benefícios da utilização da cadeia cinética fechada para a

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0 Curso de Fisioterapia Daniel Silveira França BENEFÍCIOS DA UTILIZAÇÃO DA CADEIA CINÉTICA FECHADA PARA A REABILITAÇÃO PÓS-OPERATÓRIA NA LESÃO DO LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR Rio de Janeiro 2007

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Curso de Fisioterapia

Daniel Silveira França

BENEFÍCIOS DA UTILIZAÇÃO DA CADEIA CINÉTICA FECHADA PARA A REABILITAÇÃO PÓS-OPERATÓRIA NA LESÃO DO

LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR

Rio de Janeiro 2007

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DANIEL SILVEIRA FRANÇA

BENEFÍCIOS DA UTILIZAÇÃO DA CADEIA CINÉTICA FECHADA PARA A REABILITAÇÃO PÓS-OPERATÓRIA NA LESÃO DO

LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR

Monografia de Conclusão de Curso apresentada ao Curso de Fisioterapia da Universidade Veiga de Almeida, como requisito para obtenção do título de Fisioterapeuta. Orientador: Prof.: Nelson Marques

Rio de Janeiro 2007

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DANIEL SILVEIRA FRANÇA

BENEFÍCIOS DA UTILIZAÇÃO DA CADEIA CINÉTICA FECHADA PARA A REABILITAÇÃO PÓS-OPERATÓRIA NA LESÃO DO

LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR

Monografia de Conclusão de Curso apresentada ao Curso de Fisioterapia da Universidade Veiga de Almeida, como requisito para obtenção do título de Fisioterapeuta.

Aprovada em: ____/____/2007. BANCA EXAMINADORA Prof. __________________________________________________ Universidade Veiga de Almeida - Presidente da Banca Examinadora. Prof. __________________________________________________ Universidade Veiga de Almeida - Membro da Banca Examinadora. Prof. __________________________________________________ Universidade Veiga de Almeida - Membro da Banca Examinadora.

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DEDICATÓRIA

A minha namorada que muito me incentivou

e ajudou sempre que eu precisei,

que está sempre ao meu lado

nos momento bons e ruins.Te amo muito.

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AGRADECIMENTOS

A todos que colaboraram para que eu chegasse até aqui, principalmente meus amigos, minha família pelo apoio, namorada pelo carinho nos momentos mais difíceis e a meu amigo Jorge Fernandes pela ajuda e apoio para a construção deste trabalho. Também ao meu orientador pela colaboração no meu trabalho e por tudo a que me foi ensinado.

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EPÍGRAFE

“Erros são no final das contas, fundamentos da

verdade. Se um homem não sabe o que uma coisa é, já

é um avanço do conhecimento saber o que ela não é”.

(Carl Gustav Jung)

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RESUMO

O trabalho a seguir apresenta uma revisão bibliográfica da literatura a respeito da lesão do ligamento cruzado anterior e seu tratamento. Esta revisão tem por objetivo ressaltar a intervenção do fisioterapeuta utilizando-se de exercícios em cadeia cinética fechada como uma forma de tratamento pós-operatório imediato em paciente que foram submetidos a reconstrução do LCA, além de esclarecer as etapas que devem ser seguidas pelo fisioterapeuta afim de obter uma reabilitação completa e o retorno as atividades de vida diária do paciente. No capitulo 1 será destacada a biomecânica juntamente com o mecanismo de lesão, e a fisiologia articular; no 2º capitulo vão ser abordados os aspectos clínicos da lesão, ou seja, como chegar ao diagnóstico, que exames podem ser utilizados e os tipos de cirurgia; já no capitulo 3 e 4 será abordado a atuação do fisioterapeuta na reabilitação do LCA, definindo o conceito de cadeia cinética fechada e diferenciando de cadeia cinética aberta, e serão vistas as formas de intervenção fisioterapeuticas e os recursos para que se possa obter uma boa reabilitação pós-reconstrução do LCA. Palavras chave: Ligamento Cruzado Anterior, reabilitação, treinamento, exercícios, cadeia cinética fechada.

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ABSTRACT

This research presents an up-to-date review as literature regarding to the front cruciate ligament injury and its treatment. The research work to follow has the objective to stand out the physiotherapy intervention, considering exercises in the closed kinetic chain as on of its resources in the immediate postoperative treatment in patients submitted to the reconstruction of the crossed ligament previous, besides, clarifying the stages that must be followed by a physiotherapist, for a complete whitewashing and the return its activities. In the chapter 1 be de tached the biomechanics, joint physiology and injury mechanism; on the chapter 2 will be seen the diagnosis, witch types of exams can be used, and the types of the ciurgires can be used. On the chapter 3 and 4, will be seen the actuation of the physiotherapist in the rehabilitation of anterior cruciate ligament, differing the closed kinetic chain of the open kinetic chain, will be seen too the forms of intervention physiotherapies and the recourses for can be bather rehabilitation postoperative of the anterior cruciate ligament. Key words: Anterior Cruciate Ligament, rehabilitation, treatment, exercises, closed kinetic chain.

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LISTAS DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ADM – Amplitude de Movimento AVDs – Atividades de Vida diária AEDI – Adaptação Específica as Demandas Impostas CCA - Cadeia Cinética Aberta CCF – Cadeia Cinética Fechada CPM - Contimuous Passive Motion-Stryker-Leg FNP – Facilitação Neuroproprioceptiva LCA – Ligamento Cruzado Anterior LCM – Ligamento Colateral Medial PRICE - Proteção, repouso, gelo, compressão e elevação RM – Ressonância Magnética VMO – Vasto Medial Oblíquo

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OBJETIVOS

Objetivos gerais – Identificar os mecanismos de lesão do ligamento cruzado anterior

além de apresentar a cadeia cinética fechada como recurso no tratamento da lesão do LCA.

Objetivos específicos – Destacar o tratamento pós-cirúrgico utilizando a cadeia

cinética fechada como recurso terapêutico para a reabilitação, e o papel do fisioterapeuta

dentro do programa de tratamento destacando:

Os princípios para o tratamento da lesão;

A reabilitação específica do joelho pós-cirúrgico;

Os objetivos do tratamento.

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 11 CAPÍTULO 1 CONSIDERAÇÕES GERAIS................................................................. 12 1.1 Anatomia ...................................................................................................................... 12 1.2 Mecanismo de Lesão.................................................................................................... 15 1.3 Características Clínicas............................................................................................... 17 CAPÍTULO 2 ASPECTOS CLÍNICOS .......................................................................... 19 2.1 Diagnóstico Clínico...................................................................................................... 19 2.2 Exames Complementares............................................................................................ 21 2.3 Abordagem Cirurgica ................................................................................................. 22 CAPÍTULO 3 ATUAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NA LESÃO DO LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR ENFOCANDO A REABILITAÇÃO EM CCF................... 24 3.1 Definindo Cadeia Cinética Fechada (CCF)............................................................... 24 3.2 Cadeia Cinética Fechada Versus Cadeia Cinética Aberta....................................... 23 3.3 Treinamento em Cadeia Cinética Fechada ............................................................... 27 3.3.1 Contração Muscular.................................................................................................... 27 3.3.2 Biomecânica ............................................................................................................... 28 3.3.3 Fatores Neurofisiológicos........................................................................................... 29 CAPÍTULO 4 OS BENEFÍCIOS DA CADEIA CINÉTICA FECHADA NO TRATAMENTO DA LESÃO DO LCA .......................................................................... 31 4.1 Diretrizes Acerca de Dosagens ................................................................................... 31 4.2 Considerações Sobre as Posturas ............................................................................... 33 4.3 Contra Indicações da CCF ......................................................................................... 34 CAPÍTULO 5 PROGRAMA DE TRATAMENTO FISIOTERAPEUTICO .............. 36 5.1 Princípios Gerais para a Reabilitação do Joelho...................................................... 36 5.2 Reabilitação Específica do Joelho no Pós-operatório da Lesão do Ligamento Cruzado Anterior (LCA) .................................................................................................. 38 5.3 Objetivos do Tratamento ............................................................................................ 43 CONCLUSÃO.................................................................................................................... 48 REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 49 ANEXOS ............................................................................................................................ 52

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INTRODUÇÃO

A lesão e o tratamento do Ligamento Cruzado Anterior (LCA) têm sido muito

discutidos nos últimos anos e, sem dúvida, são o destaque entre as patologias que

acometem a articulação do joelho. Este fato deve-se ao importante papel biomecânico que

este ligamento exerce sobre o joelho e de sua grande incidência de lesões. A lesão do LCA

pode alterar de forma marcante a performance do atleta ou de um indivíduo comum em

suas atividades do dia-a-dia. (Hebert, 2003).

O objetivo deste estudo é mostrar uma revisão atualizada sobre tal assunto e mostrar

os benefícios de se realizar atividades em cadeia cinética fechada para a total reabilitação

funcional do joelho, descrevendo os principais pontos de atuação fisioterapêutica e

descrever, observando-se os detalhes, os princípios básicos para a reabilitação do

Ligamento Cruzado Anterior.

O LCA é o principal restritor da translação anterior da tíbia sobre o fêmur, sendo a

sua lesão e a reconstrução associadas a mudanças neuromusculares, como por exemplo, a

diminuição da propriocepção, alteração dos reflexos musculares que são iniciados pelo

Ligamento Cruzado Anterior, diminuição de força muscular do quadríceps e alterações de

marcha e posturais. Essas alterações parecem ser decorrentes da redução das informações

sensoriais que são fornecidas pelos mecanorreceptores que estão presentes no LCA.

(Andrews, 2000).

Apesar das diferenças biológicas, os exercícios em cadeia cinética fechada acabam

por trazer inúmeros benefícios aos pacientes com o diagnóstico de lesão do LCA, quando

são aplicados de forma correta, isto é, nas fases certas, e de forma precisa, evitando a

translação anterior da tíbia. (Andrews, 2000).

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CAPÍTULO 1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

1.1 ANATOMIA

Os ligamentos são estruturas responsáveis pela estabilização estática das

articulações, sendo estes formados por tecido conjuntivo denso e organizado. Alguns

ligamentos prendem-se primeiro ao periósteo, que então se liga ao osso. O local de falência

dessas estruturas é em função da carga que ela experimenta. Os ligamentos apresentam

maior resistência a uma carga lenta do que a uma carga rápida, assim uma carga rápida

pode produzir uma lesão intra-ligamentar enquanto que uma carga mais lenta causa lesões

ao nível ou próximo a interface osso-ligamento. (Hebert, 2003). (anexo 1, p. 44)

Segundo Rockwood et al. (1994), os ligamentos cruzados foram descobertos por

Galeno em 170 d.C., não sendo abordado acerca de sua função. O primeiro registro sobre

uma ruptura de ligamento cruzado foi descrito em 1850, juntamente com a exposição inicial

da tríade de lesão do ligamento cruzado anterior, menisco medial e ligamento colateral

medial, contribuindo desta maneira para um avanço no tratamento dos ligamentos cruzados.

O ligamento cruzado anterior mede aproximadamente 38mm de comprimento e 10 mm de

largura, originando-se na face póstero-medial do côndilo femoral lateral, inserindo-se na

interespinha da tíbia, e a maior parte do seu suprimento sangüíneo é fornecida pela artéria

genicular média e sua inervação é feita pelo nervo tibial.

Dângelo e Fattini (2000), afirmam que os ligamentos cruzados se estendem da fossa

intercondilar do fêmur à tíbia, respectivamente, anterior e posterior a eminência

intercondilar. Os ligamentos cruzados se encontram estirados em todos os movimentos,

obtendo estiramento máximo com a perna em extensão. Desta maneira, o ligamento

cruzado anterior impede o deslizamento do fêmur sobre a tíbia posteriormente, enquanto o

ligamento cruzado anterior impede o deslizamento do fêmur sobre a tíbia para frente.

