bartolomeu de gusmão: raízes de um espírito inovador...

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    Por que voar?

    No romance Memorial do convento, de Jos Saramago, h uma bela passagemna qual o padre Bartolomeu Loureno de Gusmo (16851724) afirma que

    [] na Holanda soube o que o ter, no aquilo que geralmente se julga e ensina,e no se pode alcanar pelas artes da alquimia, para ir busc-lo l onde ele est, nocu, teramos ns de voar e ainda no voamos, mas o ter, deem agora muita atenoao que vou dizer-lhes, antes de subir aos ares para ser o onde as estrelas se suspendeme o ar que Deus respira, vive dentro dos homens e das mulheres.1

    Enquanto nessa obra o autor, com maestria, transpe o mito do sonho de li-berdade inerente aos humanos, para a histria real de seu pas, contribuindo paraperpetuar esse sonho, nesse trecho especfico h uma referncia potica moti-vao de voar, aludindo relao entre Deus e o homem. Trata-se de atingir oter inatingvel pela alquimia, como se somente o voo e a consequente proximi-dade com o cu, a morada de Deus, nos permitisse conhecer aquilo que j vive

    Bartolomeu de Gusmo:Razes de um esprito inovador

    incompreendidoFrancisco Caruso

    CBPF / Universidade do Estado do Rio de Janeiro

    HCTE / Universidade Federal do Rio de Janeiro

    Adlio Jorge MarquesProeper / Universidade do Estado do Rio de Janeiro

    ew

    AutorObra

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    dentro de ns. Portanto, voar metfora da liberdade de sonhar entendidocomo essencial ao conhecimento de ns mesmos e, como disse Paulo Freire, impossvel existir sem sonhos.2

    Em outras partes desse livro, identificam-se semelhanas entre o padreBartolomeu e Ddalo. Conta a mitologia grega que Ddalo inventou e construiudois pares de asas com penas e cera, para que ele e seu filho pudessem fugir dailha de Creta. caro, seu filho, ignora a recomendao de no se aproximar doSol, sob pena de ter suas asas derretidas, e acaba sofrendo uma queda mortal. OSol o astro luz por excelncia e, ao longo da histria da humanidade, tem-serecorrido com frequncia luz, e ao prprio Sol, para representar o divino,como entre os povos semitas, os egpcios, os iranianos e tambm na platnica as-sociao do Sol com a ideia de Bem.3 Pode-se considerar o fato de que mesmona Antiguidade havia a percepo de que a luz era algo sutil e imaterial que sepropagava no ter csmico, perto dos astros (e assim pensaram os fsicos at oincio do sculo XX), transmitindo a ideia de liberdade entre o cu e a terra, nosdois sentidos. No Medioevo, por exemplo, a luz dos neoplatnicos desce do altoe se difunde criativamente nas coisas, enquanto a claritas de So Toms deAquino sobe a partir do baixo.4 No por acaso, muitos religiosos dedicaram-seao estudo da ptica.

    Assim, desde a idealizao da Torre de Babel, o homem no tem medido es-foros para chegar aos cus como forma de alcanar Deus. Ainda no plano dasideias, deve-se destacar a enorme contribuio de So Francisco de Assis(11821226) ao apontar uma nova forma de se chegar at Ele.

    preciso lembrar que o pano de fundo cultural da Idade Mdia crist do-minado por um estado mental religioso. O Livro ou a Bblia, nesse perodo, o smbolo por excelncia da relao entre homem e Deus na Weltanschauungcrist. S aos poucos, a partir de So Francisco, que vo ser apontados dois li-vros capazes de levar a Deus: A Sagrada Escritura e o Livro da Natureza, expres-so consagrada por Dante Alighieri (12651321) e Galileu Galilei (15641642).Essa nova via est predestinada a dar impulso arte e cincia. De fato, SoFrancisco lana um olhar diferente sobre a Natureza, buscando, na simplicida-de e na harmonia das coisas, a beleza suprema da obra divina. Como afirmaWalter Nigg,

    Francisco enxergou a realidade verdadeira da criao, que ns s conseguimoscaptar por meio de comparaes. Sentimos em todas as suas palavras a imagem viva

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    um dos primeiros naturalistas e antropologistas das Amricas; Francesco MariaGrimaldi (16181663), que estudou o fenmeno de difrao da luz; RogerJoseph Boscovich (17111787), estudioso do atomismo; e, mais recentemente,Pierre Teilhard de Chardin (18811955), famoso geopaleontlogo.

