo mais definitivo. Os judeus encontravam-se espalhados e precisavam definir que livros tinham a Palavra oficial de Deus devido à existência de muitos textos extra-escriturísticos e à descentralização. Os judeus se tornaram o povo de um Livro específico, e foi esse livro que os manteve juntos. • O cristianismo começava a florescer e muitos textos, de autoria de cristãos, principiavam a circular. Os judeus necessitavam desmoralizar de modo marcante esses textos, bem como impedir que fossem aceitos junto com os seus próprios escritos e usados nas sinagogas. É preciso ter cuidado em se fazer separação entre o cânon hebraico, as Escrituras e a grande variedade de literatura religiosa existente.

A Literatura Apócrifa do Antigo Testamento A palavra apócrifo vem do grego apokruphos e significa "oculto" ou "escondido". Jerônimo, que viveu no quarto século, foi o primeiro a chamar de apócrifo esse grupo de livros. Os apócrifos são os livros acrescentados ao Antigo Testamento pela Igreja Católica, os quais os protestantes afirmam não serem canônicos.

Por que não canônicos? O Unger's Bible Dictionary (Dicionário Bíblico de Unger) apresenta as seguintes razões para a exclusão: "Estão repletos de discrepâncias e anacronismo históricos e geográficos". "Ensinam doutrinas falsas que incentivam práticas divergentes das ensinadas pelas Escrituras inspiradas". "Apelam para estilos literários e apresentam uma artificialidade no trato do assunto, com um estilo que destoa das Escrituras inspiradas". "Faltam-lhes os elementos distintivos que conferem caráter divino às autênticas Escrituras, como, por exemplo, a autoridade profética e o sentimento poético e religioso”.

OO CCÂÂNNOONN DDOO NNOOVVOO TTEESSTTAAMMEENNTTOO EE SSEEUU DDEESSEENNVVOOLLVVIIMMEENNTTOO

Page 30: Bibliologia   visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES

29

A formação dos livros do N. Testamento não levou mais que 100 anos. Em 100 d.C. estavam todos escritos. A ordem dos 27 livros como conhecemos vem da Vulgata e não leva em conta a seqüência cronológica dos livros (a ordem em que foram escritos). As epístolas de Paulo.....................Foram os primeiros escritos do N.T. Os Atos dos apóstolos....................Escrito em 63 d.C. Os evangelhos.................................Os Sinópticos escritos em 65 d.C. e João em 85 d.C Hebreus e Judas..............................Escritos entre 68 e 90 d.C. Apocalipse........................................Escrito em 96 d.C.

Data de fixação e reconhecimento do cânon do Novo Testamento Foi no concílio de Cartago em 397 d.C. Nessa ocasião foi definitivamente reconhecido e fixado o cânon do N.T.

Testes para a inclusão de um livro no Cânon do Novo Testamento

O fator básico para determinar a canonicidade do Novo Testamento foi a inspiração divina, e o principal teste da inspiração foi a apostolicidade. Geisler e Nix detalham a respeito: "Na terminologia do Novo Testamento, a igreja foi edificada ‘sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas’ (Efésios 2.20), os quais Cristo prometera que, pelo Espírito Santo, iriam guiar 'a toda a verdade' (João 16.13). Atos 2.42 diz que a igreja em Jerusalém perseverou 'na doutrina dos apóstolos e na comunhão'. A palavra apostolicidade, conforme empregada para designar o teste de canonicidade, não significa obrigatoriamente 'autoria apostólica' nem 'aquilo que foi preparado sob a direção dos apóstolos". "Parece muito melhor concordar com Gaussen, Warfield, Charles Hodge e a maioria dos protestantes em que o teste básico de canonicidade é a autoridade apostólica, ou a aprovação apostólica, e não simplesmente autoria apostólica". Stonehouse afirma que a autoridade apostólica que se revela no Novo Testamento nunca está divorciada da autoridade do Senhor. Há nas epístolas um constante reconhecimento de que na igreja só existe uma única autoridade absoluta; a autoridade do próprio Senhor. Sempre que os apóstolos falam com autoridade, fazem-no exercendo a autoridade do Senhor. Dessa forma, por exemplo, quando Paulo defende sua autoridade de apóstolo, baseia-se única e diretamente na comissão recebida do Senhor (Gálatas 1 e 2); quando evoca o direito de regulamentar a vida da igreja, declara que sua palavra tem a autoridade do Senhor, mesmo quando nenhuma palavra específica do Senhor lhe tenha sido transmitida (I Coríntios 14.37; I Coríntios 7.10). "O único que, no Novo Testamento, fala com uma autoridade interna e que se impõe por si mesmo é o Senhor".

OOSS LLIIVVRROOSS CCAANNÔÔNNIICCOOSS DDOO NNOOVVOO TTEESSTTAAMMEENNTTOO Há três razões que mostraram a necessidade de se definir o cânon do Novo Testamento.

1. Um herege, Marcião (cerca de 140 A.D.), desenvolveu seu próprio cânon e começou a divulgá-lo. A igreja precisava contrabalançar essa influência decidindo qual era o verdadeiro cânon das Escrituras do Novo Testamento. 2. Muitas igrejas orientais estavam empregando nos cultos livros que eram claramente espúrios. Isso requeria uma decisão concernente ao cânon. 3. O edito de Diocleciano (303 A. D.) determinou a destruição dos livros sagrados dos cristãos. Quem desejava morrer por um simples livro religioso? Eles precisavam saber quais eram os verdadeiros livros. Atanásio de Alexandria (367 A.D.) nos apresenta a mais antiga lista de livros do Novo Testamento que é exatamente igual à nossa atual. A lista faz parte do texto de uma carta comemorativa escrita às igrejas. Logo após Atanásio, dois escritores, Jerônimo e Agostinho, definiram o cânon de 27 livros. Policarpo (115 A.D.), Clemente e outros referem-se aos livros do Antigo e do Novo Testamento com a expressão "como está escrito nas Escrituras". Justino Mártir (100-165 A.D.),

Page 31: Bibliologia   visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES

30

referindo-se à Eucaristia, escreve em Primeira Apologia 1.67: "E no domingo todos aqueles que vivem nas cidades ou no campo se reúnem num só local, e, durante o tempo que for possível, lêem-se as memórias dos apóstolos ou escritos dos profetas. Então, quando o leitor termina a leitura, o presidente faz uma admoestação e um convite a que todos imitem essas boas coisas".

OS LIVROS APÓCRIFOS

A palavra “apócrifo” significa literalmente “escondido”, “oculto”. No sentido religioso significa “não genuíno”, “espúrio”. Foram escritos entre Malaquias e Mateus, no período em que cessara por completo a revelação divina. Flávio Josefo os rejeitou totalmente e os judeus nunca os reconheceram como canônicos. Jamais foram citados por Jesus, nem foram reconhecidos pela igreja primitiva. Nas Bíblias de edição da igreja romana o total de livros é de 73 ao invés de 66. Isso porque essa igreja, desde o concílio de Trento, em 1546, incluiu no cânon do A. T. sete livros apócrifos, além de quatro acréscimos a alguns dos livros canônicos. A igreja católica os aprovou para combater a reforma protestante. Nessa época os protestantes combatiam avidamente as novas doutrinas romanistas: do purgatório, da oração pelos mortos (II Mac 12. 38-45), da salvação mediante as obras. A igreja romana via nos apócrifos uma base para sustentar essas doutrinas. Os sete livros são: Tobias, Judite, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico, Baruque, I Macabeu, II Macabeus. Os 4 acréscimos: ao livro de Ester (Ester 10.4 a 16.24) , Cântico dos três santos filhos (a Daniel 3.24-90 ), História de Suzana (a Daniel 13) Bel e o dragão ( a Daniel 14 ).

Apócrifos do antigo testamento Esses são os sete livros apócrifos do Antigo Testamento: Tobias; Judite; Sabedoria de Salomão; Eclesiástico; Baruque, I e II Macabeus; Os 04 acréscimos ao livro de Ester: (Ester 10.4 a 16.24); Cântico dos três santos filhos (a Daniel 3.24-90); História de Suzana (a Daniel 13); Bel e o dragão (a Daniel 14).

Outras razões por que não esses livros não foram reconhecidos como canônicos Estão repletos de discrepâncias e anacronismo históricos e geográficos. Ensinam doutrinas falsas que incentivam práticas divergentes das ensinadas pelas Escrituras inspiradas. Ex: O ensino da Crueldade e do Egoísmo. Em Eclesiástico 12:6, por exemplo, se escreve: "Não favoreças aos ímpios; retêm o teu pão e não o dês a eles." Poderá alguém pensar que Deus havia de inspirar a algum homem a escrever semelhante conselho? Eis, o que está escrito em Provérbios 25.21, 22. Se o que te aborrece tiver fome, dá-lhe pão para comer; se tiver sede, dá-lhe água para beber, porque assim amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça, e o Senhor te retribuirá. Apelam para estilos literários e apresentam uma artificialidade no trato do assunto, com um estilo que destoa das Escrituras inspiradas. Faltam-lhes os elementos distintivos que conferem caráter divino às autênticas Escrituras, como, por exemplo, a autoridade profética e o sentimento poético e religioso. Outros fatos importantes sobre os Apócrifos A respeito dos apócrifos, diz o biblicista Norman Geisler: “Que os apócrifos, seja qual for o valor devocional ou eclesiástico que tiveram não são canônicos, comprova-se pelos seguintes fatos”: A comunidade judaica jamais os aceitou como canônicos. Não foram aceitos por Jesus, nem pelos autores do Novo Testamento. A maior parte dos primeiros grandes Pais da Igreja rejeitou a sua canonicidade. Nenhum concílio da Igreja os considerou canônicos, senão no final do quarto século. Jerônimo, o grande especialista e tradutor da “Vulgata”, rejeitou fortemente os livros apócrifos. Muitos estudiosos católicos romanos, ainda ao longo da Reforma rejeitaram os livros apócrifos. Nenhuma igreja ortodoxa grega, anglicana ou protestante, até presente data, reconheceu os apócrifos como inspirados e canônicos, no sentido integral dessas palavras.