A configuração óssea incongruente da articulação pouco contribui para a

estabilidade ou para a integridade da articulação. Os meniscos melhoram a estabilidade

estática porém, não têm efeito sobre o componente cinético; além disso os músculos que

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concedem movimento às articulações também pouco contribuem para a sua estabilidade.

Somente os ligamentos da articulação do joelho oferecem a estabilidade estática e cinética à

articulação. (Cailliet, 2001).

O LCA é um dos ligamentos intracapsulares e extra-capsulares do joelho. Fixa-se

medialmente na área intercondiliana anterior da tíbia e na face póstero-medial do côndilo

femoral lateral. O ligamento é constituído por dois feixes distintos, um feixe ântero-medial

menor e um feixe póstero-medial mais calibroso. Apesar de existir tensão no LCA através

de toda a amplitude de movimento tibiofemoral, o feixe ântero-medial fica mais tenso em

flexão, enquanto o feixe póstero-lateral torna-se mais tenso em extensão. (Andrews, 2000)

(anexo 2, p. 44).

O Ligamento Cruzado Anterior apresenta um comportamento mecânico

individualizado e estudos demonstraram variações de 35 a 159 kgf para sua resistência

máxima à tração. Cabe ressaltar que este ligamento é o responsável por 85% da

estabilização anterior do joelho. (Herbert, 2003).

É importante destacar a importância dos ligamentos tanto no processo mecânico de

estabilização do joelho, quanto na propriocepção. Os ligamentos apresentam

mecanorreceptores responsáveis por informar ao sistema nervoso central sobre em que

posição se encontra a perna, qual a velocidade do movimento que está sendo realizado e os

limites de tais movimentos. Além disso, são encontradas também terminações nervosas

livres, responsáveis pela informação de dor. A lesão dos ligamentos pode levar a

instabilidades que poderão ser corrigidas cirurgicamente, levando-se em conta qual o

ligamento lesado, grau de instabilidade, idade, atividade de vida diária que o paciente

exerce e o desejo do paciente em manter o mesmo grau de atividade anteriormente à lesão.

(Grinberg ,1995).

Os ligamentos funcionam para limitar o movimento articular e para guiar os ossos

dentro do movimento, em geral apresentando uma estrutura interna dupla, de maneira que

podem estabilizar a articulação nos extremos do movimento. (Herbert , 2003).

O joelho é essencialmente instável, devido a sua localização entre os dois ossos

mais longos do corpo. A estabilidade do joelho é mantida através de contenções dinâmicas

e estáticas. (Andrews, 2000).

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O LCA é composto por uma banda ântero-medial, que é tencionada com a flexão do

joelho e relaxada com a extensão, e outro feixe póstero-lateral que tensiona na extensão e

relaxa na flexão. Também se pode identificar uma banda intermediária que fica em tensão

durante todo o alcance de movimento da extensão e flexão do joelho. (Peterson e Renstrom,

2002).

As duas faixas seguem juntas e são interligadas ao longo de seu comprimento por

um material maleável, permitindo sua movimentação de forma diferente. Isto implica no

fato de que porções distintas do ligamento podem se contrair e afrouxar durante o

movimento do joelho, onde fibras deste ligamento permanecem constantemente tensas

durante tal movimento. (Calliet, 2001).

Kapanji (2000), considera três fatores sobre os ligamentos: a espessura do

ligamento, onde quanto mais espesso mais resistente ele é, porém terá menor capacidade de

alongamento; a estrutura do ligamento, onde o recrutamento das fibras ligamentares se dá

de forma seletiva, pois leva-se em conta as suas inserções que apresentam comprimentos

diferentes; a extensão e direção das inserções, pois como a maioria das fibras não se insere

de forma paralela e sim oblíqua, faz com que fiquem torcidas sobre si mesmas,

possibilitando uma modificação na direção do movimento.

Segundo Hall, (2000), o fêmur e a tíbia apresentam grande capacidade de gerar

torque na articulação do joelho, visto que são as maiores alavancas do corpo.

O LCA está diretamente relacionado à restrição da anteriorização da tíbia em

relação ao fêmur, sendo responsável por 85% da estabilização anterior. (Camanho et al.,

1999).

Além de controlar a translação tibial anterior, o LCA exerce outras funções que

incluem o mecanismo de trava ou parafuso, o controle do estresse em valgo, varo e

hiperextensão e uma função guia durante a extensão e a flexão do joelho. (Andrews, 2000).

A importância do LCA ainda permanece controversa; existem várias opiniões onde

alguns acreditam que ele é relativamente pouco importante como um “estabilizador

essencial do joelho”, porém a maioria dos pesquisadores concorda que o LCA previne a

luxação anterior e limita a rotação tibial sobre o fêmur, além de promover a diminuição do

estresse em valgo e varo sobre o joelho. (Calliet, 2001).

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A participação cada vez maior de indivíduos em atividades desportivas nos anos

mais recentes, acabou por aumentar a incidência deste tipo de lesão no ligamento cruzado

anterior. (Whiting, 2001).

1.2 MECANISMO DE LESÃO

A lesão do ligamento cruzado anterior freqüentemente ocorre após uma

desaceleração brusca e mudança de direção ao nível do joelho. Essa lesão destrói o papel do

ligamento cruzado anterior que é o de restringir a translação anterior da tíbia sobre o fêmur,

e que gera em torno de 86% a força de resistência contra esse movimento. (Pereira , 1998).

O ligamento cruzado anterior (LCA) é o ligamento do joelho que apresenta ruptura

completa com maior freqüência, sendo responsável por 50% de todas as lesões

ligamentares. A maioria das lesões do LCA ocorre em atividades esportivas, principalmente

naquelas que envolvem movimentos de desaceleração, rotação e saltos. No caso de atletas,

após uma lesão do LCA, muitos não conseguem retornar ao esporte e aqueles que o

conseguem apresentam algumas deficiências funcionais. Estas deficiências estão

relacionadas à instabilidade e à inabilidade para a realização de determinados gestos

desportivos. (Bonfim e Paccola, 2000).

As lesões ligamentares na articulação do joelho decorrem principalmente de

colisões contra oponentes em esportes de contato, mas também sem contato corporal, como

por exemplo, correr em ziguezague entre outros movimentos. Os diversos ligamentos que

compõem a articulação do joelho cooperam de maneira a manter a estabilidade da

articulação. Dessa forma, ao ser realizado grande força sobre a articulação, maior será o

grau de envolvimento desses ligamentos. As lesões combinadas podem acontecer como

resultado de impactos violentos, sendo o tipo de lesão diretamente proporcional à força

exercida sobre a articulação. Assim, quanto maior o impacto, mais sérias e complicadas

serão as lesões. (Peterson 2002).

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Podem ocorrer lesões por avulsão óssea em LCA, ocasionadas por hiperextensão ou

hiperflexão do joelho em indivíduos em crescimento. A avulsão da inserção da tíbia é

muito comum em atletas jovens. (Renstrom, 2002).

A ruptura do LCA ocorre comumente pela lesão por torção forçada externa em

valgo. A lesão deste ligamento que ocorra por tal mecanismo está quase sempre associada

com outras lesões de outras estruturas de suporte, como ligamentos colaterais e mediais.

Pode existir uma lesão isolada do ligamento cruzado anterior devido rotação interna forçada

do fêmur, onde nesse movimento o ligamento comprimiria a face anterior de chanfradura

intercondilar o que causa a lesão do ligamento. (Calliet, 2001).

A lesão do LCA ocorre com maior freqüência em resposta a uma carga em valgo em

combinação a uma rotação externa da tíbia ou a hiperextensão com uma rotação tibial

interna. (Whiting, 1998).

O movimento excessivo da articulação, isto é, que ultrapasse a amplitude fisiológica

do movimento, ocorre às custas da resistência ligamentar. Quando esta articulação é

exposta a um trauma pode-se considerá-la “subluxada ou luxada”, dependendo da

gravidade da lesão e da resposta ao trauma. O termo “luxação” é aplicado ao deslocamento

das superfícies articulares, ou seja, ao deslocamento de uma articulação. Já o termo

“subluxação” refere-se a um grau menor de luxação, onde as superfícies articulares alteram

suas relações, mas continuam associadas em comparação a luxação total, onde as

superfícies articulares estão completamente dissociadas. (Calliet, 2001).

Expressões que foram aplicadas a essas subluxações mecânicas incluem a distensão

e a torção. Distensão significa “lesar ao fazer esforço muito forte ou uso excessivo”. Nesse

conceito, “lesar” é um verbo que indica uma ação sobre o tecido; no caso específico a

reação do tendão à subluxação ou à luxação de uma articulação. (ibidem).

A torção implica em “trauma em uma articulação causando dor e incapacidade,

dependendo do grau de lesão dos ligamentos. Na torção grave, os ligamentos podem estar

completamente rotos.” (ibidem).

O movimento articular excessivo, que resulta em uma lesão ligamentar, constitui

uma torção. A lesão, com a reação articular resultante, é a distensão; assim pode-se

considerar a distensão como uma força física imposta aos tecidos ligamentares,

provavelmente excedendo a elasticidade normal, mas sem causar ou resultar, por si só, uma

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deformação ou lesão residual dos tecidos. A recuperação normal pode ser antecipada por

uma simples distensão. (ibidem).

Torção, semanticamente, é a reação do tecido à distensão, com deformidade ou

lesão dos tecidos (articulações). A recuperação esperada neste caso era depender da

extensão da deformação estrutural, da lesão estrutural incorrida e do tratamento. (ibidem).

A lesão ligamentar do joelho pode ocorrer por mecanismo direto, onde o joelho

pode sofrer um trauma direto quanto atingido por algum objeto ou corpo externo, ou

indireto quando forças que são originadas a distancia do joelho são transmitidas a ele e

dissipadas pelos ligamentos. O segundo caso é o mais comum, onde ocorre um trauma por

torção, onde o corpo gira para o lado oposto ao pé de apoio, determinando uma rotação

externa do membro inferior com um leve valgismo do joelho. Tal movimento forçado sob

carga do corpo acaba por determinar a lesão. (Herbert, 2003).

As lesões do LCA ocorrem geralmente por mecanismos onde o estresse no

ligamento é grande o suficiente para causar uma ruptura. As lesões podem ser parciais ou

totais dependendo do movimento, força e alongamento; seu trauma pode ser direto ou

indireto. Quase sempre a lesão é dada por uma manobra de torção, e desaceleração súbita

geralmente seguida de estalos e hemartroses presente dentro de poucas horas, ou ainda

abdução com rotação externa e hiperextensão. (Rockwood, 1994).

1.3 CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS

Uma ruptura isolada do ligamento cruzado anterior é considerada incomum, e o

aparecimento desta deve ser associado com roturas intersticiais de outras estruturas

estabilizadoras. Uma lesão mais antiga complicada através de outras lesões ligamentares ou

meniscais geralmente apresenta resíduos. (Dionísio, 1996).

O paciente pode sentir dor repentina ou ouvir um estalo, o joelho pode falsear. O

paciente pode desenvolver com o tempo “falseamento recorrente”, onde o indivíduo sente

instabilidade que faz com que ele sinta que vai cair. Isso com freqüência indica uma lesão

séria no LCA que pode ser corrigida através de cirurgia. (Peterson, 2002).

Page 19: Benefícios da Utilização da Cadeia Cinética Fechada para a

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Segundo Fatarelli (2003), no que diz respeito aos sinais e sintomas da lesão do

ligamento cruzado anterior, é demonstrado que na maioria das vezes eles são caracterizados

como dor até 24hs, edema de imediato ou até uma hora após a lesão inicial, estalido no

momento da lesão, limitação da amplitude de movimento (ADM) e dificuldade para

realizar outros tipos de atividades.

