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CELEBRAÇÕES EM HONRA DO BEATO BARTOLOMEU DOS MÁRTIRES NO QUINTO CENTENÁRIO DO SEU NASCIMENTO 1514-2014 VIANA DO CASTELO - 2014

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CELEBRAÇÕES

EM HONRA DO

BEATO BARTOLOMEU DOS MÁRTIRES

NO QUINTO CENTENÁRIO DO SEU NASCIMENTO

1514-2014

VIANA DO CASTELO - 2014

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Bem-aventurado Bartolomeu dos Mártires

“O Arcebispo Santo”

Estamos a celebrar os 500 anos do nascimento do Bem-aventurado Bartolomeu dos Mártires, a

quem as gentes de Viana do Castelo, ainda em vida, já chamavam o “Arcebispo Santo”. Tanto era o

bem que ele, nos últimos oito anos da sua vida, ainda fazia em Viana e arredores! Tantas eram as

graças que Deus, por seu intermédio, concedia às pessoas que a ele recorriam ou se lhe

encomendavam!

É, também por isso, uma graça para nós, diocesanos de Viana do Castelo, termos os seus restos

mortais entre nós: na igreja de São Domingos, que faz parte do convento que o próprio Beato

Bartolomeu mandou construir e no qual, depois de ter resignado do exercício do seu ministério como

Arcebispo de Braga, decidiu passar os últimos anos da sua vida e ficar sepultado.

Dos seus restos mortais retirámos algumas relíquias que, durante um ano jubilar na nossa Diocese

(de 03.05.2014 a 18.07.2015), irão percorrer todas as suas paróquias e comunidades religiosas, para

que possam ser veneradas e, deste modo, nos conduzam até Deus, a quem o Beato Bartolomeu

consagrou toda a sua vida. Para isso temos à disposição todos os elementos e materiais,

apresentados nesta publicação.

Agradeço ao Reverendo Padre Jorge Alves Barbosa tê-los recolhido, organizado e explicado, com a

competência e a disponibilidade que há muito lhe reconhecemos.

Faço votos para que o seu uso contribua realmente para os fins desejados. Isto é, que a mensagem, a

bondade e a santidade do Bem-aventurado Bartolomeu dos Mártires, assim divulgadas e celebradas,

levem ao despertar ou à revitalização da fé e da prática de vida cristã e à consequente renovação e

revitalização da Igreja, tão necessárias, nomeadamente na nossa Diocese.

† Anacleto Oliveira (Bispo de Viana do Castelo)

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ACOLHIMENTO DAS RELÍQUIAS

I – TEXTOS DE APRESENTAÇÃO

1. A veneração dos Santos

Os Santos são heróis que se recordam como modelos fixos de um passado, mas sãosobretudo pessoas que vivem, com a sua própria história, junto de Deus, tornandopresente a Deus a nossa história, da mesma forma que, ao tornarem presente paranós, a imagem de Jesus Cristo Caminho, Verdade e Vida, são formas concretas einteligíveis de incarnação de Cristo e do seu Evangelho. Os santos mostram-nos, pelassuas obras, o nosso compromisso de viver na terra e seguir, aqui e agora, o Evangelho,incarnado na realidade histórica e não numa vivência alienada ou alienante; tal comoeles dirigiram e informaram a história no seu tempo, assim também cada cristão,seguindo-lhes o exemplo, deve dirigir e informar a sua história concreta.

Venerar os Santos significa não colocar só nas capacidades humanas a nossa esperançaou o nosso destino, mas sentir, através do seu exemplo, o estímulo para a realizaçãodo Evangelho, para a concretização do mandamento do amor. Eles apontam a cada umde nós não só um verdadeiro caminho de purificação e ajudam-nos a viver uma“escatologia realizada”, colocando-nos em sintonia com a liturgia celeste: se é verdadeque, com o Salmo 138 (137), podemos manter viva a esperança de que “na presençados Anjos eu vos louvarei, Senhor”, também, em cada celebração da nossa liturgiaterrestre, sabemos que participamos já no mesmo louvor que eles tributam a Deus.Por isso mesmo, tudo o que nos recorda a figura ou a vida de um Santo constitui umaforma de reconhecimento dos diferentes caminhos que Deus coloca diante de nóspara nos encontrarmos com Ele, da mesma forma que com Ele vivem já os queveneramos como Santos.

2. Dignidade do corpo humano: a nossa fé na ressurreição da carne

Um dos aspectos mais marcantes da teologia cristã prende-se com a dignidade docorpo humano enquanto instrumento de relação com os outros, uma relação que seestende à relação com Deus. Conhecemos e amamos com o nosso corpo que um diafoi agraciado e purificado com as águas do Baptismo e foi enriquecido com a graça dosoutros sacramentes de que participa a pessoa humana: o corpo é o instrumento peloqual Deus nos comunica a sua graça; recebemos os sacramentos utilizando o nossocorpo e os seus sentidos e é nessa dimensão que se encara a fé cristã na “ressurreiçãoda carne”. Esta dignidade do corpo humano na só justifica e fundamenta o respeitopelo corpo dos defuntos, mas criou na tradição cristã a prática da veneração do corpodos santos já a partir da veneração das sepulturas dos mártires nas catacumbasromanas. Foi o hábito de celebrar a Eucaristia nos túmulos dos mártires que deufundamento à colocação de relíquias de santos nos altares das Igrejas aquando da sua

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consagração e originou um movimento impressionante de veneração das relíquias que,apesar de alguns desvios, haveria de constituir-se como estímulo ao desenvolvimentoda fé, nomeadamente no povo simples e à volta das grandes catedrais e mosteiros.

A veneração das relíquias pode entroncar nas diferentes tradições relacionadas com otratamento reservado ao corpo dos defuntos, sinal da crença ancestral na imortalidadeou da esperança da ressurreição: os antigos Lusitanos e Galegos incineravam oscorpos, ornamentavam-nos festivamente com vestes e jóias; com o advento da práticada incineração surgiu e ficou o termo "cinzas" como significando os restos mortais;mas foram sobretudo argumentos de ordem religiosa a fundamentar a prática dainumação como sinal de respeito devido ao corpo humano conservado na suaintegralidade e visibilidade. Ao lidar mal com a ideia de morte, a sociedadecontemporânea lida também muito mal com a ideia da permanência do corpo e muitomais com a ideia de relíquia. Surpreende-nos, por isso, a familiaridade com que antigosmonges tratavam as relíquias dos seus defuntos de modo a encontrarmos hojemotivos religiosos e turísticos do alcance de uma “capela dos ossos”.

O respeito cristão pelo corpo assenta numa realidade teológica e antropológica queaponta para a visão do corpo não na materialidade, como forma e instrumento derelação com o outro; deste modo se salvaguarda a ligação do corpo material com ocorpo ressuscitado porque ambos são a "nossa" forma de relação. Assim, umaperspectiva teológica permite-nos ver o corpo material como sinal e condição do corporessuscitado, o qual, como afirmara Leonardo Boff, “tira a sua qualidade da totalintegração na corrente do Espírito de comunhão que personaliza Cristo divinamente,ou seja, que torna divina a sua humanidade”. A veneração das relíquias tem o seufundamento na convicção profundamente cristã de que cada pessoa é chamada, pelaressurreição, a participar tal qual é, de uma vida diferente, não resultante de uma novacriação, mas numa linha de continuidade entre a vida vivida segundo o exemplo deCristo e a vida eterna em que vivem os santos que veneramos.

3. A veneração das relíquias dos Santos

O objectivo último da veneração dos Santos é a glória de Deus e a santificação dohomem, através de uma vida plenamente conforme à vontade divina, e da imitaçãodas virtudes daqueles que foram eminentes exemplos dessa conformidade. De acordocom a tradição, a Igreja presta culto aos seus santos venerando as suas imagens etambém as relíquias autênticas. Como recorda a doutrina do Concílio Vaticano II. Aexpressão “relíquias dos santos” indica, antes de mais, o corpo na sua integridade, mastambém partes mais nobres do corpo, daqueles que, vivendo já na pátria celeste,foram, nesta terra, pela santidade heroica da sua vida, membros insignes do corpo deCristo e templos vivos do Espírito Santo (cfr. 1 Cor 3,16; 6,19; 2 Cor 6,16). São tambémconsideradas “relíquias dos santos” aqueles objectos que pertenceram aos Santos:utensílios, vestes, objectos, manuscritos, ou outros objectos que estiveram emcontacto com os seus corpos ou com as suas sepulturas, tais como estampas, tecidosou imagens por eles veneradas.

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À expressão eminentemente litúrgica de colocar relíquias dos santos nos altaresacrescentam-se outras formas de veneração, de carácter mais popular. Sabemos queas relíquias gozam da estima e da veneração particular dos fiéis. No entanto, há queencontrar uma prática pastoral adequada à sua utilização frutuosa, evitando não sódesvios inconvenientes acerca do verdadeiro sentido da santidade e da veneração docorpo humano, mas também usos inadequados ou faltas de respeito para com algocuja santidade e seriedade a Igreja reconhece a partir da santidade de um corpo quefoi Templo do Espírito Santo, instrumento da acção de alguém que permanece vivo namemória dos fieis e particularmente na glória de Deus. Uma prática pastoral eficazprocurará então:

1. Garantir a autenticidade das relíquias, retirando, com a devida prudência, daveneração dos fiéis todas aquelas de cuja autenticidade se duvide;

2. Impedir o excessivo fracionamento das relíquias que coloquem em causa adignidade do corpo; a liturgia exige que sejam de tamanho tal que permita aidentificação da parte do corpo a que respeitam;

3. Chamar a atenção dos fiéis no sentido de evitar a colecção de relíquias, práticaque, no passado, teve consequências que agora lamentamos;

4. Vigiar no sentido de que se evite todo e qualquer tipo de fraude ou qualquerforma de comércio, bem como uma degeneração supersticiosa da utilizaçãodas relíquias.

As diferentes formas de veneração das relíquias e a devoção popular com elasconotada – beijar a relíquia, ornamentar com velas e flores, dar a bênção com arelíquia, levá-la em procissão ou mesmo o costume de a levar como conforto aosdoentes – devem realizar-se com grande dignidade e num verdadeiro e autênticoimpulso de fé. Deve evitar-se de todo expor as relíquias à veneração na mesa do altar.Este está estritamente reservado para a adoração do Corpo e Sangue do Senhor.Apoiando-se na Palavra de Deus, a Igreja acredita firmemente que, assim como Cristoressuscitou dos mortos e vive para sempre, também os justos, depois da morte,viverão para sempre com Cristo ressuscitado. A morte constitui o termo da vidaterrena, mas não o fim do nosso ser, pois a alma é imortal. As nossas vidas estãosujeitas à medida do tempo, no decurso do qual, mudamos, envelhecemos e, tal comopara todos os seres vivos, no fim, surge a morte como conclusão normal da vida. Doponto de vista da fé, a morte é também o fim da peregrinação terrena do homem e ofim do tempo de graça e misericórdia que Deus lhe oferece para realizar a sua vidaterrena, segundo o desígnio divino, e para decidir o seu destino último” (cfr. Directóriosobre a Piedade popular e a Liturgia, n. 212, 236-237 e 248-249).

Por isso mesmo deveremos venerar as relíquias como um sinal que nos “convoca”,“evoca” e “provoca”. Convoca para um sentido de “comunhão dos santos” que a nossaliturgia celebra, que nos constitui como comunidade da qual os santos participam emlugar eminente; evoca a vida e o exemplo de alguém que, no seu corpo mortal, foicapaz de testemunhar uma particular presença de Deus e de criar uma forma derelação que conduziu até Ele os que conviveram com esse alguém cujas relíquias seveneram; provoca a consciência de que o nosso corpo está destinado a perecer na suamaterialidade; a relíquia representa o lado fugaz, perecível e relativo do mundo e da

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vida meramente material. A veneração das relíquias provoca e questiona conceitoscomo qualidade de vida ou de sobrevivência, na medida em que mostra a cada um amaior certeza que marca a sua vida, em cada dia que passa, até chegar condiçãomaterial que nas relíquias contemplamos.

II - CELEBRAÇÃO DO ACOLHIMENTO DAS RELÍQUIAS

CÂNTICO INICIAL

INTRODUÇÃO PELO PRESIDENTE(como apoio, poderá utilizar alguns elementos dos textos precedentes)

Leitura do Livro de Ben-Sirah

Celebremos os louvores dos homens ilustres,dos nossos antepassados através das gerações.O Senhor realizou neles a sua glória,a sua grandeza desde os tempos mais antigos.Eram poderosos nos seus reinos,homens de fama pelos seus feitos grandiosose bons conselheiros pela sua inteligência.Eram guias do povo pelos seus conselhos,pela sua inteligência na instrução do povoe pelas sábias palavras no ensino.Homens ricos e poderosos, viviam em paz em suas casas.Todos eles alcançaram fama entre os seus contemporâneos eglorificados já em seus dias.Foram homens virtuosos e as suas obras não foram esquecidas.A sua descendência permanece para sempree jamais se apagará a sua memória.Os seus corpos repousam em paze o seu nome vive através das gerações.

Palavra do Senhor.

BREVE ALOCUÇÃO

Evocando os aspectos deste texto que o Bem-Aventurado Bartolomeu dos Mártires incarnou de modoespecial:

homem de fama pelos seus feitos, nomeadamente no Concílio de Trento, sendo consideradopelos historiadores a figura mais marcante do mesmo concílio.

conselheiro pela sua inteligência desde o Provincial dos Dominicanos Frei Luís de Granada aogrande Arcebispo de Milão Carlos Borromeu e mesmo ao Papa Pio IV.

guia do povo pelos seus conselhos: nas visitas pastorais, na relação com o povo simples, ospobres e mais carenciados;

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alcançou fama junto dos seus contemporâneos e já em seus dias foi glorificado, mesmo quetenham passado quatrocentos anos até ao reconhecimento oficial da sua fama de santidadeque nunca esmoreceu no coração do povo.

ORAÇÃO

Senhor, nosso Deus, que nos destes a graça de participar da memória, dosensinamentos e do exemplo do Bem-Aventurado Bartolomeu dos Mártires, concedei-nos a graça de, na veneração das suas relíquias, sermos iluminados pela sua sabedoria,participarmos da eficácia da sua acção pastoral, e sentirmos em nós o estímulo àsantidade a que nos chamais e cujo caminho ele nos aponta. Por Nosso Senhor JesusCristo Vosso Filho que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

INCENSAÇÃO DAS RELÍQUIAS

VENERAÇÃO DAS RELÍQUIAS

(O Presidente e ministros acompanhantes dirigem-se ao local onde estão colocadas as relíquias,passando diante delas com um gesto de veneração pessoal: uma vénia, um momento de silêncio, ououtro gesto considerado oportuno em função da forma concreta de exposição das mesmas. De seguidaretira-se, não havendo lugar a qualquer bênção final ou despedida. As relíquias ficam então expostas àveneração dos restantes presentes que poderão fazer o mesmo gesto após a retirada do Presidente.

III – CELEBRAÇÃO DA DESPEDIDA DAS RELÍQUIAS

CÂNTICO INICIAL

LEITURA (Is 52, 7-10)

Leitura do Livro do Profeta Isaías

Como são belos sobre os montesos pés do mensageiro que anuncia a paz,que traz a boa nova, que proclama a salvaçãoe diz a Sião: «O teu Deus é Rei».Eis o grito das tuas sentinelas que levantam a voz.Todas juntas soltam brados de alegria,porque vêem com os próprios olhoso Senhor que volta para Sião.Rompei todas em brados de alegria,ruínas de Jerusalém,porque o Senhor consola o seu povo,

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resgata Jerusalém.O Senhor descobre o seu santo braçoà vista de todas as naçõese todos os confins da terraverão a salvação do nosso Deus.

Palavra do Senhor.

SALMO RESPONSORIAL (Salmo 95, 1-2a.2b-3.7-8a.10)

Anunciai em todos os povosas maravilhas do Senhor.

Cantai ao Senhor um cântico novo,cantai ao Senhor, terra inteira,cantai ao Senhor, bendizei o seu nome.

Anunciai dia a dia a sua salvação,publicai entre as nações a sua glória,em todos os povos as suas maravilhas.

Dai ao Senhor, ó famílias dos povos,dai ao Senhor glória e poder,dai ao Senhor a glória do seu nome.

Dizei entre as nações: «O Senhor é Rei»,sustenta o mundo e ele não vacila,governa os povos com equidade.

ALOCUÇÃO BREVE

INCENSAÇÃO DAS RELÍQUIAS

PRECES

Como o fumo do incenso, façamos agora subir até Deus as nossas preces, suplicandoao Senhor que as acolha na Sua bondade e misericórdia como acolheu o Bem-Aventurado Bartolomeu dos Mártires e o associou à glória dos seus santos, dizendo:

R: / Por intercessão do Bem-Aventurado Bartolomeu dos Mártires, ouvi-nos, Senhor.

1. Consolidai na unidade a Igreja, sustentai com a vossa graça a sua acçãoevangelizadora, para que seja exemplo e testemunha da graça com que quereis salvartodos os homens;

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2. Concedei os vossos dons ao Papa Francisco, para que seja para o mundo de hoje umsinal de Cristo Bom-Pastor que procura a ovelha perdida e a acolhe em seus braços;

3. Inspirai a acção do nosso Bispo para que, a exemplo do Bem-AventuradoBartolomeu dos Mártires, seja sinal e presença de Cristo Sacerdote no seio do seupovo e inspirador de confiança e coragem nos seus colaboradores;

4. Orientai os nossos governantes em ordem a um progressivo reconhecimento dasreais preocupações dos seus concidadãos, e à protecção efectiva dos mais fracos edesprotegidos;

5. Sede consolação para os mais tristes, amparo para os que mais sofrem, coragempara os mais desanimados, alegria para as crianças, e esperança para os jovens;

6. Assisti os trabalhadores no seu esforço de cada dia, dai esperança e ânimo aosdesempregados, acolhei a vontade de servir nos que dispõem de mais recursos;

7. Favorecei o crescimento das crianças, dai perseverança aos seus pais e educadores,iluminai os jovens no seu discernimento vocacional;

8. Protegei as famílias, dai paz e confiança aos mais idosos e força de vontade aosadultos, fortalecei aqueles que vacilam nos seus compromissos sociais e familiares;

9. Curai os enfermos, acompanhai os moribundos e acolhei os nossos irmãos defuntosno convívio dos vossos santos;

Pai Nosso

ORAÇÃO

Deus de infinita bondade, que prometeis a recompensa de cem por um a todosaqueles que tudo deixaram para servirem o Vosso Reino, fazei que sigamos o exemplode desprendimento e serviço que o Bem-Aventurado legou a esta nossa Igreja, e nosdisponhamos a levar com alegria o suave jugo do Evangelho de que ele foi um insigneporta-voz na palavra e na acção. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que éDeus convosco na unidade do Espírito Santo.

Ámen.

BÊNÇÃO SOLENE

V. Deus Pai, rico de misericórdia, que vos chamou a glorificar o seu nome naveneração e na celebração dos méritos do Bem-Aventurado Bartolomeu dos Mártires,vos ilumine e aqueça os vossos corações, para experimentardes, como ele, a alegria deservir a sua Igreja nos mais pobres e humildes.

