bancários do es sindicato dos correio bancário · fotos: sérgio cardoso os 80 anos do sindicato...

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CORREIO BANCÁRIO www.bancarios-es.com.br INFORMATIVO DO SINDICATO DOS BANCÁRIOS DO ES FILIADO À CUT Nº 918 03/02/2014 A 18/02/2014 Ato Político Cultural marca os 80 anos do Sindicato Fotos: Sérgio Cardoso Os 80 anos do Sindicato dos Bancários/ES foram comemorados com um Ato Político Cultural aberto a toda a categoria. O evento con- tou com atividades artísticas, apre- sentação musical e homenagens a bancários e bancárias que contri- buíram para a trajetória do Sindi- cato. A festa abriu as comemora- ções das oito décadas da entidade. Outros eventos serão realizados no decorrer de 2014. Ação sindical contra assédio moral no Banestes de Guaçuí Página 7 Entrevista: Carlão, coordenador geral do Sindicato, fala sobre as conquistas e desafios da categoria Página 6 Sindicato se reúne com gerente regional do Bradesco Página 4 Página 5 Bancários trabalham em agências sem infraestrutura Página 2 Preconceito racial nos shoppings mostra apartheid brasileiro Página 8 AGÊNCIAS FORAM ATINGIDAS PELA ENCHENTE

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Bancário

www.bancarios-es.com.br

InformatIvo Do SInDIcato DoS

BancárIoS Do ESfIlIaDo À cut

nº 918

03/02/2014 a

18/02/2014

Ato Político Cultural marca os 80 anos do Sindicato

Fotos: Sérgio Cardoso

Os 80 anos do Sindicato dos Bancários/ES foram comemorados com um Ato Político Cultural aberto a toda a categoria. O evento con-tou com atividades artísticas, apre-sentação musical e homenagens a bancários e bancárias que contri-buíram para a trajetória do Sindi-cato. A festa abriu as comemora-ções das oito décadas da entidade. Outros eventos serão realizados no decorrer de 2014.

Ação sindical contra assédio moral no Banestes de Guaçuí

Página 7

Entrevista: Carlão, coordenador geral do Sindicato, fala sobre as conquistas e desafios da categoria

Página 6

Sindicato se reúne com gerente regional do Bradesco

Página 4 Página 5

Bancários trabalham em agências sem infraestrutura

Página 2

Preconceito racial nos shoppings mostra apartheid brasileiroPágina 8

AGÊNCIAS FORAM ATINGIDAS PELA ENCHENTE

Artigo

O saldo das chuvas de dezembro no Espírito Santo foi 24 mortos, mais de 60 mil desabrigados e destruição em 55 dos 78 municípios do estado. Os elevados índices pluviométricos expuseram a fragilidade de cidades sem planejamento urbano nem projetos estruturais de prevenção.

Para recuperar o que foi perdido, o Governo Estadual repassará R$ 200 milhões do Fundo Cidades para os municípios. Este valor mais parte do crédito extraordinário do “Cartão Tragédia” Federal serão utilizados na reconstrução da infraestrutura sem necessidade de licitação e de projetos detalhados. Serão, portanto, contabilizados a ‘toque de caixa’ nas contas das empreiteiras, gerando os lucros que financiarão as campanhas eleitorais.

Já para as famílias que perderam tudo, o Governo Estadual apresentou um “Cartão Reconstrução” no valor de R$ 2.500,00 para beneficiários do CadÚnico e várias linhas de crédito para outras faixas de renda. Estes recursos, somados aos saques do FGTS, inundarão as economias locais, elevando as vendas no comércio e aquecendo a produção na indústria. As vítimas se endividarão para reerguer-se.