Com a melhora do quadro, o paciente pode voltar às atividades da vida diária,

podendo apresentar recidivas, habitualmente apresentadas em lesões ligamentares crônicas.

Normalmente as lesões crônicas são descritas por falseios articulares, tendo como principal

problema o comprometimento de outras estruturas não atingidas pela lesão inicial. Com o

passar do tempo o individuo, pode apresentar um agravamento do quadro e relatar

dificuldades em suas atividades de vida diária (AVDs) (ibidem).

A lesão de LCA está frequentemente associada com LCM, do menisco medial e do

menisco lateral. Qualquer alteração da cinemática normal pode produzir áreas focais de

maiores cargas impostas à cartilagem articular, gerando certas seqüelas. Pode resultar em

limitação funcional significativa e potencial incapacidade e alguns indivíduos apresentam

episódios de instabilidade. (Brody, 2001).

A dor é um sintoma importante na lesão ligamentar aguda do joelho, pois é extrema

no momento do impacto, diminuindo em seguida. É recorrente com o movimento e a

sobrecarga da articulação. Muitas vezes o indivíduo apresenta uma sensação dolorida sobre

o ligamento lesado. Quando há efusão do joelho, a articulação se apresenta edemaciada e a

instabilidade da articulação é um sintoma importante que o individuo lesionado não nota

enquanto está em fase aguda, mas que se torna aparente mais tarde, sobretudo quando a

articulação é forçada e exercitada. (Renström, 1993).

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CAPITULO 2 ASPECTOS CLÍNICOS

2.1 DIAGNÓSTICO CLÍNICO

É de grande importância um conhecimento da anatomia humana em indivíduos

normais e patológicos a fim de diagnosticar as afecções do joelho. Além disso, o exame do

joelho deve ser sempre realizado comparando o lado lesado com o lado sadio. A pesquisa

da estabilidade do joelho de um portador de lesão ligamentar crônica deve seguir os

mesmos procedimentos da fase aguda, levando-se em conta que a dor nas fases é diferente.

Esta é de maior intensidade na fase aguda, permitindo então na fase crônica um exame

adequado com total movimento do joelho limitando-se apenas pela dor do paciente e pelo

estado de relaxamento da musculatura. (Stronbel e Stedtfeld, 2000).

Deve-se inicialmente investigar sobre o movimento que causou a lesão, onde o

paciente deverá explicar na anamnese como foi o ocorrido. O aumento de volume na

articulação também deve ser investigado e se este edema não for evidente pode-se

relacionar ao fato de que não houve extravasamento deste líquido. É importante ressaltar

que a presença da hemartrose aguda é indicadora de lesão do LCA, que pode ser

confirmada por exames complementares. (Rockwood, 1994).

A inspeção visual deve ser iniciada assim que o paciente chega para ser avaliado.

Deve-se realizar uma análise cinesiológica da marcha em todas as fases, observando as

alterações, como o paciente deambula e se este apresenta todas as fases da marcha íntegras.

Deve ser investigada a presença de edema, simetria de todos os músculos, verificando se

não há existência de hipotrofias, e anormalidades na angulação denominadas de joelho em

valgo, varo e recurvato. (Hoppenfeld, 2002).

Os procedimentos do exame clínico para identificação da lesão do LCA devem ser

precisos, pois além de uma boa anamnese também deve se realizar o teste de Lachman que

continua sendo padrão de ouro para avaliar a translação tibial anterior excessiva. (Brody,

2001). (anexos 3 e 4, p. 45)

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O teste de Lachman, já descrito em 1976 por Torg et al.(apud Cleber, Mello e

Husseman, 2003) como o mais fidedigno para diagnóstico das lesões do cruzado anterior, é

de difícil mensuração clinica. É possível sua quantificação através de dispositivos nos quais

conseguimos causar um estresse na articulação e medirmos a anteriorização da tíbia em

relação ao fêmur. Esta medida pode ser feita com o joelho em 90º de flexão, como o usado

por Kennedy e Fowler. (apud Cleber, Mello e Husseman, 2003), ou com 20º de flexão

como o método utilizado por Lerat et al. (apud Cleber, Mello e Husseman, 2003).

Um histórico cuidadoso é importante; deve-se sempre suspeitar de lesão no LCA se

houver histórico de qualquer tipo de lesão por rotação ou flexão, trauma direto, ou

desaceleração rápida. (Peterson, 2002).

A lesão do ligamento é freqüentemente observada pelo indivíduo no momento em

que ele escuta um “estalido”. Na maioria dos pacientes, isto é seguido por um derrame

agudo, incapacidade profunda intensa, além de limitação dolorosa dos movimentos do

joelho. O exame, mesmo em um estágio muito precoce, torna-se difícil e pouco informativo

devido ao derrame, o que limita o valor do teste da gaveta ou até mesmo do teste de

Lachman, embora este último seja o mais preciso. O exame sobre anestesia e após a

aspiração da hemartrose é valioso. A presença de derrame e/ou hemartrose pode escapar ao

examinador se o derrame for relativamente pequeno. (Calliet, 2001).

A confirmação da presença do derrame é obtida pelo uso do teste de abaulamento. A

pressão para baixo no espaço suprapatelar força o fluido sob a patela, produzindo um teste

do abaulamento positivo, enquanto a pressão para baixo sob a patela pode simplesmente

afastar o fluido resultando em um teste falso negativo. O derrame articular causa paresia do

quadríceps a partir de um reflexo de base neurológica e deve, por esta razão ser logo

removido ou reduzido. (ibidem)

O diagnóstico clínico de suspeita de um rompimento do ligamento cruzado anterior

foi inicialmente determinado pela obtenção de um sinal positivo da gaveta. Esse teste revela

a translação excessiva da tíbia sobre o fêmur quando o joelho está fletido em 90º. A

translação em excesso indica que a ação restritiva que o LCA apresenta está prejudicada; o

examinador, segurando firme o pé do paciente à mesa de exame, aplica uma força na tíbia

em uma direção anterior. (ibidem).

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Calliet (2001), afirma que os resultados falso negativos para o teste do sinal de

gaveta são atribuídos aos seguintes fatos: hemartrose habitual resultante da ruptura do LCA

impede a flexão do joelho até 90º, bem como a tensão de toda a cápsula da articulação do

joelho; um espasmo protetor dos músculos isquitibiais em atletas musculosos evita

qualquer translação anterior significativa; anatomicamente, as concavidades das duas

superfícies articulares inibem a translação de 90º da flexão do joelho.

O aspecto posterior dos côndilos femorais é intensamente convexo quando

comparado à superfície articular oposta da tíbia. O menisco medial move-se com a tíbia de

modo que, executando a translação da tíbia sobre o fêmur, a largadura posterior do menisco

atua como trava-porta impedindo mecanicamente uma translação anterior. (ibidem).

Foi proposto, em 1976, por Lachman (apud Guiter et al ano), um sinal diagnóstico

mais específico, o qual foi aceito subsequentemente como seguro e preciso. O teste de

Lachman é executado da seguinte forma: o paciente é deitado na posição supina sobre a

mesa com o membro acometido pela lesão próximo ao examinador. Em seguida, segura-se

o joelho do paciente entre a extensão total e de 15º de flexão; estabiliza-se o fêmur com

uma das mãos enquanto se aplica uma pressão firme para cima contra a face posterior da

porção proximal da tíbia com a outra mão, tentando a translação anterior da tíbia. (ibidem).

Outros testes podem ser empregados para auxilio no diagnóstico como, por

exemplo, o teste da gaveta anterior, Pivot-Shift e Jerk Test. (Dionísio, 1996).

2.2 EXAMES COMPLEMENTARES

O exame radiográfico inicial é muito importante para demonstrar eventuais fraturas

ou arrancamentos ósseos. A ressonância magnética é o exame que oferece melhores

subsídios ao diagnóstico do joelho agudo, permitindo visualizar lesões ligamentares,

meniscais e fraturas. (Hebert, 2003).

As radiografias simples não demonstram lesões no ligamento, mas são feitas para

avaliar a presença de corpos livres, fragmentos osteocondrais e fratura por avulsão que

caracteriza lesão de natureza grave, como é o caso da fratura de Segond (conhecida como

Page 23: Benefícios da Utilização da Cadeia Cinética Fechada para a

22

sinal capsular lateral), onde há o arrancamento do rebordo antero-lateral da tíbia e da

cápsula lateral, caracterizando a lesão do ligamento cruzado anterior. (Hebert, 2003;

Weinstein, 2000).

Também podem ser feitas radiografias em estresse para avaliar a translação anterior

da tíbia em relação ao fêmur, o que também pode ser avaliado através do artrômetro.

(Hebert, 2003).

Uma RM pode ajudar a diagnosticar lesões combinadas e lesões ósseas,

favorecendo para um melhor planejamento de tratamento. (Peterson, 2002).

A artroscopia fornecerá o diagnóstico definitivo, principalmente quando combinada

com sondagem do LCA. No entanto, a artroscopia diagnóstica é em geral desnecessária,

uma vez que o diagnóstico pode ser confirmado no período do tratamento. (ibidem).

2.3 ABORDAGEM CIRÚRGICA

Quando o diagnóstico de lesão no LCA for confirmado, existem várias vias para o

tratamento. A intervenção cirúrgica é necessária se existir uma condição não resolvida

através da recuperação fisiológica, ou seja, há primeiro uma tentativa conservadora através

da reabilitação ativa dos músculos. Caso não haja sucesso neste tratamento conservador,

poderá ser indicado um tratamento cirúrgico. (Gould, 1993; Andrews, 2000; Corrigan e

Maitland, 2000).

Hebert (2003), alerta que para o tratamento da lesão do LCA devem ser

considerados alguns fatores como o tipo do paciente, profissão, sua atividade física, idade e

suas pretensões físicas, pois a indicação do tratamento é individualizada e tem muitas

variáveis.

Inúmeras opções de tratamento, cirúrgicas e não cirúrgicas, foram relatadas ao

longo dos anos. A tendência atual para o tratamento da instabilidade anterior parece ser a

reconstrução intra-articular do LCA, utilizando variados tipos de enxerto e sistemas de

fixação; a respeito de tantas opções, há consenso geral de que ainda se está muito longe de

se encontrar um substituto ideal para o LCA. Em contrapartida, alguns autores têm obtido

Page 24: Benefícios da Utilização da Cadeia Cinética Fechada para a

23

bons resultados com o tratamento conservador, principalmente para atletas recreacionais,

para os indivíduos que concordaram em diminuir o nível de atividade física ou mesmo

aqueles que não aceitaram procedimentos cirúrgicos. (Camanho, Pires e Cobra, 1999).

O prognóstico das rupturas do LCA dos pacientes sem cirurgia é subjetivamente

favorável, pois os estes retornam às atividades atléticas, não ficando claro em que extensão,

intensidade e duração. Com isso pode-se dizer que o tratamento indicado para atletas é o

cirúrgico, pois o que se objetiva é o retorno pleno à atividade. (Calliet, 2001; Hebert, 2003;

Carril et al, 2001; Weinstein e Buckwalter, 2000).

Dependendo da gravidade e do tipo de lesão, os tratamentos cirúrgicos podem ser:

de reparação, reinserção, ou de substituição, podendo-se realizar estas intervenções através

de artroscopia ou via aberta. A via artroscópica vem sendo muito utilizada devido ao fato

de esta ser pouco agressiva, o que acarretará em uma sintomatologia pós-cirúrgica mínima,

com conseqüente recuperação mais rápida e com melhores resultados funcionais. (Carril,

2001; Andrews, et al 2000).