R. Ámen.

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V. O Senhor Jesus vos faça reconhecer e seguir os caminhos da santidade apontadospela sábia doutrina do Bem-Aventurado Bartolomeu dos Mártires, e dela vos faça fiéistransmissores a todos os homens de boa vontade.

R. Ámen

V. O Espírito Santo vos conceda o ardor apostólico tão presente na vida e acção doBem-Aventurado Bartolomeu dos Mártires, a fim de que possais dar o vossocontributo para a iluminação do mundo de hoje em ordem ao crescimento do Reinode Deus, por meio da oração, da generosidade e do testemunho apostólico.

R. Ámen.

V. E a todos vós abençoe Deus Todo-poderoso, Pai, † Filho e Espírito Santo.

R. Ámen.

CANTICO FINAL

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CELEBRAÇÃO DA PALAVRA

1. INVOCAÇÃO INICIAL

Presidente: Em nome do Pai e do Filho, e do Espírito Santo.Todos: ÁmenPresidente: A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai, a comunhão doEspírito Santo e a intercessão do Bem- Aventurado Bartolomeu dos Mártires estejamconvosco.Todos: Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo.

2. INTRODUÇÃO:

Um Leitor: Encontramo-nos reunidos em assembleia convocada pelo amor de Deus,mas também pelo zelo Apostólico do Bem-Aventurado Bartolomeu dos Mártires, cujavoz ressoa na sua Igreja há quase quinhentos anos, cuja acção e empenhamento nacausa do Evangelho se perpetua na memoria do povo de Deus que ele amou comespecial carinho, visitou com solicitude evangélica e acompanha agora com a suaintercessão junto de Deus. A sua sabedoria iluminou a Igreja tanto no Concílio deTrento, como mas mais recônditas aldeias do Barroso, a sua generosidade foi sustentodos pobres e afectados pela peste nas ruas de Braga, como foi resposta pronta àscarências mais elementares dos habitantes da ribeira vianense. Sendo o seu lemapastoral “arder e iluminar”, toda a sua vida foi um permanente exercício de fidelidadea esse propósito; na cruz que legou a todas as paróquias da sua Diocese encontramostambém um testemunho da sua presença e adesão à Paixão do Senhor com a qual seidentificou em toda a sua vida não só pelo nome que escolheu – Bartolomeu dosMártires – mas também na experiência de mortificação e oração vivida até ao final dosseus dias, no Convento de Santa Cruz em Viana do Castelo.

3. ORAÇÃO

Senhor nosso Deus que vos dignastes iluminar e aquecer o coração do Bem-Aventurado Bartolomeu dos Mártires pela escuta atenta e pela diligente observânciada vossa Palavra, concedei-nos que, pelo seu exemplo e intercessão, aprendamostambém a colocar os nossos ouvidos a uma escuta atenta e permanente de vossaPalavra para sentirmos abrasar o nosso coração no amor dos nosso irmãos. Por NossoSenhor Jesus Cristo, Vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Ámen.

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4. LEITURA - I

Leitura do Livro da Sabedoria

Orei e foi-me dada a prudência;implorei e veio a mim o espírito de sabedoria.Preferi-a aos ceptros e aos tronose, em sua comparação, considerei a riqueza como nada.Não a equiparei à pedra mais preciosa,pois todo o ouro, à vista dela, não passa de um pouco de areiae, comparada com ela, a prata é considerada como lodo.Amei-a mais do que a saúde e a belezae decidi tê-la como luz,porque o seu brilho jamais se extingue.Deus me conceda a graça de falar dela como Ele quere ter pensamentos dignos dos seus dons,porque é Ele quem orienta a sabedoria,é Ele quem corrige os sábios.Em suas mãos estamos nós e as nossas palavras,a nossa inteligência e a nossa habilidade.

Palavra do Senhor.

5. SALMO RESPONSORIAL

REFRÃO: A boca do justo proclama a sabedoria.

Confia no Senhor e pratica o bem,possuirás a terra e viverás tranquilo.Põe no Senhor as tuas delícias,e Ele satisfará os anseios do teu coração

Confia ao Senhor o teu destinoe tem confiança, que Ele actuará.Fará brilhar a tua luz como a justiçae como o sol do meio-dia os teus direitos.

A boca do justo profere a sabedoriae a sua língua proclama a justiça.A lei de Deus está no seu coraçãoe não vacila nos seus passos.

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6. LEITURA - II

Leitura da Exortação Apostólica “Evangelii gaudium” do Papa Francisco

A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontramcom Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, dovazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria. Quero,com esta Exortação, dirigir-me aos fiéis cristãos a fim de os convidar para uma novaetapa evangelizadora marcada por esta alegria e indicar caminhos para o percurso daIgreja nos próximos anos. O grande risco do mundo actual, com sua múltipla eavassaladora oferta de consumo, é uma tristeza individualista que brota do coraçãocomodista e mesquinho, da busca desordenada de prazeres superficiais, daconsciência isolada. Quando a vida interior se fecha nos próprios interesses, deixa dehaver espaço para os outros, já não entram os pobres, já não se ouve a voz de Deus, jánão se goza da doce alegria do seu amor, nem fervilha o entusiasmo de fazer o bem.Este é um risco, certo e permanente, que correm também os crentes. Muitos caemnele, transformando-se em pessoas ressentidas, queixosas, sem vida. Esta não é aescolha duma vida digna e plena, este não é o desígnio que Deus tem para nós, estanão é a vida no Espírito que jorra do coração de Cristo ressuscitado. Convido todo ocristão, em qualquer lugar e situação que se encontre, a renovar hoje mesmo o seuencontro pessoal com Jesus Cristo ou, pelo menos, a tomar a decisão de se deixarencontrar por Ele, de O procurar dia a dia sem cessar.

7. Alocução

8. ORAÇÃO UNIVERSAL:

Presidente: Demos graças a Deus Pai que, na Sua bondade, guia, ensina e alimenta oSeu povo, e nos chama a esta “Missão Educativa na Comunidade”, como seuscolaboradores, dizendo com toda a confiança:

R:/ Iluminai-nos. Senhor com a luz do Vosso Espírito!

1. Pelo Santo Padre, o Papa Francisco, para que seja “verdadeiro filho dos Apóstolos edos Profetas, na fé e nos bons costumes com que venceram e trabalharam pelajustiça” para que tenha a “graça de falar sempre como Deus quer” e seja o rosto daalegria do Evangelho como proposta para o mundo de hoje, oremos ao Senhor. R/.

2. Pelo nosso Bispo, Anacleto, para que seja capaz de superar a “tempestade deespírito perpétua e sempre acesa pelas ondas dos cuidados e dos pensamentos” doseu ofício pastoral, e seja nesta Diocese o “companheiro humilde dos que procedembem e zeloso da justiça contra os vícios dos pecadores”, oremos ao Senhor. R/

3. Por todos os sacerdotes da nossa Diocese e especialmente pelo nosso Pároco paraque sejam sensíveis “aos gemidos dos mais pobres diante de Deus a quem abrem os

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corações” e sejam corajosos no assumir das suas responsabilidades perante umrebanho que é de Jesus Cristo conhecendo como Ele cada uma das suas ovelhas pelopróprio nome, oremos ao Senhor. R/.

4. Por todos os membros desta comunidade paroquial para que, atentos à voz dos seuspastores, neles encontrem também o zelo e a dedicação do Bem-AventuradoBartolomeu dos Mártires de forma a se tornarem “vasos vivos” da graça de Deus,verdadeira e autêntica riqueza da Igreja, oremos ao Senhor. R/.

Pai Nosso

Presidente: Senhor Nosso Deus que prometestes conceder-nos pastores segundo oVosso coração, ensinai-nos a reconhecer, no exemplo do Bem-Aventurado Bartolomeudos Mártires, a imagem de pastor que nos revela a grandeza, a misericórdia e aternura do Vosso coração. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deusconvosco na unidade do Espírito Santo.

Todos: Amém.

6. CONCLUSÃO

V./ O Senhor esteja convoscoR:/ Ele está no meio de nós

(Se o Presidente é um Presbítero)V:/ Abençoe-vos (†) Deus Todo-Poderoso, Pai, Filho e Espírito Santo.R:/ Ámen.

(se o Presidente é o um leigo)V:/ O Senhor nos abençoe, (†) nos livre de todo o mal e nos conduza à vida eterna.R:/ Ámen.

V:/ Bendigamos ao SenhorR:/ Graças a Deus

CÂNTICO FINAL

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RECITAÇÃO DO ROSÁRIO

[ com textos do Catecismo do Beato Bartolomeu dos Mártires ]

1. INTRODUÇÃO:

Imperativos de ordem pastoral e o conhecimento das potencialidades ou limites demuitas das nossas comunidades cristãs levam-nos a propor aqui um conjunto demeditações para a recitação do Rosário, no contexto da veneração das relíquias doBem-Aventurado Bartolomeu dos Mártires. Mas não estamos longe também de outrasgrandes motivações: a condição de dominicano do nosso Arcebispo Santo, já que a SãoDomingos se atribui a invenção desta secular forma de oração do povo, o facto de oSanto Arcebispo ter no seu local de trabalho um quadro com a Senhora do Rosário, eainda o ímpeto e espírito renovador que a esta forma de oração foi dado pela CartaApostólica “O Rosário da Virgem Maria” de João Paulo II.Como afirmava este santo pontífice, “na sua simplicidade e profundidade, o Rosário daVirgem Maria permanece como oração de grande significado e destinada a produzirfrutos de santidade. Ela enquadra-se perfeitamente no caminho espiritual de umcristianismo que, passados dois mil anos, nada perdeu do seu frescor original, e sente-se impelido pelo Espírito de Deus a fazer-se ao largo para reafirmar, melhor “gritar”Cristo ao mundo como Senhor e Salvador, como “caminho, verdade e vida” (Jo 14, 6),como “o fim da história humana, o ponto para onde tendem os desejos da história eda civilização”. De facto, ainda que caracterizado pela sua fisionomia mariana, no seuâmago, o Rosário é oração cristológica. Na sobriedade dos seus elementos, concentraa profundidade de toda a mensagem evangélica, da qual é quase um compêndio. Neleecoa a oração de Maria, o seu perene Magnificat pela obra da Encarnação redentorainiciada no seu ventre virginal. Com ele, o povo cristão frequenta a escola de Maria,para deixar-se introduzir na contemplação da beleza do rosto de Cristo e naexperiência da profundidade do seu amor.Propomos então uma breve meditação de cada um dos Mistérios do Rosário da VirgemMaria a partir de alguns textos do Catecismo do Bem-Aventurado Bartolomeu dosMártires. Desta forma, na Escola de Maria, não só conhecemos melhor o Evangelho deJesus Cristo, mas nos abrimo-nos um pouco mais ao pensamento bartolomeano.

2. RECITAÇÃO COMUNITÁRIA DO ROSÁRIO DA VIRGEM MARIA

INVOCAÇÃO INICIAL

Presidente: Deus, vinde em nosso auxílio.Todos: Senhor, socorrei-nos e salvai-nos.Presidente: Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito SantoTodos: Como era no princípio, agora e sempre. Ámen.

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2.1 MISTÉRIOS DA ALEGRIA

“O primeiro ciclo, o dos “mistérios gozosos”, caracteriza-se de facto pela alegria queirradia do acontecimento da Encarnação. Isto é evidente desde a Anunciação, quandoa saudação de Gabriel à Virgem de Nazaré se liga ao convite da alegria messiânica:“Alegra-te, Maria”. Para este anúncio se encaminha a história da salvação, e até, decerto modo, a história do mundo. De facto, se o desígnio do Pai é recapitular em Cristotodas as coisas (cf. Ef 1, 10), então todo o universo de algum modo é alcançado pelofavor divino, com o qual o Pai Se inclina sobre Maria para torná-La Mãe do seu Filho.Por sua vez, toda a humanidade está como que incluída no fiat com que Elacorresponde prontamente à vontade de Deus” (JOÃO PAULO II, Carta Apostólica “ORosário da Virgem Maria, n. 20).“Ainda que toda a Santíssima Trindade tenha concorrido e efectuado esta digníssimaobra, porque, como disse o Anjo à Virgem Maria, ‘a virtude do Altíssimo Padre tecobrirá e actuará em ti’ e o Filho ali operou pois se revestiu da nossa natureza, todaviaatribuímos e apropriamos esta obra especialmente ao Espírito Santo que é amor do Paie do Filho, porquanto este foi mistério de íntimo amor” (BARTOLOMEU DOSMÁRTIRES, Catecismo, p. 28).

Primeiro Mistério: A Anunciação do Anjo a Maria

“Contemplamos neste mistério a incarnação do Filho de Deus no seio virginal deMaria; é tal a claridade e resplendor deste mistério que todas as outras festas emistérios da nossa redenção que vamos celebrando durante o ano tomam dele o seuvalor e claridade. Nele celebramos aquele felicíssimo dia, aquela santíssima hora,aquele sacratíssimo momento no qual “o Verbo se fez carne” juntando-sepessoalmente à nossa carne, formando para si um corpo, no corpo da Virgem Maria,nele criando alma racional e nele juntando à sua pessoa toda a natureza humanaperfeita” (289).

Segundo Mistério: A Visitação de Maria à sua prima Isabel

“A Virgem ia visitar Santa Isabel para falarem dos mistérios divinos, e o Filho de Deus,escondido no ventre da Virgem Maria, ia visitar o seu precursor que estava escondidono ventre da mesma Santa Isabel, para que, escondidamente e espiritualmente, oabençoasse e santificasse. Estava o Menino João com a nódoa e mácula do pecadooriginal; entrou então a fonte de pureza e a luz eterna coberta no ventre virginal,apagando e limpando a mácula do menino e enchendo a sua alma da luz celestial”(302).

Terceiro Mistério: O Nascimento de Jesus no Presépio de Belém

“Não nos é dado penetrar este mistério do nascimento do Filho de Deus, mas apenasagradecer a luz da fé com que o acreditamos e pasmar com a sua bondade e

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benignidade que, por nosso amor, esta imagem e Verbo eterno, se vestiu de nossacarne e nela nasceu tal como diz o Evangelho de João. “E o Verbo se fez carne ehabitou entre nós”. No presépio se misturam duas realidades: de um lado, a gruta deanimais, a manjedoura, o choro de criança, pobres paninhos; do outro lado, anjos,estrelas no céu tornando a noite clara como o dia, cânticos angélicos, uma nova estrelaque foi chamar os magos. Se desprezares o presépio, os anjos e a luz dão testemunhode que é Deus verdadeiro aquele que tão vil berço escolheu” (196).

Quarto Mistério: A Apresentação de Jesus no Templo e a Purificação de NossaSenhora

“A verdadeira luz do mundo, o Deus Menino, por nós nascido, foi apresentado noTemplo, quarenta dias depois do seu nascimento, e nele, por mãos da Virgem Sagrada,oferecido a seu eterno Pai, tomado nos braços do santo velho Simeão. Tendoconcebido por graça do Espírito Santo e dado à luz Aquele que é fonte de toda apureza e santidade, a Virgem Maria voluntariamente se submeteu à Lei geral para nosdar exemplo de obediência e de humildade da mesma forma que seu Filho, sem a talser obrigado, se submeteu à lei da circuncisão” (283-5).

Quinto Mistério: A perda e reencontro de Jesus no Templo

“Terias tu medo de te encontrares com Deus, tu que reconheces e te sentesconfundido com a tua vida animal? Não temas porque para isso o Menino nasceu numcurral de animais, para que tu, animal na vida, não tenhas receio de te aproximar dele.Vai comungá-lo que o encontrarás no presépio. Se até agora te deleitavas com acomida de cavalos e porcos, vai agora comungar este Menino por meio da fé e doamor; e assim experimentarás o doce que é aquele presépio e quão dourada é a grutaem que ele nasceu” (197-8).

2.2 MISTÉRIOS DA LUZ

“Todo o mistério de Cristo é luz. Ele é a luz do mundo (Jo 8, 12). Mas esta dimensãoemerge particularmente nos anos da vida pública, quando Ele anuncia o evangelho doReino. Queremos indicar à comunidade cristã cinco momentos significativos –mistérios luminosos – desta fase da vida de Cristo: Nestes mistérios, à excepção deCaná, a presença de Maria fica em segundo plano. Os Evangelhos mencionam apenasalguma presença ocasional d'Ela no tempo da pregação de Jesus (cf. Mc 3, 31-35; Jo 2,12) e nada dizem de uma eventual presença no Cenáculo durante a instituição daEucaristia. Mas a função que desempenha em Caná acompanha, de algum modo, todoo caminho de Cristo. A revelação, que no Baptismo do Jordão é oferecida directamentepelo Pai e confirmada pelo Baptista, está na sua boca em Caná, e torna-se a grandeadvertência materna que Ela dirige à Igreja de todos os tempos: “Fazei o que Ele vosdisser” (JOÃO PAULO II, Carta Apostólica “O Rosário da Virgem Maria, n. 21).

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“A Santa Igreja, nossa verdadeira mãe, desejando imprimir a fé em nossos corações evendo quão distraídos desnorteados andam, ordinariamente, seus filhos, empensamentos e negócios do mundo, buscou mil remédios, mil ardis e santas invenções,para lhe pegar firmemente e imprimir na memória, entendimento e vontade, osmistérios da nossa fé e redenção. Para isso ordenou e instituiu diversas festas esolenidades para especial lembrança de tais mistérios; e ainda repartiu o ano emdiversos tempos” (BARTOLOMEU DOS MÁRTIRES, Catecismo, p. 15).

Primeiro Mistério: O Baptismo de Jesus no rio Jordão

“Quando nos metem naquela sagrada água, nela se afogam e morrem os nossospecados, porquanto somos feitos participantes da morte de Cristo. E quando delasaímos, ressurgimos com o mesmo Cristo, em vida espiritual e homens novos, lavados,justificados e feitos semelhantes a Deus, reformados e quase de novo criados àimagem e vontade de Deus, livres de toda a culpa e pena; de tal modo que se entãopartíssemos desta vida antes de cair em algum pecado, sem nenhum impedimento,logo entraríamos na glória e bem-aventurança” (145).

Segundo Mistério: Auto-revelação de Jesus nas Bodas de Caná

“Os verdadeiros servos de Deus são, neste mundo, como estrelas que, entre ospecadores como entre as nuvens, resplandecem. E não há cidade ou lugar em queDeus não tenha uma dessas estrelas cujos merecimentos e orações alumiam econservam o mundo, ainda que muitas vezes não sejam conhecidas dos que vivemsegundo a carne e filhos deste mundo; porque não procuram mostrar a sua santidade,mas escondem em seu peito a glória da sua luz. E contudo, em suas obras e palavras,não pode deixar de resplandecer a luz da sua alma ainda que os mundanos cegos nãose dêem conta disso” (314-5).

