bem estar zona sul abril 2010

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REFLEXÃO Feio ou bonito: uma questão de magnetismo pessoal ao alcance de todos Atuar de forma criava aumenta a capacidade de desfrutar a vida, porque permite desenvolver a energia interna que nos une à natureza. ECOLOGIA Mudança de pensamento é essencial para superar a crise climática Jornal de Coleção • ano 2 • nº 19 • abril 2010 • 10.000 exemp. • Tel. (51) 3268.4984 • disTribuição GraTuiTa ZONA SUL ALIMENTAÇÃO Uma maça por dia faz muito bem para a saúde

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Jornal Bem Estar, edição Zona Sul, abril 2010

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Page 1: Bem Estar Zona Sul abril 2010

Reflexão

feio ou bonito: uma questão de

magnetismo pessoal

ao alcance de todos

Atuar de forma criativa aumenta a capacidade de desfrutar a vida, porque permite

desenvolver a energia interna

que nos une à natureza.

ecologia

Mudança de pensamento é essencial para superar

a crise climática

Jornal de Coleção • ano 2 • nº 19 • abril 2010 • 10.000 exemp. • Tel. (51) 3268.4984 • disTribuição GraTuiTa

zonasul

aliMentação

Uma maça por dia faz muito bem para a saúde

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Bem estar • Nº 19• Abril 2010 • 2

A estrada da vida é longa...Assim como é infinito o número de estrelas.

Só o Tao sabe quantas há... Mas Ele não diz. Porque, talvez, isso não seja tão importante. mais imporTanTe é a vida...Cheia de Chi no coração.O Yang e o Yin se mesclando...O Céu e a Terra dançando entrelaçados. O homem e a mulher são pólos opostos...Da mesma canção.Às vezes, dão certo; outras vezes, não.O que sobra é lição. Nem todos são capazes de aprender.Muitos odeiam; outros perdoam.No entanto, o Tao é sempre o mesmo: Sereno e insondável. Quem se agita, perde o foco.Quem bate, é fraco.Quem odeia é doente.e quem Compreende a lição é sábio. Ninguém pode descrever o Tao. E quem tenta é louco.

SIMPLESMENTE, SER!A grande lição do TAO:

Wagner Borges

Só o Tao compreende o Tao.Cabe aos homens compreenderem a si mesmos. O infinito não cabe em mentes pequenas e rançosas.Nem o Tao visita corações vingativos.Por isso, o Chi de quem odeia é sujo.E um manto de trevas cobre o Ser. O Chi amarelo faz muito bem para a cabeça.Limpa os pensamentos aflitivos.E nutre a mente de ideias claras e nobres.enTão, Tudo melhora. O sábio carrega uma pérola em seu ventre.E, quando o chão se abre sob seus pés, ele flutua.

Se os homens prestassem atenção nessa lição...

Flutuariam, e jamais sucumbiriam ao que é

danoso.

quando seu Corpo dorme, o sábio voa, em

espírito e frequenta a assembleia dos imortais no Céu.Lá, ele aprende sobre os nove mundos siderais.E, depois, volta contente para casa, agradecido. O homem ansioso e triste não relaxa.O apego é como um torniquete em sua mente.Por isso, dorme e não voa; só se debate.

E, assim, deixa de aprender muitas coisas... O bom pastor vela por suas ovelhas.Assim como os sábios velam pelos que se esforçam.Eles são irmãos mais velhos dos homens.

E eternos aprendizes do Tao. Emoções danosas causam muito mal.Enquanto os senTimenTos nobres Curam.Óleo e água não se misturam.Amor e egoísmo também não. A raiva ataca o fígado!E isso atrai os espíritos famintos.Eles se alimentam do Chi estagnado na região e fomentam mais confusões... Cabe aos homens o cuidado com tal situação.Carregar fantasmas em torno de si mesmo é horrível.Quem permite isso, causa grandes danos em sua vida e passa a viver com o semblante fechado, sem alegria. Por isso, os sábios sempre recomendam a serenidade antes da ação impensada, a ponderação inteligente.Diante de pequenas coisas, por que grandes explosões emocionais?A vida segue... E o importante é a lição que fica. Tudo vibra, mas o Tao é sempre sereno.

palesTra

Dermatologia Estética

com a Dra. Janine Edfrennes

15/05/201010h00

Local:Confeitaria Leckerhaus

Av.Pereira Passos 1125 lj 06 Copacabana Center.

Boas Notícias

P R O M O V E

Page 3: Bem Estar Zona Sul abril 2010

3 • Nº 19• Abril 2010 • Bem estar

Guia Saúde

A vacina pneumocócica 10-valente foi incluída no calendário básico de vacinação disponível na rede públi-

ca de saúde e será oferecida a partir de março. A vacina oferece proteção contra o pneumococo, bactéria causadora de me-ningite pneumocócica, pneumonia pneu-mocócica, sinusite e inflamação no ouvido, entre outras doenças. Serão ministradas três doses bimestrais a partir do segundo mês e um reforço entre os 12 e 15 meses.

A vacina antimeningococo C, que imuniza contra a doença meningocócica (infecção que pode se manifestar como meningite ou meningococcemia, uma in-fecção generalizada), deverá estar disponí-vel em agosto. Será aplicada em duas do-ses e um reforço no primeiro ano - a idade para a primeira dose ainda não foi definida.

Durante este ano, as vacinas serão aplicadas em crianças com menos de dois anos - serão vacinadas aquelas de 12 a 24 meses que não foram imunizadas. A par-tir de 2011, serão indicadas para crianças com menos de um ano. Com a inclusão das duas substâncias, o calendário básico de vacinação passa a ter 13 tipos de vaci-nas contra 19 doenças diferentes.

Após cinco anos do início da vacina-ção, o Ministério da Saúde pretende evi-tar 45 mil internações anuais por pneumo-nia. Hoje, ocorrem 54.427 internações por ano em média.