Na reconstrução do Ligamento Cruzado Anterior varias técnicas foram

desenvolvidas com o uso de ligamentos sintéticos, biológicos e associação de ambos.

(Cohen, 1994).

Cohen, (1994), ressalta que o uso do ligamento sintético possui a vantagem de não

utilizar estruturas nobres e de dar ao paciente a volta mais rápida a sua atividade esportiva;

no entanto, existem críticas quanto a sua durabilidade. Já o ligamento autógeno apresenta

vantagens em seu comportamento biológico, porém o retorno as atividades esportivas é

bastante prolongado.

O sucesso de uma reconstrução do LCA extrapola o ato cirúrgico, e depende

também dos procedimentos utilizados na reabilitação pós-operatória sendo, portanto, a

fisioterapia uma continuação lógica do ato cirúrgico. (Lima e Guimarães, 1999).

Page 25: Benefícios da Utilização da Cadeia Cinética Fechada para a

24

CAPITULO 3 ATUAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NA LESÃO DO LIGAMENTO

CRUZADO ANTERIOR ENFOCANDO A REABILITAÇÃO EM CCF

3.1 DEFININDO CADEIA CINÉTICA FECHADA (CCF)

O treinamento em CCF é um método de exercício no qual o segmento terminal está

fixo e “encontra considerável resistência externa, o que impede ou limita sua

movimentação livre”. Essa abordagem resulta em um padrão previsível de movimento das

articulações incluídas na cadeia (Hall e Brody, 2001).

Steindler (apud Andrews, 2000) foi o primeiro a sugerir os termos cadeia cinética

fechada (CCF) e cadeia cinética aberta (CCA) e definiu uma cadeia cinética do corpo

humano como a combinação de juntas organizadas sucessivamente, constituindo uma

unidade motora complexa. Descreveu que na CCF o segmento distal da articulação é fixo e

suporta uma considerável resistência externa, o que impede ou reduz o seu movimento

livre. (Andrews, 2000).

O conceito de cadeia cinética fechada se refere às relações anatômicas funcionais

que existem nas extremidades superiores e inferiores. Em uma posição com apoio do peso

corporal, a cadeia cinética das extremidades inferiores envolve a transmissão de forças

entre o pé, o tornozelo, a perna, o joelho, a coxa e o quadril. (Arnhein e Prentice, 2002).

3.2 CADEIA CINÉTICA FECHADA (CCF) VERSUS CADEIA CINÉTICA

ABERTA (CCA)

Quando os conceitos de cadeias cinéticas e cadeias cinemáticas foram introduzidos

na literatura de biomecânica e cinesiologia humana por Steindler e Brunnstrom,

respectivamente, tais termos foram usados para descrever como as forças ocorrem durante

o movimento humano e como os seguimentos do corpo se unem. (Kisner e Colby, 2005).

Page 26: Benefícios da Utilização da Cadeia Cinética Fechada para a

25

Em sua análise do movimento, Steindler propôs que o movimento em uma CCA

aplicava-se ao movimento completamente irrestrito no espaço de um segmento periférico

do corpo, como ao acenar com a mão ou balançar a perna. Em contraste, sugeriu que os

movimentos em CCF realizados pelos segmentos periféricos deparavam-se com

considerável resistência externa. Afirmou ainda que se o segmento terminal permanecia

fixo, a resistência encontrada movia os segmentos proximais sobre os distais estacionários.

(ibidem).

Brunnstrom, (apud Kisner e Colby, 2005) concordava, mas usava o termo “cadeia

cinemática fechada”. Ambos observaram que a ação de um músculo se modificava quando

o segmento distal está livre para se mover em comparação a quando estava fixo no lugar.

Por exemplo, o tibial posterior funciona em cadeia aberta para inverter e flexionar

plantarmente o pé e tornozelo. Na fase de apoio da marcha, quando o pé está plantado no

solo em cadeia fechada, o tibial posterior contrai-se para desacelerar a pronação da

articulação subtalar durante o inicio da sustentação de peso e para supinar o pé. Ambos os

autores salientam que em cadeia fechada o movimento em uma articulação é acompanhado

por movimentos das articulações adjacentes que ocorrem em padrões razoavelmente

previsíveis.

Na literatura atual, as descrições de cadeia cinética fechada geralmente incluem,

mas nem sempre, apoio de peso como elemento necessário em exercícios em cadeia

fechada. Kisner e Colby sugerem que todos os exercícios com apoio de peso envolvem

alguns elementos de movimentos em cadeia fechada, mas nem todos os exercícios em

cadeia fechada são realizados em posições de apoio de peso. (ibidem).

Uma cadeia cinética aberta existe quando o pé ou a mão não estão em contato com o

solo ou alguma outra superfície. Em uma cadeia cinética fechada, o pé ou a mão estão

sustentando o peso corporal. Os movimentos dos segmentos anatômicos mais proximais

são afetados pelas posições de cadeia cinética aberta e fechada. Por exemplo, os

componentes rotacionais do tornozelo, joelho e quadril invertem a direção quando se muda

de uma atividade em cadeia cinética aberta para fechada. Em uma CCF, as forças começam

no solo e agem no sentido ascendente através de cada articulação. Em uma cadeia cinética

fechada, as forças devem ser absorvidas por vários tecidos e estruturas anatômicas em vez

de serem isoladas em um único ponto. (Arnhein e Prentice, 2002).

Page 27: Benefícios da Utilização da Cadeia Cinética Fechada para a

26

O treinamento cinético aberto é um método de exercício no qual o segmento

terminal pode movimentar-se livremente. O movimento de uma articulação não resulta em

um padrão de movimento previsível de qualquer uma das outras articulações incluídas na

cadeia. Os exemplos incluem chutar uma bola ou colocar os braços para cima da cabeça

para apanhar um objeto. O objetivo do exercício em CCF consiste em usar as forças da

sustentação do peso e o efeito da gravidade para simular as atividades funcionais, o que

acaba permitindo aos pacientes o retorno às suas atividades de vida diária com total

segurança. (Hall e Brody, 2001).

Palmitier (apud Button, 2001) recomenda pensar em termos de exercício de

isolamento articular e de exercícios de cadeia cinética. Exercícios de isolamento articular

envolvem atividades desenvolvidas por uma única articulação. O movimento produzido por

esses exercícios ocorre apenas distalmente ao eixo da articulação. Esses exercícios não

levam em conta nem dependem da posição de outras articulações dentro do mesmo

membro. Entre vários exemplos pode-se incluir a flexão do joelho em decúbito ventral.

Como alternativa, os exercícios em cadeia cinética envolvem todo o segmento. O

movimento produzido pela contração muscular ocorre proximal e distalmente ao eixo do

movimento de todas as articulações que estão conectadas em série. Os agachamentos com

apoio na parede são uns exemplos de exercício em cadeia cinética. (ibidem)

Inicialmente o exercício em CCF caracterizava-se pela posição fixa do segmento

distal e com o corpo sendo sustentado pela extremidade; o exercício em CCA se

caracterizava por um segmento distal que não era fixo, com o peso corporal não sendo

apoiado, e com uma resistência externa pouco considerável. (Andrews, 2000).

Teoriza-se que as atividades promotoras de contração dos isquiostibiais e do

quadríceps minimizam a translação tibial, e essas atividades são preconizadas para as

reabilitações das lesões ligamentares do joelho. (Hebert, 2003).

É importante incluir nos programas de reabilitação do joelho tanto exercícios de

CCF quanto de CCA. Deve-se ter cuidado ao usar extensão do joelho em CCA nos ângulos

de 45º a 0º pelo estresse no LCA, pelo aumento das forças de cisalhamento e para não

irritar a articulação patelofemoral. (ibidem).

Kisner e Colby, (2005), optaram por continuar descrevendo que os exercícios

resistidos ocorrem em cadeia aberta, fechada ou em ambas.

Page 28: Benefícios da Utilização da Cadeia Cinética Fechada para a

27

3.3 TREINAMENTO EM CADEIA CINÉTICA FECHADA (CCF)

3.3.1 CONTRAÇÃO MUSCULAR

Os exercícios em CCF estimulam as contrações musculares, aproximação articular e

a congruência articular, proporcionando assim estabilização dinâmica e contenção postural

em volta da articulação. A estabilidade é aprimorada em uma posição com apoio do peso,

por exemplo, as atividades com apoio do peso reduzem o grau de cisalhamento anterior

através do LCA. Estas atividades estimulam a contração dos músculos isquiotibiais,

proporcionando estabilização dinâmica que resulta em uma melhor contenção postural e

apoio adicional para a articulação. (Hall e Brody, 2001).

Os exercícios de CCF são excelentes para proporcionar um aumento da resistência e

força dos músculos que são trabalhados e além disso, não provocam anteriorização da tíbia,

sendo por isso os mais indicados. (Nunes et al., 2005).

Há evidências substanciais de que, de fato tanto os exercícios em cadeia cinética

aberta quanto em cadeia cinética fechada são efetivos na reeducação do déficit no

desempenho muscular dos membros inferiores. (Kisner e Colby, 2005).

Em um estudo sobre a real eficácia de um programa de treinamento resistido em que

eram utilizados apenas exercícios em CCF, após reconstrução do ligamento cruzado

anterior, foi identificada uma fraqueza residual na musculatura do quadríceps femoral. Os

pesquisadores sugeriram que este déficit residual de força, que acabava por alterar a

marcha, poderia ter sido evitado com a inclusão do treinamento em cadeia cinética aberta

do quadríceps no programa de reabilitação pós-operatória. (ibidem).

Page 29: Benefícios da Utilização da Cadeia Cinética Fechada para a

28

3.3.2 BIOMECÂNICA

Os fatores biomecânicos que contribuem para a estabilidade articular, agem através

da geometria das superfícies articulares, da aproximação articular e da estimulação dos

neuroreceptores articulares. A geometria das superfícies articulares parece ajudar na

redução do deslocamento tibial anterior da articulação submetida a uma carga. As

atividades em cadeia cinética fechada fazem aumentar a aproximação da articulação do

tornozelo, aprimorando a congruência articular e contribuindo para a estabilidade articular.

(Hall e Brody, 2001).

Um apoio para o uso de exercícios em cadeia cinética fechada na reabilitação é

proporcionado pela remodelagem constante dos tecidos. A lei de Wolff estabelece que o

osso é remodelado de conformidade com os estresses que lhe são impostos. As áreas de

maior estresse resultam em deposição óssea. (ibidem).

Essa teoria foi estendida a remodelagem dos tecidos moles. As fibras colágenas se

organizam ao longo de linhas de estresse mecânico. Isto é particularmente importante na

reabilitação dos pacientes após lesões ligamentares. Uma mudança gradual no estresse

biomecanicamente consistentes podem favorecer o fortalecimento do tecido lesionado e

ajudá-lo a resistir a uma nova lesão. É importante impor um estresse mecânico gradual aos

tecidos moles em fase de cicatrização, colocando-os em uma posição funcional durante

todo o processo de reabilitação. (ibidem).

O fato de que a força do quadríceps e a área de contato mudam com os ângulos de

flexão do joelho tem implicações significativas na prescrição de diferentes tipos de

exercícios terapêuticos. Durante as atividades de reabilitação, a gravidade exerce papel

fundamental sobre a força do quadríceps. Em um exercício de extensão do joelho sentado, o

centro de gravidade será encontrado no lado tibial do joelho. Portanto, para estender o

joelho nesta posição o quadríceps terá que produzir uma quantidade de força crescente,

atingindo seu ápice quando o joelho estiver em extensão máxima. (Hebert, 2003).

