benefícios e riscos das manobras expansivas em pacientes...

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FACULDADE REDENTOR DO RIO DE JANEIRO Curso de Especialização em Fisioterapia Respiratória Hospitalar Benefícios E Riscos Das Manobras Expansivas Em Pacientes Submetidos À Cirurgia Torácica Trabalho de Conclusão do Curso apresentado à Faculdade Redentor do Rio de Janeiro como parte dos requisitos para Conclusão do Curso de Especialização em Fisioterapia Respiratória Hospitalar. Aluna: Maria Beatriz Colenghi Freitas Alves Orientador(a): Profa. Dra. Élida Mara Carneiro Silva Formação Acadêmica em Fisioterapia Fisio Excelência em Pós-Graduação Ltda. Rua José Pimenta Camargo nº 141 – Bairro Parque do Mirante – Uberaba - MG Telefone 34 3313 4624 e-mail [email protected]

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Page 1: Benefícios E Riscos Das Manobras Expansivas Em Pacientes …redentor.inf.br/arquivos/pos/publicacoes/15032012TCC... · 2018. 8. 29. · RESUMO As manobras expansivas são muito utilizadas

FACULDADE REDENTOR DO RIO DE JANEIRO Curso de Especialização em Fisioterapia Respiratória Hospitalar

Benefícios E Riscos Das Manobras Expansivas Em Pacientes Submetidos À Cirurgia Torácica

Trabalho de Conclusão do Curso

apresentado à Faculdade Redentor

do Rio de Janeiro como parte dos

requisitos para Conclusão do Curso

de Especialização em Fisioterapia

Respiratória Hospitalar.

Aluna:

Maria Beatriz Colenghi Freitas Alves

Orientador(a): Profa.

Dra. Élida Mara Carneiro Silva

Formação Acadêmica em Fisioterapia Fisio Excelência em Pós-Graduação Ltda.

Rua José Pimenta Camargo nº 141 – Bairro Parque do Mirante – Uberaba - MG Telefone 34 3313 4624 e-mail [email protected]

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RESUMO

As manobras expansivas são muito utilizadas pelos fisioterapeutas para melhorar a ventilação pulmonar. A expansão pulmonar pode ser realizada manualmente, com aparelhos específicos como os inspirômetros de incentivo ou através do Ventilador Mecânico que atualmente é a técnica mais utilizada em pacientes sob uso de Ventilação Mecânica em UTI. Em pacientes submetidos à cirurgia torácica é fundamental que o fisioterapeuta tenha amplo conhecimento na área de Respiratória para realizar um protocolo com segurança e fazer o atendimento dentro das limitações que estes pacientes apresentarão durante a sessão de fisioterapia após ter sido realizada a cirurgia torácica. Sabemos que, existem alguns dispositivos que podem aumentar o trabalho respiratório e a pressão inspiratória. Portanto não são todos os pacientes que poderiam se beneficiar desse uso. É de responsabilidade do fisioterapeuta a educação quanto a sua melhor forma de utilização, assim como o posicionamento mais adequado para que se atinja o objetivo desejado. É necessário um protocolo para ser utilizado nesses pacientes no pós-operatório de cirurgia torácica para que se evitem erros nas condutas realizadas pela equipe de fisioterapia diminuindo os riscos e as sequelas de condutas mal realizadas que poderiam prejudicar a recuperação destes pacientes bem como o tempo de internação hospitalar. O objetivo geral desse estudo é verificar os benefícios e os riscos das manobras expansivas em pacientes submetidos à cirurgia torácica buscando mostrar as técnicas adequadas e mais utilizadas na área hospitalar. Foi realizada uma revisão literária, dos últimos 10 anos, nas bases de dados MedLine, Pubmed, Lilacs, Scielo, teses e dissertações. O resultado do estudo demonstrou a falta de pesquisas e literatura sobre os benefícios e riscos das manobras expansivas em pacientes submetidos à cirurgia torácica. É necessária a realização de estudos com melhor metodologia, com o objetivo de definir a maneira mais adequada para a utilização e aplicação das técnicas, benefícios e riscos das manobras e as contra-indicações específicas aos pacientes. Cabe ao fisioterapeuta avaliar cada paciente e realizar as técnicas expansivas adequadas a cada patologia apresentada, evitando o agravamento das complicações e o prolongamento da permanência hospitalar.