Se você tem crianças em casa ou co-nhece quem tem, avise, pois uma simples vacina pode salvar a vida de uma criança, além de evitar graves doenças.

Novas vaciNas Na Rede PúblícaO SUS acrescenta duas vacinas infantis ao calendário básico

Pessoas com mais vitamina D no san-gue correm menos risco de desenvol-ver câncer de cólon do que aquelas

que têm baixos níveis do composto, segun-do um estudo publicado no “British Medical Journal”. A análise foi feita pela Agência In-ternacional de Investigação do Câncer, em Lion, na França, e pelo Imperial College de Londres. Segundo os estudos, o risco de so-frer da doença diminui 40%.

Os cientistas observaram as quantida-des do composto em 1.248 pacientes com câncer de cólon, destacando, entretanto, que a relação não é definitiva, e outros estu-dos clínicos devem ser realizados. A pesqui-sa não avaliou se o consumo de suplemen-tos da vitamina pode ajudar a evitar a doen-ça. Importante, a principal fonte da vitamina é a luz solar, mas ela também está presen-te em alguns alimentos, como o óleo de fíga-do de bacalhau.

“Este é o maior estudo já realizado so-bre o assunto, e agora há mais provas de que há maiores possibilidades de que as pessoas com baixos níveis de vitamina D possam de-senvolver câncer de cólon. O próximo pas-so é realizar novos testes para tentar confir-mar se o suplemento pode reduzir o risco – afirma o cientista Panagiota Mitrou.

Uma imPoRtaNte vitamiNa

Vitamina D reduz risco de câncer de cólon

A caminhada ajuda a reverter a perda óssea associada a um tratamento co-mum contra câncer de próstata, re-

duzindo o risco de fraturas e osteoporose, segundo pesquisa do Johns Hopkins Hospital feita com homens que estavam em tratamen-to com deprivação de androgênio e radiote-rapia. Os especialistas observaram, após oito semanas, que uma caminhada de passadas rá-pidas durante 30 minutos diários, cinco dias na semana, ajuda a fortalecer os ossos des-ses pacientes (ganho de 0,49% na massa ós-sea). Em contraste, aqueles que passavam pela terapia que bloqueia o hormônio e não pra-ticavam a atividade apresentavam considerá-vel perda de massa óssea (2,2% no período de dois meses), comum em pessoas mais ve-lhas, mesmo saudáveis (perda de 0,5% a 1% por ano).

O estudo sugere que o mesmo acontece com pessoas que não estejam sob tratamen-to. Ou seja, “uma ideia na cabeça e tênis nos pés” será o nosso lema.

FoRtaleceR os ossos

Caminhada pode reverter perda óssea, afirma estudo

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Bem estar • Nº 19• Abril 2010 • 4

H á um ditado popular que diz: “Uma maçã ao dia mantém o médico lon-ge”. Talvez por isso, a maçã tem sido

intensamente estudada nos últimos anos e demonstrado o que o ditado afirma: pesqui-sas mostram que a frequente in-gestão da fruta ajuda realmente na manutenção da saúde.

A maçã é rica em pec-tina, taninos, ácido málico e flavonoides que, entre outras funções, ajudam a amenizar problemas do sistema digesti-vo, como diarreia e constipação intestinal; ela previne o aumento das taxas de colesterol e mantém os níveis ideais de glicose e triglicéride-os no sangue.

ANTICANCERÍGENAPesquisas recentes reforçam as proprie-

dades antioxidantes e anticancerígenas da maçã, especialmente pela quantidade de poli-fenóis e flavonoides existentes na fruta, subs-tâncias que podem ajudar a retardar o en-velhecimento, porque preservam as células.

Entre os estudos que demonstram esta ação benéfica está o desenvolvido na Univer-sidade de Cornell, nos Estados Unidos, que constatou que a combinação de fitonutrien-

tes encontrados na polpa e na casca da maçã é realmente uma importante fonte de antio-xidantes, que evita que os radicais livres pre-sentes no organismo causem danos aos teci-dos e às células.

Em estudos in vitro, os cientistas trataram células cancerígenas do

cólon e do fígado com extrato de maçã e constataram que a proliferação dessas células foi inibida, o que indica uma im-portante ação no combate ao câncer. Em outro estudo, pes-

quisadores da Universidade da Califórnia demonstraram que

tanto a maçã quanto o suco da fru-ta contêm parcelas significativas de fi-

tonutrientes capazes de obstruir a oxida-ção do LDL, conhecido como mau coleste-rol e um dos principais causadores de doen-ças cardiovasculares.

ANTICARDÍACAPesquisas realizadas na Finlândia indi-

cam, ainda, que os fitonutrientes da maçã es-tão relacionados ao menor risco de ocor-rências de doenças cardíacas e de câncer de pulmão. Os cientistas envolvidos com esses estudos argumentam que as propriedades benéficas da maçã podem estar tanto na fru-ta ‘in natura’ quanto nos sucos. Aliás, a trans-

formação da maçã em suco pode au-mentar o efeito protetor de seus com-postos fenólicos e antioxidantes.

Por isso, inclua sempre a maçã em seu cardápio. Além de gostosa, ela vai garantir uma dose extra de saúde para você.

Fonte: Celina mayumi T. hiramatsu,

nutricionista pela Faculdade São Camilo.

alimeNtação

UMA MAÇA POR DIA MANTÉM...A fruta faz muito bem para a saúde e previne o envelhecimento da pele e o câncer.

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5 • Nº 19• Abril 2010 • Bem estar Sua saúde merece cuidadoNotícias para ler e repassar

Como todo ano, a épo-ca de Carnaval traz à tona a discussão so-

bre o uso da camisinha e de ou-tros métodos anticoncepcio-nais. O carnaval já passou, mas essa questão recorrente ainda é necessária. Uma pesquisa feita com 3.542 pessoas de 15 anos ou mais, resi-dentes na zona urbana de Pelotas (RS), reve-lou dados alarmantes sobre o uso incorre-to dos métodos anti-concepcionais e sobre a falta de informação dos usuários.