Esse aumento da força também é atribuído a desvantagem mecânica do mecanismo

extensor. Além disso, ao aumentar a força do quadríceps com a extensão do joelho, a área

de contato diminui, e esta combinação resulta em aumento da pressão na articulação

Page 30: Benefícios da Utilização da Cadeia Cinética Fechada para a

29

femoropatelar em uma pequena área. Em exercícios de agachamento (CCF), a força do

quadríceps é relativamente mínima quando o joelho se apresenta em extensão e aumenta

gradualmente quando este se dirige para a flexão. Este aumento de força é distribuído

através de uma grande área de contato e essa grande área previne uma pressão excessiva

durante as atividades de flexão do joelho. (ibidem).

A aproximação articular ocorre durante o apoio de peso e está associada a niveis

mais baixos de forças de atrito, um aumento na congruência articular que, por sua vez,

contribui para a estabilidade. Como a maioria dos exercícios em cadeia fechada é feita em

posições de apoio de peso, tem-se admitido e comumente relatado que os exercícios em

cadeia cinética fechada estimulam os mecanorreceptores articulares e musculares, facilitam

a coativação dos agonistas e antagonistas (co-contração) e subsequentemente promovem a

estabilidade dinâmica. Durante um agachamento em pé, por exemplo, acredita-se que o

quadríceps e os músculos isquiotibiais se contraem ao mesmo tempo para controlar o joelho

e o quadril. (Kisner e Colby, 2005).

3.3 FATORES NEUROFISIOLÓGICOS

Após uma lesão de tecidos moles ou articulação, a propriocepção e a cinestesia são

comprometidas e alteram o controle neuromuscular. Pensa-se que o treinamento em cadeia

cinética fechada proporciona um maior feedback proprioceptivo e cinestésico do que o

realizado em cadeia aberta. Teoricamente, como múltiplos grupos musculares que cruzam

centenas de articulares são ativados durante o exercício em cadeia fechada, para controlar o

movimento são ativados mais receptores sensoriais em um número maior de músculos e

estruturas intra e extra-articulares do que durante os exercícios em cadeia aberta. (Kisner e

Colby, 2005).

A justificativa neurofisiológica para o uso das atividades em CCF na reabilitação é

proporcionada pela estimulação do sistema proprioceptivo. A propriocepção é uma forma

especializada de toque, representada pela sensação de movimento articular e de posição

articular. (Button, 2001).

Page 31: Benefícios da Utilização da Cadeia Cinética Fechada para a

30

Os receptores sensoriais consistem em mecanorreceptores e nociceptores

encontrados nos músculos, nas articulações, nas estruturas periarticulares e na pele. A

deformação e as cargas impostas aos tecidos moles que circundam uma articulação

induzem os mecanorreceptores a transformar essa energia mecânica em impulsos elétricos.

Os impulsos elétricos são transmitidos e integrados pelo sistema nervoso central (SNC) de

forma a produzir uma resposta motora. (ibidem).

As atividades executadas com o apoio do peso corporal estimulam os receptores

articulares dos tipos II e III a gerarem um sinal. As atividades em CCF utilizam a força da

gravidade para estimular esses receptores, pelo encorajamento das co-contrações

musculares, onde pode ser rompido o ciclo de lesões ligamentares repetidas. Em um

movimento de CCF, as forças indiretas dos músculos e dos segmentos adjacentes são

transferidas para e recebidas dos seguimentos contíguos. A posição de um segmento

contíguo de cadeia cinética pode ajudar com o influxo proprioceptivo, facilitado a

manutenção do equilíbrio. As atividades em CCF com enfoque no equilíbrio e no controle

postural devem constituir uma parte importante de qualquer programa de tratamento para as

extremidades inferiores. (Hall e Brody, 2001).

Page 32: Benefícios da Utilização da Cadeia Cinética Fechada para a

31

CAPITULO 4 OS BENEFÍCIOS DA CADEIA CINÉTICA FECHADA NO

TRATAMENTO DA LESÃO DO LCA

Segundo Hall e Brody, (2001) os benefícios desta abordagem terapêutica podem

ser: interdependência do movimento articular; recrutamento das contrações musculares que

são predominantemente excêntricas, com estabilização muscular dinâmica na forma de

contração; maiores forças compressivas articulares que resultem em menor cisalhamento;

estabilização proporcionada pela congruência articular; e propriocepção aprimorada em

virtude do maior número de mecanorreceptores estimulados.

Já Andrews, (2000) ainda acrescenta os seguintes: grandes resistências e baixas

forças de aceleração; exercícios funcionais; aprimoramento da capacidade do sistema

nervoso em recrutar grupos de músculos para trabalharem em conjunto; estímulo do ciclo

de alongamento e encurtamento; aumento da capacidade de funcionamento; e diminuição

das forças sobre a articulação femoropatelar.

Já Hebert, (2003) considera que: diminuem a translação tibial e diminuem a tensão

no LCA, enquanto Kisner e Colby, (2005) acrescentam que há ativação muscular em

múltiplos grupos musculares, tanto distal quanto proximalmente à articulação em

movimento; controle postural, compressão articular e congruência; e estabilização interna

por meio de ação muscular.

4.1 DIRETRIZES ACERCA DE DOSAGENS

Quando é preciso restringir o apoio de peso, uma alternativa segura aos exercícios

em cadeia aberta pode ser realizar os exercícios em cadeia fechada com o apoio de peso

parcial. As estratégias mais práticas são o uso de exercícios aquáticos ou diminuição da

porcentagem de peso corporal sustentada pelo membro inferior envolvido entre barras

paralelas. Uma boa opção é usar um sistema de suspensão no tronco para aliviar a carga dos

membros inferiores. Esse sistema possibilita ao paciente executar vários exercícios em

Page 33: Benefícios da Utilização da Cadeia Cinética Fechada para a

32

cadeia cinética fechada e começar a deambulação mais cedo na reabilitação. (Kisner e

Colby, 2005).

O treinamento em cadeia cinética fechada baseia-se no principio da especificidade

do treinamento. Os estudos que envolvem o treinamento de força evidenciaram a

especificidade dos padrões de treinamento; um maior aumento na força foi medido quando

a atividade do teste era semelhando ao exercício real de treinamento. Essa abordagem

envolve o uso do principio de adaptação especifica às demandas impostas (AEDI). (Hall

Brody, 2001).

As mudanças no sistema neuromuscular podem ser induzidas com aplicação de um

tipo específico de estresse mecânico (isto é, demandas impostas) a este sistema. Em

resposta ao estresse, o corpo faz adaptações específicas nos padrões de recrutamento

muscular. A utilização do treinamento em CCF ajuda a reproduzir as demandas impostas

das atividades de vida diária e torna possível um padrão de recrutamento mais natural de

uma contração muscular excêntrica para desacelerar ou controlar o movimento, seguida por

uma contração muscular concêntrica. (ibidem)

Ao utilizar os exercícios cinéticos em um programa de reabilitação devem ser

levadas em conta variáveis de força, velocidade, complexidade e controle de movimento,

isoladamente ou em combinação. No inicio do processo de reabilitação, a força, o controle

neuromuscular e a tolerância ao estresse do tecido são menos desenvolvidos. A força deve

ser baixa em uma postura com a gravidade eliminada ou reduzida. (ibidem).

Os exercícios em CCF devem ser executados lentamente e de forma controlada, e a

seguir, serão aumentados quando o tecido conseguir tolerar o estresse e o controle

neuromuscular melhorar. A inclusão dos exercícios em cadeia cinética fechada deve

começar em um único plano, e a seguir, progredir de forma a incluir os planos frontal e

transversal. (ibidem).

Os exercícios em cadeia cinética fechada podem ser incorporados ao programa

precocemente no pós-operatório, assim que o apoio dos membros inferiores for liberado.

Durante a execução do exercício em CCF, cada articulação é dependente entre si tanto

proximal como distalmente para ajudar no alinhamento próprio do corpo; um exemplo

disso se da quando um paciente realiza uma descida de escada ou um agachamento mínimo.

Se o quadril não estiver suficientemente forte para controlar a adução e a rotação interna, o

Page 34: Benefícios da Utilização da Cadeia Cinética Fechada para a

33

joelho irá assumir um alinhamento em valgo e uma pronação do pé. Esse padrão motor

anormal poderá levar a prejuízos tanto para a articulação tibiofemoral como patelofemoral.

Por isso a atenção na execução dos exercícios deve ser redobrada. (Hebert, 2003).

Weber e Ware (1998) sugerem uma progressão de exercícios de mini agachamentos.

(anexo 5).

4.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE AS POSTURAS

Dentre as várias alterações comportamentais relacionadas à reconstrução do LCA, o

controle postural tem sido largamente estudado. Alguns estudos verificaram um aumento da

oscilação corporal, em apoio bipodal e em apoio monopodal sobre o membro lesado, bem

como sobre o membro não-lesado, em pacientes com instabilidade crônica do joelho

decorrente da ruptura do LCA. Além disso, a diminuição do controle postural parece

continuar mesmo após os indivíduos com lesão do LCA terem sido submetidos à cirurgia

de reconstrução, embora, após esta, ocorra alguma melhora na manutenção da postura ereta.

(Bonfim e Barela, 2004).

Em outros estudos, quando a manutenção da postura ereta foi examinada em

pacientes com joelhos com LCA reconstruído, com joelhos com deficiência crônica do

LCA e com joelhos normais, foi verificado que a performance em apoio monopodal dos

pacientes com joelho com LCA reconstruído foi diminuída, comparada à performance dos

indivíduos com joelhos normais, mas foi significativamente melhor do que a dos pacientes

com joelho com LCA deficiente. Porém, resultados diferentes foram observados em outros

estudos. (ibidem).

Harrison et al. (apud Bonfim e Barela, 2004), ao investigarem a manutenção da

postura ereta em apoio monopodal, em um grupo de pacientes submetidos à cirurgia de

reconstrução do LCA, não encontraram diferença significativa quando a posição ereta foi

mantida sobre a perna com joelho lesado e não-lesado. Em concordância, nenhuma

diferença no controle postural foi observada entre indivíduos com joelhos normais e

indivíduos submetidos à reconstrução do LCA em relação à reabilitação proprioceptiva.

Page 35: Benefícios da Utilização da Cadeia Cinética Fechada para a

34

Para aproveitar plenamente as posturas e os benefícios das atividades em CCF, são

úteis algumas diretrizes para a implementação do exercício. A escolha das atividades em

CCF inclui considerações especiais como colocação do centro de massa, posicionamento do

pé e relação entre os segmentos proximais e distais. (anexo 6, p. 46).

Ao prescrever atividades em CCF, a colocação do centro de massa pode influenciar

diretamente o recrutamento muscular. O posicionamento do pé acaba por influenciar na

eficiência da execução do exercício. (Hall e Brody, 2001). (anexo 7, p. 46).

A reabilitação da força muscular e da contração e da coordenação neuromuscular

deve levar em conta a posição e a função de toda a cadeia cinética. A posição de um

segmento adjacente afeta diretamente a contração muscular e a força aplicada em toda

região envolvida. (ibidem).

4.3 CONTRA-INDICAÇÕES DA CCF

Ao optar por treinamento em CCF como método de reabilitação, a segurança do

paciente costitui a principal preocupação no momento do tratamento. Um programa de

reabilitação deve começar com intensidade submáxima e progredir para objetivos

funcionais. Quando ocorre a substituição de outro componente na cadeia e a conexão

pretendida não consegue executar a atividade, o exercício deve ser alterado e executado em

um nível mais fácil para que se melhore a qualidade do movimento gerando conseqüente

avanço do tratamento. (Hall e Brody, 2001).