Planejamento e grandes obras estruturais poderiam dar fim às calamidades. Porém, por trás dos desastres existe um grande esquema para beneficiar empreiteiras com dinheiro público. Com as tragédias, os bancos obtêm mais receitas,concedendo mais crédito. Os recursos aceleram a rotatividade dos estoques, expandindo os lucros comerciais e industriais. As ações de solidariedade realizadas através do mercado completam esse ciclo, elevandos os lucros das grandes redes de supermercado. Existe uma ECONOMIA DO DESASTRE. Não há prevenção porque a tragédia é lucrativa.

Por André Moulin Dardengo, professor do Departamento de Economia da

UFES e Mestre em Política Social

Prevenir para quê, se a tragédia é lucrativa?

O mês de janeiro foi marcado pelo aniversário do Sindicato dos Ban-cários/ES, que completou 80 anos no dia 12. A data foi comemorada com um Ato Político Cultural que abriu o ca-lendário de comemorações, repleto de outras atividades a serem realizadas durante o ano. Além de ser um momen-to de festejar, os 80 anos do Sindicato também nos convidam a resgatar o nosso passado como forma de compre-ender o presente e construir o futuro.

O Sindicato dos Bancários/ES es-teve sempre atuante nas greves nacio-nais, contribuindo para conquistas de extrema importância para a categoria bancária. Sua atuação foi se expandin-do e a entidade passou a participar de lutas gerais, buscando, por exemplo, o fim da Ditadura Militar e do sindica-

lismo marcado pelo assistencialismo. Além disso, se mantém firme nas lutas pela autodeterminação dos povos, con-tra governos neoliberais, tanto em âm-bito nacional quanto estadual, e pelo fim das opressões, que incluem o racis-mo, o machismo e a homofobia.

A convicção do Sindicato nessas e em muitas outras bandeiras de luta fez com que a entidade se mantivesse firme nos seus propósitos, recusando-se ao atrelamento em relação ao go-verno, patrões e partidos, opondo-se à conciliação de classes. Isso resultou no que o Sindicato é hoje, uma entidade classista, que preza pela democracia, é parceira dos movimentos sociais e que tem autonomia para construir o futuro a cada dia, a cada momento, onde houver alguém gritando contra o capitalismo.

Oitenta anos de lutas e conquistas

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www.bancarios-es.com.br

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BancárioInformativo do Sindicato dos Bancários do Espírito SantoRua Wilson Freitas, 93, Centro, Vitória/ES - 29016-340 Tel: (27) 3331-9999 Colatina (3722-2647), Cachoeiro (3522-7975) e Linhares (3371-0092)

Coordenador Geral: Carlos Pereira de Araújo Diretor de Imprensa: Jonas Freire Santana

Editoras: Bruna Mesquita Gati - MTb 3049-ES, Elaine Dal Gobbo - MTb 2381-ES e Ludmila Pecine - MTb 2391-ESEditoração: Gustavo BindaImpressão: Gráfica Espírito SantoE.mail: [email protected]: 10.000 exemplaresDistribuição gratuita

Num gesto de reconhecimento e agradecimento, no Ato Político Cultural o Sindi-cato homenageou dezenas de pesso-as que ajudaram a construir a história da entidade. Confira os depoimentos de algumas delas.

Aniversário do Sindicato

Sindicato comemora 80 anos com Ato Político Cultural

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A noite da terça-feira, 14, foi marcada pela realização do Ato Político Cultural em home-

nagem aos 80 anos do Sindicato dos Bancários/ES. O evento, que aconte-ceu no Centro Sindical, no Forte São João, em Vitória, abriu o calendário de comemorações dos 80 anos do Sin-dicato. O ato contou com atrações cul-turais e uma homenagem a bancários e bancárias que contribuíram para a trajetória de 80 anos da entidade.

De acordo com o coordenador geral do Sindicato, Carlos Pereira de Araújo, o Carlão, a categoria bancá-ria se destaca por ter como tradição a luta. “As bandeiras de luta vão além daquelas ligadas especificamente à categoria. Os bancários estão sempre comprometidos com a construção de uma sociedade justa, igualitária”, afirma Carlão.