Terceiro Mistério: O anúncio do Reino de Deus e convite à conversão

“O Senhor é tão diligente em chamar os homens à salvação que em todas as idadesdos chama e a nenhum rejeita, se quer trabalhar ainda que seja a horas do sol-posto,quer dizer os que estejam já no termo da vida. E prevaleceu e resplandeceu tanto asua misericórdia, muitos chamados tarde e depois de muitos pecados feitos, vieramtrabalhar no final da sua vida tão fervorosa e plenamente que igualaram no prémio eno galardão os outros que toda a vida foram santos. De tal modo que o Evangelho nãodiz ‘chama os ociosos’, mas ‘chama os trabalhadores e paga-lhes a jorna’” (213).

Quarto Mistério: A Transfiguração de Jesus

“Convém que tragamos diante dos olhos a ressurreição da nossa carne como há-de virtempo em que há-de ser renovada e livre, de todas as misérias e faltas e há-de ficarsemelhante à carne do Redentor: imortal, incorruptível e resplandecente. E porqueesta consideração é muito eficaz para nos mortificar os apetites e desejos da carne, e

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com penitência a fazemos merecedora das glórias da ressurreição, já São Paulorecomendava a Timóteo que tivesse sempre memória da ressurreição, quandoescrevia: ‘Lembra-te que Nosso Senhor Jesus Cristo ressuscitou dos mortos’” (37-38).

Quinto Mistério: A instituição da Eucaristia

“Este é o principal e mais excelente de todos os sacramentos porque nos outros estásomente a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, enquanto neste não temos só a graça,mas Ele mesmo, substancialmente, Deus e Homem verdadeiro, fonte de todas asgraças e bens. E por isso, o que Ele de nós quer é que aproveitemos muitas vezes destetesouro, que gozemos deste convite, que nos preparemos muitas vezes para receber oseu santíssimo e preciosíssimo corpo” (149-153).

2.3 MISTÉRIOS DA DOR

“Os Evangelhos dão grande relevo aos mistérios da dor de Cristo. A piedade cristãdesde sempre, especialmente na Quaresma, através do exercício da Via Sacra, deteve-se em cada um dos momentos da Paixão, intuindo que aqui está o ápice da revelaçãodo amor e a fonte da nossa salvação. O Rosário escolhe alguns momentos da Paixão,induzindo o orante a fixar neles o olhar do coração e a revivê-los. O itineráriomeditativo abre-se com o Getsémani, onde Cristo vive um momento de particularangústia perante a vontade do Pai, contra a qual a debilidade da carne seria tentada arevoltar-se. Ali Cristo põe-Se no lugar de todas as tentações da humanidade, e diantede todos os seus pecados, para dizer ao Pai: “Não se faça a minha vontade, mas a Tua”(Lc 22, 42 e par). Este seu “sim” muda o “não” dos pais no Éden” (JOÃO PAULO II, CartaApostólica “O Rosário da Virgem Maria, n. 22).“E porque o mistério da Paixão e Cruz do Senhor é raiz e fonte de todos os nossos bense salvação, daqui vem que os Santos, sobre todos os mistérios, recomendam aconsideração do mistério da Paixão porque ela é um treslado e particular espelho detodas as virtudes, e nela encontramos remédio para todas as nossas chagas e pecados”(BARTOLOMEU DOS MÁRTIRES, Catecismo, p. 33).

Primeiro Mistério: A agonia de Jesus no jardim das Oliveiras

“Naquele horto, começou o Senhor a angustiar-se e a entristecer-se, e foi posto emtão extrema agonia que suou sangue. Procedia esta grande e mortal tristeza daprofunda e veemente imaginação de todas as penas e dores que haveria de passar emtodo o processo da sua Paixão. E voluntariamente quis tomar esta tristeza soltando edeixando a carne em sua fraqueza e desamparando-a de toda a ajuda sobrenaturalpara que assim mostrasse quão voluntariamente padecia, e bebesse todas as penas edores por nossos pecados, sem mistura de consolação alguma” (270).

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Segundo Mistério: A flagelação de Jesus preso a uma coluna

“Um dia os judeus despem as suas vestes para as colocarem no caminho por ondehaveria de passar Jesus, outro dia lhe despirão as Suas vestes e o açoitarão nu; um diachamam-Lhe Rei dos Judeus; outro dia, dirão que não conhecem outro rei senão César.Estas mudanças e inconstâncias do mundo deveriam bastar para o nosso desengano,para não darmos muita importância aos momentos em que a honra nos afaga” (258).

Terceiro Mistério: A coroação de espinhos e o escárnio dos soldados

“Quanto às dores e tormentos, Jesus, manifestamente chegou ao extremo, padecendofortíssimas penas em todos os Seus membros e sentidos, açoitado cruelmente em todoo corpo, coroado de espinhos na cabeça, esbofeteado e cuspido no rosto, e lançando-lhe a cruz sobre os ombros ensanguentados, para que a levasse, os pés e as mãosrasgados, com pregos pregado na cruz, e o lado trespassado com lança” (270).

Quarto Mistério: A caminhada de Jesus, com a cruz, para o Calvário

“E para que a língua não ficasse sem pena, lhe davam fel e vinagre; crucificado entreladrões, como capitão de malfeitores. Finalmente perde a fama e a vida para nosalcançar vida e fama eternas. Chega ao extremo das dores, das desonras e das afrontaspara que nós chegássemos ao extremo dos prazeres, das honras e das glórias. Depoisque os homens lhe fizeram quantos males lhe podiam fazer e o tivessem pregado nacruz, ali ele rogou por eles, ali fez especial oração ao Pai pelos seus crucificadores”(271).

Quinto Mistério: A crucifixão e morte de Jesus

Estando alagado em dores e desonras, na Cruz, Jesus ainda brada que tem sede debeber maiores penas pela nossa salvação. Mas porque o mundo tinha chegado ao fimde lhas dar, deu outro brado e disse: ‘Tudo está consumado!’. Pai celestial, pois seacabou e se cumpriu tudo e não há mais, da minha parte, que fazer nem que sofrer,em vossas mãos entrego o meu espírito. E, isto dizendo, expirou…” (272).

2.4 MISTÉRIOS DA GLÓRIA

“O Rosário sempre expressou esta certeza da fé, convidando o crente a ultrapassar astrevas da Paixão, para fixar o olhar na glória de Cristo com a Ressurreição e aAscensão. Contemplando o Ressuscitado, o cristão descobre novamente as razões daprópria fé (cf. 1 Cor 15, 14), e revive não só a alegria daqueles a quem Cristo Semanifestou – os Apóstolos, a Madalena, os discípulos de Emaús –, mas também aalegria de Maria, que deverá ter tido uma experiência não menos intensa da nova

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existência do Filho glorificado. Desta forma, os mistérios gloriosos alimentam noscrentes a esperança da meta escatológica, para onde caminham como membros doPovo de Deus peregrino na história. Isto não pode deixar de os impelir a um corajosotestemunho daquela grande alegria que dá sentido a toda a sua vida” (JOÃO PAULO II,Carta Apostólica “O Rosário da Virgem Maria, n. 23).“Naquele espantoso dia todos o veremos em forma humana, uns com grande alegria econsolação, quer dizer, aqueles que neste mundo o amaram e suspiraram pela suasegunda vinda e perfeita manifestação do seu reino; mas para os maus e para todosaqueles que em pecado mortal desta vida partiram, será a vista do Senhor sumamenteterrível e insuportável” (BARTOLOMEU DOS MÁRTIRES, Catecismo, p. 43)

Primeiro Mistério: A Ressurreição de Jesus e a alegria de Maria

“A festa da ressurreição do Senhor nos deve alvoroçar e alegrar sobre todas as outrasfestas do Senhor, porque nela, tanto da parte do Senhor como da nossa, concorremmais razões de alegria e consolação. Com os olhos da fé vemos o Senhor levantar-se dosepulcro, ressurgindo em carne imortal e impassível, seguro de nunca mais morrer oupadecer, trinfando da morte e do inferno” (273-8).

Segundo Mistério: A Ascensão de Jesus para o Reino de Seu Pai

“Subiu o Senhor para nos preparar um lugar e uns aposentos, e para que fosse abertoum caminho diante de nós como nos diz o Profeta Miqueias. Por isso, da nossa parte,não temos mais que andar pelo caminho que Ele nos mostrou e desejar chegar àmorada que ele preparou para nós. Esteja então o nosso coração onde está o nossotesouro: se o corpo na terra está, a alma, que é águia de Deus, voe para o céu” (39-42).

Terceiro Mistério: A descida do Espírito Santo sobre Maria e os Apóstolos, e onascimento da Igreja

“O fogo do divino amor e o lume da divina sabedoria foram copiosamente derramadosna terra e os corações apostólicos iluminados e aquecidos, ficaram cheios de toda aelevação e devota perfeição. Aquelas línguas de fogo que, de fora, apareciammostravam e testemunhavam a luz e fervor que em suas almas era derramada, porqueassim como o fogo é claro e quente, assim aos Apóstolos foi dada luz e claridade, paraconhecimento dos segredos e mistérios divinos, e aquecimento de amor para os amare viver segundo eles” (280).

Quarto Mistério: A Assunção de Maria ao céu

“Ainda que a Virgem Maria naturalmente morreu, como também seu filho, e foi suasantíssima alma realmente apartada da carne, e no mesmo momento bem-aventurada, todavia, logo depois foi por seu Filho ressuscitada em corpo e em alma, e

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assim, no corpo como na alma, glorificada e elevada acima de todos os coros dosanjos”. (307).

Quinto Mistério: A glorificação de Maria como Rainha dos Anjos e dos homens

“A Rainha do Céu passou deste desterro e foi tomar posse do mesmo reino celestial,tirada deste malvado mundo, indigno de ter tão precioso tesouro e trasladada a reinarsobre os Anjos e a receber seus prémios e coroas conformes aos seus merecimentos evirtudes. Recebe de Deus, seu Filho tais glórias e honras como as que convinha a talmãe e tal filho receber; ao qual sobre todos convinha cumprir o mandamento dehonrar o pai e a mãe” (307).

3. CONCLUSÃO

Maria sabe reconhecer os vestígios do Espírito de Deus tanto nos grandesacontecimentos como naqueles que parecem imperceptíveis. É contemplativa domistério de Deus no mundo, na história e na vida diária de cada um e de todos. É amulher orante e trabalhadora em Nazaré, mas é também Nossa Senhora da prontidão,a que sai à pressa da sua povoação para ir ajudar os outros. Esta dinâmica de justiça eternura, de contemplação e de caminho para os outros faz dela um modelo eclesialpara a evangelização. Pedimos-Lhe que nos ajude, com a sua oração materna, para quea Igreja se torne uma casa para muitos, uma mãe para todos os povos, e torne possívelo nascimento dum mundo novo. É o Ressuscitado que nos diz, com uma força que nosenche de imensa confiança e firmíssima esperança: ‘vou renovar todas as coisas’ (Ap21, 5)” (PAPA FRANCISCO, Exortação Apostólico “Evangelii gaudium”, n. 288).

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NOVENA EM HONRA

DO BEATO BARTOLOMEU DOS MÁRTIRES

I – INTRODUÇÃO

“As aflições obrigam-nos a chamar por Deus. Por isso, diz o Livro do Deuteronómio:‘Afligiu-te com a fome e deu-te o maná por alimento” (Deut. 8, 3) Os Apóstolos e osProfetas ardiam em devoção no meio das perseguições do mundo. E repare-se que,assim como os Judeus apenas recolhiam o maná necessário e bastante para o diainteiro, assim cada homem, ocupado durante o dia, deve, durante a noite, dar aosexercícios de devoção o tempo suficiente para suportar suavemente, por amor deDeus, as responsabilidades da sua condição”1. Esta exortação do Bem-AventuradoBartolomeu dos Mártires coloca-nos em sintonia com a importância da oração navida quotidiana, na expressão simples e sincera da piedade popular e numavivência pessoal da fé que se afirma como prolongamento da liturgia oficial daIgreja. É por isso que, como recordava Joseph Ratzinger / Bento XVI, “Areligiosidade popular significa que a fé cria raízes no coração dos diferentes povos,passando a fazer parte da vida quotidiana. A religiosidade popular é a primeira efundamental forma de inculturação da fé, que deve continuamente deixar-seorientar e guiar pelas indicações da liturgia, mas que, por sua vez, a fecunda apartir do coração”.2

1. O significado da Novena no contexto litúrgico e da piedade popular

“A excelência da liturgia em relação com qualquer outra forma possível e legítima deoração cristã, deve encontrar acolhimento na consciência dos fiéis: se as acçõessacramentais são necessárias para viver em Cristo, as formas de piedade popularpertencem, por seu lado ao Âmbito do facultativo (Directório sobre a piedade populare a Liturgia, n.11). Isto não impede, porém que “ a liberdade face aos exercícios depiedade não deve significar uma escassa consideração nem desprezo pelos mesmos. Ocaminho a seguir é o de valorar correcta e sabiamente as não escassas riquezas dapiedade popular, as potencialidades que encerra e a força de vida cristã que podesuscitar (Ibidem). Para além do seu enquadramento no processo de desenvolvimentoda piedade popular, uma Novena reveste também características bíblicas pelasimbologia dos números, e litúrgicas pelo facto de algumas das novenas terem desdesempre uma relação particular com o Calendário e o significado das mais importantescelebrações do mesmo. A simbologia dos números leva-nos ao próprio significadobíblico do número nove (=3x3) e não estará longe da especial simbologia damaternidade de Maria nos nove meses de gestação do Verbo de Deus incarnado.Podemos dizer que a novena mais directamente relacionada com a liturgia é a deNatal, centrada outrora no especial significado das Antífonas do Ó, cujos textos, que

1 BARTOLOMEU DOS MÁRTIRES, Estímulo de Pastores, p. 2122

JOSEPH RATZINGER, Comentário ao Terceiro Segredo de Fátima.

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vão compondo o quadro do nascimento de Jesus, foram actualmente retomados comoAntífonas do Magníficat do Ofício de Vésperas e como Versículos do Aleluia nos diasque vão de 17 a 23 de Dezembro. Os Septenários não terão tão grande significadoentre nós a não ser que consideremos como tal a Semana Santa ou o especial relevode algumas oitavas, mas estas já posteriores à festa respectiva. Um significadoparticular no contexto da piedade popular e da liturgia é reservado ao Tríduo, não sópela considerável relevância evangelizadora que reveste, nomeadamente no contextodas “missões populares”, mas ainda como enquadramento de celebrações em honrado Sagrado Coração de Jesus, do Santíssimo Sacramento, da Virgem Maria ou dealguns padroeiros, e sobretudo porque o momento mais solene e importante de todoo ano litúrgico é denominado precisamente Tríduo Pascal, com a celebração da Paixão,Morte e Ressurreição de Jesus Cristo. Para além destes “momentos de celebração aonível da piedade popular”, poderemos apontar ainda os dias que apareceramparticularmente nos finais do século XIX, de que são exemplo as “Primeiras Sextas-feiras” dedicada ao Coração de Jesus ou os “Primeiros Sábados” dedicados ao CoraçãoImaculado de Maria; os meses, como é o caso do Mês de Maria, Mês das Almas, Mêsde São José, tão importantes que por vezes suplantam, ainda hoje, a própria liturgia, eainda os oitavários como acontece actualmente com o Oitavário de Oração pelaUnidade dos Cristãos. Desta forma, “tríduos, septenários ou novenas podem constituiruma ocasião propícia não só para a realização de exercícios de piedade em honra deDeus, da Virgem Maria ou dos Santos, mas também podem servir para apresentar aosfiéis uma visão adequada do lugar que cada um deles ocupa no mistério de Cristo e daIgreja, e a função que desempenha” (Directório, n. 189).Centrando-nos agora na Novena propriamente dita, para um enquadramentoadequado na doutrina da Igreja, temos consciência de que, “sendo o Evangelho ocritério e a medida para valorar todas as formas de expressão – antiga e nova – dapiedade cristã, à valoração dos exercícios de piedade cristã e das práticas de devoçãodeve unir-se uma tarefa de purificação, por vezes necessária, para conservar a justareferência ao mistério cristão” (Directório, n.12). Assim, em toda e qualquer novena,“deve perceber-se: a inspiração bíblica, sendo inaceitável uma oração cristã sem umareferência, directa ou indirecta, às páginas da Sagrada Escritura; a inspiração litúrgica,a partir do momento que ela expõe e se faz eco dos mistérios celebrados nas acçõeslitúrgicas; uma inspiração ecuménica, quer dizer, a consideração de sensibilidades etradições cristãs diferentes, sem por isso cair em inibições inoportunas; a inspiraçãoantropológica que se expressa, quer em conservar símbolos e expressões significativaspara um determinado povo, evitando contudo o arcaísmo carente de sentido, querainda no esforço por dialogar com a sensibilidade actual” (Ibidem).

2. A Novena em honra do Bem-Aventurado Bartolomeu dos Mártires

É na fidelidade a este espírito que nos propomos contribuir para a celebração deuma Novena em honra do Bem-Aventurado Bartolomeu dos Mártires, não só emsintonia com a liturgia da Igreja que já celebra os seus louvores, sensíveis àressonância que a sua memória encontra ainda em largos sectores do povo cristão,que ele acompanhou de perto, mas também procurando interiorizar o seupensamento, seguir o exemplo da sua vida e ainda conhecer melhor a doutrina da

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Igreja, numa linguagem e num contexto mais actuais. Temos, porém, a felicidadede a dedicar já ao Beato e não apenas ao Servo de Deus ou Venerável Bartolomeudos Mártires, já que estamos, cremos, perante a primeira novena organizadadepois da sua beatificação. A organização da proposta aqui apresentada procurarespeitar o significado e enquadramento bíblico, litúrgico, e popular das novenas. Énosso propósito que seja utilizado este instrumento fácil e eficaz para melhorconhecermos o que foi e é esta figura ímpar na história e na vida da Igrejaportuguesa, mas queremos também entrar na “sua escola”, “ir com ele àcatequese”, acolher o sempre actual “estímulo de pastor” que ele nos deixou,participar do dinamismo intercessor que ele exerce junto de Deus por todosaqueles que são hoje, mais de quatrocentos anos depois, os herdeiros de umaacção e ministério zelosamente exercidos neste espaço geográfico.Mais ainda: queremos dar a conhecer a pessoa, o pensamento, as propostas derenovação, acolher os desafios lançados a uma Igreja que, em pelo século XXI,carece ainda daquela “eminentíssima reforma”, já preconizada por ele há mais dequatro séculos e meio, e sobretudo, rezar com ele, rezar como ele, na consciênciade que a oração “é a fonte de água viva que irriga todos os nossos actos de virtude,vinho do céu que alegra o coração humano, balsamo que cura o sofrimento,alimento da alma e língua para falarmos com Deus”.3

Com o Bem-Aventurado Bartolomeu dos Mártires seguiremos um itinerário devida, numa proposta que poderemos sintetizar no quadro seguinte:

VIDA DE BARTOLOMEUDOS MÁRTIRES

DOUTRINABARTOLOMEANA

DOUTRINAACTUAL

1.º dia A Infância e Formaçãodo Beato Bartolomeu

Estímulo de Pastores,p. 136

João Paulo II,Exortação Apostólica“Pastores dabovobis”, n. 2

2.º dia Actividade de professore nomeação episcopal

Estímulo de Pastores,p. 241-2

João Paulo II,Exortação Apostólica“Pastores dabovobis”, n. 52

3.º dia O zelo pastoral do novoArcebispo de Braga

Estímulo de Pastores,p. 251

João Paulo II,Exortação Apostólica“Pastores gregis”, n.31.