Page 32: Bibliologia   visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES

31

Apócrifos do Novo Testamento Os apócrifos do Novo Testamento não constituem nenhum problema, porque são rejeitados por todas as igrejas cristãs. Não podíamos esperar algo diferente diante da fragilidade de seus escritos. Basta citar um exemplo do Evangelho de São Tomás: "Jesus atravessava uma aldeia e um menino que passava correndo, esbarra-lhe no ombro. Jesus irritado, disse: não continuarás tua carreira. Imediatamente, o menino caiu morto. Seus pais correram a falar a José; este repreende a Jesus que castiga os reclamantes com terrível cegueira."Este relato, que não se coaduna com a sublimidade dos ensinos de Cristo, é suficiente para provar que este evangelho é espúrio. Apócrifos do Novo Testamento: Evangelho segundo os Hebreus; Evangelho dos Egípcios, Evangelho de Gamaliel, Evangelho de Tomé, Evangelho dos Ebionitas, As Sete Epístolas de Inácio, Aos Trálios, A Epístola de Policarpo, Atos de Paulo, Atos de André, Apocalipse de Pedro, Apocalipse de Tomé, Apocalipse de Paulo e vários outros.

Page 33: Bibliologia   visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES

32

UUNNIIDDAADDEE IIVV

AA PPRREESSEERRVVAAÇÇÃÃOO DDAA BBÍÍBBLLIIAA EE SSUUAASS TTRRAADDUUÇÇÕÕEESS ...............................................................

“Através da Bibliologia compreendemos a formação da Bíblia, sua história e como miraculosamente ela chegou

até nós” ..............................................................

AA SSEEPPTTUUAAGGIINNTTAA

A mais antiga versão que existe é a septuaginta. Esta é uma tradução livre, desviando-se, em muitos

lugares, da original hebraica. Foi feita em 285 antes de Cristo, provavelmente para os judeus que foram espalhados por todas as nações, uns 160 anos depois da volta de Neemias do cativeiro. Há muitas lendas acerca desta tradução: todavia, podemos dizer que foi a obra de setenta redatores em Alexandria. Sendo em grego, provavelmente, existia nos tempos de Jesus Cristo, mas não há evidência alguma de que ele ou os seus discípulos a usassem. Pelo contrário, é mais provável que Jesus falasse aramaico, salvo quando falou à mulher siro-fenícia (Mc 7.26) em grego, a fim de que ela o compreendesse. As palavras, nos Evangelhos, que vêm a nós sem serem traduzidas são aramaicas: “Talita Cumi” (Marcos 5.41); “Eloí, Eloí, lamá-sabactani” (Marcos 15.34). A Septuaginta tornou--se a base de muitas traduções. As outras traduções na língua grega que merecem menção são as seguintes: A versão de Áquila, um homem natural de Sinope, em Pontus, que se converteu do paganismo ao judaísmo.No século II ele procurou fazer uma tradução literal do texto hebraico. A versão de Teodócio de Éfeso. Ele reviu a Septuaginta; e a versão de Symmachus de Samaria. Não podemos deixar de mencionar versão Siríaca, chamada o Peshito, que foi completa no século II, provavelmente antes de 150. Foi preparada para provas do seu uso entre os seus patrícios. No segundo século, o latim suplantou o grego e ficou sendo por muitos anos a língua diplomática da Europa. Ao longo da costa setentrional da África organizaram-se umas igrejas compostas de pessoas de língua latina. Para essas, foi preparada uma versão latina. A sua história e origem são desconhecidas. O Velho Testamento foi vertido da Septuaginta, e ao Novo Testamento faltavam os seguintes livros: Hebreus, Tiago e II Pedro. Tertuliano e os seus contemporâneos usaram-na livremente. Esta tradução foi a base da Vulgata, a qual se tornou a Bíblia autorizada da Igreja Católica Romana. A Vulgata Sofrônio Eusébio Jerônimo (c. 340-420) nascera de pais cristãos, em Estridão, na Dalmácia. Havia sido educado na escola local até sua ida a Roma, com a idade de doze anos. Durante os oito anos seguintes, Jerônimo estudou latim, grego e autores pagãos, antes de tornar-se cristão, com a idade de dezenove anos. Logo após sua conversão e batismo, Jerônimo devotou-se a uma vida de rígida abstinência e de

Page 34: Bibliologia   visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES

33

serviço ao Senhor. Passou muitos anos perseguindo uma vida semi-ascética de eremita. De 374 a 379, empregara um rabino judeu para que lhe ensinasse o hebraico, enquanto estivesse residindo no Oriente, perto de Antioquia. Foi ordenado presbítero em Antioquia antes de partir para Constantinopla, onde passou a estudar sob a orientação de Gregório de Nazianzo. Em 382, foi convocado por Roma para ser secretário de Dâmaso, bispo de Roma, e nomeado membro de uma comissão para revisar a Bíblia latina. É provável que Jerônimo tenha aceitado o projeto em virtude de sua devoção a Dâmaso, pois sabia que as pessoas de menor instrução se oporiam fortemente a sua tradução. Este o convidou para corrigir e melhorar a Bíblia latina, então em uso nas igrejas do leste. Aquele sábio completou a revisão do Novo Testamento. Depois da morte de Dâmaso, Jerônimo mudou-se para Belém, onde fundou um mosteiro. Aí, no 80° ano de sua vida, começou uma nova tradução do Velho Testamento, do hebraico para o latim. Esta é conhecida como a Vulgata Latina no Concilio de Trento (1545-1547) foi proclamada autêntica, e um anátema foi pronunciado sobre qualquer pessoa que afirmasse que qualquer livro que nela se achava não fosse totalmente inspirado em toda parte. Esta tem sido a Bíblia seguida pelos católicos romanos em todas as suas traduções. A Bíblia Douai e o Novo Testamento publicado em Reims foram traduzidos da Vulgata.

AASS PPRRIINNCCIIPPAAIISS TTRRAADDUUÇÇÕÕEESS DDAA BBÍÍBBLLIIAA PPAARRAA OO IINNGGLLÊÊSS

Bíblia de Genebra (1557,1560) Durante a perseguição sob o comando de Mary Tudor, muitos reformadores fugiram para o continente em busca de segurança. Entre aqueles que se estabeleceram em Genebra encontravam-se estudiosos e amantes da Bíblia, como Miles Coverdale e John Knox (1513-1572), os quais produziram uma revisão que viria a exercer grande influência no povo da Inglaterra. Em 1557, um do grupo, chamado Guilherme Whittingham, cunhado de João Calvino, produziu uma revisão provisória do Novo Testamento. Essa foi a primeira vez que o Novo Testamento em inglês se dividia em versículos, embora tivesse sido assim dividido no Novo Testamento grego de Estéfano, bem como em edições anteriores em latim e em hebraico. Longos prólogos foram acrescentados às traduções, juntamente com súmulas de capítulos e copiosas notas marginais. Foi introduzido o grifo na tradução para indicar lugares em que o inglês exigia palavras não encontradas no texto original. Logo depois do Novo Testamento ter sido publicado em Genebra, foi iniciado o trabalho de revisar cuidadosamente toda a Bíblia. Em 1560, foram completados o Antigo Testamento e uma revisão do Novo que incluíam as mais recentes evidências textuais, e teve início a longa e movimentada história da Bíblia de Genebra. Em 1644, a Bíblia de Genebra já havia passado por 140 edições. Ela foi tão popular, que fez frente à Bíblia dos bispos (1568) e à primeira geração da chamada Versão autorizada (1611). Foi largamente usada entre os puritanos, citada repetidamente nas páginas de Shakespeare e usada até mesmo na mensagem extraída de "Os tradutores aos leitores", na tradução de 1611. Embora suas anotações fossem mais brandas que as de Tyndale, eram calvinistas demais tanto para Elizabete I (1558-1603) quanto para Tiago I (1603-1625). A Bíblia do rei Tiago (1611) Em janeiro de 1604, Tiago I foi convocado a comparecer à Conferência de Hampton Court em resposta à Petição Milenar que recebeu ao dirigir-se de Edimburgo para Londres após a morte de Elizabete I. Perto de mil líderes puritanos haviam assinado uma lista de queixas contra a igreja da Inglaterra, e Tiago desejava ser o pacificador nesse novo reino, colocando-se acima de todos os partidos religiosos. Ele tratou os puritanos com maus modos na conferência, até que John Reynolds, presidente puritano da Faculdade Corpus Christi, em Oxford, levantou a questão de ser feita uma versão autorizada da Bíblia para todos os partidos dentro da igreja. O rei expressou seu apoio à tradução porque o ajudaria a livrar-se de duas das traduções mais populares e elevar a sua estima aos olhos dos súditos. Foi nomeada uma junta, à semelhança daquela da Bíblia de Genebra, que Tiago considerava a pior de todas

Page 35: Bibliologia   visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES

34

as traduções existentes. Ela e a Bíblia dos bispos eram as Bíblias que ele esperava suplantar na igreja. Seis grupos de tradutores foram escolhidos: dois em Cambridge para revisar de 1Crônicas a Eclesiastes e os livros apócrifos; dois em Oxford para revisar de Isaías a Malaquias, os evangelhos, Atos e o Apocalipse; dois em Westminster para revisar de Gênesis a II Reis e de Romanos a Judas. Apenas 47 dos 54 homens escolhidos trabalharam de fato nessa revisão da Bíblia dos bispos. Suas instruções estabeleciam que eles deviam seguir o texto da Bíblia dos bispos, a menos que notassem que as traduções de Tyndale, de Matthew, de Coverdale, de Whitchurche e de Genebra correspondessem mais de perto ao texto original. Esse texto original se baseou em poucos ou nenhum dos textos superiores dos séculos de XII a XV, uma vez que seguiu as edições de 1516 e de 1522 do texto grego de Erasmo, incluindo-se sua interpolação de I João 5.7. Usar a Bíblia dos bispos como ponto de partida significava que muitas das antigas palavras eclesiásticas seriam mantidas na nova revisão. As notas marginais acompanharam a nova revisão, e a chamada Versão autorizada nunca chegou a ser de fato autorizada, nem ser de fato uma versão. Ela substituiu a Bíblia dos bispos nas igrejas porque nenhuma edição dessa Bíblia foi publicada depois de 1606. Ser lançada no mesmo formato que a Bíblia de Genebra conferiu à publicação de 1611 maior influência, assim como para isso contribuiu o uso que fez de expressões precisas. A longo prazo, a grandeza de sua tradução conseguiu vencer a competição com a influente Bíblia de Genebra dos puritanos, sua principal rival. Três edições da nova tradução apareceram em 1611. Outras edições foram publicadas em 1612, e sua popularidade continuou a exigir novas impressões. Durante o reinado de Carlos I (1625-1649), o Parlamento Longo estabeleceu uma comissão para deliberar sobre a revisão da chamada Versão autorizada ou produzir uma tradução totalmente nova. Somente revisões insignificantes resultaram em 1629, 1638, 1653, 1701, 1762, 1769 e duas edições posteriores. Essas três últimas revisões foram feitas pelo dr. Blayney de Oxford. Elas variaram em cerca de 75 mil pormenores do texto da edição de 1611. Pequenas mudanças continuaram a surgir no texto até datas recentes como 1967 no texto da Versão autorizada que acompanha a New Scofield reference edition (Nova edição de referência de Scofield). Entrementes, foram feitas tentativas de trazer amplas alterações e correções às traduções inglesas da Bíblia em virtude de novas descobertas textuais e por conta da natureza mutável da própria língua.