Durante o evento, foram en-tregues placas de homenagem aos bancários e bancárias que contri-buíram para a trajetória de 80 anos da entidade, entre eles, presidentes, coordenadores, diretores, diretoras, bancários de base, trabalhadores que fizeram parte do Movimento de Oposição Bancária (MOB) e os que ingressaram no movimento sindical bancário depois de 98. Também fo-ram homenageados funcionários e prestadores de serviço do Sindicato, além da Associação do Pessoal da Caixa Econômica Federal (APCEF), entidade parceira.

As comemorações dos 80 anos do Sindicato contarão com outras atividades no decorrer do ano, como seis jornais comemorativos, exposi-ção itinerante de materiais que con-tam a trajetória do Sindicato, como fotos e vídeos, além dos lançamentos de um documentário e de um livro.

“Para mim, o Sindi-cato é mais do que uma universidade.

Nele aprendi muita coisa ao participar

de debates sobre diversos assuntos,

como machismo, racismo e homofobia”Maria Auxiliadora Nascimento Gabriel,

homenageada na categoria funcionários

“Não estou mais no Sindicato, mas

continuo com os prin-cípios de luta por um

mundo melhor”

Dora Bragato, homenageada na categoria Movimento

de Oposição Bancária (MOB)

“É bom ser lembra-do como quem fez

parte da história de um Sindicato que tem grande

respeitabilidade no Espírito Santo”

João José Barbosa Sana, homenageado na categoria subsedes

“Foi com satisfação que recebi a homenagem.

É uma honra fazer parte desta categoria, que é a vanguarda na luta dos trabalhadores

brasileiros.”Jonathas Correa, homenageado

na categoria diretores

“Esta categoria é uma das mais organizadas

do país e referência na resistência. É uma grande responsabili-dade dar continuida-

de a esse legado”. Renata Garcia, homenageada

na categoria pós-98

“A APCEF e o Sindicato lutaram juntos em diversos momentos e al-cançaram grandes vitórias. Uma delas foi a jornada de seis horas” Edmar Martins André, representante da APCEF, entidade parceira homenageada

“Divido essa home-nagem com os com-panheiros da Caixa, onde eu fiz muitos amigos e tive uma grande experiência de militância”

Angela Barone, homenageada na categoria diretoras

“Me sinto feliz de ser homenageado juntamente com outras pessoas que ajudaram a cons-truir a história do Sindicato”

Iracélio Lomes Coelho, homenageado na categoria bancário de base

“A homenagem é um reconhecimento da importância da nossa gestão e um resgate histórico muito importante”

Paulo Pinto, homenageado na categoria presidentes / coordenadores

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Imposição de metas

Mulher Bancária iiO tema do Encontro será Mulher e Poder

Mulher Bancária iNos dias 21 e 22 de março o Sindicato dos Bancários/ES realizará o III Encontro da Mulher Bancária

Tempo na fila de banco tem limite! Queremos a contratação

de mais bancários!

Cobrança excessiva de resulta-dos, transferências repentinas e promoções que demoram a ser

efetivadas. Esses e outros problemas enfrentados no Bradesco foram debati-dos em reunião com o gerente regional do banco, Aílton Dalvi. Os diretores do Sindicato dos Bancários/ES cobraram melhores condições de trabalho.

“Temos recebido denúncias de gestores que estariam se excedendo na cobrança de metas. Audioconfe-rências, por exemplo, têm sido diárias, aumentando o sentimento de cobrança nas agências”, relata Fabrício Coelho, diretor do Sindicato. O gerente regio-nal se justificou dizendo ser comum o aumento de reuniões no fim do ano, mas se comprometeu a observar mais a relação da gerência regional com os gestores, e destes com os funcionários.