4.º dia Formação do Cleroe fundação dosSeminários

Catecismo ou DoutrinaCristã e práticasespirituais, p.162

João Paulo II,Exortação Apostólica“Pastores dabovobis”, n. 63

3 BARTOLOMEU DOS MÁRTIRES, Estímulo de Pastores, p. 203.

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5.º dia A sua Doutrina: o amorpela Verdade

Catecismo ou DoutrinaCristã e práticasespirituais, p. 254-55

Papa Francisco,Encíclica “Lumenfidei”, n. 23

6.º dia A virtude da humildadeEstímulo de Pastores,p. 228

Bento XVI, Encíclica“Deus caritas est”, n.35

7.º dia A pobreza e o seu amorpelos pobres

Catecismo ou DoutrinaCristã e práticasespirituais, p. 86-91

Bento XVI, ExortaçãoApostólica “Caritas inveritate”, n. 35-36

8.º dia A formação cristã dopovo na sua Diocese

Catecismo ou DoutrinaCristã e práticasespirituais, p.39-40

Papa Francisco,Exortação Apostólica“Evangelii gaudium”n. 237-238

9.º dia A vida espiritual doBeato Bartolomeu dosMártires

Catecismo ou DoutrinaCristã e práticasespirituais, p. 260-261

João Paulo II, CartaApostólica “NovoMillennio ineunte”, n.32.

3. Modo de realizar o Novena:

Numa recitação pessoal da Novena, poderão ler-se os textos que se apresentam notodo ou em parte: sugeriria a leitura do primeiro, mais biográfico para umconhecimento da personalidade do Beato Bartolomeu dos Mártires e o terceiro parauma visão actual da doutrina aí sugerida, com as respectivas orações. Pela suadificuldade, deixaria para uma celebração comunitária a leitura (com eventualexplicação) dos textos retirados das obras de Frei Bartolomeu, Estímulo de Pastores eCatecismo.

Para uma celebração comunitária, sugeriria o seguinte esquema:

1. Cântico [ proposta para o dia ]2. Oração Inicial3. Leitura dos três textos e respectiva Oração4. Oração Final5. Invocações finais e despedida6. Cântico: “Prece” a Bartolomeu dos Mártires

No caso de a Novena ser integrada na Celebração da Eucaristia, o primeiro Cânticoseria substituído pelo Cântico de Entrada de acordo com a liturgia do dia, seguir-se-ia aleitura dos textos da Novena para cada dia, substituindo o Acto Penitencial concluindo

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com a Oração Colecta da Missa: Omitem-se, por isso, a Oração inicial, a Oraçãoproposta para cada dia e a Oração Conclusiva. Do ponto de vista musical, neste caso deintegração na Eucaristia, poder-se-ia cantar algum dos cânticos bartolomeanos noFinal, mas não durante a celebração. No dia litúrgico do Beato Bartolomeu dosMártires (18 de Julho) já se poderão utilizar os Cânticos propostos neste Guião para arespectiva celebração e algum dos outros.

II – ORAÇÃO INICIAL

Abri, Senhor, os nossos coraçõesà Palavra do Vosso Filho Jesus Cristopara que, a exemplo dos discípulos de Emaús,também ela nos faça arder cá dentro o coração,como tão eficazmente aconteceucom o Bem-Aventurado Bartolomeu dos Mártires,a fim de que, pelo nosso testemunho de fé e de caridade,também nós possamos iluminar e aqueceros corações dos homens, nossos irmãos.Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho,que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo

Ámen.

III – TEXTOS DE REFLEXÃO PARA CADA DIA DA NOVENA

1.º DIA – INFÂNCIA E FORMAÇÃO DE BARTOLOMEU DOS MÁRTIRES

Cântico: “Seduziste-me, Senhor” [Cantemos Todos, n. 762]

Bartolomeu dos Mártires, com o nome familiar de Bartolomeu Fernandes do Vale,nasceu em Lisboa no dia 3 de Maio de 1514, de uma família abastada de bens daterra, a que não faltavam também os bens do Céu: virtuosos, devotos, e dotados deuma particular inclinação para repartir os seus bens com os pobres. Por isso, já desdea tenra infância, Bartolomeu mostrou grande inclinação para o estudo e para a vidapiedosa criando desde cedo uma relação especial com os mais desfavorecidos que ohaveria de marcar para toda a vida. Antes de ir para a escola gostava sempre departicipar na Missa acompanhando seu avô, ao mesmo tempo que, com frequência,se entretinha com os religiosos do Convento de S. Domingos de Lisboa. Desta forma,foi despontando nele a vocação: aos 14 anos já tinha decidido consagrar a Deus a suajuventude abraçando a vida religiosa, tão decidido que estava em seguir o conselhoque Cristo dera ao jovem rico: “se queres ser perfeito, vai, vende o que tens e dá-oaos pobres, e depois vem e segue-me” (Mt 19, 21).Com este objectivo em mente, procurou o Prior do Convento de S. Domingos de

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Lisboa e pediu-lhe que lhe desse o hábito religioso. Como eram já conhecidas as suasqualidades e virtudes não foi difícil admiti-lo; no entanto quis o Superior expor-lhecom toda a clareza os rigores da Ordem: abstinência perpétua, jejuns prolongados,vigílias frequentes, grande pobreza no vestir, limitações no dormir, tudo propostascapazes de quebrar as naturezas mais robustas quanto mais a de um adolescente de14 anos. Mas Bartolomeu já tinha ponderado tudo isto e só temia uma coisa: não seradmitido por causa da sua pouca idade e saúde débil. Quando o Prior de S. Domingosacabou de lhe expor as observâncias da vida que ele procurava seguir, respondeu:“Padre, trabalhos busco e aborreço mimos; por fugir de mimos que me sobejam eprovar trabalhos que desejo e sei que para a salvação me são necessários, busco avida religiosa. Não temo esses, nem me assustam outros maiores, porque que não hácorpo fraco onde o coração é forte”.

PAI NOSSO, AVÉ MARIA, GLÓRIA

Do “Estímulo de Pastores” de Frei Bartolomeu dos Mártires

O Senhor deu àquele que deveria dirigir a sua Igreja não o nome de capitão, nem derei, nem de pretor, mas sim de pastor. E entre muitas outras razões, uma vem a seresta: é que o ofício de pastor é avesso a toda a espécie de ruídos, é calmo como ainocência das ovelhas, como o seu silêncio, a sua simplicidade. Com isto se querinculcar o silêncio com que Cristo desejou que a sua família vivesse, afastada doscuidados terrenos, com os olhos postos apenas nas coisas do céu. Também aossúbditos ensinou a serem como as ovelhas, obedecendo com simplicidade, semmurmurações e sem repontar, etc.Não fica bem [como Pastor sábio e diligente] ser o último a conhecer os defeitos quehá na própria casa, como sabemos acontecer a tantos. Que uns se encarreguem daadministração de umas coisas e outros de outras; quanto a vós, olhai pela disciplina;não a confieis a mais ninguém. Quando na vossa presença se tiver conversa algoatrevida, ou aparecer qualquer modo de trajar menos honesto, aplicai-lhe logosanção, vingai a ofensa que vos é feita. A impunidade gera o atrevimento e este odesregramento. A casa do bispo deve impor-se pela santidade, pela honestidade noolhar, no andar, no vestir, etc.

PAI NOSSO, AVE-MARIA, GLÓRIA

Da Exortação Apostólica “Pastores dabo vobis” de João Paulo II

A formação dos futuros sacerdotes, tanto diocesanos como religiosos, e o assíduocuidado, mantido ao longo de toda a vida, em vista da sua santificação pessoal noministério e da actualização constante no seu empenho pastoral, é considerado pelaIgreja como uma das tarefas da maior delicadeza e importância para o futuro daevangelização da humanidade.Esta obra formadora da Igreja é uma continuação, no tempo, da obra de Cristo que oevangelista Marcos indica com as seguintes palavras: “Jesus subiu a um monte e

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chamou os que Ele quis. E foram ter com Ele. Elegeu doze para andarem com Ele epara os enviar a pregar com o poder de expulsar demónios” (Mc 3, 13-15).Pode afirmar-se que, na sua história, a Igreja reviveu sempre, embora comintensidades e modalidades diversas, esta página do Evangelho, mediante a obraformadora reservada aos candidatos ao presbiterado e aos próprios sacerdotes. Hoje,porém, a Igreja sente-se chamada a reviver com um novo empenho tudo quanto oMestre fez com os seus apóstolos, solicitada como é pelas profundas e rápidastransformações das sociedades e das culturas do nosso tempo, pela multiplicidade ediversidade dos contextos em que anuncia e testemunha o Evangelho, pelo favoráveldesenvolvimento numérico das vocações sacerdotais que se regista em diversasDioceses do mundo, pela urgência de uma nova constatação dos conteúdos e dosmétodos da formação sacerdotal, pela preocupação dos Bispos e das suascomunidades com a persistente escassez de clero, pela absoluta necessidade de que anova evangelização tenha nos sacerdotes os seus primeiros novos evangelizadores.

PAI NOSSO, AVÉ MARIA, GLÓRIA

ORAÇÃO

Senhor nosso Deusque por meio de Vosso Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo,nos mostrastes a eficácia do desprendimento e a grandeza do serviçocomo forma de nos identificarmos com Vossa perfeição,ajudai-nos a colher e seguir o exemplodo Bem-Aventurado Bartolomeu dos Mártires,para que não tenhamos receio das dificuldadesnem nos deixemos enganar pelas ilusões de uma vida fácil.Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filhoque é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.Amen.

2.º DIA – ACTIVIDADE DE PROFESSOR E NOMEAÇÃO EPISCOPAL

Cântico: “Demos graças e louvores” [NRMS, 110, p 5]

Admitido no convento dominicano, Bartolomeu em breve chegou a atingir um elevadograu de perfeição religiosa. Desde o seu Noviciado era modelo perfeito de pobreza, deobediência, de devoção e de humildade. E como Deus o dotara de raras qualidades deespírito tornou-se um dos religiosos mais notáveis da Ordem de S. Domingos emPortugal. Muito jovem ainda, espantava os mais velhos com a sua sabedoria epreparação de modo que cedo foi escolhido para ocupar cargos de responsabilidade:depois de uma cuidada formação teológica, tornou-se Leitor de Artes e Teologia emais tarde Mestre de Teologia no Convento da Batalha; era tal o nível de ensino deste

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professor que os seus cursos foram reconhecidos por Bula régia de El-Rei D. João IIIcom o grau de Licenciatura. Convidado para preceptor de D. António, futuro Prior doCrato, ajudou a preparar essa figura cimeira da História de Portugal no período críticoresultante da morte do Rei D. Sebastião e um dos principais candidatos ao trono; porisso mesmo teve oportunidade de leccionar teologia em Évora, para gáudio dosjesuítas que louvavam o seu saber, disso dando conta a Roma. Finalmente foinomeado Prior do convento de São Domingos.Com a vacância da Diocese de Braga, por morte de Frei Baltasar Limpo, pensou arainha propôs ao então Provincial dos Dominicanos, Frei Luís de Granada, figura dereconhecido prestígio, ocupar o lugar deixado vago pela morte de Frei Baltasar Limpona Metrópole bracarense; em vez de aceitar tão prestigiante e ambicionado lugar, FreiLuís de Granada propôs logo o nome de Frei Bartolomeu dos Mártires.. Enorme foi aresistência deste humilde professor de teologia, perante o provincial e a própriarainha Dona Catarina, em aceitar um cargo de tão elevada responsabilidade, ao pontode o seu Provincial, Frei Luís de Granada não ter mais remédio que lhe impor essamissão em nome da obediência de religioso, em sessão pública na presença dosoutros frades, no coro do convento. Em nome da obediência, aceitou em 8 de Agostode 1558. Mas caiu doente, de tal forma abalado pelo peso da responsabilidade que,segundo o testemunho dos jesuítas, no mês de Novembro, o novo Arcebispo ainda seencontrava “mal disposto”. Mesmo assim, abraçou com notável entusiasmo ededicação estas novas tarefas, sendo a sua grande preocupação a vida interior e aoração. Trazia sempre escrito num pequenino caderno: “De estudo sem devoção e depregação sem preceder oração pouco proveito se pode esperar”, e sabemos bem,pela fama e pelos escritos que deixou, ter levado bem a sério esta norma de vida.

PAI NOSSO, AVÉ MARIA, GLÓRIA

Do “Estímulo de Pastores” de Frei Bartolomeu dos Mártires

Sendo a honra prémio da virtude, devem os Bispos ensinar as suas ovelhas atributarem honras às pessoas, mais pela virtude do que pela ostentação. Donde sesegue que os que procuram a honra na ostentação induzem as suas ovelhas em erro,fazendo-as crer que a ostentação é a verdadeira causa da honra. O Apóstolo S. Tiagoacusa de fazerem acepção de pessoas todos aqueles que prestam honras aos ricos porcausa do esplendor das suas vestes, e desprezam os pobres. E S. Bernardo escreve aoPapa Eugênio: Vós, o pastor, ides todo recamado de ouro, com tão variegadas cores, eas ovelhas, que apanham? Se pudesse dizê-lo, afirmaria que isto é pasto mais dedemónios do que de homens. Era assim que procedia Pedro? Era assim que pregavaPaulo? Era sem esse aparato que os Apóstolos e varões apostólicos entenderam quese podia cumprir o preceito do Salvador: “Apascenta as minhas ovelhas”. Digo aindaque os príncipes e nobres se riem mais de tal ostentação, do que mostram respeitopor ela. E os pobres sentem menos confiança em se aproximar de tais pessoas a pedirconselho ou a confessar-se, etc.. Vêem-nas na boa vida e em banquetes, quando elesvivem, andrajosos, na penúria e no sofrimento, mordem-se de inveja e murmuram. Seos vissem viver em humildade, amá-los-iam e, com o seu exemplo, ganhariam maiscoragem para suportar os seus trabalhos.

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Devo dizer que devem, por certo, procurar ser honrados e respeitados. Mas é precisodistinguir honra e honra. Há duas espécies de honra: uma é aquela que o mundocostuma tributar aos senhores e príncipes seculares e ricos; outra é a que os homenscostumam prestar aos varões santos e de reconhecida virtude. A primeira, não adevem procurar, porque não devem dominar na herança do Senhor; a segunda, sim. Oque acontece, porém, é que procuram a primeira e pelos sobreditos meios. E assim, sebem que evitam cair no desprezo contrário à primeira, não evitam o desprezo opostoà segunda; antes pelo contrário, ao vê-los levar vida de ostentação, as pessoasreputam-nos seculares e mundanos.

PAI NOSSO, AVÉ MARIA, GLÓRIA

Da Exortação Apostólica “Pastores dabo vobis” de João Paulo II

A formação intelectual dos candidatos ao sacerdócio encontra a sua específicajustificação na própria natureza do ministério ordenado e manifesta a sua urgênciaactual de fronte ao desafio da "nova evangelização", à qual o Senhor chama a Igreja nolimiar do terceiro milénio. “Se cada cristão - escrevem os Padres sinodais - deve estarpronto a defender a fé e a dar a razão da esperança que vive em nós”, com muitomaior razão os candidatos ao sacerdócio e os presbíteros devem manifestar umdiligente cuidado pelo valor da formação intelectual na educação e na actividadepastoral, dado que, para a salvação dos irmãos e irmãs, devem procurar umconhecimento cada vez mais profundo dos mistérios divinos". Além disso, a situaçãoactual, profundamente marcada pela indiferença religiosa e ao mesmo tempo por umadifusa desconfiança relativamente às reais capacidades da razão para atingir a verdadeobjectiva e universal, e pelos problemas e questões inéditos provocados pelasdescobertas científicas e tecnológicas, exige prementemente um nível excelente deformação intelectual, que torne os sacerdotes capazes de anunciar, exactamente numtal contexto, o imutável Evangelho de Cristo, e torná-lo digno de credibilidade diantedas legítimas exigências da razão humana. Acrescente-se ainda que o actual fenómenodo pluralismo, bem acentuado não só no âmbito da sociedade humana mas tambémno da própria comunidade eclesial, requer uma particular atitude de discernimentocrítico: é um ulterior motivo, que demonstra a necessidade de uma formaçãointelectual o mais séria possível.Esta motivação pastoral da formação intelectual confirma quanto se disse já sobre aunidade do processo educativo, nas suas diferentes dimensões. A obrigação do estudo,que preenche uma grande parte da vida de quem se prepara para o sacerdócio, nãoconstitui de modo algum uma componente exterior e secundária do crescimentohumano, cristão, espiritual e vocacional: na realidade, por meio do estudo,particularmente da teologia, o futuro sacerdote adere à palavra de Deus, cresce na suavida espiritual e dispõe-se a desempenhar o seu ministério pastoral. Para que possaser pastoralmente eficaz, a formação intelectual deve ser integrada num caminhoespiritual marcado pela experiência pessoal de Deus, de modo a poder superar umapura ciência conceptual e chegar àquela inteligência do coração que sabe "ver"primeiro o mistério de Deus e depois é capaz de comunicá-lo aos irmãos.

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PAI NOSSO, AVÉ MARIA, GLÓRIA

ORAÇÃO

Senhor nosso Deus, fonte de sabedoria,que inflamastes o Bem-Aventurado Bartolomeu dos Mártiresno amor das ciências sagradase o dotastes como especial virtude de humildade,inspirai em nosso corações a vontade de melhor conhecermos os vossos caminhose a coragem de os seguir, mesmo perante os desafios que eles nos colocam,na certeza de que assistis com a vossa graçaaqueles que verdadeira e sinceramente acolhem o vosso chamamento.Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filhoque é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.Ámen.