AASS PPRRIINNCCIIPPAAIISS TTRRAADDUUÇÇÕÕEESS DDAA BBÍÍBBLLIIAA PPAARRAA OO PPOORRTTUUGGUUÊÊSS Tradução de Almeida Coube a João Ferreira de Almeida a grandiosa tarefa de traduzir pela primeira vez para o português o Antigo e o Novo Testamento. Nascido em 1628, em Torre de Tavares, nas proximidades de Lisboa, João Ferreira de Almeida, quando tinha doze anos de idade, mudou-se para o sudeste da Ásia. Após viver dois anos na Batávia (atual Jacarta), na ilha de Java, Indonésia, Almeida partiu para Málaca, na Malásia, e lá, pela leitura de um folheto em espanhol acerca das diferenças da cristandade, converteu-se do catolicismo à fé evangélica. No ano seguinte começou a pregar o evangelho no Ceilão (hoje Sri Lanka) e em muitos pontos da costa de Malabar. Não tinha ele ainda dezessete anos de idade quando iniciou o trabalho de tradução da Bíblia para o português, mas lamentavelmente perdeu o seu manuscrito e teve de reiniciar a tradução em 1648. Por conhecer o hebraico e o grego, Almeida pôde utilizar-se dos manuscritos dessas línguas, calcando sua tradução no chamado Textus receptus, do grupo bizantino. Durante esse exaustivo e criterioso trabalho, ele também se serviu das traduções holandesa, francesa (tradução de Beza), italiana, espanhola e latina (Vulgata). Em 1676, João Ferreira de Almeida concluiu a tradução do Novo Testamento, e naquele mesmo ano remeteu o manuscrito para ser impresso na Batávia; todavia, o lento trabalho de revisão a que a tradução foi submetida levou Almeida a retomá-la e enviá-la para ser impressa em Amsterdamã, na Holanda. Finalmente, em 1681 surgiu o primeiro Novo Testamento em português. Milhares de erros foram detectados nesse Novo Testamento de Almeida, muitos deles produzidos pela comissão de eruditos que tentou harmonizar o texto português com a tradução holandesa de 1637. O próprio Almeida identificou mais de dois mil erros nessa tradução, e outro revisor, Ribeiro dos Santos, afirmou ter encontrado número

Page 36: Bibliologia   visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES

35

bem maior. Logo após a publicação do Novo Testamento, Almeida iniciou a tradução do Antigo, e, ao falecer, em 6 de agosto de 1691, havia traduzido até Ezequiel 41.21. Em 1748, o pastor Jacobus op den Akker, de Batávia, reiniciou o trabalho interrompido por Almeida, e cinco anos depois, em 1753, foi impressa a primeira Bíblia completa em português, em dois volumes. Estava, portanto concluído o inestimável trabalho de tradução da Bíblia por João Ferreira de Almeida. Apesar dos erros iniciais, ao longo dos anos estudiosos evangélicos têm depurado a obra de Almeida, tornando-a a preferida dos leitores de fala portuguesa.

Tradução de Figueiredo Nascido em 1725, em Tomar, nas proximidades de Lisboa, o padre Antônio Pereira de Figueiredo, partindo da Vulgata latina, traduziu integralmente o Novo e o Antigo Testamento, gastando dezoito anos nessa laboriosa tarefa. A primeira edição do Novo Testamento saiu em 1778, em seis volumes. Quanto ao Antigo, os dezessete volumes de sua primeira edição foram publicados de 1783 a 1790. Em 1819 veio à luz a Bíblia completa de Figueiredo, em sete volumes, e em 1821 ela foi publicada pela primeira vez em um só volume. Figueiredo incluiu em sua tradução os chamados livros apócrifos que o Concilio de Trento havia acrescentado aos livros canônicos em 8 de abril de 1546. Esse fato tem contribuído para que a sua Bíblia seja ainda hoje apreciada pelos católicos romanos nos países de fala portuguesa. Na condição de exímio filólogo e latinista, Figueiredo pôde utilizar-se de um estilo sublime e grandiloqüente, e seu trabalho resultou em um verdadeiro monumento da prosa portuguesa. Porém, por não conhecer 85 línguas originais e ter-se baseado tão-somente na Vulgata, sua tradução não tem suplantado em preferência popular o texto de Almeida.

AA BBÍÍBBLLIIAA NNOO BBRRAASSIILL

Em 1902, as sociedades bíblicas empenhadas na disseminação da Bíblia no Brasil patrocinaram nova tradução da Bíblia para o português, baseada em manuscritos melhores que os utilizados por Almeida. A comissão constituída para tal fim, composta de especialistas nas línguas originais e no vernáculo, entre eles o gramático Eduardo Carlos Pereira, fez uso de ortografia correta e vocabulário erudito. Publicado em 1917, esse trabalho ficou conhecido como Tradução brasileira. Apesar de ainda hoje apreciadíssima por grande número de leitores, essa Bíblia não conseguiu firmar-se no gosto do grande público. Coube ao padre Matos Soares realizar a tradução mais popular da Bíblia entre os católicos na atualidade. Publicada em 1930 e baseada na Vulgata, essa tradução possui notas entre parênteses defendendo os dogmas da Igreja Romana. Por esse motivo recebeu apoio papal em 1932. A primeira revisão da Bíblia em português feita pela Trinitarian Bible Society [Sociedade Bíblica Trinitária] foi iniciada no dia 16 de maio de 1837. Essa decisão foi tomada seis anos após a formação da Sociedade. O primeiro projeto escolhido para a publicação da Bíblia numa língua estrangeira pela Sociedade foi o português. O rev. Thomas Boys, do Trinity College, Cambridge, foi encarregado de liderar o empreendimento. No ano de 1969, em São Paulo, foi fundada a Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil, com o objetivo de revisar e publicar a Bíblia de João Ferreira de Almeida como a Edição corrigida e revisada fiel ao texto original. Em 1943, as Sociedades Bíblicas Unidas encomendaram a um grupo de hebraístas, helenistas e vernaculistas competentes uma revisão da tradução de Almeida. A comissão melhorou a linguagem, a grafia de nomes próprios e o estilo da Bíblia de Almeida. Em 1948 organizou-se a Sociedade Bíblica do Brasil destinada a "Dar a Bíblia à Pátria". Essa entidade fez duas revisões no texto de Almeida, uma mais aprofundada, que deu origem à Edição revista e atualizada no Brasil, e uma menos profunda, que conservou o antigo nome Corrigida. Em 1967, a Imprensa Bíblica Brasileira, criada em 1940, publicou a sua Edição revisada de Almeida, cotejada com os textos em hebraico e grego. Essa edição foi posteriormente reeditada com ligeiras modificações. Mais recentemente, a Sociedade Bíblica do Brasil traduziu e publicou A Bíblia na linguagem de hoje (1988). O propósito básico dessa tradução tem sido o de apresentar o texto bíblico numa linguagem comum e corrente. Em 1990, a Editora Vida publicou a sua Edição contemporânea da Bíblia de Almeida. Essa edição

Page 37: Bibliologia   visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES

36

eliminou arcaísmos e ambigüidades do texto quase tricentenário de Almeida, e preservou, sempre que possível, as excelências do texto que lhe serviu de base. Uma comissão constituída de especialistas em grego, hebraico, aramaico e português, coordenada pelo Rev. Luiz Sayão, trabalha em uma nova tradução das Escrituras para a língua portuguesa, sob o patrocínio da Sociedade Bíblica Internacional, com o título Nova versão internacional, da qual já se publicou o Novo Testamento em 1993. São também dignas de referência: a Bíblia traduzida pelos monges di Meredsous (1959); A Bíblia de Jerusalém, traduzida pela Escola Bíblica de Jerusalém (padres dominicanos) e editada no Brasil por Edições Paulinas em 1981, com notas, e a Edição integral da Bíblia, trabalho de diversos tradutores sob a coordenação de Ludovico Garmus, editado pela Vozes e pelo Círculo do Livro, também com notas.