    Deve-se ainda destacar nesta introduo uma tendncia inovao, que temincio com a descoberta do Novo Mundo e perdura ainda poca deBartolomeu. O impacto da descoberta e conquista das Amricas sobre os euro-peus, luz da interao com novas terras e novos povos, levou reviso das vi-ses tradicionais de geografia, histria e natureza humana, por exemplo, comodescreve J. Elliot.7 Em particular, a questo da liberdade tambm ser revista. Asdoutrinas filosficas acerca da relao entre liberdade e necessidade, tal qualaparecem no Renascimento, so discutidas em profundidade por ErnestCassirer.8 Ele destaca uma nova dinmica do pensamento, segundo a qual a filo-sofia busca formas de conciliao entre a confiana medieval em Deus e a con-fiana do homem do Renascimento em si mesmo.9

    Por outro lado, a redescoberta de um manuscrito em 1417 do De RerumNatura (Da natureza das coisas), de Titus Lucrecius Carus, conhecido porLucrcio, foi valorizada por parte dos humanistas, e fez com que esse poema fos-se muito lido no sculo XVI. A defesa em favor da verdade cientfica, que seapreende desse texto, foi motivo de inspirao para vrios criadores do NovoMundo, dentre os quais o pensador italiano Giordano Bruno (15481600). Umadiscusso mais detalhada desses pontos fugiria ao escopo deste ensaio e, portan-to, destacam-se apenas algumas obras inovadoras como o De linfinito universo emondi, escrita pelo nolano em 1584, e dois outros trabalhos seminais que contma palavra nova: os Discorsi e dimostrazioni matematiche intorno a due nuovescienze attenenti alla meccanica e i movimenti locali, de Galileu (1638) e, deGiambatista Vico (16681744), A cincia nova, publicada pela primeira vez em1725, e que foi o pice de seu propsito, acalentado por mais de 30 anos, de pro-mover o estudo das coisas humanas esfera cientfica. Mais do que o estabeleci-mento de uma nova cincia, a obra de Vico foi o marco de fundao do projetode constituio do estatuto epistemolgico das cincias sociais. O projeto deVico conciliou as duas grandes correntes da filosofia do sculo XVII, o racio-nalismo e o empirismo, encontrando uma harmonia entre a prtica e o pensa-mento, harmonia esta muito associada mentalidade portuguesa do perodo dasGrandes Navegaes e na prpria manuteno do pas, durante e aps a UnioIbrica.

    de Deus nas coisas. O comportamento de Francisco diante das criaturas mudas era umverdadeiro retorno ao paraso.5

    Esse legado frutifica, e passa a ser frequente encontrar franciscanos que sededicaram a estudos cientficos. Pode-se citar, a ttulo de exemplo, Roger Bacon(12141294) que, por volta de 1240, ingressou para a Ordem Franciscana, naqual, sob influncia de Roberto Grossatesta (11681253), se dedicou a estudosnos quais introduziu a observao da Natureza e a experimentao como funda-mentos do conhecimento natural. Na verdade, ele foi alm de seu tutor, afir-mando que o mtodo cientfico depende de observao, da experimentao, daelaborao de hipteses e da necessidade de verificao independente. Tambmo nominalismo de William de Ockham (12801349), de razes franciscanas, ten-de a considerar apenas a causa efficiens de Aristteles como a nica necessriapara explicar o Mundo, e no se pode negar que isso ser, mais tarde, importan-te para o desenvolvimento das tcnicas e o fulcro da mecnica desenvolvida pelogrande Isaac Newton (16431727).

    No que se refere a essa compreenso embrionria de um novo mtodo cien-tfico, ela que, em ltima anlise, ir libertar de vez a cincia, e em particular aastronomia, de todo um conjunto de atitudes cerceadoras, impostas pela repre-sentao artstica sistemtica do cu dourado, caracterstica do medievo. Assim,h autores que consideram Nicolau Coprnico (14731543), que era um religio-so, um divisor de guas. Alexander Koyr (18921964), importante historiadorda Cincia, por exemplo, afirma que

    O ano de 1543, ano da publicao do De Revolutionibus Orbium Coelestium e oda morte do autor, Nicolau Coprnico, marca uma data importante na histria dopensamento humano. Estamos tentados a considerar essa data como significando ofim da Idade Mdia e o comeo dos tempos modernos, porque, mais que a conquistade Constantinopla pelos turcos ou a descoberta da Amrica por Cristvo Colombo,ela simboliza o fim de um mundo e o comeo de outro.6

    Portanto, no h motivos para se estranhar que muitos cientistas pertences-sem a ordens religiosas ou fossem padres seculares e, mesmo assim, buscassemler o Livro da Natureza. Isso particularmente verdade tambm para os jesu-tas, que tiveram forte influncia na formao acadmica de BartolomeuLoureno. De fato, podem ser citados outros como: Jos de Acosta (15391600),

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    tfora do universo-espetculo, onde o espectador tinha no deleite da observaosua maior caracterstica, como nas composies barrocas: o universo em acor-des, ainda de ressonncia pitagrica, e que exaltava a glria da natureza atra-vs da aliana dos vrios smbolos, gerando a harmonia do Cosmos;

    - a terceira, a j mencionada concepo mecnica de mundo, sintetizada nametfora do universo-mquina ou universo-relgio, que alicera o nasci-mento do um pensamento cientfico moderno. A noo de ordem e a razo tor-nam-se suporte para o entendimento da natureza.