3.º DIA – O ZELO PASTORAL DO NOVO ARCEBISPO DE BRAGA

Cântico: “A messe é grande” [NRMS, 94; A Igreja Canta, p. 313 ou CT , n. 726]

Escolheu como divisa “ardere et lucere” (inflamar e iluminar), inspirado na experiênciados Apóstolos e Maria em dia de Pentecostes, sintetizando assim o seu ardor pastorale a vontade de iluminar as almas e as consciências, numa dedicação sem limites à suanova condição de Pastor. Para ele, ser Bispo, ao contrário do que era muito comum noseu tempo, nada tinha a ver com a dignidade ou o prestígio do cargo, nem aabundância das rendas recebidas, mas significava uma estreita relação com a cruz deCristo e o cuidado pelas almas que lhe foram confiadas, fazendo com que se tornasseuma das principais personagens do seu tempo. Numa linguagem rara no seu tempo eque agora nos parece tão familiar, dizia ele: “sou o médico principal de mil equatrocentos hospitais que são quantas as freguesias que tenho à minha conta”.Desde a sua chegada a Braga procurou ter sempre diante dos olhos os exemplos dosgrandes Bispos que foram modelos; modelos para si próprio e para a sua missãopastoral, mas também modelos que ele haveria de propor também a outros Bispos,numa proclamada “eminentíssima reforma” da Igreja que defendeu corajosamente noConcílio de Trento.Foi precisamente aquando da sua deslocação para o Concílio, onde se haveria detornar uma das principais figuras pelas suas intervenções na ultima sessão do mesmo,que ele teve oportunidade de contactar com os escritos dos Santos Padres, conhecerpersonagens cimeiras como o Papa Pio IV e particularmente o grande arcebispo deMilão, Carlos Borromeu. Este, pouco depois canonizado pela Igreja, rapidamente setornaria seu amigo e admirador, sendo o primeiro leitor e entusiástico divulgador doresultado das pesquisas de Frei Bartolomeu sobre a vida e missão dos bispos: o livro

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“Estímulo de Pastores”, obra que o haveria de celebrizar e ainda hoje constitui umareferência, tal é a actualidade das suas sentenças, respigadas dos escritos de grandesSantos como São Gregório, Santo Agostinho e particularmente São Bernardo, mastambém da sua sensibilidade pastoral e competência teológica.A sua acção como Bispo da Diocese de Braga caracterizava-se por uma pregaçãosimples, uma clara exposição doutrinal, para que todos entendessem, visitando maisque uma vez todas as mil duzentas e sessenta paróquias da Diocese de então, com umcuidado especial pelas mais distantes, na geografia, mas também na fé. Dessapreocupação deu conta no Concílio a respeito da língua litúrgica, afirmando: “se aspessoas não entendem o que se diz, então para que se diz?”. Recomendava sempre abrandura e a piedade na administração da justiça, defendendo que os encarregadosdessa tarefa tinham o dever de encaminhar os seus semelhantes para Deus, pelo quetodo e qualquer castigo devia ser decretado com lágrimas e dor de coração.

PAI NOSSO, AVE-MARIA, GLÓRIA

Do “Estímulo de Pastores” de Frei Bartolomeu dos Mártires

Ai daquele que, colocado em lugar elevado não irradia luz, mas apenas fumegafrouxamente, com apatia, por causa da avareza, do orgulho e da voluptuosidade! Estaé a diferença entre o que aspira deveras à santidade e o que pretende principalmentea aparência ou reputação de santo: o primeiro procura praticar as obras que sabeserem mais do agrado de Deus, embora não sejam muito aplaudidas pelo mundo,nem deem muito nas vistas; o segundo faz em primeiro lugar o que dá nas vistas domundo e lhe é mais agradável. Porque vos queixais, como se o múnus pastoral fosseimpedimento para a devoção? Não é ele exercício contínuo das mais sublimesvirtudes, a saber, da caridade, da justiça e da misericórdia? Procurai juntar-lhes osactos internos e externos da virtude da religião, e ficará tudo completo. Exercemosverdadeiramente o nosso múnus pastoral quando, pelo exemplo da nossa vida epregação, ganhamos as almas dos nossos irmãos; quando confortamos os doentes noamor de Deus; quando abatemos o orgulho dos maus, ameaçando-os com os suplícioshorríveis do inferno; quando não transigimos com ninguém contra a verdade; quando,finalmente, nos confiamos à amizade de Deus, sem temer as inimizades dos homens.A mim, aterra-me o peso da minha debilidade, quando penso nas contas que tenho dedar; como vou a enfrentar Aquele a quem não apresento nenhum ou quase nenhumlucro do negócio que me confiou, quanto à salvação das almas? S. Gregório comparauma Igreja sem bispo ao leito seco de um rio. Quando vem um bispo bom, é comoquando o rio volta a encher-se até às margens, irrigando os vales circunjacentes, paraos fertilizar. Uns produzirão trinta, outros sessenta, outros cem, e das línguas da terraacumulada ao longo do rio brotam as flores que se desenvolvem até darem sazonadosfrutos. Poderá um bispo dizer: Farto-me de pregar, mas não vejo fruto. Recorde,então, as belas palavras que S. Bernardo escreveu ao Papa Eugénio que se queixavadisso: “Fazei o que está na vossa mão e é vosso dever, e Deus cuidará suficientementedo que Lhe pertence, sem preocupação nem angústia da vossa parte: plantai, regai,desvelai-vos e tereis cumprido a vossa obrigação. Deus dará o incremento, mas

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quando Lhe aprouver. Deus, e não vós; mas se Ele não quiser, vós nada perdereis.Reparti o pão do céu sem inveja nem indolência e estai preparado para respondersomente pelo talento que vos foi confiado. Se muito recebestes, dai muito; se pouco,dai na mesma proporção, pois quem não é fiel no pouco, também o não é no muito.Dai tudo quanto tendes, porque vos será pedida conta de tudo até ao último ceitil.Ficai sabendo que a tranquilidade da vossa consciência depende do cumprimentodestes dois preceitos: pregação e exemplo. Mas, se quereis ser prudente, juntai-lheum terceiro: o amor da oração. E, assim, ficam estas três coisas: a pregação, oexemplo e a oração, mas a principal é a oração; pois, embora a pregação e as obrassejam virtudes necessárias, só a oração consegue graça e eficácia para as obras e paraa pregação.

PAI NOSSO, AVÉ MARIA, GLÓRIA

Da Exortação Apostólica “Pastores gregis”, de João Paulo II

O ministério do Bispo enquanto anunciador do Evangelho e guardião da fé no Povo deDeus não seria apresentado exaustivamente, se não fosse referido o dever dacoerência pessoal: o seu ensino continua através do testemunho e do exemplo dumaautêntica vida de fé. Se o Bispo, que ensina com uma autoridade exercida em nome deJesus Cristo, a Palavra escutada na comunidade, não vivesse o que ensina, daria àprópria comunidade uma mensagem contraditória. Deste modo, fica claro que todasas actividades do Bispo devem ter como finalidade “a proclamação do Evangelho, «poder de Deus para a salvação de todo o crente “ (Rom 1, 16). A sua tarefa essencial éajudar o Povo de Deus a prestar à palavra da Revelação a obediência da fé (Rom 1, 5) ea abraçar integralmente a doutrina de Cristo. Poder-se-ia dizer que missão e vida estãode tal forma unidas no Bispo que não se pode pensar nelas como duas coisas distintas:nós, Bispos, somos a nossa missão. Se não a cumpríssemos, deixaríamos de ser o quesomos. É pelo testemunho da fé que a nossa vida se torna sinal visível da presença deCristo nas nossas comunidades.O testemunho de vida torna-se para o Bispo como que um novo título de autoridade,que se soma ao título objectivo recebido na consagração. Assim à autoridade vemjuntar-se a credibilidade. Ambas são necessárias: de facto, duma brota a exigênciaobjectiva de adesão dos fiéis ao ensinamento autêntico do Bispo; da segunda, afacilitação para depositar confiança na mensagem. A este respeito, apraz-me retomaras palavras escritas por um grande Bispo da Igreja antiga, Santo Hilário de Poitiers: “OApóstolo Paulo, querendo definir o tipo de Bispo ideal e formar com os seusensinamentos um homem de Igreja completamente novo, explicou qual era, por assimdizer, o máximo da perfeição nele. Afirmou que devia professar uma doutrina segura,conforme com o ensinamento, para estar em condições de exortar à sã doutrina e derefutar aqueles que a contradizem. Por um lado, um ministro de vida irrepreensível, senão é culto, conseguirá beneficiar-se só a si próprio; por outro, um ministro cultoperderá a autoridade que provém da cultura, se a sua vida não for irrepreensível. Aconduta a seguir está desde sempre fixada pelo apóstolo Paulo nestas palavras: ‘E tuserve de exemplo em tudo pelo teu bom comportamento, pureza de ensinamentos,

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gravidade, e pela linguagem sã e irrepreensível, para que os nossos adversários sejamconfundidos, por não terem mal algum a dizer de nós’” (Tito 2, 7-8).

PAI NOSSO, AVÉ MARIA, GLÓRIA

ORAÇÃO

Infundi, Senhor em nossos corações a chama acesa do Vosso Espíritopara que, a exemplo do Bem-Aventurado Bartolomeu dos Mártires,sejamos verdadeiras testemunhas do Vosso Reinocomo nos propõe Jesus no seu Evangelho:luz do mundo como portadores da chama da vossa Palavrasal da terra como exemplo capaz de curar e de dar saborao mundo que espera o nosso saber, disponibilidade e exemplo.Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filhoque é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.Ámen

4.º DIA – A FORMAÇÃO DO CLERO E A FUNDAÇÃO DO SEMINÁRIO CONCILIAR

Cântico: “Fez-vos Cristo luz do mundo” [NRMS, 36; A Igreja Canta, p. 596]

Sabemos já que Frei Bartolomeu dos Mártires visitava com especial cuidado asparóquias mais afastadas da sua Diocese, nomeadamente as da região mais afastada,do Barroso, que haveriam de celebrizar algumas facetas do seu ministério pastoral.Mas foi também daí que ele, face à falta de clero identificado com o viver daquelasgentes, trouxe para Braga alguns rapazes para os educar e instruir a fim de serem umdia sacerdotes e pastores enviados junto dos seus conterrâneos. Ele bem sabia que,segundo a palavra do Senhor Jesus, os sacerdotes são especialmente o sal da terra e aluz do mundo. Um bom sacerdote é um poderoso instrumento de Deus, capaz desantificar uma paróquia inteira; ele sabia perfeitamente da importância e necessidadede bons sacerdotes, bem formados e habilitados nas variadas dimensões que a vidasacerdotal envolve: preparação teológica, equilíbrio mental, formação moral, etc.,para além das qualidades humanas de que ele procurava dar exemplo, mesmocompreendendo como ninguém as falhas dos seus Padres.Nas visitas pastorais, a primeira preocupação do Arcebispo era informar-sepessoalmente acerca do valor do sacerdote que estava à frente da freguesia; chamavadepois cada sacerdote em particular e, como bom mestre em teologia, por meio deperguntas apropriadas, procurava conhecer os méritos e os conhecimentos deles.Mesmo confrontado com a escassez de clero numa diocese tão grande como a sua –quase todo o Norte de Portugal – era particularmente, rigoroso na admissão doscandidatos. Ao nível da formação exigida, era tão rigoroso que até propunha sérios

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conhecimentos em música, ao ponto de Roma lhe ter colocado algum freio, casocontrário não encontraria quase ninguém capaz… Para os mais limitados, escreveu oCatecismo, como apoio à pregação e para evitar eventuais erros na formação do seurebanho. A todos os candidatos ao sacerdócio mandava examinar, e examinava-os elemesmo, nunca cedendo a influências ou pedidos, dizendo que “se recorriam a pedidosera por não terem méritos”.Foi do cuidado com a formação dos seus Padres que promoveu, também comoaplicação das orientações do Concílio de Trento, a fundação do Seminário que, porisso mesmo, se viria a chamar “conciliar”. De facto, depois de outras iniciativas como afundação do Colégio da Companhia de Jesus, com aulas públicas de Gramática,Retórica e Artes, em que ajudava os alunos mais carenciados com a atribuição depensões, instituiu, no Paço Episcopal, o ensino da Teologia Moral, confiado aos seusconfrades dominicanos de cujos ensinamentos participavam não só os candidatos.mas também os já sacerdotes. Logo que chegou do Concílio, pôs mãos à obra afundação do Seminário; vencidas as primeiras dificuldades e até resistências conseguiuo contributo financeiro de algumas pessoas ricas poderosas, de tal modo que empouco tempo o Seminário de Braga se tornou viveiro de sacerdotes letrados evirtuosos com que os Prelados proveram convenientemente as freguesias doArcebispado. O Seminário Conciliar de Braga foi o primeiro que houve em Portugal, eainda hoje se encontra em actividade para, no seguimento das orientações doConcílio, “recolher os aspirantes ao sacerdócio para mais facilmente os poderemeducar e instruir convenientemente”.

PAI NOSSO, AVÉ MARIA, GLÓRIA

Do Catecismo de Frei Bartolomeu dos Mártires

A vós, ordenados no sagrado sacerdócio, lembro que conheçais a alteza de vosso graue ofício. Sois elevados acima do povo cristão, como mestres e capitães do exército deCristo, médicos das almas, dispensadores dos mistérios de Deus, legados de Deus aomundo, medianeiros entre Deus e povo, ministros da reconciliação dos homens comDeus, tesoureiros das riquezas celestiais, estrelas do mundo escuro, anjos de Deus, decuja boca os outros hão-de requerer a ciência da salvação. Vós sois os espelhos emque os outros se hão-de ver. Finalmente, vós sois aqueles de cuja vida depende o bemou o mal do mundo. É claro que, se o vosso zelo respondesse ao ofício, não haveriatanta dissolução nos leigos, não andariam as ovelhas de Cristo tão fora do caminho doCéu... É obrigado o pastor das almas a apascentá-las de sã e santa doutrina e comobras e exemplos de santa vida, com fervorosas orações e gemidos diante do Senhor,pedindo-Lhe, continuamente, que queira guiar, com sua graça e favor, as ovelhas quelhe encarregou, nos perigosos caminhos deste mundo, para que cheguem aos pastoseternos...Esta é uma das coisas que muito se deve chorar na Igreja de Deus, sobretudo nasigrejas de montes e lugares onde nunca, ou muito poucas vezes, há pregação. Os seushabitantes nunca ouvem outra Palavra de Deus, nunca ouvem outra doutrina se não aque lhes diz o seu pároco ao Domingo. Toda a semana tratam, falam e cuidam das

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coisas deste mundo. Ao Domingo vão à casa de Deus buscar um bocado demantimento para a alma. O seu pastor é obrigado a ter-lhes feito o jantar espiritual,quer dizer, ter estudado, cuidado e apreciado alguma santa doutrina, como melhorpuder, para que, juntas as ovelhas no dia do Domingo ou da Festa, lhe administreaquele mantimento da alma, e eleve os sentidos distraídos, lhe desperte a memóriapara se lembrarem das coisas de sua salvação, e ilumine um pouco o seuentendimento, e aqueça a vontade em amor de Deus e de Nosso Senhor Jesus Cristo...O sacerdote e pastor que Deus ali pôs para lhes elevar os corações da terra, para lhesensinar a lei, e ele não o faz? Que se pode esperar se não que, assim como os corposmorrem quando passam muitos dias sem lhe darem de comer, assim morram tambémaquelas almas por falta do mantimento espiritual?

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Da Exortação Apostólica “Pastores dabo vobis” de João Paulo II

A vocação sacerdotal tem muitas vezes o seu primeiro momento de manifestação, nosanos da pré-adolescência ou nos primeiríssimos anos da juventude. E até em pessoasque chegam a decidir a entrada no Seminário mais adiante no tempo, não é raroconstatar a presença do chamamento de Deus em períodos muito anteriores. Ahistória da Igreja é um testemunho contínuo de chamadas que o Senhor dirige mesmoem tenra idade. São Tomás, por exemplo, explica a predilecção de Jesus pelo apóstoloJoão “pela sua tenra idade”, tirando daí a seguinte conclusão: “isto nos fazcompreender como Deus ama de modo especial aqueles que se entregam ao seuserviço já desde a juventude”.A Igreja toma ao seu cuidado estes germes de vocação, semeados no coração dos maispequenos, proporcionando-lhes, através da instituição dos Seminários Menores, umsolícito, ainda que inicial, discernimento e acompanhamento. Em várias partes domundo, estes Seminários continuam a desenvolver uma preciosa obra educativa,destinada a proteger e fazer desabrochar os germes da vocação sacerdotal, a fim deque os alunos a possam mais facilmente reconhecer e se tornem capazes de lhecorresponder. A sua proposta educativa tende a favorecer, de modo tempestivo egradual, aquela formação humana, cultural e espiritual que conduzirá o jovem aempreender o caminho para o Seminário Maior com uma base adequada e sólida."Preparar-se para seguir Cristo Redentor com ânimo generoso e coração puro": é esteo objectivo do Seminário Menor indicado pelo Concílio Vaticano II, no Decreto“Optatam totius”, que traça desta forma o seu perfil educativo: os alunos “sob aorientação paterna dos superiores, com a colaboração oportuna dos pais, levem umavida plenamente conforme à idade, espírito e evolução dos adolescentes, segundo asnormas da sã psicologia, sem omitir a conveniente experiência das coisas humanas e ocontacto com a própria família”. O Seminário Menor poderá ser também, na Diocese,um ponto de referência da pastoral vocacional, com oportunas formas de acolhimentoe oferta de ocasiões informativas para aqueles adolescentes que andam à descobertada vocação ou que, já determinados a segui-la, se vêem obrigados a adiar a entrada noSeminário por diferentes circunstâncias, familiares ou escolares.

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ORAÇÃO

Senhor Jesus que chamastes os vossos discípulosao convívio e à participação da vossa vida, pelo exemplo e pelo ensino,quando, “em casa, tudo lhes explicáveis” com especial cuidado e carinho,ajudai-nos a acolher os exemplos de solicitude vocacional e dedicaçãodo Bem-Aventurado Bartolomeu dos Mártires,na aceitação daqueles que vós escolhestes,na formação daqueles a quem iluminais o entendimento e aqueceis o coração,na missão daqueles a quem confiais o alegre anúncio do vosso Evangelho.Vós que sois Deus com o Pai, na unidade do Espírito Santo.Ámen.

5.º DIA – O SEU AMOR PELA VERDADE E COMPETÊNCIA DOUTRINAL

Cântico: “Os povos proclamam a sabedoria dos Santos” [NRMS, 59; A Igreja Canta, p.619]

Conhecemos já a formação cuidada que caracterizou o crescimento de FreiBartolomeu dos Mártires desde os primeiros contactos com o Convento de SãoDomingos de Benfica, ao reconhecimento dos seus méritos e competência quer peloRei, quer pelos seus contemporâneos, confrades dominicanos, jesuítas e outros que oescutavam avidamente. Frei Bartolomeu dos Mártires, nas palavras dos seusbiógrafos, “era livre em dizer a cada um o que entendia”; liberdade santa que dácompetência para defender a justiça e os direitos dos fracos mesmo contra a opressãoe tirania dos poderosos, fossem eles os governantes de então fossem os membros docabido bracarense que tinham esvaziado de conteúdo muitas das competências efunções do Arcebispo. Havia, por isso, abusos e faltas que se cometiam na cidade,havia males públicos que se espalhavam para outras terras; por isso, resolveu pôr umponto final nesta situação considerando que o Pastor e Médico de todos era ele.Mesmo perante as maiores incompreensões, contrariedades e objecções, face adireitos injustamente adquiridos, mas veementemente reclamados, Frei Bartolomeunão hesitava em dizer o que a sua consciência lhe ditava, ainda que fosse ao Rei. Foiassim que, um dia escreveu a D. Sebastião protestando contra a violação de algunsdireitos da Sé de Braga; a Filipe I escreveu exigindo que mandasse retirar de Braga unssoldados que ele para lá enviara. E mais: numa destas cartas acrescentava que “se SuaMajestade não ficasse contente, grande favor lhe prestaria aliviando-o da mitra”, querdizer: ou respeitava o seu pedido ou que o demitisse.A este cuidado e exigência de seriedade não escapava o próprio Papa: quando esteve

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na Corte Pontifícia notou o costume antigo de os Bispos estarem de pé nas reuniõesao passo que os Cardeais estavam sentados; logo fez saber ao Papa que tal prática nãoestava correcta ao que o Papa acedeu alterando tal costume antigo. Sabemos que foitambém por acção de Frei Bartolomeu que o arcebispo de Milão, Carlos Borromeu,amigo de caçadas e de festanças, se transformou no grande São Carlos Borromeu. Aautoridade que ele exercia sobre os influentes e poderosos vinha simplesmente deuma consciência clara sobre a verdade das coisas, de um enorme desprendimento dequalquer interesse pessoal e da preocupação exclusiva com a glória de Deus.