AAPPÊÊNNDDIICCEE -- OO PPEERRÍÍOODDOO IINNTTEERRBBÍÍBBLLIICCOO 400 a.C. — 04 da Era Cristã

LLiitteerraattuurraa:: DDaanniieell,, EEssddrraass ee NNeeeemmiiaass

O Período Interbíblico é um dos temas menos conhecido pelos que estudam a Bíblia. Os fatos his-tóricos são de alta relevância, ocorridos nos seus 400 anos mais ou menos. Esta ignorância decorre do fato de que a nossa Bíblia nada narra a respeito; simplesmente o ignora. Malaquias encerrou o ciclo profético, e, depois dele, nada interessou à Revelação. Por seu turno, os leitores da Bíblia não se interessaram por ele, e assim passou a ser apenas um ciclo perdido na história do povo eleito. Foi, entretanto, um dos períodos mais ricos, quer em lições da História, quer no campo da literatura. As luta dos Macabeus, para restaurar a dinastia de Davi, valem por uma afirmativa de que o povo da Bíblia não estava morto e sua história continuava. Este período faz parte desta história, é a continuação do período profético, mesmo sem profetas, e é a chave para uma boa compreensão dos começos do Novo Testamento. Como pode um estudante do Novo Testamento entender o panorama histórico que se abre com João, o Batista, e depois com o Senhor Jesus, se ignorar a história preparatória para este período? O Período Interbíblico foi preparatório, tanto quanto os anteriores, para a vinda do Messias, "o Desejado dos povos". Alguns não sabem por que os historiadores, em geral, terminam a história do Antigo Testamento com a história do último profeta. Aí desce o pano, como se tudo tivesse terminado. Não está certo. A nação hebraica continua a sua trajetória como se nada tivesse ocorrido, sem luz para o caminho, é certo, mas, tateando nas trevas, prosseguindo para o seu destino, que era dar ao mundo o seu Messias. A história deve prosseguir o seu curso. Os livros de Malaquias, Esdras e Neemias deixam o povo às voltas com a reconstrução da sua nacionalidade, em lutas contra os vizinhos belicosos e invejosos, sem uma saída, pelo menos próxima, destes grandes conflitos. Ao historiador não podem passar sem notícia os graves problemas que se delineavam no horizonte, especialmente o que se poderia esperar dos resultados da nova situação criada com a volta dos cativos. Os que podem ler a História Geral, a história dos persas, podem dar-se por satisfeitos, mas isso não acontece com a imensa maioria dos leitores da Bíblia. Por isso alguns historiadores incluem, em sua apreciação histórica, o período que vai de Malaquias a João Batista. Por outro lado, se é verdade que a Revelação terminou com Malaquias e que depois não houve mais profeta, parece certo que Deus não tinha abandonado o seu povo. A Teologia parou, mas não a História. Que aconteceu com a nova posição do povo judaico? Que teria acontecido com os que ficaram na Mesopotâmia e com os que tinham fugido para o Egito? Como se teriam comportado os sucessores de Ciro e Dario? Que tipo de judaísmo se havia formado durante esta longa noite de trevas? São pergun-tas que qualquer estudante do Antigo Testamento faz. É preciso construir uma ponte entre Malaquias e João Batista, ponte que una a historia da Revelação à que lhe seguiu, de maneira a não interromper o ciclo de atividades desta gente notável. Os cristãos do primeiro século são, para os de outras eras posteriores, uma quase interrogação. Como é que Paulo encontrava, em todas as cidades que visitava, uma colônia judaica? De onde veio esta gente? Como é que ele podia viajar de cidade em cidade,

Page 38: Bibliologia   visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES

37

usando a mesma língua e valendo-se dos seus títulos de cidadão romano, quando o certo é que ele era judeu, filho de judeu? Que teria havido no mundo, para permitir tais situações? Sem um conhecimento das guerras de Alexandre, o Grande, e depois dos romanos, o estudante moderno fica sem entender o panorama histórico que se abre para a difusão da mensagem do Novo Testamento. Uma Era Tumultuosa O Período Interbíblico representa uma era tumultuosa, não apenas para o povo hebreu, mas para o mundo de então. Depois dos governos dos assírios e caldeus, veio o governo dos persas. Foi um grande contrapeso dos destinos da pobre humanidade. As carnificinas dos assírios e caldeus, a destruição das nacionalidades, por efeito destes sistemas de governo dissolventes, foram submetidos por um sistema de governo em que os interesses de pequenas ou grandes nacionalidades receberam um tratamento bem diferente do usual, naqueles dias longínquos obscuros. O estudante da História não pode ignorar estas diferenças de sistema de governar os povos. Foi graças a esta nova mentalidade surgida nas estepes iranianas que os israelitas tiveram o direito de voltar à sua pátria, reconstruir a sua cidade arrasada e restaurar o seu sistema de culto ao Deus verdadeiro. Os livros de Daniel, Esdras e Neemias são o nosso campo de inspiração histórica, para uma sadia apreciação da mudança de situação. Conta-se que tão logo Ciro assumiu o poder em Babilônia, lhe foi mostrada a Escritura de Isaias 45, em que ele é mencionado por nome como o que estava destinado a restaurar o povo de Israel à sua pátria. Ciro ficou admirado de ver o seu nome registrado duzentos anos antes de nascer. Por isso, logo no primeiro ano do seu governo, deu ordens para que os cativos que desejassem, voltassem à sua terra, devolveu os vasos de ouro que Nabucodonozor tinha levado e promoveu todas as medidas para facilitar a volta a Judá. Assim, em 520, no segundo ano de Dario sócio de Ciro na conquista da Babilônia, foi dada ordem aos judeus de voltarem à Palestina. Poucos voltaram, porque muitos estavam estabelecidos na terra, fazendo bons negócios, e preferiram ajudar seus irmãos que retornavam, a voltar com eles. A reconstrução do Templo foi iniciada no oitavo mês do segundo ano de Dario, que corresponde a outubro-novembro; e no sexto ano do mesmo governante, em 12 de março de 515, foi o Templo concluído (Ed 6.15). Foram apenas cinco anos de grande atividade. Não se pense que o Templo ficou totalmente construído; apenas o suficiente para que fossem retomados os serviços religiosos da novel comunidade restaurada. Este templo continuou em reconstrução e só ficou totalmente concluído em 66 da nossa era. No tempo de Jesus, ainda as obras estavam em andamento; portanto, durante 586 anos continuaram as obras. No ano 70 da nossa era, apenas 4 anos depois de concluído, foi totalmente arrasado por Tito, general romano. Só há outro templo, na face da terra, que levou tanto tempo para ser acabado: a Catedral de Milão, que levou 700 anos. Reconstruído o templo, para reinicio do culto a Jeová, faltavam os muros da cidade, que estavam derrubados. Esta tarefa coube a Neemias, o copeiro do rei. Em 444 a.C. foram iniciados os trabalhos de reconstrução e durante cinquenta e dois dias — algo incrível! — foram dados como completos (Ne 6.15). A história da reconstrução do Templo e dos muros é uma narração dramática e só pôde ser levada ao fim graças à boa disposição do governo persa. Artaxerxes (465-424) foi o grande monarca da restauração dos muros. Recentes investigações arqueológicas deram conta da maneira como foi feita esta reconstrução. As pedras usadas não foram devidamente trabalhadas, e, em muitos casos, apenas pedaços de pedra foram usados para tapar os buracos abertos nas muralhas. É de se ver que em 52 dias não seria possível se fazer uma obra completa e acabada. Os inimigos, ao redor, tudo fizeram para impedir a restauração do povo eleito na sua terra, e não foram poucas as encrencas políticas, as invencionices diplomáticas da época, para frustrar esta obra. Deus tinha prometido que ela seria feita, e nada poderia se opor à sua efetivação. Por dois séculos dominaram os persas sobre Jerusalém, e este governo foi em tudo benéfico para a pobre e sofrida gente. Depois dos livros de Esdras e Neemias, a Bíblia silencia sobre a história do povo. Um pesado véu caiu sobre Jerusalém, de modo que o estudante da Bíblia tem de valer-se de autores profanos, para compor esta época, sempre interessante. Se a Bíblia silencia sobre as atividades deste povo, nem por isso a sua história foi menos importante.

Page 39: Bibliologia   visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES

38

Apesar do fato de que depois de Malaquias jamais alguém disse "Assim diz Jeová"; isto é, jamais alguém se apresentou como falando em nome de Deus. A pequena comunidade continuou a sua história, agora repartida entre os que ficaram em Babilônia, os que tinham fugido para o Egito e a comunidade de Jerusalém. São os livros conhecidos como deutero-canônicos que nos falam desta gente. Uma vastíssima literatura, na sua maioria escrita em grego, registra os acontecimentos desta notável nação. Entre estes muitos livros, encontram-se os conhecidos pelo nome de Apócrifos, incluídos pelo Concílio de Trento na coleção sagrada. Os outros, muitos deles fazem parte da literatura judaica que se estende através, de 400 anos. Alguns dos livros escritos durante esta longa época, versando a história do Antigo Testamento, são: 1. Adão; 2. Enoque; 3. Lameque; 4. Os Doze Patriarcas; 5. A Oração de José; 6. Eldade de Medade; 7. O Testamento de Moisés; 8. Ascensão de Moisés; 9. Os Salmos de Salomão; 10. Apocalipse de Elias; 11. Ascensão de Isaias; 12. Apocalipse de Sofonias; 13. Apocalipse de Esdras; 14. História de João Hircano; 15. Apocalipse de Baruque; 16. O Livro dos Jubileus; 17. Livro de Lenda e Magias; 18. Epístola de Jeremias; 19. Os Livros Sibilinos; 20. Apocalipse de Zacarias; 21. Os quatro livros dos Macabeus. Muitos outros não estão incluídos nesta lista. Destes, a Igreja Católica, por decisão do Concílio de Trento em 1545 d.C. incluiu na sagrada lista os seguintes, chamados apócrifos: Judite, Tobias (acrescido de Ester), Livro da Sabedoria (um grande livro), Eclesiástico (não Eclesiastes), Baruque (acrescido a Daniel), e I e ll Macabeus. Desta inclusão de livros não inspirados na sagrada Bíblia nasceu a mais tremenda crise religiosa dos últimos 500 anos, provocando não poucas lutas a respeito das Bíblias falsas e verdadeiras. Foi desta luta que se convencionou chamar ditos livros de Apócrifos, isto é, falsos. Em verdade, não são falsos, mas simplesmente livros não inspirados. Alguns, como os de Macabeus, são grandes livros históricos, que relatam as lutas dos judeus contra os sírios. Entre os deste grupo, destacamos também o Livro da Sabedoria, escrito no segundo século a.C. Uns são interessantes, alguns outros, de pouca valia. Como é de se ver, uma comunidade que tinha produzido alguns dos maiores vultos literários da antiguidade não poderia viver no anonimato. Jamais povo algum produziu obras como as dos profetas, o Livro dos Salmos e outros. Inquietos pelo motivo de Deus ter silenciado em relação ao Seu povo, deram para escrever, e grande parte destes escritos são de natureza especulativa, tais como os Apocalipses. Os mesmos Apócrifos são, na sua maioria, histórias de contos de fadas, sem qualquer base histórica.