    A rigor, o prprio termo natureza, que tanto fascnio sempre despertou nohomem, encerra certa complexidade, no havendo dele uma definio clara.12

    Na Encyclopdie, marco das Luzes na Frana e no mundo, encontra-se uma va-riedade de significados. Concepes como: sistema do Mundo, mquina doUniverso, ou conjunto de todas as coisas criadas ou no criadas (corporaisou espirituais). Ainda relaciona-se essncia, ou mesmo s leis do movimen-to, estabelecidas, talvez, por um Deus-motor. A mesma preocupao enciclo-pdica j surge no famoso Vocabulrio de Rafael Bluteau (16381734), o qual,partindo da Antiguidade, salienta como empregos mais correntes para nature-za a referncia ao princpio de todos os movimentos necessrios e operaesnaturais,13 mencionando, ainda, a mquina do Universo.14

    Entre os sculos XVII e XVIII surgiu o iluminismo na Europa, cuja tendn-cia marcou a transio da uma produo feudal para uma produo capitalistamais organizada, visando substituir a crena no mgico e mesmo na escolstica.O mtodo experimental e classificacionista impe-se entre os intelectuais euro-peus, aliando-se, posteriormente, s ideias mecanicistas e newtonianas da fsica.

    A poca setecentista de Bartolomeu de Gusmo mostra uma mentalidadecrescentemente orientada para o racionalismo cientfico, para a crena na possi-bilidade de domar a natureza e de coloc-la a servio do homem e sua raciona-lidade. A renomada obra Nova Atlntida, de Francis Bacon (15611626), podetambm ser considerada um marco que inspirou a muitos.15 Aprofunda-se o ra-cionalismo portugus na busca por novas formas de ver o mundo.16 JoaquimBarradas coloca que Portugal ao escolher o racionalismo francs, em prejuzodo empirismo ingls, no fez mais do que seguir um movimento, uma tendnciabem generalizada, referindo-se ao momento intelectual da ps-Restaurao.17

    Nesse contexto destacam-se personagens ideologicamente ilustrados nomundo luso-brasileiro, como Alexandre de Gusmo (16951753), importante di-plomata em Portugal, irmo de Bartolomeu. Entre muitas funes e aes,

    O contexto intelectual no limiar do sculo xviii

    O Padre Voador, como ficou conhecido o brasileiro nascido em Santos, SoPaulo, Bartolomeu Loureno de Gusmo um personagem mpar na histriadas tcnicas. As suas mltiplas formaes inventor, naturalista, sacerdote se-cular , aliadas s condies intelectuais de sua poca, remetem discusso dopensar a cincia portuguesa dos Setecentos e sua relao com o ambiente cultu-ral, como indica Cruz Filho.10 O que representavam para Bartolomeu a nature-za e o sentido de experiment-la, domin-la? Qual viso de mundo deveria serprivilegiada, a medieval-tomista, pr-reforma pombalina, que Gusmo encon-trou aos quinze anos quando chegou a Portugal e estudou direito religioso emCoimbra, ou a dos novos ares da ps-Renascena, que pode ter encontrado emLisboa, para onde se mudou em 1701 e estudou matemtica e mecnica fsica?

    O iluminismo, cuja principal influncia veio do mecanicismo newtoniano, es-palhou-se entre os intelectuais do Novo e do Velho Mundo, e Bartolomeu per-cebeu que a physis deveria ser conhecida, do ponto de vista prtico, por novosmtodos, e do ponto de vista da razo, por uma forma original de ver o mundo.

    Alguns contextos histricos propiciaram a Gusmo ter orientado seus estu-dos para a experimentao tcnica e cientfica, destacando-se o perfil inovadorde um personagem luso-brasileiro que, ao contrrio do que se pensa usualmen-te, no estava totalmente margem das concepes cientficas em voga naEuropa. Bartolomeu percebeu a efervescncia filosfica e cientfica oriunda doperodo renascentista, quando se vinham formulando na Europa vrios proces-sos de interpretao da natureza, a par da permanncia da herana medieval nasuniversidades portuguesas. Foi poca na qual, como sugere Claude G. Dubois,11

    afirmaram-se trs grandes maneiras de se conceber a natureza:- a primeira, aquela que sob um procedimento mimtico, considerava o

    ponto de vista antropomrfico (o homem como microcosmo), e tambm o pa-rmetro teomrfico (o mundo imagem de um Deus criador). Tais pontos devista eram utilizados para o entendimento das regras naturais que cercavam aconstituio das sociedades da poca;

    - a segunda concepo considera a natureza um campo de significao extre-mamente vasto, o qual exige um processo de interpretao e analogias para o en-tendimento do sentido profundo dos significados. Como exemplo, havia a me-

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    Alexandre participou diretamente da administrao de D. Joo V (1730 a 1750)como secretrio particular e membro do Conselho Ultramarino, destacando-senas discusses que levaram ao Tratado de Madri (1750), o qual atualizava a li-nha divisria entre as possesses portuguesas e espanholas na Amrica, fato im-portante para a constituio das fronteiras brasileiras at os dias atuais.18