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Do “Catecismo” de Frei Bartolomeu dos Mártires

O Mestre perfeito é Aquele em cuja vida se encontra toda a santidade, e em cujadoutrina se encontra inteira verdade. “Se Eu sou Mestre e Senhor porque não Mecredes?” – dizia o Senhor. “Porque Me não recebeis por Mestre?” Estas palavras,meus irmãos, ainda que, absoluta e perfeitamente, não as possa de si dizer senão aAquele que é fonte de toda a pureza, que de Si as disse, os verdadeiros penitentesque, deixada a vida velha, e chorados e confessados os pecados passados, ficaramnovas criaturas em Jesus Cristo, membros vivos a Ele unidos e incorporados, emalguma maneira podem tomar para si mesmos a voz de sua cabeça, e dizer aoshomens: — Quem de vós me poderá repreender de algum pecado?, porque, se algunspecados fiz nos tempos passados, já este homem pecador é defunto, já por virtude doSangue de Cristo sou novo homem, novamente nascido pelo Espírito Santo, ao qualnão se devem atribuir as maldades e carnalidades que com o velho Adão já estãocrucificadas e destruídas.E daqui julgai, irmãos, com quanta diligência deveis procurar fazer verdadeirapenitência e confissão, pois por ela ficais feitos novas criaturas e já não importa comoé que fostes antes de fazerdes penitência. Diz mais o Senhor aos Judeus: “Se Eu vosdigo verdade, porque não credes em mim?” Nós prezamo-nos de nos chamaremdiscípulos e filhos de verdade. Oh! Se o fôssemos na realidade como o somos nonome!... São verdadeiros discípulos da verdade todos aqueles que amam a luz daverdade com todo o seu coração e vivem de acordo com ela, e por ela são guiados emtodas as suas obras. A verdade é comparada à luz, a qual é agradável aos olhos sãos eodiosa aos olhos doentes. Na nossa confissão e arrependimento, procuremos serfilhos da verdade, porque esses fazem verdadeira e legitima confissão; chamo-lheverdadeira porque não só deve ser sem mentira e sem encobrir algum pecado que serecorde, mas também sem hipocrisia e fingimento. Quais sejam os filhos e discípulosda verdade e quais o não sejam, é algo de desconhecido e não podemosmanifestamente discernir uns de outros; por isso o Senhor, no seu Evangelho, dá-nosum sinal para que, de alguma maneira, possamos conhecer se somos filhos de Deus eda verdade, ou não: “Quem é de Deus, gosta de ouvir as palavras de Deus e a doutrinaceleste”.

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Da Encíclica “Lumen Fidei” do Papa Francisco

“Se não acreditardes, não compreendereis” (Is 7, 9): foi assim que a versão grega daBíblia hebraica traduziu as palavras do profeta Isaías ao rei Acaz, fazendo aparecercomo central, na fé, a questão do conhecimento da verdade. Entretanto, no textohebraico, há um sentido diferente; aqui o profeta diz ao rei: “Se não o acreditardes,não subsistireis”. Apavorado com a força dos seus inimigos, o rei buscava a segurançaque lhe poderia vir de uma aliança com o grande império da Assíria; mas o profetaconvida-o a confiar apenas na verdadeira rocha que não vacila: o Deus de Israel. Umavez que Deus é fiável, é razoável ter fé n’Ele, construir a própria segurança sobre a suaPalavra. Este é o Deus que Isaías chamará mais adiante, por duas vezes, o Deus-Amen,o Deus fiel (Is 65, 16), fundamento inabalável de fidelidade à aliança. Esta forma detraduzir com a palavra “compreender”, que aceitava certamente o diálogo com acultura helenista, não é alheia à dinâmica profunda do texto hebraico; a segurança queIsaías promete ao rei passa, realmente, pela compreensão do agir de Deus e daunidade que Ele dá à vida do homem e à história do povo. O profeta exorta acompreender os caminhos do Senhor, encontrando na fidelidade de Deus o plano desabedoria que governa os séculos. Esta síntese entre o “compreender” e o “subsistir” éexpressa por Santo Agostinho, nas suas Confissões, quando fala da verdade em que sepode confiar para conseguirmos ficar de pé: “Estarei firme e consolidar-me-ei em Ti,(…) na tua verdade”. Vendo o contexto, sabemos que este Padre da Igreja quermostrar que esta verdade fidedigna de Deus é, como resulta da Bíblia, a sua presençafiel ao longo da história, a sua capacidade de manter unidos os tempos, recolhendo adispersão dos dias do homem.

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ORAÇÃO

Senhor nosso Deusque nos enviastes vosso Filho como Caminho, Verdade e Vida do mundo,concedei-nos a coerência de fé e de vidaque resplandecia no Bem-Aventurado Bartolomeu dos Mártires,a fim de sermos, neste mundo, testemunhas credíveisda fé que professamos e do Mestre que no Baptismo aceitámos seguir,para que o mundo acredite tal vos pediu, na sua oração sacerdotal,o Vosso Filho, Jesus Cristo,que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.Ámen.

6.º DIA – A GRANDE HUMILDADE DO ARECEBISPO BRACARENSE

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Cântico: “Bendito, Deus, nosso Pai” [NRMS, 115, p. 16]

A autoridade moral e a coerência de pensamento são uma das condições essenciaispara um eficaz exercício da autoridade, sobretudo quando é preciso denunciar oserros de alguém. Conhecemos já a preocupação de Bartolomeu dos Mártires com umexercício equilibrado da justiça, e isto só pode vir de uma mente marcada pelahumildade. A sua competência, o seu prestígio intelectual, o carinho dos seusdiocesanos mais simples, a sua condição de Arcebispo de Braga, tudo eramingredientes para suscitar atitudes de orgulho, sobranceria, soberba e até arrogânciaem qualquer ser humano, e isso era frequente nos bispos de então, a avaliar poralgumas das suas afirmações no Estímulo de Pastores. Com Frei Bartolomeu, muitopelo contrário.Fiel à proposta da Imitação de Cristo, ele “procurava esconder-se aos olhos dos outrose ser considerado de nenhum valor. Foi também isso que ele colheu do exemplo dosgrandes santos: quanto maiores eram os seus talentos, quanto maiores as suasvirtudes mais se escondiam aos olhos dos homens. Quando o escolheram paraArcebispo de Braga, sabemos que ficou aflito, tentou recusar e caiu doente depois deaceitar; com uma vida marcada pelo silêncio do seu convento, via-se de repente,elevado a uma das principais Dioceses da Península Ibérica e uma das maisprestigiadas do mundo. Temia a responsabilidade do governo de tantas almas, temiaque as honras do seu cargo prejudicassem a humildade em que sempre vivera. Porisso, só a autoridade do Provincial dos Dominicanos o levou, em nome da obediência,a aceitar, não sem exclamar: “procurei a santa Obediência, no princípio da minha vida,para me livrar por meio dela, dos perigos do mundo. É ela que agora me obriga quevolte a enfrentar as ondas e tempestades desse mundo. A Deus tomo por testemunhaque só o poder da minha vida religiosa, que é poder Seu, e nenhum outro debaixo doCéu me poderia obrigar”.Esta sede de humildade acompanhou-o até à morte. Quando viajava fora da suaDiocese, onde não era conhecido, tinha enorme prazer em caminhar a pé com oreligioso seu acompanhante habitual; quando pedia hospitalidade em algum conventonunca revelava a sua dignidade episcopal a fim de ser tratado como qualquer simplesreligioso; e se, por acaso, se vinha a descobrir quem era, logo se retirava para fugir àshomenagens que lhe prestavam. Um dos maiores actos de humildade viveu-o na vidaque levou depois de renunciar ao Arcebispado: depois de repetidos pedidos para queRoma o aliviasse do governo da Diocese que durou vinte e dois anos, quando final-mente o conseguiu, retirou-se para o Convento de Santa Cruz (hoje Convento de SãoDomingos) na cidade de Viana do Castelo, por ele mandado construir.Da sua presença em Viana do Castelo deixou o testemunho de uma vida de simplesconventual: apesar de velho e cansado era pontual em todas as observâncias daOrdem; dizia que desde que Sua Santidade aceitara à sua renúncia ao Arcebispado,ficara como simples frade com todas as obrigações da sua profissão religiosa. Cultivouuma especial relação com as pessoas vizinhas do convento, nomeadamente os maispobres, de tal modo que ainda hoje conserva um especial lugar no coração dospescadores da Ribeira que lhe puseram o título de “Arcebispo Santo”. Assistia comseus bens aos mais pobres, dele se contando inúmeras histórias, documentadas

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mesmo em algumas particularidades do próprio edifício do convento. Finalmente aténa morte quis ser humilde: tinha direito, como todos os Arcebispos, a ser sepultado naSé de Braga, acompanhado das honras próprias da sua dignidade; no entanto, depoisde ter vivido no Convento de Santa Cruz, numa pobre cela, ainda existente, hoje comocapela, os últimos anos da sua vida, aí faleceu a 16 de Julho de 1590, vindo a sersepultado na Igreja do mesmo convento onde se podem venerar os seus restosmortais, num túmulo que pouco depois se tornou objecto de veneração.

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Do “Estímulo de Pastores” de Frei Bartolomeu dos Mártires

Os pastores que vão atrás de pompas, etc., anulam aquele elogio da Igreja, da qualestá escrito no livro do Cântico dos Cânticos 1, 4-5: “Sou morena, mas formosa. Nãorepareis em eu ser morena, foi o sol que me descorou”, isto é, foi Cristo. Entendido àletra, quer isto dizer que a Igreja, exteriormente, é negra, pela mortificação da cruz epelo desprezo de fausto exterior, mas interiormente é bela. Por isso, o pastor que, poramor de Cristo, renuncia ao esplendor da sua posição, pode repetir também: “Nãorepareis em eu ser morena, foi o sol que me descorou”, quer dizer, a falta de brilhoexterno deve-se ao amor e à imitação de Cristo meu esposo. Por isso, se quanto aadornos e aparência exterior sou negra, interiormente sou formosa. Com razão diziaNosso Senhor: “Bem-aventurado aquele que não se escandalizar a meu respeito”, istoé, não Me rejeitar por causa da negrura exterior, nem por causa da abjecção queescolhi no meu estado.S. Bernardo, depois de clamar contra o fausto e aparato régio dos prelados,acrescenta: A Igreja jaz em tristíssima paz, combatida pelos costumes dos seuspastores. Não consegue afugentá-los nem fugir deles, como antigamente afugentavaos hereges que a perseguiam e fugia aos reis que a tiranizavam a tal ponto elesprevaleceram e se multiplicaram sem conta. E conclui: A Igreja encontra-seinteriormente ferida e o seu mal alastra sem remédio que o sustenha. Dizem os bisposmundanos: Se não nos rodearmos de fausto à altura da nossa posição, seremosdesprezados pelos seculares. Se tal razão fosse válida, porque é que o Senhor teriavindo ao mundo num estado de aniquilamento, sabendo muito bem que havia de serdesprezado?

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Da Encíclica “Deus caritas est”, de Bento XVI

A íntima participação pessoal nas carências e no sofrimento do outro torna-se um dar-se de mim mesmo ao outro: para que o dom não o humilhe, devo não apenas dar-lhequalquer coisa minha, mas dar-me a mim mesmo, devo estar presente no dom comopessoa. Este modo justo de servir torna o agente humilde. Este não assume umaposição de superioridade face ao outro, por mais miserável que possa ser de momentoa sua situação. Cristo ocupou o último lugar no mundo — a Cruz — e, precisamente

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com esta humildade radical, nos redimiu e nos ajuda sem cessar. Quem se acha emcondições de ajudar há-de reconhecer que, precisamente deste modo, é ajudado elepróprio também; não é mérito seu nem título de glória o facto de poder ajudar. Estatarefa é graça.Quanto mais alguém trabalhar pelos outros, tanto melhor compreenderá e assumirácomo própria esta palavra de Cristo: “Somos servos inúteis” (Lc 17, 10). Na realidade,ele reconhece que age, não em virtude de uma superioridade ou uma maior eficiênciapessoal, mas porque o Senhor lhe concedeu este dom. Às vezes, a excessiva vastidãodas necessidades e as limitações do próprio agir poderão expô-lo à tentação dodesânimo. Mas é precisamente então que lhe serve de ajuda saber que, em últimainstância, ele não passa de um instrumento nas mãos do Senhor; libertar-se-á assim dapresunção de dever realizar, pessoalmente e sozinho, o necessário melhoramento domundo. Com humildade, fará o que lhe for possível realizar e, com humildade, confiaráo resto ao Senhor. É Deus quem governa o mundo, não nós. Prestamos-Lhe apenas onosso serviço enquanto podemos e até onde Ele nos dá a força. Mas, fazer tudo o quenos for possível e com a força de que dispomos, tal é o dever que mantém o servobom de Cristo sempre em movimento: «O amor de Cristo nos impele» (2 Cor 5, 14).

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ORAÇÃO

Senhor nosso DeusQue em vosso Filho Jesus Cristo,nos destes o maior exemplo de humildadee aos simples e humildes revelastes os mistérios do Vosso Reino,concedei-nos a graça de viver com simplicidade de vida,exibir como sinal da nossa identidade a beleza e ornamento interior,acolher os mais humildes como sinal da vossa grandeza,recusar qualquer tipo de ostentação, riqueza ou exibição pessoalsegundo o exemplo de Jesus Cristo “pobre e humilde”que nos foi deixado pelo Bem-Aventurado Bartolomeu dos Mártires.Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho,que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.Ámen.

7.º DIA – A POBREZA DE BARTOLOMEU DOS MÁRTIRES E O SEU AMOR PELOSPOBRES

Cântico: “Nem só de pão vive o homem” [NRMS, 29, A Igreja Canta, p. 195]

Por diversas vezes tivemos a oportunidade de salientar a especial predilecção pelospobres testemunhada pelo Bem-Aventurado Bartolomeu dos Mártires. Dela nos dãoconta muitos episódios assinalados pelos seus biógrafos, mas ainda mais a memóriade um povo que ele acompanhou de perto nos últimos anos da sua vida, memória

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essa que perdura nas gentes mais simples e crentes. Mas só pode ter uma verdadeiradedicação aos pobres quem alguma vez percebeu a pobreza como proposta doEvangelho e se deu conta do lugar do pobre como “sacramento de Deus”, como gostade dizer a teologia de hoje.Sabia o Bem-Aventurado Bartolomeu dos Mártires, desde tenra idade, e nós sabemostambém, que o voto de pobreza é um elemento essencial da vida religiosa, de acordocom o conselho de Cristo: “se queres ser perfeito vai, vende o que tens e dá-o aospobres” (Mt 19, 21). Ao contrário do jovem do evangelho que se retirou pesarosoporque tinha muitos bens, o religioso renuncia aos bens da terra para procurarexclusivamente os do Céu; isto porque, não condenando a riqueza em si mesma nema utilização dos bens da terra, o próprio Jesus proclama “bem-aventurados ospobres”. Ora, Bartolomeu dos Mártires, ao abraçar a vida religiosa, deixara todos osbens da terra, mas quando foi elevado à dignidade episcopal viu-se de novo senhor decopiosas rendas. Mas nem por isso mudou de vida: a mesma pobreza que abraçaracomo religioso conservou-a como “Arcebispo e Senhor de Braga”, título de que, aliás,nunca abdicou, em nome da dignidade da sua Diocese. Assim, no seu paço episcopalescolheu um pequeno quarto com uma cama feita de “três tábuas mal lavradas,atravessadas sobre dois banquinhos do mesmo tipo; por cima, uma enxerga de palhae, em cima dela, um colchão de pano grosso que já trouxera do seu convento.No vestuário, a mesma pobreza. Não usava nada de linho e as suas túnicas eram de“estamenha” (lá grosseira, “estopa” ou “tomentos”, a parte mais grosseira do linho),material fraco mas que durava muito tempo. Por isso, gastava pouco com a suapessoa, recusava vestimentas ou capas novas, a fim de poder socorrer os maisnecessitados a quem chegava a dar as próprias roupas, como aconteceu com aquelavelhinha a quem ofereceu a capa para um vestido novo. Um dia em que teveoportunidade de estar à mesa com o Papa, perante os talheres de prata que oPontífice usava, disse-lhe que em Portugal os havia bem melhores, em porcelana daÍndia e da China; quebravam mais depressa, mas eram muito mais baratos…Foi esse espírito de pobreza que criou e fortaleceu a sua relação privilegiada com ospobres: segundo o Evangelho, o rico deve olhar para o pobre como para um irmãomenos afortunado e, da sua riqueza, tem o dever de repartir com os indigentes paralhes suavizar a vida. Por isso, um dos primeiros cuidados de Bartolomeu dos Mártirescomo Arcebispo foi reduzir ao mínimo os gastos com a sua casa e a sua pessoa,confiando a administração das rendas da Arquidiocese a pessoas que fossem deconfiança e afeiçoadas aos pobres. Tudo o que sobejava era distribuído em esmolas; amuitos, pagava o aluguer de suas casas; às quintas e sextas-feiras dava esmola, àporta, a mais de mil pessoas. Costumava trazer sempre no bolso algum dinheiro quedava a todos quantos lhe pediam esmola. Soube um dia que uma mulher doenteestava com falta de roupa; dobrou uma das suas mantas e mandou-lha muito emsegredo. Na janela do seu quarto tinha um pano azul que servia de reposteiro; um dia,veio ter com ele uma velhinha mal enroupada; ele não teve mais medidas e arrancouo reposteiro que lhe entregou. Com os pobres dividia a comida da sua mesa e por elesdistribuía a sua pensão de Arcebispo. A história mais terna que se conhece é de umapobre viúva que nada possuía para ajudar uma filha que tinha para casar. Mandou-lheo Arcebispo que ao anoitecer estivesse junto da janela da sua cela. Então atou aenxerga e a roupa da cama em que dormia e lançou-lhe tudo pela janela. Ainda hojese pode verificar, lavrado numa lápide por debaixo da mesma janela, o testemunho

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deste gesto que define, sem mais palavras, a generosidade e respeito pelos pobresque o caracterizava.

