batalha de ourique

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«Batalha de Ourique» Os Lusíadas de Luís de Camões

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Page 1: Batalha de ourique

«Batalha de Ourique»

Os Lusíadas de Luís de Camões

Page 2: Batalha de ourique

Estrofes 42 e 43

Caracterização do exército lusitano:Adjetivação: realça a coragem, a religiosidade e o brio

das tropas portuguesas, a despeito da sua exiguidade: «Lusitano exército ditoso»; «arraial soberbo e belicoso»; «tão pequeno»; «povo bautizado».

Comparação: assinala a desproporção entre o contingente mouro e as forças a mando de D. Afonso Henriques: «pera um só, cem Mouros haveria»; «pera um cavaleiro houvesse cento».

Page 3: Batalha de ourique

Estrofe 44

Caracterização do exército mouro:Vários recursos contribuem para sublinhar a

superioridade numérica e a perícia bélica do sarracenos: Uso do quantificador numeral: «Cinco Reis Mouros»; Adjetivação: «exprimentados nos perigos / Da guerra»;

«guerreiras damas»; «fermosa e forte dama»; Perífrases: «fermosa e forte Dama / De quem tanto os

Troianos se ajudaram»; «as que o Termodonte já gostaram» (estas alusões às Amazonas sinalizam a presença de mulheres guerreiras na Batalha de Ourique, referida nas crónicas mais antigas).

Page 4: Batalha de ourique

Estrofe 45

É descrita a aparição de Cristo crucificado a D. Afonso Henriques no início da batalha.A localização temporal é conseguida através da

perífrase: «A matutina luz, serena e fria, / As Estrelas do Pólo já apartava» (o alvor da madrugada afastava as estrelas do céu);A visão do «Filho de Maria», que o «animava», faz

com que Afonso, «adorando Quem lhe aparecia, / Na Fé todo inflamado», brade a Deus que Se mostre aos infiéis, pois eles precisam mais, dado não terem a profunda crença que ele tem.

Page 5: Batalha de ourique

Estrofe 46

A aparição de Cristo e a reação que suscitou em D. Afonso Henriques contagiam igualmente «os ânimos da gente / Portuguesa», que aclama o príncipe Afonso como Rei de Portugal e se acirra na luta.Os seus gritos erguem-se perante o inimigo

(«diante do exército potente / Dos imigos») e chegam, hiperbolicamente, a tocar «o céu», com o fervor.

Page 6: Batalha de ourique

Estrofes 47 e 48

Descrição da refrega bélica, através de alguns recursos expressivos:Comparação entre o ataque de um cão de fila a um touro

e a investida de D. Afonso Henriques aos Mouros: «Qual cos gritos e vozes incitado / Pola montanha, o rábido moloso / Contra o touro remete» «Tal do Rei novo o estamago acendido / Por Deus e polo povo juntamente, / O Bárbaro comete»;

Adjetivação que contrapõe as duas forças em contenda: «rábido», «temeroso», «ligeiro», «forçoso», «horrenda», «acendido», «animoso», «rompente»;

Notações auditivas que simulam os sons da guerra: «alarido», «gritos», «tubas soam», «atroam».

Page 7: Batalha de ourique

Estrofes 49 e 50

Voltam a utilizar-se idênticos recursos expressivos para descrever a reação dos Mouros à investida portuguesa:Comparação entre um incêndio que fosse ateado «nos áridos

campos» pelo «sibilante Bóreas», levando os pastores a fugir para a aldeia, e o impacto causado pela energia do ataque lusitano aos seus oponentes: «Bem como quando a flama que ateada / Foi nos áridos campos» «Destarte o Mouro, atónito e torvado, / Toma sem tento as armas mui depressa»;

Adjetivação que caracteriza os efeitos dos dois fenómenos em paralelo: «áridos», «pastoral», «doce», «atónito e torvado», «belígero», «confiado», «denodado»;

Notações auditivas que, mais uma vez, sublinham a sonoridade bélica, neste caso associada ao elemento comparativo: «assoprando o sibilante Bóreas», «estridor do fogo».

Page 8: Batalha de ourique

Estrofes 51 e 52

A ação militar é, aqui, particularmente dinâmica pelo uso de: Hipérboles: «Ali se vem encontros temerosos, / Pera se desfazer uma

alta serra» (ali se veem embates tremendos capazes de abalar uma alta serra); «Correm rios do sangue desparzido»;

Personificações e perífrases: «E os animais correndo furiosos / Que Neptuno amostrou, ferindo a terra» (os cavalos correm, furiosos, pateando na terra);

Metáforas: «andava acesa a guerra»; Enumerações: «Mas o de Luso arnês, couraça e malha, / Rompe, corta,

desfaz, abola e talha» (os Portugueses rompem, cortam, desfazem, amolgam e talham as armaduras dos adversários); «Braços, pernas sem dono e sem sentido»;

Adjetivação: «temerosos», «furiosos», «medonhos e forçosos», «pálida», «amortecido», «carmesi», «branco», «verde» (além dos adjetivos que realçam a ferocidade da guerra, encontramos inúmeros registos visuais, particularmente cromáticos).

Page 9: Batalha de ourique

5.3. A estrofe 52 completa a

anterior

O dinamismo da ação bélica conduzida pelos Portugueses contra o inimigo é descrito na estrofe 51 e tem como consequências o esquartejamento, a morte, o derramamento de sangue humano que altera a cor do campo da batalha, conforme assinalado na estância 52, ou seja, a segunda estrofe é o corolário da primeira.

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Estrofes 53 e 54

Declara-se a vitória dos Portugueses e o primeiro e último versos da estância 53 dão sinal de que «fica vencedor o Lusitano» e «vencidos» os «cinco Reis» mouros.

As celebrações gloriosas são as da praxe (três dias em campo), mas a composição do escudo mostra que este triunfo tem um peso simbólico significativo:«No branco escudo ufano», D. Afonso Henriques pinta os

«Cinco escudos azuis» em sinal dos reis vencidos;«E nestes cinco escudos pinta os trinta / Dinheiros por que

Deus fora vendido» para mostrar como a visão de Cristo foi determinante para o sucesso da batalha e para a unção do Rei desta nação emergente que é Portugal, santificada deste o seu berço.

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6. O herói de Ourique

«Apesar de ser uma batalha (ação coletiva), o herói é D. Afonso Henriques.

A desproporção dos beligerantes, a capacidade de liderança de D. Afonso, e sobretudo a aparição de Cristo e consequente aclamação do rei são os aspetos que contribuem para a mitificação deste herói individual que integra o herói coletivo de Os Lusíadas.»

Page 12: Batalha de ourique

7. Valor simbólico do episódio

«Mais do que a derrota dos mouros pelos cristãos, o que é significativo é o sinal dado pela aparição: Portugal nasce como uma nação assinalada, escolhida por Deus para a luta contra os infiéis e é a D. Afonso Henriques que é confiado o cumprimento da missão que o transcende. A aparição de Cristo e a consequente aclamação do reino e do rei conferem, assim, a este episódio, um profundo valor simbólico: Portugal nasce pela mão de Deus.»

Page 13: Batalha de ourique

Escudo de armas

de Portugal no

tempo de Camões