Ambiente O Vocábulo Interbíblico — Etimologicamente, "Interbíblico" quer dizer "entre a Bíblia", ou melhor, “entre os dois Testamentos”. Isto é, entre o Antigo e o Novo Testamento assim como Se acham hoje em nossas Bíblias. Hoje, apanhamos nossa Bíblia, folheamos o Antigo Testamento, chegamos a Malaquias: encontramos uma página em branco, e logo nos defrontamos à primeira página do Evan-gelho segundo Mateus. Para quem desconhece a história, não sabe que essa página em branco entre os dois Testamentos, representa um largo período de tempo que, segundo as melhores informações históricas aceitas, durou mais ou menos 400 anos. O livro do Profeta Malaquias, último profeta desse período, termina com a promessa do precursor do Messias, Mt 3.1 é o cumprimento fiel da Profecia de Malaquias, No entanto, entre a profecia (Ml 3.1) e seu cumprimento. (Mt 3.1), transcorreram nada menos de 400 anos. No transcurso desses anos, houve mudanças radicais, na terra e na vida do povo do Senhor, como também na vida e nos costumes das Nações Gentias. O Mapa Mundi sofreu, no decorrer desses anos, sensíveis transformações. A vida das apuradas civilizações oscila grandemente. Enquanto poderosíssimas civilizações eram sepultadas pelas armas brutais de inimigos incontidos, outras surgiam aqui e a acolá; graças às armas vitoriosas de povos conquistadores. Assim os geógrafos-historiadores contemporâneos ou semi-contemporâneos desses sucessos, registraram em seus anais, as diversas transformações pelas quais o mundo foi passando. Os 400 anos do Período Interbíblico caracterizam-se pela cessação da Revelação Bíblica, pelo silêncio profundo em que Deus permaneceu em relação ao seu povo, pois durante esse período, nenhum profeta se levantou em nome

Page 40: Bibliologia   visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES

39

de Deus. No silêncio desesperador desses 400 anos, o Senhor deixou que os esforços dos homens, na resolução dos problemas espirituais falhassem; que a filosofia se esboroasse; que o poder material enfadasse as almas; que a imoralidade religiosa desiludisse a todos. Em 500 e poucos anos, os judeus foram derrotados, levados ao cativeiro; sua Metrópole fora destruída, seu Templo profanado e derrubado. Depois de duras provas por que passaram, tornaram a Jerusalém, reedificaram a cidade, reconstruíram o Templo, e prosseguiram na sua história brilhante e ascendente, cujo término se verificou em 70 da nossa era, na destruição de Jerusalém pelos Romanos.

Ambiente — Por ambiente, entendemos as condições, bem como as transformações geográficas, econômicas, políticas e sociais da época, relacionadas com a vida dos judeus. O Judaísmo no N.T. difere substancialmente do N.T. Essa mudança de ambiente entre os dois judaísmos é digna de nota e precisa ser considerada, para melhor entendermos o mundo judeu nos dias dos Evangelhos. No fim do Período Interbíblico, as tribos de Israel, haviam desaparecido. "Foram absorvidas pela sagacidade dos assírios. Isaias profetizara que mesmo de Judá, apenas um "restante" seria salvo. Com efeito, a tribo de Judá sobreviveu a todas as intempéries, a todas as tribulações a qual foi submetida; à humilhação, ao furor dos inimigos e, após a procela babilônica, desponta fulgente em Jerusalém, a fim de reiniciar seus trabalhos e de continuar suas tradições gloriosas. Os Judeus foram levados de Jerusalém. Uma vez no exílio, toda a dor, toda a opressão, todo o desespero, foi insuficiente para amortecer em sua alma o apego. Prosseguiram em suas tradições cívico-religiosas. Mantiveram acesas as suas lâmpadas espirituais e reverdece, nesse tempo, em seus corações, a esperança Messiânica, cujo desfecho verificar-se-ia em Jerusalém. Alimentaram, portanto, o desejo vivo de voltar à cidade do Grande Rei. Esse desejo obrigou os judeus a não se ajustarem às condições sociais e religiosas do povo vencedor. Por conseguinte, a religião de Jeová, mesmo no cativeiro, foi preservada. Um dos maiores benefícios do cativeiro babilônico foi de colocar um marco entre o povo de Deus, para mostrar-nos o velho e o novo judeu. Isto é, o judeu velho, pessimista, vencido, sem esperança nas promessas do Eterno e o judeu novo, despertado, transformado, curado de sua idolatria e pronto a obedecer fielmente à voz de Jeová. Os dois tipos de judeus voltaram a Jerusalém, mas o novo venceu o velho, de sorte que todas as tendências idolátricas e derrotistas foram suplantadas pela atitude otimista dos judeus transformados, que estavam dispostos a lutar, até derramar sangue, para preservar pura a religião do seu Deus. Daí encontrarmos no Novo Testamento um judeu excessivamente nacionalista, aterradoras tradições do seu povo, excedendo em zelo, e alcançando as raias do fanatismo cego, pronto a cometer qualquer atrocidade, por falso zelo religioso, ou por zelo verdadeiro, como no caso de Saulo de Tarso. Menores não foram as transformações políticas na vida dos judeus. Abrimos o Novo Testamento e ali encontramos a dominação Romana no apogeu da sua força. Essa transição entre o Poderio Persa e o Romano não encontramos na Bíblia, porque ocorreu nos anos do silêncio Divino. A história, porém, no-lo apresenta. Encontramos nas páginas do Novo Testamento uma onda invasora de influência Grega, permeando a sociedade da época. Em todas as partes prevalecem a língua, artes, costumes, filosofia, literatura gregos. O Antigo e o Novo Testamento nada nos dizem a respeito. Mais uma vez, as circunstâncias obrigam-nos a recorrer à história, para termos luz sobre os fatos. Notamos igualmente, mudança na língua falada pelos judeus. Antes, os judeus falavam o hebraico. Após o cativeiro começaram de falar o Aramaico. Perderam na Babilônia a sua língua hebraica. O Aramaico é o hebraico transformado pela influência de diversos idiomas orientais. Apareceram, durante o Cativeiro Babilônico, atravessando os séculos e chegando até nossos dias, as Sinagogas, cuja função na vida religiosa do judeu e na propagação do Cristianismo é relevante. Em lugar das doze tribos de Israel, ocupando o território da Palestina, como nos mostra o Antigo Testamento, encontraremos nos dias de Jesus, 4 ou 5 regiões, como por exemplo: Galiléia, Samaria, Judéia, Peréia, etc. Nos dias de Jesus parece que o exclusivismo judeu, gerado sob circunstâncias prementes na Babilônia, floresce, amadurece, torna-se impertinente e odioso. Entretanto, interpretado esse fator do ponto de vista judeu, ele se nos apresenta como zelo excessivo pelas tradições dos

Page 41: Bibliologia   visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES

40

antepassados, cuja liberdade foi conquistada com derramamento de sangue e com enormes sacrifícios. Durante o Cativeiro, aparecem diversas seitas político-religiosas que, no correr dos anos se multiplicaram, principalmente sob o regime Romano, cuja dominação severa muito contribuiu para essa situação. O Cativeiro Babilônico foi o tiro de morte na tendência do judeu na adoração de ídolos. Hoje, o judeu prefere a morte a prestar culto a uma imagem. Nem as chamas da Inquisição Espanhola, nem as atrocidades de D. João III, conseguiram genuflexar os judeus ante as imagens. Os judeus que foram para Babilônia por causa de idolatria, lá entre os deuses, curaram-se desse mal, cujo efeito perdura ainda. No Cativeiro, graças à benéfica influência dos Profetas do Altíssimo, graças também ao sofrimento, reverdeceu a esperança messiânica, que se mantinha viva ainda nos dias do Novo Testamento.

PPEERRÍÍOODDOO BBAABBIILLÔÔNNIICCOO Conexão Histórica Uma vez morto Saul, Davi dominou sobre as doze tribos de Israel. Venceu os inimigos do seu povo e preparou tudo para que seu filho Salomão esplendesse. De fato, o reino de Salomão foi o mais glorioso de toda a história israelita. As nações do leste e sul pagaram-lhe tributo. Em religião, foram os judeus reconhecidos como "os escolhidos de Jeová". Todos olhavam com expectação para o filho de Davi. Erigiu-se o Templo em Jerusalém. Tudo floresceu naquela nação, até mesmo o luxo, a vaidade, a opressão, a idolatria e a rebelião ao Senhor. Com a morte de Salomão, o reino foi dividido: Norte com Jeroboão, filho de Nebá; e Sul com Roboão, filho de Salomão. O norte estabeleceu sua capital em Samaria e adorou nos "altos"; e o sul ficou com sua capital em Jerusalém e adorou a Deus no Templo de Salomão. O norte abandonou o Templo em Jerusalém e gradativamente também a Jeová para seguir a idolatria, que trouxe como conseqüência, o declínio moral e espiritual; a pobreza e a confusão. Inúteis foram os esforços dos profetas do Senhor em chamar o povo ao arrependimento. Cada rei, que se levantou em Israel, era mais ímpio, mais profano. Esse estado de corrupção encheu a medida da ira de Deus, até que, em 722 a.C. Sargão II, rei da Assíria, destruiu Samaria e dispersou os israelitas por terras estranhas. Em Samaria, deixaram os assírios, povo de raça mongólica, que caldeou com os remanescentes lavradores do norte, dando em resultado aquele povo estranho aos judeus, que tanto dificultou os trabalhos de Esdras e Neemias. Dai a rivalidade entre judeus e samaritanos, como encontramos no Novo Testamento. Judá, depois da queda de Samaria, como nação, durou mais 135 anos. O povo do sul permaneceu fiel ao seu Deus e às tradições dos antepassados, talvez devido à influência da aliança de Jeová com Davi, do Templo e de outras coisas da cidade "santa" Jerusalém. O poderio assírio perturbou muitas vezes a paz de Judá. Desapareceu, porém, a ameaça, quando as armas babilônicas destruíram o predomínio dos filhos de Assur. O mesmo pecado que levou os israelitas ao cativeiro, campeou agora em Judá, e talvez mais acentuado. A palavra, a exortação dos mensageiros de Deus foi desprezada. Os profetas foram perseguidos, alguns barbaramente mortos. Como resultado desse desatino dos judeus, o Senhor mandou-lhes Nabucodonozor que os levou em cativeiro para Babilônia em 587 a.C. O Tempo do Cativeiro Babilônico O Antigo Testamento descreve em linhas gerais os eventos do Cativeiro Babilônico, isto é, quando os judeus foram levados de Jerusalém para a Babilônia, capital da Caldéia. II Reis caps. 24 e 25 e II Crônicas capítulo 36 descrevem de maneira clara o Cativeiro Babilônico. No relato bíblico, entretanto, não se precisa a data do exílio; dá-o a história profana como ocorrido em 587 a.C. Segundo lemos em II Reis cap. 24.1-7, os Babilônicos foram a Jerusalém durante o reinado de Joiaquim, que serviu por três anos Nabucodonozor, rei dos caldeus. Depois de Joiaquim, reinou em seu lugar Joachim. Por esse tempo o Egito foi subjugado pelas armas da Babilônia que se apoderou de todos os domínios egípcios na Ásia. Pela rebeldia de Joachim, que desrespeitou seu tratado com os caldeus, os soldados de Nabucodonozor sitiaram Jerusalém. Atemorizado, o rei de Judá, saiu ao encontro de Nabucodonozor, acompanhado de sua mãe, seus príncipes e seus oficiais. O rei da Babilônia o tomou preso, levou