Exercícios de extensão na ADM terminal do joelho em cadeia aberta (de 60º até 0º)

com a resistência aplicada na região distal do membro inferior e agachamentos entre 60º e

90º causam aumento da translação anterior da tíbia e sobrecarga no LCA. Exercícios

usando qualquer uma dessas atividades nas amplitudes designadas não devem ser tentados

em lesões do LCA. Instruir o paciente a fazer atividades de fortalecimento em cadeia

fechada de 60º a 0º e fortalecimentos em cadeia aberta de 90º a 60º. (Kisner e Colby, 2005).

Outras precauções básicas ao utilizar os exercícios em CCF incluem dor, derrame

articular e incapacidades das articulações e a incapacidade das articulações em suportarem

Page 36: Benefícios da Utilização da Cadeia Cinética Fechada para a

35

as forças compressivas. As condições ambientais devem ser avaliadas, as atividades devem

ser realizadas sobre uma superfície plana e resistente com um calçado apropriado. (Hall e

Brody, 2001).

Page 37: Benefícios da Utilização da Cadeia Cinética Fechada para a

36

CAPITULO 5 PROGRAMA DE TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO

5.1 PRINCÍPIOS GERAIS PARA A REABILITAÇÃO DO JOELHO

A reabilitação do joelho mudou profundamente nos últimos dez anos; a maior

mudança se deu ao ser permitido um movimento controlado e o fortalecimento seletivo em

uma fase mais anterior do processo de reabilitação, o que acaba resultando em um retorno

mais rápido as atividades atléticas. (Andrews, 2000).

Embora este processo tenha sido acelerado, existem certos princípios da reabilitação

que devem ser seguidos afim de que bons resultados possam ser alcançados. A progressão

dos programas de reabilitação seguidos de uma lesão ligamentar e/ou cirúrgica deve ocorrer

em uma seqüência lógica. Frequentemente existe uma sobreposição das fases, como por

exemplo, da ênfase no reforço muscular sem que a amplitude de movimento (ADM)

completa e a flexibilidade tenham sido restauradas. (Hebert, 2003).

Os padrões temporais são importantes para se permitir que se processe uma

cicatrização adequada, porém certos objetivos devem ser alcançados antes que o paciente

possa progredir (Andrews, 2000).

O tratamento para as lesões do LCA continua sendo o assunto mais discutido na

medicina e na fisioterapia esportiva. Vários protocolos, opiniões e pesquisa estão à

disposição dos fisioterapeutas, para os que buscam se aprofundar no estudo desses tipos de

lesões. A cirurgia de escolha atual é por via artroscópica, utilizando o terço médio do

tendão patelar ou do semimembranoso ou grácil. O caminho de maior sucesso para o

tratamento fisioterapêutico é a interação entre médico e fisioterapeuta buscando sempre o

melhor planejamento para o tratamento e conseqüente reabilitação do paciente. (Hebert,

2003).

A lesão e a reconstrução do LCA têm sido associadas a mudanças neuromusculares,

como por exemplo, diminuição da propriocepção, alteração dos reflexos musculares

iniciados pelo LCA, diminuição da força muscular do quadríceps e alteração da marcha e

também diminuição da performance em tarefas da vida diária. Tais alterações na

Page 38: Benefícios da Utilização da Cadeia Cinética Fechada para a

37

performance parecem ser decorrentes da redução de informações sensoriais, fornecidas

pelos mecanorreceptores presentes no LCA, os quais são danificados pela lesão e/ou

reconstrução desse ligamento. Ocorre assim, um aumento da oscilação corporal em apoio

bipodal e em apoio monopodal sobre o membro lesado. (Bonfim e Barela, 2004).

Após sofrer lesão do LCA, deve ser dada atenção imediata a hemartrose e ao

processo inflamatório geral. O atleta deve passar a utilizar muletas, sendo instruído quanto

à sustentação parcial do peso; os exercícios de movimentação devem ser iniciados

imediatamente, concentrando-se na extensão passiva para ajudar a prevenir fibroses. Além

disso, a extensão plena também permite maior facilidade no recrutamento do quadríceps, o

que é extremamente importante após haver lesão do LCA. (Andrews, 2000).

A fase inicial de um tratamento deve promover a cicatrização dos tecidos e reduzir a

dor e o edema. Dentro de um tratamento fisioterapêutico para a reabilitação do LCA, deve

sempre existir um equilíbrio entre mobilidade e imobilidade; os tecidos em cicatrização não

devem ser sobrecarregados, contudo, a imobilização prolongada também tem seus efeitos

adversos. (Hebert e Xavier, 2003).

Diante desses fatores, saber como os tecidos evoluem é uma parte fundamental do

tratamento. O processo de cicatrização dos tecidos consiste em fase de resposta

inflamatória; fase de reparo fibroblástico; e fase de remodelação e maturação. Embora essas

fases sejam didaticamente separadas, o processo cicatricial é continuo. (ibidem)

Após o traumatismo do joelho devem ser abordados o processo de inflamação

inicial, seguido por reeducação muscular, mobilidade e proteção da patela, ganho da ADM,

fortalecimento, propriocepção e eventual retorno da função (anexo 8, p 47). Apesar de

certas áreas poderem ser abordadas ao mesmo tempo, é essencial que o atleta não avance

com rapidez excessiva. O recrutamento precoce do quadríceps é extremamente importante e

pode ser iniciado como um dos primeiros exercícios de reabilitação do joelho. Foi

demonstrado que o recrutamento do quadríceps é inibido profundamente após cirurgia ou

lesão do joelho. (Andrews, 2000). (anexo 9, p 47).

Page 39: Benefícios da Utilização da Cadeia Cinética Fechada para a

38

5.2 REABILITAÇÃO ESPECÍFICA DO JOELHO NO PÓS-OPERATÓRIO DA

LESÃO DO LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR (LCA)

O pós-operatório das instabilidades causadas pela lesão do LCA tem sido motivo de

vários estudos. Até alguns anos, achava-se, por exemplo, que a manutenção de um flexo

residual era benéfica para o joelho. Hoje, pretende-se que após esta cirurgia o paciente volte

a ter não só a amplitude e força que tinha anteriormente, assim como a volta plena às

atividades esportivas. Vários protocolos chamados de acelerados vêm sendo desenvolvidos,

visando o retorno rápido às atividades de vida diária e mesmo às atividades esportivas.

(Grinberg, 1995).

Imediatamente após a cirurgia para reconstrução do LCA, deve ser enfatizado o

controle da inflamação, a manutenção de uma extensão passiva plena, a promoção da

mobilidade patelar e o aumento do recrutamento quadricipital. (Andrews, 2000).

Com os avanços das técnicas cirúrgicas e uma melhor compreensão da regeneração

dos tecidos, a mobilização pós-operatória e o apoio de peso precoce têm se tornado padrão

em uma reconstrução intra-articular do LCA. (Kisner e Colby, 2005).

Na primeira semana pós-cirurgia, durante a deambulação com muletas, o apoio de

peso fica limitado entre 25 e 50% . Durante a segunda e terceiras semanas, o apoio de peso

é progredido com base nos sintomas do paciente. O apoio de peso completo e a

deambulação sem muletas ao mesmo tempo usando a órtese-proteção, em geral são

possíveis com cerca de 3 a 4 semanas, caso o apoio de peso seja indolor, o paciente tenha

alcançado a extensão ativa completa do joelho e força suficiente do quadríceps para

controlar o joelho. (ibidem).

Usaram-se muitos tipos de tecido para os reparos intra-articulares do LCA, sendo

que os vários tipos de auto-enxerto possuem diferentes características de força. Hoje, a

reconstrução do LCA é feita geralmente sob orientação artroscópica, utilizando-se o terço

médio do tendão patelar com cavilhas ósseas como enxerto livre. Esse tecido proporciona

um enxerto com alta força elástica que irá compensar a falta do LCA. (Andrews, 2000).

Grood (apud Andrews, 2000), acredita que o auto-enxerto de tendão patelar possui

35% da força do LCA original após 1 ano.

Page 40: Benefícios da Utilização da Cadeia Cinética Fechada para a

39

O uso de enxertos com materiais mais fortes possibilitou uma reabilitação mais

agressiva, embora sempre redobrando a atenção para não sobrecarregar o enxerto. Estudos

demonstram que o tendão patelar irá sofrer uma “ligamentização” com o decorrer do tempo

sendo que esse processo pode levar de 12 a 18 meses. O auto enxerto do tendão patelar é

mais resistente por ocasião da implantação do que com 4 a 8 semanas após a cirurgia,

devido à necrose avascular. Nesta fase é importante que seja incentivada a mobilização

articular do joelho, à medida que ocorre a revascularização do local. O enxerto adquire

força porém sem se aproximar da força, que antes da lesão, era bem maior. (Hebert, 2003).

É bem documentado e utilizado o método universalmente conhecido como PRICE

(proteção, repouso, gelo, compressão e elevação) para lesões agudas. Essa técnica é ideal

quando utilizada até 30 minutos após a lesão ou cirurgia. O objetivo é evitar ou diminuir a

hipóxia secundaria, o edema, a dor, o metabolisamo e a temperatura. (ibidem).

O ganho de amplitude na articulação do joelho é fundamental e é o primeiro e

principal objetivo em uma reabilitação pós-cirurgica ou pós-lesão do LCA. Esperar pela

cicatrização completa do ligamento é algo que não cabe dentro de um programa de

reabilitação do joelho; estudos demonstram que o ligamento tem a sua cicatrização

completa em 18 a 24 meses. A mobilização precoce depois da cirurgia ou da lesão é de

fundamental importância para ajudar a prevenir a artrofibrose, promover a nutrição para a

cartilagem articular e estresse (tensão) controlado. Esse estresse irá ajudar no alinhamento

das fibras colágenas, mantendo uma cicatriz flexível e forte, promovendo assim um retorno

normal do mecanismo articular. (ibidem).

A mobilização precoce impõe cargas benéficas que fortalecem o enxerto, porém

precisam ser controladas cuidadosamente para evitar alongamentos do enxerto

enfraquecido, em particular durante as fases iniciais de reabilitação. (Kisner e Colby, 2005).

A marca registrada do protocolo é a mobilização precoce, enfatizando a extensão

completa. A literatura sugere uma reabilitação agressiva para o ganho de extensão final. Por

critérios de tratamento, pode-se trabalhar a ADM sempre no início do mesmo para ganho

da ADM e no final para manutenção da mesma obtida. Esses exercícios acompanham toda

as fases do tratamento, pois diminuem o desconforto articular, nutrem a cartilagem e

preparam a articulação para o trabalho muscular. (Hebert, 2003).

Page 41: Benefícios da Utilização da Cadeia Cinética Fechada para a

40

O tempo de garrote durante a cirurgia e a quantidade de efusão articular leva a uma

inibição reflexa do quadríceps, principalmente do músculo vasto medial oblíquo (VMO).

Esse fenômeno ocorre em todos os pacientes inclusive em atletas, pois não está relacionado

com o volume ou força muscular. A inibição é uma incapacidade neuromuscular de

recrutamento do quadríceps e deve ser rapidamente tratada. Não se pode iniciar nenhum

tipo de reforço muscular antes disso. (Hebert, 2003).

Segundo Hebert (2003), algumas técnicas podem ser usadas para reverter o caso,

como eletroestimulação, sinergismo ou irradiação muscular, em que se pode utilizar o

trabalho de outras musculaturas para contrair o quadríceps (efeito cross-over), e ainda a

técnica de “despertar do quadríceps” citada por Dejour (apud Herbert, 2003). A técnica tem

como objetivo trabalhar os vários tipos de fibras musculares e a ascensão superior da

patela, por meio de contrações estáticas do quadríceps.