Outro ponto debatido foi a demo-ra na efetivação das promoções. Dalvi reconheceu a existência de alguns casos e disse que o banco está tentando efe-tivar as promoções o mais breve possí-vel. Sobre as transferências repentinas,

o Sindicato cobrou que o banco observe aspectos “humanos”, como o desejo do funcionário, local de residência e proxi-midade da família, a fim de não preju-dicar o empregado ou comprometer os seus compromissos pessoais. DSC-Pólo - Os diretores do Sin-dicato também questionaram o gerente sobre uma possível extinção do DSC Pólo, setor mais conhecido como “compensa-ção”. A informação não foi confirmada por Dalvi. A exigência do Sindicato é de que, em caso de extinção do setor, todos os funcionários sejam mantidos, sendo realocados para outras unidades. “As agências já sofrem com a carência no quadro de pessoal, não podemos acei-tar que o banco ainda demita. O ideal é que os funcionários sejam realocados para unidades que estejam próximas às suas residências”, explica Fabrício Coe-lho. A reivindicação também foi levada pela Coordenação de Organização dos Empregados (COE) ao setor de Recursos Humanos do banco, que se comprome-teu a realocar os trabalhadores dos DSC Pólos que forem extintos ou reduzidos.

Sindicato cobra fim das metas no Bradesco

Ramal Órgão

9955.................. Administração9956.................. Administração9951.................. Coordenação de Políticas Permanentes9953.................. Informática9959.................. Relações Sindicais9990.................. Relações Sindicais9965.................. Relações Sociais9957.................. Esportes9962.................. Sala dos diretores suplentes9960.................. Finanças9961.................. Finanças9971.................. Imprensa9972.................. Imprensa9988.................. Jurídico9989.................. Jurídico9996.................. Coordenação Geral9991.................. Secretaria (4º andar)9992.................. Secretaria (4º andar)9997.................. Recepção 9977.................. Cultura9978.................. Formação9980.................. Saúde9967.................. Secretaria Geral9954.................. Assuntos Socioeconômicos9993.................. Fax

Quando você ligaR paRa o Sindicato, diSQue 3331 e oRamal deSejado.confiRa:

Sindicato lança página oficial no Facebook O Sindibancarios/ES entrou no Fa-

cebook, abrindo mais um canal de comu-nicação com a categoria. Ao curtir a pági-na oficial do Sindibancários-ES, é possível acompanhar as ações de fortalecimento da luta pelos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras promovidas pelo Sindicato.

Esse será mais um espaço de infor-mação e educação sobre o movimento sin-

dical bancário capixaba e suas bandeiras de luta. Acompanhe os posts diariamente, curta e compartilhe as informações sobre o Sindibancários-ES, que representa mais de 7.700 trabalhadores e trabalhadoras de bancos públicos e privados que atuam em todos os municípios capixabas.

Acesse e curta:facebook.com/sindibancarios.es

Vazamento de água e esgoto, ra-chaduras, infiltrações e obras in-termináveis são alguns dos princi-

pais problemas estruturais de agências da Caixa Econômica no Espírito Santo.

Após ser reformada devido à falta de infraestrutura causada pelas chuvas, a agência da Serra teve a parede de sus-tentação de uma viga retirada e a laje cedeu. Com a denúncia do Sindicato dos Bancários/ES à Defesa Civil e ao Corpo de Bombeiros, a Caixa providenciou um reforço para segurar a estrutura da laje. A agência ainda sofre com alagamentos durante a chuva e com o mau cheiro do gesso cartonado que cai do teto.

Em Vitória, a agência na Findes sofre com danos causados por obras no prédio. Funcionários desta unidade tam-bém têm que conviver com vazamento de esgoto na cozinha, que inutilizou tam-bém três salas no setor de retaguarda, Apesar das constantes intervenções do Sindibancários/ES junto à Superinten-dência, o problema não foi solucionado.