Page 42: Bibliologia   visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES

41

todos os tesouros da Casa de Jeová, despojou o templo de todos os vasos de ouro e levou dez mil cativos para a Babilônia, dentre artífices, príncipes e gente ilustre de Jerusalém. O próprio Joachim foi transferido para a Babilônia, juntamente com sua mãe, suas mulheres, seus oficiais, homens principais da terra inclusive alguns milhares de ilustres guerreiros. Nabucodonozor deixou Matanias no trono de Judá, tio paterno de Joiaquim, que passou a chamar-se Zedequias. Onze anos durou esse estado de coisas entre Jerusalém e Babilônia, quando irrompeu nova crise entre os dois reinos. Zedequias se rebela contra Nabucodonozor e este, à frente de poderoso exército sitia Jerusalém, durante dois anos — Jeremias 39.2, — abre brecha na muralha da cidade e entra ali triunfante. Os guerreiros judeus fogem espavoridos e atônitos da presença dos caldeus; estes, valendo-se do estado de confusão reinante, passam ao fio da espada homens, crianças, moços e velhos; destroem o suntuoso templo já despojado de suas riquezas. Prendem a Zedequias; matam-lhe os filhos; vasam-lhe os olhos; transferem-no para Ribla, na Babilônia. Levam ainda, outros judeus para Babilônia — Jeremias 39.9. Depois disso, a Bíblia volta a falar-nos do ambiente do povo de Deus em Babilônia, o fim do cativeiro e a volta a Jerusalém, sob Ciro, Dario e outros reis persas.

O Exílio Babilônico A política dos reis caldeus difere diametralmente da dos reis assírios. Enquanto estes dispersavam promiscuamente por terras estrangeiras, os povos vencidos, os caldeus conduziam em levas para Babilônia; os exilados, dando-lhes bairros onde podiam morar em conjunto, gozar de certa liberdade, tanto política como religiosa. Ezequiel e Jeremias deixam claro que os caldeus não oprimiam tanto os exilados como faziam os assírios. O cativeiro Babilônico é muito mais brando do que o egípcio. Os judeus na Caldéia ajudaram a construir edifícios, outros trabalharam em paz nos seus próprios lares. Possuíam casas, como lemos em Ezequiel 3.24 e 33.30. Outros ainda deram-se ao comércio, à agricultura e a outros misteres. Preservaram com muito cuidado as genealogias sacerdotais e reais provindas de Arão e Davi. Foram conceituados, pois Daniel e seus três companheiros assistiam junto ao rei. Podiam, ao modo judeu, adorar o seu Deus. O que aconteceu com os companheiros de Daniel, não deve ser interpretado como perseguição religiosa, mas como intriga política. Continuaram a praticar em Babilônia, alguns serviços religiosos. Tinham sacerdotes, guardavam o sábado, circunci-davam, jejuavam, obedeciam a Lei de Moisés. Cultuavam a Deus, liam a Bíblia e oravam na sinagoga. Admite-se que alguns judeus tenham ingressado no paganismo; minoria, entretanto. O resto se manteve firme em Deus e às tradições do seu povo e voltou para Jerusalém com fé inabalável em Jeová. Durante o exílio, alguns profetas escreveram suas visões e mensagens. Escreveram-se diversos Salmos. Nesses escritos, principalmente nos Salmos, deixa os autores transparecer a tristeza que lhes ia à alma por estarem longe de Jerusalém. Os judeus antes do exílio Babilônico ocupavam-se quase exclusivamente de lavoura e pecuária. Os anos de cativeiro converteram-nos em hábeis comerciantes. Enriqueceram-se. Estabeleceu-se rasgado contraste entre os exilados que se locupletaram, e os que permaneceram em Judá, que eram vitimas de extremada pobreza. Quando os medo-persas deram liberdade aos judeus de retornarem à sua pátria, muitos deles, rejeitaram o convite, pois tinham indústria, comércio, propriedades, riquezas que não lhes permitiam voltar ao torrão natal. Ficaram em Babilônia, Egito, etc. Esses são os judeus da Diáspora ou dispersão.

Finalidade do Exílio A Palavra de Deus afirma categoricamente que o Cativeiro Babilônico veio ao povo judeu, em conseqüência imediata do pecado. Jeremias exortou e exortou o povo ao arrependimento. Se vos converterdes ao Senhor, passará de vós este perigo. O povo não se arrependeu. O castigo veio. Outrora, Moisés disse ao povo que se mantivesse fiel a Jeová. A permanência na terra dependia diretamente de sua fidelidade ao Senhor. "Não terás outros deuses diante de mim" (EX. 20.3) foi o que Deus, por Moisés, disse e reiterou muitas vezes ao povo. Em Deuteronômio, pacientemente Moisés repete ao povo a Lei. A coisa mais recomendada pelo grande legislador é a "obediência". Moisés e

Page 43: Bibliologia   visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES

42

Josué admoestaram o povo judeu a não irem após os deuses dos cananeus. Se fossem fieis em observar a "Lei", teriam bênçãos copiosas; se não a observassem seriam levados para terra estranha. Lemos na resposta de Deus a Salomão, após a dedicação do Templo em Jerusalém (I Reis 9:6-9): "Porém se vos desviardes, vós e vossos filhos, e não me seguirdes nem guardardes os meus mandamentos e os meus estatutos que vos tenho proposto, mas se fordes servir a outros deuses, e lhes derdes culto; exterminarei a Israel da terra que lhe dei; e esta casa, que santifiquei ao meu nome, lançá-la-ei longe da minha presença, e Israel virá a ser provérbio e motejo de todos os povos. Embora esta casa seja tão alta, todavia todo o que por ela passar, pasmará e assobiará e dir-se-á: Porque fez Jeová assim a esta casa e a esta terra? Ser-lhe-á dito em resposta: Porque deixaram a Jeová, seu Deus, que tirou da terra do Egito a seus pais, e se apegaram a outros deuses e os adoraram e os serviram. Por isso trouxe Jeová sobre eles todo este mal". Os profetas tiveram mensagens idênticas e advertiram ao povo para que se abstivessem da idolatria, que fugissem à injustiça e que andassem com inteireza de coração nos retos caminhos do Senhor. Deus lhes mandou repetidas admoestações: fome, praga, peste, seca, etc. A finalidade era converter dos maus caminhos, o povo de Israel. Os judeus, porém, se enfatuaram, entregaram-se a toda sorte de idolatria e injustiças e maldades; desprezaram o Senhor e Sua palavra; perseguiram os profetas e encheram de sangue a terra. Aterraram-se ao Templo e entregaram-se a religiosidade exterior e vazia. Por causa da rebelião dos judeus, veio o terrível "dia de Jeová". Jerusalém foi destruída, o Templo profanado e reduzido a pó e o povo cativo, foi levado para Babilônia. Os judeus foram escolhidos por Deus para uma nobre missão: a de dar ao mundo o Messias. Mas, num dado período de sua vida desviaram-se dessa finalidade proposta por Deus. Assim foi que Nabucodonozor corrigiu a idolatria dos judeus. Israel deveria ser purificado pelo isolamento. A liberdade espiritual conquistada pela servidão política; a nação sacerdotal deveria ser consagrada pelo sofrimento. Deste processo, viria uma revolução moral; o egoísmo seria destruído, bem como os desajustes espirituais; “estabelecer-se-ia um novo ideal de fé e santidade e a preparação para a tarefa que aguardava o "restante santo", de cujo seio sairia o Salvador do mundo". A finalidade principal, pois, do Exílio Babilônico, foi "punir" e "educar" o povo de Deus; reintegrá-lo no caminho do Senhor e prepará-lo para o advento do Messias. Profetas do Exílio Em 605 a.C. os Babilônicos começaram a ter predomínio sobre os judeus. Levaram nesse tempo, com alguns judeus, Daniel, Ezequiel e outras pessoas. Em princípios de 587 o rei Joiaquim e grande parte do seu povo foram transportados para a capital dos caldeus. No fim de 587, sob Zedequias, Jerusalém foi destruída e o Templo incendiado. O povo foi conduzido em levas, para o cativeiro em Babilônia. Quando afinal o Templo foi incendiado e o reino de Judá totalmente destruído, muitos deveriam ter pensado que Jeová não fosse poderoso como os deuses da Babilônia. Alguns abandonaram sua fé religiosa, para se tornarem iguais aos gentios. Outros deram ouvidos aos falsos profetas, que predisseram: Jeová dentro de breves dias restaurará o seu povo no seu próprio país. No exílio, os judeus não tiveram reis. Ao sacerdócio proibiu-se o exercício de suas funções. Dos três ofícios da teo-cracia israelita: profeta, sacerdote e rei, sobreviveram apenas a voz da profecia. Sobre o profeta recaiu a responsabilidade toda da liderança. Os fenômenos, graças à Providência divina são recíprocos: para grandes necessidades, grandes homens. No escuro céu de Babilônia onde se achava o povo do Senhor, começaram a brilhar Ezequiel, Daniel, Jeremias, Isaias e outros Todos trazem ao povo mensagens de consolação e esperança. Os profetas animaram os exilados. Ezequiel foi levado para a Babilônia em 598 A.C. Foi comissionado por Deus para o ministério profético entre 593 e 571 a.C. O seu ministério anterior à queda de Jerusalém, e cheio de visões e admoestações ao povo, para ver se conseguia evitar a catástrofe que ameaçava perder a sua pátria. Posteriormente, quando não mais existia o Templo em Jerusalém, o Profeta anuncia a restauração de Israel e seu futuro feliz (caps. 33 a 48). Ezequiel é chamado o profeta da esperança, pois anuncia (cap. 37) que a graça de Deus operará a restauração de seu povo. "Farei com eles um concerto de paz... e porei no meio deles o meu santuário para sempre''.