    O ambiente educacional no perodo de Bartolomeu

    O iderio iluminista portugus oriundo de trs diferentes momentos: o pero-do prximo ao joanino a poca de Bartolomeu , o perodo pombalino e o ps-pombalino.19 Os dois ltimos no sero considerados aqui. Para o correto enten-dimento do ensino das cincias em Portugal deve-se citar a chegada dosmissionrios de Jesus (chamados de jesutas) ainda no reinado de D. Joo III,O Piedoso (15021557). Diogo de Gouveia (14711557) indicara ao rei a exis-tncia de um grupo de clrigos capazes de converter a ndia, velha ambio por-tuguesa. Com a permisso real, Igncio de Loyola (14911556), fundador daCompanhia de Jesus, enviou a Portugal em 1540 o padre Francisco Xavier(15061552). Graas a alguns benfeitores, em especial a famlia real portuguesa,o crescimento dos jesutas em Portugal se deu de maneira extremamente rpida.Em 1542, foi fundado o Colgio de Jesus em Coimbra, o qual tinha como obje-tivo a formao dos novios da Ordem. No ano de 1553, foi inaugurado, emLisboa, o primeiro colgio no qual os jesutas deram aulas pblicas: o colgio deSanto Anto. Em 1559, surgiu a Universidade de vora, e logo os membros des-sa congregao dirigiam, em Portugal, algumas dezenas de estabelecimentos deensino (alm da catequese nas colnias), alm da Universidade de vora, for-mando assim a nica rede escolar orgnica e estvel do Pas.20

    Os membros da Companhia de Jesus seguiam um plano educacional diretor,a Ratio Studiorum, cuja primeira edio nasceu em 1599. A Ratio era con-siderada, por essa ordem, como uma espcie de ponte entre o ensino medie-val e o moderno.21 A pedagogia era permeada por um forte vis clssico, huma-nista e centralizado no aristotelismo. As cincias naturais tinham, na prtica,uma importncia menor entre estes religiosos.22 O plano educacional, com otempo, extrapolou a esfera meramente pedaggica (como carisma religioso) e

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    Algumas criaes: da primeira inovao fama de

    Padre Voador

    Nos sculos XI e XIV houve um crescente interesse pela geometria, associado,em uma primeira fase, ao desenvolvimento da tcnica, notadamente a invenodo moinho de vento e de artefatos mecnicos movidos pela fora hidrulica,aperfeioamentos nuticos e na rea txtil, a inveno do relgio e a construodas catedrais. O impulso nas tcnicas ser acelerado tanto por necessidades so-cioeconmicas como pela inveno da imprensa e pela rpida propagao do li-vro impresso. Em um segundo momento, j na segunda metade do sculo XV, olivro Os elementos, de Euclides, figurava entre os mais procurados pelos scho-lars.29 Assim, no parece sem propsito que Benedito Calixto tenha retratadoBartolomeu segurando um compasso e apoiando um esquadro sobre livros suadireita.

    Leonardo da Vinci (14521519), cone do homem renascentista e da geniali-dade, destacou-se por suas mltiplas habilidades e interesses, dentre os quais astcnicas, sendo considerado um precursor da aviao.30 Na realidade, o gnioflorentino dedicou-se a estudar o voo a partir da observao das estruturas ana-tmicas dos pssaros e morcegos. At onde se tem conhecimento, no h evidn-cias de que tenha influenciado o Padre Voador. Mas os caminhos de um esp-rito inovador podem ser infinitos e difceis, seno impossveis, de seremretraados, e nem mesmo uma poltica retrgrada,31 imposta por uma metrpo-le estagnada, impediu a ecloso de talentos e inventividade na histria da tcni-ca colonial no Brasil,32 como o caso de Bartolomeu de Gusmo, consideradopor muitos o primeiro cientista brasileiro.33 Ainda na adolescncia, passou a seinteressar pelas cincias da natureza e por experimentos prticos que a explicas-sem. Como foi educado em um seminrio, obteve acesso a obras educacionais efilosficas do pensamento antigo e de sua contemporaneidade, inclusive no quetange aos conceitos da fsica, disciplina que o filsofo Aristteles (384 a.C.322a.C.) j examinara e cujo pensamento permeou toda a estrutura catlica duran-te vrios sculos.