Palavras-chave: Cirurgia Torácica; Manobras Expansivas; Riscos e Benefícios.

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ABSTRACT

The expansive maneuvers are commonly used by physiotherapists to improve ventilation. The lung expansion can be done manually, with specific devices such as spirometers of encouragement or through the mechanical ventilator that is currently the most widely used technique in patients under mechanical ventilation in ICU. In patients undergoing thoracic surgery is essential that the physiotherapist has extensive knowledge in respiratory protocol to perform a safely and make the service within the limitations that these patients will present during the physiotherapy session held after thoracic surgery. We know that there are some devices that can increase the respiratory effort and inspiratory pressure. So not all patients who could benefit from such use. It is the responsibility of the physical therapist education as its best use, as well as the most appropriate placement for the achievement of the desired goal. You need a protocol to be used for such patients in the postoperative period of thoracic surgery for the avoidance of errors in the conduct undertaken by the physiotherapy team reducing the risks and consequences of bad behavior that could harm done to these patients as well as recovery time hospitalization. The general objective of this study is to assess the benefits and risks of expansive maneuvers in patients undergoing thoracic surgery and attempts to show the proper techniques and more used in the hospital. We performed a literature review of the past 10 years in the MedLine, PubMed, Lilacs, SciELO, dissertations and theses. The study results demonstrated the lack of research and literature on the benefits and risks of expansive maneuvers in patients undergoing thoracic surgery. It is necessary to perform studies with better methodology, with the aim to define the most appropriate way for the use and application of the techniques, benefits and risks of the maneuvers and specific contraindications to patients. It is for the physiotherapist to assess each patient and perform the techniques appropriate to each expansive pathology presented, avoiding the worsening of the complications and longer hospital stay. Key-words: Thoracic Surgery; Maneuvers expansive; Risks and Benefits.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................05

1.1JUSTIFICATIVA...........................................................................................07

1.2 OBJETIVOS................................................................................................08

1.2.1 Objetivo geral..........................................................................................08

1.2.2 Objetivos Específicos.............................................................................08

2 METODOLOGIA.............................................................................................09

2.1 Busca de Fontes........................................................................................09

3 DESENVOLVIMENTO...................................................................................10

3.1 CIRURGIA TORÁCICA...............................................................................10

3.1.1 INCISÕES TORÁCICAS..........................................................................10

3.1.2 TORACOTOMIA PÓSTERO LATERAL..................................................10

3.1.3 TORACOTOMIA ÂNTERO-LATERAL BILATERAL...............................11

3.1.4 ESTERNOTOMIA MEDIANA...................................................................11

3.1.5 COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS................................................12

3.1.6 FÍSTULA BRONCOPLEURAL...............................................................12

3.1.7 PARALISIA DO DIAFRAGMA................................................................12

3.1.8 EMPIEMA PLEURAL...............................................................................13

3.1.9 ATELECTASIA.........................................................................................13

4 MANOBRAS EXPANSIVAS...........................................................................14

4.1 MANOBRAS EXPANSIVAS EM PACIENTES SUBMETIDOS À CIRURGIA

TORÁCICA.........................................................................................................16

CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................18

REFERÊNCIAS..................................................................................................19

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INTRODUÇÃO O fisioterapeuta tem um papel importante a desempenhar na avaliação dos pacientes

que estão sendo preparados para cirurgia e que correm risco de desenvolver complicações

que podem ser evitadas pelo profissional atento. A história clínica de todos os pacientes

deve ser verificada para identificar a existência de problemas respiratórios, circulatórios, e

de fatores como tabagismo, obesidade, inatividade devido à outra causa ou lesão e idade,

que são fatores que predispõem o paciente às complicações pós-cirurgias (DELIBERATO,

2002).