O treinamento muscular envolve não apenas o reforço, mas também a coordenação

muscular, a capacidade e o tempo de recrutamento, a resistência e a potência, e é um dos

principais objetivos da reabilitação funcional do joelho. O objetivo principal é alcançar e

desenvolver ótimos níveis de força funcional e estabilização dinâmica do joelho. Dentro

disso, as adaptações neurais tornam-se o foco do programa de tratamento em vez do

aumento da carga de exercício, onde se pode aumentar as demandas proprioceptivas por

meio da utilização de equipamentos e exercícios multisensoriais e multiplanares. (Hebert,

2003).

Corrigan (apud Fatareli et al., 2004), analisou a habilidade dos indivíduos com LCA

lesado em detectar a posição estática e pequenas alterações na angulação articular e se

certificou de que estes apresentam redução do torque extensor em relação ao torque flexor e

maior dificuldade de detecção dos movimentos. Assim, a perda da força muscular foi

associada à perda proprioceptiva.

Barrack et al. e Borsa et al. (apud Fatareli et al., 2004), usaram o membro não

lesado como controle. Por outro lado, Corrigan et al. (apud Fatareli et al., 2004),

compararam o membro lesado e contralateral com o membro de um grupo-controle sem

história de lesão no joelho, que demonstravam perda proprioceptiva na articulação de

ambos os joelhos em pacientes com lesão unilateral do LCA. Esses dados mostram que se

deve ser cauteloso ao assumir o lado não lesado como parâmetro de normalidade para o

Page 42: Benefícios da Utilização da Cadeia Cinética Fechada para a

41

lado lesado. Por ser uma circuitaria complexa, as informações provenientes dos receptores

de um ligamento também podem se projetar, via polissináptica, nos neurônios motores que

inervam a musculatura contralateral à lesão. Assim, o lado lesado pode influenciar o lado

contralateral.

Segundo Clarete e Gonçalves (1994), a reeducação proprioceptiva do joelho tornou-

se imperativa nas lesões do ligamento cruzado anterior (LCA), uma vez que, após a lesão,

há necessidade de se desenvolver uma capacidade adaptativa dos numerosos

mecanorreceptores que existem no joelho, para fornecer ao sistema nervoso central

informações de posição, movimento e stress articular.

O método de aplicação da reeducação proprioceptiva nos joelhos com lesão do LCA

é baseado em quatro fatores: exercícios com estímulos especiais que usam o desequilíbrio

provocado e controlado para produzir maior número de informações proprioceptivas ao

nível do joelho. Os exercícios usam equipamentos simples para produzir os estímulos

(planos inclinados, prancha oscilante de Dotte, aparelho de Freeman, tábua de equilíbrio,

cama elástica, skates, entre outros); a progressividade e dificuldade dos exercícios que

permitem levar o paciente a um treinamento controlado, de exercícios mais simples para os

mais difíceis, com caráter repetitivo, até atingir um nível de habilidade compatível com sua

atividade; critérios de habilidade que correspondem à capacidade do paciente em fazer os

exercícios e de evoluir para exercícios de maior complexidade. Essa habilidade é dividida

em três graus de dificuldade, correspondendo ao grau I os exercícios leves, ao grau II os

exercícios moderados e ao grau III os avançados; por fim, há a avaliação proprioceptiva

onde para avaliar a propriocepção dos pacientes, foi desenvolvido um teste no qual se usa

aparelho de movimentação passiva contínua, o CPM (Contimuous Passive Motion-Stryker-

Leg). (Clarete e Gonçalves, 1994). (anexo 10, p. 48).

O paciente, para passar de um grau para o seguinte, deve ter desenvoltura perfeita

nos exercícios, com flexibilidade, coordenação e trofismo muscular, e não apresentar dor

e/ou derrame articular. O tempo que o paciente passa por cada um dos graus depende de

sua habilidade prévia, de sua motivação e dedicação aos exercícios, bem como do tipo e

evolução do tratamento de sua lesão. O grau I da reeducação proprioceptiva inicia-se logo

após a 4ª semana do protocolo de reabilitação do joelho pós-reconstrução do LCA. Nos

Page 43: Benefícios da Utilização da Cadeia Cinética Fechada para a

42

casos de joelhos com lesão do LCA sem reconstrução, o início é após dez sessões de

preparação muscular. (ibidem).

Bonfim e Paccola (2000), afirmam que o sucesso depois da reconstrução do LCA

pode não depender diretamente da tensão ou força da reconstrução, mas antes da qualidade

de recuperação da propriocepção. Alguns pacientes que persistem com frouxidão

ligamentar depois da reconstrução não relatam dificuldade em retornar ao esporte e outros

com reparo clínico satisfatório, boa tensão ligamentar e pontuação alta nos testes de joelho,

continuam queixando-se de instabilidade e falseio apesar de o joelho não subluxar nos

testes clínicos. Estes pacientes apresentam-se com pobre senso de posição, ou seja, falta de

propriocepção.

Segundo Andrews (2000), os protocolos de reabilitação que se concentram nos

exercícios de cadeia cinética fechada, tornaram muito mais rápido o processo de

reabilitação, sendo crucial a escolha dos exercícios que produzem menos estresse no LCA.

Os Exercícios de escolha devem preservar o enxerto, a ênfase deve ser dada no

controle muscular do quadríceps, onde a técnica chamada de “despertar do quadríceps”

proporciona excelentes resultados na fase inicial do tratamento, evoluindo para exercícios

isométricos em ângulos múltiplos e conseqüente progressão da CCF. O uso da carga é

discutível, pois se usada antes do controle muscular ideal causará estresse articular.

(Hebert, 2003).

Howell (apud Andrews, 2000), sugere que as contrações isométricas ativas com

graus de 15º, 30º, 45º e 60º não produzem mais estresse sob o LCA.

O reforço muscular por meio de padrões de facilitação neuroproprioceptiva (FNP)

que utilizem a rotação tibial também pode ser empregado no tratamento das lesões de LCA.

Esse padrão de resistência manual é essencialmente um dos únicos caminhos para

concentrar o reforço nos movimentos rotacionais do joelho, sendo essencial para a sua

função normal. (Hebert, 2003).

Em fases finais, o treinamento de força e o treinamento neuromuscular estarão

juntos, pois, se as fases anteriores não alcançaram o seu objetivo, nesta fase final não há a

necessidade de ganho de força e sim ganho de velocidade de reação para a função a ser

exercida. A potência muscular é uma força com velocidade, mas essa é uma valência que se

Page 44: Benefícios da Utilização da Cadeia Cinética Fechada para a

43

deve adquirir depois que a força estiver perfeita. A flexibilidade deve ser enfatizada em

todas as fases, principalmente de isquiostibiais para favorecer a extensão. (ibidem).

Uma vez que o controle, a resistência e a força da musculatura do membro inferior

estiverem estabelecidas, é necessário desenvolver um controle muscular para aumentar a

estabilidade dinâmica do joelho. Técnicas de treinamento sensório-motor ou neuromuscular

utilizam exercícios em cadeia cinética fechada em plataformas estáveis podendo ser usadas

a mesma progressão. Tal progressão é de atividades com velocidade lenta seguindo para

rápida, de pouca força seguindo para grandes forças e de controlável para atividades não

controláveis. (ibidem).

O trabalho após uma reconstrução do LCA deve ser em contração, em uma flexão

do joelho pertinente para o paciente e ter uma evolução progressiva atual, pois os

proprioceptores estão lesados e levam algum tempo para voltar a responder adequadamente

a estímulos. Portanto, se o processo de reabilitação for acelerado demais pode-se falhar na

parte sensório-motora. (ibidem).

5.3 OBJETIVOS DO TRATAMENTO

Kisner e Colby (2005) dividem o tratamento em fases de proteção máxima, fase de

proteção moderada, fase de proteção mínima e retorno das atividades de vida diária. Na

fase de proteção máxima, os exercícios têm seu inicio um dia após a cirurgia, com a dor e o

edema sob controle convencional. Os exercícios e os objetivos a seguir são enfatizados

durante as primeiras quatro semanas após a cirurgia quando se faz necessária uma proteção

considerável das estruturas do joelho, são eles: impedir a inibição reflexa e atrofia da

musculatura do membro inferior; isométricos intermitentes suaves de quadríceps,

posteriores da coxa, adutores de quadril dentro do grau de conforto referido pelos pacientes

logo após a cirurgia; levantamentos da perna com o joelho estendido na posição de quatro

apoios, primeiro assistidos e depois progredindo para movimentação ativa do quadril com o

joelho mantido em extensão; isométricos da musculatura do joelho em múltiplos ângulos e

baixa intensidade; usar estimulação elétrica ou biofeedback para desenvolver co-contração

Page 45: Benefícios da Utilização da Cadeia Cinética Fechada para a

44

quando na posição em pé com o apoio de peso distribuído dentro do nível permitido sobre o

membro inferior envolvido. À medida que for permitido mais apoio de peso sobre o joelho,

deve se iniciar atividade de transferência de peso; recuperar a mobilidade dentro de uma

amplitude protegida e prevenir contraturas do joelho, onde o objetivo é conseguir 90º

deflexão e extensão quase completa no final da primeira semana; ADM passiva controlada

pelo fisioterapeuta ou ADM ativo assistida dentro de uma amplitude protegida (0 a 90º) e

dentro do grau de conforto do paciente; deslizamentos na parede em decúbito dorsal

assistidos pela gravidade, para aumentar a flexão do joelho; extensão do joelho em

decúbito dorsal. Empurrar o calcanhar sob um rolo de toalha com o joelho sem suporte

relaxado; deslizamentos patelares para prevenir aderências; começar a restaurar o controle

dinâmico normal da musculatura normal do joelho e fortalecer a musculatura adjacente na

fase final de proteção máxima; sentado em um banquinho com rodas, deslizar para frente

para ativar os posteriores da coxa concentricamente em cadeia fechada; bicicleta

estacionária; agachamentos bilaterais em arco curto usando a órtese de proteção. O apoio de

peso deve ser distribuído sob o membro inferior dentro de um grau permitido. (Kisner e

Colby, 2005).

A fase de proteção moderada tem seu inicio com cerca da 4ª a 5ª semanas após a

cirurgia ou quando a dor e o edema articulares estiverem bem controlados e sem evidências

de aumento da instabilidade articular. O paciente já deve ter 110º a 125º de flexão do joelho

e extensão ativa completa. (ibidem).

A ênfase dessa fase intermediaria é alcançar ADM completa e aumentar a força no

membro inferior envolvido em preparo para atividades funcionais independentes. Os

objetivos e os exercícios são: recuperar a ADM completa do joelho e a flexibilidade

apropriada da musculatura do membro inferior, em particular dos posteriores da coxa e dos

músculos da panturrilha, com exercícios de alongamento; usar técnicas de mobilização

articular grau III para restaurar a flexão completa do joelho; em decúbito ventral, colocar

uma tornozeleira com peso no tornozelo com o pé suspenso na beira da maca de tratamento

para provocar um alongamento mantido e obter os graus finais de extensão terminal;

aumentar a força, o controle e a resistência para evitar a fadiga dos membros inferiores;

exercícios progressivos em cadeia fechada como agachamentos bilaterais, deslizamentos na

parede em pé contra resistência e agachamentos unilaterais ou passadas a frente sobre uma

Page 46: Benefícios da Utilização da Cadeia Cinética Fechada para a

45

rampa inclinada além de subidas e descidas de degraus, aumentando gradualmente a altura

dos degraus; melhorar a propriocepção, o equilíbrio e a estabilidade ficando em pé sobre

superfícies instáveis e caminhando sobre superfícies irregulares ou em torno de objetos; por

fim, recuperar o preparo cardiopulmonar com atividades de condicionamento aeróbico.