    No h registro inequvoco de sua primeira inveno: a construo de umaespcie de bomba ou mquina hidrulica com o objetivo de transportar gua dorio Paraguau a quase cem metros de altura, quando estava no Seminrio de

    alcanou a esfera poltica, uma vez que exerceu importante influncia nos meiosadministrativos de Portugal com o controle educacional.23

    Em 1591, novos estatutos para a Universidade de Coimbra so promulgadospor D. Felipe II durante a Unio Ibrica (15801640). Em 1659, chegou ao pasa Congregao do Oratrio. Esta, fundada em Roma no ano de 1565 por SoFelipe Nri para padres seculares, dedicou-se educao crist da juventude epopular, alm das obras de caridade. Introduzida em Portugal pelo padreBartolomeu do Quental (16261698), foi a responsvel pela nfase na experi-mentao cientfica voltada para a educao, disseminando as ideias empiristaspela Europa catlica.24 Por seu ideal de uma educao mais experimental, os ora-torianos foram oponentes dos missionrios de Jesus no campo pedaggico.Promoveram mais as cincias naturais do que as hoje chamadas cincias huma-nas, levando para Portugal, por exemplo, o pensamento de Francis Bacon,Descartes (15961650), John Locke (16321704) e Antonio Genovesi(17121769).25 Defendiam a importncia do estudo da lngua-me, da gramti-ca e da ortografia portuguesa, sem a intermediao do latim. Os nris, comoeram chamados em Portugal, estavam se tornando uma alavanca de moderniza-o da sociedade portuguesa.26

    Todavia, o destino dos oratorianos no seria muito diferente daquele queatingiu seguidores de Igncio de Loyola em 1759, poca posterior a Bartolomeu:um fim imposto por Sebastio de Carvalho e Melo (16991782), futuro Marqusde Pombal. O propsito de erradicao de setores intelectuais considerados ne-fastos para a implantao de uma nova cultura cientfica e pedaggica tambmse estendeu queles que foram considerados os principais antagonistas dos gran-des basties do pensamento aristotlico (os jesutas, no Colgio das Artes).27

    Um longo processo de dificuldades, iniciado em 1760 com a perseguio Congregao do Oratrio, culminou com a extino definitiva do Colgio daCasa das Necessidades no ano de 1768.28

    As duas escolas de Lisboa, que haviam sido os mais ativos e importantes cen-tros de ensino das cincias fsico-matemticas, acabam paralisadas. Cenrio fi-nal da cultura educacional e cientfica de Portugal nos sculos XVII e XVIII,cultura esta da qual Bartolomeu era fruto.

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    Belm, em Salvador, Bahia. O pedido de privilgio foi feito ao Rei D. Joo Vem 23 de maro de 1707, mas no explicava o mecanismo.34

    Gostaramos, no escopo deste texto, de incluir a possibilidade de Bartolomeuter se valido do uso de um mecanismo chamado desde a Antiguidade(Mesopotmia, Babilnia, Egito, Roma) de parafuso de Arquimedes, atribu-do ao inventor grego Arquimedes de Siracusa (287 a.C.212 a.C.), filho do as-trnomo Fdias. Tal artefato, muito conhecido ao longo dos sculos, era consti-tudo de vrias hlices, presas a um eixo circular, inseridas num tubo decomprimento varivel na posio de um plano inclinado, e era capaz de elevar

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    depois ficou conhecido por Passarola ou Balo de So Joo. Essa espcie debalo, construdo pelo prprio padre, segundo relatos da poca, elevou-se a qua-tro metros de altura, assombrando a todos. O aerstato foi construdo de papelpardo, pouco leve, e no era de grandes dimenses. Era inflado com ar quenteproduzido em uma tigela de barro presa na base do balo. Tais demonstraes,mais do que ajud-lo, parecem t-lo exposto s intrigas e invejas palacianas, in-clusive pelo fato de que havia o subsdio do rei nas experincias. A partir de en-to, Bartolomeu de Gusmo passou a ser chamado de Padre Voador de navesque na verdade eram no tripuladas e sequer haviam sido construdas, e a not-cia correu por outros pases da Europa.

    Gusmo mostrou seu entusiasmo pelo voo de um objeto mais pesado do queo ar, para o qual (curiosamente) afirma que h de se considerar asas (a causa efi-

    desde gua at lama, esgoto, gros etc. Tambm possvel atrelar esse sistema amoinhos de vento para drenar terrenos, e sabe-se que Bartolomeu fez propostasde moinhos mais eficazes. Na Torre do Tombo h uma Memria deBartolomeu na qual ele descreve na folha 315 (verso), entre outros engenhos, autilizao do moinho de vento que o mesmo teria aperfeioado.35

    Em 1707, Bartolomeu ainda se dedicou a outras criaes do mesmo gnero,como o Processo para esgotar gua sem gente dos navios alagados, que podeser exatamente o mesmo de todos os demais inventos relacionados extrao oumovimentao mecnica de lquidos de um lugar para outro, j que a rotao degrandes eixos talvez pudesse ser feita atravs de trao animal ou de energia e-lica (como nos moinhos de vento). Gusmo inaugurou, assim, uma propostaoficial para o sistema de drenagem de embarcaes.36

    Antes, porm, Bartolomeu esteve em Portugal (1708) para tirar o curso deCnones da Universidade de Coimbra, curso esse que foi interrompido e apenasconcludo em 1720, depois de ter viajado de 1713 a 1716 pela Europa e, em par-ticular, pela Holanda. Ainda em 1720 foi fundada a Academia Real de Histria,da qual Bartolomeu acabar por fazer parte, poca na qual mantinha boa relaocom a corte portuguesa e mesmo entre os religiosos, j que chegou a ser nomea-do capelo da Casa Real. O ano de 1708 tambm marca o incio da sua tentativade realizar os famosos experimentos com objetos mais leves que o ar, ou seja,os bales ou aerstatos. J em 1709, dirigiu petio a D. Joo V anunciando umamquina de se andar pelo ar, da mesma sorte que pela terra e pelo mar.37 Oprivilgio para o seu aparelho foi expedido no alvar de 19 de abril de 1709, e ascustas foram pagas pela Coroa.