Os pacientes submetidos à cirurgia torácica comportam-se como aqueles que fazem

CAA (Cirurgia Abdominal Alta), e as complicações são: atelectasia, insuficiência respiratória

aguda, ventilação mecânica ou intubação traqueal prolongadas, broncoespasmo e

pneumonia (MARTINS, 2005).

Alguns fatores que predispõem às complicações respiratórias no pós-operatório

podem ser minimizados por uma adequada avaliação e manejo pré-operatórios, incluindo o

uso de fisioterapia respiratória, broncodilatadores, uso de antibióticos, tratamento da

insuficiência cardíaca e interrupção do fumo. A fisioterapia respiratória é frequentemente

utilizada na prevenção e tratamento de complicações pós-operatórias como: retenção de

secreção, atelectasias e pneumonia. A duração e frequência da fisioterapia respiratória para

pacientes cirúrgicos são variadas, dependendo das necessidades individuais, preferência

terapêutica e prática institucional (LEGUISAMO; KARLIL; FURLANI, 2005).

A anestesia e determinadas cirurgias predispõem a alterações na mecânica

respiratória, nos volumes pulmonares e nas trocas gasosas. Na cirurgia cardiotorácica,

considerada de grande porte, inúmeras complicações podem ocorrer, entre elas, as de

causa respiratória, que culminam com a necessidade de cuidados intensivos, bem como

suporte ventilatório por tempo prolongado. Nos pacientes submetidos à cirurgia com

circulação extracorpórea (CEC), particularmente, podem ocorrer reações inflamatórias

desencadeadas por este procedimento que acarretam deterioração da função pulmonar no

pós-operatório, sendo estas complicações responsáveis pelo prolongamento do tempo de

internação, com aumento dos custos hospitalares, além de ser importante causa de

morbidade e mortalidade.

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A fisioterapia com ou sem o uso do inspirômetro de incentivo reduz a incidência de

complicações pós-operatórias e melhora a função pulmonar, mas atualmente não há

nenhuma evidência de que o uso do inspirômetro isoladamente pode substituir a função do

fisioterapeuta. Os profissionais devem estar atentos ao fato de que, apesar do inspirômetro

fornecer informações sobre a recuperação pulmonar, a fisioterapia convencional permanece

sendo o tratamento mais eficaz na recuperação do paciente e na prevenção de

complicações pós-operatórias (ARCÊNCIO et al; 2008).

Existem inúmeros procedimentos utilizados no tratamento fisioterapêutico de

complicações pulmonares, dentre os quais se destacam: os padrões ventilatórios, manobras

de expansão pulmonar e o uso de inspirômetro de incentivo. Esses procedimentos

melhoram significativamente a perfusão ventilatória e, desta forma, contribuem para a

recuperação do indivíduo (REGENGA, 2000). De acordo com o British Thoracic Society

Standards of Care Subcommittee on Pulmonary Rehabilitation (MORGAN et al., 2001), a

meta final da reabilitação pulmonar é diminuir as disfunções e incapacidades em pessoas

com doenças pulmonares e melhorar a qualidade de vida, bem como diminuir gastos com

cuidados em saúde (MICHELS; SCHMITT; MATTOS, 2008).

As complicações pulmonares no período pós-operatório, quando comparadas às

complicações cardíacas, são igualmente prevalentes e também contribuem de maneira

significativa para o aumento dos índices de morbimortalidade cirúrgica, tempo de

permanência hospitalar e custos de internação. Em algumas situações têm, inclusive, maior

capacidade de prever mortalidade em longo prazo após a cirurgia especialmente em

pacientes idosos (SILVA et.al; 2009).