Page 44: Bibliologia   visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES

43

Assim, das orlas do Quebar, sai a voz de conforto e esperança que ecoa no coração de todos os exilados judeus. Daniel, o sábio servo do Senhor, esteve em evidência na corte Babilônica. Chegou à elevadíssima posição de vice-rei. "E revelador pessoal da providência divina" sobre Babilônia e seu rei. Daniel foi o sábio estadista e o grande administrador. Conselheiro do rei e orientador dos negócios da corte. O profeta do Senhor, confortou também o seu povo. Jeremias, depois de exortar o seu povo ao arrependimento, antes da queda de Jerusalém, dedica parte do seu livro a confortar os cativos de Babilônia. Sua carta aos exilados consola e anima com bons conselhos, o povo de Deus que estava em Babilônia. Suas palavras são esperançosas. Deus, no fim dos 70 anos, visitaria o seu povo e dar-lhe-ia a primitiva glória. Mudaria sua tristeza em alegria. A segunda parte de Isaias (Isaias caps. 40-66) é escrita para edificar os abatidos de coração que se achavam em Babilônia. Jeová é o verdadeiro Deus. Sua promessa a Abraão, reiterada depois às posteridades, é real. Reverdece a esperança messiânica. Os Ídolos que agora vos atormentam, nada são; mera vaidade humana. O Cativeiro era de caráter provisório. Logo viria o "Servo Sofredor" e carregaria no seu corpo as enfermidades de todos, curando-os "por suas pisaduras.

PPEERRÍÍOODDOO MMEEDDOO--PPEERRSSAA Eventos políticos da dominação persa A Média — A Média fica no majestoso Planalto do Iran, a leste da Cadeia de Zagros, a oeste da Mesopotâmia, comunicando-se com o Mar Cáspio. Os medos descendem de um grupo IRANIANO. O fundador da dinastia média foi Ciaxiares (633 a.C.), que auxiliou Nabopalassar a destruir Nínive. Sucedeu-lhe no trono, seu filho Astíages, cuja filha foi desposada por Cambises, pai de Ciro, Vassalo da Média.

A Pérsia — A Pérsia, era no tempo de Astíages, tributária da Média. A Pérsia antiga estava situada a oeste do Golfo Pérsico, ao sul de Babilônia e sul da Média. Quando Ciaxiares fundou a famosa dinastia médica, a Pérsia era uma de suas humildes colônias. Casando Cambises com a filha de Astíages, o medo, seus domínios não sofreram alteração. Nenhum beneficio lhe resultou deste matrimônio, ainda que ansiosamente o esperasse. A suprema ambição de Cambises: alargar o território persa — tomou-se um recalque em Ciro, que se transformou. Percebe-se nas entrelinhas da História, que havia sérias rivalidades entre Persas e Medos. Com a queda de Nínive, Pérsia ficou sendo Tributária da Média. Desgostava aos persas esse jugo. Restava-lhes uma esperança — a política de casamento. Cambises desposou a filha de Astíages. Esperou em vão território e liberdade, mas nada lhe deram.

Interpretação da Queda da Babilônia

Ciro, sem dúvida, foi um célebre libertador. Deus havia predito alguns feitos de Ciro. Em Isaias 44.26-28, "Ciro é o Pastor de Jeová, que cumprirá todo o seu beneplácito". Em 45.1 "Ciro é o ungido de Jeová". Em 47.13 ", Ciro reedificará as cidades de Judá". Entrando Ciro em Babilônia, os judeus que ali se achavam, foram e mostraram, ou o informaram dessas profecias, e o rei Persa libertou os filhos de Israel. Libertou a todos os cativos não somente da Babilônia, mas de outras regiões. Firmara Ciro um propósito no seu coração, não tirar nenhum povo de sua terra, de seu lar. Estava, portanto no seu plano de realizações libertar todos os cativos. Ciro fez proclamar um edito nestes termos: Os judeus que livre e espontaneamente desejarem voltar à sua pátria, poderão contar com as garantias do rei. Zorobabel, da linhagem real e Josué da linhagem sacerdotal, voltaram chefiando a primeira leva de 50 mil judeus. Levaram vasos e outras provisões. O "restante" de Isaias voltava agora para sua pátria cantando: "Se eu me esquecer de ti, Jerusalém, esqueça-se a minha mão direita da sua destreza. Apegue-se-me a língua ao céu da boca, se eu não me lembrar de ti, se eu não preferir Jerusalém à minha maior alegria". Chegando a Jerusalém, edificaram um altar e o culto a Jeová foi restabelecido. Lançaram os alicerces do Templo. Habitaram a terra, mas tiveram de lutar contra os Filisteus, os Edomitas, Moabitas, Amonitas, os mongólicos Samaritanos e outros, que se haviam estabelecido no

Page 45: Bibliologia   visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES

44

país. A ascensão de Ciro, portanto, significa, cumprimento da vontade de Deus, libertação do "Restante" de Judá, restauração da cidade de Jerusalém, templo, culto e sacrifícios a Jeová. Daniel que dá a exata interpretação às palavras escritas na parede: "Mene: Deus contou o teu reino e o acabou; TEKEL: Pesado na balança e achado em falta; PERES: Está dividido o teu reino, e entregue aos Medos e aos Persas"! Consuma-se desse modo, a queda de Babilônia. Ciro, ao entrar em Babilônia ordenou que os sacerdotes ungissem seu filho em nome do deus local. Ciro prossegue em suas conquistas. Matam-no os Citas. Seu filho Cambises continua as guerras de seu pai. Toma uma parte da Europa e consolida as posses do grande Império Medo-Persa. Sucessos Espirituais sob o regime Persa Por Nabuzaradan, sob Nabucodonozor, Judá foi levado cativo para a Babilônia. O exílio veio a Israel em conseqüência do pecado. A influência dos judeus sobre Nabucodonozor e os Babilônios em geral, foi muito grande. Deus prosseguia, através dessas vicissitudes, a preparar o mundo para vinda de seu Filho. O Senhor transformou em bênção a aflição de seu povo. Quando Ciro dominou a Babilônia proclamou um edito de liberdade aos filhos do cativeiro, permitindo-lhes voltar a Jerusalém. Além dessas bênçãos, devemos convir em que no Exílio, Deus conseguiu vitórias sobre o seu povo: A Idolatria destruída; A Lei de Moisés respeitada; Inauguração do Culto Público; Reverdecimento da Esperança Messiânica; Pronunciado Nacionalismo.

PPEERRIIOODDOO GGRREECCOO--MMAACCEEDDÔÔNNIIOO

Explicação Chamamos "Período Grego" o tempo da Dominação Macedônica no mundo. Estende-se das primeiras conquistas de Filipe, até as Guerras Macabéias (333 a 167 a.C.).

Geografia A Grécia Antiga divide-se em duas partes gerais: no norte a Hélade, com capital em Atenas e ao sul o Peloponeso, ligado ao continente pelo istmo de Corinto, com a capital em Esparta. Religião dos Gregos A religião ocupava lugar central na vida dos Gregos. Seus deuses que se contavam as centenas, seus santuários, seus jogos e tantos outros pormenores sobre religião, devem preocupar-nos e levar-nos a estudar minuciosamente o assunto. Alexandre Magno Alexandre era filho de Filipe. Educara-se aos pés de Aristóteles. Sempre ao lado de seu pai, ajudava-o nos planos bélicos. Admirador apaixonado de Homero; sonhava com glórias e conquistas. Viram-no chorar um dia ao ouvir das vitórias de Filipe: "Meu pai não me deixará, pois, nada a fazer". Era homem providencial para derribar e levantar impérios. Salvou a vida de seu pai das mãos dos bárbaros no Danúbio. Atribuem-lhe a vitória de Queronéia. Há tantas inverdades em torno de Alexandre, que é difícil separar-se o trigo do joio. Aos 20 anos, por morte de seu pai, assumiu as rédeas do governo do Império Macedônio. Jovem ainda, as nações subjugadas viram nisso áurea oportunidade para sacudirem o jugo Macedônio. Os Tribálios, os Getas e os Ilirios se levantaram contra Alexandre. O jovem General, com incrível celeridade subjuga esses insurretos. Depois dessas brilhantes vitórias, todos o temeram, todos o respeitaram. Acabava de submeter os Ilirios, quando foi, às pressas, chamado à Grécia para sufocar um movimento de insurreição. Destruiu a cidade de Tebas, reduzindo-a a monturos. A única coisa que se salvou, foi a casa do poeta Píndaro. Bastou o exemplo.