    Ao contrrio de Leonardo que se fixou na anatomia dos pssaros para com-preender o voo, Bartolomeu muda o enfoque inicial do problema. Consta queele teria observado uma pequena bolha de sabo pairando no ar e posteriormen-te notado que, ao passar sobre uma fonte de calor, a bolha fortemente impeli-da para cima. A chave para a construo do balo est na compreenso de umfenmeno fsico envolvendo as propriedades do ar, como a sua densidade, almdo entendimento do princpio de Arquimedes. O ar quente, mais leve do que ofrio, tende a subir e pode, portanto, gerar uma fora ascensional sobre o balo.

    Na prtica, Bartolomeu realizou vrias experincias com bales de ar aque-cido, algumas delas na presena de D. Joo V e da corte. Algumas funcionaram,outras no (em alguns casos, o balo pegava fogo). No dia cinco de agosto de1709, Bartolomeu efetivou a primeira demonstrao pblica do engenho, que

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    forma de proteger seus direitos sobre uma inveno que ainda no se tornarauma realidade. Seria um exemplo notvel de (auto)-proteo intelectual.

    Bartolomeu pode realmente ter sonhado com as grandes e lendriasPassarolas, com espaos na parte inferior, na qual caberia um navegador quemoveria cabos e foles que alimentavam uma grande vela na parte inferior, sur-gindo tambm desenhos apcrifos e fantsticos da mquina voadora.41 Atonde sabemos, no h evidncias objetivas deste sonho, mas isto no impediu al-guns estudiosos de afirmarem que tal representao fortemente inverossmil iriaabalar por muito tempo os crditos do inventor de Santos.

    A incompreenso

    O padre Bartolomeu de Gusmo voltou a Portugal, mas foi vtima de insidiosacampanha de difamao e incompreendido por muitos, tanto no meio intelectual,quanto no Santo Ofcio. Como apontou Gustavo T. Correia Neves, em 1911,

    No sculo 18 era grande, como sabido, o atrazo das cincias fsicas em Portugal,que permanecia indiferente aos progressos deste ramo cientfico. / Este atrazo era devi-do, alm de outras coisas importantes, s dificuldades que existiam na impresso dequalquer obra exigindo esta um grande nmero de licenas e formalidades, o que concor-ria para que grande quantidade de trabalhos cientficos ficasse apenas em manuscritos.42

    Assim, poucos seriam aqueles conterrneos preparados para compreender osprincpios fsicos de sua descoberta. Quanto Igreja, embora no se possa afir-mar que as experincias com os aerstatos no teriam despertado alguma atenopor parte da Inquisio em Lisboa, tambm no h provas contundentes de que oproblema do Padre Voador com a Inquisio se coloque no plano da ameaaobscurantista inquisitorial contra o engenho inventivo baseado na cincia.43

    Cabe notar que houve um aumento significativo da ao persecutria no dom-nio portugus da Amrica no perodo em que Bartolomeu viveu.44 Provavel-mente por manter contato com a comunidade de cristos-novos do Rio de

    ciente do vo) e tentou explicar o engenho no seu Manifesto Sumrio,38 como in-dicam suas palavras nas folhas 234 (verso) e 235:

    Tres couzas pois sa necessarias avepara voar, convem a saber: Azas, vida e ar;azas para sobir; vida para as mover; e ar para assustentar: De sorte que faltando hu[m] destes tresrequezitos, fica inuteis os dous; porque azassem vida na podem ter movimento; vida /f. 235/sem azas na pode ter elevaa: ar sem estes in-dividuos na pode ser surcado: Porem dandoce [sic]estas tres circunstansias de azas, vida e ar, a qual-quer arteficio conforme [repete conforme] a necesariaproporsa, he infalivel o voo no lenho, como oestamos vendo na ave.Entra agora o nosso invento com as mesmastres circunstancias, em que infalivelmente devemosdar lhe o voo por certo. O nosso invento temazas, tem ar e tem vida. Tem azas porque lhasformamos mesma imitaa e proporsa das daave; tem ar, porque este se acha em toda a parte,e tem vida nas peoas que o ha de animar para o mo-vimento. 39