A utilização de exercícios respiratórios no período pós-operatório de cirurgia torácica

é bastante difundida, tendo como objetivo o incremento dos volumes correntes e a

capacidade residual funcional e total, por exemplo, a inspiração máxima sustentada e a

inspiração em tempos. Os mesmos devem ser associados a manobras de expansão

torácica, além de posicionamentos que intensifiquem a ventilação na região a ser

expandida. Os incentivadores respiratórios também amplamente utilizados pelos

fisioterapeutas são instrumentos auxiliares à terapia, não devendo ser utilizados como único

de expansão torácica. O que se sabe hoje é que alguns dispositivos podem aumentar o

trabalho respiratório e a pressão inspiratória. Portanto, não são todos os pacientes que

poderiam se beneficiar desse uso. É responsabilidade do terapeuta a educação quanto à

melhor forma de utilização, assim como o planejamento mais adequado para que se atinja o

objetivo desejado (SARMENTO, 2009).

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1.1 JUSTIFICATIVA

Justifica-se a realização desse estudo devido ao crescimento das cirurgias torácicas,

bem como as complicações que podem ocorrer nestes tipos de cirurgias se o fisioterapeuta

não estiver capacitado e possuir amplo conhecimento na área de respiratória para prestar o

atendimento adequado para pacientes submetidos à cirurgia torácica.

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1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

O objetivo geral deste estudo é verificar os benefícios e os riscos das manobras

expansivas em pacientes submetidos à cirurgia torácica.

1.2.2 Objetivos Específicos

- Revisar a literatura científica dos últimos 10 anos referente aos benefícios e riscos

das manobras expansivas em pacientes submetidos à cirurgia torácica.

- Identificar as manobras expansivas mais utilizadas nestes pacientes no ambiente

hospitalar.

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2 METODOLOGIA 2.1 Busca de Fontes

Para execução deste trabalho, será realizado um levantamento bibliográfico dos

últimos 10 anos, acerca do assunto referente aos benefícios e riscos das manobras

expansivas em pacientes submetidos à cirurgia torácica nas bases de dados do

MedLine/Pubmed, LILACS, Scielo etc.

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3 DESENVOLVIMENTO

3.1 CIRURGIA TORÁCICA

A cirurgia torácica nos meados do século XIX teve sua ascensão graças ao

desenvolvimento da cirurgia geral, com o aperfeiçoamento da anestesia e, sobretudo, a

partir do aprimoramento da ventilação mecânica.

Apesar dos recentes avanços, não existe cirurgia sem a realização de secção da

musculatura e muitas vezes a colocação de dreno de tórax. Esses dois fatores associados

interferem na dinâmica da caixa torácica e na função pulmonar.

3.1.1 INCISÕES TORÁCICAS

O tórax é uma região que abriga importantes órgãos vitais e se constitui de um

arcabouço ósseo rígido, revestido por uma grande massa muscular capaz de proteger e

desempenhar toda a dinâmica da respiração. Outra importante característica da caixa

torácica está relacionada à sua intensa inervação, conferindo a essa região o titulo de uma

das mais sensíveis à dor. As incisões realizadas no tórax estão na dependência da

localização das lesões a serem abordadas, e a sua extensão, ao grau de dificuldade do

acesso.

3.1.2 TORACOTOMIA PÓSTERO-LATERAL

Também chamada de toracotomia clássica, é considerada a principal incisão torácica

e utilizada rotineiramente pelos cirurgiões para abordagem do pulmão, esôfago, cavidade

pleural, mediastino e diafragma. Sua principal desvantagem é a secção dos músculos

trapézio, grande dorsal, rombóide, serrátil e intercostal, ocasionando diminuição da

complacência da caixa torácica e dificuldade na reabilitação dos movimentos da cintura

escapular.

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3.1.3 TORACOTOMIA ÂNTERO- LATERAL BILATERAL

É um excelente acesso para as cirurgias de urgência quando existe a necessidade

de exploração do mediatino, principalmente para o controle do sangramento. É uma incisão

muito difundida na realização de transplante pulmonar bilateral e para abordagem de

volumosa massa tumoral que invade os dois lados do tórax. Descrita como uma

bitoracotomia anterior é conhecida também como incisão de Clamshell. Ocorre a secção

transversa do esterno e dos músculos serrátil e intercostal, dos dois lados. Suas principais

desvantagens estão relacionadas ao tempo que se leva para promover a abertura e o

fechamento da cavidade, ao acavalgamento do esterno, à osteomielite, à ligadura das duas

artérias mamárias e à dor torácica crônica.