Após denúncias de trabalhado-res, o Sindicato também identificou gra-ves problemas no prédio da agência de Itaguaçú. O imóvel apresentava gran-des rachaduras, trincas e infiltrações. Para que a unidade continuasse aber-ta, foi necessário fazer um escoramento metálico da marquise, que apresentava risco de desabamento. O Ministério Pú-blico foi acionado para acompanhar o caso e solicitou novo laudo técnico que comprovasse as condições de seguran-ça do prédio. Com a enchente em de-zembro, a agência perdeu mobiliário e

computadores. Depois de cerca de 30 dias fechada, a agência foi reaberta no dia 20 de janeiro. A unidade passou por reforma e, com o laudo técnico de en-genheiros contratados, a Caixa garante que o local não apresenta mais riscos estruturais. Já nas agências de Jardim Limoeiro, na Serra, e de Vargem Alta, os funcionários não têm banheiros pró-prios e são obrigados a utilizar os sani-tários públicos,

Em nota, a Caixa Econômica in-forma que na agência da Serra, uma equipe da empresa contratada foi ao lo-cal no dia 23. Porém, o Sindicato aguar-da que a Caixa tome as providências necessárias para solucionar o problema. A Caixa também esclarece que solici-tou à Findes, responsável pelo imóvel onde funciona uma de suas agências, que providencie os reparos necessários. Algumas pendências já foram solucio-nadas e o aluguel de outro imóvel já está em negociação para que a unida-de mude de local. Sobre a agência de Itaguaçú, a Caixa declarou que o térmi-no das obras das novas instalações da unidade está previsto para agosto.

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Condições precárias de trabalho

correção de FGTS iO Sindicato dos Bancários/ES entrou com ação coletiva contra a Caixa Econômica

correção de FGTS iiNa ação o Sindicato reivindica o pagamento dos valores da correção do FGTS pela TR

correção FGTS iiiOs trabalhadores devem esperar a ação transitar em julgado e não contratar advogado particular

Bancários da Caixa Econômica sofrem com falta de infraestrutura

As chuvas de dezembro cau-saram grandes estragos nas agên-cias do BB de Itaguaçú, Colatina, Ita-rana e São Roque do Canaã. As três últimas foram reabertas no dia 06 de janeiro, sem carpete e caixas eletrô-nicos, que voltaram a funcionar na segunda quinzena de janeiro.

Já a agência de Itaguaçú foi a mais atingida e devido à lentidão do BB para solucionar os problemas, a unidade ficou 30 dias fechada. Em janeiro, os funcionários trabalharam na agência de Itarana, em condições precárias. No dia 21, o atendimento ao público foi retomado em uma sala ao lado da unidade e, no primeiro dia, os empregados trabalharam sob calor exaustivo, sem ar condicionado. Segundo o BB, as obras nas unidades de Itarana, Colatina e São Roque do Canaã deveriam reiniciar no dia 27 de janeiro, mas ainda não começaram. A agência de Itaguaçú passará por re-forma durante cerca de 90 dias.

B a n c o d o B r a s i l INFILTRAçõES CAuSARAM A quEDA DO TETO DE GESSO NA AGÊNCIA DA FINDES

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DiálogoCarlos Pereira de Araújo (Carlão)

Carlos Pereira de Araújo, o Carlão, é coordenador

geral do Sindibancários/ES. Nesta entrevista, ele

fala sobre as últimas conquistas da categoria e

quais são os desafios para a luta pelos direitos

dos bancários e bancárias.

Conquistas e desafiosEm 2013 foi realizada uma

das maiores greves da história dos bancários. Por que essa greve foi tão extensa e teve uma grande ade-são dos bancários?

Em junho de 2013 iniciaram grandes mobilizações de rua que tive-ram o protagonismo da juventude. No decorrer dos acontecimentos a classe trabalhadora se envolveu e construiu a greve geral de 11 de julho de 2013. Nós, bancários, tivemos um papel fundamen-tal. Com essa disposição entramos na nossa data base enfrentando a truculên-cia dos bancos e fazendo uma greve lon-ga. Mesmo com os lucros exorbitantes e a nossa tradição de luta, os banqueiros enrolaram com o discurso da crise interna-cional para nos impor um índice que não passasse da inflação do período. A cate-goria foi firme e realizou 23 dias de greve para fazer a FENABAN apresentar uma proposta razoável.