    As demonstraes de Bartolomeu deram tambm asas imaginao, e surgi-ram na Corte muitas variaes fantasiosas de seu balo de ar quente. Desde apossibilidade de visitar as regies do ter divino, permitindo transportar ao me-nos um homem a grandes distncias e levando-o, desta feita, para mais prximode Deus. Tudo isso passou a ser cogitado e pode ter contribudo para propalaruma imagem negativa do inventor, como exemplificam sumariamente as pala-vras de Taunay: uma nica pea iconogrfica, antiga, portuguesa, existe con-tempornea das experincias de Gusmo: a desastrada, a estapafrdia, a mistifi-catria estampa de 1709, chamada de Passarola.40 Como se acredita que Gusmotenha tido participao na concepo de tal desenho, e como nenhum inventor,em princpio, quer ver sua criao como objeto de chacota, no se pode descon-siderar uma inteno deliberada por parte do Padre Voador de fantasiar como

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    Janeiro, acabou acusado pela Inquisio de simpatizar com o judasmo. Perse-guido pelo Santo Ofcio, foi obrigado a fugir para a Espanha. Ao passar pela ci-dade de Toledo adoeceu, sendo recolhido ao Hospital da Misericrdia daquela ci-dade, no qual veio a falecer.

    Concluso

    Em um momento no qual as comunidades cultas de Portugal e do Brasil estavamem constante embate entre os novos pensamentos da razo ilustrada e os antigoscostumes religiosos e escolsticos, Bartolomeu de Gusmo mostrou erudio ecoragem para enfrentar o status quo, contribuindo para a formao de um am-biente ilustrado, no qual havia espao para o sonho e para as aplicaes prticasda fsica. Seus estudos empricos, seus xitos e mesmo eventuais logros, inspira-dos no devaneio de voar, contriburam, a seu modo, para a consolidao dasconfianas em Deus e no prprio homem qual Cassirer se referiu que eramcaractersticas, respectivamente, dos espritos dos homens medievais e renascen-tistas. De qualquer forma, inconteste que o Padre Voador foi o pioneiro dafsica aplicada nas Amricas! Note-se que Benjamin Franklin (17061790) siniciou seus estudos sobre eletricidade em 1745.

    Seus estudos deixam entrever seu acesso informao dos mais diferentespensadores, desde as bvias concepes aristotlicas que permeavam os semin-rios brasileiros e portugueses, a Arquimedes e o estudo do empuxo nos fluidos,alm dos pensadores franciscanos. Contudo, seus inventos no lograram maiordestaque em sua poca. Com a afirmao do iluminismo ao longo dosSetecentos, os experimentos com bales ganhariam notoriedade e se afirmaramem 1783 com os irmos Montgolfier , mesmo em Portugal, apenas com o natu-ralista Domingos Agostinho Vandelli (17351816). Os feitos de Vandelli foramnoticiados pela Gazeta de Lisboa, que registrou os lanamentos dos aerstatosnos dias 25 e 27 de junho de 1784 em Coimbra.

    1 Saramago, Jos. 1987. Memorial do convento. 3 ed. Rio de Janeiro: Bertand Brasil. p. 123.2 Freire, Paulo. 2001. Pedagogia dos sonhos possveis. So Paulo: Unesp. p. 35.3 Eco, Umberto. 1987. Arte e bellezza nellestetica medievale. Milano: Bompiani. p. 59.4 Eco, Umberto. Op. cit., p. 121122.5 Nigg, Walter. 1975. O homem de Assis: Francisco e seu mundo. Petrpolis: Vozes.

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    27 Andrade, Antnio Alberto. 1969. Processo pombalino contra os oratorianos. Arquivos do

    Centro Cultural Portugus, vol. 1, Lisboa: Fundao Calouste Gulbenkian. p. 250255.28 Paim, Antnio. 1982. Pombal e a cultura brasileira. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro. p. 29.29 Caruso, Francisco. 2010. A dimensionalidade do livro e da natureza. Norte Cincia,

    1(2):1623.30 The Notebooks of Leonardo da Vinci. 1970. Compilado e editado a partir dos manuscritos

    originais por J. P. Richter em dois volumes. New York: Dover. Vol. 2, p. 278279.31 Filgueiras, Carlos A. L. 1995. Bartolomeu de Gusmo Um eco da revoluo cientfica no

    Brasil. Em Alfonso-Goldfaber, Ana Maria e Maia, Carlos Alverez (coords.) Histria da cincia: o

    mapa do conhecimento. Rio de Janeiro-So Paulo: Expresso e Cultura-Edusp. Vol. 2, p. 386387.32 Motoyama, Shozo (org.). 2004. Preldio para uma Histria: cincia e tecnologia no Brasil.