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Do Catecismo de Bartolomeu dos Mártires

Toda a sabedoria, justiça e santidade cristã consiste em crer, esperar, amar e fazer. Afé e esperança sem caridade e obras (sem as quais não pode estar a caridade) ficammortas e não limpam nem tornam a alma justa, nem têm valor algum diante de Deus.Por isso, convém que na alma resplandeçam todas as três verdades juntamente: fé,esperança e caridade. E doutra maneira não pode haver Salvação... O exercício dacaridade, que são as obras que a caridade obriga a fazer, encontram-se nos preceitos eMandamentos que Deus nos deixou. Desses Mandamentos dois são os principais efundamentais, que são os preceitos da mesma caridade... A caridade é a suma da Leide Deus. Nela se encerra tudo quanto Deus mandou e tudo Ele mandou por amordela; e quem a tem, tudo tem; e quem a não tem, nada lhe aproveita quanto tem.Quem a tem, tudo sabe, pois sabe e aprecia o miolo de todas as sagradas e santasEscrituras. Quem a tem no coração e nos costumes, pode dizer com David: “Eu vi o fimde toda a perfeição”, quer dizer o amplo mandamento da caridade.Chama-se amplo porque alarga o coração para todos e enche-o de alegria e confiança.É também amplo, como diz um Santo, porque é coisa fácil andar por ele, assim comoandar por caminho largo... A caridade é que torna suave e leve o jugo do Senhor. Semela, nenhuma outra virtude aproveita... Esta é o cumprimento da lei. Esta, o vínculo daperfeição. Esta é o caminho pelo qual Deus desceu dos Céus e veio ao encontro doshomens. E ela só é também o caminho por onde os homens hão-de subir aos Céus.Deste vale de lágrimas para o lugar onde Cristo está, não há outro caminho senão pelacaridade. Só ela mata todos os pecados, só ela vence todas as tentações, só elacumpre todos os Mandamentos e exercita todas as virtudes, e torna doces todos ostrabalhos; só esta diferencia os filhos da salvação dos filhos da perdição eterna...Quanto tens de caridade, tanto tens de santidade e virtude. Se tens grande caridade,és grande santo e justo; se tens pequena, assim tens pequena santidade e justiça.Porque esta é a suma de toda a santidade, justiça e bondade e sem ela ninguém sepode chamar bom. Por esta é renovada a nossa alma à imagem de Deus, e feita novacriatura em Cristo... Esta caridade, rainha de todas as virtudes, contém em si doispreceitos, a saber, um do amor de Deus e outro do amor do próximo... Amar o Senhorde todo o coração e com todas as forças da nossa alma, não é outra coisa senãocoloca-lo antes de tudo, prezá-Lo e estimá-Lo mais que todas as coisas deste mundo eque nós mesmos, quer dizer, amá-Lo e prezá-Lo mais que toda a honra, glória,riquezas, e que todos os parentes e amigos, mulher e filhos. Finalmente, mais que anossa própria vida, carne e alma, estando prontos para antes perder tudo isto, queofendê-Lo e violar algum mandamento... E, por isso, convertamos todos nossosafectos e forças da alma e do corpo a amar este Senhor. Porque, fazendo-o assim,facilmente venceremos todos os afectos da carne, e cumpriremos com alegria todosos Seus Mandamentos.

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Da Exortação Apostólica “Caritas in Veritate” do Papa Bento XVI

Os pobres não devem ser considerados um “ fardo” [91] mas um recurso, mesmo doponto de vista estritamente económico. Há que considerar errada a visão de quantospensam que a economia de mercado tem estruturalmente necessidade duma certaquota de pobreza e subdesenvolvimento para poder funcionar do melhor modo. Omercado tem interesse em promover a emancipação mas, para o fazerverdadeiramente, não pode contar apenas consigo mesmo porque não é capaz deproduzir por si só aquilo que está para além das suas possibilidades; tem de aurir deoutros agentes energias morais que sejam capazes de as gerar.A actividade económica não pode resolver todos os problemas sociais através dasimples extensão da lógica mercantil. Esta há-de ter como finalidade a prossecução dobem comum, do qual se deve ocupar também e sobretudo a comunidade política. Porisso, tenha-se presente que é causa de graves desequilíbrios separar o agir económico— ao qual competiria apenas produzir riqueza — do agir político, cuja função seriabuscar a justiça através da redistribuição.

PAI NOSSO, AVÉ MARIA, GLÓRIA

ORAÇÃO

Senhor Jesus Cristoque a todos propusestes o espírito de pobrezacomo sinal de bem-aventurança e garantia dos bens celestes,concedei-nos o espírito de desprendimento que animavao Bem-Aventurado Bartolomeu dos Mártires,para que sejamos acolhedores dos que mais precisam,desprendidos e generosos na administração dos bens terrenos,a fim de podermos acumular, no céu, aquele tesouro que não se corrompee alcançarmos aquela herança que prometeis aos que Vos servem,qunado tudo possuiremos na comunhão convosco,e com o Pai, na unidade do Espírito Santo.Ámen.

8.º DIA – A SOLICITUDE PELA FORMAÇÃO ESPIRITUAL DO POVO

Cântico: “Eu sou a luz do mundo” [NRMS, 115, p. 12]

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Uma das mais notáveis biografias do Bem-Aventurado Bartolomeu dos Mártires é olivro de Frei Luís da Sousa intitulado A vida do Arcebispo. A ela vão beber muitosdaqueles que pretendem escrever algo sobre ele, incluindo estas notas com que vimosacompanhando os passos do Arcebispo Santo. Nele se encontram alguns episódiosretirados dos relatos das visitas pastorais que, de uma forma um tanto romanceadamesmo, nos transmitem numa linguagem típica, cheia de ternura, a rudeza eignorância dos povos das aldeias que o Arcebispo visitava, nomeadamente aqueles quepara as bandas do Barroso o aclamavam com expressões de fé como “Bendita seja aSanta Trindade que é irmã de Nossa Senhora!...” Imaginamos como terá sorridointeriormente o nosso santo, mas também como terá sofrido na sua solicitude pastorale na responsabilidade perante tal entusiasmo e tal ignorância religiosa.Jesus Cristo definiu-se a si mesmo como aquele “Bom Pastor que dá a vida pelas suasovelhas” (Jo 10, 11), exemplo que o Bartolomeu dos Mártires procurou acolher e levara peito. Tal como Jesus, também ele sabia que “merecem mais cuidados as que andamtresmalhadas” (Is 53, 6 e Mt 18, 10-14 e Lc 15, 1-7 e Jo 10, 17). A sua solicitude poruma justiça equilibrada levava-o a transportar consigo um caderno em que apontavacuidadosamente os nomes dos que andavam no erro a quem depois chamava um porum; não gostava de se servir da excomunhão pois lhe parecia duro lançar uma ovelhafora do rebanho quando, como Pastor, tinha obrigação de procurar com todas as suasforças que nenhuma se perdesse. Ao mesmo tempo, procurou instruir os mais simplescom palavras adequadas e sobretudo com uma ternura que amolecia os corações maisempedernidos fossem eles de pessoas com uma vida irregular fossem mesmo algunsclérigos mais desobedientes. Por isso, nos primeiros meses que esteve em Bragapregou assiduamente durante o Advento e a Quaresma, além dos Domingos eprincipais Festas litúrgicas. A sua pregação era simples, a doutrina clara, para quetodos entendessem. Passava a maior parte do ano nas visitas à vasta Arquidiocese edestas visitas não o desviavam nem os rigores do Inverno, nem a aspereza doscaminhos, nem os incómodos da saúde. Celebrava Missa, crismava, pregava,catequizava, muitas vezes sentado no meio do povo nas serranias. Escrevia aosReligiosos do Convento de Viana recomendando-lhes que fossem pregar pelas aldeiasaos Domingos e Festas de guarda, confessando e ensinando a doutrina.

PAI NOSSO, AVÉ MARIA, GLÓRIA

Do “Estímulo de Pastores” de Frei Bartolomeu dos Mártires

Estávamos neste mundo cativos e presos com os grilhões do pecado e afeiçõescarnais; não suspirávamos nem tínhamos saudade dos bens celestiais. Por isso nãopodia haver meio mais eficaz para libertar os nossos corações destas cadeias e paraalevantar nossos desejos e amores ao Céu, que o Senhor colocar nele a Sua sagradaHumanidade... Ora vamos lá, irmãos! Que os membros não se separem da Cabeça,pois se confessamos que nossa Cabeça está nos Céus, estejam com ela os membrosunidos e pegados pela fé, esperança e caridade, sendo certo que não se juntarão,depois da morte, com a Cabeça na glória os membros que neste mundo morreramapartados dela. Subiu o Senhor para que nos preparasse lugar e morada e para ir

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abrindo o caminho diante de nós, como o havia dito o Profeta Miqueias. Por isso, danossa parte, nada mais é preciso que andar pelo caminho que Ele nos mostrou edesejar chegar ao lugar em que ele foi morar. Esteja o nosso coração onde está onosso tesouro; se o corpo está na terra, a alma, que é águia de Deus, voe para lá. Enão lhe faltam asas, como diz Santo Agostinho, porque para isso te deramentendimento e vontade; para isso te obrigaram a teres fé e amor, e para isso tederam dois preceitos de amor a Deus e ao próximo, a fim de que, com duas asas,voasses para lá. Ora, pois, em quaisquer pedras, de penas e tribulações, em que tesentires ferido, levanta os olhos da tua alma ao Céu, vê Aquele que está à direita doPai, consola-te confiando nele e considerando que o Senhor não subiu a lugar tãoelevado senão depois de muito apedrejado neste mundo, assim como Ele o disse: “Foinecessário a Cristo padecer muitos tormentos e assim subir à Sua glória”. Nestaconformidade e confiança respira, consolando-te também com aquelas palavras de S.João que diz: “Nós temos um Advogado diante do Pai que está nos céus, Nosso SenhorJesus Cristo”, porque, enquanto homem, intercede por nós, tanto para nos alcançarperdão dos nossos pecados, como para nos alcançar a vitória em nossas tentações.

PAI NOSSO, AVÉ MARIA, GLÓRIA

Da Exortação Apostólica “Evangelii gaudium”, do Papa Francisco

Tanto a acção pastoral como a acção política procuram reunir nesse poliedro o melhorde cada um. Ali entram os pobres com a sua cultura, os seus projectos e as suaspróprias potencialidades. Até mesmo as pessoas que possam ser criticadas pelos seuserros, têm algo a oferecer que não se deve perder. É a união dos povos, que, na ordemuniversal, conservam a sua própria peculiaridade; é a totalidade das pessoas numasociedade que procura um bem comum que verdadeiramente incorpore a todos.A nós, cristãos, este princípio fala-nos também da totalidade ou integridade doEvangelho que a Igreja nos transmite e envia a pregar. A sua riqueza plena incorporaacadémicos e operários, empresários e artistas, incorpora todos. A «mística popular»acolhe, a seu modo, o Evangelho inteiro e encarna-o em expressões de oração, defraternidade, de justiça, de luta e de festa. A Boa Nova é a alegria dum Pai que nãoquer que se perca nenhum dos seus pequeninos. Assim nasce a alegria no Bom Pastorque encontra a ovelha perdida e a reintegra no seu rebanho. O Evangelho é fermentoque leveda toda a massa e cidade que brilha no cimo do monte, iluminando todos ospovos. O Evangelho possui um critério de totalidade que lhe é intrínseco: não cessa deser Boa Nova enquanto não for anunciado a todos, enquanto não fecundar e curartodas as dimensões do homem, enquanto não unir todos os homens à volta da mesado Reino. O todo é superior à parte.

PAI NOSSO, AVÉ MARIA, GLÓRIA

ORAÇÃO

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Senhor Jesus, nosso Bom Pastor,que tiveste compaixão das multidõesque andavam “cansadas e abatidas como ovelhas sem pastor”e as instruíeis demoradamente,concedei à vossa Igreja e aos nossos pastoresa solicitude, sensibilidade, generosidade e competênciade que nos deixou exemplo o Bem-Aventurado Bartolomeu dos Mártires,,na procura daqueles que se encontram mais desviados do bom caminho,e no cuidado com aqueles que vivem esquecidos dos compromissos da sua fé,ou se sentem mais desanimados face ao peso da cruz de todos os dias.Vós que sois Deus com o Pai na unidade do Espírito Santo.Ámen.

9.º DIA – A VIDA ESPIRITUAL DE BARTOLOMEU DOS MÁRTIRES

Cântico: “Eles receberam a bênção do Senhor” [NRMS, 129, p. 16]

Dissemos já que só um grande exemplo e vida interior podem conferir a alguém aautoridade moral para corrigir os outros como é missão de um Pastor. Esse foicertamente o grande argumento da acção pastoral do Bem-Aventurado Bartolomeudos Mártires e o que mais profunda memória deixou na vida da Igreja do seu tempo ecomo testemunho para os dias de hoje. Conhecemos a importância do exemplo dossantos na vida espiritual do nosso Arcebispo; sabemos que foi particularmentemarcado pelo caminho espiritual do célebre manual A Imitação de Cristo, sabemos doexemplo do Apóstolo S. Paulo que, numa das suas Epístolas, confessa que castigava oseu corpo e o reduzia à servidão para não se vir a condenar, ele que pregava asalvação aos outros.Se é assim que fazem os santos, era assim que fazia o Bem-Aventurado Bartolomeudos Mártires, numa exemplar vida de ascética ou mortificação. Já o seu espírito depobreza e humildade nos dão mostras da sua profunda vida espiritual, mas ele ia maislonge. A sua vida foi uma constante mortificação; das suas condições de vida evestuário já falámos; ora também as suas refeições eram muito pobres: dois ovos, umpouco de pão e um pouco de vinho misturado com água; em dias de jejum apenasfruta. Também dormia pouco, tanto ocupado estava com o estudo e a oração,deitando água nos olhos para se manter desperto, um truque que iniciou na vidaconventual e utilizou toda a vida.Porém, mais do que a mortificação do corpo, é o amor de Deus que define a perfeiçãoda alma; é a pureza com que pratica todas as acções e a generosidade com que ele sededica ao serviço do Senhor: assim, era grande a sua devoção ao SantíssimoSacramento; celebrava com especial recolhimento a Eucaristia e, no Ofício divino, via-se que lhe saía da alma o que pronunciava com a boca. Dizia que se devia invocar oEspirito Santo com fervor e alvoroço. Quando estava nas cerimónias religiosas, sehavia algum intervalo entre uma e outra logo se recolhia consigo e absorvia emoração. Acontecia, por vezes, que era tal o seu arrebatamento e concentração que não

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bastava chamá-lo; era preciso puxarem-lhe pelas vestes para o fazerem voltar a si. DeSão Domingos, fundador da sua Ordem, dizia-se que só falava de Deus e só falava comDeus; foi esse o exemplo que o Bem-Aventurado Bartolomeu dos Mártires colheu e éesse exemplo que nós somos convidados a colher dele, dos seus escritos e da memóriaque ele deixou na Igreja que agora reconhece os seus méritos de santidade.De facto, já reconhecido e aclamado como santo pelo povo de Viana do Castelo após asua morte, o Papa Gregório XVI declarou-o digno de veneração do povo de Deus em23 de Março de 1845; João Paulo II, após ter reconhecido o milagre proposto para asua beatificação, proclamou-o Bem-Aventurado numa cerimónia realizada em Roma,no dia 4 de Novembro de 2001, dia do santo do nome do próprio Papa, São CarlosBorromeu, a quem o Papa, segundo as suas próprias palavras, quis oferecer a prendade aniversário, beatificando o seu grande amigo Bartolomeu dos Mártires.

PAI NOSSO, AVE MARIA, GLÓRIA.

Do Catecismo de Frei Bartolomeu

Depois que despires a veste impura e renunciares à vida segundo a carne, imita os queesgalhavam as árvores e com os ramos nas mãos, glorificavam o Senhor; assim tutambém lança mão dos ramos dos exemplos e excelentes obras de virtudes das altasárvores de Deus, que são os Santos e pessoas espirituais que Deus mandou ao mundo,para que, por seus exemplos e doutrinas, sigas a Cristo. Uns são comparados aoliveiras carregadas de azeitonas, quer dizer, aqueles em que resplandece caridade emisericórdia, e dos quais diz a divina Escritura: “Estes são os varões de misericórdia,cujas virtudes ficam em perpétua memória”. Nós, pecadores, colhemos os ramosdestes quando nos esforçamos em cumprir as obras de misericórdia segundo asnossas possibilidades. Outros são comparados a palmeiras que conservam umaperpétua verdura e nunca perdem as folhas; assim eles conservam a verdura dacastidade, e são constantes nas virtudes. E assim como a palmeira, no alto é larga eestreita no pé, assim eles alargam seus corações para as coisas celestiais e eternas,tomando pouco das coisas terrenas, estreitando-se no seu uso. E quando nisto osimitamos, colhemos ramos de palma para honrar ao Senhor. Outros Santos sãocomparados aos ciprestes que, direitos e altos se levantam ao céu. Por isso, com razãoos devotos e contemplativos das grandezas de Deus e mistérios divinos sãosimbolizados nos ciprestes e nós, baixos e terrenos, que não podemos voar tão alto,de alguma maneira, os arremedamos, colhendo seus ramos quando fazemos algumaoração devota e nos ocupamos em meditar e considerar, segundo a nossa fraqueza, aPaixão e os outros mistérios do nosso Redentor. Finalmente, quando nos ocupamosem louvar e dar graças a Deus de todo o coração, por Seus infinitos benefícios,fazemos como aqueles que, ao participar deles, com grandes clamores, diziam:“Bendito é aquele que vem em nome do Senhor! Salva-nos, Senhor, nas alturas doCéu!”. Assim nós, fazendo pouco caso da vida e saúde da carne, peçamos eprocuremos continuamente, a eterna saúde e salvação da nossa alma.

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PAI NOSSO, AVÉ MARIA, GLÓRIA

Da Carta Apostólica “Novo Millenio inneunte” de João Paulo II

Se o Baptismo é um verdadeiro ingresso na santidade de Deus através da inserção emCristo e da habitação do seu Espírito, seria um contra-senso contentar-se com umavida medíocre, pautada por uma ética minimalista e uma religiosidade superficial.Perguntar a um catecúmeno: “Queres receber o Baptismo?” significa ao mesmo tempopedir-lhe: “Queres fazer-te santo?” Significa colocar na sua estrada o radicalismo doSermão da Montanha: ”Sede perfeitos, como é perfeito vosso Pai celeste” (Mt 5,48).Como explicou o Concílio Vaticano II, este ideal de perfeição não deve ser objecto deequívoco vendo nele um caminho extraordinário, apenas acessível a algum génio dasantidade. Os caminhos da santidade são variados e apropriados à vocação de cadaum. Agradeço ao Senhor por me ter concedido, nestes anos, beatificar e canonizarmuitos cristãos, entre os quais numerosos leigos que se santificaram nas condiçõesordinárias da vida. É hora de propor de novo a todos, com convicção, esta medida altada vida cristã ordinária: toda a vida da comunidade eclesial e das famílias cristãs deveapontar nesta direcção. Mas é claro também que os percursos da santidade sãopessoais e exigem uma verdadeira e própria pedagogia da santidade, capaz de seadaptar ao ritmo dos indivíduos; deverá integrar as riquezas da proposta lançada atodos com as formas tradicionais de ajuda pessoal e de grupo e as formas maisrecentes oferecidas pelas associações e movimentos reconhecidos pela Igreja.