Coordenado pela farmacêutica Vera Maria Paniz, da Uni-versidade Federal de Pelotas, a pesquisa foi realizada a partir da aplicação de um questionário com dez perguntas sobre o tema - cada uma valendo um ponto. A mé-dia de acertos ficou abaixo de

cinco pontos. “Apesar das cam-panhas, 30% dos homens entre-vistados não sabem usar o pre-servativo corretamente”, afir-ma a pesquisadora. “Metade da população desconhece que o uso da camisinha é o único mé-todo para prevenir DSTs (Do-

enças sexualmente trans-missíveis).”

pílulasO estudo também

mostrou que 70% das mulheres não sabiam o que fazer no caso de es-quecer de tomar a pílu-la anticoncepcional. Além disso, 16,2% das entrevis-tadas relataram casos de gravidez indesejada. En-tre elas, 5,8% usavam al-

gum tipo de anticoncep-cional. O método mais utili-

zado entre as mulheres foi o do anticoncepcional oral (38%). Os homens preferiram o preserva-tivo (49%).

S egundo o England’s Royal National Institute of Deaf, três em cada quatro frequentadores assídu-os de boates e danceterias correm o risco

de perda permanente da audição. E o perigo não está só em locais fechados, mas também nas ruas, nas micaretas e durante o Carnaval, por exemplo.

Estatística alarman-te - A perda de audição afeta dez por cento da população mundial. No Brasil, cerca de quinze milhões de pessoas têm deficiência auditiva e 350 mil não ouvem absolu-tamente nada. Segundo médicos e fonoaudiólogos, os que gostam de baladas de-vem tomar cuidado. Quando estiverem expostos a mui-to barulho, como nas proximidades de um trio elétrico, devem se afastar a cada duas horas para locais mais silen-ciosos e lá permanecer por, pelo menos, vinte minutos, como forma de evitar o risco de perda auditiva.

Outro perigo para a audição são os MP3, os MP4 players e os celulares que tocam música. Usados com fre-quência pelos jovens, possuem fones que, em contato di-reto com os ouvidos, podem fazer mal à saúde, se a mú-sica estiver sempre em volume alto. O vocalista do grupo Jota Quest, Rogério Flausino, é uma das vítimas ilustres. Ele perdeu 30% da audição de um dos ouvidos por causa

do uso do fone de ouvido durante os shows. Sua lesão é irreversível.

prevenção possível

A fonoaudióloga Isabela Pe-reira Gomes, do Centro Auditivo

Telex, explica que existem meios de auxiliar na prevenção da perda

auditiva induzida por ruído. Ela reco-menda o uso de protetores auricu-

lares. “Eles reduzem o volu-me excessivo, mas quem usa não deixa de ouvir o som ambiente. São indica-

dos principalmente para músicos, DJs, motociclistas e até dentistas.” Os protetores - ou atenuadores, como são chamados - são moldados de acordo com a anatomia do ouvido de cada pessoa. Existem dois modelos. O primei-ro diminui em 15 decibéis o barulho ambiente, e o segun-do reduz em 25 decibéis.

Em várias profissões trabalhadores correm o risco de perda de audição por causa do barulho excessivo durante a jornada de trabalho. São operadores de britadeiras, ope-radores de áudio em estúdios e emissoras de rádio e fun-cionários de gráficas, entre outros. Não se deve ficar ex-posto a ruídos de 85 decibéis por mais de oito horas por dia. Isso corresponde ao barulho de um caminhão.

Permanecer pelo menos meia hora por dia em lugares muito barulhentos pode afetar, para sempre, a capacidade de ouvir.

Estudo gaúcho revela mal uso de anticoncepcionais pela população.

“Não estoU te escUtaNdo diReito...” o maU Uso de aNticoNcePcioNais

Fique Alerta

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Bem estar • Nº 19• Abril 2010 • 6

T rês anos depois de ter lançado o livro “Uma Verdade Inconveniente” e o filme que ganhou o Oscar e lhe proporcionou

o prêmio Nobel da Paz, Al Gore lançou novo li-vro em 2009: “Nossa Escolha - um plano para resolver a crise climática”. Al Gore considera que há um fio comum que liga três mega crises: a de segurança, a econômica e a climática. Tal fio é a dependência de petróleo e dos combus-tíveis fósseis. Para ele, a solução para todas es-sas crises é afastar-se da dependência dos com-bustíveis fósseis, desenvolvendo outras fontes de energia renováveis.

Para propor soluções para a crise climática, Al Gore mobilizou mais de 30 encontros com cientistas e especialistas de vários países e áre-

Evolução da consciência e crise climática

Novo livro de Al Gore (autor de “Uma Verdade Inconveniente”) aponta caminhos e resistências

para mudarmos a questão ambiental.

ecologia

Maurício andrés riBeiro

as temáticas. Seus insights e propostas são apre-sentados no livro, que é uma chamada à ação: não a ação individual, mas a que interfere nos processos políticos, na elaboração de leis e re-gulamentos e na construção de uma infraestru-tura coletiva que dê respostas à crise climática. Assim por exemplo, ele denuncia a desatualiza-ção regulatória e problemas na gestão de ener-gia que precisam ser corrigidos com prioridade.

Em 18 capítulos, o livro trata da crise atual, das fontes e de como usamos a energia, dos sis-temas vivos, dos obstáculos que precisamos su-perar. Capítulos específicos tratam das florestas, do solo; da população, suas demandas e impac-tos ambientais e climáticos.

Al Gore afirma que já temos conhecimento e tecnologia para enfrentar a crise climática, mas que falta despertar a vontade coletiva. A impor-tância da evolução da consciência é enfatizada: “As únicas soluções efetivas e significativas para a crise climática envolvem mudanças massivas no pensamento e comportamento humanos.”