Houve também falta de respostas da FENABAN sobre o tema saúde e con-dições de trabalho. Segundo dados do INSS, 21.144 bancários foram afastados do trabalho em 2012 devido a doenças como depressão, síndrome do pânico, estresse, LER/DORT. Depois de muita pressão, apresentaram a proposta de um grupo bipartite para fazer um diagnós-tico dos motivos dos afastamentos dos bancários com problema de saúde.

Quais foram as principais conquistas da categoria após a gre-ve, que durou 23 dias?

Na mesa da FENABAN consegui-mos arrancar 8,0% de reajuste (aumento

de 1,82% acima da inflação) sobre os sa-lários e demais verbas, 8,5% sobre o piso salarial (ganho de 2,29%) e 10% sobre o valor fixo da regra básica e sobre o teto da parcela adicional da PLR (Participa-ção nos Lucros e Resultados). Também aumentou de 2% para 2,2% o lucro líqui-do a ser distribuído linearmente na par-cela adicional da PLR e avançamos em outras reivindicações econômicas e so-ciais. Conseguimos o abono de cerca de 60% dos dias parados, o que não aconte-cia desde o início do governo Lula.

Foram conquistadas novas cláu-sulas: proibição dos bancos enviarem SMS aos bancários cobrando resultados,

abono assiduidade de um dia por ano e vale-cultura no valor de R$ 50,00 por mês para quem recebe até cinco salários mínimos. Do ponto de vista estratégico nossa maior vitória foi conseguir adiar a votação do PL 4330, no Congresso Na-cional. A FENABAN estava coordenan-do a bancada patronal e fazendo lobby para aprovar o projeto, o que seria nossa maior derrota dos últimos 80 anos. Os bancos iriam terceirizar de caixa a ge-rente.

Neste ano, o Sindicato come-mora 80 anos. Ao longo dessa histó-ria muitas foram as lutas e conquis-tas. Hoje, quais são as principais bandeiras do Sindicato?

Manter a nossa unidade para

preservar e ampliar nossos direitos e defender os bancos públicos federais e estaduais, manter o Banestes público e estadual, além de manter nossa prá-tica de um sindicalismo de transforma-ção, da emancipação dos trabalhadores das amarras econômicas, ideológicas e culturais da elite econômica e política. Para isso, sempre apoiaremos as lutas do campo e da cidade, contra todo tipo de opressão.

Nessa luta pelos direitos dos trabalhadores, o que ainda precisa ser colocado na pauta das reivindicações?

Isonomia, negociação pra valer nas mesas específicas dos bancos fede-

rais, melhores condições de trabalho, saúde nos bancos, entre outras. Os banqueiros, a partir dos anos 80, deram iní-cio a uma reestruturação com fusão, inovações tecnológi-cas, terceirização, demissões

e implantaram um método de gestão baseado na concorrência predatória. De acordo com uma pesquisa do Dieese de 2011, o lucro líquido dos maiores bancos que atuam no Brasil cresceu quase 500% em dez anos; de R$ 8,09 bilhões em 2001 para R$ 48,41 bilhões em 2010, só nos sete grandes bancos. Os bancos conseguiram esse lucro com quadro re-duzido de funcionários, assédio moral, demissões, ameaças, transferência ou perda de função para quem não bate a meta. Nosso desafio é mudar essa rea-lidade em relação à saúde e condições de trabalho. Precisamos colocar na con-venção nacional o fim das metas, das demissões imotivadas, do assédio moral, das transferência arbitrárias.