    So Paulo: Edusp. p. 108.33 Visioni, R. M. e Canalle, J. B. G. 2009. Bartolomeu Loureno de Gusmo: o primeiro

    cientista brasileiro. Revista Brasileira de Ensino de Fsica, 31(3):3604.34 Barros, H. L. 2009. Bartolomeu de Gusmo na corte de D. Joo V: o balo de ar quente. Rio

    de Janeiro: CBPF. p. 5.35 Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Memria do Padre Bartholomeo Loureno chamado

    vulgarmente o Voador pella raza que abaixo se relata. Lisboa, cota BGUC, Ms. 537, f. 314316.36 Taunay, A. 1938. Obras diversas de Bartolomeu de Gusmo. Anais do Museu Paulista,

    tomo IX, So Paulo: Imprensa Oficial do Estado de So Paulo. Vargas, M. 2000. Bartolomeu de

    Gusmo: primeiro cientista das Amricas. Anais do VII Seminrio Nacional de Histria da Cincia

    e da Tecnologia. So Paulo: Edusp. p. 421.37 Cruz Filho, Murillo F. 1985. Bartholomeu de Gusmo: sua obra e o significado fustico de sua

    vida. Rio de Janeiro: Biblioteca Reprogrfica Xerox-Mast. p. 17.38 Barros, H. L. Op. cit., p. 1113.39 Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Manifesto Sumrio para os que ignoram poder-se na-

    vegar pelo elemento Ar. Lisboa, cota BGUC, Ms. 342, 1709, f. 234241.40 Taunay, Affonso dEscragnolle. 1942. Bartolomeu de Gusmo inventor do aerstato. So

    Paulo: Leia. p. 157.41 Barros, H. L. Op. cit., p. 11. Cf. tambm Taunay, Affonso dEscragnolle. 1942. Op. cit.42 Apud Taunay, Afonso dEscragnolle. 1942. Bartolomeu de Gusmo inventor do aerstato.

    So Paulo: Leya.43 Tavares, Clia Cristina da Silva. Bartolomeu Loureno de Gusmo e a Inquisio portuguesa

    sculo XVIII, neste livro.44 Novinsky, Anita. 2002. Inquisio: prisioneiros do Brasil. Rio de Janeiro: Expresso e Cul-

    tura. p. 39.

    6 Koyr, Alexander. 1961. La revolution astronomique. Paris: Hermann. p. 15.7 Elliot, John H. 1970. The Old World and the New 14921650. Cambridge: University Press.8 Cassirer, Ernst. 2001. Indivduo e cosmos na filosofia do Renascimento. So Paulo: Martins

    Fontes.9 Cassirer, Ernst. Op. cit., p. 127.10 Cruz Filho, Murillo F. 1985. Bartholomeu de Gusmo: sua obra e o significado fustico de sua

    vida. Rio de Janeiro: Biblioteca Reprogrfica Xerox-Mast.11 Dubois, Claude-Gilbert. 1985. Limaginaire de la Renaissance. Paris: PUF. p. 7578.12 Largeault, Jean. 1988. Prncipes classiques dinterprtation de la Nature. Paris: Vrin.13 Bluteau, Rafael. 17121728. Vocabulario portuguez e latino Coimbra: Collegio das Artes

    da Companhia de Jesu, 10 vols.14 Calafate, Pedro. 1994. A ideia de natureza no sculo XVIII em Portugal (17401800). Lisboa:

    Imprensa Nacional-Casa da Moeda, p. 8.15 Bacon, Francis. 1976. Nova Atlntida. Lisboa: Minerva.16 Barradas de Carvalho, Joaquim. 1974. Rumo de Portugal. A Europa ou o Atlntico. Lisboa:

    Livros Horizonte. p. 3740.17 Barradas de Carvalho, Joaquim. Op. cit., p. 39.18 Marques, Adlio Jorge. 2009. A vida e obra do naturalista Alexandre Antonio Vandelli

    (17841862). Tese de doutorado, UFRJ. cap. 1.19 Serro, Jos Vicente. 1980. Histria de Portugal, IV-VII: A Restaurao e a monarquia ab-

    soluta (16401750), Lisboa: Verbo. p. 407408.20 Gomes, Evandro Luis. 20022005. O desenvolvimento da lgica no Brasil: da herana

    ibero-portuguesa aos primrdios do sculo XIX. Revista Eletrnica Informao e Cognio, 4(1).21 Sugerimos, como complemento ao entendimento da educao jesutas, as obras: Projeto

    educativo. 1999. Associao dos Colgios Jesutas (ACOJE), Companhia de Jesus, Provncia do

    Brasil Centro-Leste. So Paulo: Loyola, e, tambm: Companhia de Jesus. 1986. Caractersticas da

    educao da Companhia de Jesus. So Paulo: Loyola.22 Mendes, Alexandre. 2006. C. O verdadeiro mtodo de estudar: o impasse entre o antigo e o

    moderno. Dissertao de mestrado, PUC-SP. p. 1415.23 Fernandes, R. 1992. O pensamento pedaggico em Portugal. Biblioteca Breve, vol. 20,

    Amadora: Bertrand. p. 8183.24 Carvalho, Rmulo. 1956. Portugal nas Philosophical Transactions nos scs. XVII e

    XVIII. Revista Filosfica, 1516. Coimbra.25 Costa, Joo Cruz. 1960. Panorama da histria da filosofia no Brasil. So Paulo: Cultrix. p.

    2124.26 Maxwell, Kenneth. 1996. Marqus de Pombal. So Paulo: Paz e Terra. p. 1214.

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