(ibidem).

Na fase de proteção mínima e retorno à atividade que tem inicio a partir da 10ª a 24ª

semanas pós-operatórias, o programa de tratamento passa a enfatizar a incorporação de

atividades que exigem uma progressão dos exercícios, como subir escadas, correr e

exercícios de agilidade. Caso o paciente tenha recuperado cerca de 75 a 80% da força

muscular do joelho, os exercícios que podem ser aplicados nessa fase são exercícios

pliométricos, saltos e pulos além de promover a reabilitação em alta velocidade dentro de

um aspecto isocinético. (Kisner e Colby, 2005).

Grinberg (1995), afirma que a partir do 7º mês, pode-se aumentar progressivamente

todas as atividades, com treinamento específico para cada esporte, como saltos, corridas em

várias direções, freadas bruscas e agachamentos, e ainda introduzir os exercícios

pliométricos em todas as direções. Apenas no 8º mês, deve-se dar início aos treinos com

equipe sem participar de coletivos e, finalmente, no 9º mês, iniciar os exercícios coletivos.

Segundo Andrews, (2000), nas duas primeiras semanas após a cirurgia a ênfase

deve se concentrar em ganhar e manter a extensão, pois a flexão aumentará com uma

redução da dor e do derrame articular. O recrutamento do quadríceps deve ser monitorizado

com atenção. Os exercícios com extensão terminal ativa do joelho podem ser iniciados logo

que a dor incisional o permitir. Historicamente, os exercícios foram limitados no inicio

devido ao estresse exercido sobre o enxerto, mas passaram a ser permitidos da 4ª a 6ª

semana após a operação. Tais exercícios ajudam a facilitar o recrutamento do quadríceps e

aumentam a mobilidade patelar.

Depois que a incisão estiver devidamente cicatrizada, poderão ser realizadas a

mobilização e a dessensibilização da cicatriz. (Andrews, 2000).

O atleta pode interromper o uso das muletas quando a extensão ativa plena for

conseguida durante a atividade de reabilitação, e se houver um bom controle da

musculatura do quadríceps. (ibidem).

Page 47: Benefícios da Utilização da Cadeia Cinética Fechada para a

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Após a normalização da marcha, as muletas podem ser abandonadas e o

fortalecimento deverá progredir segundo um método de cadeia fechada. Os exercícios de

cadeia fechada permitem o fortalecimento de extremidade inferior sem criar estresses que

sejam prejudiciais para o enxerto. O menor estresse que se torna possível graças ao uso de

cadeia cinética fechada, é devido às forças de compressão na articulação tibiofemoral e a

co-contração de outros músculos. Um excelente exercício inicial de cadeia fechada é

representado pela extensão terminal do joelho na posição ortostática, utilizando-se de uma

faixa elástica. (ibidem).

O inicio da extensão de membro inferior com peso, e da isocinética na amplitude

terminal de extensão, varia muito com cada protocolo, porém é geralmente permitido num

período de 3 a 6 meses; o paciente poderá ser liberado para atividade atlética a partir do 4º

mês. (Andrews, 2000).

Dionísio e Pini, (1996), afirmam que um protocolo acelerado de reabilitação

encoraja o paciente a caminhar com extensão total e apoio do membro inferior operado já

na primeira semana de pós-operatório. Na segunda semana, os pacientes com flexão maior

ou igual a 100º participam de uma série de exercícios do programa de fortalecimento

muscular; na quarta semana é permitido todo o tipo de atividade de vida diária. Ao longo

do tempo uma série de biópsias do retalho obtida em vários estágios diferentes não revelou

nenhuma alteração histológica adversa.

Clarete e Gonçalves (1994), Afirmam que os exercícios usados na reeducação

proprioceptiva são predominantemente feitos em cadeia cinética fechada, que é a melhor

forma de exercícios para o joelho após a reconstrução do LCA. O uso de tubos de borracha

ou faixas elásticas é a forma de contrapor uma resistência variada aos exercícios o que

favorece o fortalecimento da musculatura.

Para o atleta de mais alto nível, é necessário um treinamento especial, porque os

exercícios de treinamento muscular simples não melhoram o tempo de resposta da reação

muscular que eles necessitam para seu desempenho. Assim, tanto os exercícios dinâmicos

controlados (Dynamic Joint Control Training), como os exercícios pliométricos,

caracterizados como exercícios de explosão muscular ou de movimento rápido e potente,

dão especificidade ao treinamento. (ibidem).

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Em uma fase final de reabilitação onde o paciente apresenta uma contração

muscular ótima do quadríceps, amplitude completa de movimento e retorno do equilíbrio

cinestésico e postural, podem ser apresentados ao paciente exercícios em cadeia cinética

fechada como mini-agachamentos, arrancada (aceleração) para frente e para trás,

arrancadas com resistência elástica (com movimentos cruzado e diagonais), subidas de

degraus laterais extensões terminais do joelho em cadeia fechada, exercícios

cardiorespiratórios e exercícios visando o ganho de flexibilidade da musculatura posterior.

(Andrews, 2000).

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48

CONCLUSÃO

As lesões ligamentares do joelho constituem um problema muito comum na prática

clínica da medicina do esporte. Vários autores demonstraram sua preocupação,

especialmente com o tratamento e o retorno às atividades esportivas na lesão do ligamento

cruzado anterior (LCA).

É importante a análise de cada caso, pois se a opção for um protocolo mais

agressivo, se faz necessário à confiança no sucesso da técnica cirúrgica. O trabalho da

equipe cirúrgica e do fisioterapeuta em conjunto é de suma importância para a qualidade da

reabilitação do paciente.

Durante esta pesquisa bibliográfica observaram-se algumas diferenças entre as

literaturas, porém pode-se observar que os exercícios em cadeia cinética fechada trazem

grandes benefícios para os pacientes com lesão do ligamento cruzado anterior, podendo

estes retornar as suas atividades de vida diária tal como era antes da lesão.

Sendo comprovado uma maior estabilidade articular, a estimulação proprioceptiva e

a precocidade na introdução do tratamento, promovem significativamente a um retorno

mais rápido as atividades funcionais além de promoverem o fortalecimento dinâmico e

global através de exercícios funcionais.

Entre os autores há um consenso geral a respeito da necessidade de ser empregados

exercícios aplicados em cadeia cinética fechada, pelo menos até os primeiros seis meses de

pós-operatório, dessa forma minimizando as forças de gaveta anterior sobre o retalho

cirúrgico.

Não existe duvida quanto a importância da mobilização precoce nos casos de

reconstrução ligamentar. A cinesioterapia se faz cada vez mais presente sobrepondo-se a

imobilização que atualmente vem ocupando um espaço mais restrito na reabilitação das

lesões ligamentares. Diante disso, é fundamental que o tratamento seja baseado no

conhecimento cientifico e respeitando as particularidades de cada caso que podem

influenciar no resultado e na evolução do tratamento.

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49

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LCA: uma Revisão Biomecânica e do Controle Motor. 2004. Disponível em: <www.rbo.com.br >. Acesso em 15 de Novembro de 2007. FRANK H. NETTER, MD. Atlas de Anatomia Humana. 2ª ed. Rio de Janeiro: Artmed, 2003. GRINBERG, P. Reabilitação do Joelho. 1995. Disponível em: <www.rbo.com.br>. Acesso em: 11 de agosto de 2007. HALL, C.M.; BRODY, L.T. Exercício terapêutico na busca da função. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001. HALL, S. Biomecânica Básica. 3ª ed. Rio de janeiro: Guanabara Koogan, 2000. HOPPENFELD, S. Propedêutica ortopédica: coluna e extremidades. ed. 1. Rio de Janeiro: Atheneu, 2002. HEBERT, S.; XAVIER, R. Ortopedia e Traumatologia, princípios e prática. 3ª ed. Porto Alegre: Editora Artmed, 2003.

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51

KAPANJI, I.A. Fisiologia articular: esquemas comentados de mecânica humana. 5ª ed. São Paulo: Editorial Médica Panamericana, 2000. KISNER, C.; COLBY, L.A. Exercícios terapêuticos fundamentais e técnicas. 4ª ed. Rio de Janeiro: Manole, 2005. LIMA, C.S.; GUIMARÃES, A.C. Implicações da pratica de exercícios em cadeia cinética

aberta e fechada no deslocamento tibial anterior após reconstrução do ligamento cruzado

anterior. In: Congresso Brasileiro de Biomecânica 8, 1999. Anais do Congresso de Biomecânica. Santa Catarina: Impressão Gráfica Record, 1999. NUNES, J.F. et al. Tratamento Conservador das lesões do LCA. 2005 PEREIRA, E.S. et al Instabilidade anterior do joelho: fatores prognósticos clínicos e

radiológicos. 1998. Disponível em <www.rbo.com.br>. Acesso em 2 de setembro de 2007. PETERSON, L.; RENSTRÖM, P. Lesões do Esporte. 3ª ed. São Paulo: Manole, 2002. PETERSON, L.; RENSTRÖM, P. Traumas no Esporte 2 São Paulo: Novartis Biociências, 1993. ROCHWOOD JR. et al. Fraturas em adultos. 3ª ed. São Paulo: Manole 1994. WHITING, W.; ZERNICKE, R. Biomecânica da lesão músculo esquelética. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001. WEINSTEIN, S.T.; BUCKWATER, J.A. Ortopedia de Trek: princípios e sua aplicação. 5ª ed. São Paulo: Manole, 2000. WHITING, W.; ZERNICKE, R. Biomecânica da lesão músculo esquelética. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A., 2001.

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ANEXO 1

Anatomia do Joelho Fonte: PETERSON, L; RESTRON, P. Lesões do Esporte, 2002. ANEXO 2

Ligamentos Cruzado Anterior e Posterior do Joelho Fonte: FRANK H. NETTER, M D Atlas de Anatomia Humana, 2003.

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ANEXO 3 ANEXO 4

Teste de Lachman Teste de Lachman Fonte: HEBERT, S.; XAVIER, R. Fonte: PETERSON, L; RESTRON, Ortopedia e traumatologia, princípios P. Lesões do Esporte, 2000. e prática, 2003. ANEXO 5

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ANEXO 6

Alinhamento Biomecânico – Forma incorreta (A), Forma correta (B). Fonte: ANDREWS et al. Reabilitação Física das

Lesões Desportivas, 2000. ANEXO 7

Alinhamento Biomecânico – Forma incorreta (A), Forma correta (B). Fonte: ANDREWS et al. Reabilitação Física das

Lesões Desportivas, 2000.

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ANEXO 8

Flexão ativa do Joelho. Fortalecimento muscular com resistência Fonte: ANDREWS et al. Reabilitação elástica em CCF. Física das Lesões Desportivas, 2000. Fonte: HEBERT, S.; XAVIER, R. Ortopedia e traumatologia, princípios

e prática, 2003 ANEXO 9

Extensão terminal do joelho com sustentação de peso (A) e (B), extensão terminal do joelho com sustentação de peso, steep (C) e (D). Fonte: (A) e (B) HEBERT, S.; XAVIER, R. Ortopedia e Traumatologia, princípios e

prática, 2003. (C) e (D) ANDREWS et al. Reabilitação Física das Lesões Desportivas, 2000.

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ANEXO 10

Figs. 1 e 2 — Exercícios grau I; 3, 4 e 5 — Exercícios grau II; 6 — Exercícios graus II e III com resistência variada; 7 e 8 — Exercícios grau III. Fonte: CLARETE, T. S., GONÇALVES, M.S. Reeducação Proprioceptiva nas Lesões do

Ligamento Cruzado Anterior do Joelho. 1994.