AS PRINCIPAIS DIFICULDADESO livro mapeia três tipos de dificuldades as-

sociadas à mudança de pensamento que precisam ser superadas: em primeiro luGar, apon-ta que nosso cérebro foi programado para pro-cessar perigos como os que nossos antepassados

Page 7: Bem Estar Zona Sul abril 2010

7 • Nº 19• Abril 2010 • Bem estar

Dê sua opinião. Participe. ComenTe esTa maTéria

[email protected]

precisaram enfrentar em sua luta pela sobrevi-vência. Entretanto, a crise climática não acio-na as defesas emocionais que outros riscos despertam: ela é muito abstrata, exige muito conhecimento para ser percebida como uma ameaça, é grande demais e seu impacto pa-rece remoto: “Seus efeitos são distribuídos pela Terra num padrão que torna difícil atri-buir uma relação sem ambiguidades de causa

e efeito entre o que está acontecendo com a Terra como um todo e o que está acontecen-do com um indivíduo num determinado mo-mento e lugar”. Exemplifica ele que “é como se não sentíssemos a dor de uma queimadu-ra e por isso continuamos a ser queimados sem perceber”.

em seGundo luGar, como dificul-dades adicionais para a mudança de pensa-

ecologia

“Já temos conhecimento e tecnologia para enfrentar a crise climática, mas falta despertar a vontade coletiva. ‘As únicas soluções

efetivas e significativas para a crise climática envolvem mudanças massivas no pensamento e comportamento humanos’”.

mento, nossos cérebros estão estressados pela overdose de estímulos bombardeados pela propaganda, conduzida a partir da neu-rociência pelos marqueteiros e publicitários, “os grandes usuários da nova pesquisa do cé-rebro”. Estresse, ansiedade e preocupação dificultam que se focalize a mente no longo prazo necessário para lidar com a mudança climática, e fazem com que se priorize o ime-diato, como ocorre com quem precisa lutar para sobreviver no dia a dia.

Uma TerCeira difiCuldade para a mudança de pensamento é o poder dos lo-bbies das empresas que lucram com o pe-tróleo e o carvão. Repetindo a estratégia de companhias de cigarro, que negavam que o cigarro fizesse mal a saúde, as empresas de petróleo também fazem campanhas milio-nárias e doam recursos para eleger políti-cos. Dúvida e controvérsia são semeadas na mente das pessoas e enfraquecem a moti-vação para agir de forma convergente. Uma estratégia de desinformação influencia o pú-blico, que tende a não querer acreditar que exista tal ameaça.

“O resultado de semear tais dúvidas e controvérsias é paralisar os processos polí-ticos ou atrasá-los, no sentido de postergar ações que contrariem interesses da indústria do petróleo e do carvão.” Al Gore defende o ativismo nas bases para neutralizar essa ação financiada por interesses poderosos. Para tanto, criou uma instituição, a “Aliança para a Proteção Climática” - www.climateprotect.

“Estresse, ansiedade e preocupação dificultam

focalizemos a mente no longo prazo necessário para lidar com a mudança climática, e fazem com que se priorize o imediato, como ocorre

com quem precisa lutar para sobreviver no dia a dia”.

org - que divulga o tema na TV, rádio, inter-net, jornais e revistas.

Ele nos dá pistas de que investir na eco-logia mental e da consciência, ecologizar a cultura e a comunicação, são abordagens es-tratégicas para dar respostas à crise climáti-ca, que traz consigo uma crise da evolução.

maurício andrés ribeiro é autor de Ecologizar e de Tesouros da índia para a civilização

sustentável (http://www.ecologizar.com.br)

Ventos“Nenhum vento sopra a favor de

quem não sabe para onde ir”.

sÊneCa

wIdeias FortespolÊmiCas . insTiGanTes . Curiosas

T emos sido modelados para a especiali-zação, e o especialista fechado é a pes-soa que perdeu o olhar aberto, sim-

ples e natural. É alguém com a nuca rígida, que perdeu a flexibilidade de olhar para os lados, para cima, para baixo, para trás. É al-guém com uma viseira, cujos cacoetes ad-quirem status. Neste olhar estreito e mini-mizado, o inusitado nos escapa. Perdemos o deslumbramento, o espanto essencial. No caminho viciado e repetitivo, a estagnação assassina o milagre de servir. Escapa-nos o poder inocente do arquétipo da Crian-ça Divina. Na tumba do conhecido padece-mos; já não renascemos mais para a “eterna novidade do mundo”

A vida nos dá mui-tos praze-

res, ah, isso dá. Dos mais sim-ples aos mais so f i s t i c ados , dos singelos até aqueles que você batalha uma vida inteira para conseguir; no tema, é cla-ro que dinheiro ajuda, e quem disser que não, está mentindo.

Mas existem prazeres que não cus-tam nada. Quando telefona aquele amigo que você adora, e diz “vou já para aí, es-tou louco para te ver”. E, quando chega, te dá um grande abraço e diz que você está mais bonita do que nunca, tem me-lhor?

E quando seu filho liga e diz “estou com saudades”, sem nenhuma segunda in-tenção - descolar uma grana, por exem-plo-, tem alguma coisa que faça seu cora-ção mais feliz?

Existem ainda outros tipos de pra-

zeres que não custam nada, e que também são maravilho-sos, como es-tar rodeada de pessoas felizes. Convenhamos: ser feliz sozinha não tem tan-ta graça, bom mesmo seria sa-ber que o mun-do inteiro está feliz - mas aí já é meio difícil.

Gente que estuda com sacrifício e um dia consegue se formar - emprego depois é outra história -, não é o máximo? (...).

Existem coisas muito boas na vida - umas importantes, outras bem bobas. Um copo de cerveja gelada tomada de um gole só, numa tarde de calor; cheiro do carro novo; a empregada nova, quando você percebe que ela acertou com o tem-pero; o resultado do exame que diz que sua saúde está ótima; são sensações mara-vilhosas, de tão boas.