“Precisamos colocar na Convenção Nacional o fim das metas, das

demissões imotivadas, do assédio moral, das transferências arbitrárias”

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PerfilJota Jota

Jota Jota descobriu seu talento musical quando

criança e hoje concilia as profissões de músico e

bancário. Quando começou a cantar

profissionalmente?Em 1988, quando conheci um

baiano que tocava em barzinho.Per-guntei quanto ele ganhava por mês. Era 10% do meu salário numa empresa de auto peças. Depois disso pedi conta. Meus pais brigaram comigo e assim co-meçou a minha história na música.

Quais são os estilos musicais que fazem parte do seu repertório?

Xote, Baião, Rock/Pop, reggae e alguns clássicos da MPB.

Como você concilia as profis-sões de músico e bancário?

Não é fácil, tem dias que traba-lho de dia e de noite. Quando se faz o que gosta o desgaste é recompensado com a alegria de cantar. Esta alegria eu levo para a agência. Um dia chegou um cliente com um violão na mão e pedi emprestado. Toquei uma canção e até a fila do caixa bateu palma!

Qual foi sua apresentação mais marcante?

Foi em 1989, em Baixo Guandú. Toquei antes de Milionário e Zé Rico para um público estimado em 25 mil pessoas. Foram muitos shows marcan-tes. No dia 19 de janeiro dei um show no Rio de Janeiro , em Santa Cruz, para um público de 2500 pessoas.

Luta por melhores condições de trabalho em Guaçuí

Eleições para o Conselho de Administração do Banestes

conSelho de adMiniSTração

O Sindicato apoia Jessé Alvarenga nas eleições do Conselho de Administração do Banestes

conSelho de adMiniSTração ii Jessé foi conselheiro em 2008. Destacou-se por de-nunciar ex-dirigentes do banco que usaram dinheiro público para fins pessoais

Diretores do Sindicato dos Bancá-rios/ES se reuniram com o supe-rintendente regional sul do Ba-

nestes, Realino Júnior, e com o gerente de recursos humanos, Flávio Diesel. Eles solicitaram melhores condições de trabalho na agência de Guaçuí, onde estão acontecendo práticas de gestão autoritárias. No local, há excessivas co-branças de metas, expondo os funcio-nários a situações desrespeitosas, além de forte estresse e sobrecarga.

Estiveram presentes os diretores Jessé Alvarenga, Paulo Soares, Júlio César Passos e Marcos Antonio de Oli-veira. “Deixamos claro que a situação está insustentável. O banco se compro-meteu a resolver o problema. No início de fevereiro, o Sindicato, por meio da subsede, se reunirá com os trabalhado-res para ver se a situação de fato foi resolvida”, afirma Jessé.

Antes da reunião com o supe-rintendente regional sul e o gerente de recursos humanos, o Sindicato realizou

uma ação sindical na agência Guaçuí. Com faixas e panfletos, os bancários dialogaram com a população e pediram o “fim do terror” na unidade. A abertu-ra da agência foi retardada até às 13 horas. Antes disso a entidade já havia encaminhado ofício relatando o proble-ma ao banco, mas não houve mudança nas condições de trabalho. “Esperamos que, depois dessa reunião, o banco tome medidas efetivas para garantir melhores condições de trabalho aos empregados”, conclui Jessé.

“Nenhum poder na Terra é capaz de deter um povo

oprimido determinado a conquistar sua

liberdade.”

Nelson Mandela

No dia 11 de fevereiro acontecerá a eleição para o Conselho de Admi-nistração do Banestes. Na ocasião os trabalhadores poderão escolher seu re-presentante. Fiscalizar e propor novas ações são as principais funções de um conselheiro. Para André Sabino, que já representou os banestianos no Conselho de Administração do Banestes, de 2002 a 2008, ser conselheiro é a oportunidade de poder acompanhar as ações desde o início da sua elaboração, podendo opi-nar e fiscalizar. “A atuação do conselhei-

ro é fundamental para manter uma linha ética que interessa ao povo. E esse traba-lho de fiscalizar tem que estar unido ao trabalho reivindicatório do Sindicato, por isso que é importante que o conselheiro seja vinculado ao Sindicato”.