3.1.4 ESTERNOTOMIA MEDIANA

A maioria das cirurgias cardíacas é realizada por meio da esternotomia mediana, por

ela apresentar melhor acesso ao coração e vasos da base. É indicada também para

abordagem do mediastino anterior, esôfago, traquéia, pleura, pulmões e hilos.

É uma incisão bastante tolerada pelos pacientes por promover menos dor torácica,

pois praticamente não existe secção de músculos respiratórios, bem como pela pouca

inervação que causa. Como desvantagem, ela apresenta estigma de quem sofre de doença

cardíaca, por estar muito relacionada à abordagem do coração. Pode ocorrer também

instabilidade do esterno devido à sua cicatrização deficiente em pacientes idosos com

osteoporose, bem como osteomielite e mediastinite com deiscência da ferida, sendo

necessária reabordagem cirúrgica.

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3.1.5 COMPLICAÇÕES PÓS- OPERATÓRIAS

3.1.6 FÍSTULA BRONCOPLEURAL

Em geral, ocorre após cirurgia de ressecção pulmonar, ruptura de bolha ou

barotrauma nos pacientes sob ventilação mecânica. A presença de uma fistula

broncopleural indica contaminação persistente do espaço pleural e normalmente ocorre

dificuldade na expansão do pulmão. A origem desse fato pode estar no nível do brônquio ou

na periferia do pulmão, escape alveolar. As causas mais comuns são: tuberculose, presença

de neoplasia no segmento brônquico operado, infecção, desvascularização do brônquio,

ruptura de bolha, falha técnica no fechamento do coto e radioterapia pré-operatória.

Ocorrem também no pneumotórax espontâneo, especialmente nos pacientes com doença

pulmonar obstrutiva crônica.

3.1.7 PARALISIA DO DIAFRAGMA

O diafragma é o principal músculo envolvido na ventilação. Em adultos normais,

contribui com 30 a 60 % do volume corrente total. Com a paralisia diafragmática unilateral,

ocorre um decréscimo de 20 a 30% do volume corrente e 20% da captação de oxigênio. As

principais causas estão relacionadas à paralisia do nervo frênico em decorrência de

infiltração tumoral, infecção adjacente ao diafragma, secção incidental, calor (eletrocautério)

ou frio gelo.

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3.1.8 EMPIEMA PLEURAL

A contaminação do espaço pleural caracterizada pela presença de pus é uma das

complicações mais temidas na cirurgia torácica em razão de sua complexidade e

morbidade. A infecção da pleura pode ocasionar dor torácica, dispnéia e febre, e, em geral,

está associada à pneumonia.

A cronificação do empiema evolui com espessamento das pleuras e encarceramento

pulmonar. Como progressão dessa complicação ocorre a diminuição volumétrica do

hemitórax, por retração dos espaços pleurais. Se houver boa expansibilidade do pulmão,

mesmo na vigência das fistulas, deve-se utilizar a ventilação não invasiva, pois se houver

expansão pulmonar as fistulas fecham-se.

3.1.9 ATELECTASIA

A atelectasia caracteriza-se pela redução volumétrica do pulmão, sem remoção de

tecido, podendo ser caracterizada como primária ou secundária. A atelectasia primária

ocorre devido à falta de expansão pulmonar em decorrência de um volume inspiratório

baixo, bem como por cauda da fraqueza da musculatura, doença neurológica e dor torácica.

Já a atelectasia secundária ou obstrutiva ocorre por dificuldade na passagem do ar por

obstrução mecânica do fluxo, o que pode acontecer tanto pela compressão extrínseca do

brônquio como pela presença de secreção ou tumor endobrônquico.