São coisas que quando me aconte-cem, me fazem sentir feliz.

ESPECIALISTASroBerto creMa

Pequenos prazeres da vidadanuza Leão

Leoni (Músico)

Não podemos perder a oportunidade de enxergar uma luz no fim do túnel. Faz tempo que falta um motivo ou uma ideia que conduza o mundo na direção da solidariedade e da compai-xão. Essa história de sermos guiados pelas leis ce-gas do mercado e da competição sempre me pa-receu que não podia dar certo para sempre. Não deu. A urgência criada pelo aquecimento global pode ser o começo de um novo humanismo, de uma mudança significativa de valores. Não se tra-ta mais de encontrar formas de manter o nos-so estilo de vida, mas de mudar o estilo de vida.

Desacelerar, reduzir, reciclar e consumir menos é necessário e faz bem. Também pode-mos trocar de consumo. Em vez de consumir modelos novíssimos de coisas novas que a pu-blicidade nos convenceu de que estão velhas, consumir conhecimento e cultura, que nos en-riquecem sem poluir. Esse é o verdadeiro con-sumo consciente. O mundo do consumo de-senfreado de bens cada vez mais descartáveis tem que acabar porque é inviável para seis bi-lhões de seres humanos lidando com recursos cada vez mais escassos.

Sem 20 pares de sapato, sem um 4x4, sem desperdiçar luz e sem o desejo insaciável dá para viver muito bem e o planeta agradece.

Um mundo mais intessante

Page 8: Bem Estar Zona Sul abril 2010

matéria de capa

A o finalizar meus estudos de Arte Dramática viajei buscando aprofun-dar minha educação. Minha curiosi-

dade abarcava muitas disciplinas artísticas: música, fotografia, literatura, pintura... Tra-balhei com músicos, poetas, cantores... e me surpreendeu descobrir que o processo cria-tivo, em sua essência, é comum. A expres-são final e a técnica de cada disciplina são di-ferentes, mas as etapas e os elementos que aparecem neste processo são os mesmos.

O segundo passo foi descobrir que a

criatividade não é uma ilha habitada só por artistas e cientistas, nem se relaciona com uma atividade em particular. A criatividade é uma qualidade da consciência e pode estar presente potencialmente em qualquer ação. Atuar de forma criativa é uma escolha pes-soal. Assim, uma pessoa pode escrever um livro de forma não criativa e outra limpar o chão de maneira criativa. Ou como dizia Abraham Maslow: “uma sopa de primeira ca-tegoria é mais criativa que uma pintura de segunda categoria”.

um dom ao alcance de todosMaria PigeM

Atuar de forma criativa aumenta a capacidade de desfrutar a vida, porque permite desenvolver

a energia interna que nos une à natureza.

Page 9: Bem Estar Zona Sul abril 2010

a

matéria de capa

um dom ao alcance de todosA criatividade é um

potencial de todos e não só isso, a vida em si mesma é um projeto criativo.

NASCEMOS CRIATIVOS

Os elementos que fazem parte do processo criativo já se encontram presentes ao nascer: abertura, curiosidade, capacida-de de surpreender-se ante qual-quer coisa, expressividade... mas podem desaparecer progressiva-mente ao entrar em contato com a cultura e a sociedade.

A cultura ocidental levou mi-lhares de anos insistindo num mo-delo de pensamento e numa visão

de mundo que nos alheia do potencial criativo. Este

modelo atualmente se baseia principalmente na visão científi-

ca, intelectual, de que tudo pode ser calculado matematicamente, ig-

norando sistemas baseados na expe-riência cotidiana e direta na relação com o mundo que nos rodeia.

Stanilavsky, ator, diretor de teatro e criador de um méto-do de preparação para atores no começo do século XX, fa-lava dos “hábitos sócio-cultu-rais de não expressão”, tudo

aquilo inerente em nossa cultura e sociedade que reprime a capacida-de expressiva e criativa. Frases tão simples como “não podes caminhar como uma pessoa normal?” ou “não chores que é coisa de crian-

ça” são sementes desses manda-tos que vão se desenvolvendo e fixando à medida que crescemos.

Mas colocar a culpa no sistema edu-cativo ou nos pais não é nada criativo, o criativo é colocar mãos à obra, ser cons-ciente de tudo aquilo que nos condicio-na e liberar-se deles. E assim recuperar os “olhos de criança” que uma vez tivemos de forma inconsciente e que agora podemos recuperar num processo consciente.

EXPLORAR E EXPERIMENTAR

A diferença básica entre o modelo educativo ocidental e a educação criativa é que o primeiro diz unicamente que se deve aprender, enquanto a educação cria-tiva mostra como aprender, e oferece as

“Os elementos que

fazem parte do processo

criativo já se encontram

presentes ao nascer: abertura,

curiosidade, capacidade de

surpreender-se ante qualquer

coisa, expressividade... mas podem

desaparecer progressivamente

ao entrar em contato com

a cultura e a sociedade”.

ferramentas para isso, incentivando a ex-ploração e a experimentação (um pro-cesso que nos acompanhará por toda a vida). O primeiro modelo conside-ra os alunos como objetos padrão,

Page 10: Bem Estar Zona Sul abril 2010

Bem estar • Nº 19• Abril 2010 • 10

a

a segunda entende que cada aluno tem uma qualidade precisa que deve ser escutada e potencializada.

A sociedade atual (escolas, concur-sos...) premia a informação pela informação, não incentivando o aprofundamento do co-nhecimento. O conhecimento que se valori-za é o intelectual, o dos jogos mentais que não vão mais além do conhecido. O intelec-to pode produzir, fabricar, mas nunca criar. Não existe a possibilidade de criatividade in-telectual. O intelecto se nutre da lógica, da informação, costuma ser rígido, imóvel. A criatividade, como a existência, esta cheia de paradoxos, de mistérios, que a mente não pode alcançar.