Page 46: Bibliologia   visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES

45

Atenas o recebeu com vivas e aplausos, proclamando-o seu generalíssimo nas guerras contra os persas. Divisão do Império de Alexandre Ainda em vida, Alexandre predisse que seus amigos lhe fariam "cruento funeral". Cumpriu-se o vaticínio. O Macedônico não deixou sucessor direto, pois tinha um irmão, mas era imbecil, e um filho com poucos anos de idade. Pérdicas no principio, governou como regente, passando-a sucessivamente a Antípatro e Polispércon. Os outros generais uniram-se e combateram os regentes. Com as lutas, veio a divisão e com esta a debilidade do grande Império de Alexandre. Cassandro, após a morte de seu pai Antípatro, reinou na Europa. Ptolomeu dominou no Egito, Antíoco na Ásia e Selêuco na Babilônia. Houve guerras entre estes e outros generais. Alguns deles morreram e o Império ficou assim dividido: O Egito coube a Ptolomeu; a Síria a Selêuco; a Macedônia a Cassandro; e a Trácia a Lisímaco.

OO PPEERRÍÍOODDOO MMAACCAABBEEUU

O tempo Entende-se o período Macabeu, de 167 a 63 a.C. Abrange 40 anos. Começou com Antíoco IV, o Epifanes.

Macabeu O nome Macabeu, hoje está muito vulgarizado por causa dos livros apócrifos da Bíblia Católica, que trás I e II Macabeus. Entretanto, poucos conhecem sua etimologia. Macabeu, grego "MAKKABAIOS". Pensam alguns que vem da palavra MKHBJ, compõe-se das principais letras da sentença "Quem entre os deuses é semelhante a Ti, Jeová" de Êxodo 5.11. Outros ainda acreditam que venha de uma palavra hebraica, cuja significação é "destruidor". William Smith opina que "Macabeu”, foi originalmente o sobrenome de Judas, o terceiro filho de Matatias, e sua etimologia provável se originam de Macabá, que significa "martelo". Hasmoneos, ou melhor, Chasmoneana, é o nome próprio da família de Chasmon, o bisavô de Matatias conforme lemos em I Crônicas 24.7 e Neemias 12.19. Natureza do Período O Período chamado "Macabeu" se caracteriza por lutas, perseguições, sacrifícios, e finalmente por um longo período de independência e paz. Guerra Macabéia O iníquo Apolônio governa com mãos de ferro a Judéia. Extravasa sobre os pobres e indefesos judeus, o ódio de seu amo, Antíoco Epifanes, que com razão foi chamado Epimanes, "o louco". Ateneu, uma espécie de inquisidor-mor, um tipo de torquemada, é o fanático perseguidor que impõe, a ferro e a fogo, os ídolos pagãos dos sírios. É implacável. Não perdoa a ninguém. Persegue, prende, açoita, mata, tudo em nome de religião. Seus emissários vão por todos os termos da Judéia buscando os "hereges", como Saulo mais tarde andará a cata de cristãos. Jerusalém está reduzida a escombros, e sua população dizimada. Milhares de seus ilustres filhos tombaram ante a fúria, o desvario, o desatino de Epifanes. O povo judeu ficou reduzido e humilhado. Os poucos jerusalemitas que con-seguiram sobreviver à catástrofe do "sírio-louco", fugiram pára os pequenos arraiais da Judéia e esconderam-se nas cavernas e nos montes. A maior glória, a coisa mais sagrada dos judeus, o templo, construído por Esdras e Neemias, fora agora profanado, da maneira mais vil para um filho de Abraão — os sírios introduziram um porco no seu santuário. Os judeus preteriam a morte, a verem tamanha transgressão. O amor que os israelitas devotavam à religião e à tradição de seus antepassados, era muito grande e mais forte que muitos exércitos sírios somados. Esse amor, muitas vezes recalcado pela intolerância e impiedade dos sírios, tornar-se-ia um patriotismo brilhante, capaz de sacudir o jugo profano e iníquo de Epifanes e devolver à Palestina sua independência política e religiosa.

Page 47: Bibliologia   visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES

46

Dormia latente, no entanto esse patriotismo no peito de cada judeu sincero. Era mister que a taça dos crimes de Epifanes se enchesse. Todos os judeus sentiam a mesma coisa - lutar para ser livre, ou morrer sob o tacão de seus perversos dominadores. Faltava, em meio àquele silêncio que coagia os filhos de Israel, apenas um "grito", uma voz de comando, como outrora de um Josué, de um Gideão, ou de um Samuel conclamando o povo a luta, ao sacrifício. Todos os judeus estariam a postos. Nenhum fugiria ao combate. Esse patriotismo dos judeus estava destinado a assinalar nas páginas de sua gloriosa história, os feitos mais notáveis. Nesse estado de consciência, nessas prementes circunstâncias, os judeus aguardavam o grito de independência. Foi em Modeina, num lugarejo entre Jerusalém e Jope, a sudoeste da Palestina, portanto, que um velho, mas fiel sacerdote do Senhor, cujo nome era Matatias, deu o primeiro grito de independência. Matatias, filho de Simão, filho de Johanan, filho de Hasman, da turma de Joarib, (as primeiras vinte e quatro turmas estabelecidas por Davi). Era descendente direto da casa de Arão. Matatias tinha cinco filhos: João, Simão, Judas, Eleazar e Jônatas. Matatias, foragido em Modeina, acha-se certo dia na vila. Apolônio e Ateneu mandaram um esbirro às províncias de Judéia, para mais torturar a consciência dos judeus. Apeles, o comissário fiscal de Ateneu, obrigou a Matatias e outro judeu a oferecerem sacrifício aos deuses. O velho sacerdote terminantemente se recusou fazê-lo. Choveram as ameaças de Apeles contra os dois judeus. O outro judeu, condescendendo com o comissário, dobra-se aos ídolos e vai oferecer sacrifício, quando Matatias matou a ambos, ao renegado judeu e ao comissário de Apolônio. A seguir, o ancião, sentindo renovadas suas forças, derrubou o pagão e lançou a proclamação: Independência! Independência! Seu brado ecoou por todas as montanhas da Judéia e feriu os ouvidos dos oprimidos judeus. Chegou o dia da nossa libertação. Antes, porém, espera-nos o sacrifício. Lancemo-nos à luta e Jeová nosso Redentor pelejará por nós. Reunindo seus cinco destemidos filhos, Matatias foge para as montanhas, a fim de engrossar as fileiras de seu pequenino exército, defender-se dos famigerados sírios e proteger seus irmãos de raça. Os judeus acercaram-se logo de Matatias e começaram a lutar com ardor, por sua independência religiosa e política. Os sírios e traidores judeus, ficaram indignados ante o avanço do velho sacerdote. Nada fizeram senão localizar os patriotas judeus e esperar pelo sábado, dia em que os adeptos de Moisés descansam, em obediência à Lei do Senhor. De fato, no sábado, cessaram os judeus de toda a sua obra. Cultuavam ao Senhor. De emboscada, os sírios lançaram-se sobre os judeus e mataram cerca de mil soldados. Os judeus preferiram a morte a violar o sábado de Jeová. Matatias aprendeu a lição desse trágico incidente. O sangue das vitimas autorizou-o a pregar: Nesta luta pela vida, pela liberdade e pela religião, pode-se quebrar a guarda do sábado, tratando-se de legítima defesa. Depois de meses de lutas, e já enorme seu exército, o ancião Matatias veio a falecer. Matatias, antes de exalar o último suspiro, recomendou a seus filhos que tomassem a Simão por conselheiro e a Judas como chefe militar; que se unissem "pelos laços da maior abnegação na sua consagração, à causa de seu pai, que era a de seu país".

Page 48: Bibliologia   visão panorâmica e aspectos da formação da bíblia

ESUTES – Escola Superior de Teologia do ES

47

BBIIBBLLIIOOGGRRAAFFIIAA

• CABRAL, J. – Introdução Bíblica – 7ª. Ed. Rio de Janeiro, Universal, 1997.

• GILBERTO, Antônio - A Bíblia através dos Séculos – 3ª. Edição, São Paulo, Editora CPAD, 1998.

• MCDOWELL, Josh – Evidência que exige um veredicto, Evidências históricas da fé cristã - 2ª Edição, São Paulo, Editora Candeia, 1996.

• VIELHAUER, Philipp - História da Literatura Cristã Primitiva – 1ª Edição, São Paulo, Editora Academia Cristã, 2005.

• TAETS, Deodor - A Razão da Nossa Esperança – Rio de Janeiro, Editora JUERP, 1999.

• GEISLER, Norman L. e NIX William E. - Como a Bíblia chegou até nós - 1ª Edição, São Paulo, Editora Vida, 1997.

• LAHAYE, Tim - Como estudar a bíblia sozinho – 5ª Edição, São Paulo, Editora Betânia, 1984.

• MEIN, John - A Bíblia E Como Chegou Até Nós – JUERP - 7ª Edição, Rio de Janeiro, 1987.

• TOGNINI, Enéas - O Período Interbíblico - 5ª Edição, São Paulo, Editora Louvores do Coração LTDA, 1951.

OBS: É proibida a reprodução total e/ou parcial deste material, sem prévia autorização. Ele é de USO EXCLUSIVO da ESUTES, e protegida pela Lei nº. 9.610 de 12.01.1998, que regula direitos autorais e de compilação de obra, sendo proibida a sua utilização em outro estabelecimento de ensino missiológico e/ou teológico.

Visite também os sites:Visite também os sites:Visite também os sites:Visite também os sites:

www.vivos.com.br - www.palavraprudente.com.br - www.jesussite.com.br

ESUTES ESUTES ESUTES ESUTES ---- ESCOLA SUPERIOR DE TEOLOGIA DO ESPÍRITO SANTO ESCOLA SUPERIOR DE TEOLOGIA DO ESPÍRITO SANTO ESCOLA SUPERIOR DE TEOLOGIA DO ESPÍRITO SANTO ESCOLA SUPERIOR DE TEOLOGIA DO ESPÍRITO SANTO

HOME PAGE: HOME PAGE: HOME PAGE: HOME PAGE: www.esutes.com.br