Todos os pacientes submetidos à cirurgia torácica com anestesia geral

frequentemente apresentam tanto atelectasia primária como secundária. O controle da dor

pós-operatória é fundamental para a expansão pulmonar e para a realização da fisioterapia,

pois ela reduz o volume corrente e inviabiliza as manobras fisioterapêuticas . Além da dor,

existe o efeito irritante dos gases anestésicos e do tubo orotraqueal sobre o epitélio

brônquico. Por essa razão, é indicada na rotina pós-operatória de cirurgia torácica a

realização de inalação e fisioterapia.

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4 MANOBRAS EXPANSIVAS

Os exercícios de expansão torácica podem ser encorajados com estimulação

proprioceptiva pela colocação da mão tanto a do paciente como a do fisioterapeuta, sobre a

região da caixa torácica onde o movimento do tórax deve ser incentivado. Não existem

evidências de que haja aumento na ventilação do pulmão subjacente à mão, mas existe

aumento do movimento da parece torácica e do volume pulmonar (PRYOR e WEBBER,

2002).

Em relação às técnicas de expansão pulmonar, inspirômetros de incentivos são

utilizados na tentativa de reduzir complicações pulmonares pós-operatórias (PRYOR e

WEBBER, 2002). De acordo com Azeredo (2000), tem por objetivo prevenir o aparecimento

de atelectasias, o shunt, a hipóxia e hipercapnia por encorajar o paciente a realizar

inspirações profundas sustentadas. A sustentação máxima da inspiração, mediante o uso

dos incentivadores inspiratórios, tem sido bastante empregada no pós-operatório de

lobectomias. Em casos de pós-operatório, observou-se aumento no volume diafragmático

por aumento de volume pulmonar ao padrão respiratório sem a carga resistiva de um

inspirômetro de incentivo. Pode ajudar a reduzir as complicações pulmonares pós-

operatórias pelo aumento na ventilação das regiões dependentes dos pulmões. A técnica e

o equipamento utilizados em algumas condições clínicas parecem melhorar a performance

do paciente, visto produzirem um maior feedback do que as técnicas convencionais

(AZEREDO, 2000). O inspirômetro proporciona um feedback visual do exercício realizado e

motiva o paciente a atingir marcas pré-estabelecidas. No entanto, o uso do controle

respiratório e exercícios de expansão torácica com inspiração sustentada devem ser

incentivados, e quando combinados com deambulação podem ser mais efetivos na

prevenção de complicações pulmonares pós-operatórias (PRYOR e WEBBER, 2002).

Azeredo (2000) concorda e afirma que essa técnica não deve ser considerada

superior a qualquer outra modalidade terapêutica. Para reexpansão pulmonar, foi utilizado,

ainda, EPAP. A técnica da pressão positiva expiratória consiste em produzir uma pressão

positiva no final da expiração em pacientes com respiração espontânea (BADKE, 2003).

Manobras de expansão pulmonar são consideradas fundamentais na prevenção de

complicações pós-operatórias, tais como atelectasia e pneumonia, em pacientes de alto

risco. O emprego destas manobras reduz em até 50% o risco de complicações pulmonares.

Educação e orientações de expansão pulmonar, no período pré-operatório, reduzem as

complicações pulmonares.

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O CPAP é menos efetivo que as manobras de respiração profunda e incentivo aos

exercícios respiratórios. A principal vantagem do CPAP é a não dependência do esforço do

paciente. O uso do CPAP pode ser útil nos pacientes que têm dificuldade de realizar

exercícios respiratórios.

As manobras manuais utilizadas na fisioterapia respiratória não apresentam

consenso na literatura nacional e internacional, tanto na forma de aplicação das técnicas

quanto na nomenclatura utilizada para cada manobra. As técnicas acabam sendo adaptadas

de acordo com a preferência individual dos terapeutas, muitas vezes descaracterizando a

manobra originalmente descrita. Esta situação gera dúvidas a respeito da eficácia e

segurança das mesmas.