Outra coisa é falar da inteligência. Esta provém de uma grande coragem, da liber-dade interior. Não tem a ver com a cabe-ça, mas com um coração desperto, desejoso de caminhar no desconhecido, por deixar-se surpreender pelo mundo, enquanto vai dan-çando intimamente com ele.

O modelo educativo predominante oferece uma visão de mundo que

permite que a mente se posi-cione como “senhora do cas-

telo”, submetendo-nos a um governo nada demo-crático e nem um pouco “orgânico”. É incrível a crença que o único vivo existente é a mente e que o corpo seja pura-mente um pedestal me-

cânico que nos transpor-ta de um lado para outro.

Com os anos temos es-

quecido que o corpo é nosso grande sensor do mundo. Como disse David Abraham em seu livro “A Magia dos Sentidos”, “o corpo é uma forma desenhada para o mundo”, e rodeados como estamos de tecnologias que podem fazer que percamos a perspectiva e nos entreguemos a elas cegamente, necessi-tamos mais que nunca reconhecer as textu-ras, os ritmos e os sabores do mundo físico.

Se nossos sentidos estão adormecidos, aturdidos, bloqueados por uma ditadura in-telectual (baseada em conceitos, opiniões,

preconceitos), a percepção – elemento in-dispensável para a criatividade – será pobre, para não dizer nula. Pior ainda: a mente, des-conectada do corpo físico, pode criar uma percepção de mundo artificial e alterada.

A percepção não surge de uma análise mental ou dedutiva, mas de uma “participa-ção dinâmica entre meu corpo e as coisas” (A. Maslow). Devemos desaprender a lógi-ca mental, para aprender como ver, como escutar, como sentir. Como conta E. Harding em seu livro “Viver sem

matéria de capa

A PERCEPÇÃO SENSORIAL

“A beleza inerente na vida cotidiana se mostra

quando temos olhos para vê-la.

Da mesma maneira que temos

uma maior capacidade para desfrutar

da pintura quando nos ensinam

a olhar um quadro”.

Page 11: Bem Estar Zona Sul abril 2010

11 • Nº 19• Abril 2010 • Bem estar matéria de capa

Dê sua opinião. Participe. ComenTe esTa maTéria

[email protected]

Cabeça”, “havia per-dido uma cabeça e ganhado um mun-do”. Convém, pois,

recuperar esse corpo re-ceptor e expressivo com o qual nascemos, e reconectar-se com o mundo ilimitadamente rico da rea-lidade sensorial.

Estudando o processo criati-vo ativamente descobri que a men-te é a fonte de meus principais bloqueios: me vende o conceito de que sou um ente separado do mundo, dá voz aos medos, me per-mite retornar ao passado, proje-tar-me ao futuro, mas quase nunca de estar presente ao “aqui/agora”.

Sem dúvida, pode-se estabele-cer uma relação justa com a men-te. É um processo duro no qual se pode perder constantemente. Mas quando finalmente ganhamos a ba-talha e lhe mostramos qual é o seu lugar, a mente se converte num bom aliado, uma “secretária eficaz”.

VER O EXTRAORDINÁRIO NO ORDINÁRIOA beleza inerente na vida co-

tidiana se mostra quando temos olhos para vê-la. Da mesma manei-ra que temos uma maior capacida-de para desfrutar da pintura quan-do nos ensinam a olhar um quadro.

Esse potencial poético que nos

“Se nossos sentidos estão

adormecidos, aturdidos,

bloqueados por uma

ditadura intelectual (baseada

em conceitos, opiniões,

preconceitos), a percepção

– elemento indispensável

para a criatividade – será

pobre, para não dizer

nula. Pior ainda: a mente,

desconectada do corpo

físico, pode criar uma

percepção de mundo

artificial e alterada”.

“O intelecto se nutre da lógica, da informação;

costuma ser rígido, imóvel. A criatividade,

como a existência, esta cheia de paradoxos, de

mistérios, que a mente não pode alcançar”.

rodeia não é algo que imponhamos artificialmente para adoçar a visão do mundo, é algo relacionado com a capacidade de ver com os olhos da criança interior, a capacidade de perceber com ingenuidade, com o olhar limpo. Desta maneira tan-tos escritores e muitos outros ar-tesãos e artistas conseguiram evo-car-nos com tanta beleza momen-tos da vida!

Quando proponho o exercício de perceber situações da vida co-tidiana que podem em seguida ser evocadas em sala de aula, muitas ve-zes encontrei algum aluno que opi-nava que a vida cotidiana é por de-mais chata para encontrar situações,

gestos ou momentos que lhe cha-massem a atenção de maneira espe-cial. Mas levando a cabo o exercício com seus companheiros, o aluno acabava reconhecendo que era sua limitada maneira de perceber que não tinha lhe permitido ver.

A maior parte do tempo muitos de nós olhamos ao redor e só ve-mos monotonia e caos. Mas o caos aparente tem uma ordem, um equilí-brio interno ou “unidade” que quan-do a percebermos a chamamos de beleza. Todos temos a capacidade de ver a beleza que aparece ao per-cebermos a existência como uma unidade orgânica e harmônica. Essa harmonia está presente na natureza.

De fato, o uso da criatividade com fins terapêuticos é uma prática reconhecida, já que quando as pes-soas entram em contato com o po-tencial poético que nos rodeia, com todos esses ingredientes necessá-rios para o processo criativo, des-cobrem facetas ignoradas de si mes-mas e sua qualidade de vida melhora substancialmente.

maria piGem é professora de Teatro, Cinema e ministra cursos de Criatividade.