O diretor do Sindicato dos Bancá-rios/ES, Ivaldo Rosa Albano, é repre-sentante dos trabalhadores no Conse-lho de Administração do Bandes. “É uma experiência rica, uma importante oportunidade de participar das deci-sões da alta administração”, destaca.

Autoritarismo

AçãO SINDICAL EM GuAçuí

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Bancário

Combate a “rolezinhos” evidencia apartheid social e racial

Preconceito racial

Apesar da abolição da escravidão, parece que a população negra e da periferia continua sendo uma

“dor de cabeça” para os brasileiros, em especial para a elite. Recentemente, em dezembro, eclodiu no país o fenômeno do “rolezinho”. Grupos de jovens, formados por maioria de negros, das periferias, “ou-saram” passear em shoppings centers.

A onda teve início em São Pau-lo, mas rapidamente se espalhou pelo país. Os encontros são agendados pela internet e o primeiro deles, realizado em 07 de dezembro, chegou a reunir 6 mil jovens, no shopping Metrô Itaque-ra, na zona leste . No dia 11 de janeiro, no mesmo estabelecimento, a Polícia Militar chegou a usar gás lacrimogê-neo e bala de borracha para dispersar o “rolezinho”. Em nenhum dos eventos, a Polícia Militar encontrou objetos rouba-dos ou drogas com os jovens.

A Justiça paulista chegou a de-ferir uma liminar de proibição da prá-tica do “rolezinho” em pelo menos seis shoppings de São Paulo. Considerados espaços privados abertos ao público, os shoppings centers sempre foram áre-as de diversão e compras destinadas às classes média e alta. Mas quais são

as motivações desses jovens para o “rolezi-nho”? Um dos fatores é o estímulo contínuo ao consumo.

Diariamente, jo-vens de todas as classes são bombardeados por propagandas que dizem a todo momento que o que você tem definirá quem você é na socie-dade. “O desejo de ser aceito e incluído move esses jovens da perife-ria. Além disso, diante da ausência de espaços de lazer nas periferias, é natural que esses jovens busquem outros locais para encontrar amigos, namorar, passear e consumir”, destaca o diretor do Sindicato dos Bancários/ES, Derik Bezerra Machado.

O encontro de classes tão opos-tas faz emergir o preconceito racial e social. “O estereótipo desses jovens, que são negros e da periferia, não dia-loga com o da classe da elite que fre-quenta esses espaços. E é justamente por serem diferentes daquilo que a so-ciedade estabelece e aceita, que eles sofrem preconceito. Mesmo que entrem no shopping com um grupo de dois ou três, eles estarão sob a forte vigilância dos seguranças”.

Durante entrevista à jornalista Rita Lisauskas para o Portal Terra, no dia 17 de janeiro, o presidente da As-sociação Brasileira de Lojistas de Sho-pping (Alshop), Nabil Sayhoun, fez a seguinte declaração: “Esse movimento

tem que ser respeitado, mas tem que ser respeitado num local específico (…) shopping center não é lugar para essas pessoas. (...) Imagine que tem em São Paulo o Sambódromo que é utilizado no Carnaval (…) um grande empreen-dimento feito com o dinheiro da popu-lação que fica aí fechado o ano inteiro, então a gente é a favor dessa juventude que tem que ter seu espaço, mas ve-nhamos e convenhamos, shopping cen-ter não é lugar (…)”.

Nesse contexto é que os “role-zinhos” tomaram tamanha proporção, deixando explícito que moradores da periferia são consumidores indesejados. Pode não estar em cartas, documentos, ter sido abolido da legislação, mas a reação dos tradicionais frequentadores de shoppings e declarações como a de Sayhoun evidenciam que o apatheid racial e social perdura no Brasil.

Com o fim da escravidão no Brasil, os negros ocuparam

as periferias das cidades. A eles foram

negados escolas, postos de saúde,

saneamento básico, entre outras garantias

básicas para sobrevivência.