PAI NOSSO, AVÉ MARIA, GLÓRIA

ORAÇÃO

Senhor nosso Deus,abri os nossos corações para as coisas celestiais e eternas,através do exemplo de vida interior dos vossos santos e eleitos,a fim de que, seguindo hoje os caminhos apontados pelo Santo Arcebispo,o Bem-Aventurado Bartolomeu dos Mártires,também nós, fazendo pouco caso da vida e saúde da carne,peçamos e procuremos continuamente,a eterna saúde e salvação da nossa alma.Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filhoque é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.Ámen.

IV – ORAÇÃO CONCLUSIVA

Senhor Jesus, nosso Bom Pastor,que destes aos vossos discípulos o exemplo de humildade e ardente caridade,e dele fizestes participar, de um modo especial,

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o Bem-Aventurado Bartolomeu dos Mártires,numa dedicação desinteressada aos pobres e mais desprotegidos,e lhe inspirastes um particular zelo pastoralque o levou, por montes e vales, a percorrer a sua grande Diocese,concedei-nos a graça… [ pode-se apresentar um pedido em concreto ]que vos pedimos para a sua Canonização,a fim de que o seu exemplo estimule à caridadeos fiéis do mundo inteiroe a sua intercessão nos alcancea comunhão convosco.Vós que sois Deus com o Pai, na unidade do Espírito Santo.

Ámen.

V – INVOCAÇÃO E DESPEDIDA

V:/ O Senhor nos abençoe, nos livre de todo o mal e nos conduza à vida eterna.R:/ Ámen.V:/ Bendigamos ao SenhorR:/ Graças a Deus.

VI – CÂNTICO FINAL

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BEATO BARTOLOMEU DOS MÁRTIRES

ANTÍFONA DE ENTRADA(Ez 34, 11.23.24 e Jer 3, 15)

Eu cuidarei das minhas ovelhas, diz o Senhor.Escolherei um pastor que as apascente.Eu, o Senhor, serei o seu Deus.

Dar-vos-ei pastores segundo o meu coração,Eles vos apascentarão com sabedoria e inteligência.

INTRODUÇÃO AO ESPÍRITO DA CELEBRAÇÃO

Mesmo que a celebração da Eucaristia recorde o “dies natalis”, quer dizer, o dia do nascimento para o céu dequalquer santo, é nas comemorações do quinto centenário do nascimento para este mundo do Bem-Aventurado Bartolomeu dos Mártires que se integra a celebração em que nos encontramos. Nascido naparóquia dos Mártires, na cidade de Lisboa, a 3 de Maio de 1514, Bartolomeu Fernandes do Vale, haveria deassumir na sua vida e acção apostólica e passar para a História com o nome de Bartolomeu dos Mártires: dosmártires pela sua dentificação com a paixão e morte do Senhor a exemplo das suas primeiras testemunhas queo confessaram com o sangue; mártir na consagração da sua vida ao estudo, à reflexão e ao ensino da teologia;mártir por ter consumido as suas energias até ao esgotamento na dedicação à Diocese de Braga então comuma área que englobava toda a região mais a norte de Portugal, visitando e ensinando o povo mais simples,marcado por uma fé tão vive e espontânea quento rude; mártir pela consagração dos tempos finais da sua vidaà contemplação e oração no convento de Santa Cruz (hoje São Domingos) em Viana do Castelo, onde viria afalecer no dia 16 de Julho de 1590. No dia 4 de Novembro de 2001, o Papa João Paulo II procedia à suabeatificação, oferecendo como prenda ao santo do seu nome, São Carlos Borromeu, no respectivo dia litúrgico,a beatificação daquele que fora seu grande amigo e companheiro de lutas na reforma da Igreja. Porcoincidência, neste ano centenário do Bem-Aventurado Bartolomeu dos Mártires foi canonizado o próprio JoãoPaulo II.

ACTO PENITENCIAL

ORAÇÃO COLECTA

Senhor, que dotastes de grande caridade apostólicao bem-aventurado Bartolomeu dos Mártires,protegei sempre a vossa Igrejade modo que, assim como ele foi glorioso na sua solicitude pastoral,também nós sejamos, pela sua intercessão,sempre fervorosos no vosso amor.Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Ámen.

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LEITURA (1 Cor 9, 16-19.22-23)«Ai de mim se não evangelizar!»

O desafio ao anúncio do Evangelho de que nos fala São Paulo foi claramente compreendido e assumido porBartolomeu dos Mártires: não só passou muito do seu tempo a pregar ao povo simples, “tornando-se fracocom os fracos”, mas também criou as condições para uma eficaz evangelização, garantindo a fiabilidade dadoutrina pela elaboração do Catecismo e promovendo uma dinâmica de evangelização e liturgia, apostando naformação do clero com a criação dos Seminários.

Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios

Irmãos:Anunciar o Evangelho não é para mim um título de glória,é uma obrigação que me foi imposta.Ai de mim se não anunciar o Evangelho!Se o fizesse por minha iniciativa,teria direito a recompensa.Mas, como não o faço por minha iniciativa,desempenho apenas um cargo que me está confiado.Em que consiste, então, a minha recompensa?Em anunciar gratuitamente o Evangelho,sem fazer valer os direitos que o Evangelho me confere.Livre como sou em relação a todos,de todos me fiz escravo, para ganhar o maior número possível.Com os fracos tornei-me fraco,a fim de ganhar os fracos.Fiz-me tudo para todos,a fim de ganhar alguns a todo o custo.E tudo faço por causa do Evangelho,para me tornar participante dos seus bens.

Palavra do Senhor.

SALMO RESPONSORIAL

Salmo 39 (40), 2 e 4ab.7-8a.8b-9.10 e 11bd (R. 8a e 9a)

Refrão: Eu venho, Senhor, para fazer a vossa vontade.

Esperei no Senhor com toda a confiançae Ele atendeu-me.Pôs em meus lábios um cântico novo,um hino de louvor ao nosso Deus.

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Não Vos agradaram sacrifícios nem oblações,mas abristes-me os ouvidos.Não pedistes holocaustos nem expiações;então clamei: «Aqui estou!”

De mim está escrito no livro da Leique faça a vossa vontade.Assim o quero, ó meu Deus,a vossa Lei está no meu coração».

Proclamei a justiça na grande assembleia,não fechei os meus lábios, Senhor, bem o sabeis.Proclamei a vossa fidelidade e salvaçãono meio da grande assembleia.

ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO

Jesus percorria todas as cidades e aldeias,Proclamando o Evangelho do Reino.

EVANGELHO (Mt 9, 35-38)«A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos».

Quantas vezes não terá pensado nas palavras deste Evangelho ao calcorrear as aldeias da sua extensa diocese,confrontado com a ignorância do povo, com a insensibilidade do clero desse tempo, mas também com a avidezde saber e a pureza e simplicidade de fé das gentes o Minho e Trás-os-Montes!... Bartolomeu dos Mártireslegou-nos a imagem de alguém “cheio de compaixão pelas ovelhas cansadas e abatidas” mas certamente alvoespecial da ternura de Deus que o enviava à procura das perdidas e ao encontro das que conhecia e chamavapelo nome.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo,Jesus percorria todas as cidades e aldeias,ensinando nas sinagogas,pregando o Evangelho do reinoe curando todas as doenças e enfermidades.Ao ver as multidões, encheu-Se de compaixão,porque andavam fatigadas e abatidas,como ovelhas sem pastor.Jesus disse então aos seus discípulos:«A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos.

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Pedi ao Senhor da searaque mande trabalhadores para a sua seara».

Palavra da salvação.

ORAÇÃO UNIVERSAL

Irmãos e irmãs:Oremos a Jesus Cristo, o Bom Pastor, para que dê pastores santos à sua Igreja e nos guienos caminhos da verdade, dizendo:

R. Guiai-nos, Senhor, no caminho da vida.

1. Pela Igreja una, santa e apostólica, que o Bem-aventurado Bartolomeu dos Mártires amoucom inigualável fervor e serviu com a sua palavra e zelo apostólico, para que se deixeconduzir pela acção sempre renovadora que o Espírito Santo nela inspira por meio dossantos pastores, oremos, irmãos.

2. Pelo Papa Francisco, para que não esmoreça nos seus propósitos de restituir à Igreja averdadeira identidade de rosto de Cristo, particularmente presente nos mais pobres, e sesinta estimulado pela colaboração e solidariedade de todos aqueles que se um diacomprometeram a servir Jesus na “grande seara” da causa do Evangelho, oremos, irmãos.

3. Pelo nosso Bispo, Anacleto para que, a exemplo do Beato Bartolomeu dos Mártires, seja“o sol da sua diocese, homem todo a arder em zelo, votado inteiramente à conquista dasalmas para Cristo, a pregar sempre com o seu exemplo e frequentemente com a suapalavra”, oremos, irmãos.

4. Por todos os fiéis da nossa Diocese para que, receptivos à acção e exemplo dos seusPastores, consigam encontrar-se com Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida, e tenham acoragem de O seguir nas mais variadas circunstâncias da sua vida, dando testemunho da suapresença no mundo em que vivem, oremos, irmãos.

5. Por aqueles que tendo acolhido a luz do Evangelho, a deixaram ofuscar pelos cuidados domundo, e agora se encontram “cansados e abatidos”, para que o exemplo do “ArcebispoSanto” os ajude a encontrar, no desprendimento das coisas terrenas, o jugo suave e ocaminho que os conduz ao verdadeiro tesouro indicado pelos santos, na imitação de JesusCristo, pobre, humilde e servo, oremos, irmãos.

6. Por todos aqueles que se dedicam à causa da Evangelização para que sejam expressão deuma Igreja disponível, que parte ao encontro dos outros, e “tornando-se fracos com osfracos”, a todos transmitam a força que a “alegria do Evangelho” concede aos que o vivem eamam, oremos, irmãos.

7. Pelos membros desta assembleia que celebra, neste dia, os louvores do Bem-AventuradoBartolomeu dos Mártires, para que saiba descobrir na Palavra de Deus, a luz das suas vidas,

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e acolher nos Sacramentos, o força e o calor que a ternura de Deus, por meio deles, oferecea cada um de nós, oremos, irmãos.

Senhor nosso Deus, fonte de toda a sabedoria e rico de misericórdia, que glorificastes oBem-Aventurado Bartolomeu dos Mártires, e nos dais hoje a alegria de celebrar os méritosdeste nosso Pastor, escutai, com bondade, as súplicas que vos dirigimos, e concedei-nos agraça de seguir os seus exemplos de vida e fervor apostólico. Por Nosso Senhor JesusCristo Vosso Filho que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Ámen.

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS

Olhai, Senhor,para os dons que trazemos ao vosso altar,ao celebrarmos a memóriado Bem-Aventurado Bartolomeu dos Mártires,pastor vigilante e exemplo admirável de santidade,e, pela virtude deste sacrifício,dai-nos a graça de produzir abundantes frutos de boas obras.Por Cristo, nosso Senhor.

Ámen.

Prefácio do Comum dos Pastores da Igreja

ANTÍFONA DA COMUNHÃO(Jo 10, 10)

Eu vim para que tenham vidae a tenham em abundância, diz o Senhor.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO

Nós Vos pedimos, Deus omnipotente,que a participação na mesa celeste,ao celebrarmos a memória do Bem-Aventurado Bartolomeu dos Mártires,confirme e aumente em nós o poder da vossa graça,para que, observando os seus ensinamentos,conservemos intacto o dom da fée sigamos fielmente o caminho da salvação.Por Cristo, nosso Senhor.

Ámen.

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PROPOSTA MUSICAL

A – MISSA DA MEMÓRIA DO BEATO BARTOLOMEU

1. Entrada: “Eu cuidarei das minhas ovelhas”

2. Salmo Responsorial: “Eu venho, Senhor, para fazer a vossa vontade”

3. Comunhão: “Eu vim para que tenham vida”

4. Final: Hino ao Beato Bartolomeu dos Mártires

B – Para a Liturgia das Horas poderá usar-se o Ofício do Comum do Pastores (A Igreja

Canta, p. 780-784)

C – Outros Salmos Responsoriais poderão ser procurados nas colectâneas conhecidas.

D – Propostas, para várias situações, mas sempre no contexto da doutrina ou da vida do Beato

Bartolomeu dos Mártires, como:

1. “Brilhe a vossa luz diante dos homens” (NRMS, n. 63, e A Igreja Canta, p. 610)

2. “Os povos proclamam a sabedoria… ” (NRMS, n. 59, e A Igreja Canta, p. 619)

3. “Porque Deus quis que fossem seus Pastores” (NRMS, n. 69, e A Igreja Canta, p. 610)

4. “Eu vim para que tenham vida” (NRMS, n. 70, e A Igreja Canta, p. 380)

5. “Em Vós. Senhor, está a fonte da vida” (NRMS, n. 67, e A Igreja Canta, p. 371)

6. “Aproximai-vos do Senhor” (Novo Cantemos Todos, p. 383)

7. “A sua mensagem estendeu-se” (Novo Cantemos Todos, n. 328)

8. “Que belos são…” (Cantemos Todos, n. 974)

E – Acrescentamos neste Manual:

1. O Hino ao Beato Bartolomeu dos Mártires. Pode ser cantado apenas a uma voz.

Disponível uma versão com acompanhamento de Órgão ou instrumentado para Banda

Filarmónica. Pode ser pedido por e-mail: [ [email protected] ]

2. O Cântico de Entrada da Missa própria do dia do Beato Bartolomeu dos Mártires.

Disponível, a pedido, o respectivo acompanhamento e uma versão para Coro.

3. O Salmo Responsorial da mesma Missa

4. Um cântico, ao gosto popular, que pode ser cantado na Novena: Prece a Bartolomeu

dos Mártires. Disponível, a pedido, o respectivo acompanhamento.

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MÚSICAS

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BEATO BARTOLOMEU DOS MÁRTIRES

Eu

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Cântico de Entrada

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mi nhas-

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ve -

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nhor;

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-

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Eu,

o

Se

-

nhor, se

-

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seu

Deus

Es -

co -

lhe

rei

o

seu

1.

2.

Deus

FIM

Dar-

vos -

ei

Pas -

to -

res

se -

gun-

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meu co

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-

ção;

E les-

vos

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Eu

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Eu

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Pôs em meus lábios um

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cân- ti - co no - vo

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Proclamei a justiça na grande assembleiaNão fechei os lábios, Senhor, bem o sabeis;Proclamei a vossa fidelidade e salvaçãoNo meio da grande assembleia

De mim está escrito no Livro da LeiQue faça a vossa vontade;Assim o quero, ó meu DeusA vossa Lei está no meu coração

Não vos agradaram sacrifícios nem oblaçõesMas abristes-me os ouvidosNão pedistes holocaustos nem expiaçõesEntão clamei: "Aqui estou!"

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Um hino de lou -

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vor ao nos - so Deus

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SALMO RESPONSORIAL

Salmo 39 (40)

Manuel Luis

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Eu

vim pa

ra-

que

te -

nham

vi -

da e

a

te - nham

em a

- bun -

dân -

cia;

Eu

vim pa

-

ra

que

te -

nham

vi -

da

e

a

te - nham

em

a -

-bun

dân -

cia.

Louva minha al -

ma

o Se - nhor,

Que fez o céu e a terraO mar e quanto neles existe

Feliz o que tem por auxílio o Deus de JacobO que põe sua confiança no Senhor seu Deus

O Senhor protege os peregrinosAmpara o órfão e a viúva / e entrava o caminho aos pecadores

O Senhor levanta os abatidosO Senhor ama os justos

O Senhor dá liberdade aos cativosO Senhor dá vista aos cegos

Eternamente fiel à Sua palavraFaz justiça aos oprimidos / e dá pão aos que têm fome

Louvarei o Senhor to -

da a

mi - nha vi - da.

CÂNTICO DA COMUNHÃO

Eu vim para que tenham vida

Fernandes da Silva

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Andante Moderato

Pas

-

tor

des -

as-

som-

bra -

do e

des -

te -

mi

-

do,

Nem

ho-

mens

nem

dis - tân - ci

-

as

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meu;

Do

Mi-

nho e

Trás

- os -

Mon

- tes

re -

u -

ni

-

dos,

Al

- dei

- as

e

ci

- da - des

per -

cor -

S

reu.

REFRÃO

Dos

Már

- ti -

res

de

Cris -

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le -

va o

C

Dos

Már

- ti -

res

de

Cris -

to

le -

va o

T

Bem -

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ven-

tu -

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do

B

Bem -

a -

ven-

tu -

ra -

do

no -

me,

Ne-

le

re -

ful -

ge a

luz

que a

lhe

deu;

Ser

- vin

-

do os

no -

me,

Ne-

le

re -

ful -

ge a

luz

que a

lhe

deu;

Ser

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Bar -

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dos

Már - ti

-

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ceAr --

bis -

po

San

-

to!

Bar -

to -

lo -

meu

dos

Már

- ti -

res,

Ar -

ce -

bis -

po

San -

to!

AO BEATO BARTOLOMEU DOS MÁRTIRES( 1514 - Centenário do Nascimento - 2014 )

Letra: Joaquim Gonçalves(reelaborada)

Música: Jorge Alves Barbosa

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po -

bres, ar

-

de e

se

con

-

so

-

me,

No

céu,

ve -

la

por

nós,

Bar-

decresc.to -

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po

-

bres, ar

-

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se

con

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No

céu,

ve -

la

por

nós,

Bar-

to -

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po -

bres,

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con

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No

céu,

ve -

la

por

nós,

Bar-

to -

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Ser

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vin-

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bres

se

con-

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No

céu,

ve -

la

por

nós,

Bar-

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meu. No

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por

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Bar -

rit.

to - lo

-

meu.

meu. No

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por

nós,

Bar -

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-

lo -

meu.

meu. No

céu, ve

- la

por

nós,

Bar -

to -

lo-

meu.

Como bom pai de família geriaOs bens da sua Igreja - os dons de Deus;Abriu escolas de sabedoriaE os pobres eram os amigos seus.

Arauto da Verdade e do AmorAo seu rebanho deixou sã doutrina;Vela por nós agora o Bom Pastor,Ovelhas desta Igreja peregrina.

Pastor desassombrado e destemido,Nem homens nem distâncias temeu;Do Minho e Trás-os-Montes reunidosAldeias e cidades percorreu.

meu. No

3

5

1

Dos Mártires de Cristo leva o nomeNele refulge a luz que a fé lhe deu;Servindo os pobres, arde e se consome;No céu, vela por nós, Bartolomeu.

céu, ve

- la

por

Com ágil pena, os Salmos comentando,Do Pai que está nos céus cantou louvores;Sábias sentenças 'inda vão jorrandoDo Catecismo e Estím'lo de Pastores.

Na Igreja, ficou imortal memóriaNo coração do povo, um suave cantoQue se ergue aos céus e proclama a glóriaE a eterna vida do Arcebispo Santo.

nós,

Como em Natanael da Galileia,Não houve em sua vida fingimentoPregando ao povo simples, numa aldeiaOu discursando no Concílio, em Trento

Bar

-

to -

4

6

2

lo -

meu.

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1. Ó

2. Por -

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guês!

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PRECE

ao Beato Bartolomeu dos Mártires

Moreira das Neves Jorge Alves Barbosa