Publicado em CuerpomenTe

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Bem estar • Nº 19• Abril 2010 • 12

4 Não deixar-seenredar pelo ego.

Para atuar de forma cria-tiva é fundamental aban-donar-se de forma ativa e

consciente. Converter-se numa espécie de “filtro” que permita expressar algo muito maior. O que bloqueia e limita a capacidade criativa é o ego que só é capaz de produzir projetos pequenos, pobres, pois não pode ir além de si mesmo e não é capaz de es-cutar algo maior, universal, comum à expe-riência humana, como os sentimentos que compartilhamos com os demais ou o equi-líbrio interno que reina na natureza. Como descreve N. Goldberg, “esqueça-se de si mesmo, desapareça naquilo que miras.”

A atitude frente a experiência

criativa é primordial: o medo do

fracasso, o ego, a insegurança ou

a incapacidade para conectar-se

consigo mesmo podem bloquear

nossa capacidade criativa.Por isso

é importante potencializar uma

série de qualidades. Estas são

algumas das mais importantes:

Dicas para desenvolver a capacidade criativa

matéria de capa

4 Saber atravessar com êxito cada

uma das etapas do processo criativo.

Isso implica, por exemplo, saber dis-cernir entre um momento de bloqueio e um momento de gestação. São pareci-dos em sua manifestação no mundo físi-co, mas originam-se de momentos mui-to diferentes e se não soubermos distin-gui-los podem nos confundir. Nada tem que ver a etapa do projeto em que se necessita de tempo, repouso, reflexão, talvez silêncio, com um período de blo-queio. Outro exemplo seria reconhecer quando está falando nosso juiz interior, que nos guia com claridade e nos mos-tra os erros, e quando o faz nosso crí-tico, que põe aditivo em nossos medos, ao nosso “não será capaz”.

4 Ficarmos mais conscientes daquilo que experimentamos

e expressamos.Por exemplo, podemos criar cons-

cientemente o ambiente que necessita-mos para que nosso projeto aconteça. Se observamos que aspectos do ambien-

te o bloqueiam ou se interpõem para a criação, já temos o material básico para transformá-lo. Mas cada projeto e cada pessoa ou grupo que o realiza podem ter necessidades diferentes, por isso é necessário aprender a escutar nosso eu mais íntimo.

4 Converter-seem um filtro

Em geral, se tem a ima-gem de que a criatividade surge unicamente de um

ser “realizador”. Sem dúvida, grandes cria-dores falam de uma experiência comum a todos eles: ao finalizar um projeto não se sentiam com direito a assiná-lo, mas sim que tinham a impressão de terem sido o filtro através do qual algo maior que eles havia se expressado. Mas seria um erro crer que a criatividade não necessita da técnica, do conhecimento e da dedicação que cada disciplina requer.

4 Escutarmo-nos intimamente

Com frequência escuta-mos unicamente o que co-municam as palavras e es-

quecemos que a expressividade gestual

e corporal contém a essência da comu-nicação, é o substrato profundo do que fala D. Abraham: “o significado explícito de cada palavra cavalga sobre a superfície de um substrato mais profundo, como as ondas que cavalgam sobre a superfície profunda do mar”.

Para atuar de forma criativa é

fundamental abandonar-se

de forma ativa e consciente.

Converter-se numa espécie de

“filtro” que permita expressar

algo muito maior.

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Duas atitudes perante a vida são, fundamentalmente, as responsáveis diretas ou indi-

retas pelo fato de algumas pessoas feias parecerem belas, enquanto ou-tras, mesmo muito bonitas, não atra-em a atenção de ninguém.

A primeira atitude é decorren-te de um conjunto de emoções nega-tivas e destrutivas que criam em tor-no de pessoas fisicamente bonitas um ambiente carregado de negatividade: essas emoções afetam também a saú-de física e mental e as relações inter-pessoais.

A primeira emoção desse con-junto - ao qual dou o nome de fan-tasia da separatividade - é a possessi-vidade (ou apego) a objetos, pessoas ou ideias. A possessividade provoca o medo e a desconfiança. Quando al-guém se apega a uma jóia ou a um na-morado (não há diferença nenhuma neste nível de posse...), aparece ime-diatamente o receio de perder ou ser roubado. Nasce aí a desconfiança pa-ranóica. Se estes sentimentos perdu-

ram durante anos, isto acaba se refle-tindo no rosto e no olhar, enquanto os músculos do corpo assumem uma forma defensiva, expressando fecha-mento completo aos outros. Eu não me surpreenderei se vierem a cons-tatar que a origem da artrite (doen-ça que deixa as mãos crispadas e os dedos retorcidos) tem relação com a possessividade exagerada...

Se alguém ameaça se apoderar do objeto de apego do possessivo, nasce o segundo veneno - a rejeição. Provocada pelo medo de ser rou-bado, atacado ou enganado, ela leva a agressão física ou verbal e, logo, à violência. A expressão fisionômica típica nesse caso é a de ódio e des-prezo, que se percebe facilmente na boca, cujos cantos são virados para baixo, denotando o contrário do sorriso acolhedor. O corpo todo ex-pressa a defesa e está sempre pron-to para atacar. Como no nosso mun-do civilizado as pessoas não podem sair atacando fisicamente umas às ou-tras, o que sobra é uma tensão mus-

cular permanente, aliada a disfunções glandulares, principalmente do fígado e da vesícula biliar - o que dá aquela cor biliosa aos raivosos.

Os outros dois sentimentos des-trutivos são o ciúme e o orgulho. O ciúme, companheiro da inveja, gera a luta competitiva, que muitas vezes vem acompanhada de raiva e agres-são. Estes sentimentos são de tal for-ma entrelaçados que é difícil disso-cia-los. O orgulho, por sua vez, é a crença descabida da superioridade: fí-sica, intelectual ou mesmo espiritual. Este sentimento leva a uma expres-são corporal bem definida: o tórax se enche, a cabeça se levanta para olhar os outros de cima, o canto dos lábios é de desprezo, toda a atitude é de ar-rogância. O orgulho é um exagero da fantasia da separatividade.