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4.1 MANOBRAS EXPANSIVAS EM PACIENTES SUBMETIDOS À CIRURGIA

TORÁCICA

A reexpansão pulmonar promove a insuflação e a depuração do pulmão colapsado

ou obstruído por quadros infecciosos. As terapias de expansão da caixa torácica alteram o

gradiente de pressão transpulmonar para aumentar o volume pulmonar. O gradiente de

pressão transpulmonar é obtido pela diferença entre a pressão alveolar e a pressão pleural

e quanto maior for o gradiente de pressão maior a expansão pulmonar. As técnicas de

inspiração profunda e de compressão-descompressão alteram o gradiente pela diminuição

da pressão pleural (SCANLAN, 2000). As manobras de compressão e descompressão

bruscas consistem na aplicação de uma pressão manual ao nível das costelas inferiores

durante a fase expiratória seguida uma descompressão brusca no início da inspiração, o

que resulta numa variação elevada do fluxo inspiratório e no aumento da excursão

diafragmática local (POSTIAUX, 2004; PRESTO, 2003; PRYOR, 2002). De acordo com

Regenga (2000) esta manobra facilita uma contração mais forte dos músculos da região

alongada, provocando um maior esforço inspiratório, no entanto a eficácia dessas manobras

exige excelente coordenação paciente-terapeuta. A fisioterapia respiratória é

frequentemente utilizada na prevenção e tratamento das complicações pós-operatórias. A

duração e a frequência para pacientes cirúrgicos são variadas, dependendo das

necessidades individuais, preferência terapêutica e prática institucional. Contribui para

prevenir e tratar vários aspectos das desordens respiratórias, melhora na performance de

exercícios físicos e da qualidade de vida. A utilização de exercícios respiratórios no período

pós-operatório de cirurgia torácica é bastante difundida, tendo como objetivo o incremento

dos volumes correntes e a capacidade residual funcional e total, por exemplo, a inspiração

máxima sustentada e a inspiração em tempos. Os mesmos devem ser associados a

manobras de expansão torácica, além de posicionamentos que intensifiquem a ventilação

na região a ser expandida. Os incentivadores respiratórios também amplamente utilizados

pelos fisioterapeutas são instrumentos auxiliares à terapia, não devendo ser utilizados como

único modo de expansão torácica. O que se sabe hoje, é que alguns dispositivos podem

aumentar o trabalho respiratório e a pressão inspiratória. Portanto, não são todos os

pacientes que poderiam se beneficiar desse uso.

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É responsabilidade do terapeuta, a educação quanto à melhor forma de utilização,

assim como o posicionamento mais adequado para que se atinja o objetivo esperado.

Os pacientes hospitalares devem ser orientados a se responsabilizarem por seus

tratamentos. Se isto ocorre antes da alta hospitalar, tanto o paciente quanto o fisioterapeuta

terão confiança de que o tratamento continuará efetivamente.

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CONSIDERAÇÕES GERAIS

Neste trabalho foi observado que, pacientes submetidos à cirurgia torácica

apresentarão algumas complicações pós-operatórias como fístula broncopleural, paralisia do

diafragma, empiema pleural e atelectasia que são as principais causas de diminuição da

expansão pulmonar, por isso, em alguns pacientes as manobras expansivas podem

apresentar benefícios e em outros casos riscos devido ao aumento do trabalho respiratório.

O emprego das manobras expansivas reduz em até 50% o risco de complicações

pulmonares. O CPAP é menos efetivo que as manobras de respiração profunda e incentivo

aos exercícios respiratórios. A principal vantagem do CPAP é a não dependência do esforço

do paciente. O uso do CPAP pode ser útil nos pacientes que têm dificuldade de realizar

exercícios respiratórios.

O resultado do estudo demonstrou a falta de pesquisas e literatura sobre os

benefícios e riscos das manobras expansivas nos pacientes submetidos à cirurgia torácica.

Cabe ao fisioterapeuta avaliar cada paciente e realizar as técnicas expansivas

adequadas a cada patologia apresentada, evitando o agravamento das complicações e o

prolongamento da permanência hospitalar.

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REFERÊNCIAS

ARCÊNCIO, L. et al. Cuidados pré e pós-operatórios em Cirurgia Cardiotorácica: uma

abordagem fisioterapêutica. Revista Brasileira de Cirurgia Cardiovascular. v.23, n.3, p.

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