SER, AO INVÉS DE TER Por causa dessa fantasia, a cren-

ça de que somos irremediavelmen-te separados do mundo exterior - o

estética profuNda

Reflexos do serO que leva pessoas fisicamente belas a se

transformarem em figuras inexpressivas, enquanto outras, feias, irradiam forte magnetismo pessoal?

Pierre WeiLL

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que é uma ilusão, como mostra particularmen-te a física quântica e a psicologia transpessoal - nos leva à compulsão de possuir, de ter em vez de simplesmente ser (Erich Fromm des-creveu magistralmente este fenômeno). E por causa dela também que pessoas bonitas aca-bam parecendo feias. Com o passar do tempo, esses sentimentos negativos provocam as ru-gas e as deformações no rosto. Nem mesmo as operações plásticas solucionam esses pro-blemas: se não houver uma mudança radical na própria mente, as rugas e as marcas volta-rão com o tempo.

Quando, ao contrário, as pessoas se sen-tem permanentemente em harmonia com o universo, a natureza, os animais e os seres hu-manos, desenvolve-se uma outra atitude pe-rante a existência, que vai se refletir em todo

“Se alguém ameaça se apoderar

do objeto de apego do possessivo,

nasce o segundo veneno - a

rejeição. Provocada pelo medo

de ser roubado, atacado ou

enganado, ela leva a agressão

física ou verbal e, logo, à

violência. A expressão fisionômica

típica nesse caso é a de ódio

e desprezo, que se percebe

facilmente na boca, cujos cantos

são virados para baixo, denotando

o contrário do sorriso acolhedor.”.

“É cultivando os sentimentos

que catalisam o ser, que o

homem pode sair da neurose do

paraíso perdido. A beleza interior

emergirá aos poucos e irá

refletir-se no exterior da pessoa”.

o corpo. Em todas as tradições culturais e es-pirituais, conserva-se a memória de um tem-po em que os homens viveram numa felicida-de ou mesmo beatitude absoluta. Por moti-vos difíceis de expor aqui, houve uma “que-da”, conhecida na tradição judaico-cristã como a queda de Adão. Este simbolicamen-te saiu da árvore da vida, isto é, da vida de plenitude feita de amor e sabedoria insepa-ráveis, para a dualidade, a separatividade, a frag-mentação da árvore do conhecimento, isto é, da discriminação. Res-tou no homem uma saudade difusa, uma espécie de lembrança daquela felicidade, ins-crita em algum lugar da sua memória ancestral. Por isso, ele procura a feli-cidade e foge da dor. Só que a felicidade não se encontra onde ele a procura, isto é, fora dele. Daí ele se ape-gar desesperadamen-te a tudo o que lhe dá prazer. O desespe-ro é imenso, pois ne-nhum prazer é perma-nente. No entanto, quando descobre que esta felicidade está dentro dele mesmo, come-ça, então, o caminho de retorno à arvore da vida. Quando entende que a separação é ape-nas ilusória, aos poucos ele volta a vivenciar o ser. O ser que cultivava o ter, em virtude da ilusão, não vê mais nenhum interesse nisso - começou o desapego.

AMOR, RECEITA DE BELEZA E cultivando os sentimentos que catali-

sam o ser que o homem pode sair da neurose do paraíso perdido. A beleza interior emergirá aos poucos e irá refletir-se no exterior da pes-soa. E quais são estes sentimentos? São, como

no caso da fantasia da separatividade, quatro. Primeiro, a alegria - a ale-

gria de ver todos os seres felizes. Em segundo lugar, o amor. En-

quanto confundimos o amor com o apego, não consegui-mos ser felizes. O amor a que nos referimos consiste em querer a felicidade de todos os seres e em traba-lhar para isso na nossa vida

cotidiana.

Lembro-me de que, certa vez, em uma estação de trem no interior da

França, havia duas fi-las: numa, as pessoas

estavam caladas e indi-ferentes; na outra, as pes-

soas sorriam, estavam ale-gres. O motivo era simples: enquanto na primeira atendia

uma mulher comunicativa, que brincava com cada passageiro, na outra

havia um funcionário que se limitava a carim-bar o ticket, receber o dinheiro e entregar o bilhete. A funcionária não tinha nada de espe-cialmente bonito, mas seu olhar irradiava um brilho de felicidade, enquanto o rapaz, embora tivesse feições agradáveis, parecia um autôma-to, irradiando feiura.

O terceiro sentimento e a compaixão.

Muito ligada ao amor, consiste em se abrir ao sofrimento e à neurose alheia e contribuir para dissolvê-los. Consiste, antes de tudo, em saber ouvir o outro e a se colocar no seu lugar.

O quarto e último sentimento é a equani-midade, que consiste em aplicar estes três pri-meiros sentimentos de maneira igual, sem ne-nhuma preferência, a todos os seres. Quem se volta para dentro de si, através da meditação, do ioga ou de outros caminhos, e pratica es-tes quatro catalisadores do ser, reencontra o paraíso que julgou perdido, mas que, na verda-de, foi apenas reprimido nos confins da alma. Então, beleza interior e exterior tendem a for-mar um conjunto harmônico, pois a primeira condicionará a segunda. Mais do que isto, a be-leza se tornará contagiante, estimulando a ex-periência estética profunda em todo mundo.

pierre Well foi Doutor em Psicologia pela Universidade de Paris; professor da Universidade Federal de Minas Gerais,

fundador e Reitor da UNIPAZ, autor de vários livros sobre comportamento humano e holística. Faleceu em 2007.

estética profuNda

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Renato Guariglia e Renata CunhaEditores - Zona SulFábio FerreiraDiagramaçãoRenato GuarigliaComercialImpressão: Grupo SinosTiragem: 10 mil exemplaresContato: (51) [email protected]

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Que todos os méritos gerados por esse trabalho beneficiem e tragam

felicidade para todos os seres.

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